LUXURY WEEK, VOL.3, ANO 2, FEVEREIRO DE 2023

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A MODA SE A MODA SE A MODA SE DESPEDE DE DESPEDE DE DESPEDE DE PACO RABANNE PACO RABANNE PACO RABANNE

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04 BARBARELLA NAS TELAS. 05 A VIDA METALIZADA. 07 PERFUME DE homem no ar. 09 o MANIFESTO. 12 VIVIENNE PARA SEMPRE. Sumário 04 06 10 06 o vigor DO METAL, 08 10 perfume de MULHER no ar. 2 REBELDIA NA passarela.

NOTA DO EDITOR NOTA DO EDITOR NOTA DO EDITOR

O espanhol Francisco Rabaneda y Cuervo, que entrou para o mundo da moda como Paco Rabanne, partiu neste mês de fevereiro para o infinito, assim como a inglesa Vivienne Westwood que nos deixou em dezembro último. Ambos nos legaram, porém, belas lições de inovação e rebeldia. Rabanne foi o responsável por trazer para o mundo fashion novos materiais, como o metal e o plástico, e Vivienne a moda das ruas, o punk da Londres rebelde. Ambos, entenderam que a moda é tudo aquilo que se pode reciclar.

Se Rabanne se integrou ao luxo e tornou coleções e perfumes em ativos de uma marca integrada aos cânones da indústria, Vivienne a desafiou o tempo tudo e sugeriu que não se deveria lançar inúmeras coleções e inúmeros acessórios, mas apenas o essencial, reciclando tudo o que se tem no guarda-roupa. A mulher que se empenhou nas grandes causas humanitárias e na defesa do meio ambiente fará falta ao mundo.

Já Rabanne deixa-nos o rastro de perfumes inconfundíveis e os eternos trajes de Barbarella, a Jane Fonda que causou furor nas telas do cinema, vestindo ousada coleção deste espanhol inquieto. Portanto, esta é uma edição em homenagem a esses dois ícones do mundo da moda.

Boa leitura.

EEXPEDIENTE EXPEDIENTE XPEDIENTE

Luxury Week é uma revista semanal de variedades produzida pela Editora Olympia (editoraolympia.com.br) e distribuída gratuitamente em plataformas digitais por parceiros que também contribuem com conteúdo de qualidade e temas atuais e diversificados.

Editor-chefe: Carlos Franco

Editora internacional: Yume Ikeda

Colaboradores: Marco Hiroschi, Christina Tavares, Rita Almeida, Maria Helena Guimarães, Paulo Thiago, Rodrigo Vidal , Tiago Ribeiro, Eduardo Silva Bernardt, Valdo Santos e Yacy Nunes.

Imagens: Francisco Jr., Carlos Monteiro, Cacalos Garrastazu, Stúdio Mar Adentro, Pixabay, Freepick, Canva, grifes, assessorias de imprensa e agências de modelos e de publicidade.

Diagramação: Paulo Pereira

Diretor comercial: Hugo Lopes

E-mail: redacao@luxuryweek.com.br

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EDITORA OLYMPIA AVENIDA RONDON PACHECO,2300 SALA 65/ UBERLÂNDIA/MG/CEP 38408-404 editoraolympia@editoraolympia.com.br

Embalado pelo sucesso de "E Deus criou a mulher”, o francês Roger Vadin criou "Barbarella", filme lançado em 1968 que tornou a atriz Jane Fonda um eterno sexy simbol da beleza em trajes para lá de sensuais e inovadores costurados por Paco Rabanne.

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Divulgação

5 a moda nas telas do CINEMA.

O espanhol Francisco Rabaneda y Cuervo, mundialmente conhecido como Paco Rabanne nasceu na cidade basca de Passaia em 18 de fevereiro de 1934. O avanço da extrema direita e a chegada ao poder do general sanguinário Francisco Franco em 1936 levaria a família a se exilar na França. A mãe de Paco começou, então, a trabalhar como costureira e artesã do estilista espanhol Cristóbal Balenciaga, também radicado na França, o que fez com que Paco tomasse contato com essas criações.

Aos 17 anos, este espanhol se inscreveu e foi aprovado na Escola Nacional de Belas Artes de Paris para cursar arquitetura e, seguindo os passos da mãe e para garantir renda, passou a produzir botões que eram usados por verdadeiros templos da moda como a própria Balenciaga, Dior, Givenchy, Nina Ricci entre outras. Como Paco Rabanne amava desenhar, não demorou para criar e oferecer desenhos geométricos inovadores para gravatas que a grife Pierre Cardin passou a produzir e sapatos para Charles Jourdan.

