Auditório da Unitec - Parque Tecnológico (Tecnosinos) - São Leopoldo
ORGANIZAÇÃO E APOIO
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS
Programa de Pós-Graduação em Alimentos, Nutrição e Saúde
Instituto Tecnológico em Alimentos para a Saúde – itt NUTRIFOR
Associação Gaúcha de Nutrição - AGAN
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul - FAPERGS
PATROCÍNIO
GCN – Sistemas de Higienização
Espaço Nutrição
Cool Seed – Tecnologias de Pós-colheita
DaColônia
Anais do II Congresso Food, Nutrition and Health
Organização
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos
Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Alimentos
Associação Gaúcha de Nutrição - AGAN
Associação Brasileira de Nutrição – ASBRAN
Comitê Científico
Bethania Brochier
Cristiano Dietrich Ferreira
Denise Zaffari
Jessica Fernanda Hoffmann
Liziane Dantas Lacerda
Mellanie Fontes Dutra da Silva
Murilo Ricardo Zibetti
Paula Dal Bó Campagnolo
Rafaela Festugatto Tartari
Suse Botelho da Silva
Valmor Ziegler
Comitê Organizador
Cristiano Dietrich Ferreira
Denise Zaffari
Jessica Fernanda Hoffmann
Liziane Dantas Lacerda
Mellanie Fontes Dutra da Silva
Murilo Ricardo Zibetti
Rafaela Festugatto Tartari
Valmor Ziegler
Anais do II Congresso Food, Nutrition and Health
Data do evento: 25 a 26 de outubro de 2024
Auditório da Unitec - Parque Tecnológico (Tecnosinos) - São Leopoldo
Edição: Cristiano Dietrich Ferreira, Jessica Fernanda Hoffmann e Murilo Ricardo Zibetti.
Os textos e as imagens são de responsabilidade de seus autores.
Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que seja citada a fonte.
C749a Congresso Food, Nutrition and Health (2.: 2024: São Leopoldo/RS).
Anais do II Congresso Food, Nutrition and Health [recurso eletrônico] / organização Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos … [et al.] ; comitê científico Bethania Brochier … [et al.] ; comitê organizador Cristiano Dietrich Ferreira … [et al.]. – São Leopoldo, RS : UNISINOS, 2024. 1 e-book.
ISBN 978-65-87983-33-2
1. Alimentos. 2. Nutrição. 3. Saúde. 4. Hábitos alimentares. I. Título. II. Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). III. Brochier, Bethania IV. Ferreira, Cristiano Dietrich CDU 613.2
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Bibliotecária: Silvana Dornelles Studzinski – CRB 10/2524)
APRESENTAÇÃO
É com grande satisfação que apresentamos o II Congresso Food, Nutrition and Health, cuja principal missão foi promover discussões de caráter técnico-científico nas áreas de Alimentos, Nutrição e Saúde. Nosso objetivo foi difundir conhecimentos relevantes e atualizados, contribuindo para o desenvolvimento contínuo de profissionais do mercado de trabalho e do meio acadêmico.
Ao longo deste congresso, tivemos a oportunidade de compartilhar e debater pesquisas inovadoras e descobertas recentes, tanto por meio de apresentações orais quanto de pôsteres. Ficamos entusiasmados com a diversidade e a qualidade dos trabalhos submetidos, que refletem o vigor e a dedicação de nossa comunidade científica.
Este congresso foi uma experiência enriquecedora para todos, proporcionando novos conhecimentos, inspirações e colaborações. Que os diálogos e as trocas de ideias aqui iniciados possam gerar frutos duradouros, impulsionando avanços significativos no campo da alimentação, nutrição e saúde.
Agradecemos a todos os participantes, palestrantes, organizadores e patrocinadores por tornarem este evento possível.
Diante do exposto, convido todas as pessoas interessadas a lerem os resumos dos trabalhos apresentados durante o II Congresso Food, Nutrition and Health.
Uma ótima leitura à todos,
Valmor Ziegler
Presidente do Comitê Organizador
QUALIDADE E INOVAÇÃO EM ALIMENTOS ................................................... 8
EXPLORANDO AS PERCEPÇÕES DE CONSUMIDORES SOBRE A CARNE CULTIVADA: UMA ANÁLISE DE GRUPO FOCAL ............................................ 9
CARNE CULTIVADA: A PERCEPÇÃO DE CONSUMIDORES BRASILEIROS 11
CITOTOXICIDADE DO EXTRATO DO CAROÇO DE NÊSPERA (Eriobotrya japônica) 13
AVALIAÇÃO DA VAZÃO E TEMPERATURA NA SECAGEM DE ISOLADO PROTEICO DE GRÃO DE BICO POR ATOMIZAÇÃO (SPRAY DRYING) 14
AVALIAÇÃO DO PERFIL DE COMPOSTOS VOLÁTEIS PRODUZIDOS POR
CULTURAS PURAS E MISTAS DE Hanseniaspora opuntiae E Saccharomyces cerevisiae EM MOSTO SINTÉTICO 16
AVALIAÇÃO DO TEOR DE LIPÍDEOS E ACIDEZ LIPÍDICA EM GRÃOS DE SOJA ARMAZENADOS EM DIFERENTES TEMPERATURAS 18 ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA E A QUALIDADE DA CARNE BOVINA: Uma revisão de escopo ............................................................................................ 19 EXTRAÇÃO DE PIGMENTOS NATURAIS A PARTIR DE REPOLHO ROXO,
DE INCENTIVO À PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA
QUALIDADE E INOVAÇÃO EM ALIMENTOS
EXPLORANDO AS PERCEPÇÕES DE CONSUMIDORES SOBRE A CARNE CULTIVADA: UMA ANÁLISE DE GRUPO FOCAL
Autores: Jennifer Ianca Reis dos Santos1*, Aline Felten Bondam1, Lucca Fernando Gass1, Bruna Caroline Strassburger1, Eduardo Leling1, Lauren Braile1, Cristiano Dietrich Ferreira1, Jéssica Fernanda Hoffmann1, Valmor Ziegler1
Instituição: 1Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
Contato (e-mail): jenniferianca@unisinos.br
Introdução: A carne cultivada, também conhecida como carne de laboratório, é produzida a partir de células animais cultivadas em ambiente controlado, surgindo como uma alternativa sustentável e ética à carne convencional. A proposta de redução do impacto ambiental, melhoria no bem-estar animal e fornecimento de uma fonte de proteína segura fazem da carne cultivada uma inovação promissora. Entretanto, sua aceitação pelo público é essencial, sendo crucial compreender as percepções dos consumidores. Uma metodologia para essa avaliação é através do grupo focal, técnica que, por meio da interação em grupo, possibilita discussão e análise sobre um tema específico.
Método: O grupo focal foi conduzido com 16 participantes, selecionados para representar diversidade em termos de idade, gênero e escolaridade. Participaram representantes das gerações: Baby Boomers (nascidos entre 19451964), Geração X (1965-1980), Geração Y (1980-2000) e Geração Z (a partir de 2000), com perfis educacionais variados: 10 graduandos, 5 pós-graduandos e 1 com ensino médio completo. As discussões centraram-se em tópicos como: primeiras percepções, fatores para consumo, segurança alimentar, toxicológica e microbiológica, aspectos nutricionais, impactos ambientais, bem-estar animal, acessibilidade e disponibilidade da carne cultivada. A sessão foi moderada por um especialista, gravada e transcrita.
Resultado: Os resultados revelaram um consenso quanto aos benefícios sociais e individuais da carne cultivada. Os participantes reconheceram suas vantagens, como a redução do sofrimento animal e a possibilidade de uma alternativa mais sustentável à carne tradicional. Contudo, surgiram preocupações sobre riscos associados, como a segurança microbiológica e toxicológica. Enquanto 75% dos participantes consideraram a produção em laboratório um meio de controle mais rigoroso, 25% questionaram a saúde dos animais de onde as células são retiradas e mencionaram a falta de estudos específicos. Quanto à sustentabilidade ambiental, os participantes concordaram que a carne cultivada pode ser uma opção mais sustentável, mas 25% expressaram dúvidas sobre a viabilidade em larga escala e os resíduos gerados no processo. No que tange ao bem-estar animal, houve consenso de que a carne cultivada pode ser menos invasiva do que o abate convencional, embora ainda haja incertezas sobre o processo de extração. Em relação à acessibilidade e disponibilidade, 90% dos participantes acreditam que a carne cultivada será inicialmente cara e de acesso limitado, mas que, a longo prazo, poderia aumentar a oferta de alimentos. Nos fatores de consumo, houve pequenas variações entre as gerações: os Baby Boomers valorizaram aspectos sensoriais, preço, sustentabilidade e composição nutricional; as gerações X e Y destacaram a composição nutricional, preço e praticidade; enquanto a Geração Z focou em segurança, composição nutricional, sensorialidade e preço.
Conclusão: As percepções dos consumidores sobre à carne cultivada revelam curiosidades e preocupações. Os resultados reforçam a importância de mais pesquisas e divulgação de informações para esclarecer dúvidas e promover a aceitação desta tecnologia inovadora.
Palavras-chave: Carne Cultivada. Grupo Focal. Percepções dos consumidores.
CARNE CULTIVADA: A PERCEPÇÃO DE CONSUMIDORES BRASILEIROS
Instituição: 1Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) Contato (e-mail): brunaacs@edu.unisinos.br
Introdução: A carne cultivada, popularmente conhecida como carne in vitro, é produzida a partir de células animais cultivadas em laboratório, com nutrientes específicos para se tornarem células de músculo esquelético. Este método de produção tem potencial para auxiliar a mitigar problemas globais de fome, abordar preocupações éticas dos consumidores associadas à carne convencional e reduzir o impacto ambiental em comparação com a produção tradicional de carne. No entanto, a produção de carne cultivada ainda pode enfrentar desafios relacionados ao custo elevado, o que pode restringir seu acesso. Dessa forma, considerando que o desenvolvimento de novos alimentos está relacionado à sua aceitação no mercado, o objetivo deste estudo foi compreender a percepção dos consumidores em relação à carne cultivada.
Método: Pesquisa realizada através de aplicação de questionário estruturado, para compreender percepções sobre o consumo de carne cultivada de brasileiros. O questionário foi fornecido de forma virtual contendo 28 perguntas subdivididas nas seguintes seções: aspectos de sustentabilidade ambiental, segurança de alimentos, ética, saudabilidade, nutrição e disponibilidade de alimentos e intenção de compra.
Resultados: Um público de 115 brasileiros respondeu ao questionário, sendo que 67,8% eram do gênero feminino; 31,3% do masculino e 0,9% não-binário. A maior parte dos respondentes, 53,9%, tinha entre 25 e 44 anos, seguido de 20% com idade entre 45 e 59 anos. Dentre os participantes 89,6% responderam que eram consumidores de carne tradicional de abate. Quanto à frequência de consumo, 59,2% consumiam diariamente, seguido de 18,4% que consumiam entre quatro e cinco vezes por semana. A maior parte dos respondentes alegou já ter ouvido falar sobre carne cultivada (76,5%), a consideraram mais sustentável (67,8%), mais ética (76,5%) e acreditaram que seria melhor aceita por pessoas mais jovens (84,3%). Referente à produção, 27,8% pensaram que era produzida em laboratório a partir de células animais, enquanto 26,1% por técnicas de biotecnologia e cultivo celular, sendo que 65,2% esperavam que ela fosse diferente da carne tradicional. Quanto à segurança, a maioria tinha receio da falta de transparência da indústria, seguida do receio em consumir um produto com pouco estudo. Quanto à intenção de compra, a maioria alegou que a compraria, pagando o mesmo preço da tradicional. Embora 46,1% dos participantes acreditassem que ela não seria mais nutritiva do que a tradicional, 61,7% do público trocaria a carne tradicional pela in vitro como alternativa mais saudável.
Conclusão: Embora sua produção esteja em fase experimental e a informação possa influenciar positivamente a percepção do consumidor, sua aceitação também é influenciada por fatores de confiança ligados à credibilidade, como segurança e valor nutricional. Dessa forma, são necessárias mais análises sobre os benefícios e a transparência na produção.
CITOTOXICIDADE DO EXTRATO DO CAROÇO DE NÊSPERA (Eriobotrya japônica)
Autores: Tamise Garcia de Andrade1*, Liziane Dantas Lacerda1, Rochele Rossi1, Ana Lucia Mattos1, Patrícia Weimer2
Instituição: 1 Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, 2Universidade Federal do Rio do Sul - UFRGS
Contato (e-mail): tamiseandrade99@gmail.com
Introdução: Citotoxicidade é um método que avalia a biocompatibilidade de um produto, ou seja, o quanto ele pode ser tóxico para determinada célula. A nêspera, Eriobotrya japonica, uma fruta conhecida popularmente como ameixa amarela, tem sua polpa muito utilizada pela indústria de alimentos e seu caroço é considerado resíduo industrial, gerando volumes consideráveis. Com o caroço da nêspera apresentando aromas interessantes e principalmente atrativos para o setor de alimentos e bebidas, o objetivo desse estudo foi identificar sua citotoxicidade para a utilização do extrato hidroalcóolico na aplicação de produtos alimentícios.
Método: Inicialmente as frutas foram colhidas, higienizadas e realizada a separação dos caroços. Os caroços foram liofilizados, triturados e se obteve uma farinha passante em peneira ABNT/ASTN 35. Foram preparadas soluções hidroalcóolicas 10% v/v em álcool de cereais da farinha dos caroços de nêspera obtida seguindo Delineamento Fatorial (23), variando tempo (60 min e 120 min), temperatura (30°C e 50°C) e concentração (5% e 17,5% m/v), com auxílio de banho de ultrassom e centrifugadas por 15 minutos, 3000 RPM a 25°C. Foi necessário diluição e após leitura no Spectramax no comprimento de onda de 340nm a 25°C, se obteve a melhor condição de extração: concentração de 17,5% a 50°C durante 120 minutos. Para avaliação da citotoxicidade in vitro do extrato de caroço de nêspera otimizado foi empregado o método de MTT descrito por Mosmann et al. (1983). Inicialmente, as células bovinas foram transferidas para placas de 96 poços a 2x105 células/mL e incubadas por 24 h a 37 ºC/5% CO2. Foram preparadas soluções do extrato de caroço de nêspera otimizado (0,01 a 5,00% v/v) em meio DMEM e transferidas para as placas, sendo novamente incubadas por 24 h. No último dia do experimento, algumas células foram expostas por 30 min à solução de água oxigenada 1% v/v, recentemente preparada com meio de cultivo, caracterizando o grupo controle positivo de citotoxicidade. Transcorrido este período, foi adicionada solução de MTT (5 mg/mL) em todos os poços. As placas foram incubadas por 2,5 h e a absorbância foi verificada a 570 nm e 630 nm, após solubilização dos cristais de formazan com dimetilsufóxido. O percentual de viabilidade celular foi calculado com base nas absorbâncias do controle negativo, composto por células + meio de cultivo.
Resultado: As concentrações de 0,01% a 5,00% não implicaram na redução da viabilidade celular em células da linhagem HaCaT mensurada pelo ensaio de MTT.
Conclusão: Isto significa que o extrato do caroço de nêspera pode ser utilizado até 5,00% da concentração total, não apresentando nenhum risco a saúde.
AVALIAÇÃO DA VAZÃO E TEMPERATURA NA SECAGEM DE ISOLADO PROTEICO DE GRÃO DE BICO POR ATOMIZAÇÃO (SPRAY DRYING)
Autores: Lucas Cavagnoli Marcolin1*, Diego Santiago Tupuna Yerovi1, Cristiano Dietrich Ferreira1 Valmor Ziegler1
Instituição: 1Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Contato: marcolin@edu.unisinos.br
Introdução: O grão de bico é uma cultura pulse importante produzida no mundo. Dentre seus constituintes, as proteínas despertam interesse por parte industrial, variando de 15 a 30% da sua base seca total. A proteína pode ser extraída do grão de bico a partir de diferentes métodos, sendo o ponto isoelétrico usualmente empregado. Após a extração, o isolado proteico precisa ser seco e uma alternativa é a secagem por atomização, responsável pela transformação de líquidos em pós secos. Durante o processo de secagem parâmetros como vazão de alimentação, temperatura de entrada e saída, fluxo de ar e fluxo do soprador podem ser otimizados para aumentar o rendimento da secagem. Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar o rendimento de secagem do isolado proteico de grão de bico utilizando diferentes vazões de alimentação e temperaturas de entrada no processo de secagem por atomização.
Método: O grão de bico foi adquirido por meio de uma distribuidora localizada em Itajaí, Santa Catarina (lote: 122021, safra: 2020/20) importado de Córdoba, Argentina. Inicialmente o grão foi moído e misturado com água na proporção de 1:8 e realizada a extração convencional de proteína por ponto isoelétrico, sendo primeiramente realizada a extração alcalina utilizado o pH 9,0 com Hidróxido de sódio (NaOH) em banho maria na temperatura de 50 ºC e posteriormente a precipitação das proteínas em pH 4,0 com Ácido clorídrico. O isolado proteico foi reconstituído com água deionizada com aproximadamente 20% de sólidos solúveis úmido e seco utilizando um Spray Drying com diferentes vazões de alimentação (0,5, 0,7 e 0,9 L h-1) e temperaturas de entrada (140 e 160 ºC), mantendo constante o fluxo de ar em 40 L min-1, volume de isolado proteico a ser seco 400 mL e fluxo do soprador em 1,65 m3 min-1.
