Jornal da Praia | 0545 | 24.05.2019

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QUINZENA

24.05 A 06.06.2019 Diretor: Sebastião Lima Diretor-Adjunto: Francisco Ferreira

Nº: 545 | Ano: XXXVII | 2019.05.24 | € 1,00

QUINZENÁRIO ILHÉU - RUA CIDADE DE ARTESIA - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA - ILHA TERCEIRA - AÇORES

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CAMPEONATO DE FUTEBOL DOS AÇORES 2018/19

CAMPEÃO MORA NAS

FONTINHAS DESTAQUE | P. 8 E 9

Foto: Rui Sousa/JP

SARDINHA PRAIENSE VENCE CONCURSO NO CONCELHO | P. 3

A 01 DE JUNHO

RECITAL “MARÉ DE POESIA” CULTURA | P. 11 MARÉ DE POESIA | P. 14

ELEIÇÕES PARA O PARLAMENTO EUROPEU

E OS AÇORES COMO VÃO VOTAR? Por: José Ventura OPINIÃO | P. 12

ESPECIAL ANIVERSÁRIO PUB


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CANTO DO TEREZINHA / CONTO | JP

2019.05.24

EM BOM PORTUGUÊS OU NEM TANTO Depois digam que ninguém se interessa com a educação do povo! E mais: que não fazem nada para levar as pessoas a pensar, a trabalhar com os miolos, que agora se chamam ‘neurónios’.

na segunda tem grafia correta) escrita com uma letra que representa um som fricativo sonoro, quando deve ser o correspondente surdo; 3 - descubra uma palavra que contem 4 vezes a terceira vogal e só deve ter 3; 4 – verifique a ausência da preposição ‘de’. 5 – apetece-lhe substituir a expressão ‘pelo que’ por ‘porque’?

Ao invés do programa da televisão que ensina como se escreve em bom português, alguém pensou num processo que levasse as próprias pessoas a descobrir os erros de ortografia contidos num texto publicado numa lápide que descreve, de forma breve, a história de uma fortificação das muitas que a baía da Praia teve e de que, hoje em dia, só resta uma em bom estado. Descendo a rua da Alfândega, há-de o cidadão descobrir uma lápide referindo-se ao Forte da Luz e nela poderá ler um texto que contém algumas incorreções sobretudo no âmbito da ortografia. Se não está só, o que se aconselha, acabará por ter a oportunidade de sustentar alguma polémica, pois que o seu ponto de vista pode estar

Este exercício deve ser feito sem pressa mas sem pausas e por etapas, com bom tempo e de preferência de manhã quando o sol ilumina a dita lápide.

apoiado no anterior acordo ortográfico, em nenhum, ou no novo, tal como o da sua companhia. Guia de observação: 1 - descubra 2 erros de acentuação; 2 - descubra uma palavra (que ocorre duas vezes, sendo que

É nossa obrigação agradecer a quem engendrou este belo exercício cerebral para nos debruçarmos sobre a nossa língua, Seria interessante publicar, em placa a colocar ao lado da já existente, o texto revisto em resultado das contribuições de quem se entregar ao devaneio de apreciar o disparate.

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CONTO DO MARQUÊS DE NADA E DE COISA NENHUMA

O ILUSTRE PARRECAS

Viva o Parrecas! Viva às suas ideias inovadoras e inspiradoras – sugeria um seguidor da doutrina Parrecas. Este comentário fora alvo de grande aprovação. Novos berros impercetíveis e indecifráveis eram novamente bramidos. O adversário seguira o mesmo exemplo do Parrecas. Abordara os alunos da mesma maneira. Mas as suas medidas eram fracas, não tinham criatividade. Enfim, eram muito concretizáveis. A sua incompetência veio a refletir-se nos votos. Era, há muito tempo, o resultado que todos esperavam. Os escassos votos decidiam o vencedor. O Parrecas tornara-se, finalmente, o presidente da associação de estudantes! Com uma maioria absoluta esmagadora tudo se comprovava. Provaria aos pais a sua capacidade de liderança e persuasão. O ano letivo findara. As propostas não se concretizaram, mas todos concordavam que o legado do Parrecas fora determinante para o sucesso da escola. O jovem tinha tudo o que cria: um bom currículo. Os exames foram simples e superficiais para o seu intelecto, as classificações e a média eram excelentes. Tudo corria no melhor caminho. Licenciar-se-ia numa prestigiada universidade de medicina, envergaria pela carreira política e seria conhecido para todo o sempre! O salvador da nação chegaria finalmente! V

Parte: X (Continuação da edição anterior)

Rafael de Albuquerque sempre fora um inútil, um preguiçoso e um ocioso. Fora a mente mais perturbadora que a sua aldeola alguma vez vira. Era um jovem que não sabia fazer nada, não cortava a relva do jardim, não lavava o carro da família e não se relacionava com ninguém. Era um triste. O maior triste que a sua aldeia alguma vez vira. Para além do mais, ainda se ocupava de uma atividade hedionda que escandalizava os pais: esculpia pequenos rostos e corpos de figuras da Antiguidade Clássica e desses deuses mortos. Tinha umas mãos capazes de esculpirem perfis gregos e olhares sensuais. Enfim, era um produtor da intelectualidade. Fascinavam-lhe as estátuas equestres e a cenografia dos personagens em mármore. Ah! Como o naturalismo de David o impressionava! Como a graciosidade de tais corpos o enlouqueciam! O jovem estava finalmente em Lisboa. Partira de uma terra humilde e vinha ao encontro do estudo e do prazer. Albuquerque era estudante de escultura na Faculdade de Belas-Artes. Abandonara as casinhas rurais da sua ilha e vislumbrava agora os frontões triangulares e as colunas da capital. Vislumbrava os arcos despidos da igreja do Carmo, que enalteciam o céu adormecido de Lisboa. Vislumbrava aquela arcada sem fim do Terreiro do Paço. Vislumbrava D. José que mirava o Tejo. Vislumbrava a ponte da liberdade, que perfumava o rio com o seu vermelho. Vislumbrava a robustez da Sé, que se impunha naqueles altos de Lisboa.

Todo este Manuelino, Maneirismo e Barroco contrastava com o seu berço. Vinha de um povo que estimava touros e desprezava vitrais. Era “ a terra dos bravos”. Mas se a essência desta bravura for a ignorância ao invés de coragem e aventura, então temos uma bravura selvagem e deplorável. – Albuquerque! – exclamava um colega Logo à noite temos tertúlia em casa do Ramires. Podemos contar contigo, certo? – Mas é claro que sim, meu caro. Como vamos passar o sarau desta vez? Discutindo política? Citando Voltaire? Aplaudindo “A Cena do Ódio”? Debatendo um romance? Mal posso esperar! – respondia Rafael, enquanto ajeitava os seus suspensórios pretos. – Sim, tudo isso e muito mais. Hoje vamos contar com um convidado de medicina. Dizem que é polémico e extremamente inteligente. – Assim espero. – sorria o estudante. A caminho da faculdade, o aspirante a escultor fitava Fernando Pessoa, imortalizado naquela estátua. Outrora genial escritor, hoje símbolo de comércio, vendas e atração turística. Descendo o Chiado e emaranhando o bigode, o jovem fantasiava o seu futuro. Sonhava em ser o Miguel Ângelo ou o Donatello daquele século moderno. Seria ele a inovação! Seria ele a revolução! Ou seria ele um doido ou um mero sonhador fracassado? Pelo menos morreria a tentar. Viveria por uma causa e nunca a abandonaria. Recusar-se-ia a essas vidas medíocres e

simples. Não seguiria esse cânone de marido, pai, avô e trabalhador empenhado. Queria aventura, estímulo, ócio, prazer e reconhecimento. Era o início do ano na faculdade, setembro. Ainda estava quente em Lisboa. Ao contrário das ilhas, era um calor seco. Suportável. A afluência de turistas diminuíra, mas era ainda considerável. O edifício da faculdade não estava em boas condições, todos percebiam isso. Contudo, aquela cor amarela alegrava o Albuquerque. Lembrava-lhe o Terreiro do Paço e os elétricos que se deslocavam freneticamente. Depois da aula de Anatomia Artística, o jovem apressou-se a voltar ao seu apartamento para se preparar para a grande noite filosófica. As festas começavam mal os estudantes se preparavam para estudar. Esta não seria uma noite qualquer. Era um verdadeiro encontro de intelectuais. Uma reprodução dos tempos do Iluminismo, das grandes ideias. E por conseguinte, muitos encaravam o sarau com seriedade. Muitos vestiam-se com o que tinham de melhor. Albuquerque ficara conhecido pelo seu grande gosto. Sabia roubar um suspiro de agrado a uma rapariga apenas com as suas vestes. Nessa noite, vestia um fato e calças de algodão azul escuro, uma camisa branca, um colete às riscas e uma gravata preta simples. Tudo impecavelmente limpo e aprumado. Levava consigo os seus esboços de criações futuras, alvo de grande admiração. (Continua na próxima edição) n

FICHA TÉCNICA PROPRIETÁRIO: Grupo de Amigos da Praia (Associação Cultural sem fins lucrativos NIF: 512014914), Fundado em 26 de Março de 1982 REGISTO NA ERC: 108635 FUNDAÇÃO: 29 de Abríl de 1982 ENDEREÇO POSTAL: Rua Cidade de Artesia, Santa Cruz, Apartado 45 - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA, Ilha Terceira - Açores - Portugal TEL: 295 704 888 DIRETOR: Sebastião Lima (diretor@jornaldapraia.com) DIRETOR ADJUNTO: Francisco Jorge Ferreira ANTIGOS DIRETORES: João Ornelas do Rêgo; Paulina Oliveira; Cota Moniz CHEFE DE REDAÇÃO: Sebastião Lima COORDENADOR DE EDIÇÃO: Francisco Soares, CO-1656 (editor@jornaldapraia.com) REDAÇÃO/EDIÇÃO: Grupo de Amigos da Praia (noticias@jornaldapraia.com; desporto@jornaldapraia.com); Rui Marques; Rui Sousa JP - ONLINE: Francisco Soares (multimedia@jornaldapraia.com) COLABORADORES: António Neves Leal; Aurélio Pamplona; Emanuel Areias; Francisco Miguel Nogueira; Francisco Silveirinha; José H. S. Brito; José Ventura; Nuno Silveira; Rodrigo Pereira PAGINAÇÃO: Francisco Soares DESENHO NO CABEÇALHO: Ramiro Botelho SECRETARIADO: Eulália Leal LOGÍSTICA: Jorge Borba IMPRESSÃO: Funchalense - Empresa Gráfica, S.A. - Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, 50 Morelena - 2715-029 PÊRO PINHEIRO ASSINATURAS: 15,00 EUR / Ano - Taxa Paga - Praia da Vitória - Região Autónoma dos Açores TIRAGEM POR EDIÇÃO: 1 500 Exemplares DEPÓSITO LEGAL: DL N.º 403003/15 ESTATUTO EDITORIAL: Disponível na internet em www.jornaldapraia.com NOTA EDITORIAL: As opiniões expressas em artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do jornal e do seu diretor.

