LIFESAVING Scientific Vol5 N2

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FICHA TÉCNICA

DIRETOR

Bruno Santos

EDITOR-CHEFE

Daniel Nunez

EDITOR

Pedro Lopes Silva

COMISSÃO CIENTÍFICA

Ana Rita Clara, Ana Silva Fernandes, Andriy Krystopchuk, Carlos Álvarez Leiva, Carlos Raposo, Cristina Granja, Eunice Capela, Gonçalo Castanho, José A. Neutel, Maria Manuel Vieira, Margarida Rodrigues, Miguel Jacob, Miguel Varela, Nuno Mourão, Pilar Crugeiras, Rui Ferreira de Almeida, Sérgio Menezes Pina, Stéfanie Pereira, Vera Santos.

Periodicidade: Trimestral

Linguagem: Português

ISSN: 2184-9811

EDITORES ASSOCIADOS

TEMAS EM REVISÃO

Ana Agostinho, André Villarreal, Catarina Jorge, Catarina Tavares, Djamila Neves, Guilherme Henriques, João Nuno Oliveira, Vasco Monteiro.

HOT TOPIC

Jorge Miguel Mimoso.

RUBRICA PEDIÁTRICA

Cláudia Calado, Mónica Bota.

CASO CLINICO

Noélia Alfonso, Rui Osório.

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CASO CLINICO PEDIÁTRICO

Inês Coelho, Marta Soares.

CASO CLINICO NEONATAL/TIP

Nuno Ribeiro, Luísa Gaspar.

BREVES REFLEXÕES

SOBRE A EMERGÊNCIA MÉDICA

Inês Simões.

CARTAS AO EDITOR

Catarina Jorge, Júlio Ricardo Soares.

VAMOS PÔR O ECG NOS EIXOS

Hugo Costa, Miguel Espirito Santo.

LIFESAVING TRENDS

Inês Portela.

IMAGEM EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Catarina Costa.

EXCEÇÃO À REGRA - DISASTER MEDICINE - YOUR SECOND SPECIALTY

Verónica Aquilino.

ILUSTRAÇÕES

João Paiva.

FOTOGRAFIA

Joana Oliveira, Pedro Rodrigues Silva, Maria Luísa Melão, Solange Mega, Carlos Martins.

AUDIOVISUAL

Pedro Lopes Silva.

DESIGN

Luis Gonçalves.

PARCERIAS

Caríssimos leitores,

Apresentamos a mais recente edição da revista LIFESAVING Scientific, o número 2 do seu 5º volume de edições e não vamos sozinhos, acompanhamos a 36ª edição da LIFESAVING – Revista de Emergência Médica.

É com grande satisfação que apresentamos a edição desta revista, dedicada a temas emergentes e inovadores que vêm moldando o cenário da emergência e urgência pré-hospitalar. Nosso objetivo é fornecer uma análise crítica e baseada em evidências, promovendo o avanço do conhecimento nesta área vital para a sociedade.

Nesta edição, destacamos quatro temas de relevância crescente, cada um com potencial de transformar práticas clínicas e operacionais em situações de crise:

1. “Quando fala a pele”: Acantose Nigricans Maligna

A acantose nigricans maligna é uma manifestação cutânea frequentemente associada a neoplasias subjacentes, sobretudo de órgãos internos. Sua identificação precoce no contexto pré-hospitalar pode ser crucial para o diagnóstico de processos malignos silenciosos. Veremos, como uma simples imagem, pode ser suficiente para um diagnóstico brilhante.

2. “AI in Disaster Medicine – Revolutionizing management in exception events”

A incorporação de inteligência artificial (IA) na gestão de desastres tem potencial para otimizar recursos, melhorar a triagem e acelerar decisões críticas. Desde algoritmos de avaliação de gravidade até sistemas de logística automatizada, discutiremos as aplicações atuais e futuras da AI, bem como os desafios éticos e operacionais envolvidos na implementação em ambientes de alta complexidade.

3. Abre os olhos!: Pupilometria Digital: Os Smartphones Podem Diagnosticar TCE e AVC Antes de Nós?

A tecnologia móvel tem-se mostrado uma ferramenta promissora na avaliação rápida de sinais neurológicos. A pupilometria digital, utilizando câmaras de smartphones, pode oferecer uma avaliação objetiva e acessível de reflexos pupilares, facilitando a deteção precoce de traumatismos cranioencefálicos e acidentes vasculares cerebrais no cenário pré-hospitalar. Discutiremos as evidências atuais, limitações técnicas e perspetivas de integração dessas ferramentas na rotina de emergências.

4. “Tá frio … Tá…” Bloquear a Temperatura: Ondas de Osborn

As ondas de Osborn representam uma alteração eletrocardiográfica observada em casos de hipotermia severa. Sua compreensão é essencial para os profissionais de emergência, pois indica uma condição clínica grave e requer manejo específico. Abordaremos os mecanismos fisiopatológicos, a relevância clínica e estratégias de intervenção para pacientes com hipotermia, destacando a importância do reconhecimento precoce para melhorar os desfechos.

Concluímos esta edição reforçando a importância de uma abordagem multidisciplinar e inovadora na atenção pré-hospitalar. O avanço do conhecimento científico, aliado à incorporação de tecnologias emergentes, pode fazer a diferença entre a vida e a morte em situações de emergência. Nosso compromisso é proporcionar informações atualizadas e confiáveis, estimulando a reflexão e a prática baseada em evidências.

Aos nossos leitores, pedimos que confiem em nós porque não os iremos defraudar.

Desfrutem da arte dos nossos colaboradores plasmadas em forma de desenhos e fotografias.

Caríssimos “Carpe Diem”

ARTIGO DE REVISÃO I

EQUIPA DE EMERGÊNCIA MÉDICA INTRA-HOSPITALAR

UEM ATIvA

EXCEPÇÃO À REGRA – DISASTER MEDICINE, YOUR SECOND SPECIALTY

AI IN DISASTER MEDICINE – REvOLUTIONIZING MANAGEMENT IN ENTS

THE POTENTIAL ROLE OF AI (ARTIFICIAL INTELLIGENCE) IN EMERGENCY

LIFESAVING TRENDS - INOVAÇÕES EM EMERGÊNCIA MÉDICA

PUPILOMETRIA DIGITAL: OS SMARTPHONES PODEM

DIAGNOSTICAR TCE E AvC ANTES DE NÓS NO PRÉ-HOSPITALAR?

VAMOS PÔR O ECG NOS EIXOS

BLOQUEAR A TEMPERATURA

IMAGEM EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

QUANDO A PELE FALA

ARTIGO DE REVISÃO I

EQUIPA DE EMERGÊNCIA MÉDICA INTRA-HOSPITALAR

Realidade de Quem Ativa HOSPITAL RAPID RESPONSE TEAM

Reality of Who Activates

1Enfermeiro Especialista Serviço de Urgência ULSBE;

2Coordenador VMER ULSBE;

3Enfermeiro VMER ULSBE;

4Coordenador do SU da ULSBE;

5Enfermeira Serviço Urgência Pediátrica ULSBE.

RESUMO

A Equipa de Emergência Médica Intra-Hospitalar desempenha um papel central na estabilização e assistência à pessoa em situação crítica em ambiente hospitalar. O estudo realizado teve como objetivo compreender a perceção dos enfermeiros dos serviços de internamento sobre a ativação e funcionamento da EEMI, identificando desafios e oportunidades de melhoria na resposta intra-hospitalar. Recorreu-se a uma abordagem qualitativa, exploratória-descritiva, utilizando entrevistas semiestruturadas a doze enfermeiros de um hospital no norte de Portugal, com recolha de dados entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023. Os resultados evidenciaram a existência de duas vias orientadoras, paralelas e complementares, que em uníssono permitem a garantia de um atendimento de qualidade e segurança à Pessoa em Situação Crítica (PSC): uma via aferente (contexto de internamento) na deteção precoce de sinais de instabilidade, e uma via eferente, na

intervenção de equipas diferenciadas (EEMI).

Ficaram evidentes os contributos da EEMI para a qualidade e segurança dos cuidados prestados. Fatores relacionados com défice de formação e inexperiência das equipas da via aferente, bem como o desconhecimento dos critérios de ativação da equipa de emergência, impuseram-se como dificultadores da dinâmica da EEMI.

De entre as sugestões de melhoria, destacam-se a necessidade de investimento na formação contínua das equipas, centrada em estratégias interativas e em contexto de cuidados, e o desenvolvimento de canais eficazes de comunicação, no sentido da divulgação junto das equipas, dos procedimentos e normativos associados à ativação da EEMI. Releva a necessidade de criação de ambientes favoráveis ao desenvolvimento das práticas, nomeadamente no cumprimento das dotações seguras e no funcionamento da EEMI durante as 24 horas.

