Revista de Ténis MatchPoint Portugal Fevereiro 2013

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muitos anos, a única publicação periódica de ténis especializada. O Appleton era uma figura incomparável, não digo a melhor ou a pior, mas de certeza muito sólida e diferente à sua maneira. Enfim, era um caso muito interessante de uma pessoa ligada à modalidade mais que qualquer outra e, também de salientar, pouco ortodoxo de acordo com as condições que temos cá dentro. Já agora quero narrar um episódio que serve para revelar a maneira do Appleton: além de me colocar sempre em excelentes hóteis, ele fazia questão de adornar os bons tratos do escriba com atitudes como essa da garrafa de espumante que fazia questão de colocar na mesinha do meu quarto e de se preocupar com as minhas refeições. A esse propósito, ainda me lembro de uma vez em Montechoro, ele ver-me a sair ao fim da tarde numa boleia de um colega de profissão e ficar muito aflito porque eu não tinha jantado. O nosso querido amigo caprichava sempre em melhorar o trato do jornalista pelo que volta e meia me telefonava para o quarto, que eu transformava em escritório, a pedir que não me esquecesse deste ou aquele assunto em que tínhamos falado ao almoço. O ténis português está mais pobre, passe o palavreado, mas posso garantir que, mesmo sem o tempo em que estivemos de janelas às avessas, tivemos sempre respeito um pelo outro e, do meu lado, grande admiração. Se o Appleton Figueira não era o melhor de todos, pelo menos era diferente de todos eles. Só desejo que descanse em paz e que mesmo do lado de lá da barricada continue a honrar-me com a sua amizade.

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