Boletim 151 Mensageiro da Poesia

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Mensageiro da Poesia - 1 Outubro/Novembro/Dezembro 2019

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Bocage O nosso patrono Mensageiro da Poesia Associação Cultural Poética Trimestral - n.º 151 Outubro/Novembro/Dezembro 2019

Poeta do Mês

Luís Filipe das Neves Fernandes Pág. 14 e 15

XXI Aniversário do Mensageiro da Poesia Associação Cultural Poética


Nota de Abertura

Outubro/Novembro/Dezembro 2019

2 - Mensageiro da Poesia

Este será o último boletim deste ano de 2019, um ano marcado por vários feitos da nossa associação e também pela partida do nosso companheiro Arménio Correia. Acerca do nosso saudoso diretor que em junho partiu para a “Galáxia da Utopia”, a nossa associação sente-se orgulhosa, acompanhou-o na sua doença, fez-lhe sentir a nossa solidariedade e perante a inevitabilidade da sua partida, não nos ficámos no pranto estéril de lágrimas sem sentido. Conseguimos concretizar um dos seus grandes sonhos que era editar a sua obra em livro, com a solidariedade de um vasto número de associados e das autarquias. No que concerne aos feitos da nossa associação, apesar do sentido envelhecimento na nossa massa associativa e no denominado “núcleo duro” que silenciosamente, nos bastidores assegura

os pormenores para que na prática as atividades aconteçam, acrescido com a falta de um desses paladinos, a nossa associação concretizou um vasto número de atividades, assegurou presença numa série de eventos e manteve a saída regular do nosso boletim. Nas iniciativas dos nossos associados, nomeadamente a apresentação dos seus livros, ou atividades externas, o Mensageiro da Poesia também foi mobilizador, esteve presente e atuante. Mas este ano de 2019, fica marcado também por um esforço na organização interna, novos associados, sangue novo na direção e nos órgãos sociais. Perspetivas de renovação sem ruturas com o passado, tentar redistribuir melhor as tarefas, inovar mantendo a nossa ação. Para fecho deste ano estamos com um novo desafio: Tentar criar um núcleo do Mensageiro da

Poesia na Beira Baixa. Nesse sentido o Mensageiro da Poesia vai promover no próximo dia 14 de dezembro um Encontro Poético na Covilhã. Estamos com confiança no futuro, sem nunca ignorar o que tem sido o papel dos pioneiros na criação e manutenção da associação nestes 21 anos e foi por isso muito justa também a homenagem prestada aos fundadores Donzília e Luís Fernandes, na ocasião do 21º Aniversário. Jorge Henriques Santos Jornalista Presidente da MAG - MP

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http://.facebook.com/mensageirodapoesia.com Ficha Técnica:

Tipo de publicação Trimestral - Propriedade: Mensageiro da Poesia, Associação Cultural Poética Rua dos Vidreiros, Loja 5 Espaço Associativo de Amora - 2845-456 Amora - Portugal • E-mail: mensageiropoesia@gmail.com • Director: Jorge Henriques dos Santos Director Adjunto: Luís Fernandes - Sócio Fundador • Colaboram nesta edição: Donzília Fernandes, Luís Fernandes, Emídia Salvador, Maria Vitória Afonso, Lúcia de Carvalho, Berta Rodrigues, Bia do Táxi, Miraldino de Carvalho, Chico Bento, Magui, Damásia Pestana, António Bicho, Nelson Carvalho, Isidoro Cavaco, Ana Santos, Hermilo Grave, Manuel Martins Nobre, Preciosa Gamito, Laura Santos, Francisca São Bento, Mário Pão-Mole, Lurdes Emidio Cardoso, Dolores Carvalho, Manuela Lourenço, Maria de Jesus Procópio, Armanda Rosa, José Camacho, Euclides Cavaco, Rosélia Martins, Maria João Cristino Lopes, Carmindo Carvalho, José de Frias, Domingos Pereira, Dolores da Costa, Fanny, José Caldeira Gonçalves, Arménio Correia, Ivone Mendes, Pinhal Dias, Emília Mezia, António Mestre, Manuel Sapateiro, Maria Catarina Silva, José Jacinto, João Ferreira, Amadeu Santos, Cláudia Carola, Helena Moleiro • Isenta de Registo na ERC ao abrigo do disposto no Decreto Regulamentar n.º 8/99 de 9/06, art.º 12.º, n.º 1 a) • Depósito Legal: 3240411/06 • Tiragem: 300 exemplares Paginação / Impressão / Acabamento: Tipografia Rápida de Setúbal, Lda. • Travessa Gaspar Agostinho, N.º 1 -2.º 2900-389 Setúbal Telef.: 265 539 690 Fax: 265 539 698 • e-mail: trapida@bpl.pt


Outubro/Novembro/Dezembro 2019

Próximas actividades Assembleia Geral Ordinária dia 7 de Dezembro às 14h para aprovação do plano de actividades e orçamento para 2020. Tertúlia Poética sobre o Natal dia 7 de dezembro às 15h na nossa sede. Encontro Poético da Beira Baixa, na Covilhã. Tertúlia Poética: A nossa Associação vai dar início às suas actividades no dia 26 de Janeiro de 2020 (Domingo) pelas 15,30 horas na sua sede, com habitual Tertúlia Poética. Dia dos namorados: Dia 16 de Fevereiro de 2020, (Domingo) pelas 15,30 horas, o Mensageiro da Poesia leva a efeito um convívio poético, assinalando o dia de S. Valentim, Dia dos afetos e dos Namorados, em local a indicar. Dia Internacional da Mulher: Dia 08 de Março de 2020 (Domingo). Como vem sendo hábito, este dia será festejado pelo Mensageiro da Poesia, Associação Cultural Poética com pompa e circunstância, com a exposição de poemas decorativos alusivos à mulher, com poesia e fado, em local a definir. Dia Mundial da Poesia: dia 22 de Março de 2020, (Domingo) a nossa associação está a ultimar também os preparativos para festejarmos este dia.

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Mensageiro da Poesia - 3

Vida Associativa

Destaques nesta edição:

• Caldeira Gonçalves - Págs. 13 • Cantinho do Escritor - Págs. 09 • Damásia Pestana - Págs. 11 • Poeta em Destaque: Vitorino Nemésio - Pág. 27 e 28 • Poeta do Mês: Luís Fernandes - Pág. 04/05 • Tertúlia poética - Pág. 19 • XXI Aniversário do Mensageiro da Poesia - Págs. 14 e 15

Mensageiro da Poesia Associação Cultural Poética de Amora Assembleia-geral Ordinária CONVOCATÓRIA

Nos termos dos Estatutos, convoco a Assembleia-geral Ordinária do Mensageiro da Poesia – Associação Cultural Poética de Amora, a realizar no dia 7 de Dezembro 2019, pelas 14h00m, na sua sede social, cita na Rua dos Vidreiros, Loja 5, Antigo Mercado de Amora – 2845-456 Amora - Portugal, com a seguinte, Ordem de Trabalhos: 1 – Aprovação do Plano de Atividades para o ano de 2020. 2 – Outros assuntos, de interesse para a vida da Associação. Se à hora marcada não se encontrar o número legal de associados, a Assembleia reunirá em segunda Convocatória meia hora mais tarde, com a mesma Ordem de trabalhos, qualquer que seja o número de sócios presentes. Amora, 23 de Novembro de 2019 O Presidente da Mesa da Assembleia-geral Jorge Henriques Santos


