Jornal da Praia | 0543 | 26.04.2019

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QUINZENA

26.04 A 09.05.2019 Diretor: Sebastião Lima Diretor-Adjunto: Francisco Ferreira

Nº: 543 | Ano: XXXVI | 2019.04.26 | € 1,00

QUINZENÁRIO ILHÉU - RUA CIDADE DE ARTESIA - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA - ILHA TERCEIRA - AÇORES

www.jornaldapraia.com

DESTAQUE | P. 8 E 9

ENDIREITAS DOS AÇORES SOCIEDADE | P. 5

BAIRRO DE SANTA RITA: DEPOIS DE DUAS DÉCADAS DE LITÍGIO

TERRENOS JÁ ESTÃO NA POSSE DA AUTARQUIA HABITAÇÃO | P. 7

DECORRE

NO RECINTO DO PAUL NO CONCELHO | P. 3 PUB

ABRIL QUE FLORIU MAIO O 25 de Abril de 1974 foi uma data inédita que espantou e maravilhou toda a Comunidade Mundial. Aconteceu há quarenta e cinco anos. Pela primeira vez, um país era libertado não pelos tiros das metralhadoras, mas pelas flores de Abril que originariam Maio... Por: António Neves Leal OPINIÃO | P. 13


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CANTO DO TEREZINHA / CONTO | JP

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QUE INJUSTIÇA Andei eu a frequentar a ‘catequese’ na juventude partidária da minha eleição anos a fio, sempre bem comportado nos congressos, diligentemente a aprender a ser bom filiado e militante capaz, esperançado em um dia ser chamado a integrar

um governo, e, quando surge a oportunidade, os meus camaradas dirigentes do partido investidos em cargos ministeriais nomeiam os membros da própria família, gente que, se calhar, nem pagava as cotas e nem sequer sabe a letra e ou a música do

hino do partido. Isto é que é uma grande injustiça! E agora, o que é que eu faço da minha?

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ROTUNDA DO GALO A nova circulação automóvel no centro da cidade da Praia da Vitória brindou-nos com mais uma rotunda.

O Galo “Vitorino” – como carinhosamente muitos praienses o chamam – é presença constante nas redes sociais e, mais do que qualquer monumento praiense, é fotografado pelos muitos turistas que a bordo dos navios de cruzeiro nos vão chegando.

Depois do Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Praia da Vitória, Francisco Ferreira, um dos habitantes mais conhecidos da Praia da Vitória, em toda a ilha e até mesmo fora dela, é um majestoso galináceo que diariamente deambula entre o Palácio da Justiça e a esquadra local da Polícia de Segurança Pública.

Assim, face à proliferação de rotundas e no sentido de a melhor identificar, CT propõe, que a nova rotunda seja batizada de “Rotunda do Galo”. Quem concorda? n

CONTO DO MARQUÊS DE NADA E DE COISA NENHUMA

O ILUSTRE PARRECAS

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estes pensamentos de poeta, o jovem aproximara-se dela com a intenção de lhe cortejar, quem sabe, até convidá-la para um passeio. Não seria uma conversa sem intenção, disparatada. Tinha a desculpa de lhe convidar para a sua lista da associação de estudantes. Essa rapariga pertencia à elite (não a intelectual) da escola, estava no topo da cadeia alimentar. Tinha o estatuto perfeito para a sua lista: era venerada, invejada e admirada. Esses alunos que prezam o prazer da tontice. Então, trocando umas passadas, o jovem mirou-a e abordou-a. Não estava com insegurança alguma como muitos rapazes, o segredo é manter a gabarolice. – Boas. Tudo bem contigo? – perguntara o Parrecas, que enveredara por um discurso diplomático, típico de um intelectual. – Oh! Olá Parrecas! O que te traz por cá? – respondia ela. – Como já deves saber, vou formar uma lista para a associação de estudantes. Estou aqui para te propor o cargo de vice-presidente. Creio que a tua presença será essencial para a vitória nas eleições. – Que bom! Obrigada pelo convite. Aceito, é claro. – cantava ela, na sua melodia harmoniosa. – Ótimo! Também pensei que talvez pudesses querer ir comigo, um dia des-

Parte: VIII (Continuação da edição anterior)

tes, ao cinema ou assim… A gargalhada fora geral. As amigas que se encontravam ao redor dela romperam numa risota imparável. O jovem fora troçado e humilhado pela primeira vez, mas a batalha ainda não terminara. Entre soluços de escárnio, a rapariga completou: – Não posso acreditar! Deves estar a brincar comigo. – gozava a rapariga, ainda cética. – Não me vou esquecer de tamanha afronta! Mas por quem me tomas? Por um estudante sem moral como tu? Sou um génio! Sou ilustre! Ah! Não me esquecerei! O século seguinte chegará e reconhecerá finalmente o meu intelecto! Terei escolas, estradas, avenidas e praças com o meu nome. Os cronistas opinarão sobre as minhas decisões! Biógrafos interessar-se-ão pela minha vida! Serei um estadista, um patriota, um herói, o salvador da nação! Nunca serei esquecido. O dia em que te arrependerás de ter envergonhado o ilustre Parrecas chegará! O dia em que sentirás remorso e rancor! Ah! Mas eu não me esquecerei! A humanidade elevar-me –á e abafar-te-á! Vestir-me-ei de glória e medalhas e tu cobrir-te-ás de trapos de fracasso! Não me esquecerei! Nunca! O dia do Juízo Final chegará e terás que confessar as calúnias que me proferiste! – injuriava o Parrecas com a sua eloquência. O rosto ficara-lhe verme-

lho como o do pai. Enquanto discursava, perdigotos fugiam-lhe da boca. Os olhos arregalaram-se e algumas veias ganharam vida. A tensão manifestava-se no dedo que apontava à sua vítima. – Nunca! Nunca! Nunca me esquecerei de tamanha afronta! Nunca! - terminava, finalmente, o juiz a sua sentença. Ninguém acreditara no que ouvira. Os grupos de adolescentes que se encontravam perto interromperam as suas conversas e exclamaram ao ouvirem a recitação. Declamava como um génio louco, ensandecera completamente, murmuravam alguns. A bela jovem fugira-lhe como o padre fugia do povo. O Parrecas amedrontara a rapariga como o Adamastor fizera há tempos. A ira escapulira-se-lhe como fogo. Porém, não estava arrependido. Sabia que as suas palavras seriam profecias concretizáveis. A noite terminara e o jovem acordara com as memórias da noite anterior. Não se esqueceria, mas não valeria a pena recordar tal momento. Fez a sua rotina normalmente e repousava agora junto às vacas. Todo aquele cenário parecia desenhar o mundo bordalliano: o gato preto que se arrepiava no telhado com a água gelada, o sapo na fonte que espreitava os perigos, os caracóis adormecidos, as couves recolhidas pelo pai e os tomates colhidos pela mãe. Vivia, de facto, no paraíso. Mas se queria ser

mais e melhor tinha, inevitavelmente, que sair dali. O sino da torre da igreja tocava agora, atraindo fiéis de corações e bolsos cheios. IV O verão terminara assim como as férias. Porém, sempre existiram aqueles sujeitos que estão sempre de férias, mesmo estando a trabalhar. O Parrecas não era um desses indivíduos. Sempre fora um jovem de empenho, trabalho e dedicação. Era essa a imagem que tinha de si e que tinha de transmitir aos outros, se queria ser presidente de qualquer órgão, claro. Porém, sempre existiram presidentes sem estas qualidades. O primeiro dia de escola fora-lhe como uma nova era. Um novo período para a associação de estudantes e uma nova ocupação para o seu currículo. Os cargos dos membros da sua lista estavam completos e incluíam, por grande rancor do Parrecas, a bruxa que o negara. Afinal, ela era apenas uma peça no jogo. Era um meio para atingir um fim. Kant dissera-lhe que o que fazia era imoral, mas na política atual há que ser oportunista. Pelo que soube, não haveria lista adversária. Fizeram bem, pensava o Parrecas, reduziram-se à sua ignorância e pouparam a humilhação certa. (Continua na próxima edição) n

FICHA TÉCNICA PROPRIETÁRIO: Grupo de Amigos da Praia (Associação Cultural sem fins lucrativos NIF: 512014914), Fundado em 26 de Março de 1982 REGISTO NA ERC: 108635 FUNDAÇÃO: 29 de Abríl de 1982 ENDEREÇO POSTAL: Rua Cidade de Artesia, Santa Cruz, Apartado 45 - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA, Ilha Terceira - Açores - Portugal TEL: 295 704 888 DIRETOR: Sebastião Lima (diretor@jornaldapraia.com) DIRETOR ADJUNTO: Francisco Jorge Ferreira ANTIGOS DIRETORES: João Ornelas do Rêgo; Paulina Oliveira; Cota Moniz CHEFE DE REDAÇÃO: Sebastião Lima COORDENADOR DE EDIÇÃO: Francisco Soares, CO-1656 (editor@jornaldapraia.com) REDAÇÃO/EDIÇÃO: Grupo de Amigos da Praia (noticias@jornaldapraia.com; desporto@jornaldapraia.com); Rui Marques; Rui Sousa JP - ONLINE: Francisco Soares (multimedia@jornaldapraia.com) COLABORADORES: António Neves Leal; Aurélio Pamplona; Emanuel Areias; Francisco Miguel Nogueira; Francisco Silveirinha; José H. S. Brito; José Ventura; Nuno Silveira; Rodrigo Pereira PAGINAÇÃO: Francisco Soares DESENHO NO CABEÇALHO: Ramiro Botelho SECRETARIADO: Eulália Leal LOGÍSTICA: Jorge Borba IMPRESSÃO: Funchalense - Empresa Gráfica, S.A. - Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, 50 Morelena - 2715-029 PÊRO PINHEIRO ASSINATURAS: 15,00 EUR / Ano - Taxa Paga - Praia da Vitória - Região Autónoma dos Açores TIRAGEM POR EDIÇÃO: 1 500 Exemplares DEPÓSITO LEGAL: DL N.º 403003/15 ESTATUTO EDITORIAL: Disponível na internet em www.jornaldapraia.com NOTA EDITORIAL: As opiniões expressas em artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do jornal e do seu diretor.