Em 1964, com o dinheiro ganho do trabalho para outros estilistas, decidiu se lançar no mercado francês com a sua própria coleção. E mais uma vez surpreendeu ao ser o primeiro estilista a usar modelos negras na passarela, o que causou frisson entre conservadores e o colocou em evidência. Ousadia maior viria com o uso de materiais, além dos tecidos, numa coleção que entraria para a história como a dos “12 vestidos impossíveis de usar em materiais contemporâneos”. A coleção fazendo uso de papel, metais, puxadores de portas, cadeados, correntes, plástico e outros materiais não convencionais atraiu a atenção do cineasta Roger Vadin, mergulhado no mundo dos quadrinhos e da ficção preparando o projeto do filme Barbarella.

Paco Rabanne foi, então, convidado a criar o figurino a ser usado por Jane Fonda no filme. O sucesso foi retumbante com o lançamento da obra cinematográfica em 1968. A visão de modernidade passa, desde então, a ser o maior legado e o maior acervo do estilista que provou ao mundo que novos materiais podem ingressar nos templos da moda e serem símbolos de um estilo contemporâneo.

É a sua marca. A marca que encantou e vestiu estrelas do cinema como Jane Fonda.

a MODA METALIZADA DE RABANNE,

A grande ousadia de Paco Rabanne no mundo da moda teve início no final dos 1960 e foi justamente o uso de materiais até então não convencionais como plástico, papel e metal que o consagraria no mundo fashion. Foi Paco Rabanne que inaugurou o que hoje conhecemos como tecidos metalizados e nãotecidos, dando vasão a uma verdadeira revolução na indústria da moda.

Causou espanto, como tudo o que é novo. E seguiu uma trilha de sucesso sem medo de arriscar. A formação como artesão desta indústria, uma das mais antigas do mundo, o permitiu lidar com diferentes texturas e a formação em desenho facilitou a criação de croquis que sempre encantaram o universo dos que, na paisagem comum da moda, buscam se destacar.

As criações de Paco Rabanne, é preciso fazer jus, nunca foram convencionais, por isso mesmo se destacaram. Nada de chá das cinco com as amigas. A moda que criou e passou a desenvolver é sensual, brilha à noite e resplandece durante o dia, mas é preciso ter a mesma dose de coragem e ousadia para usar tanto quanto o estilista teve para criar.

E, como se a moda não bastasse, decidiu criar móveis, roupas de cama e mesa e foi deixando a sua marca no mundo. Mas foi no mundo dos aromas onde conseguiu deixar no ar para sempre o nome, sobretudo nas fragrâncias masculinas que de longe aprendemos a distinguir. Ele é, como um dos perfumes que assina: invicto. Invictus forever.

Paco Rabanne (acima) no final dos anos 1960 desenhando os figurinos que o tornariam famoso no mundo da moda. Ao lado, campanha de perfume da grife onde o vestido metalizado é a prova da sua capacidade de inovar.

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a marca do HOMEM moderno

Os perfumes assinados por Paco Rabanne deixam marcas inconfundíveis no ar, sobretudo os masculinos. Sempre contemporâneo, o estilista assinou a marcante embalagem metalizada de One Million e difundiu uma vida milionária de aromas e sensualidade.

Imagens:

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Divulgação

DO UNDERGROUND PARA AS PASSARELAS.

Vivienne Westwood nasceu em Derbyshire, no coração da Inglaterra, em 8 de abril de 1941 e, aos 17 anos, chegou a Londres, onde dava aulas de inglês e acabou cruzando com Derek Westwood, com quem se casou e teve um filho.

O burburinho londrino e o talento para o visual a estimularam a se matricular na Faculdade de Arte de Harrow. Eram tempos de rebeldia e lutas femininas por emancipação. Vivienne quis viver este tempo e acabou se separando do marido quando conheceu Malcolm McLaren, com quem teve outro filho.

Estimulada pela vibração daqueles anos e pelo fato de McLaren assumir o posto de produtor da banda Sex Pistols, uma das primeiras no cenário punk mundial, abriu com o parceiro uma loja nos arredores de Londres, a Let it Rock, hoje nome de um dos perfumes da grife que carrega seu nome. Nesta loja, a estilista começou a dar vazão à sua criatividade e viu os negócios decolarem, sobretudo porque a banda passou a usar suas criações. A loja, nos arredores de Londres, vendia vinil, peças vintage e muita rebeldia. Vivienne aderiu às camisetas ousadas, com recados antissistema. Acabou, com isso, atraindo processos na Justiça que divulgaram a marca ainda mais.

Mesmo que pequena, a loja foi mudando de nome por força dos processos, entre eles Too Fast to Live, Too young to Die, Sex e, por Worlds End. A cor preta, os metais, as calças e minissaias rasgadas de jeans, as correntes tornaram-se sua marca registrada assim como a mescla irreverente do tartã, do inglês tartan que define os tecidos quadriculados à moda escocesa. O punk, assim como Sex Pistols, foram, com o crescimento do movimento, deixando de ser rebeldia, sendo completamente incorporado pela indústria cultural, o que deixou Vivienne Westwood frustrada. No mesmo período, a relação com McLaren, em torno dos rumos do movimento, acabaram por afastá-la do marido e do desejo de dar continuidade ao estilo punk da moda que acabou por inaugurar.

Vivienne Westwood, então, começa a escrever um novo capítulo de vida, sem perder a sua essência libertária que nos deixou de legado.

Ao escolher, em 1984, o globo terrestre, orb, como logomarca circundado pelos anéis de saturno, Vivienne Westwood quis reforçar a ideia de que é preciso acompanhar os movimentos, girar e ter a mente sempre aberta. Em 2021, ao completar 80 anos, lançou com o marido Andreas, um livro que é uma aula de determinação e coragem, um relato apaixonado de uma vida dedicada à defesa da liberdade de expressão e da democracia, da inclusão e dos direitos humanos sempre ameaçados por forças obscuras e elites atrasadas e vis como a brasileira. Mas tudo pode ser reciclado, como o tartã escocês e os calçados de plástico como Melissa, que ela assina, deixando um aroma de rebeldia no ar para espantar os medíocres, fardados ou não, mas sempre ridículos na tentativa de combater o futuro e as voltas que o mundo dá porque a terra não é plana, é redonda e gira.

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O MANIFESTO

Nossas coleções são unissex, nossa moda sempre segue o exemplo da alfaiataria tradicional inglesa – linha Savile – twinset fino e pérolas para homem ou melhor ainda, apenas o cardigã de botão, peito nu.

Compre menos, vista-se, troque de roupa.

É sempre teatro de rua, brincamos com tamanho de detalhe, golas, dobras, bolsos, botões, gravatas, acessórios; tamanho dos gráficos –listras de alfinetes gigantes, manchas gigantes ou manchas tão

pequenas que parecem um pó de cor, flores. Vista-se para a hora do dia, ou não vista para a hora do dia – vista suas roupas de noite no escritório se voltar ao trabalho, misture as estações – nosso objetivo é mostrar apenas uma coleção por ano.

Impressões de Chrissie Hynde – ótima voz, ótima guitarra, punks juntos. Chrissie e eu somos amigas há anos. Ela pinta, Andreas teve a ideia de usar suas pinturas para estampas. Ela os teria dado para nós, em vez disso, nós doamos para sua instituição de caridade, www.AhimsaMilk.org – uma fazenda que não mata a vaca. Você sabia que boi significa touro castrado? Os pequenos queridos têm uma vida maravilhosa de lazer, não têm muito trabalho para eles, mas eles adoram. Ambos apoiamos fazendas, não fábricas.

www.FarmsNotFactories.org

Artista, Anthony Newton – lidando com uma doença grave de longo prazo, ele é um verdadeiro realizador. Acho que o desenho dele poderia ser exibido em conjunto como um mural, e gostaria de sugerir um projeto para ele como artista: desenhar árvores. Uma câmera nunca pode mostrar o que significa estar ao lado de uma árvore. Achamos que seu trabalho se parece com renda e tem um efeito trompe l’oeil em nossos vestidos.

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Lançamento da coleção SS 2021

perfume e rebeldia no ar

Avessa à indústria da moda, Vivienne Westwood cedeu, no entanto, à tentação que, nos anos de 1980 e 1990, tornouse dominante no mundo fashion: fragrâncias que preservam o conteúdo da marca. Foi com o cheiro da rebeldia e do frescor das ideias que passou a assinar linhas de perfumes que conservam o ar de liberdade, da trilha que sempre seguiu e deixou de legado.

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Divulgação
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