Poeta do Mês

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Luís Filipe das Neves Fernandes

Luís Filipe das Neves Fernandes, nasceu a 16 de setembro de 1946, na pitoresca vila Algarvia, de Armação de Pera, iniciando desde logo um convívio permanente com o mar, as embarcações e os pescadores. Deste contacto com a natureza nasceu a sua inspiração poética cimentada pela sensibilidade humanista que o caracteriza. Aos 16 anos rumou a Lisboa procurando uma vida melhor e a sua independência pessoal: Casou-se com Donzília Fernandes, de quem tem duas filhas e as quais o presentearam com cinco netos. A todos prometeu incutir o gosto pela poesia… No ano de 1971 emigrou para a Suíça e em 1972 a sua esposa foi ter com ele. Trabalhou arduamente na procura de uma vida melhor para si e para os seus. Apesar de durante a sua juventude já sentir um especial carinho pela poesia, é neste contexto de emigrante distante do País e da sua cultura que Luís Fernandes sente uma espécie de inspiração interior para expressar as suas ideias e sentimentos através da escrita. Homem de sentimentos altruístas, verdadeiro cidadão do Mundo, cedo que sentiu atraído pelas mais justas causas que incessantemente nos convidam à intervenção.

Foi presença efetiva em várias Associações de Solidariedade: Em 1994 fez parte da “Associação Urgence Pour un Timor Libre”; que lutava pela liberdade do Povo de Timor Leste, sendo também correspondente da Comissão para os Direitos do Povo Maubére. Em 1996 colaborou na organização denominada o “Planete des Enfants”; que trabalhava em defesa das crianças vítimas da guerra em Angola. Demonstrando um invulgar interesse pela divulgação da língua e da cultura portuguesa e ultrapassando a barreira da distância, foi durante a emigração, correspondente dos jornais: “Luso-Helvético”; “Portucalense” e “Voz de Silves”. De regresso a Portugal, em 1998, decidiu abrir as portas ao seu amor pela Poesia criando com outros amigos um Boletim e mais tarde, no mesmo ano fundou o Mensageiro da Poesia - Associação Cultural Poética de Amora, na qual ainda se mantém como presidente. Esta Associação tem trabalhado afincadamente na divulgação da poesia e dos poetas seus associados com uma perspetiva que não se limita à localidade de Amora ou ao concelho do Seixal, onde está inserido mas tornou-se realidade com integração de poetas radicados em vários locais do País, bem como de outras partes do Mundo onde se fala português, com natural realce para o Brasil e para algumas comunidades portuguesas espalhadas pela Europa. Luís Fernandes participou em várias Antologias Poéticas, em Portugal e no Brasil, tem publicado um livro de Poesia, preparando-se para um novo trabalho que anuncia apresentar em


dPoeta do Mês

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breve. É um paladino e acérrimo defensor da língua portuguesa e da sua promoção além-fronteiras. O Mensageiro da Poesia prestou-lhe merecida homenagem, conjuntamente com sua esposa Donzília Fernandes, por ocasião do 21º Aniversário da Associação em 20 de outubro. Também a Academia Poços Caldenses de Letras, Marcus Vinicius de Moraes no Brasil, homenageou-o com um diploma em Junho de 2000.

Querida Donzilia Hoje pensei, escrevo pra ti, Estes versos com inspiração, Por tudo que contigo vivi, Envolto de carinho e emoção! Inspirada ouve esta melodia, Que te dedico hoje assim Porque tu és minha poesia, Com poemas lindos sem fim! Contigo passo horas d’amor, Que cioso guardo comigo, Sinto ser sempre trovador, Assim em poesia t’abrigo! Pra te dizer hora a hora, Eu t’amo Minh ‘alma gostosa Isto é d’hoje e d’outrora, Ó minha adorada esposa! Um dia filhas, netos e netas, Vão ver este calendário, Anos! Meses! Horas selectas, A festejar nosso centenário! Luís Filipe das Neves Fernandes


Os Nossos Poetas

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A amizade A Amizade É um trabalho sem fim Que se vai fazendo A cada instante! A Amizade é a afirmação Da nossa presença Cada vez mais humana Na vida de todos os dias. A Amizade é o caminho aberto Para o amor e para o Mundo Que temos de conhecer! A Amizade é a coisa Mais bela que os seres Humanos descobriram! Sem Amizade Nada poderia haver De belo, maravilhoso E Humano! A Amizade, é o farol eterno, Para todo o sempre! Manuel Sapateiro

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Hoje

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S. Martinho Tempo frio e ventoso por vezes pouco chuvoso, mas trazes algum calor uvas, nozes, castanhas, que sabor Hoje ao recordar S. Martinho lembro o sabor do vinho chamada de água-pé temos em ti muita fé Como bom Samaritano S. Martinho ser humano agasalha quem tem frio nesse dia tão sombrio Ao ver o pobre velhinho sozinho no caminho ele rasga o seu manto sem saber que foi santo José Frias

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Hipocrisia Há quem viva de aparências Decerto para esconder As malogradas tendências Do que pretendiam ser. Alguns vestem de cordeiro A pele, mas sendo lobo Usam ardil matreiro Só para enganar o povo.

Aquece me no teu colo quente e doce Embala-me nesta noite tão fria Esquece o que o dia te trouxe Esquece essa vida lá de fora, vazia

Outros são uns fingidores Vestidos de fantasia Como eternos impostores Vivendo em hipocrisia.

Curamos as dores da alma entre beijos Dentro de nós tudo é calor, paixão Lareira.... vinho, pão e bons queijos Só isto para nós é total perfeição

Vão mantendo a pretensão Com cinismo e com vaidade Fingem ser o que não são Com grande sagacidade.

O mundo exige-nos em demasia Mas somos felizes na simplicidade Estarmos juntos é pura magia Onde há amor, paixão, sensualidade

As grandezas aparentes Que não passam de fachadas São o produto das mentes Vazias e mal formadas.

O mundo fica para mais tarde, outra altura Hoje só contamos nós...caricias e ternura Só existimos aqui para sermos felizes, amar

Nesse teatro de enganos Os farsantes mascarados Têm ao cair dos panos Seus palcos desmoronados!...

Hoje interessamos somente nós os dois As dores do mundo ficam para depois Hoje é dia para a nossa história de encantar Cláudia Carola

Euclides Cavaco


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Bom Natal Este Natal já chegou Trouxe amor aos corações Toda a gente festejou Estas nossas tradições Estas nossas tradições Trazem alegria a todos nós Temos lindas recordações Vividas com os nossos avós Vividas com os nossos avós Guardadas na nossa mente O Natal vem para todos nós Convivermos com boa gente Convivermos com boa gente Nesse grupo eu também vou Todo o mundo anda contente Porque o santo Natal chegou Porque o santo Natal chegou O nosso mundo está regalado Dêem abraços, eu também dou Aos nossos amigos do lado Manuel Martins Nobre.

