

DIRETOR E EDITOR-CHEFE
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O QUE FAZER EM CASO DE André Abílio Rodrigues
CUIDAR DE NÓS
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DESIGN
Luis Gonçalves
PARCERIAS
Caríssimos leitores,
Sejam muito bem-vindos à 36.ª edição da Lifesaving!
Preparamos para si mais uma edição repleta de conteúdos relevantes, úteis e, acima de tudo, inspiradores — tanto para quem atua no pré-hospitalar como para todos os que procuram aprender mais sobre saúde e emergência.
Neste número, a Dr.ª Isabel Rodrigues traz-nos um “Minuto VMER” imperdível sobre analgesia no pré-hospitalar, uma leitura essencial para quem quer aliviar a dor... com conhecimento.
No universo desafiante das substâncias, a Dr.ª Mónica Fonseca e o Dr. Luís Costa abordam as intoxicações por digitálicos, enquanto a Dr.ª Catarina Monteiro mergulha no mundo da farmacologia, revisitando as aplicações da nitroglicerina, no sempre esclarecedor “Fármaco Revisitado”
Com os olhos postos na prevenção e no saber prático, o Enf. Abílio ensina-nos a montar o nosso próprio Kit de Emergência — uma leitura essencial em “O que fazer em caso de…”
Na secção mais reflexiva, o Enf. Nuno Ribeiro convida-nos a pensar sobre um tema atual e pertinente: o impacto da instabilidade política no pré-hospitalar, em mais uma instigante “Tertúlia Vmerista”
Em “Nós por cá”, destacamos o encerramento do apêndice auricular esquerdo na ULS
Algarve – Hospital de Faro, um procedimento inovador apresentado pela Enf.ª
Catarina Tavares.
Na rubrica da infografia, “Infosaving”, o Dr. Luís Costa guia-nos pela avaliação primária do doente crítico no pré-hospitalar — clara, visual e indispensável.
E porque também é importante cuidarmos de quem cuida, a Enf.ª Sílvia Labiza traz-nos uma reflexão poderosa sobre inteligência emocional nos profissionais de saúde, na inspiradora rubrica “Cuidar de Nós”
Encerramos com chave de ouro no nosso Journal Club, onde a Dr.ª Ana Rita Clara nos apresenta as mais recentes guidelines para o tratamento de síndromes coronários agudos — leitura obrigatória para os que querem estar sempre atualizados. Esperamos que desfrutem (e se inspirem) com esta edição, feita com rigor, dedicação e, como sempre, com muito coração. Boa leitura!
Bem hajam
MOMENTOS DE INSPIRAÇÃO
Pedro Lopes Silva CO-EDITOR-CHEFE Enfermeiro VMER pgsilva@chalgarve.min-saude.pt
“A sociedade tecnológica conseguiu multiplicar os momentos de prazer, mas teve muita dificuldade em gerar alegria”
Papa Francisco, S.J., nascido Jorge Mario Bergoglio 1936 - 2025
266.º Papa da Igreja Católica, Bispo de Roma e Soberano da Cidade do Vaticano de 13 de março de 2013 até à data da sua morte a 21 de abril de 2025.
MINUTO VMER
ANALGESIA EM AMBIENTE PRÉ-HOSPITALAR
INTOXICAÇÕES NO PRÉ-HOSPITALAR INTOXICAÇÃO POR DIGITÁLICOS
NÓS POR CÁ
ENCERRAMENTO PERCUTÂNEO DO APÊNDICE AURICULAR ESQUERDO NA ULS ALGARVE - HOSPITAL DE FARO
JOURNAL CLUB
INFOSAVING - A RUBRICA DE INFOGRAFIAS DA LIFESAVING. AVALIAÇÃO PRIMÁRIA DO DOENTE CRÍTICO NO PRÉ-HOSPITALAR
FÁRMACO REVISITADO NITROGLICERINA
O QUE FAZER EM CASO DE PRECISAR DE UM KIT DE EMERGÊNCIA
CUIDAR DE NÓS “INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE: A CHAVE PARA A NOSSA FECHADURA...UM CONTRIBUTO PARA A CONSTRUÇÃO DE EQUIPAS SÓLIDAS"
TERTÚLIA VMERISTA
UM PEDACINHO DE NÓS
ENTREVISTA A DR.ª DJAMILA NEVES
TESOURINHO VMERISTA + CONGRESSOS E CURSOS
PÁGINAS ABC
PÁGINAS APEMERG
BEST SITES
BEST APPS
SUGESTÕES DE LEITURA
CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO
ESTATUTO EDITORIAL
Moniz, J.1 ; Cordeiro, I.2
1Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil
2Unidade Local de Saúde de São José - Hospital de São José
A dor constitui uma experiência sensorial e emocional complexa, cuja avaliação é dificultada pela sua subjetividade. Representa um sintoma de elevada prevalência no contexto pré-hospitalar, sendo reportada em até 70% das ativações. Quando não adequadamente tratada, a dor pode contribuir para o agravamento do prognóstico, reforçando a importância do seu reconhecimento e controlo. Apesar da evidência ser escassa neste contexto, existe a necessidade de criação de orientações, uma vez que é subavaliada, subestimada e, por conseguinte, subtratada, estimandose que 30 a 50% dos casos não são tratados adequadamente. Deste modo é imperativo rever e otimizar as estratégias analgésicas disponíveis, com o objetivo de implementar uma abordagem sistematizada, eficaz e centrada no doente, num ambiente com recursos frequentemente limitados1
Na abordagem inicial do doente em ambiente pré-hospitalar a dor deve ser caracterizada usando as escalas à nossa disposição para que o tratamento seja personalizado. No doente
consciente e com capacidade de comunicar é mais frequente a utilização da escala visual analógica (EVA) ou a escala numérica (0-10). No doente inconsciente é mais provável que a dor passe despercebida, mas poderá ser avaliada utilizando a Behavioral Pain Scale (BPS). Na criança abaixo dos 7 anos, podemos ainda usar a escala de Face, Legs, Activity, Cry, Consolability (FLACC). Com base na avaliação devemos adotar uma estratégia analgésica apropriada, no entanto, a evidência parece mostrar que a avaliação da dor por si só motiva o seu tratamento, mas o esquema analgésico usado é independente da intensidade objetivada 2
O objetivo primordial será o tratamento da causa subjacente da dor. Quando a resolução não é possível, a dor deve ser abordada de forma multimodal, otimizando o controlo sintomático e minimizando os efeitos adversos. O tratamento eficaz da dor aguda, enquanto estímulo potencialmente adaptativo, contribui também para a prevenção da sua cronificação. A escada analgésica da Organização Mundial de Saúde é frequentemente usada
como referência para a abordagem da dor, ainda que, no contexto de situações urgentes, seja necessário iniciar o tratamento nos degraus superiores para obter rapidamente a resolução do sintoma2
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS
Apesar de subestimados, os métodos não farmacológicos devem ser a primeira linha, através de: (1) gestão da ansiedade, já que esta pode exponenciar a perceção dolorosa (2) minimização de fatores agravantes, através da redução e alinhamento de fraturas, arrefecimento de queimaduras, evicção de hipotermia e shivering, utilização de maca de vácuo em vez de plano duro, procura de um posicionamento anti-álgico. Estas medidas não só contribuem para uma avaliação mais fidedigna da dor, como possibilitam a redução da necessidade de terapêutica farmacológica.
Das opções farmacológicas, importa relembrar que no ambiente préhospitalar podemos não ter todos os fármacos - nem via de administração - à nossa disposição, sendo importante ter em mente formas menos convencionais de administração. Adicionalmente, nem
todos os agentes disponíveis apresentam um perfil farmacocinético compatível com as exigências do ambiente préhospitalar, onde serão preferíveis opções com ação mais rápida, duração curta, que interfiram de forma limitada com a restante fisiologia, mantendo a segurança do doente. As opções mais frequentemente disponíveis são: Analgésicos não opioides: como o paracetamol, metamizol e AINEs, são frequentemente os agentes de eleição na dor ligeira a moderada, apresentando um efeito poupador de opioides quando utilizados em dores mais intensas. Apesar da sua utilidade, apresentam um início de ação relativamente longo, pelo que a sua utilização não se deve estender isoladamente para lá da dor ligeira, sendo pouco utilizados neste contexto.
Opioides endovenosos: utilizados na dor moderada a severa. Os principais efeitos adversos prendem-se com a náusea e vómitos, prurido, sedação e depressão ventilatória. Apesar de, classicamente, ser a morfina o analgésico mais utilizado no ambiente pré-hospitalar, o fentanil surge como uma alternativa interessante, com início de ação mais rápido, duração mais curta, e menor incidência de náuseas e
vómitos, um dos efeitos mais indesejáveis desta classe farmacológica. O fentanil tem ainda a vantagem de ser facilmente administrado por praticamente todas as vias, destacando a via intranasal na pediatria.
Cetamina: em doses sub-hipnóticas, pode ser usada como analgésico potente, com ação mais rápida que a morfina, não sendo depressor da ventilação, nem do sistema cardiovascular. Deve-se considerar o risco de náuseas e vómitos, hipertensão e os efeitos psicotrópicos, mais prevalentes nos doentes mais idosos e que podem ser antagonizados com benzodiazepinas.
Gases: apesar de não estarem disponíveis no contexto português, são utilizados nalguns países europeus, com resultados positivos. São uma alternativa na ausência de acesso endovenoso no tratamento de curta duração da dor, moderada a intensa. Os agentes usados são o metoxiflurano ou protóxido de azoto, havendo poucos estudos que os comparam no ambiente pré e intra-hospitalar. Os principais efeitos adversos parecem ser a sonolência, náusea, tonturas, agravadas pelo movimento.
TAKE HOME MESSAGES
• A dor no pré-hospitalar é extremamente comum e negligenciada pelos profissionais sendo importante criar awareness para a sua importância;
• Apesar da dor ser subjetiva, devemos quantificá-la de forma objetiva, permitindo adaptar a nossa atuação ao doente;
• Medidas não farmacológicas são prioritárias, principalmente no doente consciente, já que a ansiedade é frequentemente fator agravante;
• Medidas farmacológicas devem ser escolhidas de acordo com a intensidade da dor, perfil de efeitos adversos e via de administração;
• Protocolos clínicos devem ser adaptados pelos diversos profissionais de forma a otimizar a abordagem pré-hospitalar
1. Hachimi-Idrissi, Saïd et al, Approaching acute pain in emergency settings; European Society for Emergency Medicine (EUSEM) guidelines-part 2: management and recommendations, Intern Emerg Med 2020 Oct;15(7):1141-1155.
2. Galinski, Mickel et al, Prevalence and management of acute pain in prehospital emergency medicine 2010 Jul-Sep;14(3):334-9.
João Nunes1, Sérgio Pina1, Carolina Oliveira1, Pilar Pérez1 1Serviço de Medicina Intensiva 1 – ULS do Algarve – Hospital de Faro
INTRODUÇÃO
A digoxina é um digitálico (ou glicosídeo cardíaco) utilizado no tratamento de insuficiência cardíaca congestiva e fibrilação ou flutter auricular. Apesar de ser um fármaco antigo, atualmente ainda é utilizado. Possui uma janela terapêutica estreita, o que exige monitorização e atenção para evitar toxicidade. A intoxicação digitálica, embora menos frequente do que no passado, continua a ser um problema significativo e potencialmente fatal. Doses superiores a 10mg no adulto são tóxicas e o doseamento sérico >10ng/mL pode resultar em paragem cardiorrespiratória.
FISIOPATOLOGIA
E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
A digoxina atua inibindo a bomba de sódio-potássio ATPase nos miócitos, aumentando o sódio intracelular e, consequentemente, o cálcio, o que aumenta a contratilidade miocárdica (efeito inotrópico positivo). Além disso, estimula o nervo vago, diminuindo a condução nos nódulos sino-auricular e auriculoventricular (efeito cronotrópico negativo). Tem como forma de administração a oral e a endovenosa. O efeito de primeira passagem (quando por via oral) é
relativamente limitado tendo o fármaco uma alta biodisponibilidade de cerca de 60 a 80%. Cerca de 25% liga-se à albumina sérica. A excreção é renal, com uma semivida de 1,5 a 2 dias em doentes com função renal preservada.1
A toxicidade pode ocorrer por sobredosagem aguda ou, mais frequentemente, por toxicidade crónica devido à diminuição da clearance renal. A hipocaliemia e a hipercalcemia aumentam a probabilidade de toxicidade, assim como interações medicamentosas. As manifestações clínicas de toxicidade são inespecíficas, incluem sintomas gastrointestinais (anorexia, náuseas, vómitos), neurológicos (cefaleias, fadiga, desorientação, confusão) e visuais (visão turva, halos coloridos, alterações na perceção de cores). As manifestações cardíacas são as mais graves, incluindo arritmias como bradicardia, taquicardia, bloqueios AV e extrassístoles. No ECG é comum o bloqueio auriculoventricular de 1º grau com extrassístoles frequentes, bigeminismo, taquicardia supraventricular com bloqueio e outras arritmias.1
O diagnóstico é feito clinicamente e baseia-se na suspeita de exposição, características clínicas e/ou manifestações no ECG.
Concentrações isoladas elevadas de digoxina no sangue podem confirmar a exposição, mas não se correlacionam de forma consistente com as manifestações clínicas de toxicidade. O intervalo terapêutico da digoxina sérica é de 0,8 a 2 ng/mL (1 a 2,6 nmol/L).2
O tratamento é maioritariamente de suporte. A abordagem inicial deve seguir o protocolo ABCDE, com particular atenção à avaliação da via aérea, ventilação e circulação (com realização de ECG e monitorização contínua do ritmo cardíaco).
Nos doentes com história de intoxicação que cheguem ao serviço de urgência até 2 horas após ingestão, e cujo nível de consciência o permita, deve efetuar-se descontaminação com carvão ativado.
Tanto a bradicardia, que pode ser tratada com atropina (0,5mg), como a hipotensão arterial, que pode ter como causa subjacente uma disritmia, devem ser abordadas.
Considerar fluidoterapia cristaloide (sobretudo se suspeita de hipovolémia), e se refratária adicionar terapêutica vasopressora alfaadrenérgica (como noradrenalina). Em presença de insuficiência cardíaca ou renal, o uso de fluidos deverá ser parcimonioso.
A hipercalemia deve ser gerida com base na sua causa: se resulta da própria toxicidade da digoxina (o que ocorre geralmente nos casos de intoxicação aguda) ou de uma causa subjacente (característico dos casos de toxicidade crónica). Na toxicidade aguda a hipercalemia é um marcador de gravidade e correlaciona-se com o risco de morte ao refletir o grau de inibição da bomba Na-K-ATPase.
Após o tratamento com fragmentos Fab específicos para a digoxina, a hipercalemia corrige-se rapidamente à medida que a bomba retorna à sua função, assim o tratamento agressivo prévio para baixar os valores de potássio pode causar hipocalemia significativa após administração do antídoto. Nos casos em que a hipercalemia for de causa crónica, e houver indicação para tal, esta deve ser tratada com resinas, bicarbonato e insulina/glicose.
Os anticorpos Fab antidigoxina tem indicação nas disritmias graves ameaçadoras da vida, evidência de disfunção de órgão ou hipercalemia. De uma forma prática, no adulto, 20 ampolas de 40mg são normalmente indicadas para intoxicações com risco de vida. As técnicas dialíticas não são eficazes na diminuição dos níveis séricos do fármaco.2,3
• As manifestações clínicas da intoxicação por digitálicos incluem alterações neurológicas, cardiovasculares e visuais;
• As medidas de suporte são fundamentais e podem incluir fluidoterapia cristaloide e/ou vasopressores:
• Se a ingestão do tóxico não superar as 2 horas, deverá ser considerada a descontaminação com carvão ativado;
• O antídoto específico (anticorpo Fab antidigoxina) é o principal tratamento em casos de intoxicação grave
1. Patocka J, Nepovimova E, Wu W, Kuca K. Digoxin: Pharmacology and toxicology-A review. Environ Toxicol Pharmacol. 2020 Oct;79:103400. doi: 10.1016/j.etap.2020.103400. Epub 2020 May 7.