Taxa Paga – AVENÇA Publicações periódicas Praia da Vitória


JP | NO CONCELHO

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CONCURSO 100% SARDINHA

CRIAÇÃO DE DISIGNER PRAIENSE É A FAVORITA DO PÚBLICO

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s sardinhas de Lisboa são uma marca criada pelo gabinete Silva Designers em parceria com a EGEAC para as Festas Populares de Lisboa, desde 2003. Na edição deste ano foram submetidas à votação do público, através da rede social Facebook, 95 trabalhos destinados a escolher 5 para atribuição de “Menção Honrosa”. A votação decorreu até ao final de abril e saiu vencedora a sardinha da autoria de Diogo Bessa, com mais de meio

milhar (1.569) de “Gostos” e claramente destacada das restantes. Diogo Bessa, nasceu na Praia da Vitória no ano de 1992, é licenciado, desde 2014, em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas Artes do Porto e encontra-se a desenvolver o trabalho de Mestrado de Ilustração e Animação no Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), em Barcelos. Paralelamente, leva a cabo trabalhos para instituições públicas

e privadas.

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Desde 2011, Diogo Bessa, tem participado no concurso quase todos os anos, submetendo uma sardinha. Já desenvolveu sardinhas desenhadas, esculpidas ou até animadas, usando desde as técnicas mais convencionais de desenho até aos softwares digitais, construções em balsa ou mesmo migalhas de pão. O concurso agrada-lhe desde o início pelo duplo desafio que propõe:

por um lado, o de redesenhar o ícone que se foi tornando a sardinha, por outro, o de o reinventar sem que este perca a sua aura original. É esta conjugação entre a restrição que é a silhueta da sardinha e a margem de liberdade para a transformar em algo novo que todos os anos o alicia e o obriga a superar-se para tentar trazer mais uma solução que o surpreenda a ele e, se possível, aos outros. Este ano, claramente surpreendeu e agradou.

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VI FEIRA DA FAMÍLIA

Foto: GP-MPV

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s Valências Educativas da Santa Casa da Misericórdia da Praia da Vitória (SCMPV), levaram a efeito, no passado dia 04 de maio, pelo sexto ano consecutivo, a Feira da Família, no âmbito das comemorações do Dia Mundial da Família que se assinala a 15 de maio. A iniciativa contou com o apoio da Câmara Municipal da Praia da Vitória que disponibilizou e preparou o espaço – Tenda ao Paul. Segundo a organização o evento tem vindo a crescer, pelo que “é de enaltecer o carinho e entrega de quem participa todos os anos e sobretudo de quem procura participar. Os colaboradores doam o seu tempo à Instituição num espírito solidário que caracteriza a essência da Misericórdia”. Na edição deste ano marcaram presença: Filarmónica União Praiense; Museu de Angra do Heroísmo; Associação Recomeço; Lady, Prince and Friends; Comissão de Proteção de Crianças e Jovens da Ilha Terceira; Clínica Médica da Ilha Terceira (CIT) ; Amigos da Pediatria da Ilha Terceira; Associação Nascer e Crescer Feliz;

Lar D. Pedro V; Centro de Ciência de Angra do Heroísmo; Espaço das Alunas do 12º ano da Turma de Animação Sócio Cultural da Escola Secundária Vitorino Nemésio; Projeto Life CWR; Grater; Papás de Feltro – Artesanato; Farmácia da SCMPV; para além do espaço das Valências Educativas, Cantinho das Fotografias e de Comes e Bebes. Em paralelo, decorreram várias atividades: O jovem Ivo Moreno trouxe a Filarmónica do Bairro do Joaquim Alves; Sandra Coelho deu uma aula de zumba, o Clube de karaté Shotookan da Praia da Vitória deu Aula Aberta de Karaté, Decoração de Unhas com a loja do comércio local IT STYLE – Terceira, Showcooking de Frutas com Jorge Sousa e para finalizar um momento que envolveu a participação da família das crianças dos Ateliers de Tempos Livres. O evento teve a cobertura da Rádio Voz dos Açores que emitiu em direto, com entrevistas aos responsáveis dos diferentes espaços e apontamentos de reportagens sobre as atividades que iam decorrendo a cada momento. JP n


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EFEMÉRIDE | JP

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A FORTALEZA DO MONTE BRASIL: OS PRIMÓRDIOS HISTORIADOR: FRANCISCO MIGUEL NOGUEIRIA

março de 1581, no Convento de Cristo, iniciaram-se as Cortes de Tomar, onde D. Filipe II de Espanha passou também a ser reconhecido como Rei de Portugal como D. Filipe I de Portugal. O Prior do Crato acabou por refugiar-se na Terceira, o único ponto do país que ficou do seu lado.

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á exatos 428 anos, a 29 de maio de 1591, começaram as obras para a construção do atual Castelo de São João Batista, com as escavações, a extração da pedra e a terraplanagem. A Fortaleza do Monte Brasil, chamado de Castelo de São João Batista, considerada a maior fortaleza filipina do mundo, é um dos ex-libris da cidade de Angra do Heroísmo, situada sobre o istmo da península do Monte Brasil, no lado ocidental da baía da cidade, e a oriente da baía do Fanal. É um marco da importância histórica da cidade, capital do país por duas vezes e um importante porto de escala do Atlântico Norte, depois obrigatório, por mais de 3 séculos, desempenhando um papel indelével na afirmação do Império Português. No século XVI, a Terceira ganhou relevância durante a crise de sucessão de 1580. Quando D. Sebastião morreu em 1578, em Alcácer Quibir, sucedeu-lhe o seu parente mais próximo, neste caso, o tio-avô Cardeal D. Henrique, já idoso, que morreu, em 1580, sem herdeiros diretos, abrindo, assim, uma crise de sucessão. Houve 3 principais herdeiros, D. Catarina, D. Filipe II de Espanha e D. António, Prior do Crato. Este último foi aclamado rei em Santarém, contra a vontade da Alta Nobreza, apoiante de D. Filipe II. O rei espanhol acabou por enviar o seu exército, que mais bem preparado venceu os apoiantes de D. António. Em PUB

Nas Cortes de Tomar, D. Filipe II de Espanha, I de Portugal comprometeu-se a respeitar os usos e costumes de Portugal, a garantir os privilégios nacionais para os portugueses. Além disso, afirmava que a administração do reino de Portugal seria feita por portugueses. Contudo a política externa era comum, fazendo com que os inimigos de Espanha passassem a ser também os inimigos de Portugal. É deste período a famosa Batalha da Salga, as histórias de Brianda Pereira e de D. Violante do Canto e a famosa carta (de 13 de fevereiro de 1582) de Ciprião de Figueiredo, corregedor dos Açores, a D. Filipe II, onde afirmava: “antes morrer livres que em paz sujeitos”, hoje a divisa dos Açores. Durante quase 3 anos os terceirenses se bateram como defensores da independência de Portugal. Só em 1583 a Terceira foi subjugada pelos espanhóis, comandados por D. Álvaro de Bazán, no conhecido Desembarque da Baía das Mós. Como Angra continuava a ser um ponto essencial, por proposta do próprio Bazán, após analisar a linha de Fortes da Ilha, D. Filipe II mandou erigir um grande castelo no Monte Brasil. As obras começaram possivelmente a 29 de maio de 1591, com as obras de preparação. A 1ª pedra foi lançada no baluarte de Santa Catarina, em 1593, a noroeste. A cerimónia foi presidida pelo 1º Governador da Fortaleza, o castelhano D. António de la Puebla, chegado à Ilha em 1592, e pelo bispo de Angra, D. Manuel Gouveia. Inspirado em projetos dos

engenheiros militares italianos Giovanni Vicenzo Casale e dos seus discípulos, Tibúrcio Spanochi e Anton Coll, a Fortaleza foi desenhada por João de Vilhena, com o auxílio, na direção da obra, de Pedro Luís de Sousa. As muralhas do Castelo, barrando um istmo de cerca de 600 metros, tinham uma altura média de 15 metros, erguendo-se, em parte, dum grande fosso que foi escavado até 8 metros abaixo da terra. A obra, devido a vários problemas, sobretudo à situação espanhola, que era atacada em todo o seu Império, demorou muitas décadas a ser concluída, embora fosse pensada para ser uma construção rápida. Há dados que indicam que a Fortaleza só foi totalmente finalizada por volta de 1630. Segundo palavras do Padre Maldonado e de Félix José da Costa, a obra custou cerca de um milhão e sessenta mil cruzados, um valor enorme para a época. E se durante 5 anos, não se tirou o dinheiro para a construção dos terceirenses, nos anos seguintes, foram os locais os que mais sofreram com os altos tributos a pagar. A mão-de-obra empregada nos trabalhos era constituída por um bom nº de pedreiros locais, mas sobretudo por condenados às galés e por soldados do presídio. Há uma singularidade nesta obra, parece que cada operário foi obrigado a assinalar as pedras que lavrasse para melhorar o trabalho e, assim, muitas dessas pedras podem ser encontradas com as marcas destes homens. A Fortaleza recebeu o nome de Castelo de São Filipe do Monte Brasil da Ilha Terceira, em homenagem a D. Filipe II de Espanha, I de Portugal, o rei que ordenara a sua construção, com o objetivo de proteger o porto de Angra e as frotas coloniais que nele se abrigavam à épo-