Resultado: A partir de 400 mL de isolado proteico dissolvido em água, com vazão de 0,5 L h-1, foram obtidos 4,72 e 4,56 g de proteína seca para as temperaturas de 140 e 160 ºC, respectivamente. Ao elevar a vazão para 0,7 L h1 foi possível observar um aumento no rendimento de proteína seca variando de 4,86 g (140 ºC) a 5,83 g (160 ºC), entretanto, para a vazão de 0,9 L h-1 verificouse uma queda no rendimento variando de 3,79 a 3,89 g para as temperaturas de 140 e 160 ºC, respectivamente. Nesse sentido, observamos que a vazão de alimentação possui maior influência na secagem do isolado proteico quando comparado com a temperatura de entrada.
Conclusão: O maior rendimento de secagem por atomização foi obtido utilizando uma vazão de alimentação de 0,7 L h-1 com temperatura de entrada de 160 ºC, representando uma recuperação de 5,83 g de concentrado proteico. Por fim, outras variáveis como fluxo de ar, controle de umidade e quantidade de sólidos solúveis podem ser avaliadas a fim de aumentar o rendimento na secagem de proteínas.
Palavras-chave: Grão de bico. Isolado proteico. Spray Drying
AVALIAÇÃO DO PERFIL DE COMPOSTOS VOLÁTEIS PRODUZIDOS POR CULTURAS PURAS E MISTAS DE Hanseniaspora opuntiae E Saccharomyces cerevisiae EM MOSTO SINTÉTICO
Instituição: 1Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Contato (e-mail): jessicahoffmann@unisinos.br
Introdução: As leveduras não-Saccharomyces estão sendo estudadas por aumentar a produção de compostos que contribuem positivamente para a formação de aroma em bebidas fermentadas. Este trabalho avaliou o perfil de compostos aromáticos produzidos durante fermentações utilizando Hanseniaspora opuntiae e Saccharomyces cerevisiae de forma pura, mista ou sequencial.
Método: As linhagens (S. cerevisiae e H. opuntiae) foram crescidas em meio Caldo YM para a produção de biomassa no período de 24 h a 48 h. Ao término do crescimento, as leveduras foram centrifugadas a 5000 rpm por 10 minutos para obtenção do pellet. O sobrenadante foi removido e cada pellet foi ressuspendido na diluição 1/10 do inóculo em solução salina 0,85%.
Para a fermentação sequencial a S.cerevisiae foi inoculada 24 h antes na concentração 1,0 x109 cels mL-1 e para o restante das fermentações (mista e pura) a mesma levedura foi inoculada na concentração 5x108 cels mL-1. Para a H. opuntiae, devido ao seu crescimento ter sido mais baixo comparado com a S. cereviseae, a concentração da suspensão foi padronizada em 5x108 cels mL-1 para todos os tratamentos que continham a inoculação desta linhagem. As culturas de microrganismos foram inoculadas em um mosto sintético de forma pura, mista e sequencial nas temperaturas de 20ºC e 25ºC. As coletas para avaliação dos compostos voláteis foram realizadas após 3, 7 e 10 dias de incubação. Os compostos voláteis foram avaliados por extração em fase sólida seguida de análise por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas.
Resultado: Treze compostos voláteis foram identificados, incluindo ésteres de acila, ésteres etílicos e álcoois. Os compostos identificados contribuem com aromas diferenciados para as bebidas, como por exemplo, aroma alcóolico (etanol e isobutanol), aroma frutal (acetato de etila, isopentanol, hexanoato de etila, octanoato de etila, decanoato de etila, dodecanoato de etila) e aroma floral (álcool fenetílico, acetato de fenetila), demonstrando o potencial aromático que essas leveduras proporcionam as bebidas fermentadas. Foi obtida uma expressiva geração de acetato de fenetila na fermentação pura da cepa H. opuntiae, principalmente após 3 dias de cultivo em ambas as temperaturas. Fermentações mistas favoreceram a produção de isopentanol e álcool fenetílico, enquanto fermentações sequenciais promoveram maiores quantidades de hexanoato e octanoato de etila. A produção de etanol foi maior em fermentações utilizando inoculação pura da cepa S. cerevisiae e sob fermentação sequencial. Em geral, a temperatura de 20 °C foi mais favorável para a produção de ésteres.
Conclusão: Os resultados deste trabalho sugerem que a levedura nãoSaccharomyces H. opuntiae tem potencial para ser utilizada em processos de fermentação, como na vinificação, pois contribuirá para a produção de aromas que impactam positivamente a complexidade de sabores dos produtos fermentados.
Palavras-chave: Fermentação. Aromas. Ésteres.
AVALIAÇÃO DO TEOR DE LIPÍDEOS E ACIDEZ LIPÍDICA EM GRÃOS DE SOJA ARMAZENADOS EM DIFERENTES TEMPERATURAS
Autores: Vitória Thais Dalla Vecchia dos Santos1*, Cristiano Dietrich Ferreira1, Valmor Ziegler1
Instituição: 1Universidade do Vale do Rio dos Sinos Contato (e-mail): vitoriadalla13@gmail.com
Introdução: A soja é a oleaginosa mais produzida no Brasil, é encontrada em todas as regiões do país, o que significa uma exposição desses grãos a amplas variações de temperatura, a depender da região e da época do ano. Quanto mais alta a temperatura em que os grãos estão expostos, mais rápido é seu o metabolismo, dos microrganismos associados e das reações oxidativas envolvidas, o que representa perdas quantitativas e qualitativas desses grãos e de seus derivados. Quantificar o teor de lipídeos é de suma importância para a indústria por conta do seu valor agregado. Dessa forma, objetivou-se, com esse estudo, avaliar o teor de óleo e o índice de acidez em grãos de soja armazenados em diferentes condições, durante 6 meses.
Método: Foram utilizados grãos de soja produzidos na safra 2021/22, cultivados em lavoura comercial no planalto médio do Rio Grande do Sul, foram colhidos mecanicamente com umidade aproximada de 13%. Em seguida foram transportados para o itt Nutrifor da Unisinos, acondicionados em sacos de polietileno de baixa densidade, com capacidade de 1 kg cada saco. Para cada temperatura (15, 20, 25, 30 e 35°C) foram preparados 5 sacos de 1 kg. A cada 30 dias, os 5 sacos eram abertos, homogeneizados e uma amostra representativa (200 g) era coletada para avaliação do teor de lipídeos totais e determinação de acidez lipídica. O restante das amostras, retornou aos sacos e às câmaras nas respectivas temperaturas. As coletas ocorreram no início do armazenamento e a cada 30 dias, até fechar 6 meses de armazenamento. O método utilizado para determinação de lipídeos totais por extração Soxhlet foi AOAC Intl. – OMA, método 920.39C e o método para determinação de acidez foi AOAC Intl. – OMA, método 900.02.
Resultado: O teor de lipídeos foi minimamente alterado durante o armazenamento, nas temperaturas de 15 e 20°C. Nas temperaturas de armazenamento de 25, 30 e 35°C foram observadas reduções (p<0,05) de 23,40% (inicial), para 22,10, 22,77 e 20,92% no teor de lipídeos ao final de 180 dias. Para a acidez do óleo não foram observadas alterações (p>0,05) nas temperaturas de resfriamento de 15 e 20°C, mantendo valores semelhantes quando comparados início e fim do armazenamento. Nas temperaturas de armazenamento de 25, 30 e 35°C foram observados aumentos (p<0,05) de 2,35% (inicial), para 3,42, 4,67 e 4,34% na acidez óleo ao final de 180 dias.
Conclusão: Determinou-se com este trabalho que as temperaturas de 15 e 20°C foram as mais indicadas para o armazenamento dos grãos de soja. A manutenção do teor lipídico e acidez lipídica nas temperaturas de 15 e 20°C de armazenamento são um ótimo parâmetro para a garantia da qualidade e manutenção do potencial industrial da soja.
Palavras-chave: Soja. Teor de lipídeo. Acidez lipídica
ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA E A QUALIDADE DA CARNE BOVINA: Uma revisão de escopo
Instituição: 1Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Contato (e-mail): lantoniaze@edu.unisinos.br
Introdução: A estimulação elétrica representa uma importante ferramenta tecnológica na indústria de carnes, capaz de promover melhorias significativas na qualidade da carne bovina, especialmente no que se refere à maciez. O uso dessa ferramenta tem um benefício ainda maior, principalmente quanto às características dos animais abatidos, que são formados basicamente por zebuínos, não castrados, criados sob pastagens e com pequena disposição de gordura subcutânea, sendo aspectos que necessitam minimizar as falhas de maciez da carne. Essa ferramenta tecnológica permite que haja atividade de aceleração da glicólise e da proteólise muscular, contribuindo para a redução no pH e a antecipação do rigor mortis Objetivou-se revisar estudos sobre os efeitos da estimulação elétrica na qualidade da carne bovina, como destaque em obter a maciez.
Método: Foi elaborada de acordo com metodologia “scoping review” (análise de escopo) recomendada pelo Instituto Joanna Briggs (JBI), seguiu as recomendações do JBI. Realizou-se a busca de estudos, no período de vinte anos, nas bases de dados de quatro plataformas de busca: Web of Science, Science Direct, Google Acadêmico e Biblioteca Virtual em Saúde - Medicina Veterinária e Zootecnia (BVS-VET), nos meses de abril a dezembro de 2023, através dos seguintes termos-chave em inglês “electrical stimulation”; “quality”; “meat” e “cattle” em português “estimulação elétrica”; “qualidade”; “carne” e “gado”.
Resultado: Foram encontrados 137 artigos que após utilizar os critérios de inclusão e exclusão, 92 artigos citaram o uso da aplicação da tecnologia, destes 19 expuseram os tipos de estimulação, juntamente com o local de aplicação, compondo a amostra final. Os estudos científicos demonstraram consistentemente que a estimulação elétrica pode otimizar processos bioquímicos e físicos que ocorrem post mortem, resultando em produtos finais de maior valor agregado e aceitação no mercado consumidor. No entanto, a eficácia desta tecnologia depende de parâmetros bem definidos, como a voltagem aplicada e o momento da aplicação. Diante disso, a elaboração de um protocolo de uso da estimulação elétrica torna-se essencial para garantir a padronização dos resultados e a obtenção dos benefícios desejados.
Conclusão: Portanto, a integração de um protocolo de estimulação elétrica nas operações de processamento de carne pode representar um avanço significativo na produção de carne bovina de alta qualidade, garantindo consistência, segurança e satisfação dos consumidores.
EXTRAÇÃO DE PIGMENTOS NATURAIS A PARTIR DE REPOLHO ROXO, FEIJÃO PRETO E UVA
Autores: Lucca Fernando Gass1*, Maria Luísa Seibel Gomes1, Aline Felten Bondan1, Cristiano Dietrich Ferreira1
Instituição: 1Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Contato (e-mail): luccafernando.gass@gmail.com
Introdução: O desenvolvimento de corantes alimentícios naturais é essencial para atender demandas de produtos mais saudáveis e sustentáveis, impulsionadas pela conscientização dos consumidores sobre saúde e meio ambiente. A extração de corantes de resíduos vegetais da indústria, como bagaço da uva, descartes de repolho roxo e feijões quebrados oferece uma alternativa sustentável frente aos corantes sintéticos. A pesquisa visa avaliar a eficiência da concentração de etanol na extração de antocianinas e nas propriedades físico-químicas dos extratos obtidos.
Método: Foram utilizadas 115 gramas de repolho roxo, feijão preto e bagaço da uva como matéria prima. As amostras foram trituradas durante 5 minutos em Thermomix (Vorwerk) e submetidas a extração com 1,15 L de etanol nas concentrações de 50% e 90% sob agitação mecânica no agitador IKA (RW 20 Digital) a 600 rpm durante 30 minutos. Após, as soluções foram filtradas e armazenadas sob refrigeração. Determinou-se o conteúdo de antocianinas totais, pH, condutividade elétrica e perfil colorimétrico. As análises foram realizadas em triplicata, com resultados submetidos a análise de variância, seguido pelo teste Tukey (P < 0,05).
Resultados: O extrato de uva apresentou a maior concentração de antocianinas (141,66 mg/100g a 90% de etanol), seguido pelo feijão preto (59,38 mg/100g a 50% de etanol) e repolho roxo (59,68 mg/100g a 90% de etanol). A maior condutividade elétrica foi encontrada no extrato de feijão preto (454,53 µS/cm a 50% de etanol), seguido pelo repolho roxo (280,23 µS/cm a 50% de etanol) e uva (190,37 µS/cm 50 % de etanol). Os maiores valores de pH foram no extrato de repolho roxo (5,84 a 90% de etanol), seguido pelo feijão preto (6,31 a 50% de etanol) e uva (4,78 a 90% de etanol). Para os parâmetros de cor L*, o maior valor foi encontrado no extrato de feijão preto (33,07 a 90% de etanol), seguido do repolho (32,30 a 90% de etanol) e uva (24,47 a 50% de etanol). O maior valor de a* foi no extrato de uva (3,85), seguido pelo de repolho (2,53) e feijão (1,93) a 50% de etanol. O maior valor b* foi do feijão preto (2,01 a 50% de etanol), seguido pelos extratos de uva (0,13 a 50% de etanol) e repolho roxo (0,13 a 90% de etanol). O menor pH natural da uva pode ter auxiliado a extração das antocianinas, sendo potencializado pela maior solubilidade em pH baixo e maior conteúdo de água na extração 50% de etanol.
Conclusão: O maior conteúdo de antocianinas e o valor mais alto do parâmetro de coloração a* na extração com 50% de etanol indicam maior potencial desses extratos como pigmentos naturais. Em etapas futuras deste projeto, os extratos serão aplicados em alimentos para testar seu potencial de pigmentação e estabilidade térmica.
AÇÕES DE INCENTIVO À PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA DE SATISFAÇÃO EM UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO NO RS
Autores: Nicole Albrecht da Silveira1*, Lisiane Borba da Silva2, Ana Paula Bandeira de Oliveira1
Instituição: 1Curso de Nutrição – Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), 2Sapore Restaurantes Empresariais. Contato (e-mail): nick.albrecht7@gmail.com
Introdução: A pesquisa de satisfação em Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) é uma ferramenta essencial para avaliar a percepção dos clientes e melhorar os serviços prestados. Nesse contexto, este trabalho teve como objetivo realizar ações de incentivo e analisar a eficácia dessas ações no aumento da participação dos comensais na pesquisa de satisfação já implementada em uma UAN na cidade de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.
Método: Foi realizada uma intervenção prática com quatro ações de incentivo à participação na pesquisa de satisfação, durante dez dias do mês de abril de 2024. A primeira ação consistiu na distribuição de avisos impressos pelo salão, divulgando a pesquisa já existente, com a duração de quatro dias. No quinto dia, foi realizada a segunda ação, com a mudança de posição de um dos totens da pesquisa. Do sexto ao nono dia, foi colocada em prática a terceira ação, que consistiu na divulgação da pesquisa nas mesas, com conversas diretas com os comensais. No décimo e último dia de intervenção, foi feita uma chamada para a participação diretamente no totem de pesquisa, consistindo na quarta ação. Todas as ações presenciais foram realizadas no serviço Almoço. Para a análise da participação dos comensais na pesquisa de satisfação, os dados foram coletados através dos relatórios virtuais enviados pelo sistema de gerenciamento da pesquisa. Diariamente, essas informações foram registradas em uma planilha do Excel, onde foram analisadas e sintetizadas por meio de estatística descritiva. Para avaliar o impacto do experimento, foram considerados dados de participação na pesquisa de 11 dias antes e 9 dias após o período de intervenção, permitindo uma comparação ao longo de 30 dias.
Resultado: Mudanças expressivas na participação dos comensais foram observadas a partir da segunda ação implementada. A ação mais eficaz foi a interação com os clientes ao lado do totem. Os dados apontam que antes do experimento, apenas 2% dos comensais participavam da pesquisa de satisfação ao longo do dia, e 3% especificamente durante o Almoço. Durante a intervenção, a participação chegou a 29% no geral e 44% no Almoço e, após a intervenção, a participação estabilizou em uma média de 10% no geral e 13% no Almoço.
Conclusão: A análise evidenciou que o reposicionamento estratégico do totem e a comunicação direta sobre a pesquisa mostraram-se agentes potencializadores. O destaque na participação ocorreu durante o turno das intervenções, o Almoço, mas também foram observados aumentos nas participações durante a Ceia e o Jantar. Este estudo não teve como objetivo avaliar o nível de satisfação dos clientes, considerando que essa seria uma etapa subsequente. Devido ao foco ter o sido o serviço Almoço, torna-se importante replicar e avaliar a eficácia dessas ações nos demais serviços para uma compreensão completa.
Palavras-chave: UAN. Pesquisa de satisfação.
EXTRAÇÃO DE COMPOSTOS FENÓLICOS DE SUBPRODUTOS DO CAFÉ E AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES ANTIOXIDANTE, ANTIMICROBIANA E CITOXICIDADE
Autores: Aline Felten Bondam1*, Tamires de Oliveira Duarte da Silva1, Stefany Cristina Foscarini1, Patrícia Weimer2, Rochele Cassanta Rossi1, Valmor Ziegler1, Jessica Fernanda Hoffmann1, Kerolyn Correa Cabral1, Luise Motta do Nascimento1
Instituição: 1Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2Universidade Federal do Rio Grande do Sul Contato (e-mail): alinefc@unisinos.br
Introdução: O café é uma das bebidas mais consumidas do mundo. Durante seu processamento cerca de 50% do fruto são transformados em subprodutos, como casca, polpa, pergaminho e silverskin. O aumento da produção de café gera mais resíduos sólidos, incentivando o reaproveitamento desses subprodutos. Compostos orgânicos presentes podem apresentar propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e anticancerígenas, sendo de interesse para as indústrias alimentícia e farmacêutica. Existem técnicas de extração para compostos bioativos e essas técnicas podem ser por métodos convencionais e não-convencionais. Este trabalho visa avaliar o uso de casca e pergaminho de café, para obter extratos vegetais e explorar seu potencial antioxidante, antimicrobiano e citotoxicidade.