ABSTRACT

The Hospital Rapid Response Team plays a central role in stabilizing and assisting critically ill patients in a hospital environment. The study aimed to understand the perception of nurses in inpatient services regarding the activation and functioning of the team, identifying challenges and opportunities for improvement in the in-hospital response. A qualitative, exploratory-descriptive approach was used, using semistructured interviews with twelve nurses from a hospital in the north of Portugal, with data collection between December 2022 and January 2023. The results highlighted the existence of two guiding pathways, parallel and complementary, which in unison allow the guarantee of quality and safe care for the Person in Critical Situation (PSC): an afferent pathway (hospitalization context) in the early detection of signs of instability, and an efferent pathway, in the intervention of differentiated teams. The Hospital Rapid Response Team

Descritores MeSH: Enfermagem em Emergência, Equipe de Respostas Rápidas de Hospitais, Pessoa Doente.
António Carlos Vilas Boas1,2, António Diogo Jesus Tomás1,3, Ivo Adriano Santos Alves1,3, Maria Teresa Ferreira1, Rui Miguel Pereira Gonçalves3,4, Teresa Alves1, Teresa Paula Carvalho Salgueiro5

contributions to the quality and safety of the care provided were evident. Factors related to the lack of training and inexperience of the afferent pathway teams, as well as the lack of knowledge of the criteria for activating the emergency team, were obstacles to the dynamics of the team.

Among the suggestions for improvement, the need for investment in ongoing training of teams, focused on interactive strategies and in the context of care, and the development of effective communication channels, in order to disseminate to teams the procedures and regulations associated with the activation of Hospital Rapid Response Team, stand out. It highlights the need to create environments that are favorable to the development of practices, namely in compliance with safe provisions and in the operation of the team 24 hours a day.

INTRODUÇÃO

Identificar e tratar doentes em risco de paragem cardiorrespiratória (PCR) é algo que se afigura de grande complexidade, o que impõe uma intervenção centrada em processos de tomada de decisão avançados. Isto exige profissionais de saúde formados e treinados, capazes de vigiar os doentes e interpretar os sinais e sintomas observados, por forma a reconhecer antecipadamente sinais de gravidade. Dados recentes referem que, só na Europa, todos os anos em ambiente

intra-hospitalar, ocorrem cerca de 300 000 situações de PCR. Uma intervenção adequada e o mais precoce possível pode diminuir a mortalidade e melhorar os resultados em saúde destes doentes que sofrem um processo de deterioração clínica progressivo, sendo esta premissa uma realidade presente e consensual nos dias de hoje (Despacho n.º 9639/2018, 2018). Neste sentido, a implementação a nível organizacional de mecanismos que permitam a rápida identificação da emergência e uma intervenção atempada tornamse essenciais.

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Recentemente, o European Ressuscitation Council (ERC) preconizou a implementação de sistemas de emergência com a finalidade de promover a identificação precoce da Pessoa em Situação Crítica (PSC) e, assim, prevenir situações agudas que rapidamente evoluam para PCR (Soar et al., 2021). Neste âmbito, é crucial a existência da EEMI, que permita uma intervenção rápida, de forma a garantir a segurança do doente e a qualidade dos cuidados prestados. É importante que esta equipa seja composta por profissionais capacitados e treinados, otimizando uma resposta rápida e eficiente em situações de emergência médica.

1. PERCURSO METODOLÓGICO

A questão norteadora da investigação aqui retratada foi: “Qual a perceção dos enfermeiros dos serviços de internamento da intervenção da EEMI?”

Dessa forma, projetámos um estudo exploratório-descritivo, transversal, assente no paradigma qualitativo,

com uma entrevista semiestruturada a 12 enfermeiros dos serviços de internamento. Para a realização do estudo foi solicitado, com parecer favorável, autorização ao Presidente do Conselho de Administração do Hospital e Parecer da Comissão de Ética e de Proteção de Dados da instituição.

O tratamento da informação foi realizado de acordo com a técnica de análise de conteúdo de Bardin (2022). Esta autora considera esta metodologia como um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. Nesta perspetiva, sublinha a autora, o investigador tira partido do tratamento das mensagens com o objetivo de inferir (deduzir de maneira lógica) conhecimentos sobre o emissor da mensagem ou sobre o seu meio.

Ainda segundo a mesma, a metodologia apresenta quatro etapas fundamentais, utilizadas de forma sequencial, e que se tornaram guias do processo de análise dos dados obtidos e que caraterizam a metodologia de análise de conteúdo. São elas: (1) organização da análise, (2) exploração do material ou codificação, (3) categorização e (4) inferência (2022).

2. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Em conformidade com os objetivos, emergiram da análise dos dados as seguintes áreas temáticas: contributos da EEMI na intervenção à PSC nos serviços de internamento, fatores que interferem na ativação da

MeSH descriptors: Emergency Nursing, Hospital Rapid Response Team, Patient.

EEMI pelos enfermeiros do internamento e sugestões de melhoria da dinâmica da EEMI.

Nesta primeira área temática (figura 1), os dados remetem-nos para dimensões da cultura de segurança, nomeadamente para o trabalho em equipa e a perceção geral dos profissionais sobre a qualidade e a segurança do doente e dos cuidados prestados.

Na voz dos intervenientes, a segurança dos profissionais é vista como um dos contributos da EEMI, o que nos reporta para questões relacionadas com as dotações seguras e com a (in)capacidade de resposta da equipa da via aferente. E esta (in)capacidade de resposta pode, no nosso entendimento, enquadrar-se na dimensão da cultura de segurança relacionada com a formação e treino dos profissionais. No que refere às dotações seguras, Martins (2017) argumenta que estas conferem estabilidade e segurança

para decidir e intervir nos momentos adequados e nos timings oportunos à degradação da situação clínica do doente. A intervenção da EEMI remete para essa mesma intervenção, dá segurança às equipas de internamento, é

favorecedora da qualidade e da eficácia dos cuidados, permitindo que, em situação de mobilização em situação crítica, haja um upgrade dos resultados em saúde. Como já foi referido, a degradação clínica dos doentes em contexto intra-hospitalar não é súbita. Na maioria das situações acontece de forma progressiva nas horas que antecederam a situação crítica, podendo passar despercebida aos profissionais de saúde (ERC, 2021). Ora, esta evidência pode estar relacionada com a formação e com a experiência dos profissionais, o que ficou evidente nos discursos proferidos pelos participantes acerca desta segunda área temática (figura 2), ao considerarem estas dimensões como influenciadoras no reconhecimento e abordagem da situação, e, por si só, alterarem a dinâmica de ativação da EEMI e o cuidado adequado à PSC. Também

Figura 1- Contributos da EEMI na intervenção à PSC
Figura 2- Fatores que interferem na ativação da EEMI

outros estudos corroboram esta perspetiva, nomeadamente Moreira et al. (2018), que, numa revisão da literatura, analisaram quais os principais fatores que interferem no desempenho da EEMI, identificando a inexperiência de alguns profissionais nas enfermarias e o pouco conhecimento sobre cuidado à PSC demonstrado, geradores de um clima de insegurança, atrasando todo o encaminhamento na ativação da emergência intra-hospitalar. É neste alinhamento que Soar et al. (2021) chama a atenção para a importância de formação adequada, de forma a permitir um reconhecimento precoce dos sinais de alerta, bem como experiência, para uma atuação imediata na prevenção da PCR intra-hospitalar, que inclua também um sistema de resposta eficaz. A este propósito, Benner (2001) refere que “o processo de decisão complexa é posto em evidência nas competências relacionadas com o controlo eficaz de situações de evolução rápida o que implica que os enfermeiros devem ser experientes e que haja estruturas que permitam assegurar a formação contínua ao nível do serviço” (p. 204). Ora, a formação e a experiência são dois conceitos que se complementam, e se “... a teoria é fundamental, porque ela ajuda a pôr as boas perguntas numa situação real e permite identificar o problema e saber antecipar os cuidados que é necessário ter, há sempre numa situação, elementos que a teoria não prevê. É este conhecimento das exceções que somente a experiência no terreno pode trazer” (Benner, 2001, p. 203). Na mesma linha de

pensamento, e na opinião dos participantes, a existência de equipas de enfermagem com enfermeiros recém-formados ou com pouco tempo de contacto com a tipologia de doentes do internamento e com pouca casuística de situações de cuidado à PSC são fatores que interferem na dinâmica de ativação da EEMI, principalmente pela não identificação, em tempo útil, dos sinais de gravidade. Por outro lado, os entrevistados, referem que fatores relacionados com as dotações dos recursos humanos afetos às equipas, assim como a dinâmica de funcionamento e de ativação da EEMI são dimensões, também elas, influenciadoras.

