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Capítulo 20. Os Percalços da Vida
PELOS CAMINHOS DA VIDA
CAPÍTULO 20 - OS PERCALÇOS DA VIDA
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Avida da gente não é feita só de coisas boas e de vez em quando aparecem também algumas adversidades. Nestas horas, temos que ter forças para vencê-las. Mas como dizem: “faz parte do jogo da vida”. E vejam que, o que não faltou na nossa vida foram problemas. Vou relatar resumidamente alguns, porque senão ficam muito longas as descrições.
20.1. O Primeiro
Não me lembro quando (acho que foi nos anos 80), mas passei por um aperto quando apareceu uma infecção em meu olho direito. Acho que foi aquele mesmo que o bezerro me atingiu e também o chute do colega. Busquei tratamento e nada. Tomei diversas injeções e nada.
Um dia o Kanga me falou para procurar um colega dele, o Dr. Renato Laender. E não é que um dia subindo a Rua Rio de Janeiro decidi entrar no Sindicato dos Bancários, local onde ele trabalhava. Fui atendido, e me recomendou refazer novamente os exames antialérgicos. O resultado deu igual ao antigo, mas ele me perguntou se eu estava disposto a fazer um tratamento contra o bacilo de Kock. Segundo ele o formato da infecção era muito parecido com a do bacilo. Topei, fiz o tratamento por um ano ou mais e a infecção desapareceu. Graças a Deus.
Infelizmente, perdi grande parte da visão do lado direito, pois a infecção atingiu a mácula. Mas dos males, o menor. O pouco que enxergo com ele tem sido o suficiente. Sempre renovo as minhas carteiras de trânsito sem necessidade de usar óculos.
20.2. O Segundo. E que Susto!
Quando havíamos decido fechar a fábrica, pois três filhos era um número que achávamos suficiente, veio uma surpresa e um enorme susto. Difícil a decisão.
Na época a Angela fazia um tratamento de psoríase, doença que também apareceu inesperadamente. Uma pequena mancha no joelho, notada quando estávamos na praia em Recife. Outra, mais outra, logo depois, uma no cotovelo e quanto mais se procurava uma solução mais as manchas se espalhavam pelo corpo. Procuramos todos os especialistas e todo tipo de tratamento existente, e nada. Foram pomadas e mais pomadas. Tratamento à base de PUVA (radiação de ultravioleta em cabine apropriada). Mas nada de solução. Continuava só aumentando pelo corpo.
Aí, alguém sugeriu a importação de um medicamento que poderia talvez
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resolver o problema. Corremos atrás e conseguimos trazê-lo. Começou a usar e uma leve melhora foi notada.
Como a medicação era do tipo teratogênico, ela não poderia engravidar. Foi quando o seu médico, depois de importar um equipamento que realizava a cirurgia das trompas de forma menos invasiva, decidiu realizá-la na Angela para dar mais tranquilidade. Não é que deu tudo errado? A cirurgia foi mal realizada e as trompas continuaram funcionando do mesmo jeito. Resultado: a Angela engravidou novamente.
E agora? Como resolver?
Decidimos pressionar o médico, mas ele somente se desculpou e a esta altura o fato já estava consumado. Mas ele disse que ela definitivamente não poderia dar continuidade à gravidez, pois era de alto risco. Então, qual a solução?. Como vamos resolver? Ele sugeriu que se fizesse a cirurgia de aborto e nos indicou um médico da faculdade de medicina, com quem ele já havia conversado e que se dispôs a realizá-la.
Achamos que ele simplesmente transferiu o problema para a gente. Nós é que deveríamos tomar a decisão. E que solução difícil. Primeiramente, achávamos que não deveríamos fazer e sim enfrentar a situação; principalmente a Angela. Mas foi grande a pressão para que se fizesse a interrupção. Foram dias e dias de sofrimento. Quantas noites de sono perdido.
Finalmente, fomos convencidos e partimos para a solução. A cirurgia foi realizada. A Angela apresentou alguns problemas de infecção, mas graças a Deus tudo solucionado. Mas ficou para sempre uma dor. Difícil, muito difícil, quando lembro; dói até hoje. Mas é a vida. Faz parte. Nem tudo são flores. É vida que segue.