PMID: 32464466.
2. Andrews P, Anseeuw K, Kotecha D, Lapostolle F, Thanacoody R. Diagnosis and practical management of digoxin toxicity: a narrative review and consensus. Eur J Emerg Med. 2023 Dec 1;30(6):395-401. doi: 10.1097/
MEJ.0000000000001065. Epub 2023 Aug 25.
PMID: 37650725; PMCID: PMC10599802.
3. Cummings ED, Swoboda HD. Digoxin Toxicity. [Updated 2023 Mar 4]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2025 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih. gov/books/NBK470568/
Salomé Gonçalves1, Silvia Firmino2, Sónia Lopes3
1
Enfermeira Especialista MC, Serviço de Cardiologia
2Enfermeira Gestora, Serviço de Cardiologia, 3Enfermeira,
Serviço de Cardiologia
O Apêndice Auricular Esquerdo (AAE) é uma estrutura anatómica localizada na aurícula esquerda, onde o fluxo sanguíneo pode ser mais lento, especialmente na presença de fibrilhação auricular (FA), favorecendo a estase e a formação de trombos, associando-se assim a um aumento significativo do risco de acidente vascular cerebral (AVC) isquémico.
Sabe-se que a anticoagulação oral (ACO) é a estratégia padrão para prevenir eventos tromboembólicos, contudo pode ser contraindicada em pacientes com elevado risco hemorrágico ou intolerância/incumprimento terapêutico. Nesses casos, o encerramento percutâneo do AAE com o objetivo de eliminar o principal foco de trombogénese, surge como uma alternativa eficaz e segura1
Segundo o consenso internacional, o encerramento do AAE está indicado em utentes com FA não valvular, risco elevado de AVC (CHA2DS2-VASc elevado), contraindicação à ACO (ex: hemorragia intracraniana prévia) e eventos tromboembólicos apesar de ACO adequada2
O encerramento do AAE é realizado por via percutânea, com punção venosa femoral e acesso transeptal à aurícula esquerda. São utilizados
dispositivos cardíacos que são posicionados no orifício do AAE para ocluir a comunicação com a aurícula3. De salientar que é possível também encerrar o AAE cirurgicamente, quando o utente é submetido a cirurgia cardíaca por outra causa e tem FA conhecida4
O procedimento é geralmente realizado sob anestesia geral, com monitorização por ecocardiografia transesofágica (ETE) para guiar a implantação e confirmar a oclusão adequada3. Em alternativa, poderá ser utilizada a ecografia intracardíaca (ICE), envolvendo assim menos riscos para o utente5
As complicações possíveis são, rotura cardíaca, derrame pericárdico,
trombose do dispositivo, embolização e fugas peri-dispositivo. No entanto, estas são cada vez mais raras com os novos dispositivos2
Na ULS Algarve - Hospital de Faro, o desenvolvimento da intervenção estrutural em cardiologia foi assumido como prioridade estratégica. O encerramento do AAE tornou-se um marco na autonomia técnica da instituição, reduzindo a dependência de centros de referência e aumentando o acesso da população local a cuidados diferenciados.
A operacionalização do projeto exigiu investimento em logística, formação de recursos humanos e articulação interdepartamental. A referenciação dos utentes é coordenada entre
especialidades como a Cardiologia, Neurologia, Medicina Interna, Neurocirurgia, Nefrologia e a Gastrenterologia.
Na seleção dos utentes, são considerados diversos fatores clínicos e prognósticos, nomeadamente o estado geral do utente, a expectativa de vida, comorbilidades, o risco trombótico e o risco hemorrágico. Esta avaliação multidimensional permite determinar a elegibilidade para o procedimento de acordo com os critérios estabelecidos pelas mais recentes recomendações internacionais.
Os utentes que reúnem os critérios de inclusão são posteriormente convocados para consulta de cardiologia, onde lhes é apresentada a proposta terapêutica, realizada a explicação detalhada do procedimento e discutida a relação risco-benefício de forma individualizada e informada, respeitando os princípios da decisão partilhada.
A média etária dos utentes selecionados situa-se entre os 75-80 anos e a lista de espera conta com menos de 5 utentes.
No que respeita aos meios complementares de diagnóstico, todos os candidatos são submetidos a avaliação ecocardiográfica transtorácica e a estudo analítico pré-operatório completo. Adicionalmente, realiza-se angiografia por tomografia computorizada cardíaca para caracterização anatómica do AAE e exclusão de trombo, com o objetivo de planear o procedimento e selecionar o dispositivo de oclusão mais adequado à morfologia individual do apêndice. O encerramento do AAE decorre no laboratório de hemodinâmica e
cardiologia de intervenção (LHCI), localizado no 8.º piso, onde são agendados, no máximo, dois casos por dia. A equipa multidisciplinar é composta por cardiologista de intervenção, enfermeiro, cardiopneumologista e técnico auxiliar de saúde. O anestesiologista, cardiologista e cardiopneumologista adicionais são necessários quando se recorre a ETE. O primeiro encerramento ocorreu no segundo semestre de 2022, com 4 casos nesse ano. Em 2023 foram realizados 11 procedimentos e em 2024 outros 12, dos quais dois com ICE. Em 2025, já foram realizados 6 procedimentos, todos com ICE, totalizando 33 casos. Uma complicação major foi registada (tamponamento cardíaco resolvido no LHCI com pericardiocentese emergente e posterior internamento na unidade de cuidados intensivos coronários).
Após o procedimento e sem complicações significativas, o utente permanece no recobro do serviço de
cardiologia, sob vigilância tendo alta clínica no dia seguinte.
Estes utentes realizam, habitualmente, a sua primeira consulta de cardiologia 3 meses após o procedimento, sendo agendada uma segunda e última avaliação presencial ao final de um ano, salvo intercorrências clínicas que justifiquem reavaliações adicionais.
Apesar de esta abordagem terapêutica estar implementada na instituição desde 2022, a equipa multidisciplinar responsável pela sua operacionalização tem vindo a proceder à avaliação contínua dos resultados e da experiência assistencial. No sentido de otimizar os cuidados prestados e promover a vigilância pós-procedimento, encontra-se em desenvolvimento a implementação de um programa estruturado de follow-up telefónico. Este acompanhamento remoto visa o despiste precoce de potenciais complicações, o esclarecimento de dúvidas e o reforço da
proximidade e comunicação entre a equipa assistencial e o utente, potenciando a segurança clínica e a humanização dos cuidados. Paralelamente, está igualmente prevista a elaboração e disponibilização de um folheto informativo, devidamente validado, contendo instruções e orientações práticas sobre os cuidados pré-procedimento, intra-procedimento e pós-procedimento, contribuindo para a literacia em saúde dos utentes e para a uniformização das boas práticas clínicas
BIBLIOGRAFIA
1. Nagasaka, T., & Nakamura, M. (2023). Left atrial appendage closure: A narrative review. Cardiology and Therapy, 12(4), 615–635. DOI: https://doi. org/10.1007/s40119-023-00337-2
2. Potpara, T., Grygier, M., Häusler, K. G., Nielsen-Kudsk, J. E., Berti, S., Genovesi, S., ... & Camm, A. J. (2024). Practical guide on left atrial appendage closure for the non implanting physician: an international consensus paper. Europace, 26, euae035. DOI: https://doi.
org/10.1093/europace/euae035
3. Cimmino, G., Loffredo, F. S., Gallinoro, E., Prozzo, D., Fabiani, D., Cante, L., Salerno, G., Cappelli Bigazzi, M., & Golino, P. (2021). Percutaneous left atrial appendage occlusion: An emerging option in patients with atrial fibrillation at high risk of bleeding. Medicina, 57(5), 444. DOI: https://doi. org/10.3390/medicina57050444
4. Whitlock, R. P., Belley-Côté, E. P., Paparella, D., Healey, J. S., Brady, K., Sharma, M., Reents, W., Budera, P., Baddour, A. J., Fila, P., Devereaux, P. J., Bogachev-Prokophiev, A., Boening, A., Teoh, K. H. T., Tagarakis, G. I., Slaughter, M. S., Royse, A. G., McGuinness, S., Alings, M., ... Connolly, S. J. (2021). Left atrial appendage occlusion during cardiac surgery to prevent stroke. The New England Journal of Medicine, 384(22), 2081–2091. DOI: https://doi.org/10.1056/NEJMoa2101897
5. Reis, L., Gonçalves, H., Costa, M., João, I., Ferreira, M., Gaspar, A., Silva, F., Antunes, A., Costa, G., Martins, A. P., & Caeiro, D. (2018). Registo de encerramento percutâneo do apêndice auricular esquerdo e experiência inicial com ecografia intracardíaca. Revista Portuguesa de Cardiologia, 37(5), 381–389. DOI: https://doi.org/10.1016/j. repc.2017.05.007
1Médica de Medicina Intensiva, UCI CR-ECMO, Unidade Local
https://orcid.org/0000-0002-5587-0842
INTRODUÇÃO
Desde 1980 que o Colégio Americano de Cardiologia e a Associação Americana de Cardiologia trazem-nos a melhor evidência científica em guidelines de prática clínica com recomendações por forma a melhorar a abordagem cardiovascular dos doentes.
A 27 de fevereiro de 2025 foram publicadas as novas orientações conjuntas para abordagem do doente com Síndrome Coronário Agudo (SCA), onde que engloba a avaliação pré-hospitalar e as considerações em caso de suspeita de síndrome coronário agudo.
Este journal club traz uma revisão da publicação da task force relativa ao SCA e ao choque cardiogénico.
Os SCA são tipicamente provocados pela ruptura ou erosão de uma placa aterosclerótica instável da artéria coronária com trombose associada, parcial ou completa, e/ou microêmbolos, resultando numa diminuição do fluxo sanguíneo para o miocárdio e subsequente isquémia miocárdica (Figura 1).2,3
Os SCA incluem 3 condições clínicas relacionadas que existem ao longo de um contínuo de gravidade: (1) angina instável, (2) enfarte do miocárdio sem elevação do segmento ST (NSTEMI) e (3) enfarte do miocárdio (EAM) com elevação do segmento ST (STEMI). O diagnóstico inicial e a classificação do SCA devem ser baseados na história
clínica e sintomatologia, na interpretação do ECG (Tabela 3) e na avaliação da troponina cardíaca (cTn).
A angina instável é definida por isquémia miocárdica transitória que leva a uma diminuição do fluxo na ausência de mionecrose significativa detectada pela troponina circulante. Em contraste, os doentes com isquémia miocárdica mais prolongada ou grave são diagnosticados com EAM e apresentam biomarcadores elevados de mionecrose. Os doentes com NSTEMI podem ter uma artéria
coronária parcialmente ocluída, levando a isquémia subendocárdica, enquanto os doentes com STEMI apresentam frequentemente um vaso completamente ocluído, levando a isquémia miocárdica transmural e enfarte (Figura 2).4,5
A acumulação progressiva de lípidos e a inflamação no interior de uma placa aterosclerótica podem levar à instabilidade da placa.2 A ruptura da placa aterosclerótica e a exposição do conteúdo da placa à circulação podem culminar na activação da cascata de coagulação e
subsequente trombose. A presença de trombo pode comprometer o fluxo para o miocárdio, levando a isquémia miocárdica e eventual mionecrose. Uma vez que o início precoce da terapêutica é fundamental para os doentes com SCA, é necessário um elevado índice de suspeição para aqueles que apresentam sinais e sintomas que podem ser consistentes com isquémia miocárdica.
A fisiopatologia do SCA pode ser dinâmica e, consequentemente, os doentes podem progredir
ECG com isquémia
Outras alterações no ECG
Depressão do segmento ST horizontal ou descendente, nova ou presumivelmente nova, geralmente dinâmica, ≥0,5 mm em ≥2 derivações contíguas e/ou inversão da onda T >1 mm em ≥2 derivações contíguas com onda R proeminente ou relação R/S >1 ou elevação transitória do segmento ST.
Alterações inespecíficas do segmento ST ou da onda T ou ECG normal. A ausência de evidência eletrocardiográfica de isquémia não exclui a SCA.
Tabela 1. Adaptado de Rao SV et al. Interpretação electrocardiográfica dos doentes com suspeita de SCA.
rapidamente de uma condição clínica (por exemplo, angina instável, NSTEMI, STEMI) para outra durante o curso da sua apresentação, avaliação e tratamento iniciais.
Outras causas menos comuns de isquémia miocárdica, entre outros, incluem o espasmo da artéria coronária, a embolia e a dissecção.5
Esta guideline foca-se no tratamento agudo do SCA. A sua definição encontra-se na tabela 1.4
Os doentes com SCA apresentam maior risco de complicações cardiovasculares agudas, muito antes da admissão hospitalar. Com uma gestão adequada o risco pode ser atenuado; no entanto, os doentes permanecem com um risco aumentado de eventos cardiovasculares recorrentes durante vários meses a anos após SCA.6 Isto pode estar relacionado, em parte, com o ambiente inflamatório agudo
Elevação nova ou presumível do ST de ≥1 mm em ≥2 derivações anatomicamente contíguas (medidas no ponto J) em todas as derivações, exceto V2-V3, e ≥2 mm em homens ≥40 anos, ≥2,5 mm em homens <40 anos e ≥1,5 mm em mulheres, independentemente da idade, nas derivações V2-V3.
As derivações posteriores (V7-V9) devem ser obtidas em doentes com suspeita de oclusão circunflexa esquerda, particularmente no contexto de depressão isolada do segmento ST ≥0,5 mm nas derivações V1-V3.
que existe após o SCA e que pode contribuir para um risco elevado de eventos recorrentes.
Abordagem pré-hospitalar
A abordagem pré-hospitalar rápida e coordenada desempenha um papel fundamental no tratamento dos doentes com suspeita de SCA. Os doentes com suspeita de SCA devem ser transportados para o serviço de urgência (SU) pelos serviços de emergência médica (SEM)7 e não em meio de transporte particular/próprio. O transporte por SEM permitem a avaliação, a monitorização e o tratamento de condições potencialmente fatais, como arritmias ou paragem cardiorespiratória, durante o transporte para o SU. Em caso de suspeita de SCA, deve obter-se uma história clínica,
parâmetros vitais e um ECG de 12 derivações, o mais precoce quanto possível, abordando o doente de acordo com a presença ou ausência de elevação do segmento ST (ou equivalente de suspeição).
Sempre que possível, os traçados eletrocardiográficos devem ser transmitidos ao centro de hemodinâmica durante o percurso, mesmo após discussão, para ajudar a agilizar a estratégia de reperfusão coronária à chegada.
Uma vez que os doentes com SCA e evidência de insuficiência cardíaca (IC), arritmias ventriculares ou choque cardiogénico no ambiente préhospitalar apresentam maior risco de morte, a identificação destas complicações é importante, com transporte subsequente destes doentes para uma unidade com capacidade para intervenção coronária percutânea (ICP), quando possível.
Nos doentes cujo ECG inicial não é diagnóstico, devem ser realizados ECG seriados durante o transporte para o hospital, especialmente quando existe elevada suspeita clínica de choque cardiogénico, os sintomas isquémicos são persistentes ou a condição clínica agrava-se.4,5 A aquisição de ECG subsequentes não deve atrasar o transporte para o hospital. Um segundo e/ou terceiro ECG durante o transporte pode identificar até 15% de casos adicionais de STEMI não presentes no primeiro ECG.4
As derivações posteriores do ECG (V7-V9) devem ser utilizadas em doentes com sintomas contínuos e ECG não diagnóstico e nos doentes com depressão do segmento ST nas derivações V1-V3, para avaliar a elevação do segmento ST nas derivações posteriores, o que pode indicar um STEMI posterior. A intervenção coronária percutânea primária é o método de reperfusão gold standard para doentes com STEMI.8 A reperfusão rápida da artéria ocluída melhora a perfusão miocárdica e aumenta a sobrevida.9,10 Cada 30 minutos de atraso na ICP associa-se a um aumento do risco relativo de mortalidade a 1 ano em 7,5%.9
Os doentes com identificação pré-hospitalar de STEMI devem ser preferencialmente transportados para um hospital com capacidade para ICP com um objectivo de tempo 1º contacto médico-1º dispositivo de ≤90 minutos. Para os doentes que são transportados directamente para o hospital por SEM, o objectivo de tempo para tratamento é definido como o 1º contacto médico por SEM até à reperfusão coronária. A
transferência directa para uma unidade com capacidade para ICP foi associada a tempos de reperfusão mais curtos e menor mortalidade em comparação com o transporte para o hospital mais próximo sem capacidade para ICP.11
Em ambientes pré-hospitalares onde um objectivo de 1º contacto médico1º dispositivo de ≤90 minutos não é viável em caso de STEMI, o transporte directo para um hospital com capacidade para ICP pode ser considerado se o tempo previsto for ≤120 minutos.