Neste estudo, e abordando a ultima área temática (figura 3), os enfermeiros referem-se à necessidade de formação contínua no sentido de melhorar os seus processos de tomada de decisão.

Consideram que esta deve ser cíclica e ter uma vertente prática, o que nos orienta no sentido de desenvolver estratégias centradas em sessões de prática simulada.

Estes resultados são concordantes com Benner et al. (2009) e as recomendações da OE (2016) que defendem a necessidade de formação contínua, consolidada e desenvolvida pela prática profissional, para que os profissionais sejam capazes de analisar situações complexas e ao mesmo tempo responder às mesmas com prontidão e de forma competente. Este tipo de formação deve ser desenvolvido em contexto de trabalho, de uma forma teórico-prática, situando os profissionais em contextos próximos do real (Nunes, 2007).

Emergem também aspetos relacionados com a uniformização e normalização dos processos, o que vai ao encontro das sugestões dos

Figura 3 - Sugestões de melhoria da dinâmica da EEMI

participantes neste estudo, a par da necessidade de formação sobre as mesmas. Uniformizar, normalizar ou standardizar passa pela documentação do modus operandi, garantindo que todos seguem o mesmo procedimento, utilizam do mesmo modo as mesmas ferramentas e sabem o que fazer quando confrontados com diversas situações. Processos uniformizados podem ser comparados com as melhores práticas, e assim, contribuir para a melhoria contínua e para a segurança do doente e dos profissionais (Pinto, 2014).

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Em síntese, os enfermeiros sugeriram o desenvolvimento de formação contínua no sentido de melhorar o processo de atendimento à PSC. Referem como áreas prioritárias a formação no atendimento à PSC, nos critérios de ativação e na organização dos carros de emergência, sendo consistentes com a literatura, onde se destacam estratégias centradas na prática simulada e em contexto de trabalho. Também o desenvolvimento de procedimentos de forma a normalizar os processos, constitui uma importante estratégia para garantir a qualidade e segurança dos cuidados e dos próprios profissionais.

3. INTERPRETAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Ao longo do estudo verificámos a existência de duas linhas orientadoras, paralelas, mas que combinadas se complementam, trabalhando num uníssono em prol de garantir o melhor tratamento possível, num ambiente de segurança. Por um lado, o ramo

aferente na monitorização e acompanhamento contínuo para despiste de complicações, constitui um alerta para ativar, precoce e atempadamente, o ramo eferente. No lado oposto, mas em sintonia, a EEMI, equipas altamente diferenciadas, com competências acrescidas na abordagem à PSC. Dos resultados emergiram um conjunto de conclusões que nos ajudam a compreender a realidade da temática. Dos contributos que os enfermeiros do internamento atribuíram à EEMI relevam os que se associam à qualidade e à segurança do doente e profissionais. A mais-valia da intervenção destas equipas, associada à experiência, formação ou mesmo à rapidez e qualidade dos cuidados prestados, induz uma melhor capacidade de gestão do stress das equipas do internamento, que cuidam, vigiam e monitorizam estes doentes, traduzindo- se em ganhos em saúde para a PSC. Os fatores que interferem na ativação da EEMI centraram-se maioritariamente nas questões da formação e da experiência profissional e na gestão dos recursos humanos, no que se reporta à via aferente. A falta de formação na abordagem da PSC, aliada à inexperiência profissional foram considerados como fatores dificultadores na dinâmica de ativação da EEMI. Ficou ainda evidente que a falta de conhecimento em relação aos protocolos que definem os critérios de ativação da EEMI é também um fator dificultador, que consubstancia a ocorrência de eventos adversos, impactando na segurança dos cuidados.

As sugestões de melhoria na intervenção da EEMI apontam no sentido de otimizar os processos formativos, centrados em estratégias proativas, associando abordagens teórico-práticas e treino simulado em contexto de trabalho. Normalizar e uniformizar os critérios e o processo de ativação e uniformizar critérios com base nos normativos em vigor também constituíram sugestões relevantes. As questões relacionadas com as dotações seguras em relação às equipas da via aferente também foram aspetos considerados pelos enfermeiros.

A prevenção e o cuidado à PSC em ambiente intra-hospitalar requer profissionais de saúde que possuam competência, destreza e skills necessárias à tomada de decisão, pelo que a dotação das equipas de internamento tem (obrigatoriamente) que ter em conta, não só os rácios enfermeiro/doente, mas também as competências e experiência de cada um.

A cultura organizacional deve privilegiar a segurança dos cuidados prestados à PSC, não descorando ou reduzindo a segurança dos demais doentes internados nessas enfermarias, provocada por uma menor capacidade de resposta, quer seja pela dotação menos adequada no internamento, quer pela total ausência de EEMI no período noturno.

CONCLUSÃO

O estudo de investigação, de cariz qualitativo, que desenvolvemos sobre a EEMI na perspetiva de quem ativa, permitiu-nos, além de adquirir competências na área da investigação, consolidar estratégias baseadas na evidência e no desenvolvimento de estudos em contexto da prática de cuidados.

A escolha deste tema resultou de uma inquietação decorrente da prática, enquanto enfermeiros que integram a via eferente da EEMI na instituição onde decorreu o estudo. Pela sua pertinência, acreditamos que deste estudo emergiram conclusões que contribuem para melhorar a dinâmica da EEMI, e o cuidado à PSC

BIBLIOGRAFIA

Bardin, L. (2022). Análise de conteúdo. 7ª ed. Lisboa: Edições70 LDA. ISBN:978-972-44-1506-2

Benner, P. (2001). De iniciado a perito - Excelência e poder na prática clínica. Quarteto Editora. Coimbra. https://www.worldcat.org/title/de-iniciado-a-peritoexcelencia- e-poder-na-pratica-clinica-de-enfermagem/ oclc/63702286.

Benner, P., Tanner, C. A., & Chesla, C. A. (2009). Expertise in nursing practice: Caring, clinical, judgment & ethics. 2ª ed. Londres: Springer Publishing Company. Despacho n.º 9639/2018. Diário da República II Série, nº 198 de 2018/10/15, 27533.

European Resuscitation Council. (2021). European Resuscitation Council Guidelines. https://www. cprguidelines.eu.

Fortin, M. F. (2009). Fundamentos e etapas do processo de investigação. Loures: Lusociência. ISBN 978-9898075-18-5.

Martins, J. (2017). Aprendizagem e desenvolvimento em contexto de prática simulada. Revista de Enfermagem Referência, nº 12, 155-162. https://doi.org/10.12707/ RIV16074.

Moreira, A.A., Ramos, R. O., Ligório, A. B., Junqueira, K. D. & Correa, K. S. (2018). Rapid response team: What factors interfere with its performance? Investigacion y

Educacion en Enfermaria, 36 (2).

Nunes, L. (2007). Olhar no sentido do futuro: do que temos ao que queremos – na encruzilhada do presente. Percursos. Maio, 36-42.

Ordem dos Enfermeiros. (2016). Regulamento da Formação Profissional da OE. https://www. ordemenfermeiros.pt/media/6153/regulamentoformaca oprofissionalo e.pdf.

Pinto, J. P. (2014). Pensamento Lean – A filosofia das organizações vencedoras (6.ª ed.). Lidel – Edições Técnicas, Lda. ISBN 978-989-752-032-7.

Soar, J., Bottiger, B. W., Carli, P., Couper, K., Deakin, C. D., Djarv, T., Lott, C., Olasveengen, T., Paal, P., Pellis, T., Perkins, G. D., Sandroni, C. & Nolan, J. P. (2021). European resuscitation council guidelines 2021: Adult advanced life support. Resuscitation, 1-37. file:///C:/ Users/AC/Downloads/RESUS-8903- ALS%20(1).pdf.

EDITOR

PEDRO LOPES SILVA Enfermeiro VMER Heli INEM

COMISSÃO CIENTÍFICA
REVISÃO

AI IN DISASTER

MEDICINE

REVOLUTIONIZING MANAGEMENT

IN

EXCEPTION

EVENTS THE POTENTIAL ROLE OF AI (ARTIFICIAL INTELLIGENCE) IN EMERGENCY RESPONSE

1Founder of Counter-Terrorism Medicine Europe

2Secretary-General of ECDM

3Board of Counter-Terrorism Medicine Europe

4MEDKAUS -Disaster Medicine Coordinator MilitarCoach

The landscape of disaster medicine is rapidly evolving, driven by the increasing frequency and complexity of crises. From devastating natural disasters to the ever-present threat of terror-related incidents, emergency medical services face unprecedented challenges. One example is this is the United States1, country which has sustained since 1980 403 weather or climate disasters where overall damage reached or exceeded $1 billion (including CPI adjustment to 2024). The total cost of these 403 events exceeded $2.9 trillion. The most affected continent remains Asia2 where, according to United Nations' figures, more than 2 million people - an average of 43,000 per year - have been killed by natural disasters in the Asia-Pacific region since 1970. In this context, artificial intelligence (AI) is emerging as a powerful tool, offering the potential to revolutionize disaster response and improve patient outcomes. But there is a catch. AI's applications in disaster medicine3 are diverse and far-reaching. At its core, AI excels at processing vast amounts of data quickly and with come variable degrees of accuracy (depending on

the tool), enabling the incident commander to make rapid decisions in chaotic environments. The catch is start to training on data sets. However, disasters remain a challenge even for specialized human-led high-performance dedicated groups. The potential solutions presented by a model might not be grounded in the reality of overwhelmed emergency services. However, the AI`s capability process large volumes of data is particularly valuable in the face of overlapping crises, where multiple emergencies may occur simultaneously, straining resources and demanding swift action.

