Edição 132 do Boletim

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Mensageiro da Poesia - 1 Janeiro/Fevereiro 2016

O nosso patrono Pág. 5

Mensageiro da Poesia Associação Cultural Poética Bimestral - n.º 132 Janeiro/Fevereiro 2015 Anuidade 20€

Poetisa do mês Helena Moleiro Pág. 14-15

Cristina Videira

Homenageada no Alto do Moinho


Nota de Abertura

Janeiro/Fevereiro 2016

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Pela Paz, Contra a Indiferença. Neste ano novo que começou, é importante dar atenção à efeméride que se comemora no primeiro dia do ano “1 de Janeiro Dia Mundial da Paz” e com ela a referência à mensagem do Papa Francisco para o ano de 2016, com o apelo de “Conquistar a Paz, vencendo a Indiferença”. Numa critica ao que denomina como “fenómeno da «globalização da indiferença»”. Francisco caracteriza o comportamento do indivíduo indiferente, como o de quem “fecha o coração desinteressando-se dos outros, de quem fecha os olhos para não ver o que sucede ao seu redor ou se esquiva para não ser abalroado pelos problemas alheios, caracteriza uma tipologia humana bastante difundida e presente em cada época da história; mas, hoje em dia, superou decididamente o âmbito individual”. Na missão deste Mensageiro como veículo da difusão da Poesia, o apelo do Papa Francisco, neste Dia Mundial da Paz, encontra aqui um eco especial. Testemunhamos tanto nas nossas 132 publicações, como nas 13 Antologias editadas, um exercício prático de “Fomentar uma cultura de

solidariedade”. Acolhemos do mesmo modo o apelo do Papa para “conquistar a Paz, vencendo a indiferença”. Aliás uma das principais características da poesia e dos poetas ao longo da história é a rejeição da indiferença. É estar à frente na denúncia das assimetrias, das injustiças sociais e no apelo à igualdade, à justiça e à Paz. Vindos de um ano de 2015, marcado para a humanidade por tantos constrangimentos, perseguições e injustiças, tanto no plano nacional, como Mundial, o sentido editorial do nosso Mensageiro em 2016 será também no combate à indiferença, fomentando “a solidariedade como virtude moral do comportamento social”. É disto testemunho esta primeira edição do ano, do Mensageiro da Poesia. Um Bom Ano Para Todos Jorge Henriques dos Santos

Donativos É com muito agrado e profundo reconhecimento que aqui endereçamos, publicamente, agradecimentos muito especiais a todos quanto têm contribuído para dar continuidade ao nosso boletim, mas também para o bom nome e sucesso da nossa Associação, com trabalho voluntário, apoio, carinho e incentivo mas também, com generosos donativos monetários que aqui descrevemos: Joaquim Figueiredo................300€ Adelaide Palmela.....................20€ Ivone Mendes..............................80€ Fernanda Henriques...............10€ Anónimo (Suiça).........................75€ Hermilo Grave...........................10€ Maria Margarida Moreira.......30€ Maria Damásia Pestana...........9€ Helena Moleiro...........................5€ Ficha Técnica: Tipo de publicação Bimestral - Propriedade: Mensageiro da Poesia, Associação Cultural Poética Rua dos Vidreiros, Loja 5 Antigo Mercado de Amora - 2845-456 Amora - Portugal • E-mail: mensageiropoesia@gmail.com • Director: Jorge Henriques dos Santos Director Adjunto: Luís Fernandes - Sócio Fundador • Colaboram nesta edição: Donzília Fernandes, Manuela Lourenço, Preciosa Gamito, Adelaide Palmela, Luís F. N. Fernandes, Damásia Pestana, Arménio Correia, Nelson Carvalho, Laura Santos, Maria Catarina Silva, Francisca São Bento, Lúcia Carvalho, Bia do Táxi, Armada Grave, Chico Bento, Dolores Carvalho, Ana Santos, Manuel Sapateiro, Hermilo Grave, António Bicho, Helena Moleiro, Joana Mendes, José Manuel Jacinto, Ivone Mendes, Sónia F. Vitorino, Danny Fernandes Freitas, Manoel Beirão (elmano), Berta Rodrigues, Carmindo Carvalho, José Frias, Telmo Montenegro, José Gomes Camacho, Eduardo Batista, Domimgos Pereira, Noam Sambou, Fernanda Henriques, José Gonçalves, José Ricardo Pereira, Miraldino Carvalho, João Ferreira, Amélia Ferreira, Emília Mezia, Manuel José Rafael, Fanny, Isidoro Cavaco, Lurdes de Jesus Emídio, Manuel Nunes Avelar, Alexandra Martinho, Manuel Sapateiro, Adelaide Damião, Nelson Carvalho, Maria Margarida Monteiro e Maria de Fátima Coelho • Isenta de Registo na ERC ao abrigo do disposto no Decreto Regulamentar n.º 8/99 de 9/06, art.º 12.º, n.º 1 a) • Depósito Legal: 3240411/06 • Tiragem: 300 exemplares Paginação / Impressão / Acabamento: Tipografia Rápida de Setúbal, Lda. • Travessa Gaspar Agostinho, N.º 1 -2.º 2900-389 Setúbal Telef.: 265 539 690 Fax: 265 539 698 • e-mail: trapida@bpl.pt


Janeiro/Fevereiro 2016

Próximas actividades Dia dos Namorados: Dia 14 de fevereiro de 2016 (Domingo) pelas 15,30 horas, no Centro Cultural e Desportivo das Paivas, o Mensageiro da Poesia leva a efeito um convívio poético, assinalando o dia de S. Valentim, Dia dos Afetos e dos Namorados, com lanche compartilhado, Poesia e Fado, alusiva ao dia. Comparece e participa. Dia Internacional da Mulher: Dia 8 de Março, Terça-Feira, o Mensageiro da Poesia irá assinalar este dia, a 13 de Março de 2016 (Domingo) pelas 15 horas no Clube Recreativo da Cruz de Pau, com lanche ajantarado, haverá Poesia e Fado, assim como uma exposição de poemas decorativos alusivos ao Dia Mulher. IV Mostra Cultural Associativa: Dia 18 e 19 de Março de 2016, integrado nas comemorações do 25 de Abril, e a convite da Câmara Municipal do Seixal, a nossa Associação estará no Auditório Municipal com uma exposição de livros de Poesia dos seus associados. Estando prevista a sua participação no espetáculo com um poeta, e um fadista, no dia 19 a partir das 15 horas. Dia Mundial da Poesia: Dia 21 de Março de 2016 (Segunda-Feira) assinala-se o Dia Mundial da Poesia, como o fim de semana que se segue, é Sexta-feira Santa, e Domingo de Páscoa, a Direção do Mensageiro da Poesia decidiu antecipar este evento para dia 20 de março (Domingo) em local a definir.

Destaques nesta edição:

or - Pág. 7 • Cantinho do Escrit - Pág. 25 • Fernanda de Castro Ramos • Homenagem a José Horta - Pág. 12 g. 14 • Tertúlia Poética - Pá • VIII Concurso do ia - Pág. 4 Mensageiro da Poes

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Vida Associativa

18º. Aniversário do Boletim “Mensageiro da Poesia” Caros sócios e amigos do Mensageiro da Poesia, estamos num novo ano e, como sempre, renasce em nós a vontade de tudo fazer, para que a esperança em dias melhores seja uma constante, tanto na nossa vida pessoal como profissional, sempre com base num plano cultural, que nos torna diferentes dos demais seres, e porque temos a feliz oportunidade de publicar um boletim, faz em abril próximo 18 anos de existência que começou por ser mensal, até 2004 e, atualmente, é bimestral, e graças à boa vontade dos sócios da nossa Associação e aos apoios da Câmara Municipal do Seixal, da Junta de Freguesia de Amora e da União das Freguesias de Seixal, Arrentela e Aldeia de Paio Pires, tem conseguido assim manter-se de pé até o dia de hoje. É com grande orgulho que podemos dizer que o nosso Boletim é conhecido pelas comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo e, principalmente, na Suíça, na França, no Canadá e Moçambique. É de salientar os intercâmbios que temos mantido com Associações e Academias brasileiras, o que acentua mais ainda o facto da nossa Associação continuar a aproximar-se, cada vez mais, das pessoas, testemunhando o interesse que desperta nos seus leitores, através de tudo aquilo que o nosso Boletim publica. Aproveitamos o ensejo para agradecer a todos os sócios e amigos que têm dado a sua colaboração ao nosso Boletim e dar as boas- vindas a todos os novos associados que têm frequentemente nos contatado, dizendo-se muito interessados com a feitura do nosso Boletim, enviando-nos, alguns desses leitores, palavras de encorajamento. Estamos satisfeitos com o nosso trabalho, mas gostaríamos também de saber a opinião dos leitores do nosso Boletim, que ainda não se pronunciaram sobre o seu conteúdo, e agradeceríamos que nos escrevessem para a nossa morada ou que nos contatassem por Email, podendo, ao mesmo tempo, dizer algo a respeito da nova apresentação do nosso Boletim. Pensamos, deste modo, servir melhor a massa associativa da nossa Associação. Luís F. N. Fernandes Sócio Fundador


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Apoios:

Junta de Freguesia de Amora UNIÃO DAS FREGUESIAS DE SEIXAL, ARRENTELA E ALDEIA DE PAIO PIRES