ca, contra os assaltos de piratas e corsários, tais como Francis Drake e Robert Devereux, pois por ali passavam barcos de todo o Império Colonial, e de aquartelar as tropas espanholas deixadas por Bazán para a defesa da Ilha. A Igreja do Castelo era de invocação de Santa Catarina de Siena. Com a Restauração da Independência, em 1640, Angra aclamou o novo rei português, D. João IV, contudo existiam militares espanhóis na Fortaleza que resistiram à independência de Portugal. A 28 de março de 1641, a companhia de ordenanças da Ribeirinha entrou na cidade de Angra para ajudar os populares que atacavam o Castelinho e estavam a ser repelidos pelos 25 soldados espanhóis e o seu capitão Respanho aí aquartelados. A companhia comandada pelo Capitão Manuel Jacques incluía também mulheres da Ribeirinha, que acompanhavam os seus maridos e filhos. A companhia atacou o Forte pela porta principal, destruindo-a com machados. O capitão Jacques foi avisado por um português que se encontrava no interior do Forte, que a casamata estava desguarnecida. Assim, enquanto uns atacavam a porta, o capitão Jacques juntou um punhado de soldados e subiu pela casamata, tomando então de assalto o forte. Aprisionou-se o capitão espanhol, contudo alguns castelhanos conseguiram fugir pela abóboda e chegaram ao Castelo de S. Filipe a nado, onde se encontravam 500 militares castelhanos e o seu comandante. Durante 11 meses as forças castelhanas sobreviveram ao cerco português, comandado por Francisco Ornelas da Câmara. Os espanhóis renderam-se apenas a 4 de março de 1642 e saíram 2 dias depois. Os espanhóis deixaram para trás 138 peças de ferro e bronze de diversos calibres, 392 arcabuzes, cerca de 400 mosquetes e variada munição. Por alvará de 1 de abril de 1643, renomeou-se a Fortaleza de Castelo de São João Batista, em homenagem a D. João IV. Era já chamado assim desde a rendição castelhana, pois o Padre Francisco Cabral, superintendente da guerra, assim o chamou no Te-Deum, ou seja, no sermão que proferiu naquele dia. Foi autorizada a construção de uma Igreja maior que a de Santa Catarina, dedicada a São João Batista. Não se sabe a data de início e de conclusão da Igreja, mas em 1656 a Igreja estava em construção e em 1717 não estava ainda concluída. A Igreja tornou-se um ponto essencial da Fortaleza. A evolução das obras do Castelo do Monte Brasil mostram-nos que os terceirenses têm de ser mais ativos e participativos em tudo o que lhes rodeia e em tudo o que fazem. Não devemos ter medo de arriscar e fazer o trabalho mais pesado, não podemos é ficar à espera que alguém ou alguma entidade faça o que temos que fazer. É o momento de agirmos! Açã o! n


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Congresso Internacional DE Proteção Civil AZORES 2019 OS NOVOS DESAFIOS: Ameaças VS Capacidades

DE

Congresso Internacional Proteção Civil AZORES 2019

Angra do Heroísmo | 6 e 7 junho 2019 Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo

www.prociv.azores.gov.pt/cipc-azores2019

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SAÚDE | JP

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o Cantinho do Psicólogo 211

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ão se excite porque m e s m o quando estamos altamente impressionados, recompensados, e animados precisamos de assentar arraiais, Aurélio Pamplona e ter os pés bem (a.pamplona@sapo.pt) assentes no chão. E uma forma que facilita isso é aprender a descontrair, nomeadamente através do relaxamento muscular progressivo (RMP). Conforme consta numa das edições da capa do livro “O Poder do Relaxamento” (1995), da Editora Brasileira Martin Claret, «o homem moderno encontra-se permanentemente exposto a situações que conduzem ao stress, o que afecta a sua vida de modo dramático. O relaxamento é uma das armas mais eficazes para se proteger do stress, e para ter uma vida saúdável, produtiva e feliz». Antes de avançar para o tema consciencialize-se que o RMP está relacionado com um padrão de respiração mais lento e profundo, e com o uso dos músculos do diafragma e dos abdominais para o facilitar, em vez dos músculos do peito. E que a melhor forma de o conseguir é elevar o nível de contracção em cada grupo muscular, fazendo crecer a tensão relativa à adaptação habitual, para depois, de repente reduzir essa tensão. De acordo com Kennerley (1997) para isto acontecer importa: (1) tensionar os músculos, mas sem os forçar, concentrando-se na sensação de tensão duarnte cerca de cinco segundos, e depois relaxá-los por dez a quinze segundos; (3) respirar PUB

Não se Excite leve e regularmente entre cada etapa do procedimento, e durante os exercícios; (4) praticar o RMP cerca de duas vezes por dia, até se sentir completamente relaxado no fim dos exercícios; (5) executar os exercícios numa posição confortável, que pode ser sentado, com os braços assentes nos braços da cadeira; (6) contrair cada músculo selecionado, enquanto mantém o restante do corpo relaxado; (7) no final da progressão nos músculos conservar-se alguns minutos em repouso, interiorizando as sensações somáticas.

gundo: fechar fortemenete os olhos, franzir o nariz levantando-o, sentir a tensão e depois descontrair. Terceiro: apertar fortemente os dentes, empurrar os cantos da boca para trás como se quizesse sorrir, sentir a tensão e depois afrouxar. Quarto: contrair fortemente o pescoço, empurrando o queixo para baixo contra o peito, mas sem lhe tocar, sentir a tensão no pescoço e depois relaxar. Quinto: inspirar profundamente, encher o peito de ar, guardar o ar nos pulmões, ao mesmo tempo

nante), sentir a tensão e depois relaxar. Oitavo: contrair os músculos do mesmo braço, empurrando o cotovelo contra o braço da cadeira, sentir as tensão e seguidamente descontrair. Nono: idem músculos da mão e do outro antebraço. Décimo: idem músculos do mesmo braço. Onze: contrair a nádega direita encolhendo-a fortemente, bem como os músculos da parte superior da coxa. Doze: contrair os músculos da parte inferior da perna direita, empurrando fortemente os dedos do pé para cima em direcção ao tecto, sentir a tensão na barriga da pernas, e seguidamente relaxar. Treze: tensionar o pé direito voltando o pé para dentro, e dobrando os dedos com força, sentirr a tensão na palma do pé e a seguir relaxar. Catorze: idem, nádega esquerda. Quinze: idem, parte inferior da perna esquerda, Dezasseis: idem, pé esquerdo. Simultaneamente não esquecer de: (a) estar muito atento às sensações de tensão que acompanham a contracção e as agradásveis de alívio inerentes ao relaxamento; (b) relaxar e descontrair cada músculo, ou grupo de músculos duma vez e não gradualmente; (c) não mover os músculos no relaxamento; (d) evitar falar durante o treino.

Vale também, apreciar o sentido completo do relaxamento, para depois se começar a focalizar nos pensamentos relativos ao momento do ambiente presente. E pode-se seguir os passos que se indicam abaixo ou até outros semelhantes (Bernstein, &; Borkovec, 1973). Primeiro: levantar as sobrancelhas o mais alto posssível, sentir a tensão na testa e no couro cabeludo, e depois relaxar. Se-

que se empurra os ombros e as omoplatas para tráz, sentir a tensão no peito, ombros e costas, não respirar para depois descontrair. Sexto: contrair os músculos do estômago, encolhendo-o fortemente, como se tivesse a evitar uma agressão nesse órgão~e relaxar seguidamente. Sétimo: contrair os músculos da mão e do antebraço direito (ou domi-

Referências: Bernstein, Douglas A., Borkovec, Thomas D. (1973). Progressive Relaxation: A Manual for the Helping Professions. Champaign, Illinois: Research Press. Kennerley, L. S. (1997). Managing stress: Principles and strategies for health and wellbeeing. Boston: Jones and Bartlett publishers. Foto: D. Ribeiro n


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COMUNICADO Aos dezassete dias do mês de abril do ano de dois mil e dezanove, pelas dez horas, na Academia de Juventude e das Artes da Ilha Terceira, teve lugar a segunda sessão ordinária do ano de dois mil e dezanove, da Assembleia Municipal da Praia da Vitória. Foram apresentadas, no período antes da Ordem do Dia, as seguintes propostas: Pelo Grupo do Partido Socialista: ● Voto de Congratulação ao Sport Clube Praiense pelas conquistas dos títulos de Campeão da Ilha Terceira e vencedor do Torneio de Apuramento de Campeão da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo, no escalão de Juniores B (Juvenis), bem como pelas conquistas do Torneio de Abertura e da Taça Ilha Terceira, no escalão de Juniores E (Benjamins), na presente época desportiva. Aprovado por unanimidade. ● Voto de Congratulação ao Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande e ao seu Cabo Manuel Pires, pelo prémio atribuído pelo Clube Taurino Vilafranquense na sequência da realização da “Melhor Pega” da temporada de 2018. Aprovado por unanimidade. Pelo Grupo do Partido Social Democrata: ● Voto de Congratulação pela decisão de instalação de um Tribunal especializado de Família, Menores e Trabalho na Praia da Vitória. Aprovado por unanimidade. Pelo Grupo do Partido Socialista: ● Voto de Congratulação ao Atlântida Mar Hotel pelo, sexto ano con-

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secutivo, ser distinguido pelo TripAdvisor com o prémio “Travellers’

1. INTERVENÇÃO DO PÚBLICO; 2. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO

ÇÃO LEGAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DA PRAIA DA VITÓRIA - ANO

Choice”, na categoria de Hotéis de Pequeno Porte – Portugal. Aprovado por unanimidade. ● Voto de Congratulação à Câmara Municipal da Praia da Vitória, pela conquista, pelo terceiro ano consecutivo, do galardão nacional “Autarquia + Familiarmente Responsável”. Aprovado por unanimidade. ● Voto de Congratulação às empresas Infosistemas e BringGlobal pela confiança demonstrada no projeto Terceira Tech Island e na dinamização da economia da cidade da Praia da Vitória. Aprovado por unanimidade. Pelos Grupos do Partido Socialista e do Partido Social Democrata: ● Voto de Congratulação ao Grupo Desportivo do Centro Social do Juncal, pela conquista do Campeonato Nacional de Equipas de Iniciados Femininos em Ténis de Mesa. Aprovado por unanimidade. ● Voto de Congratulação ao Grupo Desportivo dos Biscoitos, pelo título de Campeão Nacional da Ilha Terceira em Futsal – Séniores Masculinos. Aprovado por unanimidade. Pelo Grupo do Partido Socialista: ● Voto de Congratulação ao Sport Clube Vilanovense, pelo mérito e serviço prestado à freguesia de Vila Nova e ao Concelho da Praia da Vitória, nomeadamente pela conquista da Taça da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo no escalão de iniciados. Aprovado por unanimidade. ● Voto de Congratulação pelo esforço das populações e organismos locais da Freguesia do Porto Martins e da Vila das Lajes, reconhecidas pelo Galardão de Excelência no Concurso EcoFreguesias 2018. Aprovado por unanimidade. Da Ordem do Dia, constava o seguinte:

DA INFORMAÇÃO SOBRE A ATIVIDADE MUNICIPAL DESENVOLVIDA NO PERÍODO DE 5 DE FEVEREIRO A 29 DE MARÇO DE 2019; A Assembleia tomou conhecimento. 3. APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO DE AUDITORIA DO PLANO DE PREVENÇÃO DE RISCOS DE GESTÃO, INCLUINDO OS DE CORRUPÇÃO E INFRAÇÕES CONEXAS, ELABORADO POR SANTOS VAZ, TRIGO DE MORAIS & ASSOCIADOS, SROC, LDA.; A Assembleia tomou conhecimento. 4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS RELATIVA AO EXERCÍCIO DE 2018, DA TERAMB, EMPRESA MUNICIPAL DE GESTÃO E VALORIZAÇÃO AMBIENTAL DA ILHA TERCEIRA, EM; A Assembleia tomou conhecimento. 5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS RELATIVA AO EXERCÍCIO DE 2018, DA PRAIA AMBIENTE, E.M.; A Assembleia tomou conhecimento. 6. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS RELATIVA AO EXERCÍCIO DE 2018, DA COOPERATIVA PRAIA CULTURAL; A Assembleia tomou conhecimento. 7. APRECIAÇÃO DO INVENTÁRIO DOS BENS E DIREITOS PATRIMONIAIS DO MUNICÍPIO E RESPETIVA AVALIAÇÃO - ANO DE 2018; A Assembleia tomou conhecimento. 8. APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E VOTAÇÃO DO RELATÓRIO E CONTAS DO MUNICÍPIO - ANO DE 2018; Aprovada, por maioria, com dezanove votos a favor do Partido Socialista, doze votos contra do Partido Social Democrata e uma abstenção do Partido Popular. 9. APRESENTAÇÃO DA CERTIFICA-

DE 2018, REMETIDA POR SANTOS VAZ, TRIGO DE MORAIS & ASSOCIADOS, SROC, LDA.; A Assembleia tomou conhecimento. 10. APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E VOTAÇÃO DA REVISÃO N.º 1 AO ORÇAMENTO DA RECEITA E DESPESA DA CÂMARA MUNICIPAL DA PRAIA DA VITÓRIA DE 2019 E REVISÃO N.º 1 ÀS GRANDES OPÇÕES DO PLANO; Aprovada, por maioria, com dezoito votos a favor do Partido Socialista, onze abstenções do Partido Social Democrata e um voto a favor do Partido Popular. 11. APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E VOTAÇÃO DA PROPOSTA DE REGULAMENTO DO COMÉRCIO A RETALHO NÃO SEDENTÁRIO; Aprovada por unanimidade. 12. APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E VOTAÇÃO DA PROPOSTA DE ALTERAÇÃO AO REGULAMENTO DE TRÂNSITO DA CIDADE DA PRAIA DA VITÓRIA; Aprovada, por maioria, com dezoito votos a favor do Partido Socialista, dez abstenções do Partido Social Democrata e um voto a favor do Partido Popular. 13. APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E VOTAÇÃO DA PROPOSTA DE RATIFICAÇÃO DA ESCRITURA PÚBLICA DE COMPRA DOS TRÊS PRÉDIOS RÚSTICOS SITOS NO CAMINHO DO FACHO DE SANTA RITA. Aprovada, por maioria, com dezoito votos a favor do Partido Socialista, nove votos contra do Partido Social Democrata e um voto a favor do Partido Popular. Praia da Vitória, 24 de abril de 2019. O Presidente da Assembleia Municipal Paulo Manuel Ávila Messias As atas aprovadas das sessões desta Assembleia Municipal encontram-se publicitadas no endereço eletrónico do Município da Praia da Vitória, em www.cmpv.pt

GRANDE MESTRE FATI ASTRÓLOGO ESPIRITUALISTA Especializado na Astrologia e Espiritualismo, aconselha sobre casos difíceis através dos conhecimentos adquiridos em longos tempos nos Centros Espíritas. Aconselha nos problemas de amor, doenças espirituais, negócios, invejas, maus-olhados, vícios de droga, tabaco e Alcoolismo, aproximação e afastamento de pessoas amadas. Considerado um dos melhores profissionais em Portugal. E Faz trabalhos à distância. Lê a sorte. Se quer realizar e alcançar ao seu lado o que quer, contacto – BRAMA. TELM: 968 968 598 – TELF: 295 518 732 MARCAÇÃO E CONSULTAS DE SEGUNDA A SÁBADO PESSOALMENTE, CARTA OU TELEFONE, DAS 8H ÀS 20H Rua de São Pedro, nº 224 – S Pedro – Angra do Heroísmo


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DESTAQUE | JP

2019.05.24

ENTREVISTA A JOSÉ FERNANDO PACHECO, PRESIDENTE DO

GD FONTINHAS – VENCEDOR DO CAM Fundado em 1975 para participar nas competições organizadas pela INATEL, em escassas três épocas, o GD Fontinhas passa das competições de ilha ao futebol de índole nacional.

N

este domingo, 12 de maio de 2019, a freguesia das Fontinhas vivia um dia singular e histórico. No campo municipal Dr. Durval Monteiro, jogava-se a derradeira jornada (10.ª) da 2.ª fase, grupo de apuramento de campeão, do Campeonato de Futebol dos Açores, opondo o Grupo Desportivo local aos micaelenses do Clube Operário Desportivo (2-1), num jogo de consagração, já que três semanas antes, os rubro-negros haviam assegurado matematicamente o cetro de campeões dos Açores 2018/19. Foi neste ambiente de festa, num campo a rebentar pelas costuras e em autêntica apoteose que Jornal da Praia esteve à conversa com José Fernando Pacheco, o presidente que colocou o GD Fontinhas na rota das competições nacionais, logo no seu primeiro ano à frente dos destinos da coletividade. Visivelmente emocionado, nesta entrevista, José Fernando Pacheco faz questão de salientar que este momento resulta do trabalho de muitos rostos e do caminho que deste há algum tempo a esta parte, vem sendo trilhado pelo clube. Consciente das dificuldades, com os pés bem assentos no chão, entende que a participação no Campeonato de Portugal não deve ser enjeitada e que deverá prosseguir-se com o percurso que tem permitido ao clube afirmar-se como um dos grandes do nosso futebol. Jornal da Praia (JP) – Nesta que é segunda época de participação do GD Fontinhas no Campeonato de Fute-

bol dos Açores e naquele que é o seu primeiro ano na presidência do clube, como está a viver este momento de consagração? José Fernando Pacheco (JFP) – Para mim foi uma grande honra ter ganho o Campeonato dos Açores, acima de tudo, por ter sido logo na primeira época em que assumi a presidência. Não quero dizer com isto, que este mérito tenha sido apenas meu e desta Direção. Na verdade, este é um trabalho que tem vindo a ser projetado e trilhado já há longos anos. Há dois anos o clube ganhou todas as provas associativas da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo. O ano passado o clube teve uma prestação meritória no Campeonato dos Açores, classificando-se em 4.º lugar. E este ano, sagrámo-nos campeões, o que para nós foi naturalmente uma enorme alegria, mas – e faço questão de o repetir – este trabalho não é só nosso, mas fruto do excelente trabalho das anteriores direções, às quais quero aqui prestar homenagem na pessoa do anterior presidente Carlos Costa, do Diretor Desportivo Fábio Valadão e do Sr. José Manuel Ávila. Como é óbvio, para nós que realmente estamos lá, foi muito gratificante e estamos muito contentes que isto tenha acontecido. JP – Desde cedo o clube assumiu os lugares cimeiros da classificação. Quando começou a acreditar que o clube seria campeão e também, se em algum momento da prova, temeu que tal pudesse não acontecer? JFP – Nós quando estruturamos esta época não o fizemos a pensar no título de campeão, mas sim, de forma a conseguir uma classificação que

JOSÉ FERNANDO PACHECO fica na história como o presidente que de

ria com muitos rostos assente no bom caminho trilhado há vários ano nos permitisse ficar no grupo que disputa a promoção e, portanto, desde logo o grande objetivo da época era a manutenção e foi com esse propósito que formamos a equipa. Sabíamos de antemão, que na época anterior tínhamos um plantel forte e conseguimos uma excelente classificação, logo no primeiro ano de participação. Ao reforçarmos o plantel com cinco ou seis elementos de valor no mercado de ilha, acrescentávamos valor à equipa e sujeitávamos a melhorar a classificação, embora isso fosse difícil, porque iríamos disputar o campeonato com equipas de

valor, entre elas o Guadalupe e dois históricos do nosso futebol: Lusitânia e Operário. Todos diziam que seria muito difícil alguém se intrometer entre estas três equipas. Veio a provar-se o contrário. As aquisições que fizemos dava-nos algumas garantias que poderíamos chegar ao topo, o que se veio, felizmente, a concretizar. JP – As últimas três épocas têm sido verdadeiramente fantásticas para o GD das Fontinhas. Em 2016/17 sagra-se campeão da AFAH e qualifica-se para o CFA Em 2017/18 rapidamente garante a manutenção e rivaliza

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JP | DESTAQUE

2019.05.24

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MPEONATO DE FUTEBOL DOS AÇORES JP – Aliados também a um forte espírito de grupo e ambição… JFP – Sim, sem dúvida! Nós durante a época víamos no plantel, quer nos treinos, quer no balneário, quer nos dias de jogo, que o grupo transpirava alegria e que realmente era uma família. Esta união familiar tornou-os muito fortes do ponto vista psicológico e anímico de tal forma que não houve nada que os abalasse e conseguiram ultrapassar todas as dificuldades que foram encontrando.