THE RISE OF OVERLAPPING CRISES

Imagine a terror-related mass casualty incident at the height of fire season overlapping with an unrelated ransomware cyberattack on the local hospital. With hospitals in Europe operating now on a regular basis at a occupancy rate close to 100%, this type of scenario could turn from bad to worse for any incident commander, with or without a powerful AI tool. The challenges for the emergency medical services are compounded by the increasing frequency of overlap-

ping crises4. Climate change is exacerbating the severity and frequency of natural disasters, while geopolitical instability fuels armed conflicts and the threat of terrorism. These overlapping crises create a perfect storm, a perfect mix in a bad way, placing immense pressure on healthcare systems and emergency responders.

PREDICTIVE ANALYTICS

AND ANTICIPATING THE UNPREDICTABLE

One of the most promising applications of AI is in predictive analytics. This capability or feature works by analyzing historical data5 like weather patterns, and other relevant information. By doing this, AI algorithms can forecast the likelihood and potential impact of future disasters. This allows emergency responders to proactively allocate resources, pre-position medical supplies, and issue timely warnings to vulnerable populations. If this system of supply and demand were optimized, it would make the Amazon Fulfillment centers fade away by comparison.

For example, machine learning models can be trained to predict the

spread of infectious diseases following a natural disaster, enabling public health officials to implement targeted interventions and potentially preventing outbreaks. Similarly, AI can be used to analyze social media data and news reports to identify early signs of civil unrest6 or potential terrorist activity, allowing security agencies to take preemptive measures like allocating resources timely and directing the emergency response vehicles in areas where the main traffic arteries haven`t been affected by the incident.

MACHINE LEARNING AND THE USE CASE IN TRIAGE AND TREATMENT

Machine learning algorithms can also be used to improve triage and treatment in mass casualty incidents. By analyzing patient data, such as vital signs, injury patterns, and medical history, AI could rapidly prioritize patients based on their severity of illness or injury. This can help to ensure that the most critically injured patients receive immediate attention, maximizing the chances of survival. In the field, AI-powered diagnostic tools7 can assist paramedics in making accurate diagnoses and administering appropriate treatments. For example, AI-enabled ultrasound devices can be used to rapidly assess internal injuries or abdominal bleeding (a well-known risk factor in targeted vehicle ramming attacks), while AI-powered remote monitoring systems can track patients' vital signs8 and alert medical personnel to any changes in their condition thus changing the triage priority/ color.

CLIMATE CHANGE, WAR AND DISASTER MEDICINE

One thing that AI currently lacks is the ability to process the amount of information required to predict the actual effects of climate change. Extreme weather events, and prolonged droughts are displacing populations, damaging infrastructure, and increasing the risk of infectious disease outbreaks. Emergency responders must be prepared to manage mass casualty incidents in remote and inaccessible areas, often with limited resources.

The ongoing conflict in Ukraine9 has created in Europe a humanitarian crisis not seen since the end of the second world war, with millions of people displaced and healthcare systems under immense strain. Attacks on healthcare facilities, the use of chemical weapons, and the psychological trauma inflicted on civilians pose unprecedented challenges for the medical services. These consequences are often hard to predict and even with powerful AI tools, the lack of boots on the ground would mean that no healthcare worker would be there to act on a specific intel.

AI AS A FORCE MULTIPLIER OR JUST AN “ALEXA” FOR DISASTERS?

In the face of these challenges, AI can act as a potential force multiplier10, augmenting the capabilities of human responders. AI-powered drones (UAS)11 can be used to deliver medical supplies to remote areas, assess damage from natural disasters, and monitor the movement of displaced populations. AI-enabled

communication systems could facilitate coordination among responders from different agencies and organizations, ensuring a unified and effective response. Also, AI has already started to be integrated into national early warning systems12

THE BURDEN OF COMMAND AND ETHICAL CONSIDERATIONS

While AI offers tremendous potential, it is essential to address the ethical considerations surrounding its use in disaster medicine13. Issues such as data privacy, algorithmic bias, and the potential for over-reliance on technology must be carefully considered. Every single project and integration must be treated with care as outsourcing data analysis and the medical intelligence flow could bring a significant amount of risk. Looking ahead, on a positive note, the integration of AI into disaster medicine will continue to evolve. The private sector is exploring the use of AI in areas such as personalized medicine, telemedicine, rehabilitation, and long-term care for survivors. In the light of the events from the past three years, one thing is for sure, the medical wing of the disaster response must step up its capabilities14 to improve outcomes.

By definition, a disaster is a sudden and almost always unpredictable event. AI can help figuring out solutions to streamline the mitigation, preparedness, response and recovery to these events, assisting several stakeholders expecting the unexpected more effectively.

Tradução em Português IA E MEDICINA DE CATÁSTROFE –REVOLUCIONANDO A GESTÃO EM EVENTOS DE EXCEÇÃO

O potencial papel da IA (Inteligência Artificial) na resposta a emergências.

O campo da medicina de catástrofe está evoluindo rapidamente, impulsionado pelo aumento na frequência e na complexidade das crises. Desde catástrofes naturais devastadoras até à ameaça constante de incidentes relacionados com o terrorismo, os serviços de emergência médica enfrentam desafios sem precedentes. Um exemplo disso são os Estados Unidos1, país que, desde 1980, sofreu 403 catástrofes climáticas ou meteorológicas cujo prejuízo total atingiu ou superou 1 bilião US$ (ajustado ao IPC de 2024). O custo total desses 403 eventos ultrapassou 2,9 triliões US$. O continente mais afetado continua sendo a Ásia2, onde, segundo dados das Nações Unidas, mais de 2 milhões de pessoas – uma média de 43.000 por ano – morreram devido a desastres naturais na região Ásia-Pacífico desde 1970. Nesse contexto, a inteligência artificial (IA) está a surgir como uma ferramenta poderosa, oferecendo o potencial de revolucionar a resposta a catástrofes e melhorar a morbimortalidade das vítimas. Mas há um senão.

As aplicações da IA na medicina de catástrofe3 são diversas e abrangentes. Na sua essência, a IA destaca-se pelo processamento rápido de grandes volumes de dados, com diferentes graus de precisão (dependendo da ferramenta), permitindo que o comandante de operações de socorro tome decisões rápidas em

ambientes caóticos. O desafio está na formação inicial com conjuntos de dados. Contudo, as catástrofes continuam a ser um desafio até mesmo para grupos especializados de alta performance. As soluções potenciais apresentadas por um modelo podem não estar alinhadas à realidade de serviços de emergência sobrecarregados. Por outro lado, a capacidade da IA de processar grandes volumes de dados é particularmente valiosa diante de crises em simultâneo, onde múltiplas emergências podem ocorrer ao mesmo tempo, sobrecarregando os recursos e exigindo ações rápidas.

O AUMENTO DAS CRISES

SOBREPOSTAS

Imagine um incidente com múltiplas vítimas relacionado com terrorismo no auge da temporada de incêndios, sobreposto a um ataque cibernético randomware não relacionado ao hospital local. Com os hospitais na Europa operando regularmente com uma taxa de ocupação próxima a 100%, esse tipo de cenário poderia passar de mau para péssimo para qualquer comandante de operações de socorro, com ou sem uma poderosa ferramenta de IA.

Os desafios para os serviços de emergência médica são agravados pela crescente frequência de crises sobrepostas4. As mudanças climáticas estão exacerbando a gravidade e a frequência das catástrofes naturais, enquanto a instabilidade geopolítica alimenta conflitos armados e a ameaça de terrorismo. Essas crises sobrepostas criam uma tempestade perfeita, uma mistura perfeita de forma negativa, colocando imensa

pressão sobre os sistemas de saúde e os operacionais de emergência.