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Os Nossos Poetas

Magia de Natal Ah! Se eu fosse alegria... Pelo mundo... eu iria... Espalhar aos quatro ventos, Acabando com sofrimentos. Ah! Os povos dariam as mãos, Neste mundo sem idade... Como se fossem irmãos. Ah! Se eu fosse magia... Muito ainda mudaria... Daria pão com certeza, Para o pobre pôr na mesa. Acabaria com as doenças, E neste mundo desigual... Sem tricas ou desavenças... Nesta quadra de Natal. Não teríamos mais guerra, Mas sim... paz na terra. Todos a sorrir... e como tal Em todo e qualquer dia. Ah! Se eu fosse magia... Seria para sempre... NATAL Maria de Jesus Procópio

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Natal “Shopping” “Um feliz Natal! Um bom Ano Novo!” É hoje voto fugaz, fugidio. O “Jingle Bell” vende doces d’ovo, Bolo Rei, mimos, peru luzidio… “Tannenbaum” (*) e bacalhausada, Chocolates, whiskies, goluseimas; Vinho velho prá ceia estilizada; Brinquedos de guerra, pró “tira teimas”. E Tu, meu pobre e doce Jesus Cristo?! Querido e Santo Natal em família… Presépio?! É lá na Net, s’tá visto. Vem doce e Portuguesa Consoada! Missa do Galo e noite de vigília! Cantando ao Deus Menino, de mão dada… Elmano Amaral (*) Árvore de Natal (alemão)


Os Nossos Poetas

8 - Mensageiro da Poesia

Apoios:

Junta de Freguesia de Amora UNIÃO DAS FREGUESIAS DE SEIXAL, ARRENTELA E ALDEIA DE PAIO PIRES

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Ao nosso amigo poeta Arménio Correia Hoje morreu um POETA Bastante falta nos faz Quem com ele conviveu De se esquecer não é capaz Sempre pronto a ajudar Quem precisava de si Partiu cedo demais Tão cedo foi o seu fim Por mim será sempre recordado Em tudo o que escreveu A sério ou a brincar Hoje o POETA morreu Na minha memória ficará Tudo o que ele me ensinou Esquecer não esquecerei E por isso eu aqui estou Homem bom homem nobre Para Poesia viveu A Poesia está mais pobre Pois um POETA morreu Laura Santos

Homenagem ao Amigo Arménio Correia Foi um Poeta bem-humorado, simpático, inteligente, perspicaz e muito experiente, tolerante e compreensivo, muito bom amigo do seu amigo. Muito mais teria para dizer. Perdemos um bom amigo que nos deixou muita saudade e nos ficou a fazer falta. Esteja onde estiver, que descanse em Paz. Um dia todos iremos ao seu encontro. Para familiares, Mensageiro e amigos envio um abraço de condolências. Maria Catarina da Silva

Aviso de pagamento de quotas CLUBE RECREATIVO DA CRUZ DE PAU

Estimado(a) associado(a) Como poderão imaginar para a nossa colectividade é tão importante o pagamento das quotas como os apoios das Autarquias e todos os outros. Assim sendo, torna-se extremamente difícil continuar… A quota anual estará a pagamento até ao final do mês de Março e o valor é de 20 euros para Portugal, 25 euros estrangeiro e 15 euros para os juniores. Por isso, agradecemos que procedam ao seu pagamento, por depósito Bancário na conta do Mensageiro da Poesia no Banco Montepio Geral – NIB 0036 0022 99100077597 96, por cheque ou Vale Postal para: Mensageiro da Poesia – Associação Cultural Poética Rua dos Vidreiros, Loja 5 (antigo mercado de Amora) 2845-456 Amora – Portugal Envie o seu comprovativo por carta ou e-mail Caso não regularize as suas quotas, deixará de ter direito a publicar os seus trabalhos e de receber o Boletim. A Direção


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Não à guerra Soldados quase imberbes, Mandados para uma indesejada guerra Alguns, pouco mais que crianças Seus olhares, tão tristes Seus sorrisos? São esgares Suas vidas, Deus o saberá, talvez perdidas Seus sonhos, suas esperanças Do conforto dos pais, e do seu amor Saem do país tão cheios de vida, Para alimentar o desejo de outros Poder de monopólio Estes soldados nasceram para viver e amar, Mas que vão permutar O seu sangue inocente Por produto diferente, que é o petróleo Isto não é guerra É carnificina, Por culpa de um ditador, Que seu povo domina. São loucos fanáticos que só querem vencer Que nada lhes importa, nem a dor De ver seu povo a morrer… Ivone Mendes

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Euro, Europa e Portugal Para bem ou p’ra mal, dos meus pecados! O tempo e a experiência me dirão Que depois do escudo, reis e tostão O Euro nos trará novos reinados… Iremos ver aí os ordenados, Reformas, na Europa como são. Que importa estar aqui em Portimão, Se somos Europeus considerados!... Estamos em Bruxelas e em Paris, Em todas estamos lá, como se diz… Europeus de primeira como tal Nós iremos gastar e receber Assim em igualdade e viver Esperamos essa Europa em Portugal!... João da Palma

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Cantinho do Escritor

Velhinhos são sábios da vida A nossa sociedade todos os dias é confrontada com situações de violência e maus tratos aos velhinhos, muitos sentem que são autênticos “fardos” para a família e vivem sozinhos na mais completa solidão e abandonados à sua sorte. A solução a esta realidade nem sempre tem o melhor desfecho e muitos praticam o suicídio, outros são colocados num lar e a gravidade da situação é quando ficam esquecidos e quase nunca recebem visitas. As suas vidas ficam limitadas a um quarto com cama, mesinha de cabeceira e um guarda-fatos partilhado. A velhice em Portugal não é devidamente valorizada, as reformas mal dão para sobreviver ou comprar a medicação necessária e muitos vivem da caridade de vizinhos, ou Instituições que disponibilizam, apoios de higiene, limpeza das suas casas, alimentação etc. Um velhinho é sinónimo de sabedoria, a vida foi a sua escola, o pilar na sua família, com boas ou más decisões e em muitos casos o abandono é a fatura de ser idoso. No entanto muitos deles também sentem que são amados e são o orgulho dos filhos, netos, onde serão estimados até ao fim dos seus dias. O papel que desempenham brilhantemente e com distinção é como conselheiros e um ombro amigo que ajuda e se preocupa com aqueles que Ama. Os seus conselhos são ensinamentos, grandes lições de vida que se aplicam a todos nós durante a nossa caminhada, a nossa existência. “A vida pode tentar nos derrubar, mas cabe a cada um de nós decidir se nos levantamos ou não”. Ana Santos


Outubro/Novembro/Dezembro 2019 10 - Mensageiro da Poesia

Faleceu Nelson Fontes de Carvalho - A poesia ficou mais pobre Faleceu na manhã do dia 27 de novembro de 2019 aos 85 anos, Nelson Fontes Carvalho, um amante da poesia e um dos sócios pioneiros e colaborador do Mensageiro da Poesia – Associação Cultural Poética de Amora, deixando esta associação mais pobre, porque perdeu um grande amigo, um sócio e um poeta, que enquanto pôde, cumpriu sempre as suas obrigações de sócio e apoiante da associação que cedo abraçou. Nelson de Carvalho como era mais conhecido, nasceu a 10 de março de 1934. Era o poeta que mais dedicatórias fez aos seus amigos. Também fez questão de associar a sua esposa Dolores Magalhães, colaborando assiduamente. Habitava numa vivenda, denominada de “Os Dois Amores” enriquecida com painéis poéticos de sua autoria. O saudoso Nelson, partiu para sempre fisicamente, mas deixou uma valiosa obra poética. Em honra a este sócio a Direcção do Mensageiro da Poesia – Associação Cultural Poética de Amora e seus associados desejam que Deus o guarde num bom lugar no seu reino e que o Senhor console a sua querida esposa Dolores.