CLUBE RECREATIVO DA CRUZ DE PAU

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VIII Concurso do Mensageiro da Poesia Regulamento do Concurso: Com o presente regulamento pretende a Associação definir as regras do VIII Concurso de Poesia. 1.º Objetivos O Concurso tem como objectivos principais divulgar e promover a Associação, o boletim e os seus associados, estimular a criação de poesias, bem como fomentar a poesia, de modo a valorizá-la e aproximá-la cada vez mais dos hábitos dos cidadãos. 2.º Tema No VIII Concurso de Poesia o tema escolhido foi: Quintas da Cidade de Amora 3.º Âmbito 1. Ao presente concurso podem concorrer todos os interessados, de todas as idades. 2. São admitidos concorrentes a nível nacional e internacional, mediante a apresentação dos textos em língua portuguesa. 3. São admitidos a concurso trabalhos inéditos e não publicados, escritos em português. 4. O plágio, a falta de qualquer elemento essencial para a candidatura ou o não cumprimento de quaisquer um dos itens do presente regulamento, pode implicar a exclusão do concorrente. 4.º Modo de apresentação das candidaturas 1. Cada candidato deverá enviar a concurso o máximo de seis quadras, alusivas a uma ou mais quintas, à escolha do autor, com as folhas em triplicado, assinadas com pseudónimo e sendo as mesmas folhas contidas dentro de um envelope de grande formato. 2. Juntamente com os trabalhos, os participantes deverão anexar um envelope de formato pequeno, fechado, assinado com o respetivo pseudónimo no rosto do envelope, onde no interior deste deverá conter os dados pessoais do candidato (pseudónimo, identificação do autor, morada, idade, contactos telefónicos, e-mail). 5.º Local e prazo de entrega 1. Todos os candidatos deverão enviar os trabalhos através do correio para a seguinte morada ou metê-los na nossa caixa do correio, no seguinte endereço: Mensageiro da Poesia –Associação Cultural Poética – Rua dos Vidreiros, loja 5, Antigo Mercado de Amadora, 2845-456 – Amora – Portugal. 2. O prazo de entrega dos trabalhos termina a 30 de março de 2016. 6º Constituição do Júri e Funcionamento 1. O Júri do concurso será constituído por 3 elementos. 2. O critério de avaliação por parte do júri nomeado, para a selecção dos premiados, é soberano nas suas decisões, não permitindo portanto qualquer reclamação das mesmas. 7º Prémios: Com o apoio Junta de Freguesia de Amora: 1.º 150€; 2º. 100€; e 3º. 50€, em vales na FNAC e Menções Honrosas, em quantidade decidida pelo júri. Todos os concorrentes receberão um Certificado de Participação. 8º A entrega dos prémios será no dia 22 de maio de 2016, às 15 horas, no Auditório da Junta de Freguesia de Amora. Apoio da Junta de Freguesia de Amora. 3. Será realizada uma exposição com os trabalhos poéticos seleccionados, a qual posteriormente, será divulgada data e local. 9º Aceitação das condições Todos os concorrentes, no momento da entrega dos trabalhos, se comprometem em aceitar as condições estabelecidas no presente regulamento, impondo-se ao seu cumprimento e a cedência de autorização de publicação dos poemas, durante o concurso ou posteriormente, em actividades desenvolvidas por intermédio Mensageiro da Poesia - Associação Cultural Poética de Amora, Concelho do Seixal. A Direcção


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Poetisa do Mês

Helena Moleiro Isaura Helena Moleiro Pereira Coelho, nasceu em Constância a 8 de Julho de 1933. Nas memórias da sua infância e juventude em Constância, estão os tempos da guerra civil de Espanha e da fome que se sofría na época, em que tudo era racionado, até o pão, e se viam os comboios passar na ponte sobre o Tejo com grandes frases dizendo: “do Salazar pro amigo Franco”. Quando fez a quarta classe aos dez anos, foi premiada com cem escudos, que nessa altura era já uma pequena fortuna. Aos treze anos já cursava a chamada “regente escolar”, onde na escola já se ensinavam alunos adultos. Também fazia parte do grupo de teatro amador da vila, assim como já escrevia canções que interpretava. Com uma veia artística, que começou muito cedo, pois riscava paredes e tudo onde pudesse, com carvão, ou cacos de barro, que encantavam quem passava e comentava: “aqui passou a Helena”. Dando continuidade a esses dons, aos dezasseis anos veio para Lisboa estudar Belas Artes, na rua Barata Salgueiro. Mais tarde surgiu o convite de ir ensinar para a África, largou tudo, e lá esteve quatro anos de vivências e histórias que muito a marcaram e nunca esqueceu. Regressou em 1952, com

vinte anos, altura em que conheceu o seu marido, se enamoraram e casaram dois anos depois. Travou uma vida de trabalho, preocupação e luta, com mulheres da Cova da Piadade, algumas com os maridos presos por motivos políticos. Antes do 25 de Abril, escrevia artigos de opinião no antigo Diário de Lisboa, onde alguns lhe eram devolvidos com o traço a lápis azul, da censura. Com a explosão do 25 de abril e com a liberdade de expressão e organização, nasceram grupos amadores que fundaram teatros e coletividades. Aqui marcou também a sua presença a escrever textos para os pequenos teatros. Outra das suas paixões foi a pintura, com várias exposições a marcar a sua presença artística. A poesia é a outra a das grandes paixões de Hed lena Moleiro, que se entrele llaça com as anteriores num ttodo. “Finalmente encontrei o Mensageiro da Poesia, onde me associei e que me publica os trabalhos poéticos que tenho escrito e por isso bem hajam”, refere Helena Moleiro, em conclusão. Arménio Correia


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Derrubar barreiras Como o tempo O inverno chispa mágoas de tristeza O tempo esfoça-se por não chorar Mas, as lágrimas vão cair Porque olho à minha volta E estremeço Para mim É uma eternidade de castigos O inverno na Terra… Depois de libertar este corpo Do peso que carregou Durante a mocidade Condenaram-me e puniram-me A lutar…Lutar…sem importância Vivo no meu paraíso Coberta de angústia Porque o lago já secou A casinha das bonecas E os vestidos de primavera que sempre tive Tudo já se se transformou O tempo ordena-me muitas vezes Para esquecer como estou!... Emília Mezia

Derrubar barreiras É ir mais além, Crer no impossível Alcançar os sonhos, Derrubar barreiras É construir amigos Enfrentar derrotas Vencer obstáculos. É caminhar apesar das distâncias. Sonhar apesar das desilusões. Sorrir apesar das angústias. É acreditar acima de tudo No Amor! Que derruba barreiras e preconceitos. Que constrói pontes, Que ultrapassa limites Quando a neblina é densa e opaca. Que abre comportas Deixando sair em catadupas Todo o volumoso represado De pensamentos, e sentimentos. É respirarmos livremente E abraçarmo-nos todos como Homens!… Galgando as barreiras da Vida! Derrubando as muralhas do Tempo! Arménio L. F. Correia

Felicidade Naquele dia em que as nuvens corriam, em que o sol se escondia, em que o vento remexia em tudo e em todos, vinha o sorriso, a felicidade, indiferente a todo o resto, com os seus saltos, a sua dança, libertando sua pureza nas mãos da mãe natureza. Naquela tenra idade, vinha o contágio, o devaneio da mais sã letargia alcançada no seu ego. Vozes abafadas no seu corredor, traziam o prenúncio da meteorologia de um contentamento aberto, na sua expressão facial, expondo assim a sua crença para uma felicidade altíssima. Porém, o olhar penetrante não fora posto em causa e a ideia triunfal contagiava o chilrear apoteótico do seu recente companheiro. Todavia, esta bem-aventurança transportava um elo de ligação da simbiose encontrada na terra e na água. Desse modo, estava rodeado de uma bola universal em que a irradiação emanada era a colagem de uma felicidade encontrada. António Bicho Texto escrito sem acordo ortográfico


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O Ano Novo Ao começar um ano novo É como uma página, virar Do livro da vida um renovo Com coragem pra avançar! Por cada ano que se inicia Há sempre algo a pedir Que haja saúde, amor, harmonia E que a paz surga forte a luzir! Que acabem com as guerrilhas Não falte o pão de cada dia, E que Deus nos dê maravilhas No mundo mais saúde e alegria! Preciosa Gamito

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A vida é um caminho Se tu estás a caminhar, Deves tomar sempre atenção. Quem será que te vai levantar, Quando tu caíres no chão? Quando estiveres a criticar, Pensa bem, firmemente. No teu coração deve estar A Justiça bem presente. O Poderoso põe-te à vontade, Mas Sua tolerância poupa. Mas não procedas com maldade E não laves tanta roupa! Se receberes um abraço, Deves tomar sempre atenção. Por vezes é um bom laço, Para ficares sem um tostão. Ao mal nunca cedas, Rejeita o que é daninho. Tem cuidado com as veredas, A vida é longo caminho! Manuel Avelar Nunes

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Cantinho do Escritor

Bem Vindo Ano Novo! Que seja para todos nós um Ano Abençoado, com saúde, Amor, Paz, muita Poesia e que todos consigamos realizar todos os nossos sonhos. Quase todos os dias somos surpreendidos, com notícias que nos parecem irreais, de tanta crueldade. Mas é o mundo em que vivemos. E lá o vamos tentando digerir. Devemos é tentar manter uma atitude positiva de esperança, semeando no nosso caminho sementes de qualidade, ignorando as ervas daninhas, que vamos contornando para não embaraçar nossa caminhada. Reflectindo sobre este meu Ano que passou, confesso que quase no final colhi alguns frutos bem amargos quer a nível pessoal, quer a nível de Saúde, mas em compensação recebi gestos de tanto carinho e generosidade de várias pessoas Amigas e conhecidas, que me vão dando dois dedos de conversa de vez em quando, no meu local de trabalho, sentiram a minha forçada ausência, que me encheram de mimos no regresso, adoçaram-me bastante o coração. A todos o meu Bem Hajam. Foi um bálsamo para a minha alma. Bem este mês, vamos ter o evento do dia dos namorados (não para mim) mas quem tiver com quem namorar, pois aproveitem bem, com muito romantismo e Poesia. Dia feliz para todos. Para as Grandes Mulheres, Lutadoras, Sofredoras e todas em geral iremos sem dúvida homenageá-las com um bonito evento como sempre o fizemos no dia Internacional da Mulher. Logo a seguir o dia Mundial da Poesia, e dia da Árvore que liga perfeitamente. E que o frio do Inverno, passe depressa. que a chegada das andorinhas, e o desabrochar das flores, faça chegar a Primavera de mãos dadas com o cheiro de uma Poesia, mais humilde de Amor entre todos nós. Abraço Poético, até sempre. Manuela Lourenço


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Carteira da escola

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As memórias vêm depois… feitas histórias, que fazem presente o caminho feito antes. A Escola continua no bolso da camisa,que ainda se usa desde a Primária.

na sua senda de Missão não cumprida, não, porque não efectiva, mas não, porque não se quer que a Missão acabe de pedir mais entrega sempre.