ANÁLISE PREDITIVA E ANTECIPANDO O IMPREVISÍVEL

Uma das aplicações mais promissoras da IA está na análise preditiva. Essa capacidade ou recurso funciona ao analisar dados históricos5, como padrões climáticos e outras informações relevantes. Ao fazer isso, os algoritmos de IA podem prever a probabilidade e o impacto potencial de futuros desastres. Isso permite que os operacionais de emergência aloquem recursos proativamente, posicionem antecipadamente recursos médicos e emitam alertas oportunos para populações vulneráveis. Se esse sistema de oferta e procura fosse otimizado, os centros de distribuição da Amazon pareceriam insignificantes em comparação. Por exemplo, modelos de aprendizagem de máquinas podem ser treinados para prever a propagação de doenças infeciosas após uma catástrofe natural, permitindo que as autoridades de saúde pública implementem intervenções direcionadas e, potencialmente, previnam surtos. Da mesma forma, a IA pode ser usada para analisar dados dos media sociais e relatórios de notícias para identificar sinais iniciais de inquietude civil6 ou potencial atividade terrorista, permitindo que as agências de segurança tomem medidas preventivas, como alocar recursos de forma oportuna e direcionar veículos de resposta a emergências para áreas onde as principais artérias de tráfego não foram afetadas pelo incidente.

APRENDIZAGEM DE APARELHOS

E O SEU USO EM TRIAGEM

E TRATAMENTO

Os algoritmos de aprendizagem de aparelhos também podem ser utilizados para melhorar a triagem e o tratamento em incidentes com múltiplas vítimas. Ao analisar dados de pacientes, como sinais vitais, padrões de lesões e anamnese a IA pode priorizar rapidamente as vítimas com base na gravidade da sua doença ou lesão. Isso pode ajudar a garantir que as vítimas mais gravemente feridas recebam atenção imediata, maximizando a probabilidade de sobrevivência.

No teatro de operações, ferramentas de diagnóstico baseadas em IA7 podem auxiliar os socorristas a fazer diagnósticos precisos e administrar tratamentos adequados. Por exemplo, dispositivos de ecografia habilitados para IA podem ser usados para avaliar rapidamente lesões internas ou hemorragias abdominais (um fator de risco bem conhecido em ataques de atropelamento direcionados), enquanto sistemas de monitorização remota habilitados por IA podem rastrear os

sinais vitais dos pacientes8 e alertar a equipa médica sobre quaisquer mudanças do seu estado, alterando assim a prioridade/cor da triagem.

MUDANÇA CLIMÁTICA, GUERRA E MEDICINA DE CATÁSTROFE

Uma coisa que a IA atualmente não possui é a capacidade de processar a quantidade de informações necessárias para prever os efeitos reais das mudanças climáticas. Eventos climáticos extremos e secas prolongadas estão deslocando as populações, danificando infraestruturas e aumentando o risco de surtos de doenças infecciosas. Os operacionais de emergência precisam estar preparados para gerir incidentes multivítimas em áreas remotas e inacessíveis, muitas vezes com recursos limitados.

O conflito contínuo na Ucrânia9 criou, na Europa, uma crise humanitária sem precedentes desde o fim da Segunda Guerra Mundial, com milhões de pessoas deslocadas e os sistemas de saúde sob imensa pressão. Ataques a estabelecimentos de saúde, o uso de armas químicas e

o trauma psicológico infligido aos civis representam desafios sem precedentes para os serviços médicos. Essas consequências frequentemente são difíceis de prever e, mesmo com ferramentas de IA poderosas, a falta de pessoal no terreno significaria que nenhum profissional de saúde estaria presente para agir com base em informações específicas.

IA COMO UM MULTIPLICADOR DE FORÇAS OU APENAS UMA “ALEXA” PARA CATÁSTROFES?

Diante desses desafios, a IA pode atuar como um potencial multiplicador de forças10, ampliando as capacidades dos operacionais humanos. Drones equipados com IA (UAS)11 podem ser usados para entregar equipamentos e recursos médicos a áreas remotas, avaliar os danos causados por catástrofes naturais e monitorizar o movimento de populações deslocadas. Sistemas de comunicação habilitados por IA poderiam facilitar a coordenação entre operacionais de diferentes agências e organizações, garantindo

uma resposta unificada e eficaz. Além disso, a IA já começou a ser integrada em sistemas nacionais de alerta precoce12

O DESAFIO DO COMANDO E CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Embora a IA ofereça um potencial enorme, é essencial abordar as considerações éticas relacionadas ao seu uso na medicina de catástrofe13 Questões como privacidade de dados, viés algorítmico e a possibilidade de dependência excessiva da tecnologia devem ser cuidadosamente analisadas. Cada projeto e integração devem ser tratados com cautela, pois a terceirização da análise de dados e do fluxo de inteligência médica pode trazer um risco significativo.

Olhando para o futuro, numa nota positiva, a integração da IA na medicina de catástrofe continuará a evoluir. O setor privado está a explorar o uso da IA em áreas como medicina personalizada, telemedicina, reabilitação e cuidados de longa duração para sobreviventes. À luz dos eventos dos últimos três anos, uma coisa é certa: a vertente médica da resposta a catástrofes precisa aprimorar as suas capacidades14 para melhorar os resultados. Por definição, a catástrofe é um acontecimento súbito, quase sempre imprevisível, a IA poderá ajudar a desvendar algumas soluções para agilizar a mitigação, preparação, resposta e recuperação a estes eventos, auxiliando os diversos agentes de proteção civil a esperar o inesperado de forma mais eficaz

BIBLIOGRAFIA

1. https://www.ncei.noaa.gov/access/billions/

2. https://reliefweb.int/report/world/factbox-asiapacific-worlds-most-disaster-prone-region

3. https://www.who.int/publications/i/ item/9789240066191

4. https://www.who.int/news-room/feature-stories/ detail/climate-change-and-health

5. https://www.undrr.org/news/harnessing-aidisaster-risk-reduction

6. https://www.usip.org/publications/2023/10/ using-ai-predict-and-prevent-violent-conflict

7. https://www.nih.gov/news-events/newsreleases/nih-launches-ai-initiative-improvediagnosis-treatment

8. https://www.acep.org/administration/ ems--disaster-planning/ai-in-ems/

9. https://www.unhcr.org/ukraine-emergency.html

10. https://www.fema.gov/blog/20230308/ how-artificial-intelligence-can-assist-emergencymanagers

11. https://emergency.copernicus.eu/mapping/ drones-emergency-response

12. https://www.noaa.gov/innovation/artificialintelligence

13. http://www.nuffieldbioethics.org/publications/ artificial-intelligence-in-healthcare-and-research

14. https://www.paho.org/en/topics/disaster-riskreduction

COMISSÃO CIENTÍFICA
REVISÃO
VERÓNICA AQUILINO Secretária-Geral do ECDM (European Council of Disaster Medicine). Formadora em Medicina de Catástrofe.
EDITORA

LIFESAVING TRENDS - INOVAÇÕES EM EMERGÊNCIA MÉDICA

PUPILOMETRIA DIGITAL: OS SMARTPHONES PODEM DIAGNOSTICAR TCE E AVC ANTES DE NÓS NO PRÉ-HOSPITALAR?

Francisca Morais Santos1

1Médica Interna do 2º ano de Formação Específica de Anestesiologia. Unidade Local de Saúde da Região de Leiria

RESUMO

Atualmente, a pupilometria digital é uma ferramenta promissora na avaliação neurológica de emergências médicas. Neste sentido, têm sido desenvolvidas aplicações de avaliação da pupilometria, compatíveis com smartphones, com eficácia comprovada no diagnóstico de traumatismo crânio-encefálico (TCE) e na distinção entre acidentes vasculares cerebrais (AVC) isquémicos e hemorrágicos. Assim, o presente artigo visa analisar alguns estudos publicados nos últimos dois anos, que corroboram o sucesso desta tecnologia na prática clínica.

SUMMARY

Currently, digital pupillometry is a promising tool in the neurological assessment of medical emergencies. Therefore, applications for pupillometry assessment, compatible with smartphones, have been developed, with proven efficacy in the diagnosis of traumatic brain injury (TBI) and in the differential between ischemic and hemorrhagic strokes. This article aims to review some studies published in the last two years, which corroborate the success of this technology in clinical practice.

INTRODUÇÃO

Perante a suspeita de um AVC/TCE é fulcral realizar um exame neurológico completo, sendo a avaliação do reflexo pupilar à luz parte integrante deste procedimento. Habitualmente, a avaliação deste reflexo é realizada manualmente com uma fonte de luz, estando por isso, dependente do operador, mas também pode ser realizada uma avaliação objetiva, com o uso de pupilómetros digitais. Embora a pupilometria não substitua exames de imagem, sabemos que existem padrões específicos de resposta pupilar que podem sugerir determinadas lesões1,2,3 O Índice Neuro-Pupilar (NPINeurological Pupil Index) é um parâmetro quantitativo utilizado na pupilometria digital para avaliar a função neurológica com base na resposta pupilar à luz que se revela promissor neste contexto1. Com a evolução tecnológica e o intuito de obter medições mais rápidas e objetivas, foram desenvolvidas aplicações de medição do reflexo pupilar, compatíveis com smartphones

Palavras-chave: Pupilometria Digital, Reflexo Pupilar à Luz, Traumatismo Crânio-encefálico, Acidente Vascular Cerebral, Aplicação, Smartphone, Emergência Médica.
Keywords: Digital Pupillometry, Pupillary Light Reflex, Traumatic Brain Injury, Stroke, Application, Smartphone, Medical Emergency.