Método: Quatro extratos líquidos e quatro em pó foram obtidos por agitação ou ultrassom, extratos com 10% de subproduto, utilizando solvente etanol:água (70:30). A extração convencional foi realizada em agitador magnético, a extração ultrassônica foi realizada em ultrassom a 40 HZ, ambos por 60 minutos à 25 ºC. Os extratos foram concentrados em rotaevaporador. Os extratos em pó foram feitos a partir da encapsulação do extrato líquido concentrado, utilizando maltodextrina como material de revestimento. Foram avaliados o perfil de compostos fenólicos por LC-MS, atividade antioxidante por DPPH, atividade antimicrobiana por microdiluição frente aos microrganismos Escherichia coli, Staphylococcus aureus e Salmonella Typhimurium, a citotoxicidade in vitro foi avaliada pelo ensaio colorimétrico à base de tetrazólio.
Resultado: O principal fenólico detectado nos extratos foi ácido 5-cafeoilquínico (522,2±26,1 μg.g-1 a 22,1±0,3 μg.g-1) seguido pelo 4-hidroxibenzoato-oglicosídeo (121,8±2,8 μg.g-1 a 74,5±0,2 μg.g-1) e dois isômeros do ácido cafeoilquínico (60,2±2,8 μg.g-1 a 2,1±0,1 μg.g-1), respectivamente. Os valores de DPPH variaram, mostrando que na forma líquida apresentaram maior atividade antioxidante. Os extratos obtidos da casca apresentaram maior capacidade antioxidante em comparação com apenas o extrato pergaminho. Observou-se ação inibitória apenas contra Salmonella Typhimurium com o uso do extrato de casca em pó pelo método convencional (CCP), extrato em pó da casca pelo método ultrassônico (CUP) e extrato em pó do pergaminho pelo método convencional (PeCP). As amostras não conferiram alto potencial citotóxico às células MRC-5, uma vez que o menor valor de viabilidade celular observado foi de 79,9 ± 9,8% para a amostra extrato líquido da casca pelo método convencional (CCL) a 62,5 ug mL-1. Além disso, duas amostras de extrato em pó estimularam o crescimento celular, resultando em viabilidade celular superiores a 100%.
Conclusão: Os subprodutos do café contêm quantidades apreciáveis de compostos bioativos, principalmente ácido clorogênico, hidroxibenzoato-oglicosídeo e ácido feruloilquínico. Considerando que os subprodutos do café são obtidos em milhões de toneladas por ano, sugere-se que compostos funcionais extraídos desses subprodutos podem ser usados como matérias-primas na indústria de ingredientes alimentícios para obter aditivos como antioxidantes.
Palavras-chave: Subprodutos de café. Compostos fenólicos. Técnicas de extração.
DESENVOLVIMENTO DE FILMES BIODEGRADÁVEIS PARA ALIMENTOS A PARTIR DE QUITOSANA E CERA DE ABELHA
Autores: Ana Luiza Velho1, Bethania Brochier1*
Instituição: 1Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
Contato (e-mail): bethaniab@unisinos.br
Introdução: Alternativas sustentáveis, como filmes biodegradáveis, estão sendo estudadas para reduzir o impacto ambiental dos plásticos em embalagens e melhorar a conservação dos alimentos. A quitosana, um biopolímero biodegradável com propriedades antimicrobianas, e a cera de abelha, que melhora a barreira contra umidade e vapor d'água, são componentes importantes nesses filmes. Frente ao exposto, este estudo avaliou a aplicação de cera de abelha em filmes à base de quitosana e seu efeito na vida útil do mamão minimamente processado.
Método: A cera (de florada silvestre) e os filmes biodegradáveis foram caracterizados físico-quimicamente: índice de acidez, saponificação e morfologia via microscopia eletrônica de varredura (MEV) para a cera; e espessura, cor, umidade, solubilidade, estabilidade térmica, permeabilidade ao vapor de água, MEV e degradabilidade para os filmes. Os filmes foram produzidos pelo método casting, adicionando cera (0, 10 e 20%) a 70 ºC a uma solução de quitosana diluída em ácido acético 1% e glicerol (30% da quitosana), e secando-os em estufa a 60°C por 4 horas. Adicionalmente, foram realizados testes visuais de conservação de amostras de mamão cortado, envoltas nos filmes ao longo de 6 dias.
Resultado: A cera de abelha mostrou adequação nos índices de acidez (22,98 ± 0,06 mg KOH/g) e saponificação (96,94 ± 1,34 mg KOH/g), além de cor e morfologia apropriadas. Quanto aos filmes, a matriz (0% cera) formou uma estrutura mais homogênea, sem imperfeições, já com 10% de cera ficou heterogênea (somente com aumento acima de 500x no MEV), devido a fragmentos de cera e com 20% de cera ficou heterogêneo a olho nu, pois houve dificuldade de solubilização nessa proporção, o que afetou alguns resultados dessa amostra. As análises de espessura (0,110 ± 0,005 mm sem cera e 0,232 ± 0,086 mm para 10% de cera) e cor ficaram diferentes entre as amostras (p < 0,05), enquanto a umidade (de 46 ± 5% a 53 ± 5%) e solubilidade não (p > 0,05). A menor permeabilidade ao vapor de água foi com 10% de cera (1,06 x 10-6 g/m.h.Pa). O filme com 10% de cera mostrou melhor estabilidade térmica, enquanto os demais apresentaram valores semelhantes até 400°C. No entanto, todos exibiram a mesma tendência de degradação. Todos os biofilmes se degradaram antes de 42 dias. A presença de 20% de cera melhorou a aparência do mamão em 3 dias devido à sua atividade antimicrobiana e propriedades hidrofóbicas.
Conclusão: Conclui-se que o uso de cera de abelha em filmes biodegradáveis é promissor, no sentido de promover maior barreira ao vapor d’água, conferindo maior vida útil à fruta testada. Entretanto, o tema merece mais pesquisas, na busca de maior dispersão da cera e homogeneidade do filme.
Palavras-chave: Filmes biodegradáveis. Cera de abelha. Quitosana
AÇÃO ANTIFÚNGICA in vitro E EM MORANGOS ARMAZENADOS DE ÓLEOS ESSENCIAIS
Autores: Maria Luisa Seibel Gomes¹*, Aldrey Nathália Ribeiro Corrêa¹, Cristiano Dietrich Ferreira1
Instituição: 1Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos Contato (e-mail): mariasg@edu.unisinos.br
Introdução: O uso indiscriminado de antibióticos nos sistemas de saúde e de antimicrobianos no setor agrícola causam preocupações na saúde pública, principalmente pelo aumento da resistência microbiana. A busca por moléculas naturais com potencial bioativo é uma tendência, sendo os óleos essenciais (OE) foco de estudo. Estes são obtidos a partir de matérias-primas naturais de origem vegetal, e estudos científicos indicam que eles podem ser utilizados como antivirais e antimicrobianos, além do uso como conservantes em diferentes tipos de alimentos, devido à sua capacidade de inibir o crescimento ou eliminar patógenos. Desta forma, objetivou-se com este estudo avaliar a ação antifúngica de OE in vitro e em frutas armazenadas.
Método: Óleos essenciais de orégano, tomilho, hortelã-menta, limão e laranja foram extraídos em equipamento Clevenger de destilação. A atividade antifúngica foi inicialmente avaliada medindo-se a inibição do crescimento de Aspergillus niger pelo método de contato direto do fungo. A concentração inibitória mínima (CIM) é a menor concentração do OE que inibe completamente o crescimento de microrganismos e o teste foi realizado em microplacas de 96 poços. A concentração fungicida mínima (CFM) é obtida por meio de semeadura em batata dextrose ágar (BDA) sendo considerada a menor concentração que impediu o crescimento visível dos fungos. Com base no CFM, os óleos de orégano e tomilho foram aplicados em morangos previamente contaminados com A. niger
Resultado: Todos os OE apresentaram alguma capacidade de inibir o crescimento micelial de A. niger, em um comportamento dose-dependente. O OE de orégano foi o tratamento com maior atividade antifúngica. Na análise quantitativa de CIM, os OE de tomilho e orégano obtiveram os menores valores, na concentração de 6,25 μg/mL, demostrando uma excelente atividade antimicrobiana. Os menores valores de CFM identificados foram no orégano e tomilho, na concentração de 12,5 μg/mL, quando comparados aos OE de laranja (25 μg/mL), hortelã e limão (50 μg/mL). Esses resultados apontam que os OE herbais possuem melhor atividade antimicrobiana nas cepas testadas. Quando os óleos essenciais de orégano e tomilho foram aplicados nos morangos, foi identificada redução no crescimento fúngico quando comparado aos controles.
Conclusão: Os resultados obtidos na análise in vivo com morangos demostraram que o OE de orégano e tomilho apresentaram capacidade de inibição do crescimento de A. niger. Embora OE de hortelã tenha apresentado elevado % de inibição do crescimento do micélio fúngico, esse resultado não foi observado quando aplicado diretamente nos morangos. Portanto, os OE de tomilho e orégano podem ser uma alternativa potencial aos antimicrobianos sintéticos para o controle de microrganismos em morangos.
Instituição: Universidade do Vale do Rio dos Sinos Contato (e-mail): luizampesente@gmail.com
Introdução: Decorrente do aumento significativo na incidência de desastres climáticos, perdas irreparáveis se tornam mais evidentes, dentre elas, as de espécies nativas, que estão desaparecendo do nosso cotidiano. De acordo com Diário Oficial da União (2021) tem-se como espécies nativas gaúchas o butiá, a goiaba e a amora, dentre diversas outras. Segundo a ABICAB (2024), o setor de Balas & Gomas vem se consolidando, aumentando sua produção desde a retomada do mercado em 2021. Essa breve pesquisa explora a possibilidade de introdução destas frutas no setor, sendo uma alternativa para substituir os aromas e corantes adicionados habitualmente e evitar seu desaparecimento. Nesse sentido, foi desenvolvida a formulação de balas mastigáveis de três sabores a partir da polpa das frutas mencionadas, as quais foram submetidas a análise sensorial.
Método: Após o desenvolvimento de uma formulação base, testada com as três polpas, a mesma foi produzida em larga escala. Também foi desenvolvido um questionário por meio do google forms, possibilitando que a análise sensorial fosse realizada. Todos os participantes receberam o questionário juntamente com amostras dos três sabores de bala, que foram identificadas pela cor, por terem colorações distintas e vibrantes, sendo roxa de amora, rosa de goiaba vermelha e amarela de butiá. O formulário indaga quanto a cor, brilho, textura, sabor, aroma e intenção de compra do produto. O mesmo foi aplicado com 61 pessoas majoritariamente entre os 13 e 35 anos.
Resultado: Dentre os entrevistados, 63,9% consomem balas de forma eventual, somente 3,3% não consome nunca. Quando perguntados quanto a coloração, a bala amarela teve a maior aceitação, 56 pessoas, não havendo nenhum descontentamento, diferentemente da roxa e da rosa, sendo a última a com maior índice de rejeição (11 pessoas). Quanto ao brilho, a bala amarela segue sem rejeições, seguida pela roxa e pela rosa. Já no aroma a rosa obteve 90,2% de aprovação, em segundo lugar a amarela e por último a roxa. Nas perguntas referentes a gosto os resultados seguiram similares aos de aroma. A textura das três teve mais de cinquenta por cento de aprovação, a amarela tendo 86,88%. Em seguida, foi pedido para que registrassem qual sabor a bala remetia, a de butiá contou com 7 acertos, a de amora com 8 e a de goiaba vermelha com 51.
Conclusão: Conclui-se que o sabor com maior aceitação do público foi o de goiaba vermelha, a intenção de compra dos três sabores teve maior índice de “talvez comprasse/ talvez não comprasse”, o que indica que os três apresentam potencial comercial, sendo necessário ajustes na formulação e análise de conservação. O estudo comprova a possibilidade de introdução destas frutas em produtos cotidianos. Fazendo assim um resgate destas espécies que se encontram subutilizadas atualmente.
Autores: Brenda Luisi Biason1, Bethania Brochier1, Janice da Silva1*
Instituição: 1Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Escola Politécnica, Engenharia Química.
Contato (e-mail): janices@unisinos.br
Introdução: Os brotos são alimentos que apresentam um alto valor nutritivo, são fontes de proteínas, minerais, vitaminas e têm baixo valor energético. Alguns compostos são mais bem sintetizados por plantas na etapa de germinação, no caso dos brotos, como vitaminas, minerais, carotenoides e compostos fenólicos. Os brotos podem ser cultivados sem o uso de defensivos agrícolas ou adubos, pois para que ocorra a germinação, reservas armazenadas nas sementes e a adição de água são suficientes. Adicionalmente, o cultivo de brotos demanda baixa energia elétrica e água, bem como um reduzido investimento inicial relativo, demandando equipamentos simples. Diante deste contexto, este trabalho teve como objetivo contribuir com a caracterização nutricional de broto de linhaça proveniente do município de Viamão (Rio Grande do Sul) através de análises físico-químicas.
Método: As amostras de brotos, oriundas de empresa do município de Viamão, estado do Rio Grande do Sul, foram armazenadas em embalagens lacradas e acondicionadas sob refrigeração (± 4°C). Sequencialmente foram caracterizadas através de análises físico-químicas: teor de umidade por aquecimento em estufa a 105°C; teor de cinzas por incineração em forno mufla a 550 ºC, acidez pelo método titulométrico, pH pelo método potenciométrico, determinações de lítio, sódio e potássio por espectroscopia de emissão de chama, teor de ferro por espectrofotometria no visível e teor de proteínas pelo método de Kjeldahl, conforme as Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (2008).
Resultado: O teor de umidade obtido para os brotos foi de 92,06 g.100 g-1 ± 0,07 e o teor de cinzas, em base úmida, foi de 0,4196 ± 0,01 g.100 g-1, valor próximo ao percentual de 0,5% cinzas para os brotos de feijão indicado na Tabela Brasileira de Composições de Alimentos. Na determinação de pH, o valor encontrado foi de 6,71 ± 0,00 e a acidez livre para os brotos de linhaça foi de 0,1493 ± 0,00 mL NaOH.100 g-1. Neste particular, os brotos de linhaça podem ser classificados como alimentos de baixa acidez ou pouco ácidos. Quanto ao teor de sódio foi de 315,87 ± 33,44 mg.100 g-1 e o valor médio de lítio, em base seca, foi de 11,25 ± 3,94 mg.100 g-1. As amostras analisadas apresentaram um teor médio de potássio em base seca de 464,48 ± 16,45 mg.100 g-1 e um valor médio de teor de ferro, em base seca, de 5,77 ± 1,43 mg.100 g-1. Quanto ao teor de proteínas, os brotos analisados no presente trabalho resultaram no valor médio de 18,18 ± 0,03 g.100 g-1.
Conclusão: Os resultados obtidos permitem observar que os brotos são alimentos nutritivos, destacando-se o seu teor de proteínas e minerais; neste último com destaque para o potássio. Novas pesquisas poderão contribuir com dados científicos para a temática abordada.
Palavras-chave: Broto de linhaça. Análise de alimentos. Minerais.
ANÁLISE MICROBIOLÓGICA EM PÃES DE MEL ARTESANAIS COM APLICAÇÃO DE CONSERVADORES NATURAIS
Instituição: 1Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Contato (e-mail): mss.marisoares@gmail.com
Introdução: A análise microbiológica de alimentos é essencial para assegurar o monitoramento da qualidade microbiológica, prevenir o desenvolvimento de bolores e leveduras, certificando conformidade com normas regulatórias e boas práticas de fabricação garantindo segurança alimentar. O pão de mel artesanal é definido como bolinho ou biscoito de especiarias, normalmente banhado por chocolate e, em vezes, recheado. A produção de itens de panificação artesanal no Brasil é muito comum. Entretanto, a vida útil de prateleira desses produtos fica limitada em poucos dias, dificultando a sua comercialização em escala, já que se torna restrito o uso de aditivos nesta categoria, sendo eles artificiais ou sintéticos (Decreto nº 11.099/2022). A pesquisa teve como objetivo aumentar o ShelfLife do pão de mel, com utilização de dois diferentes conservadores naturais.
Método: As amostras foram produzidas, artesanalmente, com banho de chocolate. Na formulação BC, o conservador BioPan® Cake, à base de extrato vegetal e farinha de trigo fermentada, com ação antimicrobiana e inibidora de bolores e leveduras, foi aplicado nas amostras, na etapa de mistura de ingredientes na produção do pão de mel. Com aplicação do conservador natural BioPan® S à base de enzima laminarinase em meio líquido, na formulação BS, o aditivo natural foi pulverizado na superfície dos pães de mel após sua produção, e forneamento, antes de ser coberto por chocolate. Na terceira formulação, BSC, foi aplicada a sinergia (50% e 50%) dos dois conservadores. Para análise microbiológica, as amostras de controle (sem a aplicação de conservador natural) e amostras BC, BS e BSC (com a aplicação do conservador natural) foram avaliadas em 0 e 60 dias após produção permanecendo em estufa BOD com condições de 30°C ± 2°C e 75% ± 5% UR (ANVISA, 2018). Foram analisados, em triplicata, Salmonella sp ausência e presença, (ISO 6579-1:2017 em 25g), contagem de Bactérias Mesófilas Aeróbias (ISO 4833-2:2015 - UFC/g) e contagem de Bolores e Leveduras (ISO 21527-2:2008 UFC/g) com valores de referência Anvisa (RDC Nº12, 2022).