Terapêutica médica standard
1) Recomendações de oxigenoterapia: Em doentes com SCA e hipoxia confirmada (saturação de oxigénio <90%), recomenda-se oxigénio suplementar para aumentar a saturação de oxigénio para ≥90% para melhorar o fornecimento de oxigénio do miocárdio e diminuir os sintomas anginosos.
2) Analgesia: O alívio rápido e eficaz da dor continua a ser um objectivo importante do tratamento para prevenir a activação simpática e as sequelas clínicas adversas (Tabela 2). As terapêuticas analgésicas podem proporcionar alívio sintomático, mas não demonstraram melhorar os resultados clínicos em doentes com SCA.12,13
3) Tratamento anti-agregante: Em doentes com SCA, recomenda-se uma dose de carga de aspirina (162-325 mg) para reduzir a mortalidade e o Major Adverse Cardiovascular Events (MACE). Em doentes com SCA, deve ser administrado um inibidor oral de P2Y12 (ticagrelor, cangrelor,
prasugrel, clopidrogrel) para além da aspirina para reduzir o MACE.
4) Anticoagulação: A anticoagulação parentérica é recomendada para todos os doentes com SCA, independentemente da estratégia de tratamento inicial, para tratar o processo fisiopatológico subjacente (aterotrombose coronária) e reduzir o risco de MACE recorrente. Fica ao critério de cada centro ICP a administração pré-hospitalar de heparina pré-procedimento.
Organização regional O objectivo da optimização dos resultados após o STEMI depende não só do seu tratamento eficaz, mas também da perfeita comunicação e coordenação dos cuidados entre as equipas que prestam cuidados ao doente. Cada comunidade deve, portanto, garantir uma resposta coordenada a cada doente com STEMI, independentemente da localização física na apresentação, para ajudar a minimizar o tempo total de isquémia. A criação e manutenção de sistemas de tratamento de STEMI bem-sucedidos exigem um mapeamento detalhado do tratamento para todas as rotas possíveis através das quais um doente com STEMI pode apresentarse para diagnóstico e receber terapêutica de reperfusão definitiva em instalações com e sem capacidade de PCI, bem como acesso a cuidados cirúrgicos cardíacos e outras modalidades de tratamento avançadas.
Em doentes com STEMI que se apresentem <12 horas após o início dos sintomas, a ICP deve ser realizada com um objectivo de 1º
Nitroglicerina Sublingual
Nitroglicerina IV
0,3-0,4mg a cada 5min se necessário no total de 3 tomas
Começar com 10 μg/min e aumentar gradualmente até ao alívio da dor e de acordo com a tolerância hemodinâmica.
Utilização em doentes hemodinamicamente estáveis com PAS ≥90 mm Hg.
Considerar para dor anginosa persistente após terapêutica com nitratos orais ou se a SCA for acompanhada de hipertensão ou edema pulmonar. Evitar a utilização em caso de suspeita de enfarte do VD, PAS <90 mm Hg ou alteração da PAS >30 mm Hg abaixo do valor basal. A taquifilaxia pode ocorrer após aproximadamente 24 h.
Morfina IV
contacto médico-activação de dispositivo de ≤90 minutos, ou ≤120 minutos em doentes que requerem transferência hospitalar, para melhorar a sobrevivência. (Figura 3.)
Em doentes com STEMI que se apresentam 12 a 24 horas após o início dos sintomas, a ICP é razoável para melhorar os resultados clínicos.
Em doentes com STEMI que se apresentam > 24 horas após o início dos sintomas com a presença de isquémia contínua ou arritmia com risco de vida, o ICP é razoável para melhorar os resultados clínicos.
2-4 mg; pode repetir se necessário a cada 5-15 minutos. Doses até 10 mg podem ser consideradas.
25-50 mcg; pode repetir se necessário. Doses até 100 μg podem ser consideradas.
Utilizar para alívio da dor resistente a outros medicamentos anti-isquémicos tolerados ao máximo. Pode atrasar os efeitos da terapêutica oral com P2Y12. Vigiar de perto os efeitos adversos.
Utilizar para alívio da dor resistente a outros medicamentos anti-isquémicos tolerados ao máximo. Pode atrasar os efeitos da terapêutica oral com P2Y12.8 Vigiar de perto os efeitos adversos.
Uma grande proporção de doentes em todo o mundo vive a >1 hora de carro de um hospital com capacidade para ICP. Nestas regiões, a transferência para centros ICP é recomendada se a activação do dispositivo puder ser razoavelmente prevista para ocorrer em <2 horas após o 1º contacto médico. Se tal não puder ser alcançado e os sintomas estiverem presentes durante menos de 12 horas, recomenda-se a terapêutica fibrinolítica para reduzir o risco de MACE recorrente.
Exemplo: Alteplase (tPA) 90-minutosinfusão com base no peso - Adultos ≥67 kg: 100mg dose total administrada 15mg IV em bólus seguido de 50mg IV em 30 min e depois 35 mg IV em 60 min. Adultos <67 kg: 15mg IV em bolus, seguido de 0.75 mg/kg IV (não exceder 50 mg) em 30 min, e depois 0.5 mg/kg IV (não exceder 35 mg) em 60 min.
Em doentes com STEMI e instabilidade hemodinâmica, os atrasos no tratamento com ICP estão associados a maior mortalidade. Recomenda-se a ICP apenas do vaso
culprit, visto que a abordagem multivaso em fase aguda mostrou piores outcomes. O bypass coronário (CABG) de emergência é recomendada para aqueles doentes em que a ICP não é viável.
Estima-se que o choque cardiogénico ocorra em aproximadamente 10% dos doentes com STEMI e esteja
associado a uma taxa de mortalidade precoce de 40% a 50%. (Figura 4 e 5).14
O objectivo inicial da terapêutica em doentes em choque com hipotensão associada deve ser focado em re-estabelecer uma perfusão adequada aos órgãos vitais através do aumento da pressão arterial média (PAM) e débito cardíaco. O
fluxo sanguíneo nos órgãos-alvo relaciona-se directamente com a PAM, e a redução da pressão arterial sistólica no choque cardiogénico, em particular no cenário de STEMI, está independentemente associada a um risco aumentado de mortalidade. Na melhoria da perfusão, e por forma a estabelecer uma entrega adequada
ao doente, os agentes vasopressores de primeira linha são a noradrenalina e a dobutamina.15 (Figura 6) Actualmente estão também disponíveis vários tipos de suporte circulatório mecânico que têm sido estudados ao longo dos últimos anos e poderão ser ponderados, no entanto, apresentam eficácia variável e risco aumentado de complicações vasculares.1
O que se pretende evitar com a abordagem do choque, é que os doentes atinjam o patamar E de
colapso eminente, visto que o choque é um processo dinâmico, nem evoluam para paragem cardiorespiratória (PCR). Em caso de PCR e STEMI com recuperação da circulação espontânea (ROSC) devem ser preferencialmente transferidos para um centro com capacidade para ICP.
Estima-se que aproximadamente 10% dos doentes com STEMI transportados pelos SEM tenham sido vítimas de PCR no pré-hospitalar. O reconhecimento precoce de STEMI em doentes ressuscitados e a
transferência directa para um centro com capacidade para ICP estão associados a um aumento na sobrevida. A taxa de sobrevida até à alta hospitalar do doente em coma com PCR fora do hospital é <10%, independentemente da etiologia. Os resultados para os doentes com STEMI com consciência recuperada após PCR são comparáveis aos dos doentes com STEMI sem PCR. Por este motivo, os doentes com PCR com ROSC, recuperação da consciência e STEMI no ECG são candidatos a ICP.1
MENSAGENS-CHAVE
• Deve ser realizado ECG o mais cedo possível em ambiente pré-hospitalar
• A terapêutica antiplaquetária dupla é recomendada em doentes com SCA. O ticagrelor ou o prasugrel são recomendados preferencialmente ao clopidogrel em doentes com SCA submetidos ICP
• O2 suplementar quando SpO2 <90%
• Tratar a dor: nitroglicerina, morfina e fentanilo
• Objectivo de tempo em caso de STEMI: tempo 1º contacto médico-1º dispositivo de ≤90 minutos
• Administração pré-hospitalar de heparina ao critério de cada centro ICP pré-procedimento
• Fibrinólise se doente com STEMI e sintomas há < 12 horas mas a > 2 horas de distância de centro ICP
• Em caso de choque cardiogénico a noradrenalina é o fármaco de primeira linha, seguido da dobutamina
• Em caso de PCR por STEMI com ROSC, realizar transferência para um centro ICP
BIBLIOGRAFIA
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Caros leitores, É com grande entusiasmo que apresentamos a nova edição da Infosaving, dedicada à Avaliação Inicial do Doente Crítico. Esta é uma competência essencial para todos os profissionais de saúde que atuam em situações de emergência, seja em ambiente pré-hospitalar ou hospitalar.
A abordagem sistemática do doente crítico, frequentemente guiada pelo protocolo ABCDE (Via Aérea, Respiração, Circulação, Disfunção neurológica e Exposição), permite identificar e tratar rapidamente condições potencialmente fatais, priorizando intervenções que salvam vidas.
Para facilitar a assimilação e aplicação prática destes conceitos, a Infosaving transforma conteúdos técnicos complexos em infografias claras e intuitivas. Este formato visual destaca os pontos-chave e organiza os dados de maneira lógica e acessível, apelando à memória visual e melhorando significativamente a retenção de informação a longo prazo. No contexto médico, isso é especialmente útil para profissionais de saúde que precisam rever rapidamente procedimentos críticos, garantindo que os conhecimentos adquiridos estejam prontos
para aplicação imediata.
Convidamos todos os leitores da Lifesaving a partilharem e sugerirem temas considerados complexos e relevantes no contexto pré-hospitalar.
Comprometemo-nos a transformá-los em conteúdos claros, intuitivos e de fácil compreensão, contribuindo para a excelência na prestação de cuidados de emergência
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA DO DOENTE CRÍTICO NO PRÉ -HOSPITALAR
CIRCUNSTÂNCIAS C HISTÓRIA H ALERGIAS A MEDICAMENTOS M ÚLTIMA REFEIÇÃO U SUBSTÂNCIAS S
ESTABILIZAÇÃO CERVICAL SE TRAUMA
PERMEABILIZAÇÃO DA VIA AÉREA A
CORPO ESTRANHO / VÓMITO / SECREÇÕES / EDEMA / CIANOSE CENTRAL
DESVIO TRAQUEAL / INGURGITAMENTO JUGULAR / HEMORRAGIA
FRATURA DOS OSSOS DA FACE
AUSÊNCIA DE RUIDOS (TOTAL) / ESTRIDOR (PARCIAL)
OBSTRUÇÃO SUPERIOR DA VIA AÉREA
ASPIRAÇÃO / POSICIONAMENTO / ADJUVANTES / VA AVANÇADA / CRICOTIROIDOTOMIA / SEDAÇÃO
CRITÉRIOS PARA VIA AÉREA DEFINITIVA
AVALIAR SEMPRE PREDITORES DE VIA AÉREA DIFÍCIL
VIA AÉREA NÃO PERMEÁVEL 1
FATORES DE RISCO PARA ASPIRAÇÃO PULMONAR 2
TRAUMATISMO INSTÁVEL DA FACE 3
APNEIA PROLONGADA / VENTILAÇÃO INADEQUADA 4
AGRAVAMENTO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA / PONDERAR GLASGOW < 8 5
ESTADO DE GRANDE MAL EPILÉTICO / CONVULSÕES SUSTENTADAS 6
ASSEGURAR SEDAÇÃO, ANALGESIA E BLOQUEIO MUSCULAR
VENTILAÇÃO E OXIGENAÇÃO B
OXIMETRIA DE PULSO + CAPNOGRAFIA
DFREQUÊNCIA / AMPLITUDE / RITMO / SIMETRIA
UTILIZAÇÃO DE MÚSCULOS ACESSÓRIOS / RESPIRAÇÃO PARADOXAL
CREPITAÇÕES / RESSONÂNCIA / MACICEZ / ENFISEMA / INSTABILIDADE
MERMÚRIO VESICULAR / RUÍDOS ADVENTÍCIOS
OBSTRUÇÃO INFERIOR DA VIA AÉREA / PNEUMOTÓRAX / HEMOTÓRAX
OXIGÉNIO / VENTILAÇÃO / GASOMETRIA / BRONCODILATADORES / RAIO X
DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA
GLICEMIA CAPILAR
GLASGOW / PUPILAS (TAMANHO + REATIVIDADE) / COMISSURA LABIAL
NÍVEL DE LESÃO MEDULAR (PELE + TEMPERATURA + PRESSÃO ARTERIAL)
FORÇA MUSCULAR / DÉFICES SENSITIVOS E MOTORES (SIMETRIA)
ALTERAÇÕES NA LINGUAGEM / ESCALA DE CINCINNATI
TÓXICOS / GLICEMIA / GLASGOW INF. 8 / CONVULSÃO / TRAUMA MEDULAR
PONDERAR VA AVANÇADA SE GLASGOW INF. 8 / GLICOSE 30% / ANTÍDOTOS / BENZODIAZEPINAS
CASSEGURAR CIRCULAÇÃO / HEMORRAGIA
FREQ. CARDÍACA + PRESSÃO ARTERIAL + ECG
PERFUSÃO CAPILAR / PESQUISA DE FOCO HEMORRÁGICO (BACIA / OSSOS)
PELE (TEMPERATURA + HUMIDADE + COLORAÇÃO)
PULSOS PERIFÉRICOS + CENTRAL (AMPLITUDE + RITMO + SIMETRIA)
SONS CARDÍACOS / SOPROS CARDÍACOS + ABDOMINAIS
HIPOVOLÉMIA / DIST. ELETROLÍTICO / TAMPONAMENTO / TROMBOEMBOLISMO
ACESSOS E FLUÍDOS / VASOPRESSORES / PRODUTOS SANGUINEOS / ÁC. TRANEXÂMICO / ANÁLISES
CONTROLO DA EXPOSIÇÃO E
TEMPERATURA CENTRAL / PERIFÉRICA
EXPOSIÇÃO CORPORAL
PESQUISA DE LESÕES EM TODA A SUPERFICIE CORPORAL (INCL. DORSO)
CARACTERIZAÇÃO DAS LESÕES
OUTRAS QUEIXAS SUBJETIVAS DO DOENTE
HIPOTERMIA / AMPUTAÇÃO DE MEMBRO
REMOVER ROUPA / MANTA TÉRMICA / TRATAMENTO DE FERIDAS / PRIVACIDADE
EDITOR
Marta Campos Mugeiro1
1Médica Interna de Formação Específica de Anestesiologia, Unidade Local de Saúde do Algarve
INTRODUÇÃO
A nitroglicerina, também designada de trinitrato de gliceril, foi descoberta em 1847. Apesar de inicialmente utilizada como explosivo, os seus efeitos vasodilatadores foram aplicados pela primeira vez na medicina em 18791
De acordo com a International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC), a sua nomenclatura é 1,2,3-Trinitroxypropane e a sua fórmula química C3H5N3O9
FORMAS DE APRESENTA ÇÃ O E CONSERVA ÇÃ O:
Em Portugal, a notroglicerina está
VIA DE ADMINISTRAÇÃO
disponível nas seguintes formulações2:
• Comprimidos sublinguais 0,5mg;
• Pensos transdérmicos 5, 10 e 15mg/24h;
• Solução para perfusão endovenosa (EV) 5mg/ml;
• Pomada retal (4mg/g).