PUPILOMETRIA DIGITAL:

EVIDÊNCIAS RECENTES

Estudos indicam que a avaliação da pupilometria digital através de smartphones pode ser uma alternativa viável aos pupilómetros tradicionais. McGrath et al. (2022)2 investigaram a eficácia desta tecnologia, utilizado curvas de análise do reflexo pupilar à luz, num estudo que envolveu 42 doentes saudáveis e 6 doentes com TCE. Com vista a diagnosticar rápida e eficazmente TCEs, têm sido desenvolvidos novos projetos tecnológicos, além da pupilometria. O Alinity i TBI3 consiste num estudo analítico desenvolvido pela Abbott que, perante a suspeita de TCE, deteta biomarcadores de lesão intracraniana. O Alinity i TBI foi aprovado na Europa e provou ter

capacidade para reduzir a necessidade de Tomografias

Computadorizadas, tornando o diagnóstico mais rápido e eficiente (Abbott, 2024).

ANÁLISE DE APLICAÇÕES DE

PUPILOMETRIA PARA O DIAGNÓSTICO DE TCE

Maxin et al. (2023) 1 estudaram a eficácia do PupilScreen , uma aplicação de pupillometria capaz de distinguir a presença/ausência de TCE. Os autores demonstraram que o PupilScreen tem um desempenho comparável ao da pupilometria NeurOptics NPi-200 , o que revela o seu potencial como ferramenta de diagnóstico em cenários de emergência.

Diagnóstico e distinção de AVCs através da associação da avaliação da pupilometria com a análise computadorizada de imagens

Outro estudo piloto elaborado por Maxin et al. (2024)4 avaliou a capacidade da associação entre a avaliação digital da pupilometria com smartphones com a análise computadorizada de imagens, no diagnóstico e diferenciação entre AVCs isquémicos e hemorrágicos. Os resultados revelaram que esta abordagem pode ser útil na identificação rápida e precisa do tipo de AVC, auxiliando na tomada de decisões clínicas.

As vantagens do recurso à avaliação da pupilometria através de smartphones são múltiplas destacando-se1,2,4:

• Acessibilidade em diversos

ambientes clínicos;

• Sensibilidade: permite detetar alterações subtis;

• Custo-benefício: as aplicações móveis são mais económicas do que os equipamentos tradicionalmente utilizados;

• Objetividade: A análise digital reduz a variabilidade de resultados entre operadores, melhorando a fiabilidade das avaliações neurológicas;

• Monitorização contínua: permite avaliar progressão da lesão ou resposta a tratamento. Contudo, desafios como a padronização das condições de iluminação e a calibração dos dispositivos móveis precisam de ser investigados e validados para garantir a precisão das medições.

IMPLICAÇÕES CLÍNICAS

A criação de aplicações móveis para a deteção de alterações no reflexo pupilar à luz é uma ferramenta útil no diagnóstico precoce de TCE e na distinção entre AVCs1,2,4. Assim, ao ser uma ferramenta útil no diagnóstico e tratamento precoces, na triagem neurológica, contribui para a diminuição da morbimortalidade nestes doentes.

CONCLUSÃO

A implementação de aplicações de pupilometria digital em smartphones na prática clínica representa um avanço significativo na avaliação neurológica de doentes com suspeita de TCE ou AVC.

Embora sejam necessários mais estudos para uniformizar a sua utilização e confirmar a precisão dessas ferramentas, a literatura atual demonstra um potencial promissor para aprimorar o diagnóstico e o tratamento de emergências neurológicas.

A integração de aplicações de pupilometria digital em smartphones na prática clínica representa um avanço significativo na avaliação neurológica de doentes com suspeita de TCE ou AVC. Embora seja necessária formação e padronização da sua utilização, garantindo a precisão dessas ferramentas, estudos atuais demonstram um potencial promissor para otimizar o diagnóstico e o tratamento de emergências neurológicas

BIBLIOGRAFIA

1. Maxin, A. J., Gulek, B. G., Lee, C., Lim, D., Mariakakis, A., Levitt, M. R., & McGrath, L. B. (2023). Validation of a smartphone pupillometry application in diagnosing severe traumatic brain injury. Journal of Neurotrauma, 40(19-20), 2118-2125. https://doi.org/10.1089/ neu.2022.0516

2. McGrath, L. B., Eaton, J., Abecassis, I. J., Maxin, A., & Kelly, C. (2022). Mobile smartphone-based digital pupillometry curves in the diagnosis of traumatic brain injury. Frontiers in Neuroscience, 16, 893711. https://doi.org/10.3389/ fnins.2022.893711

3. Abbott. (2024). Alinity i TBI: A CE marked blood test for mild traumatic brain injury. Recuperado em 20 de março de 2025, de https://www. corelaboratory.abbott/int/pt/offerings/segments/ neurology/mild-traumatic-brain-injury.html

4. Maxin, A. J., Gulek, B. G., Lim, D., Mariakakis, A., Abecassis, I. J., Levitt, M. R., & McGrath, L. B. (2024). Smartphone pupillometry with machine learning differentiates ischemic from hemorrhagic stroke: a pilot study. Journal of Biomedical Informatics, 145, 104631. https://doi. org/10.1016/j.jbi.2024.104631

LIFESAVING TRENDS - INOVAÇÕES
COMISSÃO CIENTÍFICA
REVISÃO
INÊS PORTELA Médica Anestesiologista, VMER
EDITORA

VAMOS PÔR O ECG NOS EIXOS

BLOQUEAR A TEMPERATURA

João Martins 1, Jorge Mimoso 1

de 12

de emergência e reanimação: Bradicardia sinusal extrema, com frequência cardíaca de 30 bpm e bloqueio auriculoventricular do 1º grau. Presença de onda J marcadamente elevada com supradesnivelamento do segmento ST de morfologia convexa e seguido de onda T em rampa descendente – sugestivo de ondas de Osborn.

Homem de 88 anos, invisual, parcialmente dependente nas atividades de vida diárias, com antecedentes pessoais de acidente vascular cerebral isquémico posterior, diabetes mellitus tipo 2 não controlada e

alcoolismo crónico. Assistido pela equipa médica pré-hospitalar, por quadro de prostração, com uma evolução inferior a 12 horas. À avaliação da equipa da viatura médica de emergência e reanimação, doente

desnutrido, hiporeativo e frio ao toque. Realizado eletrocardiograma de 12 derivações (ECG12d) onde se verificou bradicardia sinusal extrema e onda J elevada, sugestivo de onda de Osborn (Figura 1).

Palavras-Chave: Bradicardia, hipotermia, ondas de Osborn

Figura 1- Eletrocardiograma
derivações realizado pela viatura médica

Apesar de hemodinamicamente estável, verificou-se uma temperatura timpânica de 23,1ºC, o que confirmou o diagnóstico eletrocardiográfico de bradicardia por hipotermia extrema com presença de ondas de Osborn.

A abordagem inicial incidiu no aquecimento externo, bem como administração de solução salina aquecida, tendo o doente sido transferido para o serviço de urgência. À chegada ao departamento de urgência, doente com temperatura de 31ºC e à reavaliação do ECG12d mantinha bradicardia sinusal com as ondas de Osborn decritas previamente. Apesar das medidas de suporte com aquecimento externo, fluidoterapia aquecida, atropina e perfusão de isoprenalina, verificou-se evolução para paragem cardiorespiratória, não responsiva a manobras de suporte avançado de vida.

A presença de ondas de Osborn, definidas pela deflexão positiva do ponto “J” nas derivações precordiais e derivações dos membros, associada à deflexão negativa em aVR e V1, é um achado característico da hipotermia (tipicamente em Temperatura <30ºC), que deriva da diferença do potencial de ação entre o epicárdio e o endocárdio durante a fase inicial da repolarização ventricular. Estas representam um marcador eletrocardiográfico valioso, mas não exclusivo, da hipotermia. A rápida identificação e exclusão de outras condições como a hipercalemia, enfarte do miocárdio, cardiomiopatia de Takotsubo, miocardite, síndrome de Brugada, quadros neurológicos agudos (hipertensão intracraneana, hemorragia subaracnóidea) ou hipertrofia ventricular esquerda são essenciais para o correto diagnóstico.

A bradicardia é um achado comum na hipotermia que pode manifestar-se sob a forma de bradicardia sinusal, bloqueios auriculoventriculares, ritmos juncionais lentos e fibrilhação auricular com resposta ventricular lenta.

No contexto de hipotermia, a abordagem da bradicardia habitualmente não carece de intervenção farmacológica imediata, priorizando-se o reaquecimento como medida terapêutica fundamental, uma vez que o miocárdio hipotérmico é pouco responsivo à abordagem farmacológica, bem como à ação do pace externo.

A identificação precoce das alterações eletrocardiográficas associadas à hipotermia, especialmente das ondas de Osborn, e a implementação rápida de estratégias de reaquecimento e suporte avançado são

determinantes para o prognóstico favorável dos pacientes. A compreensão dos aspectos eletrofisiológicos e da abordagem clínica da hipotermia torna-se essencial para a prática médica no contexto de urgência/emergência

BIBLIOGRAFIA

1. Brown DJA, Brugger H, Boyd J, Paal P. Accidental hypothermia. N Engl J Med. 2012;367(20):1930–1938.

2. Osborn JJ. Experimental hypothermia: respiratory and blood pH changes in relation to cardiac function. Am J Physiol. 1953;175(3):389–398.

3. Vassallo SU, Delaney KA. Hypothermia: evaluation and management. Emerg Med Clin North Am. 2003;21(4):1029–1042.

4. Cadogan M. History of the Electrocardiogram. LITFL

5. Omar HR. The Osborn wave: what have we learned? Herz. 2016 Feb;41(1):48-56.

EDITOR

MIGUEL ESPIRITO SANTO Médico Interno de Formação Específica em Cardiologia ULS Algarve - Hospital de Faro
EDITOR
HUGO COSTA Assistente Hospitalar de Cardiologia, ULS Algarve - Unidade de Faro.

QUANDO A PELE FALA

Joana Lopo1, Ana Morgado1, Paula Nogueira1, Sara Duarte2, Ignacio Moreno3

1Interna de Formação Especifica de Medicina Interna, ULSAlgarve, Faro; 2Assistente Hospitalar de Medicina Interna, ULSAlgarve, Faro; 3Assistente Graduado Senior de Medicina Interna, ULSAlgarve, Faro

Homem de 57 anos, fumador (40 UMA) recorre ao Serviço de Urgência por perda ponderal de aproximadamente 10 Kg e poliartralgias com 6 meses de evolução. Ao exame objetivo encontrava-se sarcopénico, polipneico e com lesões cutâneas hiperqueratósicas, indolores, acastanhadas e de textura aveludada, nas palmas das mãos e dos pés, com uma semana de evolução. (Fig. 1 e 2)

QUAL O DIAGNÓSTICO MAIS PROVÁVEL?

A. Falta de higiene e cuidado pessoal

B. Psoríase em estado avançado

C. Acantose Nigricans maligna

D. Hiperqueratose

Fig 1. Lesões palmares
Fig 2. Lesões plantares

TEXTO EXPLICATIVO

Resposta correcta:

C) Acantose Nigricans maligna

A acantose nigricans (AN) é uma dermatose que se caracteriza por hiperqueratose em vários graus e hiperpigmentação, apresentando ao exame dermatológico um espessamento e escurecimento cutâneo com uma coloração variando do castanho escuro a acinzentado.1 A AN benigna é amplamente reconhecida e considerada como fator de risco de doença cardiovascular aterosclerótica. Entre os fatores de risco que podem levar a essa alteração na pele estão a obesidade, a hiperinsulinemia, diabetes mellitus tipo 2, síndrome de Cushing, e outras endocrinopatias. A AN maligna é rara e apresenta um início e disseminação rápida das lesões. É observada com maior frequência em pacientes idosos e não obesos.2 As características sugestivas de malignidade incluem uma evolução rápida das lesões cutâneas, lesões em locais atípicos, como mucosas, palmas das mãos ou plantas dos pés, idade avançada, baixo peso corporal e/ou ausência de fatores de risco tradicionais para AN, como resistência à insulina.3

As manifestações sistémicas das doenças, nas quais se incluem as cutâneas, podem direcionar a investigação clínica e levar a um diagnóstico mais célere, pelo que devem ser alvo de especial atenção na prática clínica

BIBLIOGRAFIA

1. Stuart CA, Pate CJ, Peters EJ. Prevalence of acanthosis nigricans in an unselected population. Am J Med. 1989;87(3):269-72. doi:10.1016/ s0002-9343(89)80149-4

A neoplasia mais comummente associada a acantose nigricans é o adenocarcinoma gástrico, seguido de outros tumores da cavidade abdominal e pulmões. Neste caso específico, a marcha diagnóstica revelou uma lesão no lobo inferior do pulmão esquerdo cuja biopsia posteriormente identificou como carcinoma de pequenas células.

2. Guhl Millán G, Arruabarrena Sánchez C, Escalante García L, Serrano Simarro P. Síndromes paraneoplásicos cutáneos. MED FAMSEMERGEN. 2004;30(10):506-513. doi:10.1016/ S1138-3593(04)74360-9.

3. Antônio da Silva J, Carvalho Mesquita K, Souza Machado Igreja AC, Rodrigues Naves Lucas IC, Ferreira Freitas A, Maximiano de Oliveira S, Carvalho Costa IM, Tenfuss Campbell I. Paraneoplastic cutaneous manifestations: concepts and updates. An Bras Dermatol. 2013;88(1):9-22. doi: 10.1590/s036505962013000100001.

CATARINA COSTA
Médica VMER. Médica Medicina Interna - ULS Algarve - Unidade de Faro
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COMISSÃO CIENTÍFICA
REVISÃO
Centro Académico de Investigação e Formação Biomédica do Algar ve

CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO – Novembro de 2022

1. Objectivo e âmbito

A Revista LIFESAVING SCIENTIFIC (LF Sci) é um órgão de publicação pertencente ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) e dedica-se à promoção da ciência médica pré-hospitalar, através de uma edição trimestral.

A LF Sci adopta a definição de liberdade editorial descrita pela World Association of Medical Editors, que entrega ao editor-chefe completa autoridade sobre o conteúdo editorial da revista. O CHUA, enquanto proprietário intelectual da LF Sci, não interfere no processo de avaliação, selecção, programação ou edição de qualquer manuscrito, atribuindo ao editorchefe total independência editorial.

A LF Sci rege-se pelas normas de edição biomédica elaboradas pela International Commitee of Medical Journal Editors e do Comittee on Publication Ethics

2. Informação Geral

A LF Sci não considera material que já foi publicado ou que se encontra a aguardar publicação em outras revistas.

As opiniões expressas e a exatidão científica dos artigos são da responsabilidade dos respetivos autores.

A LF Sci reserva-se o direito de publicar ou não os artigos submetidos, sem necessidade de justificação adicional.

A LF Sci reserva-se o direito de escolher o local de publicação na revista, de acordo com o interesse da mesma, sem necessidade de justificação adicional.

A LF Sci é uma revista gratuita, de livre acesso, disponível em https:// issuu.com/lifesaving. Não pode ser comercializada, sejam edições impressas ou virtuais, na parte ou no todo, sem autorização prévia do editor-chefe.

3. Direitos Editoriais

Os artigos aceites para publicação ficarão propriedade intelectual da LF Sci, que passa a detentora dos direitos, não podendo ser reproduzidos, em parte ou no todo, sem autorização do editor-chefe.

4. Critérios de Publicação

4.1 Critérios de publicação nas rúbricas

A LF Sci convida a comunidade científica à publicação de artigos originais em qualquer das categorias em que se desdobra, de acordo com os seguintes critérios de publicação:

Artigo Científico Original - Âmbito: apresentação de resultados sobre tema pertinente para atuação das equipas em contexto de emergência pré-hospitalar de adultos. Dimensão recomendada: 1500 a 4000 palavras.

Temas em Revisão

- Âmbito: Revisão extensa sobre tema pertinente para atuação das equipas em contexto de emergência pré-hospitalar de adultos.

Dimensão recomendada: 1500 a 3500 palavras.

Hot Topic

- Âmbito: Intrepretação de estudos clínicos, divulgação de inovações na área pré-hospitalar recentes ou contraditórias.

Dimensão recomendada: 1500 a 3500 palavras.

Rúbrica Pediátrica

- Âmbito: Revisão sobre tema pertinente para atuação das equipas em contexto de emergência pré-hospitalar no contexto pediátrico.

Dimensão recomendada: 1500 a 3500 palavras.

Casos Clínicos (Adulto)

- Âmbito: Casos clínicos que tenham interesse científico, relacionados com situações de

emergência em adultos. Dimensão recomendada: 1000 palavras.