Resultados: Os resultados mostram ausência de Salmonella sp em ambas as formulações, nos 0 e 60 dias. As análises de Bactérias Mesófilas indicam que os conservadores inibiram seu crescimento, resultado classificado como aceitável num plano de três classes (aceitável, qualidade intermediária, e inaceitável) indicado pela ANVISA (RDC Nº 331, 2019). Enquanto o número de bactérias nas amostras de controle aumentou em 60 vezes UFC, classificado como intermediário. O crescimento de Bolores e Leveduras na amostra controle aumentou em 15x10² vezes UFC, classificado inaceitável. No entanto as formulações BC, BS E BSC aumentaram em 3 vezes, com classificação aceitável de acordo com a legislação em epígrafe.
Conclusão: Isso mostra que os conservadores cumpriram o papel esperado na inibição de bolores, leveduras e bactérias.
COZINHA SUSTENTÁVEL: REDUZINDO IMPACTOS AMBIENTAIS E PROMOVENDO SAÚDE NOS HOSPITAIS
Autores: Tanise de Almeida Aleknovic1*
Instituição: Faculdade de Ciências da Saúde Moinhos de Vento (FACSMV).
Contato (e-mail): tanisealeknovic@gmail.com;
Introdução: As mudanças climáticas têm causado profundas alterações na saúde e no bem-estar global, em grande parte devido às ações humanas, como o consumismo excessivo, a exploração de recursos naturais e a degradação ambiental. Este relato descreve as estratégias adotadas em um hospital de grande porte em Porto Alegre para reduzir o impacto ambiental das cozinhas hospitalares, especialmente o desperdício de alimentos. De acordo com o Relatório do Índice de Desperdício de Alimentos da ONU (2024), publicado em março, a perda e o desperdício de alimentos contribuíram entre 8% e 10% das emissões globais de gases do efeito estufa, quase cinco vezes mais que o setor da aviação. Esses números reforçam a necessidade urgente de implementar práticas sustentáveis em todas as áreas da economia, especialmente nas cozinhas hospitalares.
Método: Foram realizadas ações que incluíram a conscientização para reduzir o desperdício de alimentos, o uso de ingredientes locais e orgânicos, a diminuição de plásticos e a adoção de produtos biodegradáveis. Para mensurar o desperdício, foi aplicado o cálculo de “resto-ingesta”, baseado na quantidade de alimentos servidos. Utilizando uma balança digital (Urano®, com capacidade de até 150 quilos), foram separados os resíduos alimentares (cascas, ossos) das sobras. A partir dos valores obtidos, foi possível analisar a relação entre o desperdício e os pratos servidos.
O cálculo do desperdício seguiu a fórmula:
● % de resto-ingesta = (peso do resto x 100) / peso da refeição distribuída
● Per capita do resto-ingesta (kg) = peso do resto / número de refeições servidas
Os resultados foram divulgados por meio de um painel chamado “desperdiçômetro”, exibindo o número de comensais, total de alimentos preparados, desperdício total e desperdício por pessoa, além de quantas pessoas poderiam ser alimentadas com o desperdício gerado.
Resultado: A implementação dessas práticas resultou em uma significativa redução no impacto ambiental e econômico. O desperdício de alimentos caiu de 120 gramas por pessoa para 35 gramas. Além disso, houve uma economia anual superior a 80 mil reais com descartáveis e um incentivo à agricultura local, com o uso de alimentos de produtores familiares.
Conclusão: A perda e o desperdício de alimentos não afetam apenas os fatores sociais e econômicos, mas também têm um impacto ambiental profundo, contribuindo para a geração de gases do efeito estufa e o excesso de resíduos. Fica claro que ações sustentáveis trazem benefícios amplos à sociedade, além de gerarem economia. A conscientização e adoção de práticas ambientalmente corretas são essenciais para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
Palavras-chave: Sustentabilidade, Desperdício de Alimentos, Meio Ambiente, Conscientização, Cozinha Hospitalar.
O Blockchain como aliado na Redução de Custos, Perdas e Desperdícios na Cadeia Alimentar
Autores: Deise de Oliveira Barbiani1*, Fabrine Krzesinski Batickowski2
Instituição: 1PPG em Alimentos, Nutrição e Saúde – Unisinos; 2PPG em Engenharia de Produção e Sistemas – Unisinos. Contato (e-mail): dbarbiani@edu.unisinos.br
Introdução: A Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO), da Organização das Nações Unidas (ONU), apurou que, em 2021, aproximadamente 13% dos alimentos foram perdidos e 17% desperdiçados. As perdas no início da cadeia agroalimentar são mais comuns em países em desenvolvimento, enquanto nos países desenvolvidos o maior desperdício ocorre junto ao consumidor final. A adoção de práticas mais eficientes e políticas socioambientais pode aumentar a produtividade das empresas. O blockchain, uma tecnologia que atua com dados descentralizados, surge como uma solução promissora para melhorar a rastreabilidade e a segurança alimentar. O presente estudo busca analisar as vantagens e desvantagens da aplicação do blockchain na cadeia de suprimentos alimentares através de uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL).
Método: Para atingir o objetivo deste estudo, realizou-se uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL), seguindo os passos do método PRISMA. As bases de dados Scopus e Web of Science foram escolhidas devido ao grande número de publicações relevantes em seus acervos. Os critérios de pesquisa incluíram artigos que tratavam da aplicação do blockchain na cadeia de suprimentos alimentares, excluindo revisões, pesquisas e artigos que não abordavam o tema diretamente. Foram identificados 40 artigos, dos quais 11 foram selecionados após os critérios de inclusão e exclusão. A análise foi feita com os softwares Rayyan e Excel.
Resultado: Os resultados indicam que a aplicação do blockchain na cadeia de suprimentos apresenta vantagens, como a transparência e rastreabilidade, que são essenciais para melhorar a segurança alimentar e reduzir perdas ao longo da cadeia produtiva. Além disso, a eficiência operacional é outro benefício significativo, possibilitado pela automatização e pela redução de erros manuais. Contudo, a implementação do blockchain enfrenta desafios consideráveis, incluindo os altos custos iniciais de implantação, a complexidade técnica associada à integração com sistemas legados, e preocupações relacionadas à privacidade e segurança dos dados. Esses desafios podem restringir a adoção do blockchain, especialmente em pequenas organizações ou setores com margens de lucro baixas. Além disso, a interoperabilidade limitada e a resistência dos stakeholders são barreiras que precisam ser superadas.
Conclusão: O estudo confirma que o blockchain tem o potencial de revolucionar a cadeia de suprimentos alimentícia, tornando-a mais transparente, rastreável e segura, o que contribui diretamente para a mitigação de perdas e desperdícios de alimentos. No entanto, a plena realização desse potencial exige que sejam superados desafios significativos, como os altos custos de implementação e a complexidade técnica. Além disso, a falta de interoperabilidade entre sistemas e a resistência dos stakeholders à mudança podem limitar a eficácia do blockchain. Para futuras pesquisas, destaca-se a necessidade de quantificar os custos e
benefícios associados à implementação do blockchain, de modo a fornecer uma base mais sólida para a tomada de decisões.
Palavras-chave: Blockchain. Perdas e Desperdícios de Alimentos. Rastreabilidade.
Instituição: Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Contato (email): laurenbraile@hotmail.com
Introdução: O Brasil é mencionado entre os 10 países que fazem parte do volume de vendas de confeitos de açúcar e goma de mascar no varejo, ocupando a 9ª posição. Entretanto, nos últimos anos, pesquisas têm sido realizadas a fim de inserir ingredientes naturais para substituição aos aditivos artificiais ou trazendo maior valor agregado às balas convencionais. Com isso, o presente estudo tem como objetivo analisar comparativamente balas de goma elaboradas a base da polpa de três frutas nativas do Rio Grande do Sul, amora, butiá e goiaba com um controle (bala comercial), proporcionando um produto mais saudável ao consumidor incentivando a biodiversidade brasileira.
Método: Após vários testes iniciais, foi definida a formulação base para a elaboração das três balas de goma, sendo constituída por 12g de gelatina, 5g de amido de milho, 20g de açúcar demerara orgânico, 30g de xarope de glicose de milho, 30g de polpa de fruta e 28g de água mineral. Na sequência foram avaliadas as características físico-químicas das 3 formulações e do controle, através das análises de atividade água, determinação de umidade, pH, grau Brix e cinzas.
Resultado: Tendo em vista os resultados obtidos, pode-se perceber que as balas feitas a base de polpa de frutas demonstraram maiores valores comparados ao controle no teor de atividade da água e de umidade. Entretanto os resultados ainda estão seguros quanto ao desenvolvimento microbiano. Os valores de cinzas mais altos e o pH mais ácido encontrados para as formulações desenvolvidas comprovaram o que já era esperado, que a utilização das polpas de frutas contribui positivamente nesses parâmetros. Por fim, quando foi analisado os resultados obtidos a partir do grau Brix, o teor de açúcar mostrouse maior nas balas comerciais, indicando uma redução favorável no açúcar adicionado nas formulações contendo as polpas de fruta. Analisando todos os aspectos acima, pode-se dizer que as balas feitas a base de polpa das frutas nativas de amora, butiá e goiaba tiveram desempenho muito parecido e até mesmo superior quando comparado ao controle.
Conclusão: As formulações de bala de goma desenvolvidas seguem a tendência Clean Label, utilizando ingredientes naturais e saudáveis para conferir coloração, aroma e sabor, além do incentivo ao consumo das três frutas nativas utilizadas que raramente são encontradas em produtos expostos nas prateleiras.
INCLUSÃO SOCIAL E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL. ESTUDO DE CASO: RESEX ARAPIXI.
Autores: Leonardo Konrath da Silveira1*
Instituição: 1Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos Contato (e-mail): leonardoks@unisinos.br
Introdução: O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) foi criado em 2003, a fim de garantir acesso a alimentos em quantidade, qualidade e regularidade necessários às populações em situação de insegurança alimentar e nutricional, tendo também por objetivo promover a inclusão social no campo por meio do fortalecimento da agricultura familiar. Uma das principais características deste programa é o seu amplo espectro de atuação, pois fortalece o tripé: produção, comercialização e consumo. A Resex Arapixi é uma Unidade de Conservação (UC) de Uso Sustentável, criada em 21 de junho de 2006 com área total de 133.637 hectares, localizada no município de Boca do Acre, sul do Amazonas, com aproximadamente 170 famílias, tendo como objetivos a proteção dos meios de vida e da cultura da população extrativista e, ainda, assegurar o uso sustentável dos seus recursos naturais.
Método: Para a realização deste trabalho foram consultados diversos documentos da gestão da Resex Arapixi no período entre 2012 e 2015, tais como ata de reuniões realizadas pela equipe gestora da Resex Arapixi, atas de reuniões do Conselho Deliberativo e o Plano de Manejo da UC.
Resultado: Em 2015, dos 70 produtores inscritos no PAA em Boca do Acre, 52 eram da Resex Arapixi. Em 2016 já eram mais de 80 produtores somente da UC. Foi possível observar o impacto do programa não só na melhoria da qualidade de vida dos Arapixianos, como também das pessoas atendidas através das instituições que recebiam os alimentos, como escolas (em muitos casos situadas na própria comunidade), igrejas, creches e hospital. Diversas escolas do município ofereciam para as crianças principalmente alimentos processados/ultraprocessados, mas através do PAA, passaram a oferecer também alimentos in natura (banana, açaí, cacau, cupuaçu, coco, macaxeira etc.) ou minimamente processados (sucos, banana frita, pães, farinha de macaxeira etc.). Através do PAA foi possível observar a diminuição de áreas de pastagem e de criação de gado na UC, já que os produtores perceberam que através do programa o rendimento não era só maior, como o retorno financeiro era mais rápido. A alimentação das crianças nas escolas da própria Resex Arapixi melhorou muito, já que o consumo de ultraprocessados diminuiu.
Conclusão: Através do acesso ao PAA é possível afirmar que para UCs de Uso Sustentável, a conservação dos recursos naturais está diretamente relacionada a melhoria nos rendimentos e da qualidade de vida da população tradicional que ali vive. Sem resolver a problemática social é impossível falar em conservação dos recursos naturais. Finalmente podemos afirmar que alternativas como o PAA são essenciais para a devida conservação dos recursos naturais, já que relacionando aumento na geração de renda obtém-se um impacto positivo direto
na conservação do ambiente além de garantir a segurança alimentar e nutricional para estas populações.
ESTADO NUTRICIONAL, INFLAMAÇÃO E INGESTÃO ALIMENTAR EM PACIENTES COM CÂNCER DO TRATO GASTROINTESTINAL
Autores: Taiane Dias Barreiro1, Oellen Stuani Franzosi1, Geórgia Brum Kabke1, Natália Rohsmann1*, Luis Fernando Moreira2
Instituição: 1Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), 2Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Contato (e-mail): nrohsmann@hcpa.edu.br
Introdução: Várias são as causas que levam a diminuição da ingestão alimentar em pacientes com câncer do trato gastrointestinal (TGI) como fatores produzidos pelo próprio tumor ou em resposta a esse tumor e efeitos colaterais do tratamento, podendo levar à desnutrição e evoluir para caquexia. Estudos indicam que a sobrevivência ao câncer é determinada não só pela patologia tumoral, mas também por fatores relacionados ao próprio hospedeiro como estado nutricional e inflamação sistêmica. O mGPS (modified glasgow prognostic score), um escore baseado em inflamação, pode ser uma ferramenta útil na caracterização do estado nutricional, já que a inflamação é um dos fatores que contribuem para o desenvolvimento da caquexia, além de possibilitar identificar os pacientes que têm menor sobrevida e aqueles que têm má resposta ao tratamento. O objetivo deste trabalho, foi verificar a associação entre a ingestão alimentar, estado nutricional e inflamação sistêmica em pacientes com câncer do TGI.
Método: Estudo transversal que avaliou pacientes adultos com neoplasias malignas do TGI superior (esôfago, estômago, pâncreas, vesícula biliar e fígado) e inferior (cólon, reto), atendidos no Serviço de Cirurgia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). A ingestão alimentar foi avaliada utilizando-se uma escala visual analógica e categorizada como normal > 75%, moderada 60-75% e ruim < 60%. O estado nutricional foi diagnosticado pela Avaliação Subjetiva Global Produzida pelo Próprio Paciente (ASG-PPP) e a Inflamação Sistêmica foi avaliada a partir do mGPS, categorizado em mGPS=2 (albumina sérica <35g/l e PCR <10 mg/l); mGPS=1 (PCR >10 mg/l) e mGPS=0 (albumina sérica <35g/l e PCR ≤10 mg/l ou albumina sérica ≥ 35g/l e PCR ≤10 mg/l). O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética do HCPA nº13-0520. Foram realizados testes paramétricos e não paramétricos conforme distribuição das variáveis. Os dados foram analisados com o software estatístico SPSS V18.0.
Resultado: Foram avaliados 41 pacientes (51,2% homens, 85,4% brancos, idade 58,6 ± 11,8 anos, 71,4% com neoplasias malignas do TGI superior). Em relação à ingestão alimentar, 17 (41,5%) apresentaram ingestão alimentar ruim e 19 (46,3%) estavam gravemente desnutridos. Maior prevalência de pacientes bem nutridos foi identificado foi identificado na categoria consumo >75% (n=8;40%) enquanto maior prevalência de pacientes desnutridos foi identificado na categoria consumo <60% (n=11;64,7%) (p=0,046). Maior frequência de pacientes com ingestão moderada (n=3;60%) foi identificado na categoria mGPS=2 (p=0,010).
Conclusão: Pacientes com neoplasia do TGI apresentam ingestão alimentar ruim concomitantemente ao pior estado nutricional. A presença de inflamação
sistêmica está relacionada ao comprometimento da ingestão alimentar. Os dados reforçam a necessidade de intervenção nutricional nessa população.
Palavras-chave: Câncer Gastrointestinal, Ingestão Alimentar, Estado Nutricional.
IMPACTO DE SINTOMAS GASTROINTESTINAIS NA DEPRESSÃO
Autores: Gabriel da Silva Marques1*, Theodora Larsen Schneiders1, Bruno do Nascimento Machado1, Carolina Appollo De Bem1, Caroline Passos de Carvalho1, Murilo Ricardo Zibetti1.
Instituição: 1Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Contato (e-mail): marquesgabriel@edu.unisinos.br
Introdução: O Transtorno Depressivo Maior acomete cerca de 4,4% da população mundial, sendo um grande problema de saúde pública. Caracterizase como um transtorno de humor deprimido que acarreta em perda de interesse em atividades diárias ou prazer acompanhado de outros diversos sintomas. A Escala Multidimensional de Avaliação da Depressão (EMAD) é um instrumento que visa a medir sintomas do Transtorno Depressivo Maior. É um questionário de autorrelato composto por 52 itens que se dividem em quatro domínios da sintomatologia depressiva: emocional, somático, interpessoal e cognitivo. Três dos itens avaliam sintomas gastrointestinais (item 27, 31 e 36). O objetivo do presente trabalho foi investigar em que medida os fatores gastrointestinais impactam no nível geral de depressão.
