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Capítulo 23. Meu Galo – Não poderia esquecer

PELOS CAMINHOS DA VIDA

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CAPÍTULO 23 - MEU GALO NÃO PODERIA ESQUECER

Oprimeiro time que escolhi para torcer foi o Palmeiras. Tudo aconteceu em Conceição do Mato Dentro, quando entrei num boteco para comprar balas e vi uma foto do time do Palmeiras colada em um vidro. Achei sua camisa muito bonita e decidi, naquela hora, que seria palmeirense. Lembro hoje só do goleiro Oberdan. Mas depois me lembro dos timaços que montou como o que tinha Julinho, Vavá, depois Ademir da Guia, Servilho, Tupãzinho, Rinaldo, Leivinha e o Leão, grande goleiro.

Depois que fui para o Serro passei a torcer para o Flamengo, que na verdade passou a ser o meu time de fato, pois passei a escutar os seus jogos. As rádios locais quase sempre só pegavam a Nacional e a Globo, que só dava Mengão. Olha só um dos times que ainda me lembro: Garcia, Tomires e Pavão; Jadir, Dequinha e Jordan; Joel, Moacir, Henrique, Dida e Zagalo. Timaço! Campeão diversas vezes.

Anos depois, logo que vim para BH, isto tudo caiu no esquecimento e os dois times passaram a ser os principais rivais do meu time de coração. O Galão da Massa. Virei atleticano fanático.

Depois de minha aposentadoria uma das coisas que tem ocupado o meu tempo e me distraído é ver futebol na TV. Sempre que posso e lembro vejo jogos de todo mundo, quando são dos principais times, e principalmente o brasileiro, série A e B. Aliás, tenho visto mais a B.

Quando é jogo do galo eu mais escuto do que vejo. É muito sofrimento. Fico com medo de ter algum “troço”, porque minha mão fica gelada e os pés nem se fala. Então fico aguardando ouvir o foguetório da favela e aí ligo o rádio para ver o que aconteceu (geralmente gol do galo) e deixo a TV mais para depois do jogo. Quando o placar está mais avantajado aí sim, assisto mais a TV (geralmente, ligo e desligo). Tenho que acabar com esta fobia. Vou dar um jeito e enfrentar a onça. Vou ver se consigo, pois acho que sou pé frio e, sempre que vejo os jogos o Galo perde. Mas como ele só está ganhando, acho que agora fica mais fácil.

Conforme já falei, quando vim para BH, logo que ganhei um dinheirinho comprei minha cadeira cativa no Mineirão. Não perdia um jogo do galo. Vi ele ser o primeiro campeão brasileiro, em 1971. Timaço, com Renato (goleiro), Vantuir, Grapete, Humberto Ramos, Oldair, Ronaldo, Dario e muitos outros.

Anos mais tarde, o Atlético montou um time ainda mais brilhante que este: nomes como João Leite, Luisinho, Toninho Cerezo, Palhinha, Marcelo Oliveira, Paulo Isidoro, Ziza, Éder Aleixo e Reinaldo — considerado por muitos como o melhor jogador da história do Atlético — foram os responsáveis por levar o time às finais do Brasileirão de 1977 e 1980. Infeliz-

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mente, essa geração de grandes craques foi derrotada pelo São Paulo e pelo Flamengo em finais super-polêmicas.https://pt.wikipedia.org/wiki/Clube_ Atl%C3%A9tico_Mineiro - cite_note-94

Foi aí que vi o meu galo ser roubado pelos juízes, que só apitavam a favor dos grandes times de São Paulo e do Rio. Muitas arbitragens polêmicas. E como eram descarados. Roubavam na cara de toda a torcida. O galo chegou a ser vice-campeão por várias vezes: em 1977 (invicto), em 1980, 1999, 2012 e 2015, a maioria por roubo. Mas como contavam com o apoio da impressa, tudo ficava por isso mesmo. Tinha um tal de José Roberto Wright que era um absurdo; ganhou até o apelido de Roberto Rato.

Mas aí vocês vão dizer, mas o Cruzeiro ganhou. Várias vezes. É verdade, ganhou porque tinha um timaço, com Tostão, Dirceu Lopes, Piazza, Natal e vários outros bons jogadores. Também, aos poucos começou a ficar mais difícil a roubalheira. Passou a ter algumas punições para os juízes. E o Cruzeiro investiu muito nos últimos anos e ganhou outros campeonatos. No final acabou quebrando, com a roubalheira dos dirigentes, e já está há três anos na série B.