Ontem, numa Carteira já usada pela Gente Antiga, que passou o testemunho e a mesma cantiga do recreio…

A Missão do professor tem sempre um campo que está de pousio, onde a seguir tem que continuar a plantar exemplo.

Carteira antiga e usada para aprender como era a Vida que se esperava e que às vezes não foi bem como devia ser, de acordo com o que tinha sido pensada para acontecer, na mesma carteira onde se sentava naquela altura quando se começou a aprender… há tantos anos.

O Rio do Conhecimento faz flutuar todos os barcos. Nenhum deles acaba como salvado, Todos Eles, Passados, Presentes.

Carteira da Escola, que perdurou no sonho… que descoberta, quem sabe, depois, por acaso, ou por necessidade ou já pretendida desde sempre, por vocação, desde que se pensou doar e dar a mão na subida aos vindouros. Carteira antiga, onde o aluno de antes, o professor de hoje e o educador que é difícil ser ainda se sentam da mesma forma insegura, mas continuantes

Carteira antiga Que apenas se vê de outra maneira Continua lá, e o antigo aluno do lado de cá, agora professor, não a tem esquecida. Está ali à frente, renovada, tecnologicamente apurada, acompanhando as gerações do novo estar.

E os que tiverem coragem de ser os próximos professores, são heróis Com uma Missão difícil, Mas abençoada: Serem simplesmente Humildes Educadores E Excelentíssimos Aprendizes!

Professor, ainda te estás a formar, quando ensinas os teus alunos, mesmo depois de te reformares, o importante é… sempre estares perto sobrecarregado de dúvidas. José Jacinto


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Os Nossos Poetas

Saber amar Com todos os versos que fiz, Nos meus olhos vejo retratadas: Imagens deslumbrantes, desejadas! Da luz que me sai da alma, Existe uma força que me diz Continuar a versar, No amor, na dor e na calma… Para ser e fazer feliz! Sem precisar de armadilhas, Consigo renovar as células, Através do amor que me diz: Continuar a ser como sou, Paciente, tolerante a perdoar E fazer bem sem olhar a quem! Sou feliz e sei amar… Adoro a vida, com certeza porém… Resolvo problemas com calma. Amo a Deus sobre todas as coisas E ao próximo como a mim mesmo… Luís Fernandes

Velha mala (Um velhinho soneto premiado já diversas vezes) Existe cá em casa, uma velhinha mala Que contém - dizem - roupas de vários enxovais De minha avó, bisavó... sei lá de quem mais! Caixinha de surpresas que aos olhos regala. Ao revolver a mala, entre roupas ancestrais Achei um bibe, vejam bem, um bibe que fala Da meninice e outras coisas, naquela sala Que parece museu, com lembranças imortais!.... É sempre assim, ao mexer naquela caixa Sinto que o coração com saudades, se baixa, Que lembrar o tempo que tudo me proíbe.... Quando admirei aquelas roupinhas, garanto... Quem visse o Nelson, chorava em grande pranto, Porque jamais viria a usar aquele lindo bibe! Dolores Carvalho

Carta Deixa-me ao menos ver-te passar eu nada vou dizer, perdoa-me se eu chorar…os amores ao longo da vida vão e vêm( há aqueles que duram uma vida inteira, mas esses são já muito poucos), e eu vivi alguns importantes embora nunca tenha esquecido o primeiro amor…os bancos de jardim, as amendoeiras em flor… e como os amores também existem os amigos que a vida por vezes afasta, principalmente se somos solteiras, mais bonitas, inteligentes e ainda com tudo em “cima” não vá a gente roubar os maridos…hipocrisias da sociedade em que que ainda vivemos, depois também ainda há o complexo de que os homens que têm muitas mulheres são uns garanhões mas as mulheres não… Se eu soubesse naquele dia o que sei agora eu não seria hoje esta mulher que ainda chora, eu não te teria perdido…depois há aqueles amigos que já se casaram e divorciaram “n” vezes… e também ganhamos amigos novos como a grande família do Mensageiro da Poesia e a nossa família que Deus nos deu, que será sempre a nossa família, seja lá como for. Essas estão sempre cá…para o que der e vier e nunca nos abandonam, nós é que às vezes nos afastamos… Alexandra Martinho


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Mulher Mulher em botão De profunda beleza Começa em botão, Age com firmeza E amor no coração. Mulher… pura e sincera, Instruída e com valores; Vive por uma quimera, Acalentando amores. Miúda… disfarçada, Constrói sonhos Sem vida regrada E pesadelos medonhos. Verdades sim… mas escondidas, De lamentos em despedida Que busca a felicidade, Com certa espera E grande ansiedade. Mulher… mulher… Mulher! Damásia Pestana

 AQUI ESTÁ MEU HINO À AMIZADE DE LUIS E DONZILIA, CUJA UNIDADE, PROMETE CONTINUIDADE! (Prometo acróstico: DONZILIA e LUIS Destes dois amigos, registo Orgulhoso esta verdade, Não há igual de bem e quisto, Zelos, atenções d’AMIZADE, Inteira que dizer insisto Liga-nos um elo d’afinidade, Infinda de pura qualidade, Até hoje sem imprevisto!... Longos anos já de convivência, Unidos de sadia lealdade, Indícios de sólida consistência, Se um dia não os vejo, hà saudade! Nelson Carvalho

Ser mulher, é ter sido escolhida Para colocar no mundo o homem Ser mãe, esposa e amiga Ser amada e respeitada Ser mulher!... Mas nunca mal tratada!.. Mulher transforma sonhos em realidade, Mulher cheira sempre a flor Amorosa, valente, virtuosa e guerreira Mulher!.. Não trazer no olhar o sofrimento, a dor O medo, a angustia que acaba em cegueira Mulher!.. Tu que lutas até por causas perdidas! Fica atenta, não vale morrer por amor Toma a atitude certa e sê feliz, Tua vida vale mais que isso Acaba com a tua dor Se precisares de ajuda, não hesites Outras mulheres te dão a mão Estamos aqui… Porque, ser mulher, é ter esperança. É ser especial, é saber dizer não Mulher é símbolo de ternura e amor! Feliz dia mulher… Amelia Ferreira

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Força, Mensageiro O fundador do Mensageiro Mantém as portas abertas, Luta com pouco dinheiro, Para dar a mão aos poetas. O seu carinho é Ajudado pela sua mulher Não esquecem o mais pobre, É isso que Deus de nós requer. Tratam todos por igual, Com humildade e carinho, Fazendo a sede do seu ninho Honram nosso Portugal! Joana Mendes


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Paz à vida Portugal precisa de gente pura Mostrar o que valem, sem ofender… O suspiro que de mim sai É de uma alma magoada Deste mundo de mentira E de tanta “trapalhada”. O coração dos humanos Nem todos são só bondade Mostrem aquilo que valem Sem mostrar tanta maldade. Não mostrem tanta “ganância” Devíamos de ser todos iguais Gostar de ricos e pobres Que tenham valores morais. Beijinhos e prometimentos Só para nos dar confiança Faltaram cá tantos “milhões” Que foram tomar ar a “França”. Não há conversas concretas No que respeita à “Nação” Há que respeitar uns aos outros Para que haja união. Com o peito aberto à verdade Sem hipocrisia ou maldade E grande amor familiar Todos unidos como queria Jesus Que morreu naquela cruz “Somente para nos salvar” “Unidos sem agressões verbais” Ivone Mendes

Nós todos na vida pedimos a paz Segurança bem-estar e também proteção Paz de espirito e amor p’ró coração E felicidade também se for capaz. E cá na terra onde a vida se desfaz Que haja sossego muita tranquilidade P’ra que se possa viver com humildade Onde o amor e o respeito nos apraz. Compreensão e bem-estar é coisa boa Que deve existir em toda a pessoa São essenciais para a boa vivência. Nós queremos viver a vida em sossego Para que ela tenha melhor aconchego E nunca nos falte o amor e a decência. Manuel José Rafael

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O Mundo precisa de Paz O Mundo precisa de Paz Nas atitudes e decisões Tem que lutar e ser capaz De derrubar ódios, e imperfeições. O Mundo tem que defender a igualdade Conquistar ideologias esquecidas O preconceito é uma dura realidade Sentida numa hipocrisia escondida. O Mundo está manipulado pela corrupção Onde vence a ganância, e a ambição Destruindo com o medo, o desejo de Amar. O Mundo tem que acreditar na mudança Lutar por valores, e ideais com confiança Libertando com força a vontade de sonhar. Ana Santos