Os dois amores (A nossa casa)

(O sonho sublime) O nosso sonho aqui está, real, bem à vista, A jorrar de ventura na forma como foi ganha, Anos e anos de luta, lá nos confins d’Alemanha, Sempre com saudades roerem na nossa pista! Que nos amarguravam de maneira estranha, Mas o nosso sonho, tinha que ser uma conquista, E quando assim é, não há nada que resista A vontade de vencer é mola que nos assanha! Pelo nosso sonho lutamos, vinte e cinco anos, P’r’albergar amor, amigos, foram os planos, Que nos orgulha, apesar d’esforços e dores!... Que neste caso teve um gigante lutador, A Dolores, com sua garra, vontade e amor, Foi possível este milagre dos “Dois Amores”! Nelson Fontes Carvalho

JJJJJ Na passagem da vida Fica o que foi verdade... Da vida que foi vivida, Apenas fica a saudade! Porque a vida é com certeza Eterno canto de beleza... Luís Neves


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Vida Associativa

Damásia Pestana em “Refletir de Mim” A poetiza Damásia Pestana sócia do Mensageiro da Poesia, apresentou no passado dia 23 de novembro o seu novo livro intitulado “Refletir de Mim”, o evento decorreu no salão do Centro Cultural e Recreativo das Paivas e contou com um vasto número de amigos da autora, oriundos da Associação Portuguesa de Poetas, da “Horizontes da Poesia” e da nossa associação em visível maioria. Na mesa tomaram parte: Catarina Silva, nora da autora e revisora da obra; a autora; o Prof Dr. Amilcar Frazão Couvaneiro, autor do prefácio; Jorge Henriques Santos, presidente da MAG do Mensageiro da Poesia e o presidente da coletividade. Na nota de autor Damásia Pestana refere que este livro é um arrumar das prateleiras com registos de si, onde organizou gritos de revolta, de dor e de desilusão das injustiças sociais. Concluindo que poeta é aquele que vive o sonho de um mundo melhor, abominando a injustiça. Do mesmo deu conta o Professor Dr. Couvaneiro, que numa sublime “oração de sapiência”, percorreu o livro e num casamento entre a literatura e a psicologia, detetou várias faces da personalidade da autora, assim como os seus valores, inquietações e paixões, trespassando poema por poema nessa demonstração. Jorge Santos referiu o percurso humano e de sensibilidade poética da autora já que sobre a obra, pouco se poderia acrescentar, após tão eloquente apresentação feita pelo Dr. Couvaneiro. Salientou o exemplo de Damásia Pestana na sua capacidade de se renovar, reinventar e reapaixonar, como ressalta neste livro. Seguiu-se um momento de Fado com Lina Almeida e Julio Marques, prosseguindo a tertúlia com leitura de poemas do livro e felicitações à autora. Culminando com um Porto de Honra e autografia dos livros a quem o quis adquirir. jhs

O teu retrato E, depois de ter vencido Vestido de humildade… Eis um homem educado Cheio de personalidade, Com o sonho perseguido Até ao triunfo esmerado, Sempre humilde e contido. Amoroso sempre gentil De seu timbre a dignidade. Preocupado e respeitador, Anseia pela liberdade Não se aparta do seu cantil. Excelente amigo e conversador Sem apreciar o que é fútil. Assim descrevo o caracter E a nobreza dum senhor Nasceu no monte dos judeus Da nobre e histórica aldeia De nome Malpica do Tejo Da qual sente imenso orgulho Sabendo transmitir essa herança Aos filhos e seus netos Sinto-me muito honrada Porque por ele sou amada! Damásia Pestana


Os Nossos Poetas

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Sou assim como poeta Sou poeta do concreto, Tenho à mentira fobia. Vou ao assunto, direto, E detesto a hipocrisia.

Meu poema Meu poema: é escrito… Com revolta ou com dor! Meu poema: é um grito… De mágoa, ou de amor. Meu poema: são lamentos, Ou turbilhão de sentimentos… Meu poema; à Humanidade; Faz por vezes um pedido: De fé, e mais caridade… Meu poema: é um estado, De emoção!... Por vezes é não conter, O que sente o coração… Meu poema: é um desabafo, É meu jeito… De soltar para fora, O que me aperta o peito. Meu poema: é um carinho, Que dou com amor… Umas vezes tão docinho… Outras com amargo, sabor… Meu poema: é um grito, De esperança… Que depois da tempestade, Apareça a bonança… No meu poema: Procura a saída, Da encruzilhada… Difícil da vida. No meu poema: Procuro o que preciso… Paz, carinho e amor, Ou apenas um doce sorriso!... Manuela Lourenço

Eu faço versos a rodos, Sempre de pena na mão. Não posso agradar a todos, Nem disso tenho intenção. Com um ar de pouco amigo, Há quem me faça caretas. Eu sou firme no que digo E não ligo pra patetas!

Gente

Gente que passa Gente e mais gente Perdida entre gente... Lutei sempre quanto pude, Não se veem... Pla Justiça e Liberdade. Não se encontram ... Pode o meu gesto ser rude, São simplesmente gente... Mas nele só há verdade. No meio de tanta gente... Rodeado de gente... Foi bons exemplos de amor, Que até não se veem!... De ser sincero e honrado, Para mim são peões O que meu progenitor De um tabuleiro de xadrez... Me deixou como legado! Jogamos entre nós... Uns feitos damas... Hermilo Grave Outros cavalos à solta JJJJJ Sem campo... Nem lugar... Amizade Somos um mar de gente... Circulando... Não se compra, nem se vende, No meio de tanta gente... Embora de grande valor, E o sol que nos beija... Está dentro de quem a sente. Traz consigo um segredo... Não há riqueza maior. Iluminar toda a gente... Unindo todos sem medo... Amizade que nos toca Gente que se cruza... Que existe dentro de nós, Gente que adora... Sem recebermos nada em troca, Viver em segredo... É darmos algo de nós. Queria ser Gente... Gente com letra Grande... É um gesto de amor Gente do Coração Que nos sai do coração. Sem esquecer tudo Amizade não tem cor E vivermos como Irmãos!... Nem raça ou religião. Berta Rodrigues

MAGUI


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Uma Força Raiana Novo Livro de Caldeira Gonçalves Decorreu no dia 2 de dezembro em plena Feira do Azeite e da Azeitona, em Malpica do Tejo, o lançamento do livro “Força Raiana” do nosso associado José Maria Caldeira Gonçalves. Caldeira Gonçalves, poeta e escritor natural de Malpica do Tejo, lançou neste certame o seu quarto livro de poesia, este dedicado exclusivamente aos costumes, tradições e sentimentos raianos, como “uma força que vem do interior e a que do prefácio saiu o titulo do livro como “Uma Força Raiana”. Na mesa de apresentação do livro estiveram: O editor João Carrega da RVJ editores; o jornalista Jorge Henriques Santos, autor do prefácio; o autor José Maria Gonçalves; o Presidente da Junta de Malpica do Tejo, Jorge Diogo e o presidente do Centro Social N. Sra. das Neves. O Centro Social N. Sra. das Neves é uma IPSS que possui Centro de Dia e Lar de Idosos em Malpica do Tejo, para onde reverte mais uma vez a receita deste quarto livro de Caldeira Gonçalves. A Sessão embora num ambiente pouco apropriado para a intimidade que um evento destes requere, já que feita no centro do pavilhão da feira, teve a vantagem de não passar despercebido perante as largas centenas de pessoas que estavam no recinto, merecendo a atenção e o aplauso de muita gente, com um extraordinário resultado de vendas no local. Muitos conterrâneos e amigos do poeta, fizeram questão de estar presentes e o vir felicitar pela sua obra literária, agradecendo o propósito de o resultado da venda reverter mais uma vez para a instituição de solidariedade de Malpica. A festa prosseguiu depois com muita animação neste certame que coloca a terra de José Maria Caldeira no mapa e vai na 12ª Edição de um evento que contou mais de 15 as performances artísticas e musicais, com bombos, concertinas, cavaquinhos, filarmónicas e bandas, com destaque para o Iº Encontro de

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Os Nossos Poetas

Cantadeiras, que reuniu 4 grupos de cantares provenientes da Beira Baixa e do Alentejo e um passeio pedestre que reuniu vários participantes que puderam descobrir um pouco mais sobre a “Rota dos Olivais”. Em suma uma grande “Força Raiana”, bem corporizada no livro do nosso associado. jhs Hoje brinco com coisas sérias... o que aliás, faço muitas vezes, felizmente!!!

A fibrilhação auricular Sobre o aurículo esquerdo, tal espada De Democles, pende uma fibrilhação Que pode ser mais lenta ou acelerada!... Se em excesso faz parar o coração! A incerteza, sendo permanente É frustrante, no que ao humor respeita! Não deixa sonhar ou amar no presente, Pode o diabo estar ali à espreita. Como já outros perigos ultrapassei, Com pragmatismo nos cuidados irei, Assim o creio, vencer a caminhada! Em pulsações, já cheguei às duzentas... Pareceu-me estar no mar das tormentas! Com os remédios foi normalizada... José Maria Caldeira Gonçalves


Vida Associativa

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XXI Aniversário da Associação Afirmando certa maturidade como se de uma pessoa se tratasse o coletivo do Mensageiro da Poesia- Associação Cultural Poética celebrou o seu 21º aniversário com momentos de muita alegria, emoção e também alguma consternação. Consternação porque esteve muito presente nesta Tertúlia Poética a figura de Arménio Correia, tanto pelas várias referências feitas como pelo lançamento de dois livros a ele dedicados: Um de iniciativa de Hermilo Grave, que lhe deu nome de “Devaneios, Quadras Encadeadas” onde compilou um vasto conjunto de quadras que ambos foram trocando e publicando no Facebook. O outro com o título de “Tributo a Arménio Correia” tratando-se da obra que o autor gostaria de ter publicado em vida, mas por razões económicas não o havia

conseguido. Uma publicação com 160 páginas que resultou de uma trabalhosa pesquisa e seleção (várias noites de trabalho) sobre a vasta produção poética de Arménio Correia. Possível também com os donativos de um vasto número de sócios e das autarquias locais. Declamaram poesia um vasto numero de poetas sócios do Mensageiro e proferiram mensagens de apreço os membros da mesa constituída por: Manuela Calado, vereadora do pelouro da Cultura da Câmara Municipal do Seixal; Manuel Araújo, Presidente da Junta de Freguesia de Amora; Vanda Patrícia Carvalho, secretária da União de Juntas de Arrentela Paio Pires e Seixal; Manuela de Melo, editora do livro “Tributo a Arménio Correia”; Jorge Henriques Santos, presidente da Assembleia Geral e diretor do Boletim Mensageiro da Poe-


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sia e o Presidente da direção, Luís Fernandes. Na animação marcaram presença mais uma vez as jovens dos Talentos Sem Fronteiras do CCRAM, organizados por Cristina Videira; os Fadistas Lina Almeida; José Frias, António Marques e Manuela Amaro. No final da sessão houve partilha do bolo de aniversário, cantaram-se os parabéns e coroou-se a festa com a alegria e o espírito fraterno que bem carateriza esta associação nestes 21 ano de vida. jhs

A direcção do Mensageiro ral da Poesia, Associação Cultu Poética deseja a todos igos os associados, familiares e am votos de Festas Felizes

Mensageiro da Poesia - 15

Vida Associativa


Os Nossos Poetas

16 - Mensageiro da Poesia

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Ansiedade Sou apenas emoção e sentimento, Silêncio e isolamento. Sou apenas resto de um sonho, Traços de uma estrela, pedaços De vento. Trago na face macia reflexos de Uma carícia, nos lábios desejos Desenhados, no olhar mistério e Tempestade, no coração a esperança Por conquistar. Sou apenas rosto da noite , o cansaço do dia, tristeza e desalento ardendo Por dentro. Sou apenas o contorno de uma ilha, Onda branca desmaiada na areia. Sou apenas barco à deriva, duna Solitária, gaivota perdida. Sou apenas sol sem brilho, firmamento Sem estrelas. Sou apenas desejo preso nos olhares, Dias cinzentos, noites sem luar. Sou apenas a imagem da vida presa Na réstia de um sonho... Fanny

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Ilha de sonho Sonho tu e eu numa ilha, sozinhos Dormir no teu peito meu paraíso Nas doces carícias perder o juízo Só nós encontrar fadas ou adivinhos

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O que nós somos Nós somos gentes Nós somos letras Nós somos crentes Nós somos vedetas Somos povo com alegria Somos povo com tristeza Somos gente com fantasia Somos gente com beleza Somos a aldeia que sofre Somos a cidade que tudo tem Somos o povo que tudo move Somos aquilo que nos convém Somos pobres e ricos Somos aquilo que nos depara Somos gentes, damos ais e gritos Somos humanos damos a cara Somos cultos e incultos Somos o trabalho precário Somos vencimentos diminutos Somos trabalho sem horário Somos tudo e não somos Somos igualdade que não existe Somos aquilo que exaltamos Somos aquilo que nos assiste Somos bons e maus amigos Somos a alegria de viver Somos sujeitos a louvores e castigos Somos à nossa maneira de ser. Domingos Pereira

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Ansiedade

Oh! E neste sonho durmo docemente Curvo-me com flores, num fervor de crente Viver de quimeras não vejo qualquer mal

Dias sombrios e tão longos Com tristeza os vou passando Sem ambições… Sem desejos… Só a ti… E aos teus beijos Eu sinto que vou amando Com calor, Por ti espero Neste amor sincero Tudo dei tudo perdi Quanto mais o tempo passa Por mais esforços que faça Mais eu te quero só para mim.

Emília Mezia

Amadeu Santos

Sinfonia de amor em nossos caminhos Queria ser, só para ti leviana No nosso mundo na nossa cabana Cobertos com lençóis de rosmaninhos Esta alma extasiada, cria vida Ao ouvir a tua voz tão querida Cresce uma felicidade sem igual


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Alto da montanha Depois de vida tamanha Chegadas à alta montanha Miramos o horizonte! O que vivemos está longe Muito longe, Como uma névoa distante. Não dá pena nem saudade Saudade porquê? Do pão que não comemos. Do muito que sofremos. Sempre esperando um amanhã Que não veio, que não tivemos! Foram caminhos difíceis Que abrimos, desbravamos Teimosamente limpando Para todos os dias passar A vida a pulso conquistando. Foi muito? Foi nada? Foi o possível para aqui chegar Daqui melhor se vê o sol E de noite mais estrelas a brilhar. E como um sonho, perguntei Para lá o que há? Será que para lá, Temos lugar para morar? Um dia saberemos Partimos, voamos, sem regresso Depois de vida tamanha! Para lá da alta montanha! Helena Moleiro

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Mensageiro da Poesia - 17

Os Nossos Poetas

Se preciso for… Quando for preciso Que se lixe a taça Mesmo cheia, O barro pronto a ser colado, A candeia acesa A porta fechada, A rua deserta A amizade acabada O amor desfeito, O emprego acabado A terra queimada, A torre fendida, A porta rachada, A ponte caída, A estrada picada, A montanha na frente O vale na vertigem. O sal na ferida, No rosto a fuligem, No céu o trovão, Na terra os buracos, Na vida está sempre a Vida, Na entrada, estadia e saída, Mas levanta-a do chão, E Junto de Ti e distribui-a Acompanhada da tua existência original. Que em todos, Tanto tem de Bem como de mal. Então, continua, Se preciso for Isso, como ouvi a Alguém, É que é de valor. E é o que é preciso. José Jacinto "Django"


Os Nossos Poetas

18 - Mensageiro da Poesia

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Camélias brancas

Eu já fui marinheiro

Ó!... que imensa saudade existe em mim Tenho pesadelos, ouvindo os teus passos Sonho contigo a entender-me os braços Em laivos de amor e ternura assim

Eu já fui velho Marinheiro Andei a bordo de um Navio Para mim muito lisonjeiro, Mas não tive outro caminho

As camélias brancas do nosso jardim Continuaram a florescer na Primavera Mesmo sem terem, sinto perfume no fim Na nossa relação, continuando quimera

Sempre gostei de andar no mar Vi ondas contra os rochedos Nesses lugares a lembrar Pelas noites que metem medo

Uma dor aguda percorre o corpo meu Entendendo a realidade que me deu Um viver tão pujante de desgosto

Quando eu andava no mar Ouvia barulho lá ia ver Golfinhos por mim a chamar Já era o seu anoitecer

Deslizando lágrimas amargas p’la minha cara Consola-me afagar tua face, coisa rara Beijando-te sem cessar como tanto gosto Bia do Táxi

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A vontade de sofrer Parti p´ra longe um dia e quis sofrer, P´lo amor da aventura que sentia, Sofrendo para assim compreender, A força deste fado que nos guia! Fui um barco sem norte e sem ter cais, Em mar de tempestade sem bonança! O fado, nos meus dias infernais, Sempre alimentou a minha esperança! Andei ao sabor da indiferença, Numa terra distante, sem abrigo! Mas nunca perdi a minha crença, Guiado neste fado sempre amigo! Aqui, a minha voz tem mais sabor! Voltei a Portugal e sou feliz P´lo fado que ao meu povo dá valor, Esta canção que honra o meu país! José Camacho

Quando eu andava no mar Levantou-se vento suão Não poderia imaginar Vinha um temporal? Pois não! Naveguei sempre pelo mar Dele foi o meu ganha pão Mar ondulado? Avançar! Com Senhora da Conceição Eu andava sempre no mar Às vezes punha-me a pensar Azul espelhado ao mar A terra me fazia lembrar. António Mestre

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Próximos temas: Paz, Dia de S. Valentim, Dia da Mulher, Dia do Pai, Primavera, Dia da Poesia


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Mensageiro da Poesia - 19

Vida Associativa

Tertúlia Poética Dando continuidade ao seu calendário de atividades, o Mensageiro da Poesia – Associação Cultural Poética, realizou, no passado dia 29/09/2019, pelas 15 horas, na sua sede, a sua Tertúlia Poética mensal. Abriu a nossa tertúlia José Maçanita, com o poema “Os Teus Olhos no Falar”, seguindo-se os poetas que passamos a citar, com os respetivos poemas: Rosélia Martins – “Ser Poeta”; António Mestre – “Cancros Que Eu Já Venci”; Maria Vitória Afonso – “O Poeta”; Luís Fernandes – “O Poeta”; Pinhal Dias – “Amor e Ódio”; Amadeu Afonso - poema do livro da esposa; Hermilo Grave – “Esquecimento Lamentável”: Manuel Martins Nobre – “Nas Coletividades, em Geral”; Emídia Salvador – “As Minhas Netas”; Maria da Conceição- Orgulho em Ser Mulher”; Inês Paulino – “Eu Sou Alentejana de Raiz”, tendo terminado a sessão de poesia com a recitação de mais alguns poemas, por poetas que quiseram dizer mais um dos seus poemas. Após hora e meia de poesia, num convívio alegre de sã camaradagem, os presentes foram informados dos eventos de maior importância, que a nossa Associação iria realizar, o

que efetivamente veio a acontecer, como, por exemplo, a Comemoração do 21º. Aniversário da sua fundação e a apresentação dos livros do saudoso amigo Arménio Correia e de Hermilo Grave, dando-se assim por encerrada a nossa tertúlia. Nesta oportunidade, despedimo-nos de todos os nossos associados e amigos, com as nossas calorosas saudações poéticas.


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20 - Mensageiro da Poesia

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O melhor é aproveitar Sei que o tempo vai passando eu velhinho vou ficando para trás não vou voltar neste momento pensando enquanto eu por cá ando o melhor é aproveitar Quero aproveitar a vida enquanto ela me der guarida sem sequer para trás olhar porque depois de vivida para trás fica esquecida e não adianta pensar Digo que enquanto eu viver farei o bem que puder e a quem precisa ajudar se ninguém me agradecer não me vou arrepender de boas acções praticar Quantas vezes desejamos e com coisas diversas sonhamos também com isso me iludo deste mundo só levamos as boas acções que praticamos e o resto fica cá tudo ! Chico Bento

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Rochedo exposto As rochas cinzentas… No cimo da montanha… Ao vento… ao frio… à neve… ao calor… solitárias…! …! Acompanhadas com os répteis… Com as árvores… Sem mais ninguém… À noite o luar as ilumina… Mas… chega o inverno… Com ele a tristeza… A solidão… Os dias escurecem… As noites cerradas… Por fim o nevoeiro… Malandro… difícil… tapa-lhes a visão… E, então… mais difícil… a vida lhes surge… António Bicho

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Generoso Apraz-lhe sentir as dificuldades De alma perdida Que o povo chora e grita, Pela liberdade Que anda à solta, Que se esconde, Denegrindo a felicidade… Sempre ansioso de chegar Por uma quimera nua a regressar Quem dera…Outono e Primavera Ultrapassar! … Entra e sai a semana, Prolifera a humilhação humana! É o idoso que mais sofre Vendo os seus filhos e netos Com dificuldades escolares, Sem emprego… As lágrimas mal chegam para Apagar as matas que ardem, Desse negrume?! Até se vê grego… A saúde corre vertiginosamente Caminha o idoso Cambaleando por aí com a muleta, Encostado ao ombro desse alguém, Refeito de um filo generoso… Pinhal Dias (Lahnip) PT (In: “Apraz dizer vida”)