20.3. O Terceiro
Em um dia, quando cheguei do trabalho, a Angela me disse que estava notando um caroçinho no seio. Quando toquei também achei algo estanho, muito pequenino, mas tinha algo errado. Imediatamente, decidimos procurar o médico que a atendia. Primeiramente, solicitou que se fizesse uma punção e o resultado deu negativo. Insatisfeito, pediu que procurássemos uma especialista na área, para tirar qualquer dúvida.
Primeiramente, ela fez uma nova mamografia, para confirmar a presença do nódulo. E lá estava ele. Nova punção realizada e, desta vez, a biópsia acusou resultado positivo. Foi um susto. Ninguém esperava, sobretudo porque na família ninguém havia tido um câncer de mama. Na minha avaliação o médico ginecologista que a acompanhava iniciou a reposição de hormônios
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muito cedo e acredito que possa ter sido isso a causa ou uma das causas do surgimento do câncer.
Imediatamente, decidimos resolver o problema. Buscamos um bom especialista no assunto e um craque em resolver este tipo de problema. Cirurgia realizada, com a decisão de tirar não só o nódulo, mas também todos os linfonodos para buscar a solução definitiva do problema.
Em seguida o tratamento, realizado somente à base da radioterapia, pois como ela tinha leucopenia (baixa de leucócitos), o médico tomou a decisão de não fazer químio. Foram idas e vindas ao hospital São Francisco, quase todos os dias depois de voltar do Banco.
Posteriormente, mais cinco anos seguidos de controle até dar por definitivamente curada. Que alívio! Este foi o nosso segundo susto e batalha mais uma vez vencida.
20.4. Mais Um não, Dois
Depois disso, acho até que em decorrência dos dois problemas anteriores, a Angela começou a apresentar dores na coluna que foram se agravando a cada mês. Foram consultas e mais consultas, exercícios fisioterápicos por longo período, remédios e mais remédios e nada resolvia. Foi então que ao levarmos os exames em outro médico ele recomendou a cirurgia como solução. Cirurgia realizada e tudo resolvido; nada de dores e vida normal. Mas para surpresa nossa o problema voltou a aparecer.
Com a alegria ao solucionar o problema ela acabou exagerando nos exercícios físicos e a coluna voltou a pifar. Algumas soluções alternativas foram tentadas e nada. Nova cirurgia foi realizada, praticamente no mesmo local, só um pouco acima da anterior.
Enfim, depois de muito aprender, os novos exercícios passaram a ser realizados com especialistas, mas de tempo em tempo surgem ainda dores no local, mas vem conseguindo levar a vida com normalidade e sempre fazendo os exercícios fisioterápicos com especialistas no assunto. É vida que segue.
20.5. Outro Susto: A Vida em Risco
Durante a minha vida realizei várias cirurgias de menor risco, como amídalas, menisco, cataratas e vesícula.
A primeira, ainda na fase da juventude, quando tirei as amígdalas. Naquela época você tinha dor de garganta ou qualquer outra amigdalite e os médicos recomendavam tirá-las, totalmente diferentes dos dias atuais.
Depois fiz a retirada do menisco do joelho esquerdo. Em um jogo de
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disputa do campeonato interno de futsal do Banco, em uma partida contra o jurídico, caí e bati o joelho em uma cadeira fixa para os reservas. Passei o remédio milagroso e voltei a jogar. Depois tentei a recuperação, mas não adiantou. Fiz a cirurgia e, naquela época, a solução era abrir fazendo o corte e depois engessar por um mês para a recuperação. Depois com a atrofia tive que fazer exercícios para recuperá-la. Muito rudimentar em relação ao que existe hoje, mas era a única alternativa.
Depois, no final de ano, no natal de dezembro de 1988, comecei a sentir fortes dores abdominais do lado direito e também nas costas. Meu cunhado Marcio ligou para um professor dele e ele recomendou que me internasse. Fui para o Hospital Felício Rocho e lá fui ficando, atendido por recém-formados e um dia ou outro por algum médico que passa e me dava uma olhada. E nada! Chegou a um ponto que já não resistia mais, quando o Marcio deu o grito com o professor dele, dizendo que eu estava abandonado no hospital. Foi aí que apareceu um médico que decidiu por realizar uma cirurgia exploratória, dizendo que poderia ser apêndice. Lembro-me que foi na mesma época em que o navio Bateau Mouche afundou no Rio de Janeiro.