Casos Clínicos (Pediatria)

- Âmbito: Casos clínicos que tenham interesse científico, em contexto de situações de emergência em idade pediátrica. Dimensão recomendada: 1000 palavras.

Casos Clínicos (Neonatalogia)

- Âmbito: Casos clínicos que tenham interesse científico, que reportem situações de emergência em idade neonatal. Dimensão recomendada: 1000 palavras.

LIFESAVING Trends - Inovações em Emergência Médica

- Âmbito: Artigo com estrutura de "Correspondência", privilegiando a divulgação de novidades tecnológicas, de dispositivos inovadores, ou de atualizações de equipamentos ou práticas atuais. Limite de Palavras: máximo 1500 palavras; Limite de tabelas e figuras:6

Imagem em Urgência e Emergência

- Âmbito/Objetivo: divulgar imagens-chave no diagnóstico e abordagens de patologias no âmbito da urgência e emergência. Podem ser obtidas através do exame físico, investigação básica ou estudo imagiológico. O consentimento informado escrito é requerido no caso em que a imagem contenha a face ou outro detalhe que permita identificar os intervenientes.

Estrutura do artigo: Título (que não deve conter o diagnóstico); autores e filiação; nota introdutória com descrição breve da imagem e/ou do seu contexto; 1 a 2 imagens; questão de escolha múltipla com 4 hipóteses (apenas uma resposta correta); texto explicativo da resposta correta com referência à literatura. Máximo de 300 palavras. Imagem: em formato .jpeg, com resolução original.

Bibliografia: máximo de 5 referências

4.2 Critérios gerais de publicação

O trabalho a publicar deverá ter no máximo 120 referências. Deverá ter no máximo 6 tabelas/figuras devidamente legendadas e referenciadas.

O trabalho a publicar deve ser acompanhado de no máximo 10 palavras-chave representativas. No que concerne a tabelas/figuras já publicadas é necessário a autorização de publicação por parte do detentor do copyright (autor ou editor). Os ficheiros deverão ser submetidos em alta resolução, 800 dpi mínimo para gráficos e 300 dpi mínimo para fotografias em formato JPEG (.Jpg), PDF (.pdf). As tabelas/figuras devem ser numeradas na ordem em que ocorrem no texto e enumeradas em numeração árabe e identificação.

No que concerne a casos clínicos é necessário fazer acompanhar o material a publicar com o consentimento informado do doente ou representante legal, se tal se aplicar.

No que concerne a trabalhos científicos que usem bases de dados de doentes de instituições é necessário fazer acompanhar o material a publicar do consentimento da comissão de ética da respetiva instituição. As submissões deverão ser encaminhadas para o e-mail: revistalifesaving@gmail.com

4.3 Critérios de publicação dos artigos científicos.

Na LIFESAVING SCIENTIFIC (LF Sci) podem ser publicados

Artigos Científicos Originais, Artigos de Revisão ou Casos Clínicos de acordo com a normas a seguir descritas.

Artigos Científicos

O texto submetido deverá apresentado com as seguintes secções: Título (português e inglês), Autores (primeiro nome, último nome, título, afiliação), Abstract (português e inglês), Palavras-chave (máximo 5), Introdução e Objetivos, Material e Métodos, Resultados, Discussão, Conclusão, Agradecimentos, Referências. O texto deve ser submetido com até 3 Take-home Messages que no total devem ter até 50 palavras. Não poderá exceder as 4.000 palavras, não contando Referências ou legendas de Tabelas e Figuras.

Pode-se fazer acompanhar de até 6 Figuras/Tabelas e de até 60 referências bibliográficas.

O resumo/ abstract não deve exceder as 250 palavras.

Se revisão sistemática ou meta-análise deverá seguir as PRISMA guidelines.

Se meta-análise de estudo observacionais deverá seguir as MOOSE guidelines e apresentar um protocolo completo do estudo.

Se estudo de precisão de diagnóstico, deverá seguir as STARD guidelines.

Se estudo observacional, siga as STROBE guidelines.

Se se trata da publicação de Guidelines Clínicas, siga GRADE guidelines.

Este tipo de trabalhos pode ter no máximo 6 autores.

Artigos de Revisão

O objetivo deste tipo de trabalhos é rever de forma aprofundada o que é conhecido sobre determinado tema de importância clínica.

Poderá contar com, no máximo, 3500 palavras, 4 tabelas/figuras, não mais de 50 referências.

O resumo (abstract) dos Artigos de Revisão segue as regras já descritas para os resumos (abstract) dos Artigos Científicos.

Este tipo de trabalho pode ter no máximo 5 autores.

Caso Clínico

Com este tipo de publicação pretende-se o relato de caso, ou séries de casos, que pela sua raridade, inovações diagnósticas, terapêuticas aplicadas ou resultados clínicos inesperados, seja digno de partilha com a comunidade científica.

Encoraja-se o uso da checklist das CARE Guidelines na organização do artigo.

O autor deverá possuir consentimento informado para publicação do caso. Instruções para os autores:

- Máximo de 4 autores (sem possibilidade de alterar ou acrescentar autores após submissão à revista)

- Subdivisão em Resumo, Relato de Caso, Discussão

- Resumo inferior a 150 palavras, acompanhado de até um máximo de 5 palavras chave, dirigido em português com tradução para inglês (Abstract/Keywords).

- Descrição do caso e discussão, até 1000 palavras, excluindo referências bibliográficas.

- As figuras ou tabelas deverão ser clinicamente relevantes e estar devidamente legendadas, com referência bibliográfica caso aplicável;

- Máximo de 10 referências bibliográficas, devendo cumprir as normas instituídas na revista.

Cartas ao Editor

- Objetivo: comentário/exposição referente a um artigo publicado nas últimas 4 edições da revista promovendo a discussão e visão crítica. Poderão ainda ser enviados observações, casuísticas particularmente interessantes de temáticas atuais que os autores desejem apresentar aos leitores de forma concisa.

- Instruções para os autores:

1. O corpo do artigo não deve ser subdividido; sem necessidade de resumo ou palavras-chave.

2. Deve contemplar entre 500 a 1000 palavras, excluindo referências, tabelas e figuras.

3. Apenas será aceite 1 figura e/ou 1 tabela.

4. Não serão aceites mais de 5 referências bibliográficas. Devendo cumprir as normas instituídas para revista.

5. Número máximo de autores são 4.

Breves Reflexões sobre a Emergência Médica Âmbito: artigo de reflexão/opinião, com a exposição de ideias e pontos de vista sobre tema no âmbito da emergência médica, do ponto de vista conceptual, podendo a argumentação do Autor convidado, ser baseada na sua experiência pessoal ou na citação de livros,

revistas, artigos publicados, entre outros recursos de pesquisa, devidamente assinalados no texto;

Estrutura do artigo: título, Autor(es) e afiliação; resumo e palavras-chave (facultativos), introdução, desenvolvimento, conclusão final, referências bibliográficas. Limite de palavras: 1500 Resumo (facultativo): máximo 100 palavras, em formato bilingue (português e inglês)

Palavras-chave: máximo 5 palavras chave, em formato bilingue (português e inglês)

Limite de tabelas e figuras: 3 Bibliografia: máximo 5 referências bibliográficas

“Vamos pôr o ECG nos eixos” - Âmbito: Análise e interpretação de traçados eletrocardiográficos clinicamente contextualizados - Formato: Título; Autores – máx. 2 autores (primeiro nome, último nome, título, afiliação); 2 palavras-chave; 1 imagem (ECG ou tira de ritmo, em formato JPEG com resolução original); Legenda explicativa com breve enquadramento clínico e interpretação do traçado (ritmo, frequência, alterações da despolarização ou repolarização pertinentes no contexto) – máx. 300 palavras; Referências bibliográficas.

5. Referências

Os autores são responsáveis pelo rigor das suas referências bibliográficas e pela sua correta citação no texto. Deverão ser sempre citadas as fontes originais publicadas. A citação deve ser registada empregando Norma de Vancouver.

6. Revisão por pares

A LF Sci segue um processo single-blind de revisão por pares (peer review).

Todos os artigos são inicialmente revistos pela equipa editorial nomeada pelo editor-chefe e caso não estejam em conformidade com os critérios de publicação poderão ser rejeitados antes do envio a revisores.

A aceitação final é da responsabilidade do editor-chefe. Os revisores são nomeados de acordo com a sua diferenciação em determinada área da ciência médica pelo editor-chefe, sem necessidade de justificação adicional.

Na avaliação os artigos poderão ser aceites para publicação sem alterações, aceites após modificações propostas pela equipa editorial ou recusados sem outra justificação.

7. Erratas e retrações

A LF Sci publica alterações, emendas ou retrações a artigos previamente publicados se, após publicação, forem detetados erros que prejudiquem a interpretação dos dados

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LIFESAVING Scientific Vol5 N2 by LIFESAVING - Issuu