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Capítulo 22. Surpresa e o Sentimento de Gratidão e Saudade

PELOS CAMINHOS DA VIDA

Estava indo tudo tão bem e já quase no final do livro, uma surpresa. Estava iniciando a revisão dos textos quando fui surpreendido com a doença de minha mãe. Estava tão boa e, de uma hora para outra, começou a ficar indisposta. Não queria saber de papo e nem de comer.

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Cheguei lá para visitá-la e ela tinha acabado de tomar a 3ª dose da vacina contra a Covid 19. Dizia que não estava se sentindo bem, mas levantou e foi tomar o café com a gente. Comeu alguns pastéis e logo depois retornou para a cama.

No dia seguinte continuou reclamando. Contratamos um médico para avaliá-la e ele sugeriu o tratamento em casa. No entanto, continuou piorando e resolvemos interná-la. Infelizmente, na época de carnaval os médicos somem e deixam tudo para os que estão em treinamento (residentes).

No dia 03 de março ela se foi. A última da família Horta Fonseca. Mulher forte, determinada, que dedicou a sua vida a cuidar, orientar e cobrar dos filhos para que não deixassem de estudar. Sempre nos acompanhando de perto, no Serro, em Diamantina e em BH. Cumpriu sua missão com determinação. Acho que ficou satisfeita com o resultado.

No entanto, desde que o meu pai faleceu, ela sempre dizia que queria ir embora para encontrá-lo e ficar ao lado dele. Não tinha medo da morte. Só queria encontrá-lo de toda forma. Andava com o retrato dele pendurado no pescoço e com um ao lado do criado que sempre beijava. Católica fervorosa, não perdia as missas pela TV Aparecida de manhã e também à tarde, em outro canal. Rezava o terço de manhã e também à noite.

Impressionante, até adoecer fazia tudo sozinha, embora tivesse duas cuidadoras para atendê-la. Difícil de acreditar que com 102 anos e seis meses ainda era totalmente independente.

O livro que produzimos em sua homenagem foi feito com a participação de todos: filhos, filhas, noras, genros, netos e bisnetos; foi uma homenagem justa.

Era amiga de toda a vizinhança por onde passou e todos a admiravam e gostavam muito dela. Também fez por merecer.

Que descanse em paz e que realize o seu sonho de encontrar o Seu Sinval para, enfim, matar a saudade. E que saudade!

Mas não foi só ela que nos deixou. Meu grande amigo e vizinho, Carlos Alberto Kangussu, o “Kanga”, casado com a minha prima Mari-

CAPÍTULO 22 - SURPRESA E O SENTIMENTO DE GRATIDÃO E SAUDADE!

sa, também resolveu partir, 13 dias depois (16 de março).

Conhecemos-nos quando ele começou a namorar, ou seja, já são mais de 50 anos. Médico otorrino, dedicado ao trabalho e a atender a todos. Quando tinha qualquer problema de saúde sempre recorria a ele que estava sempre pronto a me atender e a qualquer um da família. Joaimense do coração bom.

Um dos melhores jogadores de sinuca, não profissional, que conheci. Geralmente, começava o jogo e terminava sem você dar uma tacada.

Grande companheiro; sempre íamos assistir aos jogos no Mineirão; quase todos os domingos. Saíamos sempre mais tarde. Quem ia dirigindo era ele, verdadeiro maluco, saia cortando todo mundo e sempre chegava na hora de começar o jogo. Como era difícil estacionar deixava o carro aberto, em qualquer esquina, para o tomador de conta escutar o jogo. Assim o carro não ficava preso e mais fácil para sair logo após o jogo.

Cruzeirense, mas não dos chatos e fanáticos. Quase sempre ia aos jogos do Galo só para ver o Reinaldo jogar, pois era seu fã. Até torcia pelo galo, quando este jogava contra times de outros estados ou de outros países. Agora mesmo nas decisões do galo ele estava assistindo e torcendo.

Fizemos diversas viagens juntos. Muito extrovertido fazia amizade com todo mundo e alegrava qualquer ambiente. Aproveitou bastante enquanto este aqui.

Infelizmente antecipou a sua partida, mas deve estar no lugar que merece. Um grande abraço amigo e espero um dia te encontrar novamente, se for possível. Então, até lá. Só espero que demore um bom tempo. Descanse em paz.

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