Realizada a cirurgia, ficou confirmada a existência de apêndice retroverso, só que já supurado. Fizeram todos os procedimentos, mas logo em seguida veio uma infecção difícil de ser vencida. Foram realizadas várias lavagens do meu intestino e nada. E tome antibiótico!
Depois de 30 dias no hospital o médico disse que se não recuperasse com o antibiótico teria que me operar novamente. Então pedi para ir para casa com o compromisso de atender às solicitações médicas, ou seja, controlar a febre de hora em hora e fazer ultrassonografia diariamente. A intenção era ver os meus amigos, pois estava com muito medo de ter de me submeter a nova cirurgia e não dar certo, como aconteceu com o nosso presidente Tancredo Neves.
Mas vale lembrar que, no dia em que recebi a visita de meus colegas do banco, em minha casa, um dia antes de voltar ao hospital, apareceu uma nossa vizinha, muito católica, que trazia para mim uma imagem de Nossa Senhora do Belo Ramo, dizendo que ela seria a minha eterna protetora.
Quem fazia o meu ultrassom era o Marcio, em uma clínica no Santo Agostinho. Uma semana depois, quando retornei ao hospital a infecção já começava a ceder. Aí, tomei mais antibiótico, por mais de 90 dias, até me recuperar. Durante quase um ano, quando transpirava aparecia o cheiro do antibiótico. Mas, o mais importante é que me recuperei totalmente.
Hoje tenho a minha barriga toda perfurada, pois além das realizadas
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na cirurgia recente, tenho um corte enorme na horizontal (21 cm) e outro vertical de (3 cm), além de mais dois da cirurgia de vesícula, tão pequenos, que já até desapareceram.
20.6. Mais um. Este foi demais!
Sempre achei que o Bruninho, meu neto, tem um parafuso a menos. Quando fica nervoso ninguém aguenta. Emburra e pronto. É difícil. Dá vontade de dar uns petelecos nele.
Aconteceu quando a Pat e o Bruno fizeram uma viagem ao exterior. Acho que ele tinha apenas dois anos. A Angela tomou o celular e colocou em cima de um móvel que tínhamos no corredor, apropriado para guardar sapatos, bolsas e outros badulaques. Não é que ele, nervoso de ter perdido o celular, deu um empurrão no móvel jogando-o contra a parede. Com o empurrão ele deslocou-se da base e caiu em cima dele. Ainda bem que o espelho que tinha na frente não quebrou. Mas quando vimos o Bruninho estava desacordado. Um desespero total. Tiramos o móvel de cima dele e ele continuava imóvel. A Angela correu para a casa do Kangussu, médico vizinho. Nada resolvido, voltou com ele. Foi quando o tomei de sua mão, coloquei na minha cama e fiz respiração boca a boca e pressionei o seu peito. Umas duas ou três vezes e ele enfim voltou a respirar e a chorar. Ainda bem. Pelo menos isto. Em seguida, corremos para o carro; a Angela com ele nos braços chorando e eu desesperado abrindo a buzina e pedindo passagem. O pior, eram 18:30, hora do rush. Mas todos colaboraram. Entrava de um lado saía de outro, subia no passeio, descia de outro e acabamos chegando ao Hospital Materdei da Contorno. Enfim atendimento imediato, no pronto socorro. Os médicos o colocaram no soro e começaram a fazer os exames. Tomografia, radiografias e graças a Deus tudo normal. Ficou em observação por um longo período e somente foi liberado com o compromisso de não deixá-lo dormir e ficar a noite vigiando o seu estado.
No outro dia, bem cedinho, voltamos com ele para o hospital, pois apresentava alguma sonolência. Mas, enfim tudo normal. Que sufoco! Nunca havia passado por nada igual. Dias sem dormir. E como contar para os pais? Mas não poderia esconder e logo tomei a decisão de contar somente depois que retornassem da viagem. Passados alguns dias quando vieram em nossa casa, contei-lhes o sufoco que passamos. Ufa! Este susto foi demais.