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Muito nova dei meu coração Muito nova dei meu coração E dei a quem não o merecia Assim entrei na solidão E perdi minha alegria Aí a tristeza me invadiu Fiquei sem saber o que fazer Hoje tenho meu coração frio E ninguém me pode valer Tenho vivido pela vida fora Sem direito ao amor Hoje meu coração já não chora Mesmo morrendo de dor Bem cantada minha vida Choravam as pedras da rua Hoje choro eu de arrependida De um dia ter sido tua Mais um ano que passou E é mais um dia que passa O destino me enganou Hoje a nada acho graça Emídia Salvador

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Mensageiro da Poesia 2019 Quero te dar os parabéns Pelos teus vinte e um anos. Muitos amigos tu tens E juntam-se aos teus planos Os parabéns eu te mando Estás no meu pensamento Devagar vamos andando Desejo ser por muito tempo Bem-Haja a quem te fundou Deus vos dê saúde, paz e alegria Muitos sócios arranjou Para todos tem simpatia Maria Catarina da Silva

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Os Nossos Poetas

Sonhei Um dia sonhei com a paz E que o homem era capaz De dar amor fraternal De viver em liberdade Respeitando a humanidade Neste mundo tão desigual Sonhei, com um mundo diferente Onde todos finalmente Viviam com dignidade Que todos os desamparados Não ficavam abandonados A viver da caridade Sonhei, que acabava a guerra Que havia paz na terra E todos podiam sorrir Só o amor existia E o homem correspondia P’ra novo mundo construir E quando vou acordando Vejo o sol que vai brilhando, Mas sem dar luz por igual Para uns tanta alegria Outros vivem em agonia O mundo continua… tão mal Francisca S. Bento

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Os Nossos Poetas

22 - Mensageiro da Poesia

O poeta O poeta anda à procura Para a vida uma razão! Às vezes chama à loucura Uma quinta dimensão. (Manuel Gervásio) Mote No poeta é salutar Certa dose de loucura Quer a razão encontrar O poeta anda à procura. No seu grande coração Interroga-se amiúde Qual o sentido e a virtude Para a vida ter razão. Quando a sua inspiração A nós parece imatura Preciosa introspecção Às vezes chama à loucura. Um ser multifacetado Sua vida é sensação Quer atingir obcecado Uma quinta dimensão. Maria Vitória Afonso

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Teus beijos Tenho ciúmes dos teus beijos, quando teus carentes lábios pedintes… sábios, escutam os meus bradar aos céus, numa dança flamejante a todo o instante. Numa teia labirinto que penetrada pressinto o mundo a desabar… Ali, és tu o Universo e o nosso gozo perverso, nesse corpo extasiado que percorro e que tu, em diversos dialetos, exibes portais secretos apêndices concessões e algumas confissões se nada a obstar. Perante quadro tão raro, maravilhoso avaro, fico desperto a teu lado, para te ver acordar e novamente beijar-te!... João Ferreira

Nesta passagem da vida Nesta estrada da vida Entramos logo ao nascer É por vezes tão comprida E temos que a percorrer Muitas curvas tem a estrada Se nela bem reparamos Às vezes tão apertada E andar nela precisamos São as alegres paisagens Encontradas na subida São tão lindas as miragens Que temos na nossa vida Há um desgosto profundo Que tanto nos faz sofrer Tanta maldade no mundo Que precisa esquecer Mas a morte temos certa Nesta tão louca corrida Ela é sempre fim da meta Nesta passagem da vida Maria João Cristino Lopes

A Direção do Mensageiro da Poesia deseja a todos os associados, familiares e amigos Boas entradas no ano de 2020.


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Os Nossos Poetas

Eu tinha muitos amigos Bicos de pé Entraste-me pela porta sem aviso num princípio de noite anunciado sabias como eu que te preciso cheguei-me a ti num bicos de pé acostumado pra te beijar a boca apetecida sabes como é cresço contigo me acrescento e não cresço só por fora cresço por dentro Nelinha Cameira

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Tempo I

Eu tinha muitos amigos A muitos eu ajudei Alguns se foram perdendo Nunca mais os encontrei I Na vida tudo acontece Foi o que aconteceu Alguém que se esqueceu Aquilo que não me esquece Com o tempo tudo aparece Alguns se fizeram amigos Conhecidos já antigos A estes eu fiz o bem É a paga que se tem Eu tinha muitos amigos

III Os anos foram passando Com a experiência aprendi Assim eu consegui Tirar algum resultado Às vezes não é esperado Com o tempo se vai vendo Alguns eu vou esquecendo Esses tempos já lá vão Tudo é recordação Alguns se foram perdendo

II Na altura que eu precisava Quem me pudesse ajudar Nunca havia lugar Era a resposta que levava Quando ninguém o esperava Alguns eu procurei Para junto de mim os levei E lhes dei a minha mão Para ganhar o seu pão A muitos eu ajudei

IV Se o bem se paga com o mal É algo que está errado Pouco é o resultado No seu tempo é fatal Eu não quis ser igual Por tudo isto passei Com minha mão ajudei, Mas pouco fui ajudado Alguns tenho procurado Nunca mais os encontrei

Miraldino de Carvalho

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Tempo de Sonho e de Beleza Tempo de ânsia e tempo de ilusão Tempo de doce luz e de certeza Tempo de paixão. Tempo de covardia e tempo de ira Tempo de mascarada e de mentira Tempo de negação. Tempo de trevas no castelo Tempo de gótico silêncio e de frio Tempo de mórbido pesadelo Tempo vazio. Lurdes Emídio

Com o apoio da:


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24 - Mensageiro da Poesia

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Minha linda princesa Quem me dera ser poeta Ou ser um grande pintor, Mas não tenho esse condão P’ra fazer à minha neta Um poema cheio de amor Um quadro pintado à mão E a Deus, vou agradecer Com gratidão que não finda Ter-me dado a minha voz Para cantar com prazer P’rá minha neta tão linda Que é o orgulho dos avós Não sou pintor ou poeta Sou Rei num pobre castelo Com uma grande riqueza E peço a Deus que é profeta Um futuro lindo e belo P’rá minha linda Princesa. Maria de Lurdes Brás

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A paz A PAZ faz falta em todo o mundo, Não se pode viver sem segurança Casa onde não há amor profundo Não pode haver paz nem esperança! Quem assim não pensa erra é louco Há por esse mundo fora destruição, Não têm amor à vida pensar oco A Paz é um bem precioso prá nação! Permanece a vingança e maldade Ora isto não faz boa companhia, É preciso pensar na humanidade Pra todos viverem em harmonia! Se não houver Paz, meu Deus A vida paira em triste pesadelo O mundo pensa são todos ateus Quando todos só querem zelo! Preciosa Gamito

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É importante respeitar a vida Tão importante é respeitar a vida Quero partir, mas na hora marcada, Vejo papoilas à beira da estrada… Entre as flores não fico perdida E a erva verde pode ser colhida A seara que está seca e é ceifada Brilha no jardim rosa acetinada, Bendita Primavera tão florida! Gosto de sentir o cheiro da terra, E da floresta lá no alto da serra! Onde o perfume tem mais validade. Preciso caminha sem preconceito Canto amor, vida, com todo o respeito, Minha alma quer trilhar esta saudade. Dolores Guerreiro Costa

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Vassourar! Óh! Meu querido Portugal. Estás a saque! A política é uma mina de oiro! Uma coutada De fauna luxuosa, caríssima! O Estado uma porca Com muitas tetas! A justiça um capacho Um escudo protector. Está tudo podre! Ao longe tresanda! E o meu querido Portugal Marca passo desanda E não anda. Este não rima Nem é pra rimar Quero ser VASSOURA! E poder VASSOURAR! Carmindo Carvalho


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Ser poeta

É tempo de saudade

Poeta palavra sagrada, ninguém quer acreditar, sai do peito abençoada nascida do verbo amar!

Quando o Outono chega com seu frio ameno E as manhãs repletas de claridade, O coração fica triste e pequeno: É tempo de saudade!

Ser poeta é ser bombeiro a escrever no computador, colocar termo certeiro no coração, com amor !

Quando um tapete florido e multicor As alamedas dos jardins invade, Deixando um rastro de tristeza e dor: É tempo de saudade!

É ter belas flores no peito e no olhar doce ilusão, sonhar um mundo perfeito para amar com paixão!

Quando impiedoso, o Inverno se aproxima, O vento a fugir com ferocidade, O amor perdido maltrata, alucina: É tempo de saudade…

Ser Poeta é ser forte, como o Bombeiro é sonhando até à morte mantendo-se sempre de pé

Marcus Vinícius de Moraes

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O amor tem destas coisas

e aqueles que choraram os que já não poetam mais saudade infinita deixaram e o eco dorido dos seus ais.

A terra onde nascemos Tem sempre beleza infinda. Se aí brincámos, crescemos, Vêmo-la inda mais linda.

POETAS, voz do meu país clamando a paz universal semeiam da concórdia, a raiz deste nosso PORTUGAL

E de tal modo amamos O nosso torrão natal Que, se dele nos apartamos, Às vezes, passamos mal.

Rosélia Martins

JJJJJ Sou filha de um Rio! Amante de um Oceano! Nas noites de Lua cheia, há amor! há encanto! Pelas galáxias da vida , encontrei estrelas e tormentos. Sou filha das florestas, e dos campos em flor. Sou filha da natureza. Sou filha do Amor. De uma flor nasce a beleza, Que gosto de olhar. Nela fixo o pensamento, para os desejos realizar!.. Maria Fernanda

Sita no alto da serra, Ou no vale mais profundo, Dizemos que a nossa terra É a mais linda do mundo! Quem à terra onde nasceu Dá desprezo, dá desdém, É um traste, um fariseu, Bons sentimentos não tem. Para onde quer que eu for, Mesmo a viver como um rei Minha terra, meu amor, Eu nunca te esquecerei! Armanda Rosa


Os Nossos Poetas

26 - Mensageiro da Poesia

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Este homem sou eu Se és bom filho, mostra Se és bom marido, ama Se és bom pai, demonstra O bom amigo, não trama Este Homem Sou Eu

Uma lágrima no rosto Uma lágrima no rosto É sinal de emoção Na vida é natural Em qualquer ocasião I Todos choramos na vida Logo depois de nascer Ainda sem o saber De uma causa definida Depois de pessoa crescida Quando já vive com gosto Pode nascer um desgosto Quando não é esperado Fica assim desenhado Uma lágrima no rosto

III Há quem chore ao casar E depois do casamento Às vezes por um lamento Se não o estava a esperar Chora-se no dia de azar Ou se a vida corre mal Pode ser sentimental A perda de um parente O choro vem de repente Na vida é natural

II Se chora de contente Em qualquer hora do dia É sinal de alegria O sentido é diferente Mas quando se está doente Ou vive na solidão É uma forte razão Chora-se pela tristeza Quem vive na incerteza É sinal de emoção

IV O chorar é uma herança Toda a gente o recebeu Com ela sempre viveu O choro vem de criança Quando se perde a esperança E nada temos na mão É uma grave questão Temos que aceitar Por isso podemos chorar Em qualquer ocasião

Lúcia de Carvalho

Os pais são espelhos O filho, seus pais imita Dos pais recebem conselhos Filho bom, não se irrita Bom marido, família protege Amor também sabe dar Marido bom, mulher elege Para a poder sempre amar. Este Homem Sou Eu Bom pai, já bom filho foi Já muito amor recebeu Bom pai, o filho instruiu Por isso o concebeu Amigo é sempre amigo Do amigo não se duvida Se é amigo, não é inimigo Amigo é para toda a vida. Este Homem Sou Eu Ser bom pai, é ser bom filho Dizem os de antigamente Quando não se sente amor Não se é filho de boa gente. António Marques


Vitorino Nemésio

Um breve olhar sobre a vida e obra de

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Poeta em Destaque

Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva (Praia da Vitória, 19 de Dezembro de 1901 — Lisboa, 20 de Fevereiro de 1978) foi um poeta, escritor e intelectual de origem açoriana que se destacou como romancista, autor de Mau Tempo no Canal, e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Com 16 anos de idade, Nemésio desembarcou pela primeira vez na cidade da Horta para se apresentar a exames, como aluno externo do Liceu Nacional da Horta. Acabou por concluir o Curso Geral dos Liceus, em 16 de Julho de 1918, com a qualificação de dez valores. Em 1934 doutorou-se em Letras pela Universidade de Lisboa com a tese A Mocidade de Herculano até à Volta do Exílio. Entre 1937 e 1939 leccionou na Universidade Livre de Bruxelas, tendo regressado, neste último ano, ao ensino na Faculdade de Letras de Lisboa. Em 1958 leccionou no Brasil. - A 12 de Setembro de 1971, atingido pelo limite legal de idade para

exercício de funções públicas, profere a sua última lição na Faculdade de Letras de Lisboa, onde ensinara durante quase quatro décadas. Foi autor e apresentador do programa televisivo Se bem me lembro, que muito contribuiu para popularizar a sua figura e dirigiu ainda o jornal O Dia entre 11 de Dezembro de 1975 a 25 de Outubro de 1976. Foi um dos grandes escritores portugueses do século XX, tendo recebido em 1965, o Prémio Nacional da Literatura e, em 1974, o Prémio Montaigne. Faleceu a 20 de Fevereiro de 1978, em Lisboa, no Hospital da CUF, e foi sepultado em Coimbra. Pouco antes de morrer, pediu ao filho para ser sepultado no cemitério de Santo António dos Olivais, em Coimbra. Mas pediu mais: que os sinos tocassem o Aleluia em vez do dobre a finados. O seu pedido foi respeitado. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Vitorino_Nemesio


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Quando toda és terra a terra

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Marga, teu busto tufa, Dois gomos e véus de ilhal Palpitam palmo de gente Nesse tefe-tefe igual E há qualquer coisa de ardente Que se endireita e que rufa Nem tambor a general. Marga, teu peitinho estringes, Toca a quebrados na praça De armas que empunham rapazes De guarda a uma egípcia esfinge, E um vento de guerra passa E o pau da bandeira ringe Antes de fazer as pazes. Marga, que deusa de guerra, A Miosótis se interpôs Quando toda és terra a terra Cálice de rododendro Zango nunca em ti se pôs Em estames senão tremendo... Vitorino Nemésio

e-mail: mensageiropoesia@gmail.com http://.facebook.com/mensageirodapoesia.com


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