As ampolas de nitroglicerina devem ser armazenadas a temperatura inferior a 25ºC, protegidas da luz e evitando o seu contacto com substâncias alcalinas. As formulações em comprimido e penso transdérmico também devem ser
Sublingual Angina
Endovenosa
INDICAÇÃO
Síndrome Coronário Agudo Hipertensão
Insuficiência Cardíaca Aguda associada a Edema Agudo do Pulmão
Transdérmica Angina (prevenção)
Retal
Fissura anal
conservadas a temperatura inferior a 25ºC, num local fresco e seco ao abrigo da luz2
POSOLOGIA E MODO DE ADMINISTRA ÇÃ O 2:
Em contexto de emergência pré-hospitalar as vias de administração mais utilizadas são a sublingual e endovenosa.
A administração na faixa etária pediátrica não está recomendada2
Durante a gravidez e a amamentação, a segurança da sua utilização não foi ainda demonstrada, pelo que o seu
POSOLOGIA
1-3 comprimidos (0,5mg) SOS até máximo de 10 comprimidos por dia.
Iniciado a 0,5µg/kg/min, titulado consoante resposta tensional
Iniciado a 5mg/24h. Dose ajustada até máximo 15mg/24h.
Intervalos sem fármaco de 8-12h.
2,5cm de pomada 12/12h
uso nestas situações não está recomendado, a menos que absolutamente essencial2
FARMACOCINÉTICA 2:
• Absorção: rápida pela mucosa sublingual, trato gastrointestinal e pele;
• Duração de ação: o comprimido sublingual tem início de ação em 1 a 3 minutos, com pico de ação ao fim de 5 minutos e duração de 25 minutos;
• Tempo de semivida: 1 a 4 minutos;
• Ligação proteica: 60%;
• Volume de distribuição: 3L/kg;
• Metabolização: hepática, com extenso efeito de primeira passagem. É convertida em glicerol e nitrato orgânico, cujo tempo de semivida é de 40 minutos;
• Eliminação: dos metabolitos inativos via renal
A nitroglicerina forma radicais livres de monóxido de azoto (NO) que promovem a ativação da guanilato ciclase no músculo liso vascular, aumentando a concentração de guanosina monofosfato (cGMP) com consequente desfosforilação da miosina e relaxamento muscular. Assim, a nitroglicerina atua como vasodilatador venoso e arterial, sendo o seu efeito a nível venoso mais proeminente do que o arterial. Deste modo, reduz pré-carga e, em menor escala, a pós-carga, diminuindo o trabalho cardíaco. Além disso, causa dilatação das artérias coronárias e melhora a circulação colateral para regiões isquémicas3,4
INDICA ÇÕ ES TERAP Ê UTICAS 5: Atualmente, a nitroglicerina está indicada no tratamento da angina estável e instável, da insuficiência cardíaca aguda descompensada com edema agudo do pulmão, emergência hipertensiva e para o alívio da dor associada à fissura anal. Na gravidez pode ser utilizada na pré-eclâmpsia com hipertensão grave associada a edema pulmonar agudo.
CONTRA-INDICA ÇÕ ES 5:
• Hipersensibilidade ao fármaco;
• Hipotensão;
• Hipertensão intracraniana, pelo aumento da pressão intracraniana provocado pela vasodilatação com consequente aumento do fluxo sanguíneo cerebral;
• Enfarte do miocárdio do ventrículo direito, pelo risco de hipotensão grave em doentes dependentes da pré-carga;
• Miocardiopatia hipertrófica obstrutiva, pois a redução da pré-carga pode agravar a obstrução ao trato de saída de ventrículo esquerdo.
• Anemia grave, pelo risco de provocar metahemoglobinémia;
• Administração de inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (PDE-5) nas 24-48h anteriores, pelo risco de hipotensão grave e síncope.
EFEITOS ADVERSOS:
Além do efeito de tolerância com a administração prolongada, a nitroglicerina tem os seguintes efeitos adversos, principalmente secundários ao efeito hipotensor nomeadamente flushing, cefaleia, náuseas e vómitos, diaforese, hipotensão postural e síncope.3,5
INTERA ÇÕ ES MEDICAMENTOSAS:
O efeito hipotensor da nitroglicerina pode ser potenciado por bloqueadores dos canais de cálcio, beta-bloqueantes, neurolépticos e antidepressivos tricíclicos. Além disso, dada a elevada ligação a proteínas plasmáticas, a nitroglicerina endovenosa pode reduzir a eficácia da heparina, sendo necessário a monitorização com provas da coagulação2 O risco de síncope por hipotensão grave está significativamente aumentado na administração concomitante de inibidores da PDE-5 e nitroglicerina2
• A nitroglicerina é um fármaco antigo cujo mecanismo de ação se baseia na formação de NO, que promove vasodilatação, reduzindo a pré-carga e o consumo miocárdico de O2;
• A sua administração sublingual visa o alívio rápido de sintomas anginosos, enquanto que a via endovenosa está reservada para situações mais graves como síndrome coronário agudo e edema agudo do pulmão;
• As características farmacológicas da nitroglicerina conferem-lhe vantagem na sua utilização em contexto préhospitalar e de emergência
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André Abílio Rodrigues 1
1Enfermeiro VMER, SIV
Atualmente, enfrentamos uma realidade marcada pela ocorrência constante de catástrofes e desastres. Terremotos, tsunamis, tempestades, cheias, incêndios de grandes proporções, pandemias e terrorismo, são exemplos de eventos que podem ocorrer a qualquer momento. A crescente frequência e intensidade destes acontecimentos, agravadas pelas mudanças climáticas e vulnerabilidades sociais, exige que apostemos na prevenção. Um Kit de Emergência assegura a nossa sobrevivência nas primeiras horas ou dias após uma catástrofe, tornando-se essencial ter sempre um preparado.
Neste contexto, a presente edição da rubrica “O que fazer em caso de” da LIFESAVING abordará a preparação de um KIT de Emergência, com o objetivo de assegurar a sua prontidão e utilização imediata, em caso de necessidade.
• Um pequeno Kit de Primeiros Socorros
• Medicação habitual de cada pessoa da casa e a medicação sem prescrição (analgésicos, antidiarreicos, antiácidos)
• Água
• Alimentos não perecíveis e prontos a comer (comida enlatada, frutos secos, barras energéticas, bolachas)
• Produtos de higiene pessoal
• Muda de roupa sazonal e um cobertor de emergência
• Rádio e lanterna de dínamo ou com pilhas
• Pilhas extra
• Apito (sinalizar a sua posição, pedir ajuda)
• Carregador de telemóvel e powerbank
• Contacto de familiares e amigos
• Cópia de documentos importantes (Cartão de cidadão, seguros)
• Cópia do seu plano de emergência
• “Mapa local” com o “Ponto de encontro” da sua família identificado
• Bloco de notas, caneta e lápis
• Dinheiro.
ATENÇÃO! O kit de emergência deve:
• Estar preparado com antecedência
• Ser adaptado às necessidades individuais de cada pessoa
• Estar disponível em casa, na escola, no local de trabalho ou no automóvel, e todos devem saber onde se localiza
• Deve ser revisto e atualizado periodicamente (validades, roupa sazonal).
NÃO ESQUECER:
• Bebés: Fraldas, produtos de higiene, utensílios, comida
• Crianças: Livros, jogos, quebra-cabeças ou outras atividades para as distrair
• Animais de estimação: comida, brinquedo favorito (…)
BIBLIOGRAFIA
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4. https://www2.gov.bc.ca/gov/content/safety/emergency-management/preparedbc/build-an-emergency-kit-and-grab-and-go-bag
5. https://www.ready.gov/kit
6. https://www.cdph.ca.gov/Programs/EPO/Pages/PrepareanEmergencySupplyKit.aspx
7. https://www.fema.gov/blog/10-items-include-your-emergency-kit
8. Programa de edição de fotos: Painnt®
“INTELIGÊNCIA
OS PROFISSIONAIS
Joana Afonso1,2,3,4,5,6,7,8
1Consultora Certificada em Inteligência Emocional
2Pós Graduação em Gestão e Liderança de Serviços de Saúde
3Pós Graduação em Enfermagem Perioperatória
4Enfermeira de Perioperatório há 15 anos
5Enfermeira de Perioperatório (Anestesia; Circulante; Instrumentista) no Hospital CUF Sintra
6Responsável pela criação e implementação da consulta pré-operatória no Hospital CUF Sintra
7Membro da AORN (Association of periOperative Registered Nurses) Portugal Chapter; Membro da AORN
8Voluntária como mentora no programa "Braço Direito da Junior Achievement Portugal (integrada na JA Worldwide - nomeada para o Prémio Nobel da Paz 2025)
A pressão social que todos vivemos hoje em dia, leva a que tenhamos chegado a um ponto de total alienação do que faz de nós humanos: a nossa capacidade de viver em sociedade e da nossa necessidade intrínseca de nos ligarmos uns aos outros e estabelecermos fortalezas emocionais dentro e fora de nós, que nos guiam e nos levam para a frente como espécie.
Alcançámos, de forma notoriamente rápida, um presente no contexto da saúde: onde reside o bullying; a existência de chefes e não de líderes; e da desmotivação crescente de profissionais válidos que se sentem desvalorizados e privados da sua segurança para serem felizes dentro do trabalho e fora dele. Como tal, chegámos a uma encruzilhada, e se não refletirmos individualmente e não tomarmos consciência dos nossos próprios comportamentos, como podemos contribuir de forma positiva dentro de uma equipa? É impossível empatizar com o outro, ou conseguirmos ver a perspetiva de outra pessoa, seja ela
um colega de trabalho ou um superior hierárquico, se nós próprios ainda não trabalhámos as nossas fraquezas, inseguranças, e não aprendemos a gerir as nossas emoções de forma assertiva, e adequada a cada situação. Se eu não aceito os meus pontos a melhorar, como conseguirei estar aberto a ajudar os meus colegas a fazê-lo? Como posso contribuir para minimizar o stress inerente aos profissionais de saúde, e à forma como a minha equipa lida com os problemas, se eu próprio constituo ainda um "problema" para mim? Temos de ser capazes de abrir os nossos horizontes, de uma vez por todas, e dar prioridade àquilo que é o mais importante: o nosso coração, a nossa mente, a nossa saúde mental e física, a nossa estabilidade emocional e psicológica. Como podemos querer ser intitulados de profissionais de saúde, senão somos o exemplo diário disso mesmo, de como devemos cuidar de nós mesmos e batalhar por um futuro melhor? Que caminho queremos traçar como indivíduos e
profissionais?
A Inteligência emocional traça um caminho de esperança, e de clarividência na penumbra de um futuro, que necessita urgentemente de um presente de mudança, ação e poder individual, que trará um espontâneo empoderamento das equipas, através da autorreflexão, auto-motivação, do estoicismo e de estratégias integradas e fundamentadas que podem ser aplicadas aos nossos serviços de saúde, impactando quem neles trabalha.
A inteligência emocional é o caminho para uma vida mais equilibrada, e enriquecedora. A investigação tem verificado que as crenças que os indivíduos têm sobre as emoções são importantes porque influenciam a forma como vão avaliar e responder às situações (Moreira,2024)2. Por exemplo, os indivíduos que acreditam que as emoções são incontroláveis, apresentam menor eficácia na regulação emocional, utilização de estratégias menos adaptativas, pior ajustamento social e sintomas de saúde mental mais severos (Tamir,
John, Srivastava & Gross, 2007)3 Então, torna-se ainda mais evidente que tudo aquilo que construímos ao longo do nosso percurso, influenciará e determinará como iremos agir perante os outros, e quando algum fator de stress nos condiciona dentro de uma equipa, ainda mais importante isso se torna, pois exporá as nossas fragilidades. Torna-se imperioso iniciar este desenvolvimento e crescimento individual dentro da inteligência emocional, para que possamos mudar de forma impactante e eficaz a maneira como enfrentamos os nossos desafios como profissionais de saúde, melhorando e otimizando urgentemente as nossas equipas e unindo esforços para mudar a sociedade de hoje, rumo à mudança necessária para que o nosso amanhã possa acontecer.
Marco Aurélio1 escreveu "A alma que se conforma com a opinião alheia, nunca será livre", ou seja, enquanto
nos importarmos demais com o que os outros pensam, estaremos a viver como prisioneiros.
A arte da indiferença é uma das melhores armas da inteligência emocional, pois através desta habilidade dominamos a própria mente, e escolhemos sabiamente para onde canalizar a nossa energia. Esta habilidade reside nos pensamentos que escolhemos não alimentar, ainda mais do que nas palavras que escolhemos não dizer.
A inteligência emocional poderá constituir, a chave para a nossa fechadura. Temos andado fechados em nós mesmos como sociedade e pessoas, esquecendo-nos do que é mais importante, o nosso eu; quem somos, o que queremos, para onde queremos ir, como indivíduos e profissionais...
Vamos mudar mentalidades e lutar pelo que está certo dentro das nossas organizações, dentro dos nossos serviços, não permitindo que
ninguém possa sair incólume de ações que afetam as nossas equipas, e impedem o crescimento de cada um de nós, e que nos afasta da excelência de cuidados, que todos procuramos providenciar aos nossos doentes
BIBLIOGRAFIA
1. Aurélio, M., (2021). Meditações - Um guia clássico do Estoicismo para os desafios de hoje. 42-44; 2. Moreira, P., (2024). Manual Certificação de Inteligência Emocional Aplicada, 5;
3. Tamir, M. John, O. P., Srivastava, S., & Gross, J. J. (2007). Implicit theories of emotion: Affective and social outcomes across a major life transition. Journal of Personality and Social Psychology, 92, 731-744.
"NUM CONTEXTO EM QUE A INSTABILIDADE POLÍTICA PARECE ESTAR A MARCAR O RITMO DO PAÍS, QUE IMPACTO CONSIDERAS QUE ISSO TEM — OU PODE VIR A TER — NA GESTÃO DO SNS, PARTICULARMENTE NOS MEIOS DE EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR COMO A VMER?"
“Estagnação geral.”
Isabel Rodrigues
“A instabilidade política tem sempre impactos graves no SNS, ficamos de novo reféns da ausência de progresso nos vários projetos que estão em andamento, continuamos parados e a aguardar o novo governo para que os projetos progridam e se concretizem. A política não deveria ter um impacto tão grande no SNS e nos restantes organismos públicos. O mérito das pessoas e dos projetos deveria ser privilegiado em detrimento da substituição política das pessoas e dos bons projetos em curso. A emergência pré-hospitalar sofre de igual forma, isso foi visível recentemente com todas as polémicas em curso no INEM”.
Catarina Tavares
“O que vem acontecendo desde há décadas no SNS é um progressivo desinvestimento, com a desculpa da falta de profissionais. O crescimento do Sector Privado de Saúde é uma realidade, fomentado pelo SNS. Pela evolução natural, haverá também a Emergência Pré-Hospitalar do Sector Privado.” Luis Ramos
"Espero que quem dirige o tão importante organismo que tutela a emergência médica esteja a fazer o seu trabalho em matéria de planeamento e apresentação de propostas para quando o governo tomar posse estas serem apresentadas. Penso que foi atingido um limite que compromete o normal funcionamento a vários níveis e que não é admissível que este serviço possa piorar" Silvia Labiza
“A verdade é que a instabilidade política é muito estável em relaçao à saúde--- falta de valorização dos seus profissionais e do seu objecto - a saúde de todos nós. Quando falamos de pré-hospitalar esse olhar é inexistente e ninguém o faz, exceptuando, quando alguém precisa, mas esse momento é ineficaz para conseguir algum afecto à nossa causa. A verdade é que todos do pré-hospitalar deveríamos unir e pedir pelo menos, profissão de risco e de desgaste rápido. Arrisco-me mesmo a dizer que para todos os profissionais de saúide a reforma deveria ser calculada em horas de trabalho não em anos... Mas isso já é utopia a mais..”.