Homenagem a

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José Ramos Horta, Prémio Nobel da Paz de 1996

José Ramos Horta nasceu, no dia 26 de Dezembro de 1949, em Díli, Timor-Leste. Sua mãe era Timorense e o pai dele era português. Ele teve onze irmãos e irmãs, três foram mortos durante a ocupação da Indonésia. Na altura em que Timor-Leste ainda era uma colónia portuguesa sob uma ditadura militar, José Ramos Horta, com 18 anos, foi exilado para Moçambique por causa das suas críticas ao fracasso do governo em lidar com o subdesenvolvimento e pobreza generalizada. Dois anos após esse evento, Ramos Horta iniciou a sua vida profissional exercendo o jornalismo. Foi em 1974 que ele fundou a ASDT (Associação Social-Democrata Timorense) que pouco tempo depois passaria a ser FRETILIN (Frente Revolucionária para a Independência de Timor Leste), onde desempenhou a função de Secretário para Relações Externas e Informação. Após 400 anos de ocupação portuguesa, a FRETILIN proclamou a independência de Timor-Leste e estabeleceu uma Republica Democrática no dia 28 de novembro de 1975. A 7 de dezembro do mesmo ano, ou seja poucos dias depois, Timor-Leste foi invadido pela Indonésia. Ramos Horta não se encontrava em Díli pois tinha ido para Nova Iorque, três dias antes, para representar a FRETILIN nas Nações Unidas. Quando Xanana Gusmão reorganizou a componente armada da Resistência em 1978, Ramos Horta passou a ser o homem de confiança no exterior. Foi assim que iniciaram a luta pela independência de Timor-Leste. Esta ficará marcada por terríveis atentados contra os direitos humanos do seu povo durante os vinte e quatro anos de ocupação da Indonésia. Durante os seus anos de exílio, Ramos Horta di-

vulgou o caso de Timor-Leste nos mais altos tribunais e instituições internacionais. A causa de Timor-Leste pela independência ganhou maior repercussão e reconhecimento mundial com a atribuição do Prémio Nobel da Paz a José Ramos Horta e ao Bispo Carlos Filipe Ximenes Belo, em 1996. O Comité Nobel laureou-os pelo contínuo esforço para terminar com a opressão vigente em Timor-Leste. Em 1997, o presidente sul-africano Nelson Mandela visitou um dos líderes da FRETILIN, Xanana Gusmão, que estava na prisão. A visita fez com que aumentasse a pressão para que a independência fosse feita através de uma solução negociada. A crise na economia da Ásia no mesmo ano afetou duramente a Indonésia. O regime militar de Suharto começou a sofrer diversas pressões com manifestações cada vez mais violentas nas ruas. Tais atos levaram à demissão do general em maio de 1998. Em 1999, os governos de Portugal e da Indonésia começaram, então, a negociar a realização de um referendo sobre a independência do território, sob a supervisão de uma missão da ONU (Organização das Nações Unidas). No mesmo período, o governo indonésio iniciou programas de desenvolvimento social, como a construção e recuperação de escolas, hospitais e estradas, para promover uma boa imagem junto aos timorenses. No entanto, o povo timorense votou pela independência. Quando os resultados do referendo foram divulgados, as milícias pró-indonésia iniciaram a violência. A ONU decide criar um a força para intervir na região. Em 22 de setembro de 1999, os soldados entraram em Díli e encontraram um país totalmente incendiado e devastado. Grande parte da infraestrutura havia sido destruída. Xanana Gusmão foi libertado logo em seguida. A ONU estabeleceu um governo provisório para administrar o país e preparou assim a transição para a democracia. Após muitos anos de exilio, Ramos Horta pode finalmente regressar ao seu país natal. Em outubro do ano 2000 foi-lhe atribuído o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de transição em Timor-Leste. Ele ocupou este cargo até junho de 2006, altura em que apresentou a sua demissão por incompatibilidades com o primeiro-ministro Mari Alkatiri, que também se demitiu pouco tempo depois. Candidato às eleições de 2007, foi eleito e assumiu o cargo de presidente da República de Timor-

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-Leste a 20 de maio. No ano seguinte, a 9 de fevereiro, foi vítima de um atentado levado a cabo por um grupo rebelde. Embora tenha ficado ferido, recuperou após ser sujeito a algumas intervenções cirúrgicas. O líder terrorista, major Alfredo Reinaldo, foi morto pela escolta presidencial. Com o retorno do presidente, o país entrou numa nova fase, deixaram para trás os conflitos e iniciaram a construção de um novo país. Nos anos subsequentes, trabalhando com o seu parceiro, o herói timorense Xanana Gusmão e com um amor e fé inabalável no povo timorense, Ramos Horta realizou muitos dos seus sonhos para o povo de Timor Leste. O novo slogan do governo “Adeus Conflitos, desenvolvimento bem-vindo”, é evidente em toda a ilha. Após ter acabado o seu mandato de presidente, Ramos Horta foi nomeado Secretário Geral da ONU, em 2012, como seu representante especial na nação africana da Guiné-Bissau. Aos 65 anos, ele foi o orador em múltiplas conferências, e a sua experiência como diplomata e moderador foi requisitada em várias situações. Em agosto de 2013, a Academia Brasileira de Letras (ABL) reuniu grandes nomes da Comunidades de Países da Língua Portuguesa para o lançamento . do livro Este espírito de união e luta na poesia Pacto de Sangue, de Cinatti, foi lembrado na ABL por José Ramos Horta.

Nobres há muitos. É verdade. Verdade. Homens muitos. É muito verdade. Verdade que com um lenço velho As nossas mãos foram enlaçadas. Nós, como aliados, eu digo. Panos, só um, tal qual afirmo. A lua ilumina o meu feitio. O sol ilumina o aliado. Água de Héler! Pelo vaso sagrado! Nunca esqueça isto o aliado. Juntos, combater, eu quero! Com o aliado, derrotar, eu quero! A lua ilumina o meu feitio. O sol ilumina o aliado. Poderemos, talvez, ser derrotados Ou combatidos, mas somente unidos. Pesquisa de Sónia Fernandes Vitorino

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Homenagem g a

Nota : O nosso sócio fundador do Mensageiro da Poesia, Luís Fernandes, pertenceu aos órgãos sociais da Associação “Urgence Pour Un Timor Libre” na Suiça. Várias vezes teve o privilégio de conviver com José Ramos Horta, e, além disso, foi correspondente da “Comissão para os Direitos do Povo Maubere”, tendo assim lutado com os seus meios, mas de forma enérgica, pela causa deste povo.


Vida Associativa

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Tertúlia Poética Tema à escolha do declamador Com a participação de um bom número dos nossos associados, realizou-se, na nossa Sede, e uma vez mais com grande sucesso, mais uma Tertúlia Poética, com tema livre, abrilhantada pela atuação do nosso associado António Dias, que cantou os fados “A Lenda da Fonte , “Minha Alma de Amor Sedenta” que foi do agrado geral, tendo dado também uma mãozinha, neste aspeto, o nosso amigo José Camacho, que cantou com António Dias fado à Desgarrada “Na Igreja de Santo Estêvão”. Os poemas foram declamados pelos seus próprios autores, com exceção do Jorge Viegas, que recitou poemas de José Régio (“Conto”), António Feijó (“Pálida e Loura”) e de um Autor Desconhecido (“Declaração de Culpa”) e Damásia Pestana, que recitou o “Poema Original” de Ary dos Santos. Os intervenientes e os respetivos poemas foram os seguintes: Laura Santos “Angústia e Solidão”, “A Velhinha” e “Desilusão”; Manuel Martins Nobre “As Quatro Estações do Ano”, “Puseram Este País de Joelhos” e “Fui Um Afamado Taberneiro”; Maria Francisca S. Ben-

to “Às vezes”, “Baixo Alentejo” e “Alentejo, Quem Te Disse?”; Manuela Lourenço “O Meu Pai”, “Alma Fadista” e “Um Velhinho Sem Lar”; Hermilo Grave e Arménio Correia (em duo) “Quadras Encadeadas”; Luís Fernandes “É Preciso Cultivar”, “Trago no Peito” e “A Voz da Mudança “ Helena Moleiro “Meu Cavalo Branco” e, ainda Hermilo Grave, que recitou os seus poemas eróticos “Mulher-Fantasia” e “O Rei Sedutor”. No próximo mês haverá mais… Esperemos que futuramente os participantes sejam sempre em número maior. Hermilo Grave

Joana Videira: A Joana Videira é uma jovem apaixonada pela música, pela cultura, pela vida. E, pensamos, também pelo CCRAM. Colabora connosco desde 2007, primeiro como elemento do Grupo Musical As Jotas, depois abraçando outras tarefas. A importância do seu papel na atividade dos vários grupos, como As Cores e os Talentos Sem Fronteiras. Mais recentemente, enquanto poetisa, revelou também um talento invejável. É autora das letras de várias canções que ganharam vários prémios em festivais nacionais e internacionais. Mas a sua colaboração no CCRAM não se fica por aqui. Licenciada em comunicação social, tem desenvolvido um magnífico trabalho na área da imagem, marketing e multimédia. A projeção de uma imagem positiva que projetamos na comunidade, em grande deve-se ao seu trabalho.