Método: Trata-se de um estudo quantitativo e transversal. A coleta foi realizada de forma online com um questionário sociodemográfico e a EMAD. Responderam aos instrumentos 431 participantes, majoritariamente mulheres (75,4%; n=325), com idade média de 35,8 anos (DP= 13,8), a maioria solteiro (48%; n=207), com a escolaridade até o Ensino Médio (43,4%, n=187), e da região Sul do Brasil (76,8%; n=356). Foi realizada, no JASP, uma análise de regressão linear múltipla (método enter) incluindo sintomas gastrointestinais como preditores do escore total da depressão.
Resultado: Os resultados demonstraram haver uma influência significativa dos fatores gastrointestinais nos escores de depressão predizendo 51% da variância desse escore (F(3, 427) = 147,975; p<0,001). No modelo, os três sintomas foram considerados significativos para predição da depressão (p < 0,001). O maior peso foi para o item 27, mudanças no apetite (β=0,468) seguido do 31, mudanças no peso (β=0,203) e depois 36, problemas intestinais (β=0,188).
Conclusão: A maioria dos instrumentos para depressão reduz a exploração dos sintomas gastrointestinais a perda ou ganho de peso. O presente estudo traz a relevância de investigar outros sintomas gastrointestinais, particularmente o apetite, para melhor mensurar a depressão. Além de considerar um sintoma, é importante explorar a fisiopatologia que relaciona aspectos gastrointestinais e depressão.
Autores: Pâmela da Motta Broilo1*, Maria Luiza Fritsch Felippsen1, Ronaldo da Rosa Witicoski1, Thiarles Ribeiro de Freitas1, Eduarda Tesche Michels1, Murilo Ricardo Zibetti1
Instituição: 1Universidade do Vale do Rio dos Sinos Contato (e-mail): pmbroilo@gmail.com
Introdução: Queixas relacionadas a falhas cognitivas aumentam com o envelhecimento. Essas queixas ocorrem simultaneamente ou não a um declínio cognitivo objetivo. Entre as falhas cognitivas reportadas, destacam-se a perda de memória, a falta de atenção e a velocidade de processamento. As queixas cognitivas também podem estar associadas a presença de ansiedade e de depressão – ambos quadros com impacto no apetite. O apetite pode ser definido como o desejo de ingerir alimentos e é regulado por determinantes fisiológicos, tais como fatores neuronais, endócrinos, adipocitários e intestinais. O objetivo deste estudo foi comparar o nível de queixas cognitivas entre grupos de idosos que reportaram (ou não) perda do apetite.
Método: Trata-se de um estudo quantitativo transversal e comparativo. Os participantes foram divididos em dois grupos: (1) com alteração de apetite e (2) sem alteração de apetite. Os dados foram coletados através de um questionário online, utilizando os seguintes instrumentos: questionário sociodemográfico, Cognitive Failures Questionnaire (CFQ) e o The Patient Health Questionnaire (PHQ - 9), com foco no item PHQ5 “falta de apetite ou comendo demais”. Após a importação do banco online para o software Jamovi, foi avaliada a normalidade dos dados por meio do teste Shapiro-Wilk (W = 0,991) e a homogeneidade com o teste Levene (p<0,015). Então, aplicou-se o teste T independente comparando os grupos e, devido à violação da homogeneidade, aplicou-se a correção de Welch desse teste.
Resultado: A pesquisa incluiu 65 participantes, sendo 69,2% mulheres e 30,8% homens, com idade média de 40 anos (DP = 14,8). A amostra apresentou variados níveis de escolaridade: Ensino Fundamental Incompleto (1,5%), Fundamental (4,6%), Médio (49,2%) e Superior (46,6%). O grupo de participantes com alteração do apetite foi composto por 29 pessoas (44,6%) e reportou mudança no desejo de ingerir alimentos, enquanto o grupo sem alteração de apetite, com 36 participantes (55,4%), não reportou mudanças. Os resultados revelam diferença significativa nas queixas cognitivas (t[63] = -6,19, P<0,001) entre os grupos com grande tamanho do efeito (d = -1,52). O grupo sem alteração de apetite (M = 28,7; DP = 13,1) apresentou média significativamente menor em comparação ao grupo com alteração (M = 53,2; DP = 18,7). Pode-se afirmar que a alteração de apetite está relacionada ao aumento das queixas cognitivas.
Conclusão: Esses resultados destacam a importância de considerar a relação entre fatores físicos, como o apetite, e as queixas cognitivas em adultos, visando a promoção de saúde da população. Ademais, evidencia-se a necessidade de mais estudos sobre como a perda de apetite pode estar relacionada a percepção do desempenho cognitivo, dado o limitado corpo de literatura disponível sobre o tema.
Palavras-chave: Cognição. Comportamento Alimentar. Alterações do Apetite.
ANÁLISE DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL POR TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM PACIENTES ONCOLÓGICOS: UMA REVISÃO NARRATIVA DA LITERATURA
Autores: Alan Bitencourt Reis1, Willian Zarpelon1*
Instituição: Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter). Contato (e-mail): willian.zarpelon@animaeducacao.com.br
Introdução: A tomografia computadorizada (TC) é uma ferramenta precisa para medir a composição corporal, particularmente na identificação de sarcopenia, miopenia e excesso de gordura visceral, condições que influenciam significativamente os desfechos clínicos em pacientes com câncer (CA). A integração da TC com outras modalidades de avaliação nutricional, como bioimpedância elétrica e avaliação antropométrica, foi sugerida para proporcionar uma visão mais completa do estado nutricional dos pacientes oncológicos. Este trabalho objetiva realizar uma revisão da literatura de forma abrangente os métodos de avaliação nutricional por TC em pacientes diagnosticados com CA.
Método: Este trabalho trata-se de uma revisão narrativa da literatura científica. A seleção dos artigos foi por meio da base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), PubMed, LILACS (Latin America and the Caribbean Health Sciences) e SCIELO (Scientific Electronic Library Online). Foram incluídos artigos científicos de pesquisa original que abordaram a utilização da TC na avaliação nutricional de pacientes com diagnóstico de CA, sem restrições quanto ao ano de publicação ou idioma. Foram selecionados os artigos que avaliaram a TC, particularmente na região da Terceira Vértebra Lombar na Coluna Vertebral (L3), na qual permite uma avaliação detalhada da composição corporal, incluindo massa muscular esquelética e tecido adiposo visceral (TAV).
Resultado: Foram selecionados sete artigos que abordam diferentes aspectos da composição corporal e seu impacto clínico. Essa seleção abrange diferentes tipos de CA e metodologias de avaliação, contribuindo para um panorama abrangente sobre o tema e demonstrando a relevância da TC na avaliação nutricional em oncologia. Identificou-se uma lacuna significativa na quantidade de estudos disponíveis. Embora os seis artigos selecionados abranjam uma variedade de aspectos da composição corporal e seus desfechos clínicos em diferentes tipos de CA, é notável a escassez de pesquisa específica que explore amplamente essa técnica em contextos oncológicos.
Conclusão: O estudo enfatizou a importância de intervenções nutricionais personalizadas baseadas nos achados da TC e a necessidade de aumentar a conscientização e o treinamento dos profissionais de saúde para a implementação eficaz dessas práticas. A TC é uma ferramenta valiosa para a avaliação nutricional de pacientes oncológicos, mas é necessário abordar as limitações atuais e investir em pesquisa e formação profissional para maximizar seus benefícios clínicos. Do ponto de vista acadêmico, esta revisão preenche uma lacuna significativa na literatura ao consolidar e sintetizar os resultados de estudos recentes sobre o uso da TC em avaliações nutricionais específicas para pacientes oncológicos. Além disso, a análise crítica dos métodos atualmente utilizados pode orientar práticas clínicas mais baseadas em evidências e
contribuir para o aprimoramento das diretrizes de manejo nutricional no contexto do CA.
CONTAGEM DE CARBOIDRATOS EM PORTADORES DE DM 1: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM ATENDIMENTO EM GRUPO
Autores: Isabela Z. da Silva1*, Rafaela F. Tartari1
Instituição: 1Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Contato (e-mail): isabelazott.nutri@gmail.com
Introdução: O Diabetes Mellitus tipo 1 é uma doença crônica caracterizada pela destruição das células beta pancreáticas, resultando em uma deficiência na secreção total de insulina (SDB, 2024). Sem o cuidado, essa patologia pode ocasionar diversas complicações, incluindo neuropatia diabética, problemas arteriais, amputações, catarata, glaucoma, retinopatia e disfunção sexual, entre outras (BRASIL, 2022). O tratamento nutricional do DM1 não se fundamenta em restrições alimentares, mas em um planejamento alimentar saudável que permita flexibilidade nas escolhas. É necessário quantificar alimentos ingeridos, especialmente os carboidratos, e a dosagem de insulina proporcional a cada refeição. A técnica de contagem de carboidratos, utilizada há mais de 20 anos, tem se mostrado eficaz na melhora da qualidade de vida dos pacientes, oferecendo diversas opções alimentares (SBD, 2022). Com o intuito de atender às necessidades de pessoas com DM, foi desenvolvido um programa de contagem de carboidratos por uma operadora de saúde no Vale dos Sinos.
Método: Este relato de experiência qualitativo descreve a adesão dos pacientes acompanhados, com base nos relatos obtidos durante as consultas. O programa foi desenvolvido por uma operadora de plano de saúde, contando com uma equipe multidisciplinar composta por um endocrinologista e nutricionistas. Além disso, os pacientes recebem materiais elaborados pela equipe de enfermagem. A metodologia do programa é estruturada para duração de três meses. Durante o período, os pacientes participam de dois atendimentos presenciais com a nutricionista, sendo um no início e outro ao final do programa, além de dois atendimentos online, com um intervalo de 21 dias entre eles. No primeiro atendimento, é realizada uma anamnese inicial, seguida de uma abordagem aprofundada sobre a técnica de contagem de carboidratos (CHO). Entre os encontros com a nutricionista, são enviados vídeos elaborados pelos profissionais, abordando temas como “Por que é tão difícil mudar?”, “Relembrando a contagem de CHO” e “O que fazer em casos de hipoglicemia”. Após a conclusão das consultas, nas últimas cinco semanas do programa, os pacientes recebem cards informativos com sugestões de refeições, incluindo a contagem de CHO previamente calculada.
Resultado: Foram acompanhados 10 pacientes. Na primeira consulta, os pacientes demonstraram interesse na mudança de hábitos, entretanto ao longo das semanas foi observado 3 desistências. Essas desistências ocorreram devido à falta de motivação, dificuldade em mesurar os alimentos do cotidiano e 1 paciente apresentou resistência em fazer os cálculos. Aqueles que aplicaram a técnica, mesmo que de forma breve, relatam melhora na qualidade de vida, mas mesmo assim não foi suficiente para garantir uma aplicação consistente.
Conclusão: A técnica de contagem de carboidratos, embora validada, enfrenta desafios em sua aplicação prática. Demonstrando a importância da inclusão de suporte psicológico, a fim de identificar os fatores associados à falta de motivação e, assim, auxiliar o paciente a alcançar melhores resultados
Instituição: 1Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Laboratório das Relações Neuroimunomicrobiológicas LANIM – UNISINOS, Brasil, Núcleo de Neuropsiquiatria Nutricional – 2Programa de Pós-Graduação em Alimentos, Nutrição e Saúde ittNutrifor/TECNOSINOS/UNISINOS, Brasil. Contato (e-mail): mfdutra@unisinos.br
Introdução: Os distúrbios neuropsiquiátricos englobam patologias que, anteriormente, eram consideradas como apenas correlacionadas ao Sistema Nervoso Central (SNC). No entanto, pesquisas mais atuais indicam uma interação bidirecional entre a microbiota intestinal e sistema nervoso central, por meio do eixo Cérebro-Intestino-Microbiota, bem como as interações entre o Sistema Nervoso Entérico (SNE) e o SNC. Hipóteses mais atuais apontam uma via de intercomunicação por meio do nervo vago, o qual, por meio da modulação monoaminérgica, catecolaminérgica, glutamatérgica e GABAérgica, podem estar implicados na fisiopatologia dos distúrbios neuropsiquiátricos e cuja síntese desses neurotransmissores (NT) é regulada pelo microbioma intestinal. O presente estudo visa compreender, por meio da literatura disponível, quais microorganismos estão envolvidos nessa regulação e compilar as estratégias de uso de prebióticos e probióticos, com possível finalidade clínica no tratamento de tais transtornos.
Método: Foram realizadas pesquisas nas bases de dados Pubmed e Cochrane, utilizando as palavras-chaves “probiotic”, “prebiotic”, “microbiome/microbiota” e “neuropsychiatric disorders”. Os critérios de inclusão foram artigos a partir do ano de 2013, artigos disponíveis gratuitamente e artigos na modalidade revisão sistemática, meta-análise, ensaios clínicos e ensaios clínicos randomizados. Ao total, 29 artigos foram incluídos e, após a aplicação dos critérios de exclusão, 15 artigos foram considerados válidos para fazer parte da presente revisão.
Resultado: As revisões sistemáticas retificam a comprovação da hipótese do eixo cérebro-intestino-microbiota, utilizando ensaios pré-clínicos em camundongos, os quais foram unânimes em afirmar que o uso de probióticos para a modulação de distúrbios como ansiedade e depressão maior são eficazes nesses roedores com o microbioma estéreo, apontando que a disbiose pode ser parte relevante da fisiopatologia de transtornos neuropsiquiátricos. Ainda, os artigos oriundos de ensaios clínicos apresentam dados muito preliminares para validar e respaldar uma introdução clínica de prebióticos e probióticos, considerando uma suplementação como um possível tratamento para transtornos neuropsiquiátricos. Quanto a patologias como Doença de Alzheimer, Parkinson e Transtorno do Espectro Autista, os estudos adquiridos para a presente revisão apresentam dados inconclusivos e conflitantes.
Conclusão: São necessários mais estudos clínicos de maior porte para confirmar a eficácia da suplementação tanto de probióticos quanto de prebióticos para pacientes portadores de distúrbios neuropsiquiátricos, especialmente nos
contextos dos transtornos de ansiedade e de depressão maior, em que os estudos atuais mostram potencialidades maiores nas associações terapêuticas.
POTENCIAIS BIOMARCADORES DE DESFECHOS CLÍNICOS PARA A TUBERCULOSE PULMONAR: REVISÃO NARRATIVA E ANÁLISES BASEADAS EM FERRAMENTAS DE BIOINFORMÁTICA
Autores: Cristiele Schneider Silveira1, Giulianna Sonnenstrahl1, Natasha Bom1, Eduarda Vitória Fadini Silveira1, Stefanie Ingrid dos Reis Schneider1, Juliana Nichterwitz1, Mellanie Fontes-Dutra1, Igor Araujo Vieira1*
Instituição: 1Universidade do Vale do Rio dos Sinos Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Contato(e-mail): igoraraujovieira@unisinos.br
Introdução: A tuberculose (TB) é uma infecção respiratória bacteriana causada por Mycobacterium tuberculosis, e seu enfrentamento representa um desafio para a saúde pública brasileira, visto que, em 2022, o país apresentou 78 mil novos casos e chegou ao número de 14 mortes por dia. Tendo em vista a necessidade de diagnóstico precoce e tratamentos acurados, torna-se relevante investigar o papel de novas moléculas como biomarcadores facilitadores para a conduta clínica. Nesse sentido, este trabalho possui o objetivo de identificar RNAs circulares (circRNAs) que possam ser utilizados como biomarcadores de diferentes desfechos clínicos relacionados à tuberculose pulmonar, a partir de uma revisão narrativa e de informações obtidas através de base de dados de bioinformática. Já que, circRNAs têm sido citados em estudos recentes como atuantes na modulação da infecção por Mycobacterium tuberculosis e potenciais biomarcadores da doença. Os circRNAs constituem uma classe de RNAs longos não codificantes com múltiplas funções celulares, sendo as mais destacadas na literatura a atuação como “esponja” de microRNAs (miRNAs) e o subsequente impacto na regulação da expressão gênica, além de apresentarem maior estabilidade para detecção em diversos fluidos corporais.
Métodos: Revisão narrativa utilizando os seguintes termos de busca no PubMed: (A) “circRNAs AND tuberculosis”; (B) “circRNAs AND tuberculosis biomarkers”; (C) “circRNAs AND Mycobacterium tuberculosis”. Após a exclusão dos artigos repetidos e que não abordavam a temática de interesse a partir da análise do resumo, foram selecionados para leitura aprofundada apenas os estudos dos últimos 10 anos, incluindo artigos originais e revisões. Posteriormente, foi avaliada a sobreposição dos circRNAs encontrados na literatura com aqueles circRNAs diferencialmente expressos (DEcircRNAs) em amostras biológicas associadas com tuberculose pulmonar, previamente depositados no database circRNADisease v2.0. A intersecção destes conjuntos de dados foi realizada através da ferramenta Interactivenn, a fim de filtrar os circRNAs candidatos a biomarcadores da doença.
Resultados: Os DEcircRNAs em amostras clínicas de pacientes com tuberculose mais destacados na literatura foram: hsa_circ_101128, hsa_circ_001937, hsa_circ_103571, hsa_circ_0009128, hsa_circ_051239 e circAGFG1. Dentre eles, o hsa_circ_051239 foi associado exclusivamente com resistência a antibioticoterapia, enquanto os demais foram associados como potenciais biomarcadores de desenvolvimento da doença a serem aplicados no rastreamento precoce. Adicionalmente, com o auxílio das ferramentas de bioinformática verificou-se, a partir da construção de um diagrama de Venn, a sobreposição de 26 circRNAs entre a literatura e os dados obtidos
experimentalmente fornecidos pelo circRNADisease v2.0, representando um “painel” de circRNAs mais promissores no contexto da TB pulmonar a ser validado futuramente.