Pedro Miguel Silva
NOTA DO EDITOR
As respostas obtidas à questão colocada na Tertúlia VMERista são da exclusiva responsabilidade dos intervenientes no "inquérito", e que são opiniões estritamente pessoais, das quais a LIFESAVING necessariamente se demarca...
“Ainstabilidadepolíticamuitasvezestraz consigoincertezasorçamentais,mudançasna legislaçãoeprioridadespolíticasquepodem afetardiretamenteaoperaçãoeo financiamentodosserviçosdasequipasde emergênciamédica.Nocasoespecíficodos meiosdeemergênciacomoasequipasdas VMER´s,umgovernoinstávelpodeenfrentar desafioscomoafaltaderecursosadequados, atrasosnaimplementaçãodenovas tecnologias,equipamentos,recursose protocolos,eatémesmodificuldadesna manutençãoeexpansãodainfraestruturajáem defuncionamento.Issopoderesultaremtempos inoperacionalidaderespostamaislongos,maior
João Horta
dosserviços,maiorpressãosobreosprofissionaise,issoétransversalna emqualidadedoatendimentoprestadoaoSIEM geraleaoSAVemparticular.”
"Esperamos que depois da tempestade venha a bonança... e assim, esperamos ver concretizada uma verdadeira reforma no SNS, que inclua a valorização e fixação de profissionais diferenciados nos hospitais públicos. Possibilitará garantir todas as valências disponíveis nas áreas de intervenção das VMER. Servirá para encurtar distâncias, melhorar a assistência pré e intra-hospital, e terá impacto significativo nos outcomes."
Bruno Santos
Ana Rodrigues1, Teresa Castro 2
1Enfermeira das VMER de Faro e Albufeira,
2Enfermeira da VMER de Albufeira
Hoje vamos conhecer melhor a Djamila, médica que integra as nossas viaturas de emergência médica. Cresceu a ser carinhosamente chamada de 'Mico' por familiares e amigos — um diminutivo que, embora não faça parte do seu nome, acabou por se tornar uma marca pessoal cheia de afeto e significado.
Nasceu em Luanda, há 42 anos, onde viveu e estudou até aos 18 anos. Tem duas irmãs, e a Djamila, é a “filha do meio”. Cresceu numa Angola, país conhecido de “escassez “e “carência”,
mas onde foi muito feliz. Em criança, levava todos os animais que encontrava na creche para “passar o fim de semana” consigo, teve inclusive uma galinha de estimação durante anos!
A sua comida preferida é “mufete com açúcar”, uma refeição típica de Angola, e muito deliciosa, adora pipocas doces e coca-cola! No entanto odeia refeições com picante e cerveja!
Nos seus tempos livres, Djamila encontra verdadeiro prazer em aproveitar o sol e a praia — embora a água fria seja algo que
definitivamente dispensa… Gosta de começar o dia com energia no ginásio, de preferência pelas 7h da manhã, ainda que, entre as suas muitas atividades profissionais e as exigências da vida familiar, nem sempre consiga manter essa rotina. De sorriso fácil e simpatia natural, não esconde também um lado mais rabugento e refilão, traços que a tornam ainda mais genuína e autêntica.
Mudou-se para Lisboa no ano 2000, onde frequentou o 1.º ano do curso de Medicina Veterinária — um sonho de infância que a acompanhava há
muito tempo. No entanto, a meio do primeiro semestre, sentiu que o seu foco e objetivo estavam a mudar. De forma convicta e determinada, decidiu seguir um novo caminho.
Conta-nos que o seu pai sonhava vê-la enveredar pela Medicina Dentária, mas, curiosa e aberta a novos desafios, optou por experimentar Medicina... e foi assim que encontrou o seu lugar, permanecendo em Portugal para construir o seu futuro.
Concluiu o curso em Lisboa, na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, e realizou o ano comum no Hospital do Barreiro. Em 2009, iniciou a especialidade em Pneumologia, no Hospital de Faro, onde continua a exercer atualmente. Partilha connosco o motivo que a fez fixar-se no Algarve:
“Escolhi o Algarve porque o clima trazia-me memórias felizes — e não me enganei! Eu e o meu marido conhecemo-nos no hospital! Hoje, somos pais de três filhos, que são o grande amor das nossas vidas. Ah!... E ainda temos uma cadela, uma gata e três peixinhos! No entanto, todas as plantas morrem comigo!!!' — confessa, entre risos.
A VMER sempre foi um sonho para Djamila, desde o ano comum, quando participou no transporte de uma criança — uma experiência que a marcou profundamente. Em 2009, concretizou esse sonho ao concluir com sucesso o curso de Viatura Médica de Emergência e Reanimação, iniciando então a sua atividade na VMER de Faro e de Albufeira, onde continua a colaborar
até hoje.
Desde o início da sua carreira, sentiu uma forte atração pela área da emergência médica e pela capacidade de fazer a diferença na vida das pessoas, especialmente nos momentos mais críticos. O trabalho na VMER fascina-a pela sua essência: “…a arte de realizar tanto, mesmo com tão pouco!”
Djamila partilha connosco que uma das histórias mais marcantes da sua carreira foi, sem dúvida, a realização de um parto. Com um sorriso de satisfação, recorda:
"... depois de anos de ameaças, “aquele” momento finalmente chegou... Quando pensava, que seria apenas mais um transporte para o hospital, lembro-me da alegria e do alívio da equipa com quem estava, assim que ouviram aquele choro maravilhoso!”.
Lembra-se também de um dos seus primeiros turnos na VMER de Albufeira, uma experiência que a marcou de forma especial. Nesse dia, fazia equipa com a enfermeira Sara Mourão — duas novatas que, com muita dedicação, passaram a noite a rever protocolos... mas, no final, não tiveram uma única saída!
Com a experiência que os anos trouxeram, Djamila admite, com sinceridade, que há algo que nunca muda, e admite, com sinceridade o nervosismo sempre que uma chamada envolve crianças… "Todas as saídas são stressantes, e independentemente do tempo que passe, admito que, principalmente, cada vez que ouvimos que a saída envolve uma criança, o coração dispara. Vamos sempre em
taquicardia até chegar e, só depois, respiramos de alívio ao perceber que, felizmente, era só uma suspeita de …”
O sentimento de trabalhar em equipa, o apoio mútuo e a comunicação são essenciais na gestão de situações mais sensíveis, e este é, o seu conforto nas saídas com desfechos “menos felizes”.
Confessa-nos que o seu futuro terá sempre lugar na Emergência PréHospitalar, onde encontrou uma missão capaz de transformar limitações em conquistas significativas — uma força que a inspira diariamente a prosseguir nesta vocação.
Ainda assim, sublinha: ”A minha família será sempre, o meu lugar de eleição!!!”
EDITORA
Enfermeira VMER
Heli INEM
EDITORA
Enfermeira VMER
TESOURINHO
VMER ista
Pedro Oliveira Silva1
1 Médico VMER
Numa altura em que somos confrontados com muito conteúdo televisivo de caracter explicito, nada como ter uma saída que reflita exatamente essa realidade alternativa.
Ativação da VMER após a hora de almoço, para reação anafilática com suposta dispneia grave, no local de trabalho, de vitima de 40 anos do sexo feminino.
O percurso era curto e como tem
acontecido, nos últimos tempos, a viatura médica é o primeiro e único meio ativado para o sucedido, tendo encontrado uma sala escura, com o congelador e frigorifico abertos, em que a luz dos mesmos refletia num corpo em lingerie. Quanto interpelada, dizia que tinha o corpo muito quente e vermelho e que precisava de frio. Resultado: situação anafilática resolvida, mas que reverte em
hipotermia severa. Pormenor importante da produção e, para verem a qualidade dos adereços disponíveis, lençol de algodão egípcio foi usado para o aquecimento da vitima, no entanto este teria que ser devolvido ao seu proprietário. Até uma próxima caros leitores, lembrando sempre que nada como uma quase nudez e um frigorifico para reverter uma situação em outra
EDITOR
CONGRESSO DO SERVIÇO DE URGÊNCIA
– DA RUA À SALA DE EMERGÊNCIA
22 e 23 de maio de 2025
Centro Cultural e de Congressos de Aveiro
23 de abril 2025
Dr. Carlo Torti, diretor da Unidade Operatória de Doenças Infecciosas do Hospital Gemelli, um dos membros
da equipe médica que tratou o Papa Francisco durante sua internação por pneumonia bilateral.
"Certamente, mesmo quando sentia dispneia e lutava para respirar, era evidente que a respiração que mais o interessava não era a sua própria respiração, mas a respiração no mundo e para o mundo. Até o fato de se imergir na multidão era como lançar seu coração para além daquele obstáculo da respiração, em direção à respiração do mundo."
Publicado em: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2025-04/medico-carlo-torti-hospital-gemelli-papa-francisco.html
Agosto de 2024
Papa Francisco, num encontro na Universidade Católica no âmbito da Jornada Mundial da Juventude em
Portugal que decorreu de 1 a 6 de Agosto de 2023 em Lisboa.
“Substituí os medos pelos sonhos, não sejais administradores de medos, mas empreendedores de sonhos!”
Publicado em: https://espiritanos.pt/liam-23-31
Daniela Cunha1, Sílvia Ribeiro2
1Associada nº 24 APEMERG
2Associada nº 341 APEMERG
O International Congress on Emergency - ICE25, o Congresso Anual da Associação Portuguesa de Enfermeiros e Médicos de Emergência (APEMERG) teve lugar no passado dia 4 de abril, em Lisboa, no Auditório da Faculdade de Medicina Dentária daquela cidade. Ao longo de uma jornada de 6 horas, cerca de 410 participantes (médicos, enfermeiros e estudantes de medicina e enfermagem), assistiram a palestras ministradas por especialistas da emergência médica de três nacionalidades: portuguesa, inglesa e sueca.
A edição de 2025 do Congresso contou com um total de 8 palestrantes, divididos por 6 grandes temas. Pelas 8h45 foi dado inicio da sessao pelo Enfº José Gomes da APEMERG, enqando elemento dinamizador do Evenro, informou os presentes de algumas novidades que seriam introduzidas este ano, nomeadamente a criação de um grupo onde os participantes poderiam colocar as questões que iam surgindo ao longo das apresentações, para que fossem posteriormente colocadas pelo moderador da mesa a cada palestrante, de forma que mesmo as pessoas que se sentissem mais inibidas a falar em público vissem as suas dúvidas esclarecidas. Como foi
possível constatar ao longo do dia, foi uma iniciativa que teve um bom resultado, uma vez que a participação foi acima do habitual.
Dando início às palestras, o primeiro a partilhar o seu conhecimento sobre O Papel da Simulação no Treino dos Profissionais foi o Dr. Pedro Garcia, médico na ULS de São José e na Centro de Simulação da CUF Academic Center, sob moderação do Enf. Luís Pereira da APEMERG. O Dr. Pedro Garcia, para além de exercer enquanto pediatra e neonatalogista na ULS de São José, de ser professor na NOVA Medical School, tem simultaneamente desenvolvido
competências no âmbito da simulação no treino de profissionais sendo o Diretor do Centro de Simulação da CUF Academic Center e Vice-Presidente da Sociedade Portuguesa de Simulação Aplicadas à Saúde. Conta no seu currículo com uma vasta experiência sobre a temática e ao longo da sua intervenção procurou destacar o papel da simulação
enquanto ferramenta indispensável para o desenvolvimento de diversas competências. Começando por definir o que é a simulação, salientou que o princípio de “See one, do one, teach one...” é aquilo que se pretende na prática- ver-fazer-ensinar, desde que tal não aconteça quando estão em causa os nossos familiares. Tendo isto em mente, a simulação, enquanto ferramenta de educação, treino e avaliação ganha ainda mais importância no desenvolvimento de diversas competências para os profissionais de saúde. Abordou as diversas dimensões da simulação e a forma como este tipo de treino tem
evoluído ao longo dos anos. Partilhou que quando se começou a dedicar a este tipo de treino, diziam muitas vezes que ele gostava de passear com bonecos, uma vez que o único recurso que tinha ao seu dispor eram os manequins mais rudimentares. Neste momento, os treinos ainda incluem os treinos de tarefas/de procedimentos (por exemplo de entubação em via aérea avançada, colocação de cateteres...) ou utilização de manequins de baixa fidelidade, tendo evoluído para a simulação de alta fidelidade (os manequins já são capazes de reproduzir a anatomia e a fisiologia
humana de forma precisa, incluindo a capacidade de responder a intervenções, como administração de medicamentos ou manobras de ressuscitação) ou a simulação baseada em computadores (uso de modelos computacionais e ambientes virtuais para replicar cenários clínicos, procedimentos médicos e interações entre utente e profissionais de saúde), dando o passo para a realidade virtual ( treino em ambiente multiprofissional com óculos de realidade virtual) ou utilização de utentes padronizados (modelo de ensino usado na Universidade do Minho). O treino em animais ou
cadáveres também é umas das práticas, tal como a simulação híbrida (utentes padronizados ligados a simuladores). Por fim, pode ser utilizada a realidade aumentada com um cenário mais complexo com imagens ou modelos de 3 dimensões. Para o Dr. Pedro Garcia, a simulação clínica em saúde é uma metodologia de treino que permite a aquisição de competências técnicas e comportamentais num ambiente controlado e seguro. Para tal, é necessário que lhe sejam dedicadas horas de trabalho uma vez que a curva de aprendizagem está diretamente correlacionada com o empenho e tempo dedicado. É também fundamental que no final de cada formação/ ou curso, exista um feedback/debriefing das intervenções de forma a proporcionar oportunidades para reflexão sobre a prática. Abordando o Modelo de Kirkpatrik aplicado à simulação em medicina, explicou o mesmo dividido em quatro níveis, cada um focando em diferentes aspetos da aprendizagem e do impacto do treino. O primeiro nível que se refere à satisfação dos participantes na simulação acaba por ser importante pois pode influenciar a sua motivação e empenho nas próximas sessões. O segundo nível que está relacionado com aprendizagem/competência aborda as mudanças de conhecimento, habilidades e atitudes dos participantes após a simulação. Este nível é crucial para garantir que a simulação tenha contribuído efetivamente para o
desenvolvimento do profissional. No terceiro nível, a modificação de comportamento, é analisado como os profissionais aplicam as habilidades e conhecimentos adquiridos durante as simulações em situações do dia a dia. Por fim, o quarto nível refere-se ao impacto no utente e sistema, o que pode incluir medidas como a redução de erros médicos, melhoria nos resultados dos utentes, aumento da eficiência no atendimento e satisfação dos utentes. Estes resultados são frequentemente mais difíceis de medir, mas são essenciais para justificar o investimento na simulação e treino.
Em resumo, num ambiente complexo e dinâmico, a formação tradicional muitas vezes não é suficiente para preparar os profissionais para os desafios diários. Nesse contexto, a simulação surge como um valioso recurso adicional. Permite que os profissionais de saúde pratiquem
procedimentos, tomem decisões em ambiente seguro e aprendam em diversos cenários e situações clínicas, promove o trabalho e a comunicação em equipa, o desenvolvimento de habilidades emocionais e de comunicação (lidar com o stress, comunicação de más noticias...).