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Vida Associativa

Cristina Videira Distinguida com Moinho de Honra Realizou-se no passado dia 30 de janeiro de 2016, um lindo e variado espetáculo, onde se exibiram vários grupos de Ballet, Danças Modernas e Dança Hip-Hop, contando também o mesmo espetáculo com a presença no palco de um grupo de atletas. O evento foi organizado pelo Centro Cultural e Recreativo do Alto do Moinho, onde a nossa associada Ana Cristina Videira recebeu um Prémio Moinho de Honra, que a todos nós, sócios e amigos do Mensageiro da Poesia – Associação Cultural Poética, deu muita satisfação e alegria. Abrimos um parêntese para dar à nossa querida amiga Ana Cristina muitos parabéns e desejar e que ela continue, por muitos anos na vida que ela escolheu e para a qual tem muito talen-m to, haja em vista os muitos prémios que tem conquistado, tanto a nível nacional como in-ternacional. a Além do Prémio Moinho de Honra, a Ana e Cristina recebeu muitos elogios por parte e de José Torres, Presidente do C.C.R.A.M., de Eduardo Rosa, Presidente da Junta de Fregue-sia de Corroios e de Joaquim Santos, Presi-dente da Câmara Municipal do Seixal. e À filha de Ana Cristina, Joana Videira, que

segue os passos da sua progenitora, foi concedida, na mesma ocasião, uma Menção Honrosa, devido à sua atuação no campo das Artes e da Cultura. É ela autora de muitas letras e da música das bonitas canções que nos tem encantado a todos, aqui e além fronteiras. Parabéns também para ela, que é bem merecedora. O pavilhão gimnodesportivo do Centro Cultural e Recreativo do Alto do Moinho esteve repleto de público. O espetáculo foi do agrado de todos. Luís Fernandes e Hermilo Grave

Ana Cristina Videira: A Vice Presidente Cultural do CCRAM, Ana Cristina Videira, possui um currículo cheio de riqueza cultural! Para além do importante cargo no CCRAM, é também coordenadora das classes culturais: Grupo de Arte-Musical AS CORES, Black&White e classe Talentos Sem Fronteiras. É autora de letras infanto-juvenis, membro de mesa de júri em festivais da canção internacionais, poeta e autora de 3 livros e co-autora de várias antologias poéticas editadas por outras organizações! É o braço-direito do CCRAM nas organizações de vários eventos, maioritariamente de cariz cultural, de solidariedade, de convívio e temáticos! Para além de todas estas funções, tem a sua profissão a tempo inteiro na área administrativa-financeira de uma empresa... É MÃE, MULHER E GUERREIRA! Recebeu esta homenagem de MÉRITO pela direção do CCRAM e entregue pelo Sr. Presidente da Junta de Freguesia Corroios Eduardo Rosa. Juntos aplaudimos mais uma conquista!


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Pontos de vista

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A arte de contar histórias que implicam e comprometem o narrador, sobre o seu ponto de vista, às vezes, ainda se torna mais fascinante para ele por isso mesmo faz com que eu tenha resolvido transcrever alguns pontos de vista, neste meu texto ao qual dei. Precisamente o nome de (pontos de vista) pois vendo bem e á vista desarmada eu vim a concluir que é uma matéria em que nos dá alguma diversão!... E todos nós do que mais. Precisamos é de diversão, para esquecer esta vidinha em que nos encontramos, por exemplo? para uma criança. Verão pode ser época de diversão onde o tempo faz com que tudo se esqueça mas; para um adulto limita-se a ser e com muita sorte duas semanas de férias onde o tempo possa tão rapidamente, que traz sempre à memoria o seu inevitável fim. Para uma criança: cantar um pouco de qualquer canção em voz alta, mesmo que seja desafinado, pode ser o tema mais belo aos seus ouvidos, mas; para um adulto pode ser uma vergonha ao pensar ser ouvido pelo vizinho mais próximo. Para uma criança, uma nota de 200€ pode ser simplesmente um avião de papel com uma cor linda, mas; para o adulto pode ser a salvação do mês tão simplesmente. Para uma criança: um beijo pode significar o mais doce de todos os carinhos de amor; mas, para o adulto pode ser a obrigação de uma rotina diária e obrigatória ao sair de casa todos os dias. Para uma criança, ter as mãos sujas é o significado do seu prazer em todas as suas brincadeiras; mas, para um adulto é o máximo de bactérias que se devem iluminar o mais depressa possível. Para uma criança: um exercito de formigas a transportar entre si uma migalhinha de pão, pode ser um grande exemplo de trabalho em comunidade; mas para um adulto é um excelente motivo para as exterminar com muito gosto e devoção! Para uma criança, o ensinamento que os pais lhe transmitem, pode ser o maior exemplo, para eles os querer imitar; mas, para um adulto esse mesmo ensinamento pode ser a coisa mais difícil de transmitir na medida certa e no

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amor em que deveria de ser praticado. E assim sendo convido-vos a vós adultos a se colocarem no papel da criança que se diz existir em cada um de vós, e reverem os vários pontos de vista, porque para um adulto pode ser uma chatice ler este texto mas para uma criança pode ser a penas um conjunto de letras que pode ser modificado e transformado no mais belo carro de corrida, ou até num majestoso foguetão chegando em 3 D à lua. Pois tudo depende do olho que vê o seu melhor de qualquer lado do seu ponto de vista Bia do Táxi

Pensamentos do meu velho baú Estas não são da NET…

A mulher deve fazer como os comboios Não perder a “linha”! O mundo é uma comédia em que poucas Pessoas são os poucos que sabem o seu papel! Muitos não trabalham porque o descanso leva-lhes o tempo todo! Quantas coisas se dizem quando nada há a dizer. O que sabe e não aproveita seu saber, É como quem tem dinheiro Enterrado e morre pobre Na guerra e no amor é preciso ter, Em primeiro lugar, dinheiro, em segundo Dinheiro, e em terceiro mais dinheiro! Acontece nos casamentos o que acontece A muitos livros os primeiros Capítulos são os melhores… Esses amores, esses carinhos, Essa luz que m’alumia, Sem eles, pelos caminhos, Que pobre cego eu seria! Ai! Minhas ilusões loucas Só contigo no sentido, Hoje trocista, apoucas, Esse meu tempo perdido! Nelson Carvalho


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Distinção sem distinção Para o homem rico e poderoso, Nada é desonroso, Mesmo se ele for corrupto, mafioso. No tempo presente e no tempo ido, Pra ele, o proibido Não quer dizer interdito. Neste ponto, está tudo dito! Proibido só tem significado, Autêntico, real, Para o desempregado, O trabalhador braçal, Pra todo aquele que, com valentia, Ganha o seu pão No seu dia a dia. A mesma distinção Se passa em Poesia. Se o poeta na vida está bem instalado, É consagrado, Tem boa reputação, Não segue, se ele quiser, As regras da pontuação. E, ainda por cima, Pode não ligar prá rima, Que, por exemplo, pode ser: “Beijinho” Rimando com “abracinho”. Coisa que o poeta a valer Não deve fazer. E todo o mundo acha isso natural E diz até que o tal poeta é original! Mas, se o poeta é iletrado, Mesmo tendo ele muito talento, E tem igual procedimento, Logo alguém diz que ele deve ser posto de lado, Porque escreve com bastante desatino. Ai! Como é triste ser-se pequenino! Hermilo Grave

És o meu belo cantinho É Refrão Ai ai ai És o meu belo cantinho Que eu não consigo esquecer Ande lá por onde andar A saudade há-de estar No meu peito a remoer És a mais bela De todas as terras Onde um dia eu nasci Sopram ventos de mudança Mantendo comigo a esperança De poder voltar para ti 1 Quando alguém emigra, vai à procura De poder ter uma vida melhor Quer ter um bom futuro Vai trabalhar no duro Com luta e suor Ao partir, leva no coração O seu grande amor Que em casa a chorar Por sozinha ficar Vai chorando de dor... refrão 2 Chega o verão e, no seu peito É tão grande a satisfação De à sua terra voltar Seus amigos abraçar E alegrar seu coração Mas quando chega a hora De abraçar o seu amor Entre beijos e abraços Envolvido nos seus braços A chorar, mas não de dor... refrão Chico Bento


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Em busca do Amor Aquela hora, quando o sol desaparecia no horizonte, e a noite caía de mansinho, ele sentia sempre que a sua alma, partia para o espaço e subia até um certo ponto onde a solidão era tão só que até o pensamento se desvanecia. E todo ele, sobre a influência de um poder oculto, caía num sono onde o bem-estar se confundia com o esquecimento, era como se tudo não tivesse sentido. E no entanto ele conhecia bem aquele lugar longínquo, tantas vezes ali tinha permanecido. A sua mente subia tão alto, tão alto que dali podia ver um passado já difuso e um futuro prestes a clarear que lhe parecia cheio de promessas. Seria possível? E assim se perdia em devaneios. Depois, como no acordar de um sonho, voltava a si, à realidade da terra, às suas angústias, às suas tristezas, aos seus problemas. Sim, porque ele apesar de bem nascido do êxito das suas reportagens e de ser um homem atraente, saudável, e endinheirado não se sentia feliz. Tudo lhe parecia desencanto e a insatisfação morava consigo. Faltava-lhe qualquer coisa que há muito procurava encontrar para o sossego do seu espirito. Só aquela hora no resplendor moribundo do entardecer, baloiçando-se na sua cadeira Austríaca, na penumbra do quarto, hábito que lhe ficara de menino, semicerrando os olhos, ele sentia a paz que tanto procurava. Fechava a porta dos sentidos, retirava a atenção do mundo e ficava livre, livre, num voo que o levava para além do tempo e do espaço. Muitas vezes a sua mãe ia o encontrar assim e lhe dizia: - Miguel, estás aí? Olha que são quase horas de jantar. Que mania de dormir a esta hora! Ele sobressaltava-se, abria os olhos e respondia: - Vou já, mãe, vou já. Estava só a descansar um pouco. Quando o dever me obriga a viajar, procurando informações, não tenho tempo para estes bocadinhos. Sim, porque ele viajava muito. Conhecia quase todas, senão todas as capitais dos mais importantes países. Até agora o seu trabalho tinha sido quase tudo para ele. Procurava cumprir e fazia-o com destaque. As suas notícias para a imprensa periódica sobressaíam sempre querido e apreciado pelos seus chefes. No entanto, nunca estava satisfeito. Procurava sempre mais, algo que o contentasse e o tornasse um homem tranquilo e feliz. Amores? Tinha tido vários, conhecido algu-