Taxa Paga – AVENÇA Publicações periódicas Praia da Vitória


JP | NO CONCELHO

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IV EXPOSIÇÃO COMERCIAL VITÓRIA

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ecorre até domingo, 28 de abril, no recinto do Paul, nesta cidade, a “IV Exposição Comercial VitÓria”, que numa área comercial de 2500 metros quadrados, reúne cerca de meia centena de empresas do concelho. A “Feira VitÓria” é uma organização conjunta da Câmara Municipal da Praia da Vitória e da Comissão Representativa dos Comerciantes da Praia da Vitória, que visa a dinamização do comércio local.

Nos últimos anos, a “Feira VitÓria” tem revelado uma grande vitalidade, vindo a cativar cada vez mais empresários e comerciantes locais, o que levou a organização a aumentar, este ano, a área de exposição comercial. “Este ano, tivemos de aumentar a área da exposição comercial para os 2500 metros quadrados, face à procura pelos stands por parte dos nossos empresários e comercian-

tes”, afirmou Tiago Ormonde, vereador camarário com o pelouro da Economia e Dinamização do Comércio Local, aquando da apresentação do evento. “É justo realçar o seu empenho e vontade em estarem presentes e em mostrarem os seus melhores produtos. É justo também destacar o empenho da comissão representativa dos comerciantes do concelho, que têm sido incansáveis na preparação desta mostra”, sublinhou, na ocasião, o responsável camarário.

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Como sempre, na mostra estão presentes vários setores de atividade, que vão da moda à animação turística, passando pela eletrónica,

eletrodomésticos, cosmética, restauração, construção, entre muitas outras. Paralelamente, há também um vasto programa de animação, onde se incluem concertos musicais – alguns com artistas nacionais – workshops, showcookings e animação infantil. Além disso, está em funcionamento uma zona de restauração, que conta com muita animação, constituindo uma grande festa do comércio e das empresas praienses, que apostam em mostrar os seus melhores produtos, novidades comerciais e também oportunidades de venda muito atrativas.

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34.º ANIVERSÁRIO

AFCRSB DA FONTE DOS BASTARDO

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Associação Filarmónica Cultural e Recreativa de Santa Bárbara (AFCRSB) da Fonte do Bastardo, comemorou com uma Sessão Solene, no passado dia 07 de abril, domingo, o seu 34.º aniversário. A AFCRSB da Fonte do Bastardo, foi fundada a 7 de abril de 1985, por José Ilídio Rocha Coelho, Luís Filipe Pereira Mendes, José Joaquim V. Borges, Francisco António O. Rocha Coelho, Francisco Alberto Freitas Nunes, José Martins da Rocha, José Machado Dias, Mateus Mendes Simões Ávila, Manuel Martins da Rocha Toste, Domingos Garcia Sequeira, Manuel Fernando Santos Moreira, José Luís Toste Inácio, José de Sousa Pereira, Carlos Alberto, Francisco Borges Martins, José Eduardo Borges Lopes, Eduardo Correia de Brito, António Nunes Coelho Borges, Manuel Venâncio Correia Júnior, Manuel Vi-

talino Toledo Fagundes, José Gabriel Cota Costa e Mateus Ribeiro Leal. Esta coletividade musical possui cerca de 55 músicos com idades que vão dos 12 aos 72 anos e mantém em atividade uma escola que leciona educação musical a uma média de duas dezenas de aprendizes, para uma vez preparados, a integrarem e garantirem a sua continuidade no futuro. Por ano, a filarmónica da Fonte do Bastardo efetua cerca de três dezenas de serviços. Destaque do percurso da Associação para a gravação de um CD, no Auditório do Ramo Grande, em novembro de 2015, CD que acabou por ser lançado em abril de 2016 aquando das celebrações do 31.º aniversário. GC-MPV/JP n

EPPV

ABRIU-SE À COMUNIDADE

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Durante o fim de semana de 12 a 14 de abril, a Escola Profissional da Praia da Vitória (EPPV) abriu as portas ao público através da iniciativa “Escola Aberta à Comunidade” e da promoção de uma “Mini Feira Agrícola”. A iniciativa “Escola Aberta à Comunidade” permitiu a todos os interessados conhecer as instalações da escola, assim como, assistir a demonstrações dos diferentes cursos lá ministrados. Na Mini Feira Agrícola, além da exposição de alfaias e animais, decorreu no Auditório da escola um conjunto de palestras. Na sexta-feira, 12, Duarte Pimentel (do Parque de Ciência e Tecnologia da ilha Terceira/ TERINOV) falou sobre “Empreendedorismo”. Depois, Fátima Amorim (da Direção Regional do Desenvolvimento Agrário) abordou o “ProRural +”. Finalizou o dia, Rui Messias (da Praia Links), que debruçou-se sobre a “Start-up da Praia da Vitória”.

Já no sábado, Paulo Fortuna, falou sobre “Raças Bovinas leiteiras”; Alexandra Ramos, abordou as “Raças Bovinas de Corte”; Ana Luísa Pavão sobre “Raça Bovina Autóctone”; José António Azevedo, dissertou sobre a “Produção de Leite na Terceira”; Bruno Almeida sobre o “Papel da Genética no Desenvolvimento das Explorações Leiteiras nos Açores”; e, por fim, José Simões Dias rematou o dia falando sobre “ A Genética ao Serviço da Lavoura”. No domingo, 14, palestrou, Pedro Silva sobre “Preparação de Vegetais para Exposição e Comercialização” ; Avelino Ormonde sobre “Agricultura, Alimentação, Saúde e Sustentabilidade” e Anselmo Pires sobre “Pecuária e Sustentabilidade”. A iniciativa “Escola Aberta à Comunidade” da EPPV encerrou no domingo pelas 19:30. GC-MPV/JP n


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EFEMÉRIDE | JP

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TIBÚRCIO ANTÓNIO CRAVEIRO, O POETA DO “HORROR” HISTORIADOR: FRANCISCO MIGUEL NOGUEIRIA

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á exatos 219 anos, a 4 de maio de 1800, nascia, em Angra, Tibúrcio António Craveiro, um historiador, teórico da literatura, tradutor de vários autores e poeta de cariz mórbido, com encanto pelo macabro e pelo “horror”, sendo um dos maiores nomes do Romantismo no Brasil. Tibúrcio António Craveiro estudou Teologia Moral na sua cidade natal, tornando-se um excelente aluno. Depois de concluídos os estudos, António Craveiro (como ficou mais conhecido) tornou-se professor régio da instrução primária. Foi também capelão cantor da Igreja da Sé. Em agosto de 1820, deu-se o pronunciamento militar no Porto e a revolução liberal começou. Beresford e os britânicos foram expulsos de Portugal. Formou-se, então, uma Junta Provisional do Governo do Reino, presidida por António da Silveira, que elaborou um Manifesto Liberal e Nacionalista. Neste afirmava-se que os portugueses tinham que libertar Portugal dos responsáveis da decadência, o Absolutismo e a dominação inglesa. Exigiu-se o regresso imediato do Rei e da família real do Brasil, e propôs-se restaurar a glória e o prestígio do passado português. Este renascer da decadência foi assente nos princípios liberais e, por isso, organizaram-se eleições para as Cortes Constituintes, que elaborariam uma Constituição para Portugal. António Craveiro aderiu então à causa liberal. Quando a 18 de outubro de 1820, Francisco Stockler, o recém-nomeado governador e capitão general dos Açores, chegou à Terceira, com o intuito de manter o status quo (o abso-

lutismo) nos Açores, acabou por levar a vários confrontos entre liberais e absolutistas na Ilha. A 2 de abril de 1821, houve um levantamento liberal na cidade de Angra que derrubou Stockler e criou a Junta Provisória para o Governo da Capitania-Geral, que jurou obediência a D. João VI, à Igreja Católica e às Cortes Constituintes. António Craveiro comungava destas mesmas ideias e ficou feliz com o resultado final do levantamento. Contudo, Stockler, com apoiantes descontentes com o Liberalismo nascente, iniciou uma contrarrevolução em Angra, derrubando a Junta Provisória. Stockler reassumiu o poder e iniciou-se, assim, um período de perseguições e prisões de várias pessoas suspeitas de apoiarem os ideais liberais. É neste contexto que António Craveiro saiu da Terceira e acabou por refugiar-se, em 1823/1824, em Londres, entrando em contacto então com muitos autores britânicos e depois franceses que o influenciariam e à sua escrita para o resto da sua vida. Em 1826, António Craveiro seguiu viagem para o Brasil, fixando-se na então capital do Império brasileiro, a cidade do Rio de Janeiro. Na nova terra, António Craveiro foi professor de Retórica no Imperial Colégio D. Pedro II e um dos fundadores e bibliotecário do Gabinete Português de Leitura, participando ativamente na evolução da Literatura no Brasil. Tornou-se um historiador, ensaísta e tradutor respeitado, sendo um poeta integrado na corrente da Arcádia Lusitana. Entre os vários nomes que traduziu, encontram-se Voltaire (1826, com Mérope), Jean Racine (1828, com Mitrídates), Jean Jacques Rousseau (1833, com Ermenonville ou o túmulo) e Lord Byron (1837, com o romance Lara). Foi o primeiro tradutor de Lord Byron no Brasil. António Craveiro manteve uma escrita regular para a imprensa brasileira e para o periódico lisboeta O Panorama. Tornou-se um nome conhecimento da segunda geração do Romantismo brasileiro. Foi eleito membro do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil e até do Institu-

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GRANDE MESTRE FATI ASTRÓLOGO / ESPIRITUALISTA

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Especializado na Astrologia e Espiritualismo, aconselha sobre casos difíceis através dos conhecimentos adquiridos em longos tempos nos Centros Espíritas. Aconselha nos problemas de amor, doenças espirituais, negócios, invejas, maus-olhados, vícios de droga, tabaco e Alcoolismo, aproximação e afastamento de pessoas amadas. Considerado um dos melhores profissionais em Portugal. E Faz trabalhos à distância. Lê a sorte. Se quer realizar e alcançar ao seu lado o que quer, contacto – BRAMA. TELM: 968 968 598 – TELF: 295 518 732 MARCAÇÃO E CONSULTAS DE SEGUNDA A SÁBADO PESSOALMENTE, CARTA OU TELEFONE, DAS 8H ÀS 20H Rua de São Pedro, nº 224 – S Pedro – Angra do Heroísmo

to Real de França. Segundo o estudioso brasileiro Marcos T. R. Almeida, António Craveiro escondia no seu gabinete de trabalho, onde lia e traduzia sobre o macabro, escrevendo sobre o “horror” que contemplava e desejava. Segundo relatos da época, descritos por Marcos Almeida, na sala de trabalho de António Craveiro encontravam-se vários objetos considerados do mundo do macabro, entre eles, uma pequena guilhotina para cortar a ponta dos charutos, crucifixos roubados de cemitérios e caveiras humanas envernizadas. A sua própria mesa de estudo era a lápide de um túmulo de uma jovem roubada de um cemitério. O autor António Craveiro regressou a Portugal em 1842, fixando-se em Lisboa, sendo então eleito membro do Conservatório Real de Lisboa. De regresso aos Açores com o amigo Miguel Teixeira, jorgense, na casa de quem se ia instalar, 4 anos depois, segundo Gervásio Lima, devido a “doença nervosa”, António Craveiro morreu a 23 de maio de 1844 no barco, junto à costa de São Jorge, de forma estranha, que há quem fale em suicídio e quem fale em homicídio. Foi enterrado nas Velas.

Do seu trabalho historiográfico, é preciso salientar: o Compêndio de história portuguesa (6 volumes) e Apêndice ou compendio da historia portuguesa, ambos publicados no Brasil. O seu nome consta na Antologia de poesia açoriana - do século XVIII a 1975 publicada em 1977 por Pedro da Silveira. Muitas vezes o tempo “apaga” a vida de muitos nomes indeléveis da nossa História. Cabe a nós, não só os historiadores, mas a todos os cidadãos, investigar, pesquisar e dar a conhecer a vida de personalidades que a memória “esqueceu”. Tibúrcio António Craveiro é uma nome reconhecido e importante no Brasil, mas precisa de ser conhecido em Portugal, nos Açores e na sua Terceira natal. É preciso manter viva a memória dos nossos antepassados, dos acontecimentos da nossa Historia, do nosso Património e das personalidades locais que marcaram o percurso das terras onde viveram aquém e além-fronteiras. É importante defender a nossa Cultura, a nossa Identidade, o nosso ADN…

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JP | SOCIEDADE / LAZER

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ENDIRETAS DOS AÇORES

GENTE QUE EXISTIU E EXISTE NESTAS ILHAS Alfredo Lourenço Pires, tinha o Dom de consertar fraturas no corpo e entorses nos membros.

para uma rápida recuperação, interrompendo sempre os seus afazeres para as atender, o que fazia sempre com graciosidade. Dizia-se que os seus dedos tinham olhos.

m quase todas as Ilhas dos Açores existem e existiam homens e mulheres que, dotados de uma dádiva de Deus, atendiam quer de dia quer de noite, inúmeras pessoas de todas as classes sociais com fracturas, entorses nos membros e problemas musculares.

“Ti´Alfredo” era um homem forte e conhecido por possuir um temperamento impulsivo. Era frequente resmungar por o procurarem a altas horas da noite e muitas horas depois da ocorrência do acidente mas, o seu íntimo e generosidade, transformavam-se em paciência e cuidado, sem ter em conta a classe social ou fortuna de quem o procurava.

Alfredo Lourenço Pires, nasceu em 10 de Dezembro de 1903 e faleceu a 1 de Setembro de 1993 na freguesia de Santa Bárbara, do concelho de Angra do Heroísmo. Foi casado com Porfíria Augusta Ferreira e teve dois filhos: Maria de Lourdes Ferreira Pires e José Ferreira Pires.

Foram muitas as situações que o marcaram como endireita, mas para evidenciar o seu Dom, um doente após ter sido tratado a uma perna partida no Hospital, continuou a queixar-se com dores.

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Segundo informação de pessoa de família Alfredo Pires tinha antepassados na ilha do Pico. Agricultor de profissão, mais conhecido por Endireita de Santa Bárbara, e por Ti´ Alfredo na freguesia, tinha o Dom de consertar fracturas no corpo e entorses nos membros. Era procurado na sua residência a qualquer hora do dia ou da noite pelas pessoas, que dele necessitavam

“Tio Alfredo”, conseguiu colocar o osso da perna no seu lugar imobiliza-la com talas em cartão recortadas à medida. Depois tratamentos sucessivos a perna solidificou novamente no local certo e o doente recuperou. Com sentido de responsabilidade Alfredo Pires, sempre que alguma pessoa o procurava com fractura exposta, mandava-o para Hospital, dizia: Se tiver sangue não é para mim!

A sua prática como Endireita era conhecida noutras ilhas e junto das comunidades de emigrantes nos Estados Unidos e Canada. Várias pessoas de outras ilhas, nomeadamente São Jorge e Graciosa deslocavam-se à Terceira quando surgia qualquer problema de articulações ou ossos e a elas se deslocar quando as pessoas estavam imobilizadas pela lesão. A sua prática como Endireita foi reconhecida por especialistas que o reconheciam e admiravam. Foi procurado por um médico fisiatra experiente que exercia a sua actividade em Lisboa, para conhecer as técnicas de manipulação de Alfredo Pires Houve ainda um fisioterapeuta do continente português que o visitou e filmou alguns dos métodos que ele usava para o tratamento de entorses, trabalho esse que foi posteriormente apresentado num congresso da especialidade. A actividade do Tio Alfredo não se limitava ao cuidado de pessoas com entorses, luxações ou fraturas, também endireitou muitos animais de estimação e até bovinos incluindo touros bravos. Durante alguns anos colaborou com as duas empresas de lacticínios da ilha Terceira, as quais depois de receberem os casos dos produtores que tinham animais com algum problema agendavam um dia

por semana em que o Ti´ Alfredo dava a volta à ilha para resolver essas situações. Mas nem sempre foi fácil usar o Dom que Deus lhe deu. Alfredo Pires, teve que responder três vezes perante o tribunal pelo facto de não possuir habilitações académicas para a prática de serviços de fisioterapia e ortopedia. As acusações partiram sempre de médicos que não aceitavam tal actuação. Paradoxalmente a esposa de um desses médicos recorreu secretamente aos serviços do Ti´ Alfredo, tendo ficado com o seu problema resolvido. Alfredo Lourenço Pires foi homenageado em vida pelo povo e por autoridades da Ilha Terceira, em 1983 tendo nessa altura sido colocada uma placa em mármore na sua residência, onde se pode ler: Homenagem do povo de Santa Bárbara ao benemérito cidadão, Alfredo Lourenço Pires, pelos serviços prestados em prol de toda a comunidade 10-121983. Mais tarde, depois da sua morte foi atribuída à rua onde morava o seu nome.

Francisco Medeiros/JP n

OBRAS NO PARQUE INFANTIL DA PRAIA DA VITÓRIA

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ntegrado na estratégia municipal de dinamização e promoção das infraestruturas locais e no âmbito da valorização dos espaços situados na cidade da Praia da Vitória, a Autarquia irá proceder à reestrutu-

ração do parque Infantil localizado junto ao Paul. De acordo com as verbas inscritas no Orçamento Municipal para 2019, são 400 mil euros de investimento

que envolvem a substituição dos equipamentos existentes por novos, incluindo a sua instalação e montagem. Na foto ao lado, captada a 14 de

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abril, vê-se que os equipamentos antigos e degradados foram retirados, mas não se vislumbra a instalação dos novos equipamentos, não obstante, uma Nota de Imprensa da autarquia, datada de 11 de abril, dar conta da realização da obra. Esta mesma Nota, cita a vereadora com competência ao nível das Infraestruturas e Regeneração Urbana, Raquel Borges, que afirma: “esta era uma intervenção necessária, naturalmente no que concerne ao reforço da segurança, manutenção da qualidade vida e, consequente, dinamização dos espaços centrais da Praia da Vitória”. No decorrer do longo espaço temporal que medeia o fecho de edição e a saída em banca deste quinzenário, é expetável que neste momento, as obras estejam de facto concluídas para gáudio da pequenada e para a efetiva dinamização e promoção das infraestruturas citadinas.

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SAÚDE | JP

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o Cantinho do Psicólogo 209

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ara além do panorama e da beleza espectacular destacam-se os benefícios para qualquer um de nós, ao acordar pela manhã, Aurélio Pamplona se confrontar com (a.pamplona@sapo.pt) a proximidade do campo, do mar, e da maioria das coisas, sem necessidade de percorrer longas distâncias para isso acontecer, ou de se sujeitar a trânsito caótico e a poluição sufocante. Refere-se específicamente as vantagens de viver nos Açores, em qualquer ilha, onde os problemas referidos são diminutos, não obstante ocorrerem também algumas dificuldades de que temos consciência.

Espectacular hipocapnia, a redução de dióxido de carbono no sangue, ou até a alcalose respiratória, excesso de fluidos alcalinos no corpo, com as suas consequências. Naturalmente que quando do se respira é importante que haja um certo equilíbrio entre a entrada de oxigénio e a saída do anidrido de carbónico do corpo. É por isso se recomenda que na prática da execução dos exercícios referidos não se ultrapasse mais de 15 minutos.

como ele é, porque o mundo já era assim quando a pessoa nasceu. Daqui que considera que não se chegou aqui com a grandiosa missão de o salvar ou de mudar a sociedade, mas sim com a incumbência importante de ser feliz. Entretanto, e assentando “os pés no chão”, o que se acredita é que isso só poderá ocorrer se dermos a nossa contribuição, porque “as coisas, o que é importante, não cai do céu”.

capaz de escolher a que melhor se adapta as suas características pessoais e até ao tempo disponível. Sublinhe-se que os exercícios de relaxação exigem a prática diária de cerca de vinte minutos até ser aprendida. Baseiam-se no princípio de que ninguém pode estar ao mesmo tempo tenso e relaxado. E que o que interessa é que a pessoa se sinta bem com o treino. Entretanto, ao apresentar o relaxamento, não podemos deixar de falar em Jacobson (1957), dir-se-ia o pai do relaxamento científico ou progressivo, que refere que qualquer pessoa que descubra que tem uma pressão arterial elevada tem na verdade motivos para se preocupar. E interroga-se perguntando quem os não tem? Ainda esclarece que, enquanto os nossos antepassados viveram em épocas anteriores numa sociedade em que a humanidade tinha pela frente uma possível extinção provocada pelas bombas atómicas, o seu poeta favorito cantava: «aquiete-se, triste coração, e deixe de penar. / Por trás das nuvens há o sol, brilhando ainda. / Teu destino é igual ao destino de todos. / Em toda a vida, alguma chuva há-de cair. / Alguns dias têm de ser escuros e melancólicos»

Naturalmente que isto acontece quando somos capazes de desenvolver uma atitude de satisfação com as coisas, fazendo, por exemplo, uma lista daquilo que se considera uma benção na nossa vida, o que leva a mais facilmente se sentir que os problemas assumem uma perspectiva completamente diferente. E porquê? Porque, como defende McGrath (1999), «é muito difícil estarmos stressados, quando o nosso coração rejubila de alegria».

Referências: Ainda sobre os exercícios de respiração registe-se que a maior desvantagem que pode ocorrer com a sua execução reside na possibilidade de surgir a reacção de hiperventilação, do acréscimo anormal da quantidade de ar que ventila os pulmões, e que dá origem a maior eliminação de dióxido de carbono do que o corpo pode produzir. Isto pode originar a PUB

Continuamos pois com estes exercícios a tentar ganhar consciência dos nossos hábitos e reacções, num esforço para assumir a responsabilidade pela própria vida. E dir-se-ia, como afirma Ruiz (2015), que cada um de nós não é responsável por aquilo que se passa no mundo, mas sim com o que se passa em si próprio. Diz o autor que a pessoa não fez o mundo

Por isso avançamos para a segunda técnica que se recomenda para lidar com o stress da própria pessoa, o relaxamento, ou a relaxação. Havendo muitas formas de relaxar, o que se poderá dizer a este respeito é que qualquer uma delas traz benefícios à pessoa, visto que dificilmente se garante que uma é melhor do que a outra. O fundamental é cada um ser

Jakobson, E. (1957). Relax: Como vencer as tensões. S. Paulo: Editora Cultrix. McGrath, T. (1999). Contra o stress. Lisboa: Paulinas. Ruiz, Don M. (2015). O Mestre: Um guia para a arte dos relacionamentos. Alfragide: Lua de papel.

Foto: D. Ribeiro n


JP | HABITAÇÃO

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CASAS DE SANTA RITA: CMPV ASSINA

ESCRITURA DE AQUISIÇÃO DE TERRENOS Sete décadas depois da construção das primeiras habitações, há finalmente uma solução legal.

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Câmara Municipal da Praia da Vitória (CMPV) assinou, no passado mês de março, a escritura de aquisição dos terrenos de Santa Rita com vista à legalização das moradias ali existentes, “no rigoroso cumprimento do acordo estabelecido” com os proprietários dos terrenos. Com este desfecho, termina um litígio que opõe moradores a proprietários por cerca de duas longas décadas, mas que para os responsáveis camarários, a intervenção de emergência social da Autarquia só termina quando os moradores adquirirem o respetivo lote. No final da assinatura, que decorreu na sexta-feira, 29 de março, na Praia da Vitória, o presidente da CMPV, Tibério Dinis, explicou que o momento é o sinal claro da resposta da Autarquia à situação de emergência social que ali existia, tendo sido paga a primeira de quatro prestações acordadas neste processo. “Este é um momento histórico. Setenta anos após a construção daquelas habitações e depois de duas décadas de processos em tribunal, chegamos aqui a um momento fundamental em que os terrenos são agora posse da CMPV, cumprindo-se rigorosamente o acordo que foi estabelecido com os proprietários e pagando-se a primeira das quatro prestações definidas”, afirmou aos jornalistas, à saída do Cartório Notarial.

“Cumprida rigorosamente esta primeira fase, a partir de agora há duas tarefas essenciais a desenvolver nos próximos tempos: primeiro, continuar a cumprir o acordo; esta foi a primeira prestação, mas há mais três que têm que ser cumpridas até 2022. Em segundo lugar, vamos iniciar o processo de loteamento com vista à legalização das moradias, para que o objetivo final se atinja”, explicou o autarca. Tibério Dinis regista que “o processo de loteamento é bastante complicado do ponto de vista administrativo”, mas assegurou que o Município “vai dar a maior celeridade ao processo”.

Este processo engloba cerca de uma centena de habitações, passando pelas fases de projetos para as moradias, loteamento dos terrenos, aprovações em Assembleia Municipal da regulamentação necessária à venda dos lotes aos respetivos moradores e posterior venda aos mesmos. Segundo Tibério Dinis, a venda será “a preços justos e dentro daquilo que são os valores de mercado”. “Isto é uma intervenção pública com vista à resolução de um litígio bastante antigo, uma situação onde foi preciso socorrer a uma emergência social, e que só termina quando os moradores adquirirem o respeti-

vo lote”, concluiu Tibério Dinis. Até ao final do corrente ano, a autarquia espera apresentar a regulamentação necessária ao processo de venda para aprovação da Assembleia Municipal. O acordo com os proprietários dos terrenos onde se situam as moradias agregadas do chamado Bairro dos Americanos, em Santa Rita, foi firmado em setembro passado, após a Câmara Municipal ter assumido a liderança deste processo e assegurado o apoio financeiro dos Governos Regional e da República. Com o acordo foi posto fim a um (Continua na página 10)

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DE 02 A 11 DE AGOSTO

PRAIA DA VITÓRIA MERGULHA NO IMAGI Juntando gente sábia e a juventude que constitui o futuro das festividades, “Lendas da Mareia” é reflexo de ligações afetivas ao mar e às suas fantasias.

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s maiores festas do concelho – Festas da Praia 2019 – decorrem de 02 a 11 de agosto sob o mote “Lendas da Maresia”. O tema surgiu após uma conversa entre a Diretora Artística, Madalena Pereira, e o subdiretor deste periódico, Francisco Ferreira, também provedor da Santa Casa da Misericórdia da Praia da Vitória e um dos mais conhecidos praienses, que lhe emprestou o livro da autoria de Lúcia Santos e Avelino Santos, intitulado “Lendas do Imaginário Açoriano”, que serve assim, de inspiração aos 4 carros alegóricos e 37 figurantes que a 03 de agosto desfilarão no Cortejo de Abertura. Segundo avançou Madalena Pereira, aquando da Conferência de Imprensa de apresentação do Cartaz e Tema da edição deste ano das festividades, a 11 de março, o primeiro carro será uma alegoria às “Portas do Mar da Praia”. Enquanto porta de saída, evocará a “nossa emigração”, e enquanto porta de entrada, saudará “todos os que nos visitam”. Sem querer adiantar mais pormenores e assim manter o “suspanse” para a grande noite de abertura, Madalena Pereira, sempre adiantou que os restantes três carros “terão uma vertente mais imaginária”. No que diz respeito ao Cartaz das Festas, a Diretora Artística revelou que o mesmo, “foi elaborado por dois jovens de 17 anos, naturais da Praia da Vitória, o João Pedro Costa e o Pedro Lopes, e resulta das minhas ligações familiares e afetivas ao mar

e às suas lendas”, explicando que a inspiração resultou da conversa com Francisco Ferreira e da leitura do livro já mencionado.

DIRETORA ARTÍSTICA Anunciada como Diretora Artística das Festas da Praia 2019, em Conferência de Imprensa, a 28 de novembro de 2018, está a cargo de Madalena Pereira, o Cortejo de Abertura, a Marcha Oficial das Festas e o Cortejo Infantil. Maria Madalena Medeiros Pereira é professora de Educação Musical desde 1988, na Escola Básica Integrada da Praia da Vitória. Natural da vila da Madalena, ilha do Pico, onde nasceu a 22 de julho de 1967, vive há vários anos na Praia da Vitória, sendo atualmente, presidente da Direção da Filarmónica União Praiense. Madalena Pereira frequentou o Externato Particular da Madalena, o Liceu de Angra do Heroísmo e concluiu os estudos em formação musical no Conservatório Regional de Angra do Heroísmo. Tem mantido sempre uma ligação forte com a música, integrando formações musicais de vários estilos, tais como: Filarmónica União e Progresso Madalense; Coro da Academia Musical da Ilha Terceira; Grupo de Baile e da Canção Regional Terceirense; Cantinho da Terceira; Quarteto Novo; e, em 1984, integrou a Banda Internacional Juvenil, resultante do curso para jovens músicos promovido pela Fundação INATEL.

CARTAZ DAS FESTAS foi elaborado por dois jovens de 17 anos, natura pirado no livro “Lendas do Imaginário Açoriano”, de Lúcia Santos e A MODELO ORGANIZATIVO

te a “Dream Zone” e a organização da Tourada de Praça.

As Festas da Praia 2019, prosseguirão com o modelo organizativo introduzido no ano passado, com a concessão a privados de algumas zonas das festividades, nomeadamen-

Orçadas num total de 462 mil euros, 155 mil euros correspondem a desfiles, palcos, animação de rua, touradas à corda e procissões; 82

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INÁRIO E NARRA “LENDAS DA MARESIA” Tibério Dinis, avançou que “há uma previsão de se gastar menos 10 mil euros no espaço dos concertos, assim como menos 5 mil euros na tourada de praça”. Acrescentando que os 15 mil euros de poupança “serão reinvestidos na direção artística – 13 mil euros – e em palcos e animação de rua – 2 mil euros”.

CORRIDA DE PRAÇA Numa organização conjunta da Tertúlia Tauromáquica Praiense e do Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande, a Corrida de Praça das Festas da Praia 2019, ocorre a 05 de agosto, na Monumental da Ilha Terceira, em Angra do Heroísmo. Indo ao encontro daqueles que são os interesses locais, realizar-se-á uma Corrida à Portuguesa que juntará António Telles, João Telles Jr. e João Pamplona, para lidarem curros de David Ribeiro Telles e Rego Botelho, enquanto as pegas serão entregues a três grupos de forcados (Coruche, Tertúlia Tauromáquica Terceirense e Ramo Grande). O cartaz da Corrida das Festas da Praia, onde constam os nomes dos principiais intervenientes, é da autoria do artista terceirense André Pimentel.

ais da Praia da Vitória – João Pedro Costa e Pedro Lopes – e foi insAvelino Santos. mil euros para a direção artística, ou seja, para os cortejos de abertura e infantil e na organização da marcha oficial; 90 mil euros para espetáculos; 120 mil euros para a Feira de Gastronomia do Atlântico e 15 mil euros de apoio à organização da Tourada de Praça. Desse valor, 237 mil euros (51%) PUB

corresponde a financiamento público camarário, 132 mil euros (29%) são de receitas publicitárias, apoios e patrocínios e 93 mil euros (20%) das rendas dos alugueres dos diferentes espaços a concessionar aos privados. Aquando da apresentação desses números, o presidente da Autarquia,

Os bilhetes para a corrida serão colocados à venda pela Organização, nos locais habituais, em Angra do Heroísmo e na Praia da Vitória, a 03 de julho, e no dia seguinte, os mesmo ficarão ainda disponíveis para venda na plataforma eletrónica ticketline. sapo.pt. Não há qualquer alteração de valor em relação aos preços praticados na corrida do ano passado. Do cartel há a destacar o regresso do “maestro” António Telles às arenas açorianas, celebrando os seus 35 anos de alternativa. Regresso tam-

bém, para João Telles Jr. – um dos mais jovens cavaleiros da Herdade da Torrinha – pela excelente prestação alcançada na corrida do ano passado. Completa o leque de cavaleiros, o terceirense João Pamplona, o mais novo cavaleiro da Quinta do Malhinha e muito acarinhado pelo público, que apresenta um toureio cheio de emoção que facilmente se estende às bancadas. O curro a lidar será constituído por 3 exemplares da conceituada ganadaria David Ribeiro Telles e por 3 com ferro Rego Botelho. Os seis touros sairão também em sorte a 3 grupos de forcados a quem competirá duas pegas cada. Cabeças de cartaz, os Amadores de Coruche (um dos mais conceituados grupos portugueses, com mais de 40 anos de história); o Grupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense e o Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande o mais jovem grupo regional, mas que tem vindo a escrever páginas bonitas na tauromaquia nacional e até fora de Portugal. Este ano abrilhantará a corrida a Sociedade Recreio Lajense. n


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OPINIÃO / HABITAÇÃO | JP

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VITORINO NEMÉSIO, OBRA COMPLETA

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Silveira de Brito

m olhar atento sobre os Açores permite ver paradoxos perturbantes como este: por um lado costuma dizer-se que é a região do país com mais escritores por quilómetro quadrado, mas, por outro, se olharmos para as taxas de abandono escolar, verificamos que são as mais elevadas a nível nacional. Habitualmente, quem escreve lê muito, interessa-se por tudo, procura cultivar-se, saber mais, estudar parece-lhe fundamental. Como é que num espaço cultural em que há tanta gente a escrever há um abandono escolar tão acentuado? Esta espécie de contradição não será estranha? Efectivamente são muitos os escritores açorianos e a acividade editorial é intensa nos Açores. Quando, no Continente, se fala de escritores açorianos verificamos que muitos nomes são desconhecidos, mas provavelmente isso deve-se a dificulda-

des na distribuição. Para amostra do número elevado de escritores da Região, consulte-se o texto já com alguns anos de Onésimo Teotónio Almeida “Quadro panorâmico da literatura açoriana nos últimos cinquenta anos (1940-1989)” que o autor incluiu no seu livro Açores, Açorianos, Açorianidade. Um espaço cultural. A lista de nomes que lá encontramos é extensa, mas o número de novos escritores que começaram a publicar depois de 1989 não parou de crescer e alguns nomes, como Joel Neto com os seus excelentes três últimos livros: Arquipélago, A Vida no Campo e Meridiano 28, são, hoje, nomes consagrados da literatura do país.

um grande escritor açoriano, como um dos mais importantes nomes do nosso século XX e a sua obra é hoje muito difícil de adquirir. Por isso, em parceria com a Imprensa Nacional-Casa da Moeda, a editora das Lajes do Pico está a publicar a obra completa do autor, tendo saído já os dois primeiros volumes; o primeiro com o título Poesia I: Poesia (1916-1940) e o segundo, Teatro e Ficção I: Amor de Nunca Mais, Paço de Milhafre, O Mistério do Paço de Milhafre. O autor tem uma vasta e diversificada obra; como diz David Mourão-Ferreira em “Para o Perfil de Vitorino Nemésio”, é obra de um autor cujo perfil é difícil de desenhar não só pela diversidade, complexidade e acumulação de imagens do autor, mas sobretudo pela força íntima dessas imagens e da exuberância do seu talento, pois que em Nemésio encontramos “o poeta e o professor, o ficcionista e o crítico, o cronista, o biógrafo, o historiador e o filósofo da cultura”. É uma obra multímoda, nenhum dos géneros lhe foi alheio. Sublinho três áreas: a crónica, a poesia e o romance. Como cronista, temos o notável Corsário das Ilhas, mas não só; o Jornal do Observador, livro em que reuniu as crónicas publicados na revista Observador, é notável. Como poeta tem uma obra notabilíssima, embora nada fácil de ler em algumas das suas

expressões e um pouco esquecida da comunicação social. (A “Antena 2” da RDP tem uma rúbrica “Vida Breve, poesia por quem a escreve”, em que nunca ouvi qualquer poema do autor, e há registos áudio de poemas lidos por ele). Como ficcionista, basta lembrar o grande romance Mau Tempo no Canal, um dos melhores do século XX português cuja personagem chave, Margarida, será porventura a grande figura feminina da nossa literatura, romance que resistiu à conspiração do silêncio movida por alguns, como refere Mourão-Ferreira no texto acima referido. Ora, como referi, a obra do autor é difícil de encontrar no mercado. A excelente edição publicada pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, com um aparato crítico notável, dificilmente hoje se encontra disponível, de modo que em boa hora a Companhia das Ilhas, em regime de parceria, a está a publicar. Do meu ponto de vista, é pena que nesta edição o aparato crítico não seja o mesmo da edição publicada pela Casa da Moeda, o que talvez se compreenda, porque se trata de uma edição para o grande público. Mas, como quer que seja, a edição que está a vir a lume atinge o que é fundamental: tornar acessível a obra de um grande escritor para ser adquirida, lida e meditada. n

misteriosa identidade nacional.

bre o azul. Angra foi esse lugar ideal.

Ao longo das rotas, as embarcações tinham que planear os lugares onde pudessem reabastecer--se de alimentos, em particular, de água. Daí a designação de aguada. Idealmente, se nesse lugar onde os navios se abasteciam de água potável se pudesse, também, proceder à restauração dos materiais afetados pelas tempestades (velas rotas, mastros partidos, etc) e das pessoas embarcadas fartas das más condições de vida a bordo, então, era o oiro so-

O porto da Praia da Vitória, porque oferece boas condições, tem vindo a ser visitado por essas gigantescas caravelas a que se dá o nome de navios cruzeiro. São veículos auto suficientes, sendo, portanto, fortemente improvável que precisem seja do que for dos portos que visita. Mas isso não impede necessariamente que as lojas dos navios possam estar interessadas em dispor de artigos do artesanato local e que os bares e as co-

zinhas ofereçam os sabores da nossa gastronomia. Os cruzeiristas, depois de terem andado pelas nossas ruas onde não tiveram tempo suficiente para fazer compras criteriosamente, poderiam, de volta ao barco, e com vagar, comprar aquele artigo que hesitaram comprar em terra, ou saborear aquele doce ou licor que lhes ficou a pedir por mais.

Para o leitor interessado, a dificuldade está, muitas vezes, na falta das obras disponíveis no mercado. Para isso a editora das Lages do Pico Companhia das Ilhas, atenta à produção literária da Região e com um vasto catálogo, está a fazer um trabalho notável. Neste momento, por exemplo, está a reeditar a obra de José Martins Garcia, um grande escritor cuja obra estava praticamente esgotada. Nesta crónica quero ainda chamar a atenção para outra iniciativa desta editora que reputo de grande importância. Vitorino Nemésio é não só

OS CRUZEIROS E A AGUADA

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a época da expansão ultramarina de Portugal, as ilhas açorianas, e em particular a ilha Terceira desempenharam um importante papel como base de apoio à navegação. A península conhecida por Monte Brasil proporcionou abrigo ao tráfego atlântico, sobretudo aquando do regresso das Índias, quer seguindo a rota oriental, cuja descoberta foi da responsabilidade lusitana, quer a inapropriadamente apelidada de rota ocidental cuja descoberta se atribui a Cristóvão Colon, personagem histórico envolto em

Quem sabe até se os nossos empresários já puseram esta ideia em prática?! João Rego n

CASAS DO BAIRRO DE SANTA RITA (Conclusão da página 7)

litígio de 20 anos que levou a vários processos em tribunal e a despejo de famílias, que puderam entretanto regressar às suas habitações. O acordo, que a Câmara Munici-

pal presidida por Tibério Dinis apresentou a todos os envolvidos neste caso, e que foi aceite pelas partes, passa pela aquisição de três prédios, pelo valor total de quatro milhões de euros, a pagar em quatro prestações. A primeira já foi paga. A última será em março de 2022.

Com esta ação camarária, os proprietários dos terrenos suspenderam todas as ações judiciais e de despejo ou de execução, tal como, o Município suspendeu todas as ações judiciais sobre o assunto.

do, transformou-se numa nova esperança, porque esta Câmara Municipal assumiu a liderança deste processo. Nunca perdemos a esperança de encontrar uma solução e nunca baixamos os braços perante as adversidades”, disse Tibério Dinis.