Conclusão: Estes dados preliminares sugerem que os circRNAs são biomarcadores circulantes promissores a serem aplicados no diagnóstico laboratorial de pacientes com tuberculose, havendo a necessidade de estudos adicionais visando a validação em amostras clínicas de pacientes brasileiros afetados, especialmente os do estado do RS, que apresenta a maior taxa nacional de coinfecção de tuberculose com o Vírus da imunodeficiência humana (HIV).
ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS EM MUNICÍPIO DA REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE
Autores: Maria Eduarda Schneider de Oliveira1*, Eloisa Backes da Silveira2, Marcia Lacerda Justin3, Fernanda Brito Heredia², Valmor Ziegler¹
Instituição: ¹Curso de Nutrição – Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2Programa de Pós-graduação em Alimentos, Nutrição e Saúde - Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 3Prefeitura Municipal de Igrejinha Contato (e-mail): duda.meso@gmail.com
Introdução: O Sistema de Vigilância e Segurança Alimentar e NutricionalSISVAN, tem como objetivo consolidar dados de ações de vigilância alimentar e nutricional, fazendo o uso de marcadores de consumo alimentar e dados antropométricos, dados importantes para um monitoramento da população e sua situação de saúde. O trabalho em conjunto de Secretarias de Saúde e Educação contribui para que o sistema seja constantemente atualizado e possamos contar com dados padronizados em nível nacional. Portanto, o objetivo deste estudo foi realizar a avaliação antropométrica de crianças entre 0 e 3 anos no primeiro semestre de 2024 um município da região metropolitana de Porto Alegre, com IDH de 0,721.
Método: O peso foi aferido em balança pediátrica até 25kg e para os demais balança digital; a estatura foi aferida com estadiômetro horizontal até 85cm e vertical nos demais, sendo os profissionais responsáveis professores previamente capacitados pelas nutricionistas da Secretária de Educação. Os resultados foram analisados a partir de IMC para idade (IMC/I) e estatura para idade (E/I) e classificados de acordo com as curvas de desenvolvimento da organização mundial de saúde utilizando o software Anthro.
Resultado: Foram avaliadas 889 crianças com idades entre 4 meses e 3 anos. Após avaliação 8% das crianças estavam em situação de magreza e magreza acumulada, 58% em eutrofia, 22% com sobrepeso e 11% com obesidade. Os dados sobre estatura trazem 6% das crianças com baixa estatura para idade, 15% em risco de baixa estatura e 79% com estatura adequada. Temos que 33% da população encontram-se com sobrepeso ou obesidade e 58% encontram-se em eutrofia, dados esses que vão ao encontro aos números do restante do estado do Rio Grande do Sul (3% magreza, 60% eutrofia e 37% sobrepeso e obesidade) e do Brasil (5% magreza, 64% eutrofia e 31% sobrepeso e obesidade) em 2023, de acordo com o SISVAN, demonstrando a confiabilidade dos dados coletados.
Conclusão: Portanto, fica evidenciada a importância destas ações e da sua documentação para que dados sejam coletados e encaminhados ao SISVAN, para que profissionais de saúde possam se apoiar em sua prática em dados atualizados e com um panorama nacional.
Palavras-chave: Dados Antropométricos. SISVAN. Estado Nutricional.
AVALIAÇÃO DO PERFIL NUTRICIONAL DE CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO
INFANTIL EM UM MUNICIPIO DA REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE
Autores: Eloisa Backes da Silveira¹*, Maria Eduarda Schneider de Oliveira2, Marcia Lacerda Justin3, Fernanda Brito Heredia², Valmor Ziegler¹ Instituição: ¹Programa de Pós-graduação em Alimentos, Nutrição e SaúdeUniversidade do Vale do Rio dos Sinos,2 Curso de Nutrição – Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 3 Prefeitura Municipal de Igrejinha Contato (e-mail): eloisabackessilveira@gmail.com
Introdução: O sobrepeso e a obesidade infantil são questões emergentes de saúde pública que têm chamado a atenção das autoridades. Em resposta a esse desafio, o Ministério da Saúde instituiu, em 2007, o Programa Saúde na Escola (PSE), que inclui a avaliação nutricional dos estudantes como uma de suas estratégias. O programa busca enfrentar as vulnerabilidades de saúde que podem comprometer o desenvolvimento escolar e reforçar a prevenção de doenças. Este estudo teve como objetivo avaliar o estado nutricional de crianças da educação infantil em 2023 em um município da região metropolitana de Porto Alegre com IDH de 0,721, como parte das ações integradas do PSE.
Método: Para tanto, foram realizadas aferição de peso e estatura. O peso foi aferido em balança digital diretamente para as crianças com habilidade de autossustentação corporal e indiretamente, para os demais, que foram pesados havendo o desconto do peso do adulto que estava segurando a criança; a estatura, foi aferida diretamente com as crianças em posição horizontal com fita métrica. Os resultados foram analisados a partir de IMC para idade (IMC/I) e estatura para idade (E/I) e classificados de acordo com as curvas de desenvolvimento da organização mundial de saúde utilizando o software Anthro.
Resultado: O estudo avaliou 1054 crianças com idade entre 4 meses e 3 anos e encontrou que 59% das crianças avaliadas encontravam-se em eutrofia, apenas 5% em magreza e 37% em excesso de peso (19% sobrepeso e 18% obesidade). A avaliação de E/I observou que 78% das crianças havia estatura adequada, e 22% estavam com baixa estatura ou risco para baixa estatura (10% baixa estatura e 12% risco para baixa estatura). É importante destacar que apesar dos dados utilizados levarem em consideração o IMC em todas as crianças avaliadas, em razão das exigências do PSE a OMS indica que a avaliação mais pertinente para menores de 1 ano seja peso para idade e estatura para idade, visto que o IMC pode oscilar com grande frequência nesta população e não refletir necessariamente o perfil nutricional destas crianças.
Conclusão: De todo modo os dados encontrados refletem os indicadores apresentados em nível nacional em que 1/3 da população infantil encontra-se em excesso de peso, demonstrando a importancia do fortalecimento de atividades de educação alimentar e nutricional nas escolas.
Palavras-chave: Estado Nutricional; Educação infantil; Programa saúde na escola.
DIAGNÓSTICO DE DESNUTRIÇÃO PELAS FERRAMENTAS ASG E GLIM: RESULTADOS PRELIMINARES DE UM ESTUDO DE CONCORDÂNCIA EM UM HOSPITAL DO SUL DO BRASIL
Instituição: Santa Casa de Porto Alegre Contato (e-mail): tartarirf@unisinos.br
Introdução: A desnutrição, segundo a European Society for Clinical Nutrition and Metabolism (ESPEN), resulta de um desequilíbrio na ingestão ou absorção de nutrientes, afetando a composição corporal e funcionalidade. No Brasil, o SUS regulamenta a assistência nutricional de alta complexidade para pacientes desnutridos, e a triagem nutricional é crucial para identificar o risco de desnutrição. O protocolo de avaliação nutricional proposto pelo GLIM tem sido proposto para diagnosticar e classificar a desnutrição hospitalar de uma forma unificada nos centros de saúde. Porém, ainda falta consenso global sobre a sua utilização. Este estudo busca avaliar a concordância entre um método já validado para avaliação nutricional (ASG) e o proposto pelo GLIM em pacientes não críticos internados em um hospital do Rio Grande do Sul.
Método: Estudo de coorte prospectivo que inclui pacientes adultos não críticos internados em até 48h de internação na enfermaria do hospital. Os pacientes foram submetidos a avaliação nutricional por duas ferramentas: ASG e GLIM. Por se tratar de dados preliminares e ainda uma pequena amostra, os dados serão apresentados em forma de frequência absoluta, sendo a estatística de concordância aplicada quando atingir a amostra pré-calculada.
Resultado: Foram avaliados 14 pacientes, com média de idade 61,7 anos, 64,2% do sexo feminino. Os principais motivos de internação foram: pancreatite aguda, fraqueza por câncer e complicações por cirrose. A desnutrição pelo GLIM foi diagnosticada em 42,8% dos pacientes, enquanto pela ASG foi 28,5%. Em 2 pacientes (14,2%) com desnutrição apresentada pelo GLIM, não foi encontrada desnutrição quando utilizada a ferramenta ASG. A maioria da amostra (57,1%) apresentou massa muscular reduzida observada pela circunferência da panturrilha.
Conclusão: Nesta pequena amostra de pacientes, foi encontrado uma frequência maior de desnutrição pela ferramenta GLIM. Pelo tamanho amostral, ainda não é possível avaliar a concordância entre as duas ferramentas, mas os dados preliminares parecem indicar que o GLIM pode ser uma ferramenta que apresenta uma maior acurácia no diagnóstico nutricional. Mais estudos que avaliem a desnutrição pelo GLIM são necessários, já que podem contribuir para unificação do diagnóstico de desnutrição, garantindo maior precisão de dados e direcionamento assertivo da terapia nutricional.
Autores: Vitória Flores dos Santos1*, Caroline Mattos Fontana1, Caroline Sarmento de Souza1, Gabriela Carminati Lino1, Marina Dall’Agnol Redel1 e Thayná da Rocha Pires1, Rodrigo Pedroso Tolio 1
Instituição: 1Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
Contato (e-mail): vitoriafs@edu.unisinos.br
Introdução: O atendimento centrado na pessoa tem como valor primordial a avaliação do indivíduo de maneira holística, sensível ao seu contexto e às suas particularidades. Isso inclui desde suas relações sociais até a sua nutrição, sendo esse um importante fator constituinte da saúde mental, pois interagem com os demais determinantes ambientais, sociais e culturais que moldam o bemestar. Este estudo tem como objetivo analisar as relações entre nutrição e saúde mental, bem como as abordagens humanizadas dos profissionais da saúde e seus impactos nesse contexto.
Método: Revisão integrativa da literatura com coleta de informações conduzida exclusivamente em bases de dados eletrônicas como PubMed e SciELO, utilizando combinações de palavras-chave relacionadas ao tema. Foram incluídos na revisão cinco artigos publicados nos últimos dez anos que abordassem o tema nutrição, saúde mental e humanização no cuidado com ênfase em desfechos que tivessem relação com as intervenções dietéticas individualizadas.
Resultados: Estudos recentes demonstram a clara relação entre a nutrição e a melhora da saúde mental, em específico um ensaio clínico de 2019 que afirma que existem interações diretas entre ambas em casos de pacientes hospitalizados. As intervenções dietéticas, quando feitas de maneira individualizada e sensível a cada caso, são promissoras para reduzir a incidência de depressão e aumentar os níveis de bem-estar, com base em um estudo ecológico de 2017, a ingestão regular de peixes, vegetais e grãos integrais colaboram para elevar a qualidade de vida e consequentemente reduzir índices de depressão nos pacientes. Uma revisão sistemática de 20 estudos longitudinais e 21 estudos transversais forneceu evidências convincentes de que a dieta mediterrânea pode conferir um efeito protetor contra a depressão. Os estudos revisados também indicam que alimentação equilibrada, rica em nutrientes essenciais como ácidos graxos ômega-3 e vitaminas do complexo B, está associada à melhora da saúde mental, enquanto dietas ricas em alimentos processados estão ligadas à piora dos sintomas. Abordagens humanizadas no cuidado nutricional, que respeitam as preferências e contextos dos pacientes, aumentam a adesão às intervenções e promovem melhora na qualidade de vida, podendo atuar tanto na prevenção quanto no tratamento de transtornos mentais, oferecendo um cuidado holístico e sensível a cada caso.
Conclusão: A implementação do cuidado centrado na pessoa nos serviços de saúde demonstra uma melhora significativa na qualidade de vida do indivíduo, promovendo uma relação de confiança do paciente com o profissional. Ao reconhecer que cada paciente apresenta necessidades nutricionais específicas, torna-se imprescindível que o profissional da saúde realize uma intervenção personalizada visando a melhoria da qualidade de vida dos pacientes,
procurando entender seus contextos de vida. Ainda que não haja uma evidente causalidade comprovada, a relação entre a saúde do ponto de vista integral e a nutrição é extremamente significativa e deve ser levada em consideração no momento da prescrição.
HUMANIZAÇÃO E NUTRIÇÃO: PROMOVENDO A SAÚDE ATRAVÉS DE INTERVENÇÕES CLÍNICAS PERSONALIZADAS
Autores: Vitória Flores dos Santos ¹, Emily Pereira Oliveira ¹, Gabrielle Damiani Brun ¹, Maitê da Costa Izolan ¹, Vanessa Oliveira Silveira ¹*, Francisco Augusto
Gomes da Silva ¹, Rodrigo Pedroso Tolio ¹
Instituição: ¹Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
Introdução: A nutrição desempenha um papel fundamental na promoção da saúde e na prevenção de doenças, sendo essencial para a manutenção do bemestar físico e mental de acordo com o Guia Alimentar da População Brasileira. Com o avanço das práticas de saúde, cresce a necessidade de uma abordagem que vá além de prescrições dietéticas genéricas, incorporando os princípios da humanização, ou seja, colocando o paciente no centro do cuidado, valorizando a dignidade, a comunicação empática, o respeito às necessidades individuais e a promoção de um ambiente acolhedor nos serviços de saúde.
Método: Revisão integrativa da literatura utilizando artigos da base de dados Medline. Foram selecionados cinco estudos com critério de inclusão de publicação nos últimos 5 anos, disponíveis gratuitamente, presentes na base de dados MedLine (PubMed) que utilizassem as palavras "nutrição" e "humanização" em qualquer sessão do material. Foram utilizados os seguintes termos como buscadores de pesquisa: "Nutrition" AND "Patient Centered Care" AND "Holistic Treatment" AND "Humanization Care" OR "Nutrição" AND "Cuidado Centrado no paciente" AND "Tratamento Holistico" AND "Tratamento Humanizado". As seguintes limitações foram identificadas: generalização da avaliação dos resultados (falta de critérios complexos e bem estabelecidos na literatura) e o ainda reduzido número de artigos.
Resultado: Os estudos demonstram que intervenções nutricionais personalizadas sugerem melhorias na adesão ao tratamento e nos desfechos dos pacientes. Um ensaio clínico randomizado de 2019 investigou o impacto de dietas ajustadas às necessidades clínicas e psicológicas dos pacientes e indicou melhora em alguns marcadores inflamatórios como proteína C reativa e interleucina-6, além da melhora na condição geral de saúde com base no questionário ‘’Short Form Health’, que afere melhorias na qualidade de vida relacionada a saúde.Em outro estudo observacional (2017), buscou-se avaliar como intervenções nutricionais que levavam em consideração fatores culturais e emocionais influenciaram nos sintomas de ansiedade e depressão, sendo observada a redução desses sintomas. Por fim, uma revisão sistemática de 2021 explorou o papel da humanização em cuidados nutricionais hospitalares, identificando aumentos importantes na satisfação dos pacientes e na eficácia das abordagens dietéticas devido a ferramentas como comunicação empática e envolvimento do paciente no planejamento das intervenções, medidas por meio da escala ‘’Dietary Quality Assessment Tool’’, que mede a satisfação e adesão a dietas específicas, avaliando mudanças na saúde e bem-estar.
Conclusão: Esta revisão sugere que intervenções nutricionais personalizadas e alinhadas com os princípios de humanização podem melhorar significativamente os resultados de saúde e a satisfação do paciente. Ao adaptar as dietas às características individuais é possível criar um ambiente de cuidado mais
acolhedor e eficaz. As evidências revisadas reforçam a importância de integrar abordagens personalizadas e humanizadas na prática clínica, especialmente para o manejo de condições crônicas e complexas, visando elevar a qualidade de vida dos pacientes.
Palavras-chave: Nutrição. Cuidado Centrado no Paciente. Humanização.
MASSA MUSCULAR AVALIADA POR ULTRASSONOGRAFIA MUSCULAR: ESTUDO TRANSVERSAL EM PACIENTES HOSPITALIZADOS APÓS CIRURGIA CARDÍACA
Instituição: 1Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA)
Contato (e-mail): oellen.franzosi@gmail.com
Introdução: As doenças cardiovasculares (DCVs) podem aumentar a incidência de sarcopenia, sendo a perda de massa muscular uma de suas características. A ultrassonografia muscular (US) é uma ferramenta portátil, não invasiva, que pode ser utilizada para avaliação da massa muscular. O objetivo deste estudo é investigar a incidência de sarcopenia e o desempenho da US muscular comparada à outros métodos para avaliação de massa muscular em pacientes com DCVs hospitalizados após cirurgia cardíaca.
Método: Trata-se de um estudo transversal com pacientes hospitalizados após intervenção cirúrgica cardíaca. A triagem para sarcopenia é realizada através do questionário SARC-F e a sarcopenia é diagnosticada de acordo com os critérios propostos pelo European Working Group on Sarcopenia in Older People 2 (EWGSOP2). A força muscular é medida pela dinamometria e o índice de massa muscular (IMM) é calculado através de dados da bioimpedância elétrica (BIA). A circunferência da panturrilha (CP) também é aferida. A US muscular é utilizada para medir a área de secção transversa e a espessura do músculo reto femoral. Os dados parciais foram analisados no programa estatístico SPSS v.22.0, adotando nível de significância de 5% e o projeto foi aprovado pelo CEP-HCPA nº 66796423.5.0000.5327.