Fazendo um paralelismo com a aviação, os pilotos passam horas em treino de simulação de múltiplos cenários, e na medicina só se consegue minimizar o erro e aumentar a segurança dos cuidados que prestamos fazendo-o também. Terminou a sua palestra convidando os presentes para conhecer o programa de treino do CUF Simulation Center
Terminada a primeira intervenção, pelas 9h35 foram chamados ao palco, os intervenientes do Hot Topics em Emergência. Moderado pela Dra. Joana Cabrita da APEMERG, o tema
foi dividido por três oradores. Ao Enf. Edgar Pires da ULS Amadora/Sintra coube a tarefa de abordar @Fast and Furious: Taquicardias. Enquanto enfermeiro especialista em enfermagem médico cirúrgica, mestre em pessoa em situação critica e a exercer funções de enfermeiro gestor naquele serviço de urgência e operacional da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) partilhou a experiência que adquiriu ao longo dos anos, referindo-se às taquicardias como uma das patologias que, pela sua especificidade, mais gosta de tratar. Ao longo da sua apresentação abordou conceitos gerais, a epidemiologia, a classificação, a clínica, dividiu o tratamento entre as taquicardias de complexos estreitos regulares e irregulares, fazendo-o de igual forma para as taquicardias de complexos largos regulares e irregulares. Através de uma apresentação esquematizada, focou-se nos aspetos que considera fundamentais na abordagem de um utente com taquicardia na sala de emergência e posteriormente fê-lo de igual forma quando o mesmo utente está no pré-hospitalar. Definindo as taquicardias como ritmos cardíacos anormais caracterizados por uma frequência elevada (acima de 100bpm), exigem uma avaliação rápida e precisa em ambientes de emergência. A abordagem adotada fundamenta-se no profundo conhecimento da eletrofisiologia, na avaliação clínica detalhada, na identificação precisa da
etiologia, na monitorização contínua, no tratamento apropriado e no acompanhamento e vigilância rigorosos.
A avaliação inicial, como em todos os utentes emergentes, é a primeira etapa na abordagem do utente com taquicardia. Esta deve incluir a história clínica para identificar sintomas associados, fatores desencadeantes, doenças pré-existentes ou medicações, e a realização de um exame físico completo, incluindo a avaliação dos sinais vitais e a identificação de sinais de instabilidade hemodinâmica. Paralelamente, a monitorização contínua e a realização de eletrocardiograma (ECG) são essenciais para o diagnóstico e definição da estratégia de tratamento. É através do ECG que é possível classificar a taquicardia (se é supraventricular ou ventricular) assim como identificar anomalias (por exemplo enfartes agudos do
miocárdio que poderão estar associados à taquicardia). Tendo em conta que os utentes com taquicardia podem apresentar diferentes níveis de instabilidade, a avaliação da estabilidade hemodinâmica do utente é fundamental. Um utente é considerado estável quando apresenta sinais vitais dentro dos parâmetros normais e não apresenta sintomas de gravidade. Contudo é considerado instável e requer intervenção imediata se apresenta hipotensão, alteração do estado de consciência, angina, ou sinais de choque. Relativamente ao tratamento, depende da etiologia da taquicardia e da estabilidade hemodinâmica do utente. No caso das taquicardias estáveis, podem ser tratadas por manobras vagais: seja a massagem do seio carotídeo, a manobra de Valsalva ou a manobra de Valsava modificada (ainda desconhecida por muitos dos participantes e que
despoletou a curiosidade pela eficácia que a estatística demonstrou), medicamentos antiarrítmicos (em algumas taquicardias especificas). Perante um utente com uma taquicardia instável, o tratamento passa pela cardioversão sincronizada, com monitorização continua, sem descorar a sedação do utente e tendo em conta a energia a aplicar estejamos perante QRS estreitos ou largos. Realizado o tratamento, a vigilância e acompanhamento do utente são fundamentais. Devem ser realizados exames complementares de forma a determinar a causa da taquicardia e encaminhar para a consulta da especialidade.
Em suma, a abordagem de um utente com taquicardia seja na sala de emergência (ambiente mais controlado), seja no pré-hospitalar, exige uma avaliação rápida e sistemática, com foco na identificação da causa e na estabilização do utente. A abordagem adequada é fundamental para prevenir complicações e garantir a segurança do utente. Torna-se assim fundamental que as equipas estejam
treinadas e preparadas para agirem de forma eficaz, utilizando protocolos aprovados para otimizar o tratamento e resultado clínico tendo sempre em conta o utente que estão a tratar e não o valor da frequência que ele apresenta no monitor.
Encerrado o capítulo do @Fast and Furious, foi a vez de dar lugar a outro clássico do cinema: @Clube de Combate: Sépsis. O Dr João João Mendes, médico de medicina interna, especialista em medicina intensiva e por competência em emergência médica, trabalha na ULS Amadora/ Sintra e no Hospital CUF Tejo. Uma vez que os seus interesses de investigação incluem a sépsis, foram os conhecimentos sobre este tema que partilhou com os participantes.
Porque as definições de conceitos são importantes para se saber o que está em causa, começou por esclarecer as diferenças entre infeção, sépsis e choque séptico, abordando de igual forma como era feito o diagnóstico e tratamento em cada
um deles. A sépsis é uma condição grave que resulta de uma resposta desregulada do organismo a uma infeção, levando a disfunções orgânicas e, se não tratada adequadamente, pode culminar em choque séptico e morte. A abordagem eficaz da sépsis é crucial tanto no ambiente pré-hospitalar quanto no hospitalar, uma vez que a rapidez na identificação e no tratamento faz a diferença. No que diz respeito ao pré-hospitalar, a identificação precoce é fundamental. As equipas devem estar atentas ao sinais e sintomas de sépsis que incluem a febre, taquicardias, taquipneia, confusão mental, sinais de hipoperfusão (cálculo do índice de choque e extremidades frias). Por isso, na avaliação inicial do utente, recolhem os sinais vitais e a história clínica, procurando dados que sugiram critérios de infeção, comorbilidades ou tomas de medicação imunossupressora. No caso de instabilidade hemodinâmica do utente, a estabilização deve ser uma prioridade, através da administração de oxigenioterapia suplementar, hidratação, com soroterapia através de cateter venoso periférico e vigilância continua através de monitorização. O transporte para a unidade hospitalar deve ser feito de forma rápida e segura, priorizando a comunicação com a equipa multidisciplinar que irá receber o utente. Esta comunicação entre equipas permite que a informação seja efetivamente transmitida e que nada do que foi observado ou realizado anteriormen-
te se “perca”.
A abordagem hospitalar deve ser igualmente sistemática e célere, seguindo as guidelines estabelecidas. Ao contrário das restantes vias verdes, a presentação da sépsis tem uma clínica heterógena e os marcadores não são tão fiáveis, o que dificulta o diagnostico. Se somar a isso o tempo habitual de espera nos serviços de urgências, se um utente com quadro séptico não for sinalizado aquando da admissão, rapidamente o seu quadro poderá passar a choque séptico quadro for observado. Uma vez no hospital, não há tempo a perder num caso suspeito de sépsis. Se o utente estiver estável hemodinamicamente deve ser recolhida mais informação e iniciado o protocolo de atuação. Se estiver instável, devem ser instituídas de imediato medidas de suporte como a administração de oxigenioterapia), efetuar colheitas de amostras para exames microbiológicos e iniciar antibioterapia, administrar fluidos endovenosos para reposição da volémia se necessário, medir a lactato sérico, uma vez que os níveis de lactato no sangue ajudam a determinar a gravidade da sépsis e a eficácia da ressuscitação, e por fim monitorizar a resposta do utente ao tratamento, incluindo a frequência cardíaca, pressão arterial, diurese e outros sinais vitais, para garantir que a perfusão sanguínea esteja adequada se necessário iniciar suporte vasopressor. Em resumo, a sépsis constitui uma emergência médica
que demanda uma abordagem coordenada e ágil, tanto no ambiente pré-hospitalar quanto no hospitalar. A conscientização acerca dos sinais e sintomas, a implementação de protocolos de atendimento e a atuação integrada das equipes de saúde são elementos cruciais para melhorar os desfechos clínicos. A educação contínua dos profissionais de saúde e a sensibilização da população sobre a sépsis são essenciais para a deteção precoce e o tratamento eficaz dessa condição potencialmente fatal.
Para finalizar o Hot Topics em Emergências, foi dada a palavra ao Dr. Bruno Maia, médico neurologista e intensivista, coordenador da unidade de neurocríticos de trauma da ULS São José. O tema @Uma Mente Brilhante: AVC. Através de uma abordagem esquematizada, o Dr. Bruno mencionou que as alterações neurológicas agudas podem despertar preocupações significativas, especialmente quando associadas a sintomas como diminuição repentina
da força, alteração da fala ou visão. Muitas pessoas automaticamente associam esses sinais a acidente vascular cerebral (AVC), mas é importante entender que nem todas as alterações neurológicas agudas são causadas por essa condição. Existem diversas razões que podem levar a alterações neurológicas repentinas. Por exemplo, as crises de epilepsia/convulsões podem manifestar-se com sintomas neurológicos agudos, como confusão, perda de consciência ou movimentos involuntários. Além disso, infeções do sistema nervoso central, como meningite ou encefalite, podem causar sintomas neurológicos súbitos, exigindo uma abordagem de diagnóstico e tratamento distintos. Outras condições, como distúrbios metabólicos (ex.: hipoglicemia ou desidratação), podem também provocar alterações neurológicas agudas. Essas situações muitas vezes requerem intervenções rápidas para evitar complicações graves. Lesões traumáticas na cabeça, como contusões ou hematomas subdurais,
podem igualmente resultar em sintomas neurológicos repentinos. É importante que os profissionais de saúde considerem uma ampla gama de diagnósticos diferenciais ao avaliar o paciente e reconheçam precocemente a causa subjacente. Contudo, a doença cerebrovascular constitui a principal causa de mortalidade e morbilidade em Portugal, e por isso foram abordadas ao longo da apresentação. Pela gravidade da patologia e pelas sequelas que lhe estão associadas, relembrou que o objetivo da via verde AVC é reduzir o tempo do início dos sintomas e o início da terapêutica de fase aguda. Esta via verde deve ser implementada no pré-hospitalar, no intra-hospitalar e no inter-hospitalar porque em nenhum destes momentos se pode perder tempo. São critérios de ativação da Via Verde AVC: a existência de um défice neurológico agudo, com presuntivo determinismo cerebrovascular; os défices neurológicos têm menos de 24h de evolução desde o início dos sintomas ou do último momento em que o utente foi visto bem; a ausência de dependência prévia significativa; e a estabilidade cardiorrespiratória. Para além destes, o Dr. Bruno acrescentou um último critério a que chamou: bom senso! No que diz respeito à abordagem especificamente no pré-hospitalar perante um utente com um défice focal, salientou a importância de manter a avaliação do utente segundo da mnemónica do ABCDE, esclarecer se o défice focal é de instalação
súbita e se for o caso ativar a via verde AVC (avisando a unidade de saúde para onde se vai deslocar), identificar a hora de início dos sintomas, e colher informação sobre antecedentes e medicação (nomeadamente toma anticoagulantes).
Atualmente não é fácil balizar a janela de tempo, a informação recolhida em todas as fases é fundamental e deve ser valorizada e deve-se olhar para o utente que temos à frente. Quando aberto o espaço para questões, e foram várias as colocadas, o que todos retiveram é que na dúvida, independentemente da Via Verde em causa, o melhor será ativar.
Encerrada a segunda conferência, pelas 11h00 foi aberto o espaço para coffe break. Durante este intervalo do evento, os participantes puderam, como habitual, repor os níveis de cafeína e glicose e passar pelas diferentes bancas dos expositores, este ano com a novidade de estar presente uma banca do Instituto Nacional de Emergência Médica. Tiveram ainda a possibilidade de assistir à apresentação dos 5
e-pósteres que foram escolhidos entre os 15 que foram enviados para concurso. Nesse momento de avaliação estiveram presentes a Dra. Joana Cabrita e a Dra. Patrícia Ramos da APEMERG. O ICE25 contou com o Patrocínio GOLD da empresa Clinifar medical care solutions e com o Patrocínios da empresa Mc medical by Palex.
Às 11h15 foram retomadas as atividades planeadas com a Sessão de Abertura do Evento. Este ano estiveram presentes a Dra. Vera Mondim - Presidente da APEMERG, o Dr. Sérgio Dias Janeiro - Presidente
do INEM e o Dr. Carlos Cortes - Bastonário da Ordem dos Médicos.
O Enf. Luís Filipe Barreira, Bastonário da Ordem dos Enfermeiros, não podendo estar presente por questões de agenda, delegou no Enf. João Paulo Carvalho que pouco antes do início do evento informou que não ia poder comparecer.
A Dra. Vera Mondim, enquanto Presidente da Associação, tomou a palavra e deu as boas-vindas a todos os presentes. Referiu ser um momento importante para a Associação uma vez que recentemente tomaram posse os novos Orgãos Sociais e que este congresso é mais um desafio.
Referiu que o congresso não é apenas uma oportunidade para compartilhar conhecimento e experiências, mas também um espaço para cultivar parcerias, fomentar diálogos e que os presentes vejam na APEMERG uma Associação disponível para colaborar na mudança em prol da melhoria dos cuidados prestados na área da emergência pré e intra-hospitalar. De seguida, o Dr. Sérgio Dias Janeiro, Presidente do
INEM, agradeceu o convite para estar presente em representação do INEM, saudando todos os presentes e parabenizou a organização pelo Evento. Fez uma breve resenha do que tem sido o trabalho do INEM nos últimos anos e os desafios que tem atravessado e referiu que a coordenação multidisciplinar no pré-hospitalar é fundamental para que seja cumprida a missão de garantir que todos os cidadãos tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade em emergência. Por fim, o Bastonário da Ordem dos Médicos, o Dr. Carlos Cortes, não podendo estar presente fisicamente,
gravou uma mensagem de vídeo que foi transmitida e na qual cumprimentou todos os participantes, deu os parabéns à APEMERG pela organização do congresso enquanto momento de reflexão sobre a saúde, por ser uma associação que junta enfermeiros e médicos com um objetivo comum, e ressalvou a importância da interdisciplinaridade nos cuidados de saúde e do trabalho em equipa.
Terminado este momento mais formal, a Dra. Vera Mondim da APEMERG manteve-se no palco para moderar a Extreme Medicine, tema que foi abordado pelo Dr. Martin Perner. Vindo da Suécia, mas sendo um cidadão do mundo como refere, o Dr. Martin Perner é cirurgião ortopédico e de trauma, com uma carreira distinta na medicina militar, na medicina de catástrofe e em múltiplos cenários de extreme medicine Especializou-se em trauma pré-hospitalar, evacuação médica e aeromédica, damaged control surgery, medicina subaquática e tantas outras áreas
de excepção como o resgate submarino, ou o apoio médico a forças especiais e equipa táticas, desempenhando funções operacionais de alto nível, incluindo, entre outros, a direção médica em missões das Nações Unidas e de várias ONG´s internacionais. Com uma ampla experiência operacional, presenteou a plateia com o seu entendimento profundo sobre o que é necessário para oferecer serviços médicos de alta qualidade mesmo em ambientes complexos e adversos.
Começou a sua intervenção por referir que tudo o que iria referir era fruto da sua experiência e não de literatura. Para ele a Extreme Medicine refere-se a uma especialidade que se concentra na prática dos melhores cuidados possíveis em ambientes extremos ou desafiadores, como áreas remotas, zonas de guerra, expedições em montanhas, desertos ou regiões polares, e situações de emergência. Os profissionais que atuam nessa área têm de estar preparados para lidar com uma
ampla gama patologias, muitas vezes com recursos limitados e em condições adversas. Com o tempo, aquilo que era considerado extremo tem evoluído e tem estado cada vez mais próximo de nós (atentados, acidente em discotecas, acidentes de viação multivítimas....).
Para ele, não se pode ir para o terreno sem ter em conta a Extreme Medicine Clinical Governance. Este conceito refere-se a um conjunto de prática/ diretrizes que garantem a qualidade e a segurança dos cuidados médicos prestados nestes ambientes. Esta abordagem é fundamental para assegurar que os profissionais de saúde que atuam nessas condições extremas seguem padrões éticos e clínicos adequados. Esses aspetos incluem: Conhecer o contexto, ou seja, avaliar os riscos do local onde nos encontramos de forma que as equipa se preparem adequadamente; Profissionalismo, mantendo a ética e responsabilidade profissional e respeitando a dignidade e privacidade das vitimas; Cumprir protocolos e
diretrizes, para uniformizar os cuidados específicos a tipos de lesões e doenças mais comuns em ambientes extremos, assim como diretrizes para a administração de medicação e tratamentos; Transparência, não tendo receio de ser monitorizado e avaliado tendo em conta qualidade dos cuidados que presta e as suas intervenções ( não é por estar num local remoto que se pode ser negligente); Consequências, com a formação e a experiência, vem a responsabilidade e os outros criam expectativas sobre aquilo que os profissionais conseguem fazer. É uma tarefa que exige muito de cada um, que fisicamente, psicologicamente, quer pessoalmente uma vez que são muitos os dias passados fora e nunca sabemos quando podemos passar a vítimas.