Fotos: Rui Sousa/JP

eu dimensão nacional ao GD Fontinhas. Segundo diz, esta é uma vitóos, que vem afirmando o GDF como um clube “grande”. quase até ao fim o topo da classificação e esta época sagra-se campeão açoriano. Qual a receita que está por detrás deste percurso de sucesso? JFP – Tal como já referi a receita principal está relacionado com a aquisição de uma série de jogadores para reforçar a boa equipa que transitou da época anterior e que nos poderiam dar garantias de chegar mais acima, não esquecendo, o trabalho realizado pelo nosso departamento clínico, constituído pelo incansável fisioterapeuta, Dr. Luciano Sales e pelo massagista Hélio Carvalho, que tudo fizeram para garantir que os atletas recuperassem o mais breve possível das lesões. E ainda, naturalmente, todo o trabalho que foi PUB

desenvolvido por esta Direção – temos que dar mérito também a esta Direção – porque durante toda a época trabalhou arduamente, realizando vários eventos no sentido de angariar receitas para que o clube não ficasse apenas dependente dos subsídios das entidades oficiais. Trabalhamos para que o clube financeiramente estivesse estável e com isso pudesse honrar a tempo e horas todos os seus compromissos, proporcionando aos nossos atletas elevados níveis de conforto, permitindo-lhes que estejam bem e se sintam bem entre nós. Penso que terá sido todo esse trabalho feito com muita dedicação e humildade que levou o clube a estes novos patamares…

JP – Como campeão açoriano o GD Fontinhas garante acesso ao campeonato de Portugal. Como está a ser encarado este desafio por toda a estrutura do clube e se já há uma decisão definitiva relativamente a esta participação? JFP – Neste momento não posso dizer que está decidido a 100% a participação, mas tudo indica que sim, porque sentimos que é a vontade manifestada pela maioria dos sócios. Embora a Assembleia Geral só se realize a meados do mês de junho, não podemos esperar por essa data por ser inviável para a nossa participação no Campeonato de Portugal, porque há passos que têm que ser dados já, seja eu o próximo presidente ou outro que se apresente à frente de uma lista. Contudo, começamos a reunir as condições para que nós realmente não enjeitemos esta oportunidade e tentar elevar o nome do clube a outro patamar, porque entendemos que o clube merece por tratar-se de um clube com história. Embora tenhamos passado muitos anos no INATEL – e no INATEL fizemos história – ganhamos provas de ilha que já perdi a conta, campeonatos dos Açores vários vezes e fomos duas vezes campeões nacionais, o que revela que ao nosso nível competitivo fomos por duas ocasiões os melhores de Portugal. Ao ingressarmos nas provas associativas fizemos o nosso percurso. Atin-

gimos o auge na época 2016/17 onde vencemos todas as provas da Associação de Futebol de Angra. O ano passado tivemos uma boa prestação e este ano voltamos a fazer história ao qualificarmos para o Campeonato de Portugal, e por conseguinte, não vamos cortar isso e vamos fazer tudo por tudo para que as Fontinhas estejam no Campeonato de Portugal… JP – Digamos que os “pergaminhos” do GD Fontinhas exigem por si só esta participação. JFP – Sim! Acho que sim… Penso que seria mau optarmos por não participar, embora tenhamos todos consciência que é uma tarefa muito difícil. Vamos ter que nos estruturar bem a nível diretivo e estar sempre com os pés bem assentos no chão, não entrando em loucuras. Vamos tentar dignificar o nome da freguesia, do concelho da Praia da Vitória, da ilha Terceira e dos Açores. JP – Na época que agora termina entende que o clube foi tratado por parte das diversas entidades, quer públicas quer privadas, com o respeito e a dignidade que merece? JFP – Sim! Ao nível das entidades oficiais, quer a Câmara Municipal da Praia da Vitória, quer a Junta de Freguesia, quer as secretarias do Governo dos Açores ligadas ao desporto, nos tem tratado com todo o respeito, dando-nos tudo a que temos direito. Um agradecimento também aos nossos patrocinadores, Equipraia e Etmal pelo apoio e confiança em nós depositado. Em síntese, no que diz respeito às entidades quer públicas quer privadas estamos muito satisfeitos e gratos com o apoio que nos tem sido dado. Ao nível da comunicação social, pen samos que nem sempre tem dado o devido destaque que o nosso percurso e as nossas conquistas merecem. Inclusive, aconteceu que o canal público de televisão num dos jogos (Continua na página seguinte)


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DESPORTO / DESTAQUE | JP

2019.05.24

NA DESPEDIDA DA CARREIRA, GD FONTINHAS FAZ

HOMENAGEM AO CAPITÃO JOSÉ VITÓRIA

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om 39 anos de idade, José Vitória decidiu dar por terminada a sua carreira de futebolista, depois de vários anos a evidenciar classe nos recintos de jogo. Na despedia, a Direção do GD Fontinhas decidiu homenageá-lo, reconhecendo e enaltecendo a prestação das últimas três épocas, atribuindo-lhe entre outras recordações, um quadro com vários registos fotográficos com o emblema do GDF ao peito. Antes, José Vitória passou pelo SC Vilano-

vense, SC Lusitânia e SC Angrense, que não o esqueceram no dia de despedida e também lhe prestaram homenagem, assim como a AFAH. Com 5 promoções no palmarés, 3 pelo Angrense, 1 pelo Lusitânia e agora pelo Fontinhas, José Vitória, estava visivelmente emocionado e grato pela homenagem que acabara de receber. “Estou muito agradecido a todos por esta emotiva e bonita homena-

gem. Foi para mim um enorme privilégio ter jogado futebol até aos 39 anos. Subi cinco vezes, mas esta teve um sabor muito especial, porque corresponde ao culminar de uma carreira e por ter sido num clube de freguesia que agora chega aos nacionais. Quero nesta hora de despedida, agradecer a todos os clubes por onde passei, aos seus dirigentes, aos meus companheiros de equipa e equipas técnicas. A todos estes e também aos adeptos, o meu muito obrigado”, disse José Vitória ao JP. JP n

Foto: Rui Sousa/JP

ENTREVISTA

JOSÉ FERNANDO PACHECO, PRESIDENTE DO GD FONTINHAS (Conclusão da página anterior)

nem fez cobertura do mesmo, justificando que havia outros eventos mais importantes e, por conseguinte, porventura dando importância menor ao GD Fontinhas. JP – Sente-se de certo modo magoado com a forma como GD Fontinhas tem sido tratado sobretudo pelos grandes órgãos de comunicação social? JFP – Não de todo, mas pontualmente sim. Recordo o dia em que nos sagramos campeões açorianos em São Miguel. Na receção no aeroporto das Lajes, não estava lá qualquer órgão de informação, quando lá estavam cerca de duas centenas de sócios, adeptos e simpatizantes a receber os novos campeões açorianos. Fizemos uma caravana automóvel com cerca de 100 carros e nenhum destes acontecimentos foi noticiado na comunicação social e penso que o deveria ter sido porque não é todos os dias que uma equipa se sagra campeã açoriana. Ressalvar, que compreendemos que os órgãos de comunicação social tem as suas próprias diretrizes editoriais que

naturalmente aceitamos e respeitamos, mas não podemos deixar de nos sentir relevados para um plano secundário quando acontecimentos como os que referi passam completamente à margem. JP – Como vê o atual quadro competitivo do Campeonato dos Açores. Como interpreta a decisão do Governo dos Açores de não o alargar para 12 equipas conforme proposta das associações e que avaliação faz do Campeonato de Portugal? JFP – Relativamente ao Campeonato dos Açores havia uma proposta das associações para alargar o quadro competitivo para doze clubes e assim evitar as folgas da segunda fase e tentar melhorar o campeonato. Esta proposta não foi aceite pela secretaria regional que tutela o desporto, porque segundo justifica, isso iria esvaziar os campeonatos de ilha, que em alguns casos já estão um bocadinho vazios e assim iria esvaziar ainda mais o que não seria benéfico. Em boa verdade revejo-me nas duas posições.

Por um lado, concordo com a proposta das associações tendo em vista melhorar o campeonato dos Açores, mas, por outro, não posso deixar de compreender e aceitar a posição do Governo. No que diz respeito ao Campeonato de Portugal, na minha opinião, os vencedores das séries deveriam subir diretamente. Vejamos o caso do nosso Praiense, que ganhou a sua série destacado, mas vai ter que disputar um “play-off”. São poucos jogos, poderá acontecer alguma coisa, a equipa poderá estar menos bem e assim deitar uma época por água abaixo em apenas dois jogos. Penso que é uma injustiça pelo que entendo que deveriam descer 4 clubes da II Liga e os quatro vencedores de série subirem automaticamente. JP – Para finalizar, uma palavra para os sócios, adeptos e simpatizantes do GD Fontinhas. JFP – Começar por agradecer todo o apoio dado a esta Direção pelos nossos sócios e simpatizantes. Sempre que foi necessário e solicitado este apoio foi

sempre prestado e sempre estiveram ao nosso lado, muitas vezes, em prejuízo das suas vidas pessoais e familiares. Exemplifico com o restaurante das Festas da Praia 2018, que envolveu uma média de 20 pessoas por dia, durante 10 dias, e nós nunca tivemos problema e contamos sempre com gente disponível para ajudar e trabalhar, porque efetivamente sempre estiveram ao nosso lado. Como este existem muitos outros exemplos, o que constituiu uma grande mais-valia para esta Direção. Agradecer ainda o empenho dos sócios, a sua aderência aos jogos e o apoio incondicional à equipa. Foram o décimo segundo jogador ajudando de sobremaneira a equipa a atingir os seus objetivos. Prova disso, é o dia em que a equipa se sagra campeã açoriana e, na chegada, o aeroporto das Lajes estava completamente manchado de rubro-negro, repleto de gente das Fontinhas, o que deixou toda a comitiva surpreendida. Provamos que, muito embora alguns digam que não, nós somos de facto um clube GRANDE. JP n

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JP | CULTURA

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NO SALÃO NOBRE DA SCMPV

RECITAL “MARÉ DE POESIA” Evento assinala 1.º aniversário de publicação da rubrica “Maré de Poesia” do Jornal da Praia.

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uma organização do Jornal da Praia (JP) com o apoio da Santa Casa da Misericórdia da Praia da Vitória, realiza-se no próximo dia 01 de junho, pelas 21:00, no salão nobre daquela Misericórdia, um recital de poesia evocativo do 1.º aniversário de publicação da rubrica “Maré de Poesia” nas páginas deste quinzenário ilhéu. A 01 de junho de 2018, na edição n.º 522, publicava-se na página 14, os primeiros poemas de uma janela de oportunidade aos poetas populares. Nascia a rubrica “Maré de Poesia” do JP que ao longo das últimas 24 edições permitiu a mais de 3 dezenas de poetas publicar as suas criações, alimentando-nos a alma numa partilha de sentimentos, emoções e sonhos. A 20 de abril de 2018 o JP publicava a primeira de uma série de três entrevistas a poetas populares praienses. Depois de estar à conversa com Carla Félix, JP ouviu Fernando Men-

donça e terminou escutando Carla Valadão (Vallda), respetivamente nas edições n.º 519, 520 e 521.

Na sequência dessa iniciativa, foi lançado por Fernando Mendonça ao coordenador de edição do JP, o repto para a eventual criação de um espaço dedicado à divulgação dos nossos poetas, cujo coordenação, ficaria a cargo da poetisa Carla Félix. Sem delongas nem hesitações, a sugestão foi prontamente aceite e desde então faz-se de poesia a antepenúltima página deste periódico. Neste evento que assinala o primeiro ano da rubrica, aberto ao público em geral, marcará presença Angélica Borges, Carla Félix, Carina Fortuna, Catarina Valadão, Fernando Mendonça, Luis Rafael do Carmo, Luís Costa, Mena Santos, Marta Cardoso e Vallda. O recital contará ainda com a presença do autor, compositor e cantor Joel Moura, que partilhará com a fadista Nélia Martins uma versão acústica do seu CD “Holograma”, gravado em 2016, além de novos temas ainda por editar. Pretende-se um serão de enaltecimento à poesia e à música, numa “maré” de palavras e notas musicais.

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E DITORIAL

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EDITORIAL / OPINIÃO | JP

2019.05.24

Pedofilia

o longo dos últimos anos têm surgido movimentos empenhados na denúncia e afastamento de pessoas envolvidas em casos de abusos a menores e pessoas vulneráveis, nomeadamente de pedofilia, o que é louvável tal consciencialização no combate a esta chaga social, que infelizmente sempre acompanhou a humanidade, muitas vezes permitida, esquecida e silenciada, prevalecendo ilicitamente os interesses maléficos dos agressores, com cargos relevantes e muitas vezes poderosos a nível social, baseados numa moral podre e ilícita. Os escândalos têm sido denunciados por todo o mundo, as pessoas agora mais livres e libertas de preconceitos e amarras esgueiraram-se a tais atitudes desumanas, instaladas e que se tinham como intocáveis, apesar de já há muito tempo a filosofia nietzscheana as ter denunciado. No próximo mês de Junho, entra em vigor no Estado do Vaticano a nova lei sobre protecção de menores e pessoas vulneráveis, com regras que determinam imperativamente a obrigatoriedade de denúncia e afastamento das pessoas envolvidas naqueles ilícitos – casos de abuso. O Papa Francisco teve um papel primordial na constituição deste novo quadro normativo e espera que “amadureça em todas as consciências do dever de denunciar os abusos às autoridades competentes e de cooperar com elas em actividades de prevenção e combate”, a tais horrores. O Patriarcado de Lisboa e o Episcopado Português trilham o caminho indicado pelo Papa Francisco para pôr em prática tais directrizes jurídicas, a fim de se combater e precaver o abuso de maus tratos, protegendo-se os menores e as pessoas vulneráveis de forma segura. Estes abusos e maus tratos a menores e a pessoas vulneráveis, não existem só no campo religioso, infelizmente também surgem no campo desportivo, recreativo e escolar, que ultimamente têm sido enfrentados pelos poderes públicos de forma eficaz na sua prevenção e combate, existindo legislação rigorosa sobre o assunto, pois cabe a todos nós ajudar o Estado de Direito Democrático e Social, a constituir uma sociedade mais digna e mais justa. A actual sociedade está impregnada por grandes e profundas transformações a nível económico, financeiro, cultural, tecnológico e social com resultados muitas vezes imprevisíveis para as instituições e sobretudo para as pessoas, por isso a revolução digital obriga aplicar medidas inovadoras e permanentes na reparação dos danos e sobretudo a punir e a prevenir a reincidência dos ofensores. Restaurar as vítimas, significa não apenas restauração de perdas materiais e danos físicos, mas igualmente o sentimento de segurança e de dignidade, porque as decisões judiciais têm de vir ao encontro dos legítimos interesses das vítimas, o que implica soluções equilibradas e exequíveis, e nunca é de mais frisar que os problemas ligados à comunicação informática, à globalização não podem ser descorados, porque “a pessoa humana gera os seus direitos e estes determinam o Direito”. O Diretor Sebastião Lima diretor@jornaldapraia.com n

ELEIÇÕES PARA O PARLAMENTO EUROPEU E OS AÇORES COMO VÃO VOTAR? ... os sonhos democráticos dos Açorianos não cabem nas urnas europeias e portuguesas.

José Ventura*

E

leição é todo processo pelo qual, um grupo designa um ou mais de um dos seus integrantes para ocupar um cargo por meio de votação. Fazemo-lo em Associações de diversas índoles, Empresas, Administrações de grupos empresariais, bem como no dia em que todo o cidadão é chamado a eleger os seus representantes políticos. Assim chamado de “voto”, é uma manifestação oficial, pela qual um eleitor declara a sua preferência em um processo eleitoral. Novidade? Não! Pelo menos desde as primeiras eleições livres no país que, o nosso cidadão comum se inteirou do seu sentido e, não como obrigação, mas sim, no seu direito de participação na organização sócio-política do seu País da sua Região, da sua Autarquia e, a partir da adesão de Portugal à União Europeia, também para o Parlamento Europeu. “O direito de voto é um direito pessoal e constitui um dever cívico assente numa responsabilidade de cidadania, ao qual não se encontra ligada nenhuma sanção em caso de incumprimento”. É a Lei que assim o determina. No contexto político europeu estão a ser chamados, os cidadãos dos países pertencentes à União Europeia, para participarem no próximo plesbicito para a composição do seu Parlamento no próximo dia 26 do corrente. Mas discrepâncias quanto baste, existem nos sistemas eleitorais entre os 28 países que compõem a EU. Portugal, constitucionalmente proclamando-se “estado unitário” embora reconhecendo duas Regiões Autónomas com “Estatutos próprios, Assembleia Legislativa, Governo, Bandeira e Hino”, na Lei Eleitoral para o Parlamento Europeu (Lei nº 14/78, de 29 de Abril) já com 5 alterações introduzidas entre Maio 1987, e Janeiro,2014), Depois de no Art.1º - “Legislação Aplicável” – refere que, a eleição dos deputados ao Parlamento Europeu eleitos em Portugal rege-se pela presente lei, pelas normas comunitárias aplicáveis e, na parte nelas não prevista ou em que as mesmas normas remetam para as

legislações nacionais, pelas normas que regem a eleição de deputados à Assembleia da República, com as necessárias adaptações (e, é logo) o Artigo 2 - Colégio Eleitoral: “É instituído um círculo eleitoral único, com sede em Lisboa, ao qual corresponde um só colégio eleitoral.” Com tal disposição, passa a Assembleia da República, nos termos dos artigos 164º, alínea d), e 169º da Constituição, um atestado de menoridade às Regiões chamadas de autónomas. Negando-lhes os círculos próprios e, eleitos escolhidos entre os cidadãos açorianos e madeirenses. São diversos os países da comunidade europeia que têm uma distribuição geográfica dos seus deputados ao PE. E porquê? Porque sendo democráticos como dizem nas suas constituições, reconhecem as suas Regiões onde inclusivamente admitem a constituição de partidos de índoles Regionais, Independentistas e ou Separatistas. Sendo que um número considerável desses, fazem parte do Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia (28 efectivos e 9 observadores). De conhecimento geral nos Açores e, na Diáspora (que também espera o seu círculo eleitoral próprio para as nossas eleições) o episódio referente à forma vergonhosa como o líder do PSD procedeu quanto à inclusão na lista daquele partido, em lugar elegível o militante açoriano apontado pela sua representação nos Açores. O diferendo existente entre as partes, levou a que Rui Rio fizesse algumas afirmações menos próprias ao valor dos votos que o partido obteria por cá e declarando decisivamente “Cabe este ano à Madeira representar as regiões ultraperiféricas, cabendo ao gabinete da deputada madeirense Cláudia Aguiar integrar pessoas dos Açores” e ponte final o caso Açores está resolvido. Entretanto, Paulo Rangel preparando a sua anunciada visita eleitoral aos Açores, vem desdizer o seu “mestre” afirmando que a candidata madeirense não é meia candidata da Madeira, mas sim, é candidata inteira da mesma. Paulinho ainda acrescenta “serei “EU” próprio, como cabeça de lista e toda a delegação, que assumiremos a questão açoriana” A Delegação portuguesa do PSD no Parlamento Europeu, vai “ter assessor só para os Açores que trabalhará com toda a delegação do PSD” Mas, não ficou por ali, para ele a candidata da Madeira não o acompanhará na campanha que virá fazer aos Açores mas, será ela a Cláudia, que terá a seu cargo dossiers importantes para os Açores, em particular o nosso “estatuto ultrapeférico” e a chamada economia azul. Dos outros dossiers como a

Agricultura, a Ciência e a Tecnologia versus Lages Terceira já têm os seus responsáveis. Numa visita relâmpago como “pagador de promessas” veio hoje a Ponta Delgada aquele que se intitulou o futuro DDT no que diz respeito à relação política União Europeia/ Açores. Reafirmou que a questão de Mota Amaral está resolvida e, que o grande propósito desta visita foi afirmar o empenho desta candidatura do PDS na defesa dos interesses dos Açores. Para nós as suas declarações à comunicação Social local não nos disseram nada que já não tivesse transmitido no nosso parágrafo anterior. Entretanto uma certeza ficou… durante o período de legislatura de S.Exa., teremos algumas visitas esporádicas para prestação de contas. Será possível que nós açorianos, nos acomodemos perante tal desplante, a tal vexame que é destronar os nossos legítimos representantes à tutela de um qualquer português ambicioso. Ambicioso sim… se atentamos seriamente na posição que toma em todo este processo. Basta que um qualquer indígena lusitano negoceie o único activo do capital do Estado colonialista com sede em Lisboa que são os Açores? Voltamos “à vaca fria”. Somos um Povo, temos uma autonomia política, somos uma região Ultraperiférica da Europa. Sem círculo eleitoral próprio para o parlamento europeu não somos europeus de pleno direito. Sem a eliminação da proibição de partidos de índole açoriana, sem uma revisão constitucional que permita dizer o que queremos para o futuro da nossa descendência nunca diremos que vivemos numa democracia e em Liberdade. Aguardemos pelo fluxo turístico/ politico dos próximos dias que se espera numeroso pois, as próximas eleições europeias preparam-se para bater o recorde de partidos candidatos a eleições. Nesta altura são já 19 os partidos que confirmam a candidatura ao escrutínio do dia 26. Termino com o título deste artigo como consulta aos açorianos: “Eleições para o Parlamento Europeu” …. como vão votar os Açorianos? Nós vamo-nos abster. Porque os sonhos democráticos dos Açorianos não cabem nas urnas europeias e portuguesas. 2019-05-02 (*) Por opção, o autor não respeita o acordo ortográfico. n


JP | OPINIÃO

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CRÓNICA DO TEMPO QUE PASSA (LII)

AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES EUROPEIAS Infelizmente, pouco se tem falado da Europa… Os partidos portugueses e o governo da República parecem mais interessados em discussões e chacotas sem nível do que fazer uma pedagogia política...

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António Neves Leal

nfelizmente, pouco se tem falado da Europa neste período de pré-campanha para o acto eleitoral do dia 26 de Maio. Tal facto é motivo de preocupação e intranquilidade para o cidadão consciente dos seus deveres e direitos sociais. Aos graves problemas que nos afectam hoje, e com as previsíveis mudanças na composição do novo Parlamento Europeu (P.E), não se deu até agora o devido relevo. Os partidos portugueses e o governo da República parecem mais interessados em discussões e chacotas sem nível do que fazer uma pedagogia política, apresentando as suas propostas e contribuindo para o esclarecimento dos eleitores, antes da sua ida às urnas. Tal visão de campanário centrada em egoísmos e na falta de seriedade, condimentados com doses carregadas de mentiras, oportunismos e malabarismos execráveis só terá como resultado uma forte abstenção dos eleitores e o maior desrespeito dos políticos, alguns indignos desse nome pelas suas tomadas de posição e sua sem-vergonha. E uma vez eleitos, dificilmente irão obter benefícios para o Estado-Membro por que foram candidatos, bem como serem benquistos das suas regiões e populações. Quem conhece o funcionamento do P.E, ou lá tenha assistido a uma

discussão, nota logo a complexidade e a forma de abordar certos problemas, sendo muito diferente daquela que acontece num parlamento nacional ou regional. A preparação dos temas e suas implicações no contexto dos 28 países exigem aprofundado estudo e sólido conhecimento técnico e científico. Não é com meras generalidades e lugares comuns discursivos que as aprovações acontecem.

As regras comunitárias reclamam eficiência, rapidez e intercâmbio fácil do eurodeputado. A isso alguns chamam burocracia europeia, sobretudo por causa da sua impreparação ou ausência aos plenários, como tivemos ocasião de observar em Estrasburgo, ainda há menos de um ano. O que acima se afirma não contribui para a aprovação das propostas nem para aumentar as percentagens de execução dos projectos ou dos programas que, entre nós, se arrastam demasiado tempo ou não conseguem chegar ao seu termo. A percentagem de execução tem sido insatisfatória não só a nível geral do país, mas também no que respeita às RUP. Bastaria mostrar os dados do PIB dessas regiões para vermos o grande atraso dos Açores, com os seus 69,2, em 2014, situando-se na cauda entre as oito regiões da ultraperiferia com dados fornecidos. Pior do que os Açores apenas a Guyane, território pouco povoado e com uma dimensão semelhante a de Portugal, e a Mayotte, ilha rebelde do arquipélago dos Comores, ao largo de Moçambique, que só aderiu às RUP, em 2014. Dantes era um território ultramarino francês. No mesmo ano, é de salientar a po-

sição da Madeira que atingiu 73,39 e a Martinique 77,03. Se virmos o ano de 2015, registamos mais duas regiões que ultrapassam a RAA, a saber as Canárias, com 78,20 de PBI, e La Réunion, a mais afastada da Europa, com 69,92. Em 2016, Guadeloupe obtém, por seu turno, 73,10. A situação da Madeira é um caso a seguir, de perto, e atentamente, pelos eurodeputados portugueses, sobretudo os do PSD e do PS, dada a grande experiência e receptividade de que goza a actual eurodeputada social-democrata madeirense no P.E, e ainda pela urgente necessidade que os Açores têm de resolver o gravíssimo problema dos transportes marítimos e aéreos.

Neste momento, o arquipélago vizinho já tem a aprovação da Comissão dos Transportes para se juntar ao Corredor do Atlântico, que proporciona ligações terrestres e marítimas entre a Península Ibérica, a França e a Alemanha. Além disso, foi votada uma proposta inicial comparticipada em 50/º que acabaria por atingir 85/º. Isto significa saber dialogar e negociar. Assim, a Madeira irá beneficiar de uma plataforma privilegiada para a coordenação dos investimentos nas infraestruturas e a superação de barreiras técnicas e operacionais. Espera-se que as recentes desinteligências entre o PSD-A e o PSD-N, por causa da constituição da lista dos candidatos ao P.E, venham a esbater-se depressa no Parlamento de Estrasburgo e em Bruxelas, sede da Comissão Europeia. Os países têm a liberdade de decidir sobre muitos aspectos do processo de votação. Há os que dividem o seu território em círculos eleitorais, enquanto outros países têm um círculo único. Será que o PSD-A desco-

nhecia isso e que as listas em Portugal são nacionais e não regionais. Também o PS merece ser criticado por incorrer na mesma falácia, porque o seu candidato residente nos Açores apresentou um programa e um discurso como se fosse o candidato único do arquipélago. Reitero: não existe círculo regional nos Açores para o P.E. Em qualquer caso, é o Estado-Membro que tem voz e diz a última palavra junto da U.E. Concomitante à velhíssima questão dos transportes, surge a coesão territorial, em que se deve aproveitar os recursos principais de cada território, a fim de cada um contribuir melhor para o desenvolvimento sustentável e equilibrado de toda a U.E. Como? Estudando os impactes positivos e negativos, intensificando a inovação e a produtividade e, simultaneamente, combatendo a poluição e a exclusão social. E ainda estabelecer um contacto mais estreito entre os territórios. As pessoas devem poder viver onde querem, com acesso público a transportes eficientes, redes de energia fiáveis e aceder à internet de banda larga em todo o território. E também devem desenvolver a cooperação entre os países e as regiões, mormente sobre os efeitos das alterações climáticas e de congestionamento do tráfego não apenas nas fronteiras administrativas tradicionais. O lugar das regiões ultraperiféricas nos programas do próximo orçamento da U.E. e as iniciativas anunciadas complementam o diálogo directo e constante da Comissão Juncker com as nove regiões ultraperiféricas: Açores, Canárias, Guadeloupe, Guyane, Madeira, Mayotte, Martinique, La Réunion, St Martin.

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VOAR NÃO CHEGA zes imaginamos: “lá vão eles, felizes e contentes…quem me dera”.

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Joana Leal

uem é que já não sentiu um desejo intenso de voar? Abrir as asas e ir para bem longe, onde o mal não chega e o mundo que conhecemos não nos perturba? Não sei o que os leitores pensam sobre o assunto, mas na minha opinião associamos muitas vezes os voos das gaivotas, dos cagarros, das águias que vemos no céu, a uma fonte de prazer e liberdade. Muitas ve-

Hoje o desafio é pôr-nos a pensar sobre o outro lado desta questão… será que as aves voam de facto plenas de felicidade como nós nos sentimos quando fazemos uma caminhada ou quando conseguimos escalar uma montanha? O antropomorfismo diz respeito à atribuição de características humanas a outras espécies animais. Por exemplo, quando temos um animal de companhia e tratamo-lo como se fosse uma pessoa permitindo que coma connosco à mesa, que vista roupa ou use laços, na prática estamos a aplicar este conceito. Voltando às aves, isto também acontece. Nós humanos não temos forma de voar biologicamente e

desejaríamos fazê-lo umas quantas vezes. Para colmatar essa impossibilidade (e alimentando esse desejo) temos pessoas com um perfil mais entusiasta que experimentam essa sensação única através do parapente, de um salto de paraquedas, de uma viagem num balão de ar quente ou, mais frequentemente, para o comum dos humanos, viaja-se de avião para um destino que nos motive.

uma visão excecional, veem muito mais do que outras espécies (até os raios ultravioleta) e têm uma grande capacidade matemática de calcular as distâncias e analisar se vale ou não a pena um determinado voo. Por vezes, antes de voarem, as aves defecam para ficarem mais leves, permitindo-lhes alcançar o seu objetivo: alimentação ou fuga de um possível ataque.

Nas aves, o voo é uma necessidade, sendo que grande parte delas voa porque tem de ser e não por prazer. Estima-se que passem 70% do seu tempo em busca de alimento e não a vaguear por gosto. Muitas vezes, as aves também voam para fugir de predadores e, quando o fazem, medem muito bem os gastos de energia que terão.

Em conclusão, para as aves voar não chega. Há toda uma série de condicionantes e dificuldades pelas quais passam antes, durante e após os seus voos. Lembremo-nos disso quando estivermos a invejar a vida delas… Que nos sirva de inspiração para aceitarmos que há coisas que não podem mudar, havendo outras que exigem um esforço continuado e diário para alcançar “voos” mais altos nas nossas vidas. n

Sendo uma espécie, no geral, com


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MARÉ DE POESIA | JP

2019.05.24

ESPECIAL ANIVERSÁRIO N

a edição número 522, publicada a 1 de Junho de 2018 nascia Maré de Poesia e poderíamos ler “Juntos iremos elevar a escrita dos sentidos e das emoções, erguer castelos de palavras nesta Praia que se quer Maré de Poesia”. Passado um ano, das palavras passamos à concretização. Foram publicadas vinte e quatro páginas de poesia onde participaram inúmeros

Maré de Poesia Ana Maria Lima Nasci do outro lado da ilha Mas da Praia já sou filha Sem ser cantora, ou jogral, Como gosto de poetizar Alguém me veio convidar A escrever para este jornal. Escrevi com coração Nas linhas da gratidão Deste jornal de magia, Há um ano p’rá rua saiu Onde toda a gente viu Esta MARÉ DE POESIA. Trás o sal na maresia Esta MARÉ DE POESIA Hade brilhar no escuro, Porque a onda branqueada Fica na praia deitada Terá um porto seguro.

MARÉ DE POESIA! Fernando Mendonça

Nesta maré, vestida de poesia Desfilam de quinze em quinze dias Poetas que o mundo mal conhecia Das marés que então vinham vazias… Para além do sabor deste salgado Registado na beleza do seu mar! D´encontro a outros mais ao lado… Certamente, mais encanto foi criar Cada verso que recebes a teu cargo É uma flor que enfeita o teu jardim Venha ela da Rosa ou do Jasmim! Oh maré onde meus poemas largo! Oh página de jornal, que os acolhe! Grato fico, por ser parte do teu molhe…

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poetas e poetisas, enviando quer livremente os seus poemas, quer respondendo a solicitações a participar ou correspondendo a desafios propostos como: O Livro, Ser Poeta Ilhéu, Dia da Mulher, Liberdade e nesta edição especial Maré de Poesia. A todos e todas que se entregaram a esta Maré de Poesia pela escrita e pela leitura o nosso muito obrigado!

Ondas na maré de poesia Orlando Diniz Gomes

“Porto Seguro” João Barreiros

Fui à maré de poesia Em mar alto a navegar E em onda de magia Descobri um lindo olhar

Por ti sou quebra-mar Farol em ilhas de bruma, Sou barca a navegar Entre as ondas e a espuma.

Cada onda uma poesia Em maré de saudade Cada rima uma alegria A lembrar a mocidade

Por ti baloiço nas ondas do teu sonhar Quando adormeço em teus braços, Desejando nunca ter de acordar Pelo amor que sinto sem embaraços.

Pus-me a banhar ao sol E nele só vi luar Estrelas em caracol Uma gaivota a voar

Por ti sou porto seguro de mar Quando a maré não é calma, Sou amarra forte no teu amar Maré de Poesia de corpo e alma.

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Maré de Poesia Carina Fortuna da janela do meu quarto há um mar de saudade que bate forte nas rochas negras do meu coração certos dias parecem lugares tristes e reféns de um tempo um tudo singular, uma ilusão resta acreditar que todos os invernos são a véspera de uma nova primavera resta acreditar que há mares e marés eu quedo-me nesta maré de poesia

Mar(é) de Poesia Sandra Fernandes Mar(é) de Poesia Ondas repletas de sal Distribuem na areia e nos rochedos Espuma de mar E levam mágoas E medos Que se desfazem nas águas Deixando a alma se purificar… Mar de mar(és) De tempestades e bonanças Traz vida ao planeta E na areia dos pés As viagens que danças São versos de poetas… Mar(é) de poesia Fonte de energia Enormidade Corpo ao luar Que ao (te) abraçar Afoga a saudade…

Levava nas asas um sonho De moça que inebria E num aterrar risonho À minha beira descia

Marés de Poesia Jorge Manuel Ramos Há uma maré imensa e cheia de saudade Nas palavras que profiro, oculto e escrevo E há no mar uma enorme e sã conformidade Entre a terra dura e um imponente rochedo Há no mar uma brisa fresca de liberdade Que se solta em ondas de amor e segredo Onde sopram as brisas de toda a eternidade E a noite casa com o dia em perfeito degredo E nesta maresia da vida e impune ao amor Pinto uma tela desgastada e sem harmonia Livro por onde escrevo tudo da mesma cor Seja rocha, seja terra, a noite ou um lindo dia, E porque só deste modo a escrita tem valor Imerjo por serras e vales em marés de poesia.

Maré de Poesia Vallda O lugar era incolor mas ao redor do ilhéu as letras azuis d’amor refletiam d’um céu! Ora a maré descia! Ora a maré subia! E ora na proa, ora na ré lá estavam marujos de pé quand’um poema emergia! Estas almas inquietas que de tão ternas, tão belas eram apelidadas de poetas quando içavam as velas!

… Jorge Morais que venha uma monstruosa maré como aquelas da nazaré recheada de harmonia que possa enfeitar e até embelezar a página da maré de poesia que a cultura se enriqueça e haja alguém que permaneça insistindo na erudição numa terra tão pequena onde a vontade perdura e assim se possa gritar viva viva a cultura

Maré de Poesia Marta Cardoso Transcrito por Carla Félix Sopro dentro de mim Marés Vivas de Poesia Sonhos inabaláveis Sentimentos inabaláveis Marés que tem a profundidade dos vulcões Dos mares, dos oceanos mais fundos Sinto, jorro vontade de gritar ao mundo O que a minha pequena alma grita em mim Marés que batem nas rochas constantemente Num deleito ardente sem fim Marés que são poemas vivos em mim Amo e deleito este amor Escrevê-lo é fatal … é brutal Editá-lo num jornal Comemora-se o aniversário, ainda melhor Marés escritas para tanta gente Letras miudinhas constantes fervilhantes Almas perdidas num instante


JP | MARÉ DE POESIA / INFORMAÇÃO

2019.05.24

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“Maré de Poesia” João de Deus Melo Maré de Poesia Em cada recanto. Em cada esquina. Em cada quarto. Em cada sala. Em cada memória. Em cada partilha. Em cada linha. Em cada ponto. Vejo maré de poesia. Sonho e fantasia. Sentidos e emoções. Verde que se respira da Natureza. Azul que se embrulha nas ondas e marés em turbilhões. Preto que se rasga nos mistérios da rocha vulcânica. Vermelho que se queima na lava incandescente. Cinzento que se confunde nas brumas da infinidade do horizonte.

Angélica Borges A maré trouxe de volta O paladar salino dos beijos E a calidez dos seus corpos A veracidade nos seus olhares A maré troce de volta O amor minha gente o amor Que pareceu fenecer lesto Com a inquietude dos anos A maré troce de volta O romance a nossa poesia O amor o pulcro do sentir Troce- nos de volta a maré

Luís Rafael do Carmo É um mar que te acolhia, Um sentimento que dói, desmaia Trazes a maré da tua poesia No sal que te banha a praia. És a procura do Santo Gral A flor, a planta, a solução do problema és aquela página do jornal onde te escrevo o meu poema Mas, mais do que isso, és exemplo onde perfumo em ti… o meu templo!

FICHA TÉCNICA: COORDENAÇÃO: Carla Félix COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Ana Maria Lima; Angélica Borges; Carina Fortuna; Carla Félix; Fernando Mendonça; João Barreiros; João de Deus Melo; Jorge Manuel Ramos; Jorge Morais; Luís Rafael do Carmo; Marta Cardoso; Orlando Diniz Gomes; Sandra Fernandes; Vallda. PAGINAÇÃO: JP NOTA: As participações aqui presentes são da responsabilidade dos poetas/poetias. Para participar envie o seu poema para maredepoesia@jornaldapraia.com.

HOJE (24/05) Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

SEXTA (24/05)

SÁBADO (25/05)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

DOMINGO (26/05)

25 MAI Poço da Areia Santa Cruz Tourada não tradicional António Lúcio Ferreira 18h30 – 21h00

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

SEGUNDA (27/05)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

27 MAI Canada de Belém Terra Chã Tourada tradicional Humberto Filipe 18h30 – 20h30

TERÇA (28/05)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

QUARTA (29/05)

01 JUN Largo de São João Vila das Lajes Tourada não tradicional Herd Ezequiel Rodrigues e João Quinteiro Filho 18h30 – 21h00 Largo Comendador Pamplona Porto Martins Tourada não tradicional Manuel João Rocha 18h30 – 21h00

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

QUINTA (30/05) CINEMA VINGADORES: ENDGAME Local: Auditório do Ramo Grande Hora: 21:30* Classificação: M/12 * Sessão também no sábado, 25, à mesma hora.

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

SÁBADO (25/05)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

SEXTA (31/05)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

SÁBADO (01/06)

DOMINGO (02/06)

02 JUN Largo de São João Vila das Lajes Tourada não tradicional Humberto Filipe 18h30 – 21h00 Fontes: CMAH e CMPV

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

SEGUNDA (03/06)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

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TERÇA (04/06)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

MISSAS DOMINICAIS SÁBADOS

NO CONCELHO

QUARTA (05/06)

15:30 - Lajes; 16:00 - Fontinhas (1) ; 16:30 Casa da Ribeira; 17:00 - Cabo da Praia; 17:30 - Matriz Sta. Cruz; 17:30 - Vila Nova; 18:00 Fontinhas (2); 18:00 - São Brás; 18:00 - Porto Martins; 18:00 - Sta Luzia, BNS Fátima; 18:00 - Quatro Ribeiras; 19:00 - Lajes; 19:00 - Agualva; 19:00 - Santa Rita; 19:00 - Fonte do Bastardo; 19:30 - Biscoitos, IC Maria (3); 19:30 -

Biscoitos - São Pedro (4) (1) Enquanto há catequese; (2) Quando não há catequese; (3) 1.º e 2.º sábados; (4) 3.º e 4.º sábados

DOMINGOS

08:30 - São Brás; 09:00 - Vila Nova, ENS Ajuda; 10:00 - Lajes, Ermida Cabouco; 10:00 - Cabo da Praia (1); 10:00 - Biscoitos, S Pedro; 10:30 - Agualva; 10:30 - Casa Ribeira (1); 10:30 -

Santa Rita 11:00 - Lajes; 11:00 - São Brás; 11:00 - Cabo da Praia (2); 11:00 - Porto Martins; 11:00 Casa da Ribeira (2); 11:00 - Biscoitos, IC Maria; 12:00 - Vila Nova; 12:00 - Fontinhas; 12:00 - Matriz Sta. Cruz (1); 12:00 - Quatro Ribeiras; 12:00 - Sta Luzia; 12:15 - Fonte Bastardo; 12:30 - Matriz Sta. Cruz (2); 13:00 - Lajes, ES Santiago; 19:00 - Lajes; 19:00 - Matriz Sta. Cruz (3); 20:00 - Matriz Sta. Cruz (4)) (1) Missas com coroação; (2) Missas sem coroação; (3) De outubro a junho; (4) De julho a setembro

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Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

QUINTA (06/06) FESTA POPULAR / TRADIÇÃO DIA NACIONAL DO FOLCLORE PORTUGUÊS Local: Rua da Sé - Angra do Heroísmo Hora: 19:20 - Desfile Local: Praça Velha - Angra do Heroísmo Hora: 20:00 - Atuações

DOMINGO (28/04) CINEMA A REVOLUÇÃO SILENCIOSA Local: Recreio dos Artistas Hora: 18:00 Classificação: M/12

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

BISCOITOS Posto da Misericórdia ( 295 908 315 SEG a SEX: 09:00-13:00 / 13:00-18:00 SÁB: 09:00-12:00 / 13:00-17:00

VILA DAS LAJES Farmácia Andrade Rua Dr. Adriano Paim, 142-A ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-18:30 SÁB: 09:00-12:30

NOTA:

VILA NOVA

Esteja na nossa agenda cultural. Envio

Farmácia Andrade

toda a informação do seu evento para geral@jornaldapraia.com, com pelo menos 15 dias de antecedência do mesmo.

Caminho Abrigada ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-12:00 / 16:00-18:00

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Farmácias de serviço na cidade da Praia da Vitória, atualizadas diáriamente, em: www.jornaldapraia.com


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