Resultado: Até o momento foram avaliados 45 pacientes com média de idade de 63,11 ± 10,27 anos. Destes, 64,4% são homens, 91,1% são de etnia branca e apresentam índice de massa corporal (IMC) médio de 27,72 ± 4,76 Kg/m², a cirurgia mais prevalente foi troca de válvula (46,7%). Dos indivíduos avaliados, 28,9% apresentou risco para sarcopenia, 40% (n=18) demonstrou força muscular reduzida - o que classifica estes pacientes como prováveis sarcopênicos de acordo com o EWGSOP2 - e nenhum indivíduo teve sarcopenia confirmada a partir do cálculo de IMM. Pacientes com força reduzida pela dinamometria também apresentaram valores reduzidos de massa magra pela BIA. Os dados da área do reto femoral pela US muscular foram correlacionados significativamente com os valores da CP (p= 0,037). Os dados da área do reto femoral pela US muscular foram correlacionados significativamente com os valores da massa magra pela BIA (p= 0,037).
Conclusão: Pode-se concluir que o risco para sarcopenia foi observado em quase um terço dos pacientes avaliados e que um percentual considerável apresenta força muscular reduzida - o que indica a presença de provável sarcopenia nessa população. Os valores da área seccional do reto femoral foram significativamente correlacionados com os valores de CP e massa magra, o que indica que essa medida é útil para avaliar a massa muscular na prática clínica.
Palavras-chave: Ultrassonografia muscular. Perda de massa muscular. Pacientes cardiopatas.
RELAÇÃO ENTRE DECLÍNIO COGNITIVO E DEPRESSÃO EM AMOSTRA COMUNITÁRIA DE IDOSOS
Instituição: 1Laboratório das Interações Neuroimunomicrobiológicas (LANIM) –Unisinos, Brasil; 2Núcleo de Neuropsiquiatria Nutricional - Programa de PósGraduação em Alimentos, Nutrição e Saúde, ittNutrifor/TECNOSINOS/UNISINOS, Brasil
Contato (e-mail): zagomayeli@edu.unisinos.br
Introdução: A percepção subjetiva de declínio cognitivo é uma importante variável a ser considerada na avaliação cognitiva de idosos. Ela pode estar atrelada tanto ao declínio cognitivo real em decorrência de uma deterioração nas capacidades cognitivas, quanto às alterações de avaliação subjetiva que resultam da própria percepção dos indivíduos e que podem ter influência de fatores psicológicos. Entre esses fatores, a depressão pode impactar o âmbito emocional e o humor e, consequentemente, manifestando-se a partir da perda de interesse e prazer, humor deprimido, além de queixas cognitivas, as quais frequentemente coexistem e impactam a qualidade de vida dessa população. Por esse motivo, o objetivo deste estudo foi analisar a relação entre queixas de declínio cognitivo e depressão em uma amostra comunitária de idosos que participam de atividades recreativas em São Leopoldo, Rio Grande do Sul (Brasil).
Método: Para isso, foi realizado um estudo correlacional (Aprovação CEP nº 6.746.733) que contou com a com participação de 38 indivíduos, de ambos os sexos, com idade acima de 60 anos com idade média de 70,26 (DP = 7,32), sem autorrelato de doenças neuropsiquiátricas, com escolaridade média de 12,09 anos (DP = 4,90). Esses idosos responderam um questionário sociodemográfico, o Inventário de Falhas Cognitivas (IFC) e a Escala Geriátrica de Depressão (GDS). O IFC é um questionário composto por 15 perguntas elaboradas para explorar diferentes aspectos das habilidades cognitivas, como memória, linguagem, orientação e aspectos funcionais. A GDS possui 15 itens e avalia a sintomatologia depressiva, durante a última semana, e tem uma escala de resposta dicotômica (sim/não). Os dados coletados, foram inseridos no pacote estatístico SPSS versão 23 e, posteriormente, as possíveis correlações entre os dados foram investigadas a partir do teste de Spearman (não-paramétrico).
Resultado: Os resultados mostraram uma correlação fraca, mas positiva e estatisticamente significativa entre os níveis de depressão e as falhas cognitivas (Rho= 0,360, p<0,05). Isso sugere que existe uma relação direta entre um aumento nos sinais de depressão e da percepção de dificuldades cognitivas em indivíduos idosos não-clínicos. A baixa intensidade da correlação também sugere que outros aspectos devem estar relacionados a queixa cognitiva e podem ser investigados em outros estudos.
Conclusão: Em suma, os dados corroboram a necessidade de manter a atenção aos aspectos emocionais, mesmo em indivíduos não clínicos, caso apresentem queixa cognitiva.
COMO A BIOINFORMÁTICA PODE AUXILIAR NO TRATAMENTO DO ALCOOLISMO E CIRROSE? PERSPECTIVAS DE UMA ANÁLISE
TRANSCRIPTÔMICA COMPUTACIONAL
Autores: Ulysses Razia Cavalcanti¹,², Natasha Malgarezi¹,², Aline Soyer¹,², Igor Araujo Vieira¹,², Felipe Matheus Pellenz¹,², Cristal Villalba¹,³, Mellanie FontesDutra¹,²*
Instituição: 1Laboratório das Interações Neuroimunomicrobiológicas (LANIM) –Unisinos, Brasil; 2 Núcleo de Neuropsiquiatria Nutricional - Programa de PósGraduação em Alimentos, Nutrição e Saúde, ittNutrifor/TECNOSINOS/UNISINOS, Brasil; 3Department of Molecular Human Genetics Baylor College of Medicine, Houston, Texas, United States of America
Contato (e-mail): mfdutra@unisinos.br
Introdução: A cirrose hepática é caracterizada por fibrose extensa, frequentemente sendo resultado de hepatite alcoólica ou esteatose hepática grave. O consumo excessivo de álcool, além de predispor a essas condições, também configura grave problema de saúde pública atual, com uma prevalência de 35% nas capitais brasileiras. A literatura reconhece como a exposição contínua ao álcool pode modular alterações genéticas e epigenética; contudo, a análise bioinformática dessas expressões pode fomentar novas hipóteses e delineamentos de pesquisas e, consequentemente, abrindo novas possibilidades para intervenções terapêuticas direcionadas para pacientes cirróticos e outros desfechos da doença.
Método: Para a realização, foi escolhido o dataset de accession number GSE254610, e os dados dos pacientes foram divididos em dois grupos: “Saudáveis” e “Cirróticos”. Em seguida, foram analisados no programa GEO2R que encontrou 107 genes com expressão alterada entre os grupos. Posteriormente, foi realizada uma análise no STRING, que gerou nove clusters de interações principais com os genes obtidos, estes clusters foram enviados para o programa Cytoscape, e analisados pela extensão CytoHubba utilizando algoritmos matemáticos para identificar os genes Hub e Bottleneck. Através das análises bioinformáticas deste trabalho foi possível identificar 2 genes HubBottleneck e 1 gene Hub envolvidos no metabolismo de hepatócitos cirróticos, sendo eles, respectivamente, a Pescadillo Ribosomal Biogenesis Factor 1 (PES1), a binding protein 1 homolog (NOB1) e Nitric Oxide-Associated Protein 1 (NOA1).
Resultado: Através das análises bioinformáticas deste trabalho foi possível identificar 2 genes Hub-Bottleneck e 1 gene Hub envolvidos no metabolismo de hepatócitos cirróticos, sendo eles, respectivamente, a Pescadillo Ribosomal Biogenesis Factor 1 (PES1), a binding protein 1 homolog (NOB1) e Nitric OxideAssociated Protein 1 (NOA1).O PES1 tem uma importante correlação oncológica, evidenciando a expressão deste gene como importante na proliferação e tumorigenicidade do câncer de mama. O outro gene HubBottleneck, NOB1, é um gene codificador de proteínas que pode estar correlacionado com a degradação de mRNA, tendo uma importante associação com o desenvolvimento da Síndrome de Hermansky-Pudlak. Finalmente, o gene NAO1 é recrutado no meio mitocondrial, onde regula a tradução de proteínas mitocondriais e a respiração celular, além de estar envolvido na envolvido na
morte celular mediada pela mitocôndria e pode funcionar como uma proteína de scaffold ou estabilizadora de supercomplexos da cadeia respiratória.
Conclusão: A quantidade de genes com expressão modulada em ambas as condições, bem como a quantidade de redes de interações que podemos obter a partir deles evidencia a complexidade da doença em questão e como ela afeta diversos aspectos do metabolismo do paciente. Identificar genes chaves dentro destas redes, ou que sejam chaves para a interação das redes entre si, é fundamental para realização de um melhor manejo destes pacientes e, dessa forma, legitimar alternativas terapêuticas futuras – tendo em vista o potencial da abordagem da farmacogenética neste desfecho e em outros associados.
O PAPEL DO ZINCO NA MICROBIOTA, NA OBESIDADE E NA SÍNDROME METABÓLICA: UMA REVISÃO DA LITERATURA
Autores: Jean Zambeli1,2*, Maria Fernanda Grillo1,2, Aline Soyer1,2, Natasha Malgarezi1,2, Cristal Villalba1,3, Igor Araujo Vieira1,2, Felipe Mateus Pellenz1,2, Mellanie Fontes-Dutra1,2
Instituição: 1Laboratório das Interações Neuroimunomicrobiológicas (LANIM)UNISINOS, 2Núcleo de Neuropsiquiatria Nutricional – Programa de PósGraduação em Alimentos, Nutrição e Saúde, ittNutrifor/TECNOSINOS/UNISINOS, Brasil, 3Department of Molecular Human Genetics Baylor College of Medicine, Houston, Texas, United States of America Contato (e-mail): jeanzambeli@edu.unisinos.br
Introdução: A Síndrome Metabólica (SM) é um conjunto de patologias de preocupação crescente na saúde pública, associada a disbioses e inflamação crônica, que afetam a imunidade. O zinco, um micronutriente essencial para o metabolismo e o sistema imunológico, tem relação com a patogênese do SM. Este estudo visa investigar o papel do zinco na SM e nas alterações da microbiota intestinal.
Método: Foi realizada uma revisão sistemática com busca nas bases de dados PubMed e Cochrane, utilizando estratégias específicas, combinando descritores como "obesidade", "síndrome metabólica", "zinco" e "microbioma/microbiota". Foram incluídos artigos publicados nos últimos 10 anos, com acesso gratuito ao texto completo, que avaliavam o papel do zinco na regulação da microbiota em contextos de obesidade ou SM. Ao todo, 17 artigos foram incluídos e, após a aplicação de critérios de exclusão, seis artigos foram selecionados para a revisão.
Resultado: Os resultados indicam que os autores concordam com a relevância do papel do zinco para a saúde metabólica, imunológica e neurológica, com interrelações importantes com a microbiota intestinal, que podem ser moduladas por esse micronutriente. A disbiose pode estar relacionada a contextos de obesidade e diabetes mellitus, agravando a resistência à insulina (RI) e inflamações crônicas, além de afetar o eixo intestino-pulmão e a suscetibilidade a infecções respiratórias, como a COVID-19. A carência de zinco está associada a diversas doenças, incluindo distúrbios neurodegenerativos e problemas de controle glicêmico em diabetes tipo 2, contribuindo para o RI. A SM também afeta a homeostase do zinco, essencial para a modulação do estresse oxidativo e da resposta inflamatória.
Conclusão: A suplementação e intervenções dietéticas com zinco apresentam potencial promissor na restauração do equilíbrio da microbiota intestinal e na melhora dos distúrbios metabólicos. No entanto, é importante considerar que o excesso de zinco pode ter efeitos adversos. O manejo adequado da ingestão de zinco e a manutenção de uma microbiota saudável mostra estratégias eficazes para promover a saúde metabólica e imunológica. Essas abordagens não apenas reduzem o risco de infecções graves, mas também podem contribuir para o controle de condições crônicas, como diabetes e distúrbios imunológicos, reforçando a importância do zinco no contexto da SM e suas complicações.
ANÁLISE BIOINFORMÁTICA DA EXPRESSÃO GÊNICA EM PACIENTES COM DEPLEÇÃO AGUDA DE ZINCO: IDENTIFICAÇÃO DE GENES HUB E BOTTLENECK
Autores: Danielle Albrecht1,2, Aline Soyer1,2, Natasha Malgarezi1,2, Cristal Villalba1,3, Igor Araujo Vieira1,2, Felipe Matheus Pellenz1,2,, Mellanie FontesDutra1,2*
Instituição: 1Laboratório das Interações Neuroimunomicrobiológicas (LANIM) –Unisinos, Brasil, 2Núcleo de Neuropsiquiatria Nutricional - Programa de PósGraduação em Alimentos, Nutrição e Saúde, ittNutrifor/TECNOSINOS/UNISINOS, Brasil, 3Department of Molecular Human Genetics Baylor College of Medicine, Houston, Texas, United States of America
Contato (e-mail): mfdutra@unisinos.br
Introdução: A síndrome metabólica (SM) é caracterizada pela coexistência de alterações em múltiplos fatores metabólicos e pode afetar até 62,5% de determinadas populações. A resistência à insulina, a inflamação e o estresse oxidativo são elementos da fisiopatologia. Assim, a obesidade e os fatores nutricionais assumem um papel central no manejo dessa condição. Nesse contexto, já está bem descrito que alimentos com elevado valor calórico frequentemente apresentam deficiências nutricionais, contribuindo para desequilíbrios metabólicos. Porém, faltam evidências científicas que esclareçam como os micronutrientes impactam na SM. A partir dessa perspectiva, estudos têm analisado a correlação entre a ingestão de zinco e a SM, considerando que esse micronutriente está associado aos mecanismos fisiopatológicos envolvidos. No entanto, os resultados permanecem inconclusivos e carecem de análise aprofundada. O presente estudo teve como objetivo investigar as alterações na expressão gênica em pacientes com depleção aguda de zinco, visando identificar genes centrais (hub e bottleneck) na rede de expressão gênica que possam ser essenciais para os mecanismos associados à SM.
Método: Para a análise, foram utilizados dados de expressão gênica depositados no repositório GEO (Gene Expression Omnibus), com o número de acesso do conjunto de dados escolhido sendo GSE33174. O processamento dos dados foi realizado com a ferramenta GEO2R, na qual as amostras foram divididas em dois grupos: Baseline e Zinc-Depleted 10d. Após a normalização dos dados, o programa identificou 37 genes diferencialmente expressos entre os grupos. Esses genes foram analisados no programa STRING, que identificou três clusters de interação. Para a visualização das interações entre os genes, os dados desses clusters foram importados para o Cytoscape, onde a definição dos genes hub e bottleneck foi realizada utilizando os algoritmos de redes da extensão CytoHubba e permitiu a seleção dos 10% mais relevantes em relação ao total. Para uma análise mais detalhada, os genes identificados como relevantes dentro dos clusters foram investigados na literatura científica para elucidar suas funções biológicas e mecanismos associados.
Resultado: A partir das análises de bioinformática realizadas neste estudo, foi possível identificar um gene classificado como Hub-bottleneck (CDC20) e um gene (MZB1) como Hub, que podem servir como biomarcadores ou alvo terapêuticos para modulação do metabolismo de zinco. Dentre os clusters identificados, um deles é constituído por genes que estão relacionados à mitose e ao ciclo celular, processos em que o zinco tem um metabolismo bem
estabelecido. O outro cluster inclui genes envolvidos em múltiplas funções na regulação imunológica, os quais podem desempenhar papéis críticos na resposta inflamatória associada à SM.
Conclusão: Os achados in silico aqui obtidos fornecem evidências preliminares sobre novos biomarcadores que podem contribuir para uma melhor compreensão dos mecanismos moleculares envolvidos na SM.
Autores: Aline Oliveira dos Santos Meneses¹*, Mellanie Fontes-Dutra¹ ², Natasha Malgarezi¹ ², Felipe Mateus Pellenz¹ ², Igor Araujo Vieira¹ ²
Instituição: 1Laboratório das Interações Neuroimunomicrobiológicas (LANIM) –
Unisinos, Brasil, 2 Núcleo de Neuropsiquiatria Nutricional - Programa de PósGraduação em Alimentos, Nutrição e Saúde, ittNutrifor/TECNOSINOS/UNISINOS, Brasil
Contato (e-mail): ameneses@edu.unisinos.br
Introdução: Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer colorretal (CCR) é a quinta neoplasia mais comum na população brasileira, sendo um importante causa de mortalidade. O CCR pode evoluir de forma assintomática, sendo frequentemente diagnosticado após o surgimento dos sintomas ou por métodos de rastreamento, originando-se de pólipos adenomatosos do cólon, que progridem de pequenos para grandes pólipos, evoluindo para displasia e carcinoma. Novos estudos são necessários em busca de biomarcadores envolvidos na fisiopatologia do CCR, para avaliar a estimativa de risco e predição de desfechos clínicos nos pacientes acometidos. Por outro lado, os piRNAs são uma classe de pequenos RNAs não-codificantes ligados à proteína PIWI, desempenhando vários papeis celulares, tais como metilação e modificação das histonas, silenciamento de transposons e modificação póstranscricional. Estudos recentes têm explorado variantes genéticas em genes de piRNAs e/ou a expressão diferencial de piRNAs como potenciais biomarcadores de rastreamento e/ou de desfechos clínicos no CCR. Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi compilar e selecionar, através de ferramentas de bioinformática, piRNAs candidatos a potenciais biomarcadores de desfechos clínicos (risco de desenvolvimento, diagnóstico, prognóstico e/ou resposta terapêutica) no contexto do CCR.
Método: Para compor o presente estudo, foram empregados dados públicos dos bancos de dados de piRNAs denominados piRBase release v3.0 e piRNAQuest V.2, bem como a ferramenta de sobreposição de dados InteractiVenn. Foram extraídos todos os dados disponíveis no piRBase para CCR, enquanto no piRNAQuest filtrou-se somente os 20 piRNAs com maior nível de expressão (upregulated) em diferentes tipos de amostras clínicas associadas com CCR.