Concluídas as apresentações do período da manhã, sob moderação do Dr. Miguel Monteiro e do Dr. Paolo Iacomini da APEMERG, cerca das 12h45 foram apresentadas as 5
comunicações livres que o júri selecionou:
- “Implementação da Escala NEWS no Serviço de Urgência: Projeto Piloto.”;
- “Quando o cérebro interfere com o coração.”;
- “Implementação do Debriefing clínico após evento crítico no serviço de urgência.”;
- “Ultrassonografia em enfermagem: Potencial transformador nos cuidados ao doente crítico.”;
- “O papel da enfermagem na otimização da reanimação cardiopulmonar telefónica: desafios e soluções.”.
O Dr. Miguel Monteiro agradeceu a partilha, o empenho de todos na produção de conhecimento e de investigação em saúde, por ser fundamental para o avanço da ciência, para a melhoria dos cuidados que se prestam e salientou que a APEMERG estará sempre disponível para apoiar a investigação. Terminada a sua intervenção, foi anunciado o intervalo para almoço.
Pelas 15h00, a Dra. Joana Cabrita da APEMERG moderou a conferência do Dr. James van Oppen cujo tema
versou sobre Emergência Médica Geriátrica na Europa. Vindo de Inglaterra, o Dr. James van Oppen é médico, especialista em emergência no Northern General Hospital, professor clínico na Universidade de Sheffield, com um programa de pesquisa em fragilidade, e é o atual Presidente da Seção de Medicina de Emergência Geriátrica da Sociedade Europeia de Medicina de Emergência (ERSEM). Começou por referir que o hospital onde exerce é dos principais hospitais da cidade, oferecendo uma ampla gama de serviços, sendo conhecido e uma referência no país pelas especialidades de emergência, cirurgia, medicina interna, saúde mental e reabilitação. O Northern General Hospital também possui instalações para pesquisa e ensino, colaborando com instituições académicas para formar novos profissionais de saúde. A trabalhar num hospital central que recebe centenas de utentes por dia, que está permanentemente lotado, o Dr. James procurou partilhar a sua visão de como estão preparados os serviços de urgência para oferecer
atendimento de qualidade a idosos que vivem com fragilidade. Para ele, os profissionais de saúde que trabalham nos serviços de urgência e emergência são especialistas em cuidar em doentes emergentes de forma indiferenciada. E a especificidade que os idosos apresentam requerem também uma visão diferente dos cuidados, relembrando o conceito de Silver Tsunami que se refere ao aumento da população idosa, especialmente nos países desenvolvidos. Este fenómeno demográfico é caracterizado pelo crescimento significativo do número de pessoas com idade acima de 64 anos, sendo que o termo tsunami é uma metáfora que advém do impacto profundo e abrangente que tal tem em várias áreas da sociedade, sejam elas a saúde, a economia, o mercado de trabalho ou nas políticas sociais que permitam acompanhar o envelhecimento da população. Atualmente, constatou-se que apesar de se ter começado a falar no Silver Tsunami há 20 anos, ainda não estamos preparados para lidar com o envelhecimento, uma vez que os
cuidados que se prestam à população idosa até os pode manter vivos, mas nem sempre com qualidade ou com bem-estar. Foi estudado que quanto maior a dependência antes do episódio de ida ao serviço de urgência, menor a probabilidade de sobrevivência ao 10º dia. Lidar com emergências geriátricas é difícil uma vez que as queixas são muitas vezes inespecíficas, os utentes têm múltiplas comorbilidades, estão polimedicados, têm problemas de saúde que condicionam possíveis tratamentos, têm dependência funcional, necessitam de ter uma pessoa de referência (familiar ou cuidador), e existe um grau de incerteza do desfecho. Com a sobrelotação e a burocracia que existe, para o Dr. James e também baseado nos estudos e literatura existente, os Departamentos de Emergência não são locais adequados para cuidar de utente idosos/ com fragilidade e o ambiente é-lhe até prejudicial. O que se preconiza então nos cuidados geriátricos? Ao contrário de cuidados de emergência, o foco está no diagnostico e trata-
mento do delirium e/ou demência; avaliação e prevenção de quedas; gestão e revisão terapêutica; reabilitação; elaboração de um plano terapêutico a longo prazo; e cuidados paliativos. Para que tal acontece é necessário que exista a identificação do utente, fazer uma avaliação alargada e adicionar um plano centrado no utente.
A European Taskforce em Emergência Geriátrica procura agregar as emergências geriátrica com os cuidados urgentes, de forma a aprimorar os cuidados prestados a todos os utentes, inclusive aos utentes idosos, replicando os resultados nos departamentos de emergência em toda a
Europa. Contudo, as recomendações nem sempre vão de encontro à realidade o que pode provocar um “desconforto” nos profissionais e obriga a uma adaptação dos mesmos. As pessoas devem ser olhadas como um todo e não apenas focadas na doença que apresentam.
Depois de duas palestras em inglês, voltamos a ouvir falar em português, com a Dra. Cristina Camilo, pediatra na ULSSM e no TIP Sul. Moderada pelo Enf. José Lopes da APEMERG, com o título os 5 Na Sala de Emergência Pediátrica foi uma narrativa de 5 histórias/ casos clínicos, através dos quais a Dra. Cristina procurou
sensibilizar os presentes para a importância a avaliação primária em pediatria através da mnemónica ABCDE. A abordagem do A foi efetuada relatando a história de um jovem que recorreu ao SU com uma odinofagia. Com a evolução da doença, acabou por ser efetuado o diagnostico de epiglotite/supraglotite, que enquanto infeção grave da epiglote e estruturas supraglóticas leva a obstrução de rápida evolução da via aérea superior, sendo uma emergência médica e cuja entubação endotraqueal é quase sempre a solução. Para a abordagem do B relatou o caso de uma bebé com respiração irregular, pálida com cianose labial e prostrada. Com a evolução clínica, foi-lhe diagnosticada uma bronquiolite aguda. É uma patologia com alguma frequência, com diagnósticos diferenciais, contudo algumas necessitam de internamento pelos fatores de gravidade. No C foi contada a história da uma criança que recorreu à urgência com irritabilidade, prostração, febre, e lesões cutâneas. Foi-lhe diagnosticado um quadro de sépsis/ quadro séptico e descritas as medi-
das que foram tomadas para tentar reverter a situação. Uma criança com asma, inconsciente, pálida e com respiração irregular foram os primeiros dados fornecidos para descrever o caso para a abordagem do D. Contudo, com o evoluir da exposição, percebeu-se que estávamos perante uma AEC por Estado de Mal Epilético, o que mudou completamente a nossa intervenção. Por fim, na abordagem do E, foi relatado o caso de uma criança com prostração, sem qualquer outra alteração nos sinais vitais mas que, quando lhe é removida a roupa e efetuada a exposição, a equipa repara que tem colado um transdérmico de buprenorfina no dorso. Assim que removido e fornecido o antidoto, o
quadro reverte. Tal exemplo serviu para alertar os presentes para a importância de observar a criança como um todo.
Ou seja, o princípio do ABCDE, que se refere a avaliação da Via aérea, Respiração, Circulação, Disfunção Neurológica e Exposição, é uma ferramenta fundamental na prática clínica, especialmente em emergências para garantir a prestação de cuidados de qualidade e seguros. Foi uma apresentação interativa, que marcou pela diferença e despertou curiosidade de muitos.
Esclarecidas as dúvidas e respondidas as questões colocadas pelos presentes, foi dada por terminada a palesta, e às 16h50 foi aberto o último espaço para coffe break
O último palestrante do ICE25 foi o Dr. Andrew Wood, anestesista e especialista em medicina pré-hospitalar em Londres. O Enf. André Brigola da APEMERG moderou assim a apresentação cujo tema foi Trauma Resuscitation Update. A trabalhar no Royal London Hospital (Bart´s Healht
NHS) e na London´s Air Ambulance, o Dr. Andrew é especialista em trauma major e politrauma, lider de anestesia para governance do grupo de anestesia de trauma do Royal London Hospital, desempenhando um papel crucial na promoção da cultura de segurança na anestesia e qualidade dos cuidados prestados às vítimas. Desta forma, e porque o sistema inglês de helitransporte de emergência não é semelhante ao nosso, foi explicado que o chamado London Air Ambulance Charity existe em 4 pontos das cidades (ou seja, existem 4 no total), é um serviço que se pretende que efetue um resgate rápido, e forneça um atendimento diferenciado de emergência em situações críticas. A bordo vai um piloto, e uma equipa composta por um médico e um paramédico com formação diferenciada que podem prestar, não só no local como durante o transporte, cuidados invasivos de acordo com a situação, até entregarem a vítima no hospital. Da equipa não fazem parte enfermeiros (estes estão apenas nos serviços hospitalares). Para além de cobrirem a cidade de Londres, se necessário, podem ser deslocados para áreas adjacentes de forma a garantir a assistência médica a um maior número de pessoas. Como a organização é uma instituição de caridade registada, ela depende significativamente de doações para continuar a sua missão. Assim, o seu funcionamento é sustentado principalmente por financiamento privado e doações, complementadas pelo apoio governamental.
E porque é que são tão utilizados os helicópteros e o regate aéreo no âmbito da medicina de emergência em Londres? Segundo o Dr. Andrew, as equipas já estão tão treinadas que conseguem reduzir o tempo de transporte e assim aumentar a possibilidade de sobrevivência da vítima em situações emergentes uma vez que estão no centro de uma grande cidade onde nem sempre é fácil chegar a todo o lado de viatura. Dando o exemplo dos casos de trauma, referiu que a equipa está numa base. Quando é efetuada uma chamada de emergência, o operador avalia a gravidade e envia uma ambulância e se necessário envia também a equipa do helicóptero. O helicóptero como está sedeado num local estratégico da cidade, habitualmente (a não ser que as condições meteorológicas não o permitam) chega rapidamente aos diferentes pontos da cidade. A equipa multidisciplinar tem formação especifica em emergência e trauma, e têm material e equipamento para procedimentos invasivos e life saving se necessário. Os cuidados que prestam no local podem incluir desde estabilização de fraturas, controlo de hemorragias, até toracotomias em casos extremos. Quando considerado estabilizado (ou que nada mais têm para oferecer no local, a vítima é preparada para o transporte para o hospital mais adequado (habitualmente que tenha centro de trauma) e é feita comunicação para a instituição para avisar da chegada da vítima para que a equipa
no local se possa preparar. Desta forma, os helicópteros de resgate em Londres, têm um papel fundamental no atendimento a vítimas de traumas graves, como acidentes de trânsito, quedas e incidentes violentos. Com o aumento da complexidade dos casos que atendem, a atualização contínua das diretrizes e protocolos é essencial. No que diz respeito a casuística, e tendo em conta as causas mais comuns de PCR, o Dr. Andrew destacou a hipoxemia, a hipovolémia, o pneumotórax hipertensivo e o tamponamento cardíaco. Destes, a taxa de sobrevivência no caso da hemorragia exsanguinante é de 2%, enquanto do tamponamento cardíaco é de 21%, se for efetuada alguma intervenção nos primeiros 5min. Por isso, recentemente, as diretrizes de ressuscitação em trauma foram atualizadas para incorporar novas evidências científicas e melhorar práticas, incluíram a otimização da gestão de via aérea, a administração rápida de fluidos e a utilização de transfusões de sangue no local da ocorrência. Além disso, a formação contínua da equipa médica e de paramédicos é crucial para garantir que todos estejam familiarizados com as novas técnicas e equipamentos. Aquilo que as equipas pretendem é controlar os danos: controlar as hemorragias, restaurar o volume perdido, tratar o choque obstrutivo e encurtar o tempo até ao hospital. Por vezes têm de realizar no local procedimen-
tos invasivos como toracotomias para reverter quadros de tamponamento cardíaco. Mas apenas profissionais muito treinados é que o fazem.
Um aspeto importante do Trauma Resuscitation Update é a ênfase na comunicação entre as equipes de resgate e os hospitais. A implementação de sistemas de notificação em tempo real permite que os centros de trauma se preparem adequadamente para receber as vítimas, otimizando os resultados.
Já no final do Congresso foram anunciados pelo Dr. Miguel Monteiro da APEMERG, enquanto representante do Júri, os vencedores de melhor Comunicação Oral - “Ultrassonografia em enfermagem: Potencial transformador nos cuidados ao doente crítico.”; e o de melhor e-Poster- “Formação multidisciplinar baseado em
cenários de emergência pediátrica, uma experiência de dois anos.”
Pelas 18h30 a Sessão de Encerramento do ICE25 foi realizada pelo Enf.º Tiago Amaral da APEMERG, que enquanto Vice-Presidente da Associação, reiterou os agradecimentos aos participantes, aos patrocinadores, aos palestrantes e restantes elementos da organização do evento. Convidou todos os presentes a conhecerem a nova página web da APEMERG (www. apemerg.pt) e a tornarem-se sócios da associação de forma que a mesma consiga ter maior “peso” e representatividade junto das entidades oficiais. Ficou já marcada a próxima edição do ICE no dia 10 de abril de 2026, na Figueira da Foz.
ERCCEMERGENCY RESPONSE COORDINATION CENTRE
O ERCC monitoriza eventos em todo o mundo 24 horas por dia, 7 dias por semana, e garante a rápida mobilização de apoio de emergência após um grande desastre. Equipas e equipamentos especializados, como aviões de
combate a incêndios florestais, equipes de busca e salvamento e equipas médicas, podem ser mobilizados a curto prazo para missões dentro e fora da Europa, através da ligação direta com as Autoridades de Proteção Civil
https://erccportal.jrc.ec.europa.eu/
O site do Colégio Americano de Cardiologia é um ponto de encontro de referência das diretrizes clínicas cardiológicas, e do que de mais moderno e atual poderá encontrar em ciência, pesquisa e educação
sobre cuidados cardiovasculares. Na área das Guidelines poderá encontrar as novas orientações conjuntas (de 2025) para a abordagem do doente com Síndrome Coronário Agudo
https://www.acc.org/Clinical-Topics/Acute-Coronary-Syndromes#sort=qre
Numa altura em que um apagão nos deixou a todos surpreendidos e vulneráveis, aquilo que mais necessidade sentimos foi de informação. As entidades oficiais são sempre a forma de comunicação mais fidedigna.
Estas duas aplicações poderão ser uma boa fonte de informação sobre catástrofes naturais ou eventos extremos, de forma a nos ajudar a manter alerta, informados e ajudados
Funciona a nível local, tendo como principais objetivos, alertar para a importância das matérias de proteção civil, implementar uma cultura de segurança e ajudar a adquirir conhecimentos para situações de acidente grave ou catástrofe.
https://play.google.com/store/apps/details?id=com.raisesystems.procivloule
A aplicação do Instituto Português do Mar e da Atmosfera disponibiliza os avisos à população em geral para a ocorrência de situações meteorológicas de risco, que nas próximas 72 horas possam causar danos ou prejuízos a diferentes níveis, dependendo da sua intensidade
https://play.google.com/store/apps/details?id=pt.ipma.avisos
EDITOR
2025 ACC/AHA/ACEP/NAEMSP/SCAI Guideline for the Management of
https://doi.org/10.1016/j.jacc.2024.11.009
Rao S.V., O’Donoghue M.L., Ruel M., et al. "2025 ACC/AHA/ACEP/NAEMSP/SCAI guideline for the management of patients with acute coronary syndromes: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Joint Committee on Clinical Practice Guidelines". J Am Coll Cardiol . Published online February27, 2025.
for
From the American Heart Association/American Stroke Association
https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/STR.0000000000000475
Bushnell, C., Kernan, W. N., Sharrief, A. Z., Chaturvedi, S., Cole, J. W., Cornwell, W. K., Cosby Gaither, C., … Whelton, P. K. (2024). 2024 guideline for the primary prevention of stroke: A guideline from the American Heart Association/American Stroke Association. Stroke, 55(12).