mas mulheres lindas, insinuantes, inteligentes, loucas mas… tinham apenas servido para satisfação da sua carne. Episódios amorosos, sem qualquer compromisso que muitas vezes o faziam sorrir ao recordá-los. Mas amor, amor verdadeiro, puro, desinteressado, ele nunca o sentira. Ele nunca fora capaz de se entregar completamente porque nunca encontrara o que sempre sonhara. Ele queria um amor único, exclusivo, excepcional, superior a todos e a tudo, absoluto. Não a mulher perfeita, não, mas um amor que fosse mais durável que o tempo e mais forte que o destino. Onde o encontraria? Quantas vezes o procurava já nessas paragens longínquas onde se deslocava. Mas nada. Ele não existia ou então ele não poderia encontrá-lo. Uma vez em Itália, mais precisamente em Florença, ele conheceu uma mulher que nunca conseguiu compreender e que por muitos dias o deixou completamente preso aos seus encantos, mas… Era Setembro. A tarde amena, Florença mostrava-se em toda a sua beleza e tradição. Sentou-se na esplanada de um café, à beira do rio Arno e olhou em redor. Ali estava ela, morena franzina, sem interesse de maior. Mas ao olhar o intruso os seus olhos claros eram frios, tão frios que dir-se-ia terem passado por eles milhões de invernos. Prendeu-se nesse olhar selvagem e procurou meter conversa com ela. Não foi fácil. Não, este ainda não era o amor mais durável que o tempo e mais forte que o destino. Miguel, ainda estás aí? Vou já mãe, vou já. Um pensamento mais veloz que o vento, e mais brilhante que o sol fez voltá-lo à realidade. Não, o amor não se procura, o amor verdadeiro, a paz, tem de existir dentro de nós, só assim é que se é capaz de se entregar completamente e a alguém que pense e ame igualmente. Miguel olhou pela janela do quarto, as ruas da noite já eram brancas. Comtemplou as estrelas, na cauda da mais brilhante encontrou resposta para todas as sua angústias e problemas. A solidão que lhe cobria o pensamento desvaneceu-se. - Miguel, Miguel. - Vou já, mãe, vou já. Fanny


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Tempo Exacto

Ano Novo Mais um ano a começar, Decerto nos vai brindar Com tristezas e desgostos, Pois oiço a todos dizer, Que p'ro ano vai haver Mais taxas e mais impostos.

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A maior dor humana

A maior dor humana qual será? Como pode a razão avaliá-la? Pode ser aborrecido, Mas trata-se de um estudo. Se cada coração sente e assiná-la Um estudo de indivíduos Que maior dor do que a sua, nunca haverá? Que querem saber Será a maior dor a que se cala? O tempo precioso A que conforto algum aliviará? Em que podem viver! A dor da alma empedernida já Deixou a indiferença amordaçá-la? Pode ser aborrecido E não falta quem o diga, Mas também é certo Que importa a vida! Manuel Sapateiro

Vamos ter um ano novo Com mais miséria p'ro povo Que não ganha p'ra comer, Pois os nossos governantes, Vão-nos mentir como dantes P'ra manterem o poder.

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Arco Iris

Será a da agonia do Senhor Jesus? A da Virgem chorando aos pés da cruz? Ou esta amargurante e horrenda. Aquela que nos fere, e mais no fundo Entre tantos milhões de seres no mundo É vivermos sem ter quem nos entenda. Lurdes de Jesus Emídio

Fiz da vida um Arco iris.. Dias de muitas cores... Observei a natureza... Cheia de seus amores...

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Vai haver mais aldrabices, Corrupções e vigarices, Seja com Costa ou com Passos, Os tons do meu Arco Iris... Qualquer deles vai roubar Era feito de mil cores... Aos pobres para arranjar, Percorri todas elas... Tachos para amigalhaços. As vezes cheia de dores...

Eu gostava de viver

Este ano meu Portugal Estás a ficar tão mal, Que nem sabes p'ra onde vais, Para haver estabilidade E um pouco mais de igualdade, Falta prender muitos mais.

Eu gostava de modificar O ódio e a ambição Incentivar o Homem a partilhar A derreter o gelo no seu coração.

Para o povo melhorar, Gostava de me enganar Nestas minhas previsões, Mas não vai acontecer, Porque nunca vão prender Corruptos e aldrabões. Isidoro Cavaco

Mas o Arco Iris que vivo... É sempre bem colorido... Eu sempre me alegro ... Nesta vida que persigo... Cores... cores da vida... Cores do mar, do céu ... Tudo fica colorido... Nesta vida sem saída... E no centro destas cores... Existe todo o amor... Eu sou o próprio Arco Iris... Com a Vida cheia de Cor... Maria Margarida Moreira

Eu gostava de viver Sem medo da guerra Sentir a liberdade crescer Acreditar na Paz em toda a terra

Eu gostava de acreditar E, voltar de novo a sonhar Com um Mundo sem falsidade Eu gostava de entender Porque as crianças têm que sofrer Com os erros da Humanidade Ana Santos


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Naquele banco de jardim Naquele banco de jardim Quando eu ia a passar Um velhinho me pediu Se eu o podia ajudar I III Junto dele eu parei Todos os dias ali ficava Logo me estendeu a mão Quando ao anoitecer Para comprar o seu pão Até ao amanhecer Tirei do bolso e lhe dei Quando se levantava Contente eu fiquei A sua voltinha dava Por ter feito assim Não era grande o desvio Ele olhava para mim Assim ele conseguiu Com vontade de sorrir Com a força de viver E com vergonha de pedir Algo para comer Naquele banco do jardim Um velhinho me pediu II Tinha sido homem de bem Teve boa posição Nunca pensou então Que um dia nada tem Vive a vida ao desdém A ver a vida a passar A qualquer pode calhar O que a ele lhe calhou Já lá estava e lá ficou Quando eu ia a passar

IV Quando a velho chegou Já sem poder trabalhar Teve que mendigar O que não imaginou No seu tempo passou Momentos para se lembrar Não tinha casa para morar Lamenta a sua desgraça Estende a mão a quem passa Se eu o podia ajudar

Miraldino Carvalho

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Ao nosso Portugal Nosso querido Portugal Esta pequena nação A governá-lo tão mal Levam-no à destruição Fizeram a revolução Para o País melhorar Formaram a constituição Só tem vindo a piorar No tempo da ditadura Faziam coisas tão más Mas em qualquer criatura Sentia-se carinho e paz Caminhava-se à vontade Fosse criança ou velhinho Hoje com tanta liberdade Não se pode andar sozinho Os campos do Alentejo Cobertos com seus trigais Agora olho, o que vejo São enormes matagais

Sentimento Profundo A Direção do Mensageiro da Poesia – Associação Cultural Poética endereça o sentimento mais profundo à nossa associada Eugénia Rodrigues, pelo falecimento do seu querido pai, enviando, ao mesmo tempo, sentidos pêsames a toda a sua Família.

Montes de branco caiados Ao longe se podiam ver Hoje caem desmoronados Sem ninguém neles viver É muito triste afinal Chegar a esta situação Nosso querido Portugal Esta pequena Nação. Francisca São Bento


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Soltei um pombo correio Meu amor estás tão calado Parece que de mim tens medo, Senta-te aqui a meu lado Que eu te digo um segredo. Ouvi bater ao portão Abalei, e lá fui ver, Alegrou meu coração Sem saber o que dizer. Soltei um pombo correio Para ver qual o seu fim , Ao fim de três anos e meio Veio ter juntinho a mim. Não sei o que hei-de dizer Deste pombo atrevido, Novidades veio trazer E quis cá ficar comigo. Para ele me puz a olhar Notei-lhe alguma diferença Voltou e veio cá ficar Que grande foi a ausênçia. Tantos quilometros andou Não esqueceu onde morava, Onde quer que ele parou Hove alguem que o depenava. Ao entrar vinha meiguinho Pensando não ser aceite, Era cinzento e branquinho Cá se encontra presente Ao entrar bem se fartou Dele nunca tive razão, Onde esteve e se fartou Bem tratado não foi não. Fica aqui meu pombinho Não saias cá do pombal, Vais chegando a velhinho Já não tens onde pouzar. Não abales já daqui Já não te abro o portão, Vieste juntar-te a mim Já não quero separação. Maria Catarina da Silva

Mensageiro da Poesia - 21

Os Nossos Poetas

Solidão A solidão está comigo Com ela me sinto bem, Quem a solidão prefere É triste, pois, eu sei bem Dentro do meu peito fica Reservada, bem guardada Toda a tristeza infinita Que me traz apoquentada, Sofrer tanto para quê? Se a vida tão curta é, Tanta dor tanto sofrer Que nos faz perder a fé, Deus me perdoe se pecar E meus pensamentos levar Mais alto que a tua cruz, Mas de ti quero esperar Para minha alma iluminar Da tua fonte de Luz.

Sado e Alcácer do Sal

Diz-lhes que gosto de ti Desde que te conheci No meu coração tens morada, Pede tudo o que tens direito Amor, carinho e respeito E diz que queres ser amada.

Numa serra algarvia Algures distante Corre com mestria Um fio de água pequenino Alegre e saltitante Brincando como um menino Por vales e montes É bonito vê-lo correndo Passando por muitas fontes Ele vai devagarinho crescendo E acaba por lhe chamarem O nosso Rio Sado É bonito sem igual Beijando apaixonado A cidade de Alcácer do Sal E Alcácer formosa Sorri-lhe docemente Como uma menina vaidosa Que amada por ele se sente Sorri numa hora Para noutra chorar Porque nosso Sado vai embora Para ir morrer no mar Chorando sempre chorando Um pranto divinal Que na terra vai deixando Branquinhas serras de sal E assim sempre foi E assim vai continuar Esta maravilha sem fim Ver-se o Sado, Alcácer beijar.

José Frias

Adelaide Palmela

Laura Santos (Sely Poemas)

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Para ti amiga A vida será um desafio Corre como a água do rio Vai medindo a nossa idade, Ouve o que ela te diz Eu quero que sejas feliz E dela não tenhas saudade. Ao pisares a minha rua Ela será minha e tua Será enquanto Deus quiser, Se alguém te perguntar Se eu de ti irei gostar Diz que sim, linda mulher.


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No livro tudo se aprende No livro tudo se aprende Foi escrito para ensinar É o melhor amigo Que se pode confiar I III Ao dispor de toda a gente Há quem tenha vocação Ensina qualquer pessoa Leva a vida a estudar A leitura é coisa boa Para poder transformar Para desenvolver a mente O mundo ou a nação Com ele se vai em frente Cada livro é uma lição Em todo o lado se vende Se quer saber um artigo Para quem o pretende A Bíblia o mais antigo E nele quiser estudar Por Deus foi inspirado Para poder explicar Muito tem ensinado No livro tudo se aprende É o melhor amigo II Nele estudam os cientistas Assuntos da natureza Dá alegrias e tristezas Sabedoria aos artistas Também se lê em revistas Um meio de comunicar Faz o mundo avançar Também o faz destruir Separa e faz unir Foi escrito para ensinar Lúcia Carvalho

 Nunca chegamos Suficientemente para estarmos Onde devíamos! A nossa vida é quase Uma fuga supersónica Que mal se sente passar! Falo da vida espiritual… O tempo é cada vez Mais curto E a vida cada vez mais Rápida. Difícil… um pouco difícil Agarrar o precioso!.. Manuel Sapateiro

IV As grandes capacidades Nele têm transmitido E com ele conseguido Mudar a sociedade Ensina o bem e a maldade Tudo sabe explicar Também sabe aconselhar Quando se pretende saber Amigo de bem-fazer Que se pode confiar

Jóias de Setúbal Setúbal do Além Tejo, Setúbal terra com vida; Cidade do meu desejo; A minha jóia querida. Das laranjeiras, a fama Do melhor de Portugal; Os vinhedos são a cama, Do moscatel, afinal. Terra do peixe melhor, Da boa faina de pesca; Muito trabalho e labor, E qualidade bem fresca. Tem praias de finas areias; Na Arrábida, tem o mel; Golfinhos em vez de sereias, Ali perto de Albarquel. Já em terra, o pescador, Satisfeito, apregoa: Pescaria com valor; Hoje, a faina foi bem boa. Ora, o peixe em “desmasia“, Vem à parte na traineira; Já não vai prá maresia, Vai directo à conserveira. Bocage, setubalense, Aqui nasce e é menino… Quer um nome mais “intense“ Quer ser Elmano Sadino. “Chrroque“ da “prrofundurra“, Volta semprre à “purrsefíce“; “Ele nã vai já saberr dice“ Já nã s'imporrta c' alturra“. Algumas palavras estão escritas em dialecto setubalense

“manoel beirão“ (elmano)


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Pela igualdade

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Os Nossos Poetas

Eu oiço o cantar das aves E vejo no campo nascer flores E escuto canções suaves Que fazem dançar os amores Gosto de ouvir quem canta Dando vivas há liberdade Quem canta limpa a garganta E vive com mais fraternidade Paz no mundo Deixem viver quem nasceu E gritem pela paz e pelo pão Quem me dera ser gaivota, Que só não grita quem morreu Para o céu sobrevoar, Eu gostava que houvesse mais riqueza Esquecer a vida terrena, Neste mundo que nos invade Voar e tornar a voar. Vamos fazer frente à pobreza E assim teremos mais igualdade. Ser leve sobre as águas Voando sobre o mar, Adelaide Damião Ser gaivota viajada, Sem nada em que pensar.  Como o vento ajudar Fazendo acrobacias, Apagando a escuridão Que temos nestes dias

Quimera

Se o homem adulto tornasse À pureza e governasse Com a ternura Deixando a alma vaguear E a candura Na imensidão do espaço, De uma criança Percorrendo horizontes O mundo tornar-se-ia mais belo E esperando um abraço! E mais puro. Assim, como adulto Na solidão que impeça, Com soberba Na vida contemporânea, E arrogância governa. A falta do cinismo… Com exacerbada Se tudo mudasse, quem dera! Ganância de um predador. Sem fome Paz no mundo é o que peço Tudo come. Nas asas de uma gaivota, Sem dor Lucidez e compaixão, Um ui N água, na terra, pouco importa! Nem sequer Um ai No mundo, uma vida melhor, Destrói: sua mulher No coração mais amor, Sua mãe seu irmão e seu pai. Enquanto o mundo não muda Gaivota, com muita dor. Carmindo de Carvalho Berta Rodrigues

Mensageiro da Poesia - 23

Rio de paz Ao olhar serenamente O silêncio que nos traz As águas desse rio São um mundo de paz. Vemos os passarinhos À sua beira a cantar Ele corre suavemente E brilha ao nosso olhar. As águas vão fluindo Nesse rio tão suave Havendo alguém a poluí-lo Querendo que ele se acabe. A paz desse rio Eu sempre quis ter Essa paz duradoura Dá alegria de viver. Que bom ver essa água A correr mansamente Para dizer baixinho Que a amo profundamente. Há corações de pedra Que ferem loucamente Mas as águas deste rio Vão correndo docemente. As águas deste rio Que qualquer um pode ter Receba com amor de Deus E terá alegria de viver. Eduardo Batista

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Quando o amor floresce Mãe divina do Amor, Jovem fiel companheira Sofreste, no parto, a dor, Mas ganhaste o esplendor E uma Flor prá vida inteira. O Amor em Ti gerou Uma riqueza merecida. Tua mágoa terminou, Porque o Amor transformou Três vidas numa só Vida! José Gomes Camacho


Os Nossos Poetas

24 - Mensageiro da Poesia

Alegre animação

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Janeiro/Fevereiro 2016

O que nós somos?

Na casa do Nicolau, Nós somos gentes Há um canzarrão Nós somos letras Chamado Sultão Nós somos crentes Que, pra assustar, diz: “Ão ! Ão! Nós somos vedetas Olhem que eu sou mau!“ Somos povo com alegria Na casa há também Somos povo com tristeza Um gatinho chamado Bisnau, Somos gente com fantasia Que, quando não está bem, Somos gente com beleza Diz: “Miau! Miau! Somos a aldeia que sofre Quero um carapau!“. Somos a cidade que tudo tem E aí há, ainda, um rato Somos o povo que tudo move Gordinho, sem nome, Pais de sonho Somos aquilo que nos convém Que, quando tem fome, Somos pobres e ricos Não se dispensa Eu vivo num pais de sonho Somos aquilo que nos depara De ir à despensa Onde tem fulgor a natureza, Somos gentes, damos ais e gritos Fazer desacato. Eu me sinto mais risonho, Somos humanos damos a cara Mantendo-se esta beleza! Somos cultos e incultos Atrás do rato, Somos o trabalho precário Corre o gato; Neste pais que eu nasci! Somos vencimentos diminutos E atrás deste, corre o cão, Faço uso do meu juízo, Somos trabalho sem horário Mostrando o dentão. Por isso, eu bem sei Somos tudo e não somos Que tenho o que eu preciso! Somos igualdade que não existe Neste vaivém, Somos aquilo que exaltamos Com os olhos em brasa, Esta é a minha convicção, Somos aquilo que nos assiste E tendo na mão um pau, De criança que sou ainda! Somos bons e maus amigos Gritando, intervém Com tranquilidade no coração, Somos a alegria de viver O Sr. João, Assim vou vivendo a vida Somos sujeitos a louvores e castigos O dono da casa Somos a nossa maneira de ser E pai do Nicolau, Danny Fernandes Freitas Que parece ser mau, Nasceu e reside na Suiça Domingos Pereira Mas tem bom coração: “Parem com tanto banzé! Senão, eu faço todos em puré!”.  No meio desta animação, Desta grande luta aberta, Numa louca correria, ês Voa o pau, que nunca acerta. samento do m n e P O Sr. João tem sempre má pontaria. sencial a é o factor es d vi a el p ta lu A eça no Aliás, A morte com a. d vi a ri p ró p da iste de lutar. Ao fim de tanta quezília, que você des em to en m o m eterna. Como são todos gente de paz, E chega a paz a. in rm te ta lu A Gente de bem, Ninguém faz mal a ninguém, M. Stevens Pois são todos membros da mesma família! Noam Sambou


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Vida Associativa

Janeiro/Fevereiro 2016

Leito do meu rio manso

Juntos de vez

Passou por mim uma aragem, Deixou-me noticias tuas, Zumbiu, parou um momento, Falou-me do teu tormento, Sem destino, pelas ruas.

Portas do meu coração, Abertas estais, à espera, Eis que o vento finalmente, Bate-me à porta da mente, E tudo é como era.

Eu pedi então ao vento, Que te levasse um recado, Mas ele não quis ouvir, Continuou a zumbir, Eu fiquei tão desolado...

A teu lado, finalmente, Teu corpo é um rio manso, Percorro as tuas margens, Já conheço essas paragens, E no teu leito, eu descanso.

Se eu te pudesse encontrar De qualquer forma ou feitio, Eu só te queria abraçar, E nunca mais te deixar, Para aquecer o teu frio.

Telmo Montenegro

Meu coração destroçado Pelas saudades do teu, Perdeu toda a alegria, Espera por ti, noite e dia, Chego a pensar que morreu.

Mensageiro da Poesia - 25

In: À Esquina do Tempo Edição: Chiado Editora

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Desenganos

Assim se passam os anos E os nossos desenganos Bate lento, lentamente, Vivem e morrem connosco, E de repente se altera, Se a nossa vida é espelho Na esperançam de um recado, Onde brilha nossa alma Fica todo acelerado, Para mim tudo isto é fosco Pergunto ao vento...o que era? Tanto trabalho que temos Tantas ralações sofremos Mais uma esperança perdida, Para quê? O vento nada me diz... Meu Deus dizei-me Já perguntei tantas vezes, Compensação nós não temos Passaram dias e meses, E se alguma merecemos Só queria ver-te feliz! Perdão! Pois eu enganei-me. Ingrata para ti não sou Vou mandar-te uma mensagem, E esperando sempre estou Secreta, sem remetente, Decerto em dias melhores. Talvez assim a recebas, A ti pois, eu agradeço, E ao recebê-la percebas, E prometo que não esqueço O que o meu coração sente. Tuas chagas, tuas dores. Laura Santos (Sely Poemas)

Tenho o coração doendo E um aperto na garganta, Parece que estou morrendo De saudade, tanta, tanta! Mas porquê isto, meu Deus Deve a vida ser assim? Ela deixou-me sozinho Foi p’ra tão longe de mim. Eu sempre vivi na esperança Desta saudade passar Só que ninguém me afiança Quanto terei de esperar. Espero, a qualquer altura, De mãos dadas ela e eu Recuperar a ternura, Tudo que aqui se perdeu! Esse amor esfuziante Foi interrompido talvez, P’ra um dia mais adiante Ficarmos juntos de vez. João Ferreira

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Quando eu morrer Quando eu morrer Não me olhem, Porque eu não vejo! Quando eu morrer Não me toquem, Porque eu não sinto! Quando eu morrer Não me falem, Porque eu não oiço! Quando eu morrer Não digam nada, Que eu também não… Fernanda Henriques


Os Nossos Poetas

26 - Mensageiro da Poesia

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Janeiro/Fevereiro 2016

O mar da vida Memórias de infância Aquela praia do rio Da minha infância distante, Era casa, era um mundo, Que pra mim era o bastante! Construi uma canoa com madeira que trouxera duma floresta encantada! Pus velas de fantasia, Com pedrinhas enfeitada! Enchi a minha canoa de tudo o que era ilusão. E com vento da feição, Parti rio acima, A corrente era bela orientei-me, soltei a vela. Também levei no meu barco um mastro ainda altivo, Pertencera a uma fragata que de velhinha junto à praia tinha abrigo e tinha casa, A última da sua vida! O mastro que vaidoso, No meu barco ia contando histórias contos e dramas, Cheias terríveis do rio Que saudoso ia lembrando. Também alegre contava Quanto sável, quanta enguia eu guardei, eu cantei, Na minha bela fragata que em tantos anos tantos Foi a minha companhia. Eu sei histórias tão lindas Que contavam pescadores Da praia do rio antigo! Das noites montando redes, Com duendes e feiticeiros, Qua brincavam correndo nos barcos, na água, na areia, até de madrugada! Só quando nascia o sol Fugia o encantamento!

De tanto correr e navegar E já na fronteira do além! Voltamos á praia do rio Da minha infância distante Descansamos de aventuras E dormimos na branca areia também! Cresci, e da minha longa vida Dia a dia envelheci! Muitos anos, duras travessias! Mas quando me quero encontrar volto há minha canoa e à praia da minha infância Distante!... Lá está sempre me esperando Dizendo eu estou aqui! A menina da minha infância Sem idade, mas igual, e confiante! Helena Moleiro

Dia de S. Valentim Da camélia trazias um botão E essas tangerinas do quintal Antecipaste a comemoração Dos namorados, esse dia essencial. Tal gesto reavivou meu coração Antecipaste o dia especial Foi como se cantasses a canção Do amor, em plena fase inicial.

Quando o vento traiçoeiro Sopra forte em furação. Um vendaval altaneiro Nos revolta o coração As vagas em temporais Esbarram contra ao «rochedo»! São nessas horas fatais Que a vida nos mete medo. Mas vem depois a bonança E tudo é calmo e ameno Volta de novo a esperança E a vida, é mar sereno. Nas marés calmas da vida Há amor, sonho e bonança E a vida mesmo em crescida Volta ao tempo de criança No mar imenso da vida Há tempestade e bonança Após maré incontida Aparece o mar da esperança João Ricardo Pereira

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Está zangada a natureza! A água, que tudo inunda, Com furioso bramido, Será prova furibunda Do dilúvio prometido!

Trazias tudo num cesto de vime E no terno peito o amor sublime Com que me encantaste toda a vida.

Furacões e temporais, Enlouquecidos, à solta, Não serão menos nem mais Do que gestos de revolta!

Dia a dia felicidade inteira Amor é sempre que estou à tua beira E fazes minha vida colorida.

Trovões, em grande rajada, É castigo, com certeza… Os sábios não sabem nada: Está zangada a Natureza!

Maria Vitória Afonso

Armanda Grave


Janeiro/Fevereiro 2016

Y

Mensageiro da Poesia - 27

Poetisa em Destaque

Fernanda de Castro Amar Amar É tecer sonhos loucos, Em noites gélidas sem sono... Balouça num mar sem água, Ligar a primavera e o outono, E viver morrendo aos poucos Vertendo lágrimas sem mágoa! Amar no céu a lua, o sol e as estrelas... Na terra ideias e imagens belas, É sublime e consolador! Mas se nascer por alguém Um genuíno amor, Nasce também, A deliciosa necessidade, Do toque físico ardente E da interação espiritual!... É então, Nesse momento gerada a saudade Que num futuro ainda longe, ou não, Dará o sinal Do amor diferente, Aquele que marca as nossas vidas! Se mutuamente oferecido É para ambos a beleza suprema!... Um sonho nobremente tecido, Em noites de cheiro a alfazema, Embaladas num barco à deriva, No mar da primavera!... Onde viveremos a alegria premiativa E os desejos que esse amor trouxera! Fernão Ferro José Gonçalves

Fernanda de Castro, poetisa emérita, nasceu em Lisboa em 8 de janeiro de 1900 e faleceu na mesma cidade em 19 de dezembro de 1994, e na sua família vários elementos se destacaram no mundo das letras e das artes, em geral. Seu filho António Quadros distinguiu-se como filósofo e ensaísta; a sua neta Rita Ferro também se distinguiu como escritora; e o seu sobrinho-neto Jorge Quadros foi músico reputado. Juntamente com seu marido e outros, fundou a Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses, atualmente designada por Sociedade Portuguesa de Autores. Fernanda de Castro foi uma poetisa muito sensível face aos problemas de carácter social da sua época, sendo ela a fundadora da Associação Nacional dos Parques Infantis e da Escola de Artes e Ofícios “A Colmeia”, esta última frequentada, durante certo tempo, pelo autor destas linhas e onde ele aprendeu um ofício (sapateiro), que ele nunca exerceu. Por ocasião das comemorações dos cinquenta anos de atividade literária de Fernanda de Castro, disse o escritor David Mourão-Ferreira: “Ela foi a primeira neste país de musas sorumbáticas e de poetas tristes, a demonstrar que o riso e a alegria também são formas de inspiração, que uma gargalhada pode estar no tecido de um poema, que o Sol ao meio-dia, olhado de frente, não é um motivo menos nobre do que a Lua à meia-noite”. Fernanda de Castro, como escritora, dedicou-se também à tradução de peças de teatro, assim como a escrever romances, ficção e teatro, mas foi sobretudo no campo da Poesia que ela mais se destacou, tendo ganho muitos prémios neste setor de atividades literárias. A 5 de janeiro de 1940 foi feita Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada. Por ocasião do 116º aniversário do seu nascimento, prestemos homenagem a esta mulher simples e afável, que gostava de conviver com o povo simples e que ela sempre enalteceu na sua poesia e no trato do dia-a-dia. Pesquisa feita por Hermilo Grave


Segredo é Amar

Janeiro/Fevereiro 2016 28 - Mensageiro da Poesia

O segredo é amar. Amar a vida com tudo o que há de bom e mau em nós.. Amar a hora breve e apetecida, ouvir os sons em cada voz e ver todos os céus em cada olhar.

O Segredo é Amar

Amar por mil razões e sem razão. Amar, só por amar, com os nervos, o sangue, o coração. Viver em cada instante a eternidade e ver, na própria sombra, claridade. O segredo é Amar, mas amar com prazer, sem limites, fronteiras, horizonte. Beber em cada fonte, florir em cada flor, nascer em cada ninho, sorver a terra inteira, como o vinho. Amar o ramo em flor que há-de nascer, de cada obscura, tímida raiz. Amar em cada pedra, em cada ser, S. Francisco de Assis. Amar o tronco, a folha verde, amar cada alegria, cada mágoa, pois um beijo de amor jamais se perde e cedo refloresce em pão, em água! Fernanda de Castro, in “Trinta e nove Poemas”.

e-mail: mensageiropoesia@gmail.com http://.facebook.com/mensageirodapoesia.com


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