Resultado: A partir dos dados coletados no piRBase, observou-se que a variante rs11776042 (A>G), localizada no gene que codifica piR-015551 (pir-hsa-21517), foi descrita como um alelo (G) significativamente associado com proteção ao desenvolvimento de CCR. Outros 3 piRNAs foram reportados no piRBase como upregulated em tumores colorretais, sendo apontados como possíveis biomarcadores de prognóstico independentes no CCR. Adicionalmente, a partir do piRNAQuest, verificou-se que 14 piRNAs upregulated estavam sobrepostos entre as amostras de tecido tumoral analisadas, dos quais 7 (hsa_piRNA_1495, hsa_piRNA_18078, hsa_piRNA_26658, hsa_piRNA_26659, hsa_piRNA_29392, hsa_piRNA_30146 e hsa_piRNA_30147) foram associados com estágios mais avançados da doença (T3 e T4).
Conclusão: Os achados nos bancos de dados permitiram identificar um conjunto de 7 piRNAs que representam biomarcadores promissores associados ao pior prognóstico do CCR, podendo ser alvos moleculares futuros estudos visando validá-los experimentalmente como biomarcadores da progressão do CCR. Também se mostra relevante avaliar como fatores dietéticos e a composição da microbiota podem influenciar na modulação da expressão dos piRNAs aqui destacados.
Instituição: 1Unisinos - Universidade do Vale do Rio do Sinos, 2UnisinosUniversidade do Vale do Rio do Sinos
Contato (e-mail): julianagmoreno@outlook.com
Introdução: Lesão por pressão (LPP) é definida como dano localizado na pele e tecidos moles subjacentes, geralmente sobre uma proeminência óssea ou relacionada ao uso de dispositivo médico, a lesão pode ocorrer em pele íntegra ou como úlcera aberta, associada a dor ou não. A causa do desenvolvimento da LPP é multifatorial e inclui fatores intrínsecos que são inerentes à fragilidade dos pacientes e extrínsecos, relacionados ao meio e às exposições sofridas pelo paciente ao longo de sua internação e cuidados hospitalares. Inúmeras causas aumentam o risco de desenvolvimento de LPP como a redução na mobilidade, lesão medular, pacientes críticos, agravados pelo tempo de internação na unidade de terapia intensiva, associada ao uso de ventilação mecânica, aumento na umidade da pele, tempo cirúrgico elevado e presença de doenças prévias como diabetes mellitus, doença vascular entre outros. Outros fatores relacionados com o estado nutricional, como desnutrição, sarcopenia ou obesidade, também contribuem para o maior risco de LPP. A LPP é considerada um evento adverso, especialmente entre os pacientes mais vulneráveis, como idosos e pessoas hospitalizadas e causa um impacto na qualidade de vida e nos custos hospitalares. A nutrição desempenha um papel importante na prevenção, intervenção, tratamento da LPP e é um componente fundamental no processo de cicatrização de feridas. Este trabalho teve como objetivo elaborar um protocolo para o manejo nutricional da LPP de pacientes internados em um complexo hospitalar em Porto Alegre, contribuindo para melhor assistência nutricional ao paciente com LPP, além disso, promover um cuidado padronizado de condutas nutricionais e apresentar evidências científicas atuais para o tratamento da lesão.
Método: Foi realizada uma revisão de literatura, que teve por finalidade reunir e sistematizar as evidências para o manejo nutricional em indivíduos hospitalizados com LPP. É importante destacar que, apesar da importância do protocolo, na rotina hospitalar devem ser realizadas adequações para ajustar a terapia nutricional, de acordo com o estado nutricional e necessidades individuais de cada paciente. Deve-se avaliar o indivíduo numa fase inicial quando há risco de ser instalada LPP e sempre que a sua condição se altere, reavaliar o plano de cuidados, pelo menos uma vez por semana. As principais recomendações nutricionais de metas proteicas no paciente com risco para LPP são de 1,25-1,5g de proteínas/kg/dia e pacientes com LPP instalada são de 1,52,0g de proteínas/kg/dia. Em relação a suplementação nutricional de pacientes em risco para LPP, se a aceitação alimentar for inferior à 60% das necessidades nutricionais, deve-se avaliar a introdução de suplemento nutricional oral hiperproteico. Já nos pacientes com LPP instalada, é indicado o suplemento nutricional especializado. Em relação aos pacientes com terapia nutricional enteral, aqueles que já possuem LPP instalada, recomenda-se o uso de fórmula enteral especializada adicionada de arginina e polivitamínicos.
Resultado: O protocolo foi desenvolvido na Instituição sob validação da diretoria técnica e permite que todos os pacientes com esta situação clínica possam ser tratados de forma padronizada. Futuramente, as ações serão direcionadas para o monitoramento do protocolo e efetividade da terapia nutricional.
Conclusão: A nutrição contribui no cuidado e tratamento de cicatrização da LPP, às evidências científicas apontam a compatibilidade entre determinados nutrientes e o processo de cicatrização. A avaliação e intervenção nutricional nos pacientes hospitalizados são muitas vezes negligenciadas. Sendo assim, esse projeto apresenta a construção do protocolo para o manejo e intervenção nutricional no tratamento da LPP em indivíduos hospitalizados, a fim de auxiliar para melhorar os resultados da assistência nutricional visando oferecer o melhor tratamento dietoterápico ao paciente com LPP garantindo qualidade no serviço da unidade hospitalar e contribuir para o conhecimento técnico científico da equipe multidisciplinar.
Palavras-chave: Nutrição. Lesão por pressão. Intervenção.
INVESTIGAÇÃO DAS DEFICIÊNCIAS DE MICRONUTRIENTES EM PESSOAS COM SÍNDROME METABÓLICA
Autores: Maria Fernanda Grillo1,2*, Jean Zambeli1,2, Aline Soyer1,2, Natasha Malgarezi1,2, Igor Araujo Vieira1,2, Cristal Villalba1,3, Felipe Matheus Pellenz1,2, Mellanie Fontes-Dutra1,2
Instituição: 1Laboratório das Interações Neuroimunomicrobiológicas (LANIM) –Unisinos, Brasil, 2Núcleo de Neuropsiquiatria Nutricional - Programa de PósGraduação em Alimentos, Nutrição e Saúde, ittNutrifor/TECNOSINOS/UNISINOS, Brasil, 3Department of Molecular Human Genetics Baylor College of Medicine, Houston, Texas, United States of America Contato (e-mail): fefegrillo@unisinos.br
Introdução: A síndrome metabólica (SM) tem ganhado atenção devido à sua crescente prevalência, relacionada ao aumento do consumo excessivo de calorias e à inatividade física, principais fatores ambientais em sua patogênese. A SM reúne fatores de risco para doenças cardiovasculares e é definida pela presença de três dos cinco critérios: circunferência da cintura elevada, triglicerídeos elevados, colesterol HDL baixo, pressão arterial elevada e glicemia de jejum elevada. Além disso, deficiências de micronutrientes estão associadas ao início e à progressão da SM. Embora a SM esteja ligada ao excesso de macronutrientes, indivíduos com sobrepeso e obesidade frequentemente apresentam concentrações séricas mais baixas de micronutrientes como alfacaroteno, betacaroteno, vitamina C, zinco e selênio em comparação com adultos eutróficos.
Método: Este estudo visa avaliar o estado nutricional de micronutrientes em pessoas com SM, identificar os principais micronutrientes deficitários, explorar o acompanhamento nutricional e analisar a frequência de consumo de alimentos ricos em micronutrientes. Para os dois primeiros objetivos, será realizada uma revisão nas bases de dados PUBMED e Google Acadêmico, utilizando os termos: "metabolic syndrome", "micronutrients" e "obesity". Serão incluídas publicações de 2013 a 2024 com acesso gratuito. Para os dois últimos objetivos, será aplicado o questionário de frequência alimentar ELSA Brasil reduzido em pacientes de 18 a 70 anos com SM e/ou obesidade, atendidos no ambulatório de Endocrinologia da UNIFIMES/GO e no Centro de Oftalmologia e Especialidades de Mineiros-GO (aprovação CEP Unisinos parecer nº 6931400). Um segundo questionário será aplicado em 15 médicos e/ou nutricionistas da região sudoeste de Goiás, via WhatsApp, para avaliar suas práticas profissionais.
Resultado: Quanto aos resultados esperados, estima-se identificar uma menor concentração sérica e menor consumo de alimentos ricos em micronutrientes em pacientes com obesidade e SM, como ferro e vitamina D, que são sequestrados no tecido adiposo (TA). Também se espera encontrar um acompanhamento nutricional deficitário por parte dos profissionais na busca e tratamento de deficiências de micronutrientes, devido ao foco predominante na adequação de macronutrientes.
Conclusão: O excesso de peso afeta as concentrações de micronutrientes devido à baixa ingestão, absorção reduzida, maior armazenamento no TA, excreção aumentada e necessidade de mais antioxidantes devido ao maior
estresse oxidativo. Indivíduos com obesidade e SM, apesar de estarem num contexto de superávit calórico, muitas vezes, encontram-se em déficit nutricional.
Autores: Gabriela Carminati Lino1*, Anna Carolina Sehl Ferreira1, Geovana Ceresér1, Maria Carolinna Becker1, Milena Louzado Bosa1, Ulysses Cavalcanti1, Alex Gules Mello1,2
Instituição: 1Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2Hospital São Francisco –Complexo Hospitalar Santa Casa.
Contato (e-mail): gabrielacl07@hotmail.com
Introdução: A sarcopenia é prevalente em pacientes com valvulopatia, especialmente aqueles submetidos a TAVI (Transcatheter Aortic Valve Implantation). Esta condição tem sido associada a prognósticos clínicos desfavoráveis.
Método: Trata-se de uma revisão bibliográfica integrativa. Foi-se buscado no Pubmed, sob biênio 2023-2024, a partir dos seguintes descritores: “sarcopenia”, “aortic valve replacement””. Foram selecionados 25 artigos, sendo que 13 deles foram incluídos pelo critério de “title” + “abstract”. Foi analisado e sintetizado dados da literatura sobre a sarcopenia em pacientes submetidos a TAVI, avaliando o impacto nos resultados clínicos e contribuindo para a atualização do conhecimento na área.
Resultado: A sarcopenia, atualmente definida por medidas radiográficas do músculo psoas, está associada à morbimortalidade hospitalar após TAVI. É prevalente em aproximadamente 49% dos pacientes submetidos a TAVI, sendo a maioria do sexo masculino. Há associação de um aumento do risco de mortalidade a longo prazo (≥1 ano) em pacientes sarcopênicos após TAVI (HR 1,57, IC 95% 1,33-1,85, P < 0,001), tornando a sarcopenia altamente prevalente entre os pacientes submetidos ao procedimento e se associando a um aumento da mortalidade a longo prazo. Nos pacientes pós-TAVI, um maior Índice de Massa Muscular Esquelética está associado a uma menor duração da internação e a uma melhor qualidade de vida após um ano da intervenção. Embora as diretrizes recomendem a medição do desempenho físico antes do TAVI, nossos resultados destacam a importância adicional da avaliação da massa muscular; contudo, a melhora na classe funcional da NYHA nos pacientes com sarcopenia foi associada a um maior risco de desnutrição. O diagnóstico precoce da sarcopenia permite iniciar intervenções nutricionais e de fisioterapia, evitando desfechos negativos.
Conclusão: A literatura traz que a sarcopenia deve ser reconhecida como um fator significativo de risco em pacientes submetidos a TAVI. A detecção precoce e o correto manejo médico-nutricional são essenciais para melhorar os desfechos clínicos e devem ser revisados para incorporação na prática clínica.
EVENTOS ISQUÊMICOS E E-CIGARETTES: ONDE ESTAMOS E PARA ONDE VAMOS?
Autores: Milena Louzado Bosa1*, Júlia Hernandes Cardoso1, Gabriela França Silveira1, Matheus Bittencourt1, Geovana Ceréser1, Ulysses Cavalcanti1 e Alex Gules Mello 1,2
Instituição: 1Universidade do Vale do Rio dos Sinos. 2Hospital São FranciscoComplexo Hospitalar Santa Casa.
Contato (e-mail): milenalouzadob@gmail.com
Introdução: As doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte relacionadas a eventos isquêmicos. Dos fatores de risco conhecidos, o tabagismo é um dos mais relevantes e bem estabelecidos. Como alternativa ao uso de cigarros tradicionais de nicotina (CT), o cigarro eletrônico (CE) ascendeu no mercado e foi considerado como uma alternativa menos danosa à saúde. No entanto, tem-se observado que o vaping pode impactar no desenvolvimento de DCV por conter diversos compostos potencialmente tóxicos, incluindo a nicotina. Entretanto, ainda não é completamente conhecida sua associação com eventos isquêmicos.
Método: Trata-se de uma revisão de bibliografia a partir de trabalhos publicados , entre os anos 2022 e 2024, com as principais palavras-chaves “vaping”(MeSH) e “myocardial infarction" (MeSH) . Após a pesquisa, 79 trabalhos foram triados e, destes 27 foram selecionados, através da relação do título e abstract com o presente pôster.
Resultado: O uso do CE foi relacionado ao aumento de estresse oxidativo, aumento da resistência vascular periférica, redução do fluxo sanguíneo coronário, aterosclerose e hipertensão arterial sistêmica (HAS), por meio de lesão e inflamação endotelial. Entretanto, não foi possível afirmar associação estatisticamente significativa com a ocorrência de eventos isquêmicos, como infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular cerebral (AVC), conforme consenso do European Association of Preventive Cardiology (EAPC).Os ensaios clínicos triados afirmam que o uso exclusivo de CE foi associado a menor risco cardiovascular e menor ocorrência de eventos isquêmicos do que usuários de CT ou usuários de ambos os modelos. Tais resultados podem ter base no tempo reduzido de acompanhamento dos usuários, uma vez que eventos de curto e médio prazo que participam da patogênese de condições como IAM e AVC foram evidenciadas.
Conclusão: Apesar de sugerido como alternativa menos danosa se comparado ao CT, o uso do CE não é sustentado pelas evidências atuais. Dessa forma, o CE não apresenta evidências seguras ao uso, e portanto, não deve ser recomendado. Mais estudos são necessários para elucidar a sua associação com a ocorrência de eventos isquêmicos.
DO SONO, FIBRILAÇÃO ATRIAL E OBESIDADE: CORRELAÇÕES E IMPLICAÇÕES CLÍNICAS
Autores: Roberta Schultz Machado dos Santos1*, Alex Gules Mello1,2, Ulysses
Cavalcanti1 e Geovana Ceresér dos Santos1
Instituição: 1 Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2 Hospital São FranciscoComplexo Hospitalar Santa Casa
Contato (e-mail): robertasantos1@edu.unisinos.br
Introdução: A apneia obstrutiva de sono (AOS) é o distúrbio de sono mais comum em adultos, e é composta por episódios de cessação do fluxo de ar. Além disso, estão presentes sintomas como roncos e fadiga excessiva diurna. A prevalência de AOS é mais alta dentre os indivíduos com doenças cardiovasculares (DCV). Das DCV que se relacionam com a AOS, podemos citar as arritmias, em especial a fibrilação atrial (FA). A obesidade é um fator de risco significativo para a AOS e está frequentemente associada a distúrbios nutricionais, impactando nas condições clínicas.
Método: Foi realizada uma revisão de literatura com artigos publicados na base de dados Medline, entre os anos de 2022 e 2024, utilizando os termos de pesquisa "obstructive sleep apnea", "atrial fibrillation" e "obesity". Após triagem, foram selecionados 19 artigos que abordam essas condições e suas interações.
Resultado: Estudos que avaliaram pacientes com FA encontraram prevalência de AOS de 43 a 85%. A obesidade contribui significativamente para o desenvolvimento de AOS ao aumentar a pressão intratorácica e a resistência das vias aéreas superiores, exacerbando os episódios de apneia. Alguns mecanismos relacionados a obesidade podem agir como gatilhos para a FA, como distensão atrial por oscilações de pressão da cavidade torácica, aumento da gordura epicárdica, disfunção sistêmica e hipercapnia. Houve relatos de risco aumentado para recorrência de FA após procedimentos de ablação em pacientes com diagnóstico prévio de AOS, em comparação àqueles sem AOS conhecida. Além disso, a obesidade conjunta com a presença de AOS grave indica falha no tratamento antiarrítmico por redução de eficácia. Os estudos observacionais selecionados demonstraram que pacientes com AOS que não realizaram tratamento com suporte ventilatório com pressão positiva contínua em vias aéreas (CPAP), são significativamente mais propensos a FA recorrente. Apesar disso, um ensaio clínico randomizado demonstrou que não há evidência que o CPAP reduz a frequência dos episódios de FA, indicando a necessidade de estratégias integradas para o manejo da obesidade e AOS.
Conclusão: A obesidade amplifica os mecanismos fisiopatológicos que relacionam a FA e a AOS, como alterações estruturais cardíacas crônicas e efeitos arritmogênicos agudos. A presença de obesidade pode agravar a AOS e, consequentemente, comprometer o tratamento da FA, seja por aumentar a recorrência e o número de eventos ou diminuir o sucesso do tratamento farmacológico. O diagnóstico e manejo da obesidade, juntamente a AOS, são essenciais para otimizar o tratamento da FA, por meio da abordagem nutricional e melhoria do estilo de vida para reduzir o risco de recorrência da AOS e FA.
Palavras-chave: Apneia obstrutiva do sono. Fibrilação Atrial. Obesidade
Anais do II Congresso Food, Nutrition and Health
25 a 26 de outubro de 2024
Auditório da Unitec - Parque Tecnológico (Tecnosinos) - São Leopoldo