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Capítulo 1. A Decisão
PELOS CAMINHOS DA VIDA
Aideia de relatar a minha história de vida em um livro surgiu no dia 31 de outubro de 2021, depois de completar 77 anos e passar por mais um susto em relação à minha saúde. Nesta mesma época, estava relendo o livro “Confesso que Vivi” - Memórias, de Pablo Neruda, o que me inspirou ainda mais. Estava só, fazendo bicicleta e ouvindo músicas no meu radinho de pilha (eterno companheiro nos jogos do Galo), enquanto aguardava o noticiário esportivo da Itatiaia, e uma delas me chamou a atenção.
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A música era “Sujeito de Sorte”, de Belchior:
“Presentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte Porque apesar de (muito moço), me sinto são e salvo e forte E tenho comigo pensado, Deus é brasileiro e anda do meu lado...”
Quando eu percebi que a vida, de uma hora para outra, poderia deixar de existir, tomei a decisão de relatar um pouco da minha passagem por este mundo. A minha intenção era dar conhecimento aos meus familiares, sobretudo aos meus netos e netas, bisnetos e amigos, de quem eu fui, como vivi e o que construí, mas a minha ideia maior foi ocupar um pouco o meu tempo com algo útil que me fizesse desviar o foco da doença que acabara de descobrir.
Como dizem: “a vida é uma passagem e feita de muitos ciclos”. Basta estar vivo e tudo pode acontecer. A vida e a morte não nos pertencem. Não sabemos quando, onde e como. Só sabemos que um dia vamos partir. Mas para onde? Infelizmente ninguém sabe responder. Por isso que o Gonzaguinha dizia: “ninguém quer a morte, só saúde e sorte”. Então temos que valorizar a vida, pois ela “é bonita, é bonita e é bonita”! Então temos que “viver e não ter vergonha de ser feliz”. Viver a vida e as novas experiências.
A vida apresenta para a gente momentos inesperados, que fogem ao nosso controle, e temos que ter força para superá-los. Já superei vários. Não será uma doença dessas que vai me derrubar. Esta luta será mais uma que vencerei, pois ainda tenho muito a realizar, aproveitar, contribuir e participar. Nossa Senhora do Belo Ramo está sempre me protegendo, nunca me abandonou. Dizem que tenho um bom coração, e homens de bom coração Deus não tem pressa de levar (e eu também não tenho pressa de ir embora).
Iniciei em novembro de 2021 o tratamento de um câncer no intestino, já retirado por meio de uma bem-sucedida cirurgia. O meu avô Gabriel Fonseca
CAPÍTULO 1 - A DECISÃO
foi o primeiro a ter essa doença e, como naquela época a medicina ainda não era tão avançada, ele faleceu com a “doença da barriga”, como diziam na época. Depois o meu pai também contraiu a mesma doença, operou e só veio a falecer aos 85 anos, mas por outro motivo.
Para ser sincero, por esta eu não esperava. Notícia dura, mas fazer o quê? Nunca pensei e nem imaginei que um dia teria essa doença, mesmo com a questão da hereditariedade, pois tenho sempre cuidado da saúde. Quando era mais jovem tinha um enorme medo da doença. Até passei a contribuir para Hospital Mario Penna e depois para o Hospital da Baleia e também com O Instituto Mineiro de Prevenção e Assistência ao Câncer, além de outras instituições sociais para as quais contribuo até hoje. Mas agora, mais maduro, aceitei com tranquilidade. Faz parte, assim é a vida.