Lulla A, Lumba-Brown A, Totten AM, Maher PJ, Badjatia N, Bell R, Donayri CTJ, Fallat ME, Hawryluk GWJ, Goldberg SA, Hennes HMA, Ignell SP, Ghajar J, Krzyzaniak BP, Lerner EB, Nishijima D, Schleien C, Shackelford S, Swartz E, Wright DW, Zhang R, Jagoda A, Bobrow BJ. Prehospital Guidelines for the Management of Traumatic Brain Injury - 3rd Edition. Prehosp Emerg Care. 2023;27(5):507-538. doi: 10.1080/10903127.2023.2187905. Epub 2023 Apr 20. PMID: 37079803
Prehospital Trauma Compendium: Prehospital Administration of Antibiotics in Trauma Patients – an NAEMSP Resource Document
https://doi.org/10.1080/10903127.2025.2460203
Barrett, W. J., Kaucher, K. A., Orpet, R. E., Colwell, C. B., & Lyng, J. W. (2025). Prehospital Trauma Compendium: Prehospital Administration of Antibiotics in Trauma Patients – an NAEMSP Resource Document. Prehospital Emergency Care, 1–8.
Prehospital Trauma Compendium: Management of Injured Pregnant Patients– A Position Statement and Resource Document of NAEMSP
https://doi.org/10.1080/10903127.2025.2473679
Maloney, L. M., Huff, A. N., Couturier, K., Fox, K. A., Lyng, J. W., Martin-Gill, C., … Guyette, F. X. (2025). Prehospital Trauma Compendium: Management of Injured Pregnant Patients– A Position Statement and Resource Document of NAEMSP. Prehospital Emergency Care, 1–14
EDITOR
ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO – Novembro de 2021
A Revista LIFESAVING (LF) é um órgão de publicação pertencente ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) e dedica-se à promoção da ciência médica pré-hospitalar, através de uma edição trimestral.
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4.1 Critérios de publicação nas rúbricas
A LF convida a comunidade científica à publicação de artigos originais em qualquer das
categorias em que se desdobra, de acordo com os seguintes critérios de publicação:
Nós Por Cá
- Âmbito: Dar a conhecer a realidade de actuação das várias equipas de acção pré-hospitalar através de revisões estatísticas da sua casuística. Dimensão: 250 palavras.
Tertúlia VMERISTA
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Minuto VMER
- Âmbito: Sintetização para consulta rápida de procedimentos relevantes para a abordagem de doentes críticos. Dimensão: 1000 palavras
Fármaco Revisitado
- Âmbito: Revisão focada na aplicabilidade clínica de um fármaco usado em contexto de emergência pré-hospitalar; - Estrutura: Título; Autoresmáximo 1(primeiro nome, último nome, título, afiliação); Introdução; Formas de Apresentação e Conservação; Posologia e Modo de Administração; Farmacocinética; Farmacodinâmica; Indicações
Terapêuticas; Contra-indicações; Efeitos Adversos e Interações medicamentosas; Take Home Messages; Referências
- Dimensão: até 1200 palavras (excluindo referências); até 10 referências
- Iconografia: deverá ser enviada uma imagem/fotografia associada ao tema da rubrica (em formato JPEG com resolução original)
Journal Club
- Âmbito: Apresentação de artigos científicos pertinentes relacionados com a área da urgência e emergência médica pré-hospitalar e hospitalar. Dimensão: 500 palavras
Nós e os Outros
- Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre a actuação de equipas de emergência préhospitalar não médicas. Dimensão: 1000 palavras
Ética e Deontologia
- Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre questões éticas desafiantes no ambiente pré-hospitalar. Dimensão: 1000 palavras
Legislação
- Âmbito: Enquadramento jurídico das diversas situações com que se deparam os profissionais de emergência médica. Dimensão: 500 palavras
O que fazer em caso de...
- Âmbito: Informação resumida mas de elevada qualidade para leigos em questões de emergência.
Dimensão: 500 palavras.
Mitos Urbanos
- Âmbito: Investigar, questionar e esclarecer questões pertinentes, dúvidas e controvérsias na prática diária da emergência médica. Dimensão: 1000 palavras.
Cuidar de Nós
- Âmbito: Diferentes temáticas, desde psicologia, emocional, metabólico, físico, laser, sempre a pensar no auto cuidado e bem estar do profissional. Dimensão: 500 palavras.
Infosaving: a Rúbrica de Infografias da Lifesaving - Âmbito: Apresentação de tema com relevância para o contexto pré-hospitalar e doente crítico através de mnemónicas, esquemas gráficos, auxiliares de memória visuais e algoritmos.
- Formato: Título, Autores (primeiro e último nome, categoria profissional e afiliação), Imagem com alta resolução em formato JPEG ou PDF, Referências bibliográficas.
Pedacinho de Nós
- Âmbito: Dar a conhecer os profissionais das equipas de emergência pré-hospitalar. Dimensão: 400 palavras.
Tesourinhos VMERISTAS
- Âmbito: Divulgação de situações caricatas, no sentido positivo e negativo, da nossa experiência enquanto VMERistas. Dimensão: 250 palavras
Congressos Nacionais e Internacionais
- Âmbito: Divulgação de eventos na área da Emergência Médica. Di-mensão: 250 palavras.
Best Links/ Best Apps de Emergência Pré-hospitalar
- Âmbito: Divulgação de aplicações e sítios na internet de emergência médica pré-hospitalar -Dimensão: 250 palavras
Cartas ao Editor
- Objetivo: comentário/exposição referente a um artigo publicado nas últimas 4 edições da revista promovendo a discussão e visão crítica. Poderão ainda ser enviados observações, casuísticas particularmente interessantes de temáticas atuais que os autores desejem apresentar aos leitores de forma concisa.
- Instruções para os autores:
1. O corpo do artigo não deve ser subdividido; sem necessidade de resumo ou palavras-chave.
2. Deve contemplar entre 500 a 1000 palavras, excluindo referências, tabelas e figuras.
3. Apenas será aceite 1 figura e/ou 1 tabela.
4. Não serão aceites mais de 5 referências bibliográficas. Devendo cumprir as normas instituídas para revista.
5. Número máximo de autores são 4.
Instantâneos em Emergência Médica
- Âmbito: Fotografias em contexto pré-hospitalar, contextualizadas nas diversas áreas da Emergência.
- Formato: Título; Autores –
(primeiro nome, último nome, título, categoria profissionalopcional); imagem em formato JPEG com resolução original); Legenda explicativa com breve enquadramento ou breve comentário acerca do sentido da imagem para o Autor. – máx. 100 palavras.
É de a responsabilidade dos autores respeitar a POLITICA DE PRIVACIDADE, De acordo com o art. º13.º do Regulamento Europeu de Proteção de Dados Pessoais Reg. UE 201/679. Os Autores são responsáveis por respeitar e obter o consentimento de imagem, quando necessário ( n.º 1 do artigo 79.º do C.C).
Posters em Emergência Médica - Âmbito: Apresentação sumária de Póster científico original, sobre a temática da Emergência pré e intra-hospitalar, e do doente crítico. Dimensão: 800 a 1000 palavras. Limite de tabelas e imagens: 6
Intoxicações no pré-hospitalar - Âmbito: Revisão geral sobre determinada substância (tóxico), consequências de sobredosagem ou contacto/ consumo inadvertido ou intencional e qual a abordagem em contexto de Emergência Médica Pré-hospitalar. Formato: Título; Autores; palavra (s)-chave; 1 ou 2 imagens (podendo incluir gráficos e/ou tabelas devidamente legendados); 500 a 1000 palavras; Agradecimentos; Referências bibliográficas
4.2 Critérios gerais de publicação
O trabalho a publicar deverá ter no máximo 120 referências. Deverá ter no máximo 6 tabelas/ figuras devidamente legendadas e referenciadas.
O trabalho a publicar deve ser acompanhado de no máximo 10 palavras-chave representativas. No que concerne a tabelas/ figuras já publicadas é necessário a autorização de publicação por parte do detentor do copyright (autor ou editor). Os ficheiros deverão ser submetidos em alta resolução, 800 dpi mínimo para gráficos e 300 dpi mínimo para fotografias em formato JPEG (.Jpg), PDF (.pdf). As tabelas/figuras devem ser numeradas na ordem em que ocorrem no texto e enumeradas em numeração árabe e identificação.
No que concerne a trabalhos científicos que usem bases de
dados de doentes de instituições é necessário fazer acompanhar o material a publicar do consentimento da comissão de ética da respectiva instituição. As submissões deverão ser encaminhadas para o e-mail: revistalifesaving@gmail.com
5. Referências
Os autores são responsáveis pelo rigor das suas referências bibliográficas e pela sua correta citação no texto. Deverão ser sempre citadas as fontes originais publicadas. A citação deve ser registada empregando a Norma de Vancouver
A Revista LIFESAVING é uma publicação científica e técnica, na área da emergência médica, difundida em formato digital, com periodicidade trimestral.
Trata-se de um projeto inovador empreendido pela Equipa de Médicos e Enfermeiros das Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) de Faro e de Albufeira, pertencentes ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve, e que resultou da intenção estratégica de complementar o Plano de formação contínua da Equipa.
A designação “Lifesaving”, que identifica a publicação, é bem conhecida por todos os profissionais que trabalham na área da emergência médica, e literalmente traduz o desígnio da nobre missão que todos desempenham junto de quem precisa de socorro – “salvar vidas”.
Esta Publicação inovadora, compromete-se a abraçar um domínio editorial pouco explorado no nosso país, com conteúdos amplamente dirigidos a todos os profissionais que manifestam interesse na área da emergência médica. Através de um verdadeiro trabalho de Equipa dos vários Editores da LIFESAVING, e
aproveitando a sua larga experiência em Emergência Médica, foi estabelecido o compromisso de apresentar em cada número publicado, conteúdos e rubricas de elevada relevância cientifica e técnica no domínio da emergência médica. Por outro lado, este valioso instrumento de comunicação promoverá a partilha das ideias e conhecimentos, de forma completa, rigorosa e assertiva.
Proprietário: Centro Hospitalar Universitário do Algarve, E.P.E.
NIPC: 510 745 997
Morada: Rua Leão Penedo, 8000-386 Faro
N.º de registo na ERC: 127037
Diretor: Dr. Bruno Santos
Editor-Chefe: Dr. Bruno Santos
Morada: Rua Leão Penedo, 8000-386 Faro
Sede da redação: Rua Leão Penedo, 8000-386 Faro
Periodicidade: trimestral
Esta publicação periódica pretende ser uma compilação completa de uma seleção de matérias científicas e técnicas atualizadas, incluídas em grande diversidade de Rubricas, incluindo: – “Nós Por Cá” – Âmbito: Dar a conhecer a realidade de atuação das várias equipas de ação pré-hospitalar através de revisões estatísticas da sua casuística. Poderá incluir também a descrição sumária de atividades, práticas ou procedimentos desenvolvidos localmente, na área da emergência médica – Dimensão: 500 palavras; – “Tertúlia VMERISTA” – Âmbito: Pequenos artigos de opinião sobre um tema fraturante – Dimensão: 250 palavras;
– “Minuto VMER” – Âmbito: Sintetização para consulta rápida de procedimentos relevantes para a abordagem de doentes críticos, ou de aspetos práticos relacionados com Equipamentos utlizados no dia-à-dia. Dimensão: 1000 palavras; – “Fármaco Revisitado” – Âmbito: Revisão breve de um fármaco usado em emergência pré-hospitalar, ou que poderia ser uma mais valia a sua implementação na carga VMER.
– Dimensão: 500 palavras;
– “Journal Club” – Âmbito: Apresentação de artigos científicos pertinentes relacionados com a área da urgência e emergência médica pré-hospitalar e hospitalar. -Dimensão: 500 palavras; – “Nós e os Outros” – Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre a atuação de equipas de emergência préhospitalar não médicas. -Dimensão: 1000 palavras;
– “Ética e Deontologia” – Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre questões éticas desafiantes no ambiente pré-hospitalar. -Dimensão: 500 palavras;
– “Legislação” – Âmbito: Enquadramento jurídico das diversas situações com que se deparam os profissionais de emergência médica.
– Dimensão: 500 palavras;
– “O que fazer em caso de…” –Âmbito: Informação resumida, mas de elevada qualidade, para leitores não ligados à área da saúde, ou da emergência médica -Dimensão: 500 palavras;
– “Mitos Urbanos” – Âmbito: Investigar, questionar e esclarecer questões pertinentes, dúvidas e controvérsias na prática diária da emergência médica. -Dimensão: 1000 palavras;
– “Cuidar de Nós” – Âmbito: Discussão de diferentes temáticas, de caráter psicológico, emocional, metabólico, físico, recreativo, centradas no autocuidado e bem estar do profissional da emergência. -Dimensão: 500 palavras;
– “Pedacinho de Nós” – Âmbito: Dar a conhecer, em modo de entrevista, os profissionais da Equipa das VMER de Faro e Albufeira ou outros Elementos colaboradores editoriais da LIFESAVING. – Dimensão: 500 palavras;
– “Vozes da Emergência” – Âmbito: Apresentar as Equipas Nacionais que desenvolvem trabalho na Emergência Médica, dando relevância a especificidade locais e revelando diferentes realidades. – Dimensão 500 palavras;
– “Emergência Global” – Âmbito: publicação de artigos de autores internacionais, que poderão ser artigos científicos originais, artigos de opinião, casos clínicos ou entrevistas, pretendendo-se divulgar experiências enriquecedoras, além fronteiras;
– “Tesourinhos VMERISTAS” –Âmbito: Divulgação de situações caricatas, no sentido positivo e negativo, da experiência dos Profissionais da VMER. – Dimensão: 250 palavras;
– “Congressos Nacionais e Internacionais” – Âmbito: Divulgação de eventos na área da Emergência Médica – Dimensão: 250 palavras; palavras;
– “Best Links/ Best Apps de Emergência Pré-hospitalar” –Âmbito: Divulgação de aplicações e sítios na internet de emergência médica pré-hospitalar -Dimensão: 250 palavras
PREVISÃO DO NÚMERO DE PÁGINAS: 50;
TIRAGEM: – não aplicável para a publicação eletrónica, não impressa em papel.
CONSULTADA:
Pode ser consultada no site do CHUAlgarve, no setor “Comunicação”, no domínio http:// www.chualgarve.min-saude.pt/ lifesaving/, e adquirida gratuitamente por subscrição nesse mesmo site. Não dispomos ainda de um site oficial para organização dos nossos conteúdos, de modo que atualmente todas as Edições estão a ser arquivadas no Repositório Internacional ISSUU, onde poderão ser consultadas gratuitamente (https://issuu.com/lifesaving). Marcamos presença ainda noutras plataformas de divulgação (Facebook, Instagram, Twiter e Youtube).
A LIFESAVING será difundida no site do Centro Hospitalar do Algarve (no setor média e imagem), e sua Intranet, com possibilidade da sua subscrição para receção trimestral via e-mail. Inserida on-line no repositório de publicações ISSUU, adquirindo um aspeto gráfico otimizado para tornar a leitura ainda mais agradável.
Será também difundida na página de Facebook da VMER de Faro, página própria com o nome LIFESAVING.
N.º 1 do art.º 17.º da Lei de Imprensa: Garanta de liberdade de imprensa:
1 - É garantida a liberdade de imprensa, nos termos da Constituição e da lei.
2 - A liberdade de imprensa abrange o direito de informar, de se informar e de ser informado, sem impedimentos nem discriminações.
3 - O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura