Jornal da Praia | 0550 | 02.08.2019

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QUINZENA

02 A 15.08.2019 Nº: 550 | Ano: XXXVII | 2019.08.02 | € 1,00

Diretor: Sebastião Lima Diretor Adjunto: Luís Moniz

QUINZENÁRIO ILHÉU - RUA CIDADE DE ARTESIA - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA - ILHA TERCEIRA - AÇORES

www.jornaldapraia.com

MADALENA PEREIRA, DIRETORA ARTÍSTICA DAS FP 2019:

“TEMA SURGIU DA MINHA VONTADE DE VALORIZAR O MAR NAS SUAS DIFERENTES VERTENTES” DESTAQUE | P. 8 E 9

FESTAS DA PRAIA

COM PLANO PARA REDUÇÃO DA PEGADA ECOLÓGICA NO CONCELHO | P. 3 PUB

ENTREVISTA

PRESIDENTE DA CASA DOS AÇORES DO NORTE DIÁSPORA | P. 5

Foto: © GP-MPV

FESTAS DA PRAIA

VIGÉSIMA EDIÇÃO DA FEIRA DE GASTRONOMIA EVENTO | P. 7


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CANTO DO TEREZINHA / OPINIÃO | JP

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O ESTADO SOU EU Houve um rei, lá para as bandas da França, de nome Luís, o catorze, que uma vez disse: o Estado sou Eu. O pessoal percebeu que não valia a pena contrariá-lo porque, já se sabe o que é que acontecia. Isso foi numa monarquia absoluta, em que o chefe de estado (rei) não respeita a lei fundamental simplesmente porque ela não existe.

Mas, hoje em dia, há repúblicas, que são coisa diferente e oposta às monarquias, em que o chefe de estado devia respeitar, cumprir e fazer cumprir, mas não o faz. São muito comentadas as diárias opiniões emitidas por um certo presidente que manifesta claramente a postura daquele rei francês, com a diferença de que no país deste presidente há uma lei fundamental que ele insiste em desrespeitar, não cumprir e não fazer cumprir.

Há quem pense que o dito senhor presidente pode estar a ser influenciado pela proximidade com um outro presidente, por sinal também portador de um corte de cabelo especial e com quem se dá muito bem. O que pensariam os pais fundadores de certa Federação de estados da América do Norte? n

O PAN E O TAMAGOCHI

Vocês lembram-se do Tamagochi, esse divertida invenção que consistia em gerir a vida de um animal virtual, animal de faz-de-conta? Pois, cuidado que o PAN, segundo um rumor do tipo ‘fake’, quer passar uma legislação que condene com pesadas multas todos os que não cumpram os seus compromissos para com esses animais de estimação.

Apenas um exemplo: quem não vacinar o bicho e se venha a provar que a morte do mesmo à falta da vacina se deve será condenado a multa que vai dos 1.000 € a 5.000 € e inibição por 6 anos de tratar de outro animal.

Os próprios militantes e simpatizantes do PAN estão à rasca sem saber como desfazer-se dos tamagochis cujas vidas, em tempos de juventude, acabaram por abandonar.

O PAN vai mais longe: com mandato judicial, poderá invadir o domicílio onde haja suspeita de haver um tamagochi morto por abandono e proceder a um julgamento sumário.

Esta atitude do PAN terá a ver com o ressuscitar do Tamagochi que terá mais personalidade, segundo se diz. O partido quer alertar para as responsabilidades dos ‘donos’ dos novos animais virtuais. n

OS AÇORES NA COMUNICAÇÃO SOCIAL DO CONTINENTE (Conclusão da edição anterior)

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Silveira de Brito

m exemplo. Nos dias 19 e 20 de Setembro de 2006, os três canais generalistas do Continente abriram os noticiários a falar da tempestade tropical “Gordon”; as previsões não podiam ter tom mais dramático. Como habitualmen-

te faço nestas circunstâncias, telefonei imediatamente para alguns amigos. Da Praia da Vitória atendeu-me o Francisco Ferreira que, quando lhe perguntei pela tempestade, respondeu: “estou na muralha a olhar para o mar, que está como azeite e não ronca, o céu está azul, as vacas não berram e os ratos não fogem das paredes; mas está previsto temporal; a Proteção Civil já avisou.” De São Miguel, o Prof. José Luz Brandão da Luz disse-me que as previsões eram de mau tempo, que as pessoas estavam a tomar precauções. No fim, o que aconteceu foi que a tempestade afastou-se do percurso previsto e as

ilhas foram pouco afectadas, para grande frustração de quem esperava mostrar tragédias. Não digo que não se noticiem temporais nem escândalos; quando, devido a chuva intensa, Angra do Heroísmo tem inundações de tal dimensão que a Rua da Sé parece um riacho, a Praça Velha uma lagoa e a Rua Direita um rio, é natural que se dê notícia. Mas penso que nos Açores, para lá dos temporais e dos escândalos, há muito mais para noticiar; há Festas, por exemplo as de São João, em Angra do Heroísmo, locais de interesse turístico, espectá-

culos, música, obras de arquitectura, como o “Centro Interpretativo da Lagoa das Furnas” em São Miguel, e a “Casa de Apoio à Montanha do Pico”, que valeria a pena mostrar e que a Comunicação Social do Continente parece desconhecer ou não valorizar. E essa maior presença das Regiões Autónomas na comunicação social do Continente teria ainda outro aspecto positivo: favorecia a coesão do país e ajudava a um melhor conhecimento dele, contribuindo, talvez, não eliminar ignorâncias de palmatória como a de se falar na ilha da Horta em vez da Ilha do Faial. Braga, Junho de 2019 n

JP | FICHA TÉCNICA PROPRIETÁRIO: Grupo de Amigos da Praia da Vitória (Associação Cultural sem fins lucrativos NIF: 512014914), Fundado em 26 de Março de 1982 REGISTO NA ERC: 108635 FUNDAÇÃO: 29 de Abríl de 1982 ENDEREÇO POSTAL: Rua Cidade de Artesia, Santa Cruz, Apartado 45 - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA, Ilha Terceira - Açores - Portugal TEL: 295 704 888 DIRETOR: Sebastião Lima (diretor@jornaldapraia.com) DIRETOR ADJUNTO: Luís Moniz (diretor.adjunto@jornaldapraia.com) ANTIGOS DIRETORES: João Ornelas do Rêgo; Paulina Oliveira; Cota Moniz ANTIGO DIRETOR ADJUNTO: Francisco Ferreira EDIÇÃO/REDAÇÃO: Grupo de Amigos da Praia da Vitória (editor@jornaldapraia.com; noticias@jornaldapraia.com; desporto@jornaldapraia.com) CHEFE DE REDAÇÃO: Francisco Soares, CO-523A COORDENADORA “MARÉ DE POESIA”: Carla Félix (maredepoesia@jornaldapraia.com) REPÓRTER DE IMAGEM: Rui Sousa JP | ONLINE: Francisco Soares (multimedia@jornaldapraia.com) COLABORADORES: António Neves Leal; Aurélio Pamplona; Emanuel Areias; Francisco Miguel Nogueira; Francisco Silveirinha; Silveira de Brito; José Ventura; Rodrigo Pereira PAGINAÇÃO: Francisco Soares DESENHO NO CABEÇALHO: Ramiro Botelho ASSINATURAS E PUBLICIDADE: Nuno Silveira DIFUSÃO INFORMATIVA: Jorge Borba IMPRESSÃO: Funchalense - Empresa Gráfica, S.A. - Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, 50 Morelena - 2715-029 PÊRO PINHEIRO ASSINATURAS: 15,00 EUR / Ano - Taxa Paga - Praia da Vitória - Região Autónoma dos Açores TIRAGEM POR EDIÇÃO: 1 500 Exemplares DEPÓSITO LEGAL: DL N.º 403003/15 ESTATUTO EDITORIAL: Disponível na internet em www.jornaldapraia.com NOTA EDITORIAL: As opiniões expressas em artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do jornal e do seu diretor.

Taxa Paga – AVENÇA Publicações periódicas Praia da Vitória


JP | NO CONCELHO

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REDUÇÃO DE PEGADA ECOLÓGICA

FESTAS DA PRAIA AMIGAS DO AMBIENTE

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s maiores festas do concelho da Praia da Vitória que hoje começam e decorrem até ao próximo domingo, 11 de agosto, tem pela primeira vez, um “Plano Estratégico de Sustentabilidade Ambiental”, no sentido de sensibilizar a população para os cuidados a observar com o ambiente e desta forma contribuir para a missão que a todos diz respeito de redução da pegada ecológica. PUB

O plano, constituído por 10 medidas, foi apresentada a 11 de julho, pelo presidente da Câmara Municipal, Tibério Dinis, que revelou na ocasião, tratar-se de um conjunto de medidas e ações que vão da sensibilização a “medidas no terreno”, integrando um “projeto-piloto” da gestão autárquica a manter-se ao longo do ano. Das 10 medidas anunciadas, com especial relevância para as festivida-

des apresenta-se a ação “Um Copo Chega”, que tem como objetivo a eliminação de copos descartáveis através da utilização de copos reutilizáveis, tendo-se para o efeito procedido à aquisição de 55 mil copos. Ainda com especial enfoque nas festividades, nota para a ação de “Sensibilização Ambiental Festas da Praia 2019” através da projeção de vídeos e passagem de spots temáticos no som de rua e para a “Calculadora Ambiental”, que consiste na contabilização dos resíduos produzidos durantes as festividades. Das restantes 7 medidas, destaque para a denominada “Da Sarjeta ao Mar”, implementada nesse mesmo dia, e que consiste na instalação de uma rede nas sarjetas, fazendo com que os resíduos encontrados nas águas pluviais da zona das Figueiras do Paim e da Estrada 25 de Abril, fiquem alocados na mesma e não cheguem nem às praias nem ao Paul da Praia. Posteriormente os resíduos serão recolhidos e depositados numa estrutura em forma de peixe, que se encontra junto ao Paul da Praia da Vitória, como forma de sensibilização ambiental.

Foto: © GP-MPV

ção da pegada ecológica através da plantação de árvores); “Praias Mais Limpas” (ação de sensibilização para reduzir a poluição nos areais); “Touradas Mais Limpas” (redução do lixo produzido nas touradas à corda); “Praias sem Beatas” (sensibilização para deixar de fumar nas praias); “Praia sem Palhinhas” (eliminação das palhinhas de plástico, substituindo-as por palhinhas de papel e cartão); e “Brigada Verde” (voluntários em defesa do ambiente).

Completam o pacote a ação “Uma Árvore por Dia” (consiste numa redu-

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INICIATIVA DA BMSR

“BIBLIOTECA DIVERTIDA”

Foto: © GP-MPV

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Biblioteca Municipal Silvestre Ribeiro (BMSR) promoveu até 26 de julho, a 9.ª edição da iniciativa “Biblioteca Divertida”, que consiste num conjunto de atividades lúdicas e recreativas dirigidas às crianças entre os 5 e os 10 anos. A iniciativa prosseguirá este mês de agosto de 05 a 30.

dos em participar, devem efetuar as suas inscrições prévias, presencialmente, na BMSR, através do endereço de correio eletrónico biblioteca@ cmpv.pt ou pelo contacto telefónico 295 542 119. As atividades direcionadas a grupos terão a duração de uma hora e decorrerão no período da manhã.

Estas atividades são realizadas no espaço infanto-juvenil da BMSR e no jardim exterior do edifício da Casa das Tias, iniciando-se às 10:00 e encerrando pelas 12:00, não carecendo de inscrição prévia. À tarde, as atividades começam pelas 14:00, terminando por volta das 16:00.

Neste período, a habitual Hora do Conto, irá decorrer todas as 4ªs feiras, pelas 15:00.

Os grupos (jardins de infância, ATL’s e campos de férias) interessa-

A ação “Biblioteca Divertida” surge no âmbito da estratégia municipal de promoção da leitura junto das novas gerações, estimulando a criatividade das mesmas, durante os tempos livres.

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EFEMÉRIDE | JP

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FRANCISCO DA SILVA DO CANTO – UM MEMBRO DA FAMÍLIA CANTO HISTORIADOR: FRANCISCO MIGUEL NOGUEIRA

Francisco da Silva do Canto era filho de Pero Anes do Canto e de Francisca Soares. Nasceu em Angra do Heroísmo. O seu pai Pero Anes do Canto deve ter vindo para a Terceira por volta de 1505, primeiro como escrivão do Mestrado de Cristo e do visitador Vasco Afonso. Passou pelo Norte de África, sendo então agraciado como cavaleiro fidalgo da Casa Régia. Iniciou então um processo de construção patrimonial nos Açores que o levou, em 1546, a ser considerado como o mais poderoso fidalgo da região.

Francisco da Silva do Canto que, com Tomé de Sousa, 1º Governador-Geral do Brasil, foi um dos fundadores da cidade da Baía.

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á exatos 470 anos, a 4 de agosto de 1549, o 1º Provedor das Armadas dos Açores, Pero Anes do Canto, responsável pelo início da linha de fortes da Ilha Terceira e um dos homens mais poderosos dos Açores no século XVI, recebia uma carta do Governador-geral do Brasil, Tomé de Sousa, a elogiar o trabalho de povoamento da Baía realizado pelo seu filho, Francisco da Silva do Canto. Pero Anes do Canto nasceu em Guimarães, por volta de 1472/73. A tradição afirma que era descendente de Eduardo de Inglaterra, o Príncipe Negro. Em 1510 casou com Joana de Abarca, filha de Margarida Álvares Merens e Pero de Abarca, sobrinha de Maria de Abarca ou Corte Real, mulher de João Vaz Corte Real, 1º capitão-donatário de Angra. Este casamento, que durou apenas catorze meses, deixou descendência, António Pires do Canto, 2º Provedor das Armadas das ilhas. Em 1517, Pero Anes do Canto casou-se com Violante da Silva, filha de Duarte Galvão, cronista-mor do reino e de D. Catarina de Meneses e Vasconcelos, o qual durou apenas 23 meses. Deste casamento nasceu João da Silva do Canto, o pai de D. Violante do Canto. Teve ainda outros filhos, bastardos, Pedro do Canto, Manuel do Canto e

Francisco da Silva do Canto era filho de Pero Anes do Canto e de Francisca Soares. Nasceu em Angra do Heroísmo. O seu pai Pero Anes do Canto deve ter vindo para a Terceira por volta de 1505, primeiro como escrivão do Mestrado de Cristo e do visitador Vasco Afonso. Passou pelo Norte de África, sendo então agraciado como cavaleiro fidalgo da Casa Régia. Iniciou então um processo de construção patrimonial nos Açores que o levou, em 1546, a ser considerado como o mais poderoso fidalgo da região. Nomeado Provedor das Fortificações, Pero Anes do Canto foi o responsável pela pressão feita a Lisboa para a construção da linha de Fortes da Terceira depois de uma tentativa de ataque pirata a Angra. Começou-se a preparar uma linha de defesa, que seria depois traçada por Tommaso Benedetto, a partir de 1567. O 1º Provedor das Armadas combateu ainda piratas e corsários nos mares dos Açores e, por tudo isso, foi nomeado o primeiro Provedor das Armadas e Naus da Índia em todas as ilhas dos Açores. A partir de então, Pero Anes do Canto enfrentaria dificuldades devido à falta de recursos da Coroa nas ilhas, mas não desistindo dos seus objetivos. Foi nesta época que, a 4 de agosto de 1549, o governador-geral do Brasil Tomé de Sousa enviou para Pero Anes do Canto uma carta em que afirmava que Francisco da Silva do Canto era um homem “honrado” e que fundara a cidade da Baía.

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MAIS EFEMÉRIDES NA NOSSA PÁGINA DE

/JornalPraia/

Francisco da Silva do Canto terá provavelmente nascido a 11 de janeiro de 1514 (embora a data não seja certa, há quem aponte o dia 9 de janeiro de 1517). Em 1527, foi armado cavaleiro em África. A 7 de setembro de 1545 recebeu a comenda da ordem de Cristo e a função de ir lutar e proteger a Vila de Alvito, no Algarve. Apresentou-se na região a 20 de novembro de 1546. Um tempo depois, com Tomé de Sousa, com quem serviu em África, partiu para o Brasil. Fundaram a Baía, em 1549, que se tornou a sede do Governo-Geral, o que permitia um melhor controlo das capitanias e um governo mais eficaz do Brasil colonial. Pero Anes do Canto morreu 9 de janeiro de 1556. No seu testamento, legitima Francisco da Silva do Canto. O primogénito de Pero Anes do Canto, filho do primeiro casamento de Pero Anes do Canto, António Pires do Canto, tornou-se o segundo Provedor das Armadas. João da Silva Canto, que nascera a 10 de março de 1518, filho do segundo casamento, prestou serviços à Coroa em Ceuta, entre os anos de 1546 e 1548, pelos quais recebeu a comenda da Ordem de Cristo da Igreja de Coja. João da Silva Canto, quando regressou à Terceira, exerceu as funções de capitão-mor das Armadas nas ilhas, de provedor da fazenda e também das fortificações, chegando a substituir temporariamente o irmão como Provedor das Armadas, cargo que ocupou novamente aquando da morte de António Pires do Canto e por menoridade do sobrinho, Pedro de Castro do Canto. João da Silva do Canto casou-se com D. Isabel Correia, acumulando uma imensa fortuna, com bens mó-

SOLAR DOS REMÉDIOS Foto de José Luís Ávila Silveira e Pedro Noronha e Costa

veis e imóveis, espalhados pela Terceira, S. Jorge, Faial e Pico. Da esposa herdou algumas terras em S. Miguel. Além disso, contribuiu para o bem da comunidade e das instituições da época, intervindo no processo de construção da nova Sé de Angra e foi também fundador, doador benemérito e provedor da Misericórdia. João da Silva do Canto cedeu as casas e a igreja onde se fundou o Colégio dos Jesuítas e foi devido à sua ação que se iniciou a construção do cais do Porto das Pipas. D. Violante do Canto, sua única herdeira, recebeu assim uma grande fortuna em 1577, com a morte do pai, João da Silva do Canto. Voltando a Francisco da Silva do Canto, este casou-se com Luísa de Vasconcelos da Câmara, descendente de linhagens de povoadores, que terá nascido por volta de 1530, filha dos terceirenses Pedro Álvares da Fonseca da Câmara (descendente de Pedro Gonçalves da Câmara, 2º capitão do Funchal) e de Andresa Mendes de Vasconcelos (descendente de João Vaz Homem, um irmão do fundador da Praia, Álvaro Martins Homem). Tiveram 3 filhos, João do Canto da Câmara Vasconcelos, Pedro Anes do Canto e Andreza do Canto de Vasconcelos. Todos com descendência de estirpe lutadora pelos interesses dos Açores. Francisco da Silva do Canto terá morrido em data incerta, sendo a década de 60 do século XVI, a mais provável. Ao olharmos para a Casa do Canto, sobretudo Francisco da Silva do Canto, percebemos como é importante que todos nós assumamos os nossos destinos, sem medos de lutar pelo que acreditamos. É bom que os terceirenses no geral e os praienses no particular endireitem a coluna vertebral, tenham garra e caminhem com a cabeça erguida, criando novos caminhos, superando situações menos fáceis.

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ENTREVISTA AO DR. PONCIANO OLIVEIRA, PRESIDENTE DA

CASA DOS AÇORES DO NORTE Entre muitas outras atividades de natureza económica e cultural, na área social, a CAN presta apoio aos doentes deslocados, acolhe estudantes, acompanha a população reclusa e orienta todos os açorianos que dela precisarem. A CAN representa os interesses dos Açores no norte do país e na Galiza.

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06 de junho passado, o livro de poesia “Melodia nos Versos de (A)mar”, da poetisa praiense Carla Félix, foi apresentado na cidade do Porto. A oportunidade surgiu graças ao pronto acolhimento da Casa dos Açores do Norte (CAN), onde decorreu o evento com uma afluência significativa. Desta forma a CAN prossegue um dos seus múltiplos objetivos – aproximar os Açores e a sua cultura do povo nortenho. A CAN é presidida desde abril de 2008, pelo Dr. Ponciano Oliveira, um advogado e dirigente superior da Administração Pública, natural de São Miguel, onde nasceu há 44 anos. Nesta entrevista, Ponciano Oliveira, do passado ao presente, elucida-nos exemplarmente do relevante papel desenvolvido pela CAN no incremento das relações entre os Açores e o norte de Portugal, manifestando-se nos mais diversos domínios: económico, cultural e social. Jornal da Praia (JP) – A casa dos Açores do Norte (CAN) foi fundada em 1980. Quais os desígnios que levaram à sua criação e que missão tem sido seguida ao longo destas quase 4 décadas? Ponciano Oliveira – A fundação da Casa dos Açores por 25 insignes açorianos em 6 de março de 1980 foi motivada pela vontade de contribuir para a promoção das relações culturais, sociais e económicas entre os PUB

Açores e o Norte de Portugal. A sua missão tem sido a de refletir, defender, promover e representar os interesses dos Açores na sua zona de implantação (a região Norte do país e Galiza). JP – O foco mantém-se o mesmo ou ao longo deste tempo foi necessário reajustá-lo? PO – O foco tem-se mantido nos valores da cultura, solidariedade, prosperidade e na promoção das relações entre as regiões do Norte do país e Açores, contudo, o caminho tem sido de evolução, como não podia deixar de ser. Naturalmente, que o papel da Casa dos Açores tem procurado acompanhar o tempo e as circunstâncias. Em 1986 a Casa dos Açores do Norte tinha uma sede arrendada e não existiam os meios de comunicação e de circulação da informação que hoje existem. Esses factos por si só determinaram que uma atenção muito especial para esses temas nesses anos. E a verdade é que conseguimos em 1999 uma sede nova, própria, sita à Rua do Bonfim. Por outro lado, sendo menos os meios de aproximação das pessoas, os primeiros anos foram muito marcados pelo convívio entre associados e a sua reunião em grupos – em especial o de cantares, que teve naquela altura grande saída, inclusivamente com a edição de várias obras discográficas. Também nesse período foram desenvolvidas atividades

Foto: © Telmo Miller

DR. PONCIANO OLIVEIRA: micaelense de 44 anos preside a direção da CAN desde abril de 2008. de promoção económica da região, assim como era prestado apoio voluntário, pelos corpos sociais, aos doentes que se deslocavam ao norte do país. JP – Presentemente quais as principais atividades desenvolvidas anualmente pela CAN? PO – Hoje em dia a Casa dos Açores organiza cerca de três dezenas de eventos anuais das diversas formas de expressão artística, como sejam a apresentação de livros, saraus musicais, conferências, “workshops” temáticos, exposições de fotografia, pintura e escultura ou de artesanato. Temos mantido também com algu-

ma regularidade a publicação de obras literárias de inspiração açoriana como seja um inédito da Natália Correia – Sucumbina ou a teoria do Chapéu; ou Óscar da Silva Universo Açoriano do professor Cunha e Silva; ou ainda a “Pulseira de Ouro e outras histórias” de José Rebelo. Mantemos uma biblioteca de cerca de mais três mil exemplares de literatura de inspiração Açoriana que estamos a catalogar na esperança e ambição de a tornar pesquisável através do nosso sítio eletrónico. Recebemos também a imprensa regional para consulta dos associados e visitantes. No âmbito social mantemos um programa de apoio psicossocial aos doentes dos Açores deslocados no Norte com mais de 600 diligências por ano e interlocução com as diversas entidades pertinentes. Aliás, para desenvolvimento desta área de intervenção, temos em marcha um projeto de criação duma casa de acolhimento para esses doentes e seus familiares. Somos ainda um parceiro ativo no conselho cultural e social da comunidade do Bonfim. De igual modo damos apoio à população reclusa natural dos Açores a cumprir pena nos estabelecimentos prisionais do Norte do País e ainda a jovens com problemas de dependências a obterem cuidados nas instituições do Norte. Prestamos ainda apoio aos estudantes e a todas as pessoas que cá se desloquem dos Açores e precisem de alguma orientação. Para o efeito temos um horário de expediente das 10h00 às 18h00 nos dias úteis. De entre os nossos eventos destaca-se a celebração das Festas do Espírito Santo, com a celebração da coroação, na freguesia do Bonfim e ainda a degustação das tradicionais sopas. É o evento sempre mais concorrido, como em todas as comunidades. (Continua na página 10)


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SAÚDE | JP

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o Cantinho do Psicólogo 216

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arece não haver dúvida que a pedra, que se destaca na zona marítima do Algarve, e que a fotografia realça, constitui um chamariz atractivo Aurélio Pamplona para a reunião e (a.pamplona@sapo.pt) descanso das gaivotas que partilham a zona. Entretanto seria muito útil para todos nós que ao longo da vida surgissem em cada esquina chamarizes semelhantes, que nos permitissem também o descanso, a comunhão de experiências, e a melhor tomada de decisões quanto à escolha do caminho para progredir. Não se descortinando nenhum chamariz específico, aproveita-se para, antes de enunciar a quinta técnica para lidar com o stress na própria pessoa, destacar 7 Reflexões (Pin 2019), neste caso de autor desconhecido, mas que só por si facilitam o futuro que em cada momento se avizinha: (1) para não estragar o presente façamos as pazes com o passado; (2) o que os outros pensam de nós não nos diz respeito; (3) como o tempo cura tudo importa dar tempo ao tempo; (4) ninguém é motivo da nossa felicidade, a não ser nós próprios; (5) não devemos comparar a vida à dos outros, visto que ninguém tem a ideia de como foram trilhadas; (6) não adianta pensar muito, na medida em que não precisamos de todas as respostas; e (7) necessitamos de aproveitar para sorrir, visto que ninguém possui todos os problemas do mundo. Posto isto entramos na quinta técnica, o treino de Inoculação de Stress. Como referimos, o stress pode ter origens muito diversas, entre as quais Werner & Frost (2000) destacaram: PUB

Chamariz

(a) a ocorrência de um acontecimento objectivo de assinalável magnitude; (b) uma ou mais situações que eliciam um total de estímulos internos ou externos que actuam no organismo, incluindo circunstâncias ambientais que os desencadeiam, a que se juntam constelações de ocorrências e condições relacionadas; (c) contextos que dizem respeito a circunstâncias acompanhantes, e a exigências ou forças do meio de natureza deletéria; e (d) sugestões que são percebidas como perturbadoras ou disruptivas, a que acrescem pensamentos próprios in-

ajudar a ultrapassar a problemática. E não podemos recear saber um pouco mais desta matéria porque, quanto mais conhecimento adquirimos, mais podemos fazer e mais somos capazes de fazer. Acresce que os acontecimentos stressantes também apresentam diferentes tipos de configurações, algumas das quais se sublinham: (1) stressores agudos limitados no tempo, como acontece com certos exames ou actos médicos invasivos, confronto com avaliações e exames específicos;

exposição a perigos e ao stress ocupacional. Acontece que apesar de todas estas manifestações, e do stress ser cumulativo, um autor, Meichembaum (2007), que vamos seguir de perto, e outros investigadores têm vindo a provar que é possível desenvolver um conjunto de aptidões que, quando utilizadas, capacitam as pessoas a serem capazes de lidar com diversas situações stressantes, e que substituem o “desamparo aprendido” previamente experimentado. Em analogia com tratamento médico defendem que, a Inoculação de Stress assemelha-se à criação de “anticorpos psicológicos”, que aumentam a resistência do indivíduo, através da exposição a estímulos suficientemente fortes para despertar as defesas, mas que não são tão poderosas para dominar as pessoas. Assim, com o Treino de Inoculação de Stress (TIS), através da exposição a formas mais leves de stress, podemos aumentar os mecanismos de confronto, e a confiança individual no uso dos seus mecanismos. Este treino aumenta a preparação individual e desenvolve o sentimento de domínio. Referências:

trusivos. Precisamente porque existem múltiplas fontes de stress necessitamos de ser capazes de dispor, e de recorrer também, a meios e técnicas diversas, de forma a se poder escolher a mais adequada, para fazer frente à situação criada. Isto para além da possibilidade de se recorrer a um especialista, médico, psicólogo, amigo, ou até outro profissional, que seja capaz de

(2) sequência de situações stressantes, de que é exemplo a exposição a situações traumáticas, perdas, desafios da vida; (3) stressores intermitentes crónicos, como competições, exposição a situações de stress intermitentes que acompanham certos papéis físicos (como a guerra) e intelectuais; e (4) stressores contínuos crónicos, tais como situações físicas ou mentais debilitantes, desacordos familiares, violência urbana, pobreza, racismo,

Meichembaum, D. (2005). Stress inoculation training: A preventative and treatment approach. Em Lehrer, P. M., Woolfolk, R. L., Sime, W. S., Principles and practice of stress management. Ontario: Canada Press. Pin (2019). Salvado em 02 Fev. Fonte: Psicologia Pin. Tema: Website: https://www. interest.pt/pin/662732901393600596/. Werner, J. S. & Frost, H.F. (2000). Major life stressors and health outcomes. Em Rice, V. H., Handbook of stress, coping and health: Implications for nursing, research, theory and practice. London: Sage Publications. Foto: J. Marques n


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XX FEIRA DE GASTRONOMIA DO ATLÂNTICO

MARCADA POR DOIS REGRESSOS E UMA ESTREIA Regressam ao recinto da feira os restaurantes “República dos Petiscos” e “Do Dia para a Noite”, estreando-se o restaurante “Açores à Mesa”.

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ntroduzida em 1999, ano em que as Festas da Praia passaram a anuais, a Feira de Gastronomia, celebra este ano o seu 20.º aniversário, contando com sete restaurantes, três charcutarias e três pastelarias. A destacar, o regresso ao recinto da feira de dois restaurantes e a estreia de outro vindo de São Miguel. Conforme adiantou Carlos Armando Costa, vice-presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória e presidente da Cooperativa Praia Cultural, entidade que organiza as festividades, em declarações aos jornalistas a propósito do certame, a 20.º edição da Feira de Gastronomia do Atlântico conta com o regresso dos restaurantes “República dos Petiscos” (Arraiolos, Alentejo) e “Do Dia para a Noite” (Madeira) e a estreia do restaurante “Açores à Mesa”, de São Miguel, que “promete muitas novidades e deliciosas refeições dos mais tradicionais pratos açorianos”. Para além deste três restaurantes , tal como na edição anterior da feira, estarão presentes os restaurantes “O Típico” (Mealhada), “Tasca Algarvia” (Algarve), “Taberna do Quinzena” (Santarém), “Carne Arouquesa” (Beira Alta), as charcutarias das regiões turísticas da Serra da Estrela (“DAMAR”), Trás-os-Montes (“Bísaro”) e Alentejo (“Marquês, O Alentejano”) e as pastelarias/doçarias “O Capote” (Setúbal), “O Forno” (Ilha

Foto: JEdgardo Vieira

Foto: © GP-MPV

Terceira) e “Amêndoa Doce” (Bragança). “Na sua 20.ª edição, a Feira de Gastronomia volta a ser um certame da responsabilidade organizativa da Escola Profissional da Praia da Vitória, como já vem acontecendo desde 2012, parceria que garante contínuo sucesso e excelência dos serviços prestados, contribuindo assim para reforçarmos a oferta gastronómica de qualidade junto de todos aqueles, locais e visitantes, que visitam a Praia da Vitória nos dias das festas”, acrescentou Carlos Armando Costa.

Recorde-se que de 1999 a 2005, a feira foi coordenada por Carlos Parreira, em 2006 e 2007, José Almerindo Costa, de 2008 a 2009, Carlos Armando Costa, e de 2010 a 2011 por Lourival Cunha, tendo em 2012, passado para a alçada da Escola Profissional da Praia da Vitória (EPPV). Domingos Borges, presidente do Conselho de Administração da EPPV, enumerou as principais alterações logísticas ao nível da edição 2019, referindo que “no espaço físico reservado aos enchidos, queijos e pe-

tiscos, destacamos a introdução de algumas melhorias, desde logo a criação de mais espaço e uma reorganização logística que vai permitir a todos os que ali estiverem desfrutarem convenientemente da vista fantástica quer para a Baía da Praia como para a Serra do Cume”. Para além disso, acrescentou, “este ano, apostamos nos licores açorianos, potenciando o que de melhor se produz na ilha e na Região neste domínio”.

GP-MPV/JP n

ALMA E MEMÓRIA

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oi um ‘home’ do Ramo Grande que veio mostrar a um Angrense de 75 anos como era a Angra antes de ele ter nascido, ou seja, antes de 1944. Foi um passeio fenomenal, com revelações muito interessantes e que colmataram dúvidas e interrogações antigas. Por exemplo, por que é que não havia uma Praça Nova, se há uma que é velha. A gente toma consciência do mundo que nos rodeia e pensa que tudo PUB

começou nesse entonce. Mas não é assim. Vamo-nos dando conta que as coisas tiveram o seu início e foram-se transformando; ouvimos um relato, vemos uma fotografia, e tomamos consciência do ‘antigamente’, enfim, da História. Pois o passeio pela história de Angra foi-me proporcionado precisamente por um historiador, o Dr. Carlos Enes, através do seu mais recente livro – ANGRA DO HEROÍSMO – Alma e Memória – uma edição do município angrense.

Recheado de fotografias antigas e suas contrapartidas atuais, o leitor ganha uma perspetiva da evolução da cidade e Álvaro Homem, dos Corte Real, de D. António, de Ciprião, de D. Afonso, o sexto, de D. Pedro, o quarto. Um passeio pela História é um excelente antídoto contra esse ‘Alzheimer cultural’ a que estamos fatalmente condenados se se não alterar o conceito de educação por que nos devemos reger enquanto povo. É

sabido que quem não sabe de onde veio, tem grandes dificuldades em perceber onde está e, desgraçadamente, não saberá para onde ir. É provável que o Dr. Carlos Enes, ilustre filho da Vila Nova, já tenha nos seus projetos obra idêntica sobre a Praia da Vitória, tanto mais que a cidade foi sede da primeira capitania da ilha. Certamente, a edilidade praiense não deixará de apoiar a edição.

João Rego

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DESTAQUE | JP

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MADALENA PEREIRA, DIRETORA ARTÍSTICAS DAS FP 2019: CORTEJO DE ABERTURA

EXPLORA FANTASIAS E LENDAS DO MA Cortejo é constituído por 4 carros alegóricos e 52 figurantes magnificamente coreografados. A marcha oficial invoca as ondas do mar, abraços de saudade, barcos à vela e a graciosidade das sereias.

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atural da ilha do Pico, onde nasceu há 52 anos, Madalena Pereira é a Diretora Artística da edição deste ano das Festas da Praia, sendo da sua responsabilidade, o tema das festividades e a organização dos cortejos de abertura, infantil e também da marcha oficial. Professora de Educação Musical desde 1988, na Escola Básica Integrada da Praia da Vitória, Madalena Pereira, reside na Praia da Vitória há 20 anos, sendo atualmente presidente da direção da Filarmónica União Praiense. Desde sempre tem mantido uma forte ligação com a música, a par com um grande fascínio pelo mar e suas gentes que lhe advêm dos tempos de criança. “Lendas da Maresia”, é assim, um mergulho na memória da infância, narrando o Mar nas suas diversas vertentes. Nesta entrevista, Madalena Pereira, conduz-nos ao que iremos encontrar ao longos destes dias, não esquecendo todos aqueles que a ela se juntaram neste enorme desafio. Revela-se absolutamente convicta que as Festas da Praia, pelas suas características, são únicas, e assim devem ser vistas por todos os praienses de nascimento ou coração. Jornal da Praia (JP) – O que motivou uma picoense a abraçar este enorme desafio de dirigir artisticamente as maiores festas do concelho da Praia da Vitória? Madalena Pereira (MP) – Foi um grande desafio, mas devo retificar que o meu papel de diretora artística

foi apenas na criação e coordenação do cortejo de abertura, cortejo infantil e Marcha Oficial das festas. Fui sugerindo que houvesse outras atividades e que houvesse um fio condutor entre o meu projeto e toda as decorações de rua para que se criasse uma ambiência perfeita durante as festas. Foi um desafio que coloquei a mim mesma muito diferente de todos os outros que já abracei. Por ser tão complexo, exigente e de muita responsabilidade, foi o mais difícil de aceitar. O motivo: porque gosto de desafios, gosto de fazer parte desta sociedade e gosto sobretudo, de dar o meu contributo enquanto cidadã. Gosto de sentir que um dia fiz parte da construção de alguma coisa. JP – Depois de “O Teatro Acontece” e “Ao Sabor da Dança”, este ano, a Praia da Vitória narra “Lendas da Maresia”. Como surgiu este tema? MP – O tema surgiu da minha vontade de valorizar o Mar nas suas diferentes vertentes, mas que fugisse ao que já foi explorado em anos anteriores. Numa das muitas conversas com o meu amigo e emblemático praiense Francisco Ferreira, expus este fascínio que tenho desde pequena pelas histórias que eram narradas por familiares cuja vida deles dependia do mar, no lugar da Areia Larga onde passei a minha infância. Percebendo desde logo a minha mensagem, o senhor Francisco, emprestou-me o livro “As Lendas no Imaginário Açoriano” de Lúcia Santos e Avelino Santos para que dali saísse o que eu

pretendia. Recolhi duas das lendas do livro, juntei outras maneiras fantasiadas de ver o Mar e construi o meu projeto. JP – Que lendas serão contadas amanhã? Quantos carros alegóricos fazem parte do cortejo, qual o número de figurantes, e que coreografia envolve a marcha oficial? MP – Uma das lendas chama-se Diabretes do Mar. O terceiro carro relata a lenda dos Diabretes ou a Noite dos Carianos, lendas comuns a várias ilhas principalmente às ilhas do grupo central. Conta-se que no dia 2 de fevereiro os pescadores não iam ao mar. Dele poderiam sair diabretes que vinham destruir as redes e a pescaria e até mesmo fazer-lhes mal. Um dia, um pescador da Terceira corajosamente meteu-se ao mar desafiando todas as crenças, mas para se proteger comeu muitos alhos e levou uma réstia destes ao pescoço. Conta-se que viu uns vultos diabólicos à beira da água, mas que não lhe fizeram mal por ter consigo os respetivos amuletos. Aqui, foi minha intenção homenagear os nossos pescadores, donos do mar, que todos os dias têm que enfrentar muitas adversidades para garantir o seu sustento. Mesmo assim não desistem e munem-se da sua própria força para contornar as dificuldades enfrentando todos os diabretes que a vida lhes traz. A lenda da Sereia Encantada; sabemos que as sereias não existem e que fazem parte do imaginário, mas conta-se que houve um dia um pescador que vivia atormentado para descobrir quem seria a bela rapariga que nadava todos os dias junto à praia. Apesar das constantes advertências do pai, decidiu aproximar-se rejeitando os conselhos do seu progenitor. Ao aproximar-se reparou que esta linda jovem tinha guelras e

MADALENA PEREIRA “É muito prov na dinâmica das nossas festas”. que era diferente de todas as outras, mesmo assim pegou-a nos braços e desfez o encanto transformando-a numa linda mulher. Este último carro da sereia encantada, revela um misto de cavalo-marinho com dragão do mar e representa todas as lutas que apesar de dolorosas, trazem no final um reconhecimento por todo o esforço despendido. O cortejo terá quatro carros e cinquenta e dois figurantes magnificamente coreografados pela professora Diana Fernandes que desde sempre se ofereceu para me ajudar neste projeto. Destaco o tema musical “Lendas da Maresia” composto pelo Evandro Machado propositadamente para este cortejo que também se prontificou a ajudar-me tal como a Marta Meneses na criação de todas as roupas. A confeção dos adereços e roupas a

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AR EM HOMENAGEM ÀS SUAS GENTES A magnifica coreografia que demonstra as ondas do mar, os abraços de saudades, os barcos à vela e a graciosidade das sereias, está a cargo do António Avelino Borges que também acedeu ao meu convite, contribuindo voluntariamente para o enriquecimento da nossa marcha. A coordenação esteve a cargo da Taciana Rocha e o desenho da roupa foi da Marta Meneses Destaco o trabalho excelente dos chapéus do Fábio Silva e da confeção da roupa pela costureira Manuela Oliveira.

Foto: © GP-MPV

veitoso inserir cada vez mais jovens cargo das nossas preciosas costureiras Ana Paula Costa, Aldosinda Correia, Etis, Odília Linhares e Esmeralda Aguiar. Da minha equipa também fizeram parte outros elementos fundamentais, a Rita Borges, a Paula Sousa e a Ana Isabel Ferreira que estiveram sempre a apoiar-me ao longo de todo o processo. Serei sempre grata! A criação dos carros alegóricos esteve a cargo do professor Juvenal Castro com a sua equipa e que fez o trabalho magnífico conseguindo criar tudo e mais ainda, daquilo que eu verbalizei. A Marcha Oficial, tem para mim um espaço especial devido ao facto da Dra Isabel Rodrigues ter feito a letra tendo sido ela a pioneira a fazer marchas aqui na Praia. O Evandro Machado compôs a música e será acompanhada pela SFESA, Associação Filarmónica Espírito Santo da Agualva.

JP – Para além do cortejo de abertura, a Praia da Vitória continuará a narrar “Lendas da Maresia” ao longo destes dias de festividades? MP – Julgo que ao nível das decorações de rua será possível visualizar esse tipo de narrativa, mas de forma indireta. Não se contarão lendas, mas poderá ver-se no Foyer do Auditório do Ramo Grande a exposição “O Plástico na ilha, a ilha de plástico” da autoria dos alunos da turma G, Curso de Arte Visuais da escola Vitorino Nemésio que recorrem à arte como grito de alerta. Um desses jovens é o João Pedro Costa que em conjunto com o Pedro Lopes, criaram o cartaz das festas revelando assim que é muito proveitoso inserir cada vez mais jovens na dinâmica das nossas festas. JP – Outro momento muito aguardado é o cortejo infantil. Qual é o tema deste ano? Quantos carros e figurantes desfilarão? MP – O tema do cortejo foi criado pelo senhor João Mendonça após conversa comigo e de ter percebido o meu objetivo. Infantil(idades) porque apesar de ser um cortejo direcionado para as crianças, eu tive o cuidado de ir bus-

car à memória de todos, os bonecos que são transversais a todas as idades. Apenas o tema do último carro é recente e direcionado para os bebés até 5/6 anos. Os restantes temas são abrangentes e julgo que todos gostarão de recordar bons velhos tempos ao verem desfilar alguns dos bonecos da sua infância. Este desfile também fica gravado para sempre no meu coração por ter sido um trabalho de equipa. O conceito foi meu, mas tive a ajuda do meu ex-aluno Pedro Lopes para ir desenhando o que eu pretendia. Depois surgiu a ajuda no aperfeiçoamento e complemento aos desenhos dos senhores Abel e João Mendoça. Foram eles os executores dos carros com toda a sua equipa orientando e expondo ideias que foram enriquecedoras. Destaco a presença constante do senhor Adalberto Couto quer no aperfeiçoamento com tecidos nos carros dos cortejos de abertura, quer na elaboração dos bonecos do cortejo infantil. Fez um excelente trabalho! Este será um cortejo de e para crianças, mas será sobretudo, um cortejo para todos pois nele terei adultos, crianças e outros elementos que são surpresa. Neste cortejo desfilarão cerca 85 pessoas de todas as idades. JP – Como tem sido conciliar todo este exigente trabalho de direção artística com a sua vida profissional, familiar e pessoal? MP – Foi muito difícil conciliar tudo. Sou mãe, professora, estou à frente da direção da Filarmónica União Praiense e ainda tenho outras atividades de dinâmica familiar que requerem também a minha presença. Mas, fui organizando as minhas horas para que fosse possível percorrer este caminho sem prejudicar cada

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um destes elementos pois as festas vão terminar no dia 11 e a minha vida continuará como sempre. Este desafio trouxe consigo uma grande lição na descoberta de quem posso contar para projetos destes. Descobri que é um trabalho de muita exposição pública e que nem todos se querem associar à tua imagem por haver a possibilidade das coisas “não correrem bem”, por isso, a equipa, embora pequena, muito pequena, comparativamente com anos anteriores, esteve comigo de coração e se todo este projeto for do agrado de algumas pessoas, espero que sejam muitas, o reconhecimento, será apenas para essas pessoas associado à minha gratidão.

JP – Finalmente, que marca deixa do seu contributo com as Festas da Praia e quais as suas expetativas para esta edição? MP – Tenho expectativa de que estas festas serão fantásticas e que todos, desde o início, irão munir-se de vontades positivas, que vão voltar a olhar para as Festas da Praia como elas são: únicas pela beleza do local onde decorrem, pela força dos Praienses em abraçar o que é seu, e pela época do ano em que estas acontecem, pois todos merecem momentos de puro lazer, alegria e recuperar forças para enfrentar o resto do ano.

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DIÁSPORA / OPINIÃO | JP

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ENTREVISTA: PONCIANO OLIVEIRA (Conclusão da página 5)

No domínio económico, organizamos sessões de divulgação das oportunidades de investimento nos Açores e no Norte do país, através dum protocolo que mantemos com a Sociedade para o Desenvolvimento Empresarial dos Açores, mas também com a colaboração das maiores instituições do Norte do País. Já organizámos missões empresariais aos Açores e dum modo geral procuramos facilitar os contactos entre as instituições. Mas no campo institucional e da intervenção cívica, procuramos ser agentes ativos na nossa comunidade e na colaboração com os públicos dos Açores: mantemos alojado nas nossas instalações um posto de turismo da região; fazemos propostas e damos pareceres quando somos consultados pela região. Além disso, somos membro fundador do Conselho Mundial das Casas dos Açores, ao qual procuramos dar o nosso contributo no sentido da sua valorização e da sua proficuidade na partilha e

promoção de boas práticas de organização e da utilidade da intervenção das Casas dos Açores. JP – No âmbito da aproximação dos açorianos aos nortenhos, que ações têm sido desenvolvidas neste domínio? PO – Todas as nossas ações têm direta ou indiretamente a intenção de aproximar Nortenhos e Açorianos. A primeira ação é mais propriamente a atitude. Na nossa casa são bem-vindos todos os açorianos, nortenhos, familiares e amigos de açorianos ou quem quer que goste dos Açores. Somos uma instituição aberta e integrada na sua comunidade. Somos de igual modo integradores. Não temos complexos ou preconceitos e procuramos afirmar a Açorianidade e com ela cada um dos açorianos que vivem no Norte. A divulgação dos nossos produtos, dos nossos autores, poetas, desportistas, figuras públicas atuais ou do passado, no contexto das nossas atividades, são a forma que encontramos de o fazer.

JP – Todos os sócios da CAN são oriundos dos Açores, ou também existem outros cuja relação com os Açores é simplesmente afetiva? PO – Não. Existem sócios açorianos, familiares de açorianos, amigos de açorianos ou que simplesmente gostam dos Açores. JP – Qual a dimensão da comunidade açoriana no Norte e mais concretamente na cidade do Porto e dentro desta, qual a representatividade da ilha Terceira e mais especificamente do concelho da Praia da Vitória? PO – A Casa dos Açores tem cerca de 300 associados. A comunidade açoriana é bem mais extensa mas não sabemos de forma exata. A sua caracterização sociodemográfica é um projeto que a Casa dos Açores tem há alguns anos em carteira. Gostaríamos de a conhecer melhor ainda, para conhecermos as suas preferências e interesses e desse modo melhor direcionarmos as nossas atividades. A comunidade terceirense tende a ter na comunidade açoriana do norte do país a mesma expressão proporcional que tem na região.

JP – A CAN abriu as suas portas à poetisa praiense Carla Félix e possibilitou a apresentação do seu livro de poesia “Melodia nos Versos de (A)mar” ao público continental. Como se proporcionou esta iniciativa? PO – Sim, é verdade. A Casa dos Açores do Norte teve a honra de receber a poetisa Carla Félix, para apresentação do seu livro “Melodia nos Versos de (A)mar”, a qual decorreu com significativa afluência, numa sessão no passado dia 6 de Julho. Esta iniciativa foi possível realizar-se devido à intervenção da Dra. Ana Príncipe, a quem desde já agradeço, e que já assistiu a diversos eventos na Casa dos Açores. A propósito dum trabalho em que tem vindo a colaborar nas unidades de saúde da região, deu-nos conta desta possibilidade, o que prontamente acolhemos de forma entusiástica. Ou seja, na verdade é uma daqueles eventos que ocorreram devido à iniciativa das pessoas e ao nosso acolhimento.

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O REGRESSO À INFÂNCIA, AGORA CRESCIDA

Joana Leal

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á momentos que nos enchem por dentro. São aqueles em que vestimos a camisa de dormir da mãe e pernoitamos naquela casa que será sempre o nosso ninho. Por muitos anos que passem, há sempre um carinho especial quando voltamos à nossa infância. Acordamos numa constelação de recordações, num lugar quase esotérico que nos conhece e acolhe sempre. O cheiro do calor, os sorrisos, as almofadas PUB

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que são nuvens num céu de estrelas. Já crescida, gosto sempre dos farrapos que nunca ganham traça. Gosto de sentir os pássaros num canto melódico muito próprio e, com eles, ser conduzida ao passado. Chegada lá, no aqui e agora, é tão bom voltar a ser cuidada, com um amor absoluto e incondicional, junto dos meus que me amam e a quem eu amo também. Sinto-me nostálgica. Passando uma noite, sentada a vermos televisão, como em tantas outras noites o fazíamos, naquela sala-biblioteca, aquecida por identidades e palavras de tantos sítios, lugares e crenças… Apoiadas, estamos, naquele sofá de braços envolventes e singulares. Hoje acordei serena, com as galinhas (no meu lar, acordo com as gatinhas). Depois de descansar o suficiente dei uma volta àquela casa, como tantas vezes o fiz. Vejo mudanças no jardim,

nos passeios (que agora não são tão largos e altos, como em criança)… e encontro-me, em vestido de noiva, adornada de recordações. Sentada no banco da entrada, presto atenção ao milho, agora crescido, que em tempos idos não existia, dando lugar às árvores de faia. Respirando um ar muito especial vejo nos blocos de cimento o meu nome e o do meu irmão, escritos a branco, em aliança com a cor da pureza e inocência. Hoje a casa está mais cheia. No seu interior, espalhados estão desenhos doces da minha sobrinha para os avós, substituindo quadros de outros artistas e intenções. No lugar que anteriormente era só meu, há agora um conjunto de luzes diferentes. Apesar dessa mutação, para mim será sempre o meu mundo, com as minhas tralhas, objetos e cores. Sabe mesmo bem quando voltamos

a uma rotina antiga, apesar de crescidos. Neste caso, visitar a casa da nossa infância, partilhar com os nossos pais aquele espaço é, de certo modo, encontrar a nossa criança interior e escutar o que nos quer dizer. As recordações dos bons momentos ficam e moldam as nossas ações. Já as recordações dos mais difíceis, como o farol da Ponta das Contendas guia os barcos que navegam, também os azedumes do passado mostram-nos quem queremos ser, que exemplos aspiramos, que vidas pretendemos. E é assim, com os valores que herdámos, que vamos caminhando rumo ao pôr-do-sol. Aquela casa, tão minha, e aqueles seres, tão meus, são um porto seguro inabalável. Por muito sol que o meu feliz lar apanhe, não é tão quente como o calor deste regresso à casa da minha infância e a tudo o que ela representa.n


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COMUNICADO Aos catorze dias do mês de junho do ano de dois mil e dezanove, pelas dez horas, na Academia de Juventude e das Artes da Ilha Terceira, teve lugar a terceira sessão ordinária do ano de dois mil e dezanove, da Assembleia Municipal da Praia da Vitória. Foram apresentadas, no período antes da Ordem do Dia, as seguintes propostas: Pelo Grupo do Partido Socialista: ● Voto de Congratulação ao fotojornalista Rui Caria pela conquista do Prémio Nacional de Portugal dos Sony World Photografy Awards de 2019 com a fotografia “The Wedding Day” a preto e branco. Aprovado por unanimidade. ● Voto de Congratulação ao Sargento Rodrigo Henriques, conhecido na Força Aérea Portuguesa como o “Açor”, pelo seu trabalho e dedicação ao serviço da Força Aérea Portuguesa. Aprovado por unanimidade. Pelos Grupos do Partido Socialista e do Partido Social Democrata: ● Voto de Pesar pelas duas vítimas mortais do trágico acidente ocorrido

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no dia 14 de maio de 2019, na freguesia das Quatro Ribeiras. Aprova-

ção Juventude Desportiva Lajense, pela organização da XII edição do

MARTINS, PARA TOURADA TRADICIONAL; Aprovada por unanimida-

do por unanimidade. ● Voto de Congratulação à Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários da Praia da Vitória pela organização e pela conquista dos títulos de Campeã e Vice-campeã nacional, na vertente do Trauma, no âmbito do Campeonato Nacional de Trauma e Desencarceramento 2019, decorrido na Praia da Vitória, congratulação extensível ao trabalho desenvolvido na excelência da organização do evento que contou com o apoio incondicional da Câmara Municipal da Praia da Vitória. Aprovado por unanimidade. ● Voto de Congratulação ao Grupo Desportivo das Fontinhas pelo título de Campeão Açoriano, no campeonato Salsiçor 2018/2019, e consequente ascensão ao Campeonato de Portugal. Aprovado por unanimidade. Pelo Grupo do Partido Socialista: ● Voto de Congratulação a todas as entidades locais responsáveis pela obtenção dos galardões atribuídos às zonas balneares do Concelho da Praia da Vitória, na época balnear de 2019, tornando a Praia da Vitória no concelho da Região Autónoma dos Açores com o maior número de Bandeiras Azuis e Praias Acessíveis. Aprovado por unanimidade. Pelo Grupo do Partido Social Democrata: ● Voto de Congratulação à institui-

Torneio do Ramo Grande Azores Cup que mais uma vez elevou o nome da Vila das Lajes a nível regional, nacional e internacional. Aprovado por unanimidade. Pelo Grupo do Partido Socialista: ● Voto de Congratulação ao Grupo Desportivo do Centro Social do Juncal e aos atletas Inês Santos, Júlia Leal, Luís Maciel e Márcio Moniz pelas medalhas e vitórias alcançadas na XXIII edição dos Jogos das Ilhas, que decorreram em Bastia, na Córsega. Aprovado por unanimidade. ● Voto de Congratulação à dupla terceirense Paulo Nunes e Nuno Lemos, do Clube de Golfe da Ilha Terceira, pela conquista da final nacional do THE PAIRS 2018, em Palmela, e pela conquista do Circuito Masters, que decorreu na Escócia. Aprovado por unanimidade. Da Ordem do Dia, constava o seguinte: 1. INTERVENÇÃO DO PÚBLICO 2. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE A ATIVIDADE MUNICIPAL DESENVOLVIDA NO PERÍODO DE 30 DE MARÇO A 27 DE MAIO DE 2019; A Assembleia tomou conhecimento. 3. APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E VOTAÇÃO DA PROPOSTA DE ALTERAÇÃO DE TOURADA À CORDA NÃO TRADICIONAL QUE DECORRE NA ESTRADA PROFESSOR DR. SOUSA JÚNIOR, FREGUESIA DO PORTO

de. 4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DO RELATÓRIO DA QUALIDADE DE SERVIÇOS DO MUNICÍPIO DA PRAIA DA VITÓRIA, REFERENTE AO 2º SEMESTRE DE 2018; A Assembleia tomou conhecimento. 5. APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E VOTAÇÃO DO RELATÓRIO E CONTAS CONSOLIDADAS/CERTIFICAÇÃO LEGAL DO MUNICÍPIO DA PRAIA DA VITÓRIA - ANO DE 2018; Aprovado, por maioria, com dezanove votos a favor do Partido Socialista, doze votos contra do Partido Social Democrata e um voto a favor do Partido Popular. 6. APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E VOTAÇÃO DA PROPOSTA DE SUSPENSÃO DO PLANO DE AJUSTAMENTO FINANCEIRO APROVADO NO ÂMBITO DO PROGRAMA DE APOIO À ECONOMIA LOCAL (PAEL). Aprovada por unanimidade.

Praia da Vitória, 19 de junho de 2019.

O Presidente da Assembleia Municipal

Paulo Manuel Ávila Messias As atas aprovadas das sessões desta Assembleia Municipal encontram-se publicitadas no endereço eletrónico do Município da Praia da Vitória, em www.cmpv.pt

Formação avançada gratuita durante 4 meses em programação. Alojamento gratuito na ilha Terceira para quem reside noutra ilha


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EDITORIAL / OPINIÃO | JP

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UMA “COUSA” CHAMADA DE CORRUPÇÃO

E DITORIAL

“Nada na vida é definitivo a não ser a constância do momento presente. Viva o hoje, mas lembre-se que o hoje é ontem e é amanhã também”.

Alexandre Gaudêncio

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Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande e também líder Regional do PSD, é suspeito da prática de seis crimes, peculato, prevaricação, abuso de poder e falsificação de documentos em contratos celebrados entre a Câmara Municipal da Ribeira Grande e várias empresas. Alexandre Gaudêncio foi constituído arguido no âmbito da operação “Nortada”, levada a cabo pelo Polícia Judiciária, que também anunciou que para além do Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande foram constituídos outros arguidos, nomeadamente empresários. O Tribunal da Comarca dos Açores aplicou-lhe medidas de coação: termo de identidade e residência e pagamento de uma caução de 25.000,00 euros, e o tribunal não deliberou outras medidas de coação propostas pelo Ministério Público, que pretendiam impedir Alexandre Gaudêncio de exercer cargos públicos e ou funções políticas. Quer Alexandre Gaudêncio, quer as cúpulas responsáveis pela chefia do PSD nos Açores entenderam que Alexandre Gaudêncio por ser arguido não devia deixar de exercer o cargo de Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande e de também desempenhar as funções de liderança do PSD Regional. É verdade e não temos duvidas, que qualquer arguido se presume inocente até ao trânsito em julgado da sentença criminal e nada implica que deixe de exercer funções laborais, mas em nosso modesto entender tal situação não tem cabimento para os políticos e para as pessoas que desempenham cargos políticos, pois a ética republicana assim impõe, caso contrário demonstra por si só a avidez no carreirismo politico, e “que mina a credibilidade politica de Gaudêncio”, quer como Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, quer enquanto líder Regional do PSD, o que nos causa imensa admiração e espanto, foi que não há muito tempo Alexandre Gaudêncio enquanto líder do PSD, na Região Autónoma dos Açores pretendia que um Director Regional e um Assessor do Governo Regional ao serem constituídos arguidos por iguais suspeitas criminais de que ele agora está indiciado, deveriam demitir-se ou serem demitidos por quem de direito, e como muito bem afirmou Osvaldo Cabral ao comentar este caso “os políticos estão a beber o próprio veneno que inventaram” Em democracia não são admissíveis comportamentos como estes, e daí cada vez maior o desinteresse da população pela política e pelos políticos, o que desemboca em taxas altíssimas de abstenção aquando de eleições, quer sejam Locais, Regionais ou Nacionais. Alexandre Gaudêncio não fez o que devia e por isso fica devendo o que não faz, ora o 25 de Abril, não foi uma revolução só de cravos e canções, foi uma revolta inteira do povo, conjuntamente com oficiais das Forças Armadas para se pôr termo à ditadura fascista do Estado Novo, restaurar a democracia, onde a “lisura nos procedimentos, rectidão nos juízos de valor, extrema lealdade, exemplar tolerância” devem ser os modos dos políticos e dos governantes, porque quem não evita males podendo e devendo, vem a ser causa de muitos males. Concluímos que Alexandre Gaudêncio ao comportar-se desta forma absurda, não acredita naquilo que defende, o que é um grande male para quem pretende ser político, atitude que em democracia não deve ser admitida. O Diretor Sebastião Lima diretor@jornaldapraia.com

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José Ventura*

unca se falou tanto e tão amiúde desta “cousa”, embora a mesma não seja de agora. E, não só no Portugal de além-mar (vulgo Continente) mas, e infelizmente também por cá. Os poderes políticos e económicos depois da instituição da Democracia, têm-se encarregue de lhe dar o devido enfâse. Essa “cousa”, encontra-se ligada à acção ou efeito de corromper, fazer degenerar, acção de seduzir por dinheiro, presentes ou quaisquer benesses a alguém, levando-o a afastar-se da sua correcta conduta nas suas funções sociais e humanas. Fazem parte do palavrão “corrupção” pelo menos com maior relevo, duas vertentes; o “suborno” e o “nepotismo”. O primeiro o “suborno”, será o mais comum da “corrupção” definindo-se na oferta de dinheiro, mercadorias ou serviços. O “suborno” inclui: a prestação de informações, aceleração de processos burocráti-

cos, receber tratamento preferencial, desqualificar concorrentes, partir com o trabalho abaixo do padrão exigido, influenciar resultados de processos legais e reguladores, influenciar na alocação de benefícios como subsídios, impostos e pensões e, um desfilar de outras situações que os agentes do “sistema” vão descobrindo em seu próprio benefício. Do segundo, do “nepotismo, designa-se pelo favorecimento de parentes ou amigos mais próximos, em detrimento de pessoas mais qualificadas. Surgem geralmente, no que diz respeito à nomeação ou elevação de cargos públicos e políticos. Assim, “dentro como fora de portas” foi-nos, e é nos dado assistir, a um desfile de situações análogas. São muitos os exemplos (maus diga-se de passagem) que presenciamos na governança dos Açores, quer durante a festa do Laranjal (1976/1996) e, da do Roseiral iniciada em fins de 1996 (Novembro) e que ainda está em actividade. Se necessário for refrescar algumas mentes, nada nos custará dar alguns exemplos. O que sucede, é que de algum tempo a esta data, a “cousa”, tem estado mais sob olho dos meandros a que chamamos de Justiça. Embora, envolvida também em algumas “coisas” também, não tem andado nada bem no filme em

exibição. Preparam-se as hostes partidárias, para a conquista da Assembleia da República. Serão muitos os beligerantes. Entre as forças em combate, estará ausente uma de índole regionalista que defenda no hemiciclo central português (AR) os interesse dos Açores. Serão os mesmos do costume que, como sucursais dos DDT, subservientemente se curvarão ao poder central. Da situação, só têm culpa os próprios açorianos que, em vez de se unirem e criarem um partido de “gene açórica” se contentam, a aderir a novos partidos portugueses que se vêm tentar implantar no nosso espaço. Fazemos votos para que os açorianos, não se deixem “subornar” com as falsas promessas de “mais isto e mais aquilo” da oferta de uma T-shirt, uma caneta ou um boné, de um churrasco bem regado com sagres ou super bock. Conhecemos alguém que possuidor de um curso superior, espera há onze anos pela promessa de um emprego se, se filiasse numa certa Juventude partidária. Pobre jovem. Foi vítima de um “suborno” de alguém que estava por dentro da tal “cousa”. 2019-07-11

(*) Por opção, o autor não respeita o acordo ortográfico. n

A CAMINHO DE SÃO JORGE à acção ou efeito de corromper, fazer degenerar, acção de seduzir por dinheiro, presentes ou quaisquer benesses a alguém, levando-o a afastar-se da sua correcta conduta nas suas funções sociais e humanas.

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Siveira de Brito

ideia de fazer umas férias em São Jorge, ou pelo menos visitar a ilha, era antiga e concretizou-se de um modo um tanto inesperado. Em fins de Janeiro, um dos meus filhos disse-me, sem mais explicações, para reservar na agenda a semana de 11 a 18 de Junho; reservei, pensando que precisaria de mim para alguma coisa. Em Março, telefonou dizendo: “oh pai, nós oferecemos a viagem para irem à Terceira; convém, desde já, marcar hotel e alugar carro!” Disse-lhe que não estava a compreender; ele explicou-me: como nós, os pais, fazemos os dois anos em Janeiro, ele e os irmãos tinham decidido oferecer-nos essa viagem. Eles sabem que, apesar de ter saído há 55 anos, os Açores continuam a ser o meu Norte, e a mãe, milhota, é açoriana por casamento. Essa “cousa”, encontra-se ligada

Pusemo-nos a pensar e resolvemos aproveitar a viagem para irmos a São Jorge. Se bem pensámos, melhor fizemos, recorrendo ao programa de reencaminhamento da Sata para os passageiros que chegam na Ryanair e têm como destino final outra ilha que não Terceira ou São Miguel. Em 24 horas tinha os bilhetes Terceira-São Jorge e regresso. Faltava, apenas, reservar hotel na Praia da Vitória, onde ficaríamos uma noite na ida, procurar alojamento em São Jorge e reservar carro. O nosso amigo Onésimo Teotónio Almeida, que conhece a ilha como as palmas das suas mãos, e que tanto nos tinha recomendado este destino, deu-nos o contacto do senhor Lino Fonseca, para o alojamento, e uma lista de locais imperdíveis. Concluía o mail dizendo lamentar não estar lá em Junho para ser nosso cicerone, coisa que lamentámos imenso, porque teria sido ouro sobre azul. Para o carro, reservei num rent car.

Nesta viagem só uma coisa não correu a contento: o alojamento na Terceira. Porque não conseguia fazer a reserva de quarto via Internet, num hotel da Praia da Vitoria que há anos me tinham recomendado, tentei telefonar, mas ninguém atendeu. Mudei de plano e liguei ao amigo Francisco Simões, para saber de disponibilidade no seu alojamento local. Respondeu-me que para Junho tinha tudo cheio. Falei-lhe, então, no hotel; prometeu-me passar por lá e fazer a reserva. Pouco depois, ligou-me dizendo que tudo estava resolvido. Combinámos encontrar-nos no aeroporto, no dia da chegada. De seguida, liguei ao meu colega de escola primária e grande amigo Francisco Ferreira, contando-lhe o que se passava. Quando desliguei, parecia-me que tudo estava tratado de modo a não haver surpresas. Estava enganado! Na véspera da partida, telefonei aos dois amigos. À chegada às Lages, estava o meu amigo de infância à nossa espera; estranhei a ausência do Francisco Simões. À chegada ao hotel, tivemos uma surpresa pouco simpática: tinha havido uma falha, dizia a recepcionista; a anotação da (Continua na página seguinte)


JP | OPINIÃO

2019.08.02

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CRÓNICA DO TEMPO QUE PASSA (LVII)

CONFERÊNCIA HISTÓRIA E MEMÓRIA O Projecto da biblioteca-arquivo EPHEMERA. falsas).

N

António Neves Leal

o último decénio, José Pacheco Pereira devotou-se ao estudo de arquivos, reveladores de múltiplas «histórias», que vêm abrindo novas janelas ao conhecimento dinâmico e aprofundado da história, agora já liberta da versão oficial ou única dos acontecimentos, sem condicionamentos ou espartilhos, deixando de ser dogmática, centralizadora e castradora, mas voltada para novos espaços e aberta ao contributo de outras fontes. Estas vêm, também, ajudar a clarificar, enriquecer e aumentar o valor da História e da Memória individual e colectiva. A intervenção do número de actores neste processo não é despicienda, porque mais abrangente e motivadora para o estudo dos nossos eventos nacionais e dos de outros países em que todos os cidadãos ficam implicados e, portanto, mais solidários entre si. O projecto EPHEMERA, em marcha, é bem elucidativo dessa nova concepção histórica e metodologia seguida, pretendendo-se diversificar e regionalizar ao máximo as fontes das notícias, numa perspectiva militante da memória que se deve alimentar, mantendo-a viva no espírito dos portugueses e guardando-a como uma mais-valia ao longo dos tempos, para dela se tirar maior benefício. Assim, se impedirão muitas adulterações da verdade e manipulações abusivas, com fins perversos para o nosso futuro, como já estamos a assistir nos dias de hoje com a proliferação das Fake News( notícias

O conferencista convidado afirmou que a intervenção das pessoas é um elemento muito importante e um dos problemas maiores da democracia actual. Isso essencialmente é feito na maioria dos casos «pelo controlo, ou seja por aquilo que nós achamos que aconteceu ou aquilo que nos permite saber o que aconteceu, ou mesmo a interpretação entendida como legítima do que aconteceu». Em suma, estamos a falar do que vulgarmente se designa por «história oficial», definição muito pertinente quando se aborda a história dos partidos políticos e as suas concepções ideológicas. Como exemplo da história recente de Portugal, Pacheco Pereira referindo-se ao Estado Novo asseverou que ele «reconstruiu a história colonial e muitos aspectos da história nacional, criando mitos historiográficos que eram usados como personificando uma ideia de nacionalidade». Mencionou também situações curiosas, reveladas pelas investigações dos arquivos consultados nos últimos dez anos, onde ressaltam as contradições do período revolucionário, logo a seguir ao 25 de Abril, o chamado PREC, no qual é possível observar partidos como o PS, exibindo cartazes, mostrando «slogans» ou palavras de ordem como: «PS Partido Marxista!» ou ler num jornal da JSD apelos ao Socialismo: «Pelo Socialismo», em que figurava como um dos seus colaboradores, o então, Paulo Portas, ex-líder do CDS-PP, ou ainda a tentativa do PPD-PSD para aderir à Internacional Socialista, algo que o arquivo de Francisco Sá Carneiro demonstra. Tal facto foi levado mesmo muito a sério. Só o «veto» de Mário Soares é que inviabilizou essa desejada adesão. No pós- 25 de Abril, também houve comunicados conjuntos do PSD com

o Partido Comunista, e um programa de Frente Popular em que o PS e o PCP acordaram entre si, quando os dirigentes socialistas regressaram a Portugal, após o período de clandestinidade. Para o palestrante, pesquisador e patrono do projecto EPHEMERA, estas flutuações interessam do ponto de vista histórico. Elas estão documentadas, mas encaixam mal na história oficial que conhecemos dos partidos políticos portugueses. Sublinha a necessidade imperiosa de guardar todos os documentos encontrados (livros, discos periódicos, panfletos, fotos, objectos), devem ser preservados, estudados, reunidos e compilados com idêntico interesse aos que foram preservados em espólios e acervos e arquivos, provenientes de vários pontos do País, doados pelos seus proprietários, adquiridos, ou a adquirir pela Associação Cultural EPHEMERA. Segundo pesquisámos, ela funciona, sem fins lucrativos, e em regime de voluntariado, e tem como objetivo regular o trabalho de estabelecer protocolos com diversos organismos, nomeadamente, as Universidades, os acesso ao crowfunding e ao mecenato, assim como aos apoios privados e públicos, considerando o crescimento exponencial do trabalho a empreender e o valor dos fundos doados ou adquiridos, que serão postos à disposição de todos os portugueses interessados e investigadores estrangeiros. Presentemente é detentora de muitos arquivos que lhe foram doados, dos quais enumeram-se apenas alguns: o da Família Pacheco Pereira, o de Francisco Sá-Carneiro, o da Censura; colecções da Direita Radical, de Publicidade e da Maçonaria; Fotografias do Teatro de S. Carlos, espólios de José Silva Cunha sobre a Guerra Colonial, de Jiri e Irma Lauscher sobre o holocausto, de Ferreira de Almeida, sobre a Emigração Por-

tuguesa, o da Arcada e uma família de jornalistas do Diário de Notícias, e o de José Borrego, sobre o movimento cineclubista. A referida associação depende essencialmente dos recursos próprios e a biblioteca e o arquivo continuarão a ser privados, aspirando a ser o mais público dos arquivos privados. A sociedade civil de Portugal não vai deixar, certamente, de responder à chamada e acarinhar este gigantesco e empolgante projecto nacional. É fundamental que todo este rico manancial e outros documentos que forem reunidos, mais tarde, não se venham a perder, pois todos eles fazem parte intrínseca da nossa memória colectiva e do ADN de cada um de nós. A sua importância é enorme para nós e certamente para os que nos virão suceder, no futuro. Como breve ilustração dessa importância, citou JPP a descoberta, num arquivo pertencente a uma farmácia, de um despacho da PIDE, em que se incentivava a não se vender medicamentos às pessoas feridas, em dias de manifestação contra o regime salazarista, facto que, ninguém sabia da existência de tal proibição. Até parece anedótico, mas não é, como se pode comprovar hoje, através do supracitado arquivo. E por fim, o Dr. José Pacheco Pereira desabafa, alertando nos termos seguintes: «Custa-me ver todos os dias desaparecerem milhares de documentos que seriam fundamentais para se escrever com maior rigor a história portuguesa». Oxalá esta brilhante lição, que terminou com uma série de perguntas dirigidas ao eminente historiador-investigador, tenha sido uma fértil sementeira de sugestões e uma útil ferramenta para a compreensão e resolução de muitos dos nossos problemas presentes e futuros. n

A CAMINHO DE SÃO JORGE (Conclusão da página anterior)

tende receber hospedes, não pode tratar assim quem chega.

reserva tinha ficado à margem do livro e não tinham quarto para nós; resolveriam o problema recorrendo a um apartamento de uma casa particular. Pela nossa cara, a senhora viu que não estávamos pelos ajustes e mudou: iríamos para um quarto que ainda não tinha sido ocupado por um outro cliente que iria chegar. Logo que entrei no quarto, vi que ia correr mal: das duas janelas, uma era estreita, junto ao teto em quase toda a extensão da parede, e sem cortina opaca; às 6 da manhã a luminosidade no quarto era como na rua. Enfim, um hotel para esquecer! Quem pre-

Felizmente não foi a única recordação que nos ficou desta passagem pela Terceira. Pouco depois, encontrámos o Francisco Simões que, ao entrar no aeroporto, viu que o avião tinha chegado havia uma hora; não nos encontrando no hotel, resolveu dar uma volta à nossa procura. Verifiquei que me tinha enganado nas horas da chegada que indicara. Fiquei embaraçadíssimo e fartei-me de lhe pedir desculpa. Para tentar remediar a situação, convidei-o para jantar connosco, mas não podia porque tinha um ensaio com o seu grupo de música regional a que não podia fal-

tar; tive imensa pena. E viemos até à Rua de Jesus, no nosso “passo gravizundo”, como diria minha mãe, a pôr a nossa conversa em dia, e fazendo tempo para nos encontrarmos com o outro Francisco. Quando chegou a hora, fomos jantar ao “Pescador”. Foi uma refeição opípara, acompanhada de uma conversa agradabilíssima, com muitas estórias, novas e velhas. Sempre que falamos com o Francisco Ferreira aprendemos imenso sobre os Açores em geral e especialmente sobre a Praia. No fim, fui ao balcão para fazer contas; o responsável disse que nos desejava uma óptima estadia e que ficava às nossas ordens. Fiquei

surpreendidíssimo, porque eu é que tinha convidado; não esperava. Lá voltei para a mesa e dei uma palmada nas costas do Chico; ele bem percebeu o sentido. Fomos dali para a Rua do Rossio, porque havia cantoria, estávamos na Semana do Pentecostes. Minha mulher sabia bem o que era, mas nunca tinha assistido ao vivo. Ouvimos um bom bocado o Fábio Eurico, de São Mateus, com a sua bela voz, e o Marcelo Dias; os dois com grande capacidade de improviso. Braga, Julho de 2019

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MARÉ DE POESIA | JP

2019.08.02

A

minha Praia é uma menina que se enfeita em Agosto, dá brilho à ilha e luz aos Açores... Que os versos aqui expostos façam eco neste mês de Agosto embalando todos e todas que nos

A Praia em festa! Fernando Mendonça A Praia já se embeleza Pelas ruas principais Para que tenham beleza Suas festas anuais! Quem nesta Praia passar Vê bandeiras a tilintar! Arcos de luzes no ar Para a festa abrilhantar. Estão os palcos armados Para animação e folia! Os restaurantes montados Pra feira da gastronomia. Já se veem as tasquinhas No velho clube naval Dos petiscos as rainhas Deste nosso festival! A festa que a praia faz Tem encanto e melodia! Este ano, ela nos traz As lendas da maresia! É festa na Praia da Vitória Sandra Fernandes Toda vestida d’alegria Praia, gentil, vai desfilando Nos braços da maresia, Com Vitória encantando.

visitam, que a poesia seja porto de abrigo e o desbravar de novos rumos. Viva à Poesia! Viva à nossa Praia de Maresia e Encantos!

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A praia em festa Deusa das soberanas marchas Apaixonada pelo folclore mundial Que representa no palco da nobre praia Rainha do coração de quem está ausente E que dança na alma da nossa gente. Praia de Sonhos e Mar José Gabriel Oliveira Não sei Praia que te diga eu, Nessa tua festa de rua Linda como as estrelas do Céu Que tanta inveja, causam à lua. Não és praia só de areia, Nem mar, estrada de mareantes Teu povo em festa, é mão cheia Dos mais preciosos diamantes. És Praia de bravura, Por Isso, de Vitória te chamas Em festa és mais que loucura Nos braços daqueles que amas. És Praia, feita sereia De mistérios por desvendar, Ao Sol te espreguiças na areia, À noite te espelhas mar. Sonhos alucinantes De quem em ti Praia, pousou São mais que mil amantes, Mas nenhum ainda te conquistou. Rosa Silva (“Azoriana”)

Abres teus braços ao mar E na areia da baía Passas a noite a festejar És cidade palco, até ser dia.

Só de ver é um poema A Festa quase se faz: Nossa ilha tem o lema Que em agosto satisfaz.

Praia da Vitória, cidade nova Feita de areia e trigo A brisa do mar te renova. Anda p´ra festa comigo!

Cada lenda é um emblema, Praia de berço lilás, Perfume p’ra cada tema Da maresia que apraz.

A praia em festa Elisa Lopes A praia em festa Baila de felicidade Nas ondas do mar O sorriso de serenidade Segredo é a força de amar A praia em festa Desfila em harmonia É bela elegante de alegria Desliza a brilhante lágrima Pelo rosto cansado do imigrante O peito agitado dum coração vibrante

A ilha Terceira ensaia A lenda que dá à Praia A beleza capital. A pureza é nobre e vasta Alta Santa que é casta Da Praia de Portugal. Soneto à Praia João Mendonça Caia-se o casario, asseia-se a muralha, Sobranceira à arcada da notável baía

D’areia aguada que o tempo amortalha, Destroços da gesta, lendas de maresia. Ataviam-se ilustres sem farta igualha. Nemésio, Ornelas e Gervásio à bugia, Fazem desta Praia o campo de batalha O meio da casa e a grandeza dum dia. De criança franzina no corpo também Persiste a vontade de receber bem Os que vem à festa, a saudade matar Com júbilos e farras pela noite fora. Que a festa comece. Já não vejo a hora De correr à praia e ver a festa chegar. A Praia em festa Rodrigo Silveira Há uma paixão que me guarda Que sem ela nada me resta Vou vestir a minha farda E faço da Praia uma festa Faço da música uma luz Que eu adoro sem medida desço a rua de jesus com o amor da minha vida Vou descendo até ao mar Com o instrumento na mão e a música que eu vou tocar Vem toda do coração. Praia em festa Vallda Sinto a maresia no ar da Praia que m’encanta na alma o imenso mar e do facho, visto “da santa”. Podia bem ser a rainha sendo simples e modesta e até descer a escadinha dar um mergulho à prainha e fazer parte da festa... Trazia seu vestido de gala de decote curto e moderno aquele que ousar maltratá-la podia parar ao inferno.. A Praia do nosso areal irá estender o tapete p’ra que a santa no arraial abane o seu capacete enquanto dança esta santa julgada de moribunda existe um galo que canta junto à nova rotunda!.

... Jorge Morais que te movas em praias de maresias festas expostas frentes postas desejos expressos seja agosto um gosto de praianas tidas assim despidas em areal imenso sejam noites festivas de gentes altivas sem preocupações cujas ilusões por demais serem sentidas sejam foguetes alteados bordando o céu do facho sem que demonstre quem por lá se encontre sejam as festas celebradas por gentes maradas que pela maré dentro irrompe Praia em Festa Ana Maria Lima A Praia é minha e tua Menina que brinca na rua E o seu sorriso empresta , Nos cabelos traz um laço Que aperta num abraço Para dar à Praia em Festa . Praia é mulher cidade É grito de Liberdade Com Vitória que lhe resta , É maresia de partilha Para dizer a toda a ilha Esta Praia está em Festa . Praia em Festa Carla Félix A Praia vestiu Seu vestido de festa Tecido de saudade A Praia hoje é palco De abraços apertados Mar de encantos Pauta de emoções...

FICHA TÉCNICA: COORDENAÇÃO Carla Félix COLABORADORES DESTA EDIÇÃO Ana Maria Lima; Carla Félix; Elisa Lopes; Fernando Mendonça; João Mendonça; Jorge Morais; José Gabriel Oliveira; Rodrigo Silveira; Rosa Silva (“Azoriana”); Sandra Fernandes; Vallda PAGINAÇÃO Francisco Soares/JP NOTA: As participações aqui presentes são da responsabilidade dos poetas/poetisas. Para participar envie o seu poema para: maredepoesia@jornaldapraia.com

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Agentes Transitários - Carga Aérea e Marítima - Recolhas - Entregas - Grupagens e Completos |

Telefone 295 543 501


JP | INFORMAÇÃO

2019.08.02 11 AGO Areal da Praia Grande Santa Cruz Tourada Tradicional João Gaspar (Filho); Eliseu Gomes; Humberto Filipe; Casa Agrícola José Albino Fernandes 18h00

02 AGO Areeiro Fontinhas Tourada tradicional Herd Ezeq Rodrigues; Rego Boelho 18h30 03 AGO Caminho de São João Casa da Ribeira – Santa Cruz Tourada não tradicional João Gaspar (Pai); António Lúcio 18h30 05 AGO Canada da Água - Cerrado Juncal - Santa Cruz Vacada à corda Casa Agrícola José Albino Fernandes 18h00 Praça de Toiros da Ilha Terceira Corrida Festas da Praia 2019 Cabaleiros: António Telles; João Telles; João Pamplona Toiros: David Ribeiro Telles; Rego Botelho Forcados: Coruche; Tertúlia Tauromáquica Terceirense; Ramo Grandeho 18h30 06 AGO Juncal Santa Cruz Tourada tradicional Casa Agrícola José Albino Fernandes 18:00 07 AGO Juncal Santa Cruz Tourada tradicional Casa Agrícola José Albino Fernandes 18h00 Caminho do Concelho Quatro Ribeiras Tourada tradicional Manuel Borba Gaspar 18h00 08 AGO Caminho do Concelho Quatro Ribeiras Tourada tradicional Manuel Borba Gaspar; João Quinteiro 18h00 09 AGO Rua Padre Rocha de Sousa Santa Cruz Tourada tradicional Herdeiros Ezequiel Rodrigues 18h00 10 AGO Estrada 25 de Abril Santa Cruz Tourada tradicional Herderiros Ezequiel Rodrigues 18h00

HOJE (02/08) Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

HOJE (02/08)

SÁBADO (03/08)

16 AGO Á Igreja Agualva Tourada Tradicional Herd. Ezequiel Rodrigues; Humberto Filipe 18h00 17 AGO Cruzeiro Agualva Tourada Tradicional João Gaspar (Pai); Casa Agrícola José Albino Fernandes 18h00 18 AGO Á Igreja Agualva Tourada tradicional Casa Agrícola José Albino Fernandes; Herd. Ezequiel Rodrigues; Humberto Filipe; João Gaspar (Pai)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

DOMINGO (04/08)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

SEGUNDA (05/08) FESTAS DA PRAIA 2019 “LENDAS DA MARESIA” DESTAQUES PALCO TRADIÇÕES - CONTINENTE PRAÇA FRANCISCO ORNELAS DA CÂMARA

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NO CONCELHO

15:30 - Lajes; 16:00 - Fontinhas (1) ; 16:30 Casa da Ribeira; 17:00 - Cabo da Praia; 17:30

- Matriz Sta. Cruz; 17:30 - Vila Nova; 18:00 Fontinhas (2); 18:00 - São Brás; 18:00 - Porto Martins; 18:00 - Sta Luzia, BNS Fátima; 18:00 - Quatro Ribeiras; 19:00 - Lajes; 19:00 - Agualva; 19:00 - Santa Rita; 19:00 - Fonte do Bastardo; 19:30 - Biscoitos, IC Maria (3); 19:30 Biscoitos - São Pedro (4) (1) Enquanto há catequese; (2) Quando não há catequese; (3) 1.º e 2.º sábados; (4) 3.º e 4.º sábados

DOMINGOS

08:30 - São Brás; 09:00 - Vila Nova, ENS Ajuda; 10:00 - Lajes, Ermida Cabouco; 10:00 - Cabo da Praia (1); 10:00 - Biscoitos, S Pedro; 10:30 - Agualva; 10:30 - Casa Ribeira (1); 10:30 -

Santa Rita 11:00 - Lajes; 11:00 - São Brás; 11:00 - Cabo da Praia (2); 11:00 - Porto Martins; 11:00 Casa da Ribeira (2); 11:00 - Biscoitos, IC Maria; 12:00 - Vila Nova; 12:00 - Fontinhas; 12:00 - Matriz Sta. Cruz (1); 12:00 - Quatro Ribeiras; 12:00 - Sta Luzia; 12:15 - Fonte Bastardo; 12:30 - Matriz Sta. Cruz (2); 13:00 - Lajes, ES Santiago; 19:00 - Lajes; 19:00 - Matriz Sta. Cruz (3); 20:00 - Matriz Sta. Cruz (4)) (1) Missas com coroação; (2) Missas sem coroação; (3) De outubro a junho; (4) De julho a setembro

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

SÁBADO (03/08)

QUINTA (08/08)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

MOMENTO MUSICAL SÓNIA PEREIRA TRIO Hora: 21:00

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

DOMINGO (04/08)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

SEXTA (09/08)

SÁBADO (10/08)

SEGUNDA-FEIRA (05/08)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

DOMINGO (11/08)

TERÇA-FEIRA (06/08)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

ATUAÇÃO DE GRUPOS FOLCLÓRICOS Hora: 22:00

SEGUNDA (12/08)

QUINTA-FEIRA (08/08)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

CONCERTO DE FILARMÓNICAS Hora: 22:00

TERÇA (13/08)

SEXTA-FEIRA (09/08)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

TEATRO INFANTIL “BATATOLAS & PALHATIKO“ Hora: 22:30

QUARTA (14/08)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

SÁBADO (10/08) NOITE DE FADO VERA BRASIL E FRANCISCO OURIQUE Hora: 22:30

QUINTA (15/08)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

DOMINGO (11/08) CERIMÓNIA COMEMORATIVA DA BATALHA DE 11 DE AGOSTO DE 1829 HOMENAGEM AOS ANTIGOS COMBATENTES NO ULTRAMAR Hora: 10:00

BISCOITOS Posto da Misericórdia ( 295 908 315 SEG a SEX: 09:00-13:00 / 13:00-18:00 SÁB: 09:00-12:00 / 13:00-17:00

VILA DAS LAJES Farmácia Andrade Rua Dr. Adriano Paim, 142-A ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-18:30 SÁB: 09:00-12:30

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TAXIS

ANGRA DO HEROÍSMO

VILA NOVA

Ladeira de São Francisco 295 212 004 / 295 212 005 Alto das Covas 295 213 088 / 295 212 404

Farmácia Andrade Caminho Abrigada ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-12:00 / 16:00-18:00

PRAIA DA VITÓRIA

Praça Francisco Ornelas da Câmara 295 512 092 / 295 512 654 Posto Um: 295 512 151 n

TERÇA (06/08)

QUARTA (07/08)

CANTORIA Hora: 22:00

MISSAS DOMINICAIS

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

BAILINHOS DE CARNAVAL (RECEÇÃO AO EMIGRANTE) Hora: 20:30

CONCERTO DE FILARMÓNICAS Hora: 22:00

Fonte: Site CMPV

SÁBADOS

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Farmácias de serviço na cidade da Praia da Vitória, atualizadas diáriamente, em: www.jornaldapraia.com


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