Mas, em contrapartida, o meu galo mudou, até que enfim, com administrações mais sérias e profissionais. Em 2013, ganhamos a Libertadores e também a Copa do Brasil em 2014, além da 2ª Recopa sul-americana. Tudo comandado pelo Cuca e com a genialidade do Ronaldinho Gaúcho e Cia.

Mas o bi demorou. E como demorou. Afinal, foram 50 anos. Não merecíamos tudo isto. Ficamos engasgados todo este tempo. Agora vão ter que nos engolir. Muitos que comemoraram em 1971 já se foram. Mas enfim!

Agora só se vê o povão gritando: ôôôôôô....o galo ganhô!!! Õôôôô e o galo? O galo ganhô!!!! Foi assim durante todo o ano de 2021.

No final, antes mesmo de acabar o campeonato o meu galão da massa virou campeão brasileiro. Fez nada menos que 84 pontos. Bi-Campeão. Treze pontos à frente do Mengão. Até que enfim acabou o perrengue!

Já era para ser campeão em 2020, quando ficou apenas três pontos atrás do Flamengo. E isso só aconteceu porque o plantel foi vítima da Covid e muitos jogadores foram afastados e não puderam jogar. Mas não interessa. Desta vez o galo ganhou e foi campeão. Com merecimento. Mas já era para ser tri ou tetra, no mínimo, se o futebol brasileiro fosse mais sério no passado.

Mas vale a pena lembrar um pouco sobre o jogo que deu mais um título ao galo. O Fred com a família e o Bruno também vieram ver o jogo aqui em casa. No primeiro tempo o galo já merecia estar vencendo, mas só não fez gols porque o goleiro do Bahia estava pegando tudo.

Veio o segundo tempo e o Bahia fez o primeiro gol, de um dos seus

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beques, e de cabeça e logo depois mais um do seu principal artilheiro. Pronto. Nós todos já achávamos que o jogo já estava decidido e a festa ficaria para o próximo jogo em BH.

Mas nada disso: O Cuca fez duas mudanças no time e tudo que achávamos que estava perdido virou. E que virada, na raça, principal característica do galo. Em menos de cinco minutos três gols. Do sofrimento ao êxtase. E como disse o Cuca: do jeito galo de ser. Sofrido! Mas valeu! Festa na cidade durante toda à noite. Os jogadores chegaram e foram para a Praça Sete, de onde só saíram às cinco horas da manhã. E a festa continuou no domingo, quando foi entregue a taça de bicampeão no jogo contra o Bragantino. Vai Galo!

E a festa não parou. Três dias depois mais um bi, agora da Copa do Brasil. Foi mais fácil do que imaginávamos: 4x0 no Mineirão e 2x1 em Curitiba, contra o Atlético Paranaense. De novo festa à noite toda. Quanto foguete. Nunca vi nada igual. Parabéns Galo e Parabéns para a torcida que deu um show.

E já no começou deste ano o Galão ganhou mais um título, o da Supercopa, aumentando a sua numerosa coleção. E ganhou logo de quem? Do famoso Mengão, depois de um empate no tempo normal de 2 x 2. Foi nos pênaltis de 8 x 7. E como cantam os jogadores: “Ai credo! o Galão ganhou mais uma vez”

E ganhou de novo. Uma conquista por mês. Em 122 dias o meu galo ergueu outra taça; a do campeonato mineiro. Após o título brasileiro, o Galo levou a Copa do Brasil, a Supercopa e o Mineiro. Tricampeão. E melhor, em cima do nosso maior rival (3 x 1).

Tenho que parar de escrever senão vem mais taça. E viva o Galão da massa! Viva!

E ele, não vai parar por aí. Com o apoio dos quatro R’s (Ricardo Guimaraes– BMG, Renato Salvador - Materdei, Rubens Menin – Construtora MRV e Rafael Menin – Banco Inter) devem transformar o meu galo num dos maiores times brasileiros e sul-americanos. É o que esperamos.

A construção do novo estádio já está avançada e irá tornar o galo independente e com alternativa para gerar mais rendas. Além disso, o galo tem um enorme patrimônio, com destaque, para o Shopping, a cidade do galo, o melhor, maior e mais moderno centro de treinamento do mundo, a sede em Lourdes e os dois grandes clubes sociais. Vai Galo!

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