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Capítulo 17. A Casa em Lagoa Santa
PELOS CAMINHOS DA VIDA

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CAPÍTULO 17 - A CASA EM LAGOA SANTA
17.1. Da Fazenda para a Casa
Acompra da casa em Lagoa Santa, em 1985, ocorreu por um acaso. Como o meu pai sempre foi e sempre gostou de fazendas, sempre tive a intenção de adquirir uma propriedade destas e deixar que ele administrasse para mim.
Aos finais de semana, sempre que possível, saímos para visitar algumas destas propriedades que se encontravam à venda. Difícil encontrar algo que nos agradasse num entorno próximo ao Belo Horizonte. Tudo muito caro e ruim. Foram diversas idas e vindas e nada.
A última que visitamos, em São José da Varginha, foi a que mais nos agradou. Tinha estilo de fazenda (casa em dois andares com varanda), mas a área era pequena e apenas parte da fazenda tinha as terras de melhor qualidade. O restante tinha muito pedregulho. Mas mesmo assim decidimos fazer uma oferta.
Quando estava tudo se encaminhando, meu sogro descobriu que seu vizinho de rua estava vendendo sua propriedade em Itatiauçu, onde plantava batatas. Visitamos, gostamos e fizemos a contraproposta e ela aceitou. Só que nunca decidia formalizar a negociação.
Enquanto isso, um dia no clube do Banco o Zé Luiz, meu amigo, me disse que havia comprado uma casa num condomínio em Lagoa Santa e que havia outras à venda. Era no condomínio Estâncias das Amendoeiras, lançado pelo Dr. Sabino, dono da Tratex e do Banco Rural. Combinamos e lá fomos nós. A casa que estava à venda tinha apenas a área de lazer; a casa principal ainda não estava construída. Era uma casa, com sala grande, uma suíte enorme, dois vestiários grandes e uma varanda enorme. Além de piscina e quadra de peteca. Um terreno de 5.000 m² todo gramado e com plantação de frutas (laranjas, mexericas, figo, romã, dentre outras).
A Angela gostou demais do que viu e passou a fazer muita força para que eu fechasse o negócio. Contato realizado e pronto; casa adquirida em uma semana. Esta casa do condomínio acabou me satisfazendo como fazenda, sitio e casa de campo.
Daí para frente Lagoa Santa passou a ser o nosso ponto de encontro todos os finais de semana. Meu sogro Adail (Lico) adorava o local; sempre era o primeiro a chegar. Geralmente, à noite ficávamos até altas noites cozinhando no fogão de lenha ou fazendo churrasco e, como ninguém é de ferro, tomando umas e outras.
Com a aquisição da casa diminuímos as idas ao clube do banco e passamos a planejar a sua expansão, pois não cabiam todos que queriam ir para lá. Como não gostamos do projeto original, decidimos ir por etapas. Primeiramente, arranjar lo-
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cal para os meninos ficarem. Construímos mais dois quartos, um em cima do outro, e diminuímos o tamanho da varanda, fazendo uma sala para TV.
Daí para frente não paramos mais de investir no local. Fizemos a frente da casa, com mais uma sala e uma varanda. Depois acabamos com a varanda e fizemos garagem. Construímos a área de lazer. E daí em diante, foram reformas, ampliações e mais ampliações. Ao todo foram oito intervenções. A casa deixou de ser estilo colonial e passou a ser mais moderna. Toda em madeira de lei e cerâmica.
Hoje a casa principal tem três suítes e uma semi-suíte. Uma sala grande, uma sala de TV, um quarto/escritório, cozinha, despensa, lavabo, um deque e uma garagem coberta para dois carros. Do outro lado, a área de lazer, com cozinha, dois banheiros, uma sala e uma suíte bem grande em cima. Ligando as duas estruturas existe uma área enorme com ambiente de jantar e sala de estar, esta última construída recentemente (2019/20). Tem ainda, uma estrutura para dar suporte ao caseiro, uma horta, galinheiro e canil.
Por falar em canil, tivemos vários cachorros lá. Primeiro a Honey, pincher, adorava o Leo e, por um acaso, quando estava saindo de carro, a atropelou e ela veio a falecer. Chorou demais. Depois uma leva: a Lunica, o Tico e o Pirata, seu filho. Até hoje tem filhos do Tico no condomínio. Sempre a Lunica tinha ninhadas de 5 a 6 cachorrinhos e tínhamos que distribuí-los. Hoje ainda temos um vira-lata, o Bily.
O condomínio Estâncias das Amendoeiras, inicialmente com poucas casas , hoje está quase que totalmente construído e habitado. Cada vez mais moderno e muito bem administrado e protegido. Tudo isto fez com que ele tivesse uma valorização enorme e é hoje considerado um dos melhores da região da grande BH. É aí que, de vez em quando, nos reunimos para fazer algumas das nossas comemorações.
17.2. O Repolho Nervoso
Nome estranho, não? Não me lembro mais, mas o nome surgiu de repente. Não me lembro mais quem deu o nome, mais foi um dos integrantes do Repolho. E como tudo aconteceu?
Quando passamos a frequentar mais assiduamente o Amendoeiras, começamos a fazer amizades. Uma das primeiras foi com o Dominguinhos, que gostava de ir à minha casa, principalmente para encontrar-se com o meu sogro (Lico). Os dois adoravam tomar uma pinga juntos. Até a mãe dele, quando vinha do Rio de Janeiro, ia lá em casa para ver o Lico.
Sempre aparecia ele com alguma carne (de preferência a dobradinha, costelinha, entre outras) já temperada na panela, para ser feita. Era o tira gosto para a farra do dia.
O começo foi no clube, com ele sempre fazendo algo. Um dia dobradinha, outro dia uma feijoada, outro dia uma carne cozida com mandioca. Todo final de
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semana variava o cardápio. Aos poucos foram aparecendo outros moradores. O time foi aumentado.
Certo dia, fomos convidados para uma farra, na casa do Walfrido. A casa, recém-construída, tinha uma área de lazer imensa e com tudo que se pode imaginar; fogão lenha, fogão a gás, churrasqueira, defumadeira, máquina de música, adega subterrânea, com muito vinho, sauna, etc. Como era sócio-proprietário de uma grande distribuidora da Antártica, o que não faltava era chope e cerveja gelada.
Para melhor administrar a farra certo dia foi criada a turma do Repolho Nervoso, tendo com um presidente (benemérito) o Zé Luiz e como vice o Fernando Lanna.
A farra todos os finais de semana foi ganhando adeptos, principalmente porque quase tudo era de graça. E foi aparecendo gente e mais gente, a maioria sempre acompanhada da família. De vez em quando alguém levava algum tira gosto, mas para dizer a verdade tudo era bancado pela casa. Vez ou outra se fazia uma reunião na casa de algum participante, para variar um pouco.
Farra todos os finais de semana; começava já na sexta e terminava no domingo pela manhã, depois da caminhada. Tínhamos um grupo muito assíduo: Walfrido, Eliel, Fernando, Nelson, Zé Luiz, Eu, Guido, Gallo, Dominguinhos, Carlinhos Pescoço, Totó, Nestor, Helinho, Sérgio Lima dentre outros.
Quem mais aproveitava era a meninada. Quase todos tinham suas motocicletas e rodavam de cima a baixo, mas eram proibidos de sair para a cidade.
No primeiro carnaval foi criado o bloco das Amendoetes. Todos vestidos de mulher. Só saíamos para o desfile depois de tomar todas. O desfile era na cidade, em um carro muito bem decorado e em carros particulares também preparados para o evento. Depois voltávamos para o clube para dar continuidade à farra. Não é que a coisa foi ganhando corpo e até surgiu uma certa rivalidade entre as Amendoetes e as Peruas do Condado, do condomínio vizinho (Condados da Lagoa). A coisa foi ganhando corpo e virou até atração na cidade na época do carnaval.
Mas tudo que nasce, cresce, chega ao auge, começa sempre a criar ciúmes, vêm os primeiros desentendimentos e outros problemas e acaba terminando. E foi assim que aconteceu. E tudo terminou.
E, na minha avaliação, se não tivesse terminado muitos de nós já teríamos partido para outro mundo. Ninguém aguentaria aquela farra por muito tempo. Alguns até já se foram e deixaram muita saudade. Como digo, a vida é assim mesmo, cheia de momentos bons e de contratempos. É vida que segue.
Tempos atrás, tentaram reabilitar o Repolho. Fizeram um encontro, mas pelo que sei, não teve ibope. Hoje tem um pequeníssimo grupo que se comunica no WhatsApp. Mais nada do que isto.