Por trás das máscaras

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Tão longe, tão perto

O tempo dos abraços perdidos Foto: Rafaela Camelo

‘‘O povo brasileiro está no modo sobrevivência. Sentindo a necessidade dos abraços e saudades dos nossos queridos’’

Victoria Duarte

N

inguém acreditou que um vírus fosse acabar com os abraços. A Covid-19 não interrompeu o carnaval, a maior festa cultural que representa o povo brasileiro. Dessa escapamos. Mas interrompeu mais adiante, não permitindo romances pós- carnaval, abraços de aniversários, abraços nos mais velhos ou nos mais novos. Quantos abraços foram adiados? Não é possível contar. Foram acumulados. No país, segundo especialistas, o abraço faz parte da cultura nacional. Mais do que um gesto de carinho, trata-se de um verdadeiro patrimônio nacional. Com o tempo, eu mesma deixei de cumprimentar com apertos de mãos, abraços ou beijos no rosto, parecia que eu estava exagerando. Que tinha entrado numa onda de paranoia. Mas permaneci cautelosa. Mas tudo parecia que ia passar rápido, apenas era só um curto tempo que iriamos abdicar da herança: o abraço. Diante do meu espanto, fui conversar com quem entende do assunto. O cientista social Luiz Renato Vieira, doutor em sociologia pela UnB relata que os abraços têm diferentes significados a partir da inter90


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