“Aquilo que, até meados do ano passado, parecia ser um caso perdi-

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PRAIA DA VITÓRIA ON MY MIND “Diabo me leve quem pôs bonita a minha terra!” Manuel Bandeira

à corda no seu areal, e era um fartote de rir ver militares americanos, de câmara fotográfica ao pescoço, a levarem valentes marradas…

Victor Rui Dores

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m visita à ilha Terceira passeio-me pelas ruas da Praia da Vitória. E recordo o tempo em que a Praia era vila e eu… adolescente. Recorro à minha memória e lembro-me que à Praia se chegava por duas vias: pelas freguesias ou pela Recta da Achada. Eu morava em Angra do Heroísmo e sempre que ia à Praia (uma hora de camioneta da E.V.T. para lá chegar) era como se partisse em busca do pote de ouro para lá do arco-íris… A Praia era a sua ampla baía, o seu areal branco e vasto, a rebentação das marés… A praia da Praia era também a “praia dos americanos”, a “praia dos oficiais” e a “praia os sargentos”, em cujo bar bebi a minha primeira coca-cola… A Praia era o Verão e as tardes de deliciosos banhos… E era a tourada

A Praia era os seus chafarizes, ermidas e impérios. E era os seus cafés típicos: o Café Terezinha, o Café Açores, o Café Marques, o Bar Vouga, o Tamar… E havia ainda o John´s beach, a Praia Azul, a Riviera… E havia o Paúl, o Jardim Público, o monumento a José Silvestre Ribeiro, o Posto da Guarda Fiscal, as Finanças, o Registo Civil (de que foi Ajudante, durante largos anos, o meu saudoso pai Elmiro). A Praia era o Forte de Santa Catarina, o Largo Francisco Ornelas da Câmara, a Rua de Jesus, o Correio, o edifício seiscentista dos Paços do Concelho, a Torre do Relógio, a Cadeia… Ainda sou do tempo em que, por detrás das grades dos grandes janelões, os presos (ainda não se dizia reclusos) costumavam pedir ajuda aos passantes, mandar recados aos seus ou tagarelar longamente com quem lhes aviasse a conversa. A Praia era Vitorino Nemésio (ontem como hoje, mais conhecido do que lido), a casa das suas tias, a Igreja da Misericórdia, a Igreja Matriz e seus belíssimos portais manuelinos.

tações e ruas, as suas vendas, mercearias, as suas lascivas concubinas (fazendo olhinhos bonitos aos americanos da Base), o seu mercado de boa fruta, os seus pequenos comerciantes de fazenda, de ferragens e de utilidades domésticas… (Muito antes da globalização chegar à Terceira, já lá havia uma “Loja do Chinês”). A Praia era a sua Filarmónica União Praiense (nela o menino Nemésio havia tocado tarola, sendo o seu pai o segundo regente), os seus clubes (“Os Brancos” e “Os Vermelhos”) e o Salão do Teatro Praiense. E era o rock & roll que se espalhava da Base americana para toda a ilha, com influência decisiva na constituição de conjuntos locais. A Praia era o serão familiar de ver televisão americana em casa do meu tio Elmano Dores. A Praia era os seus bailes brilhantemente abrilhantados pelos “Sombras” e pelos “Bárbaros”… E era o sr. Ezequiel Bettencourt, fotógrafo, afinador de pianos e multi-instrumentista, cujos filhos, Luís e Roberto Bettencourt, começavam a dar nas vistas a tocar guitarra. (O Nuno Bettencourt ainda não era nascido). O meu primo, Luís Dores, ajeitava-se na bateria dos “Mini-Sombras”.

A Praia já não era mais o “pocinho de areia” da velha quadra popular – transformara-se na fisionomia do seu porto, com especial destaque para os pipe-lines, condutores de carburantes para o aeroporto das Lajes, a partir de um cais de combustíveis em três linhas de descarga…. Os grandes aviões norte-americanos sobrevoavam o burgo. Os praienses de há muito se haviam habituado aos roncos da aviação – não se importavam nem se importunavam com a trepidação das potentíssimas aeronaves. Aliás, dizia-se na altura que, quem estando na Praia se pusesse a olhar para cima para ver aviões, só poderia ser “pessoa da cidade” (Angra)… Por sua vez, os angrenses, em irónico desprezo, arreliavam os praienses chamando-lhes “os praianos”. E tinham sempre um remoque na ponta da língua: “Praia?... Sol alto e dinheiro na algibeira”… Os ressaibos de bairrismo entre Angra e Praia ainda estavam para durar… Já que hoje me deu para o saudosismo, aqui fica esta lembrança: meio século depois, Nemésio continua a ser mais conhecido do que lido, e eu não consigo esquecer as longas caminhadas que fazia pelo areal da Praia, junto à rebentação da maré.

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A Praia era o rosto das suas habi-

AS TOURADAS, E OS DIREITOS DO HOMEM E DOS ANIMAIS Por: Francisco Medeiros (Conclusão da edição anterior)

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nde é que estavam aqueles defensores dos touros de barrancos enquanto os nossos jovens morriam nas colonias? Quantos terão por lá ficado? A Declaração Universal dos Diretos dos Animais é proclamada pela Unesco em 15 de Outubro de 1978: Todos os animais nascem iguais perante a vida e tem os mesmos direitos à existência. Experiencias com animais que implique sofrimento físico ou psicológico é incompatível com os direitos dos animais PUB

quaisquer que seja a sua experiencia médica, cientifica ou qualquer outra forma de experiencia. No entanto usaram-se milhares de animais em experiencias para fins bélicos, sem quaisquer escrúpulos. Ensinam as nossas criancinhas a tratar bem os animais...? Que hipocrisia? A declaração Universal dos Direitos Humanos da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, diz: Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos e consciência e agir em relação umas às outras com es-

pírito de fraternidade. Tem direito e liberdades estabelecidos na Declaração, sem distinção de qualquer espécie, raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. Direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal e não pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado. Todos os humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Há muito mais mas estão verdes! A fruta ainda não amadureceu!

Os direitos dos homens são letra morta, mata-se por tudo e por nada! Assalta-se à Mão Armada e há países que só Cheiram a Pólvora. É por isso que os jovens, Japoneses, recusam-se a ir para a guerra para defender interesses económicos, que não a Pátria que os viu nascer ! Outros deveriam seguir-lhes o exemplo ! Os Touros da Terceira continuam a fazer a sua Campanha de Verão e nos restantes meses vivem pachorrentamente no Paraíso das pastagens. Da Ilha de Nosso Senhor Jesus Cristo n


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EDITORIAL / OPINIÃO | JP

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O INEVITÁVEL … NUMA DE RETROSPECTIVA Umas e Outras …. E o PDA …Versus Revisão Constitucional (2002)

PSD Nacional e o Colonialismo

Direcção Nacional do PSD, ao não colocar o Drº. João Bosco Mota Amaral, em lugar elegível na lista daquele partido nas Eleições para o Parlamento Europeu de Maio deste ano, passou um atestado de desrespeito, de inferioridade para o povo dos Açores em geral e nomeadamente para como os Sociais Democratas da nossa Região Autónoma, ao invés do que vinha sucedendo ao longo os tempos, era sempre atribuído um lugar elegível ao candidato indicado pelas estruturas regionais do PSD dos Açores na lista do PSD para o Parlamento Europeu. Alexandre Gaudêncio, líder do PSD/Açores defendia e muito bem que o nome do Drº. Mota Amaral devia constar da lista em segundo lugar, o que na verdade “não ficaria nada mal se o Drº. Mota Amaral ficasse em segundo lugar, porque é uma pessoa que merece respeito e essa consideração”. Alexandre Gaudêncio clamou no deserto, as suas palavras não foram atendidas pelas estruturas nacionais do partido, e tudo indica que o oitavo lugar na lista que foi atribuído ao Açoreano Mota Amaral, este não será eleito, perdendo a Região Autónoma dos Açores um deputado no Parlamento Europeu, o que é lamentável para a defesa dos nossos interesses, uma verdadeira afronta de Rui Rio aos Açoreanos. Era fundamental para a nossa região manter a tradição de eleger dois deputados para o Parlamento Europeu, um pelo PSD e outro pelo PS, ora como facilmente se depreende isto não vai voltar a suceder, “os do PSD Portugueses tentam com a não inclusão de Açoreanos na sua lista às eleições para o Parlamento Europeu fazer ignorar a relevância do papel histórico que os Açores têm vindo a ter na construção das Regiões Ultraperiféricas no seio da União Europeia”. Com menos uma voz no Parlamento Europeu, será mais difícil para os Açoreanos inventar soluções e respostas às suas pretensões, mas resta-nos a esperança de que André Bradford indicado pelas estruturas regionais do Partido Socialista, para a lista do PS e colocado em lugar elegível, será uma pessoa dedicada e digna de representar os Açores e os Açoreanos, desenvolvendo um trabalho frutífero e inteligente na defesa dos nossos interesses. Esperamos que os eleitores dos Açores, se sintam incentivados a votar com consciência nas próximas eleições para o Parlamento Europeu e que o representante daqueles desempenhe com respeito e dignidade a sua função, e que seguramente “dará tudo de si pela defesa dos interesses dos Açores no poderoso anfiteatro do Parlamento Europeu”. Os políticos dos Açores devem pugnar, quando for oportuno pela criação de um circulo eleitoral próprio para o Parlamento Europeu, aliás, como já acontece nalgumas Regiões Ultraperiféricas, ficando assim, ultrapassada esta vergonhosa falta de respeito pela nossa região e pelas suas gentes, porque mais uma vez na história da nossa jovem autonomia fomos tratados com vilipêndio pelos agentes centralistas/colonialistas do Continente Português, num país que se quer prospero, harmonioso e democrático, mas que infelizmente continua com tiques colonialistas a ameaçar-nos, mas os inimigos da autonomia não se podem esquecer que os Açoreanos sabem ler e que levam a sério a defesa na consolidação da sua autonomia política, administrativa e financeira. O Diretor Sebastião Lima diretor@jornaldapraia.com n

José Ventura*

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azões do texto, prendem-se sem dúvida e, ainda à afronta do PSD (P) quanto à exclusão de um representante social democrata na lista para o Parlamento Europeu cujo “plebiscito”, terá lugar por cá, no próximo dia 26 de Maio (dia maior para os açorianos e em particular para os açorianos micaelenses) as Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres. “Xingar” em Rui Rio, (presidente do PSD), em Fernando Negrão líder parlamentar do mesmo partido) ou Paulo Rangel (cabeça de lista às eleições para o PE) seus compinchas e companheiros, não o faremos, porque como pessoas educadas, não nos ficaria bem ofender, ou insultar conforme o significado da palavra. Esquecer, perdoar? Isso não…para bom entendedor “há mar e mar… há ir e voltar” visando outro sentido, um outro meio, vasto e desconhecido, e também perigoso, onde é preciso ter cautela. Ressabiados de prepotência por parte dos poderes institucionais em Portugal, o chamado de Estado e suas componentes, muitas surpresas temos tido por parte de quem nos olha com a superioridade do “continental” do senhorio feudal de ontem e do colonizador hoje. Quanta falta nos faz o conhecimento da nossa História, da História dos Açores cantada pelos nossos poetas e escrita pelos nossos escritores (explicitando ambos os sexos). No tempo e, ainda mais recente, assistimos a afirmações e a acções vindas do poder central e dos seus “maiores” a que não nos calamos e, aqui nestas páginas, repudiamos frontalmente na defesa da honra do povo que amamos, e queremos no respeito pela Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, ser o “dono dos seus destinos”. Entretanto, dói no nosso íntimo, re-

conhecer que a muitos dos açorianos que passaram pela via política açoriana, se deve o ostracismo da luta da “Livre Administração dos Açores pelos Açorianos” o reconhecimento da divisa que realçada no brasão de armas da Região, de “Antes morrer livres que em paz sujeitos”. Após o 25 de Abril já presenciamos vários “baptizados e crismas” do regime autonómico dos Açores já foi “tranquila”, “progressiva” e mais recentemente de “inactiva” tirando uma ou outra situação pontual que, num rasgo de arrependimento por omissão, surge uma ou outra contestação aos DDT. Portugal nunca teve um ideário político da Autonomia Açoriana, no seu quadro partidário (partidos constitucionais portugueses). Desde os representados na Assembleia Constituinte 1976, até à Legislatura actual, a XIII. Referindo Portugal, naturalmente o fazemos ao Estado Português independentemente das cores que do mesmo fazem parte. Fossem, ou sejam eles laranja, rosa, azuis, vermelhos, verdes ou cor de burro quando foge. Dos Presidentes da República e já lá vão “sete magníficos” os três primeiros pouco mexeram com as nossas “miudezas” já os outros quatro não estiveram tão sossegados. Mário Soares ainda não presidente, tentou dividir para reinar em relação aos Açores quando perguntou aos açorianos da Terceira se preferiam ser governados por S. Miguel, ou pelo Terreiro do Paço. Em 1986, como Presidente da República, vetou alterações ao Estatuto Político dos Açores que versavam precisamente a obrigatoriedade de a bandeira da Região Autónoma ser hasteada nos quartéis e nas instalações do Estado nos Açores. Como consequência Mota Amaral e os membros do seu governo, receberam-no em visita oficial de óculos escuros e gravatas pretas como sinal de protesto e, (por aí ficaram). Em declarações públicas o Comandante Militar nos Açores, em Janeiro 2009 disse não conhecer em profundidade o novo Estatuto Político-Administrativo dos Açores, (santa ignorância, deixai-nos escrever) sendo peremptório na afirmação de que a bandeira da região não flutuaria nas instalações militares existentes no

arquipélago. O que, ainda hoje sucede sem qualquer reacção ou protesto por parte dos políticos representantes do Povo Açoriano. Jorge Sampaio, no seu consulado republicano, numa das suas visitas aos Açores e, durante uma intervenção na nossa Catedral do Ensino nos Açores a UA, afirmou que os Açores já tinham de Autonomia quanto bastasse, como a dar a entender que os açorianos não tivessem a “leviandade” de quererem mais ou, aqui para nós, a total liberdade da autodeterminação dos Açores pelos açorianos. Cavaco Silva interrompe as suas férias em terras do Algarve, para falar aos portugueses da pouca vergonha dos açorianos serem adjectivados no Estatuto dos Açores de Povo condição vetada pelo TC e, para ele Presidente da República, crime de lesa-pátria. Mais recentemente, a 10 de Junho de 2018 tivemos Marcelo Rebelo de Sousa reafirmando o antigo slogan de “Aqui também é Portugal” depois de afirmar não ser oportuno qualquer revisão constitucional, que permita o aprofundamento da autonomia bem assim a criação de partidos regionais. Invade-nos com um contingente militar considerável, dá instruções de armas às crianças e, limpa os arredores da “festa” de todos os símbolos dos Açores só engolindo, passe a expressão, a presença das individualidades representativas do que teimam chamar de Região. E hoje, ficamos por aqui continuando na próxima semana na análise à forma como os responsáveis políticos açorianos, lidaram com o acima explanado, versando a actuação partidária das sucursais portuguesas, apelidadas de Açorianas. O nascimento de um PPDA que teve pouca duração e, bem assim como lidaram as forças políticas que invadiram os Açores autoproclamando-se açorianas. O aparecimento do PDA um partido nado e criado nos Açores e que por diversas circunstâncias o levaram à sua extinção pelo Tribunal Constitucional. Conheçam os nossos leitores o que o Partido Democrático do Atlântico propunha para o nosso Arquipélago. Até lá, haja saúde. (*) Por opção, o autor não respeita o acordo ortográfico. n

PHOTO ARK, UMA MISSÃO DE VIDA

H

Joana Leal

á pouco tempo estive em Lisboa a visitar a exposição “Photo Ark” de Joel Sartore. Esta exposição da National Geo-

graphic é a mais visitada em todo o mundo. Decerto já ouviram falar dela pois é muito divulgada em alguns canais de televisão. Mas será que a publicidade efetuada é fiel à experiência de estar “dentro da arca”? Hoje vou dar-vos a minha perspetiva sobre o que se pode encontrar na referida exposição e as reflexões que se devem transpor para o nosso presente. Num ambiente de “labirinto-miniatura” somos envolvidos pelo calor das telas pintadas nas paredes ex-

postas. Há um sol distante, abraçado às sinuosas formas dos animais africanos e asiáticos lá pintadas. Sente-se uma luz emergente, de cor pálida como o azul do céu. Todas as pinturas nos transportam para a natureza, o oxigénio e a biodiversidade do ecossistema. Há muitas cores misturadas e tal como as tintas as emoções saltam para o papel e as mais básicas aspiram tocar-nos…imediatamente cria-se uma relação com aquelas espécies magníficas que são essenciais (Continua na página seguinte)


JP | OPINIÃO

2019.04.26

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CRÓNICA DO TEMPO QUE PASSA (L)

ABRIL QUE FLORIU MAIO O 25 de Abril de 1974 foi uma data inédita que espantou e maravilhou toda a Comunidade Mundial. Aconteceu há quarenta e cinco anos.

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António Neves Leal

. Passou ontem, mais um aniversário sobre a mais bela efeméride dos portugueses, o Dia da Liberdade – sonho e desiderato de um povo, que soube ser grande e até num gesto sublime dos seus melhores filhos, teve o condão de oferecer, nas mãos dos soldados, cravos rubros, pela entrega da liberdade, a florida dádiva tão desejada. O 25 de Abril de 1974 foi uma data inédita que espantou e maravilhou toda a Comunidade Mundial. Aconteceu há quarenta e cinco anos. Pela primeira vez, um país era libertado não pelos tiros das metralhadoras, mas pelas flores de Abril que originariam Maio, a segunda grande efeméride, que dentro de dias, será celebrada em inúmeros países deste nosso planeta. O 1º de Maio em que serão evocados os heróis da causa operária, e da sua intrépida luta, os seus sacrifícios, a sua sublime doação até à imolação por aquilo que de mais nobre existe no ser humano: a dignidade e a solidariedade. Comemorar estas duas datas é um dever sagrado de todos os democratas, de todos os amantes da liberdade, de todos os trabalhadores. É um acto da mais elementar justiça lembrar os protagonistas que melhor souberam encarnar os sentimentos mais profundos do seu povo e / ou dos seus companheiros de ofício. Foi o que fizeram os gloriosos militares de Abril, ao som da canção de Zeca Afonso, Grândola Vila Morena, naquela memorável manhã de reconciliação de uma nação destroçada por uma injusta e execrável guerra

colonial, por um clima de suspeição generalizada, por uma informação estrangulada, por um medo imobilizador e carrasco, por ameaças de fortes prisionais, censuras, pides e tantas outras mazelas vis e hediondas, que é preciso registar no basalto e relembrar aos mais jovens e à memória embotada ou cansada dos mais idosos. Recordar Abril é, também, manifestar o nosso preito de homenagem não apenas aos briosos Capitães do MFA (Movimento das Forças Armadas), mas a muitos outros heróis civis que, paulatinamente e numa luta anónima de anos, meses e dias infindáveis, propiciaram a germinação dessa força vivificadora e criadora, por excelência, da nossa liberdade. Refiro-me aos poetas, aos escritores e artistas que, em condições, tantas vezes difíceis, de castração intelectual e de privações económicas indizíveis, souberam, apesar de tudo, alimentar ao longo de 48 anos a chama da Democracia, da Liberdade e da Solidariedade. Os escritores portugueses, sobretudo os do neo-realismo, foram os grandes cabouqueiros de toda a transformação mental que permitiu a eclosão do movimento dos capitães. Foram eles ainda que melhor compreenderam e aplicaram, na prática diária, as influências vindas de além- Pirenéus, na sequência dos exemplos oriundos do movimento de resistência dos «maquisards» contra o invasor nazi ou fascista, especialmente na França, na Itália e em Espanha. Homens influentes das letras como os franceses Louis Aragon e Paul Éluard ou o espanhol Federico Garcia Lorca foram pedras angulares da emancipação dos seus povos, bem como um alento e uma lição a seguir para muitos outros. É de mencionar, ainda, os arautos das clandestinas emissoras «A Voz da Liberdade, emitindo de Argel e da Rádio Portugal Livre, a partir de Pra-

ga, na então Checoslováquia (hoje República Checa), que no estrangeiro mantinham acesa a chama da Esperança de um novo porvir, e outros órgãos de informação, como a BBC de Londres, diariamente escutada com a máxima atenção. De salientar também as publicações clandestinas ou semiclandestinas, lidas com avidez e que tiveram enorme influxo para alicerçar o 25 de ABRIL. Como se vê, o feito que ocorreu ontem não foi apenas um golpe de Estado, como pretendem alguns detractores ou saudosistas do salazarismo, que utilizava rituais fascistas e hitleristas como na Mocidade Portuguesa que disso era cópia fiel. O 25 de ABRIL foi muito mais do que isso. Foi o levantamento de todo um povo que veio em massa para a rua, contra as próprias recomendações e apelos do MFA, e se abraçou, repartindo alimentos aos soldados libertadores. Um povo que exultando e chorando de alegria, após quase cinco décadas de cativeiro político, reconquistou a sua honra. Um povo que gritou até mais não poder: o povo unido jamais será vencido! E o povo está com o MFA! Um povo que assistiu ao regresso de muitos dos seus melhores filhos alguns dos quais, infelizmente, mais tarde esqueceram ou traíram o seu próprio passado de exílio ou desterro, renegando-se a si próprios. 2. Hoje, porém, olhando à nossa volta quase já não vemos a beleza desses dias memoráveis. A ingratidão nunca foi o nosso forte, mas há bastos motivos para o desencanto recente que se vive na república de Abril, onde os cravos murcharam e o desencanto progride de forma preocupante entre os portugueses. O Estado Social que edificámos, após o 25de Abril, corre hoje sério risco. Em vez de se aproveitar as energias e resolver os graves problemas do País, passa-se o tempo em futilidades, folhetins, «fake news» (falsas notícias), invencionices, mexeriquices ou mentiras descaradas.

Os escândalos jorram abundantemente, conspurcando não só os políticos desonestos, corruptos, hipócritas, mas também a imagem da democracia e da república que muitos dizem servir. Leia-se servir sim, mas para dela retirarem prebendas e régias regalias para eles, para os amigos e familiares mais próximos. Veja-se como a endogamia actual se infiltra na governação e o despudor com que alguns políticos a aceitam. Com tais dinastias e posturas, era melhor que Portugal voltasse à Monarquia. Ganhava-se em eficácia política, diminuía-se o número de cortesãos e as despesas, e assim reduzia-se o número dos comensais, o défice e a despesa pública. Por este caminho pedregoso para onde iremos? Eis a questão basilar e oportuna. O domínio da economia e da finança pelos agentes do neoliberalismo, o avanço crescente de forças antidemocráticas, o endeusamento do mercado livre levaram à desregulação da sociedade, destruindo instituições de defesa e de protecção dos m ais fracos. A chamada, impropriamente, dívida soberana tem sido um excelente instrumento para o poder financeiro não democrático ditar as suas regras e condicionar as escolhas dos povos e das sociedades. Tudo se faz para denegrir o serviço público e seus agentes, em benefício do sector privado, como no tempo do Salazar em que muitos funcionários e professores do ensino primário tinham vergonha de dizer que trabalhavam na função pública, mas nunca se vergaram nas suas convicções nem abandonaram o serviço, apesar de tudo. Hoje, cada vez mais avoluma-se a distância entre os que possuem muito e os que pouco ou nada têm. Os políticos não são os únicos responsáveis pelo que se vive. A sociedade civil e a responsabilidade de cada cidadão são determinantes. Chegou o tempo de discutir para agir.

atividades consideradas desportivas que são cruéis para os animais, pensar bem se “aquele casaco de pele de leopardo” fará um bem maior a um maior número de seres (utilitarismo) ou se de facto é só um capricho pessoal e social (quantos animais são mortos pela vaidade de alguns?) que, falando cruamente, apenas reflete o poder económico, o estatuto social e a futilidade intrínseca. Olhar nos olhos daqueles animais e sentir as suas emoções é intenso por nos sentirmos senhores num mundo em transformações. Sente-se o peso da responsabilidade e sente-se a responsabilidade pesar. Há que fazer alguma coisa para parar com a destruição dos habitats de tantas espécies em todo o planeta. Não podia concluir a minha apreciação sem antes dignificar o animal humano por detrás, e por dentro, da

arca: o fotógrafo Joel Sartore. Este homem integrou o objetivo de fotografar cerca de 12 mil espécies que vivem em cativeiro nos jardins zoológicos e aquários de todo o mundo, com a intenção sublime de alertar para a importância da proteção da biodiversidade. Tal como Noé, na sua arca, abençoado por Deus, este homem acredita que a sua missão de vida passa por sensibilizar as pessoas que “entram na sua arca” para a proteção e conservação ambiental. Através da beleza dos animais vivos, espelhada nas fotografias, o fotógrafo convida-nos a entrar num mundo de maior consciência, munido de decisões e mudanças urgentes no nosso quotidiano nas escolhas de todos nós. Seguindo os seus passos, cada um pode e deve fazer a diferença.

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PHOTO ARK, UMA MISSÃO DE VIDA (Conclusão da página 12)

também à nossa sobrevivência. Num piscar de olhos, já não estamos nesse mundo, pois defronte de nós, há uma realidade medonha: a indústria, os interesses económicos e a poluição estão a assassinar o que resta destas espécies. Ou melhor, o ser humano por detrás destas ações/ atitudes está a destruir outros seres! É muito triste saber, cientificamente, que alguns dos animais representados no Photo Ark são os últimos exemplares da sua espécie e que alguns só existem mesmo em cativeiro ou nos jardins zoológicos. Alguns deles inclusivamente já se encontram extintos, como é o caso do coelho anão. Estima-se que metade das espécies do planeta possam desaparecer até

2100. É preocupante e desolador. Se o ser humano nada fizer em contrário as crianças de hoje e as do futuro tornar-se-ão culturalmente empobrecidas, para sempre incompletas, e ficarão sem compreender quem foi “o rei leão” e tantas outras personagens de filmes infantis que fizeram as delícias de outras eras. Sabia que, em África, a caça ilegal e a utilização dos ossos do leão para a medicina tradicional estão a ameaçar a sobrevivência deste animal? Sabia que este felino está neste momento em vias de extinção? É importante sabê-lo porque ainda vamos a tempo de mudar o rumo da história. Mas para isso cada um de nós tem de querer mudar pequenas grandes coisas. Reduzir, reutilizar e reciclar, por exemplo. Reduzir o uso diário do automóvel, o consumo excessivo da carne, acabar com

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14 |

MARÉ DE POESIA | JP

2019.04.26

S

egundo pesquisas realizadas é notório verificar que a poesia em Portugal a partir da Revolução dos Cravos teve um impulso maior e um aumento de poetas deste género literário. Foram muitos os poetas portugueses que escreveram sobre as ideias de liberdade e solidariedade, contra

a ditadura, entre eles José Carlos Ari dos Santos, José Fanha, Manuel Alegre e Sérgio Godinho. Hoje conseguimos escrever e partilhar ideias fruto de uma conquista, pelo que trazemos nesta edição um hino à liberdade sentida por cada poeta ou poetisa na sua visão do tema.. n

Liberdade! Vallda Foram anos nesta luta, até hoje meu passado, pedregulhos num asfalto d’estradas sinuosas. Cravos não! Eram rosas, no cano, espinhosas à mercê da falsa fé, destruindo meu legado! Não aprovo, nem reprovo! Livre passe, sanidade! Não m’elevo, nem m’afundo neste canto ilusório, se refém de muita lábia, idealizei meu território e sem que eu pudesse, ter por perto, a liberdade. Fui liberta por um poema, por amor e teimosia e por palavras, sentimentos, emoções à revelia que da alma minha, aboliram, vil, a escravatura! Ergui a haste, atormentada, exigindo imposição fui sempre a “affair” da mais sublime revolução no meu abril que, surreal, recambiou a ditadura!

A LIBERDADE!... Fernando Mendonças A liberdade é um direito de todos os seres humanos, para realizarem as suas escolhas e determinarem suas opções de vida! A declaração universal dos direitos humanos comtempla o direito à liberdade! Lindas frases partilhadas Pelos que são governantes! Nas promessas que são dadas Para todos os votantes!...

Liberdade é um bem estar Que se dá… Não que se peça! Mas que deve terminar Quando a do outro começa!

Escritas por convenções Em perfeita unicidade! Até mesmo por nações Que entravam a liberdade…

É tão bela a liberdade Mas sua sorte lamento! Só a sinto de verdade... Na raiz do pensamento!

Só em sonhos Rosa Silva (“Azoriana”)

Na mente ainda ouço O som do golpe de Estado, Na rádio do meu passado Do tempo vago e tão moço. «Vila Morena» no troço Do povo todo armado E de vitória gravado Nos cravos do alvoroço.

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Data do povo que ordena O rumo da nova cena Num grito de Liberdade. “Em cada rosto igualdade” Heróis de promessas mil: Vozes do Cravo de Abril!

Ser livre! Brazídio César É viver um inverno em primavera; É ser o sol em dias de chuva; É gritar ao mar, as angústias em terra; É vergar no ser de ser entre as injustiças! Ser livre! É gritar em silêncio a felicidade; É ser transparente como água; É dizer não e sim como resposta; É ter vontade própria, de ser livre! Ser livre! É ser luz, na escuridão; É ser um abraço inesperado; É ser agressivo na alegria da alma.

Ecdise Sandra Fernandes Quero despir esta minha pele, esta minha imagem que me impuseram quando nasci e eu nem queria! Quero ser livre, leve brisa, uma suave aragem, Cansei-me de ser sempre a força da ventania. Preciso ser eu a provar toda a maciez, do conforto de um colo aconchegante! Suplico, nem que seja por uma única vez, quero ser guardada e querida como um diamante. Quero dormir em leito de pétalas de calma e harmonia, embalada por sussurros cálidos , como xailes de lã, e ao acordar, ver despontar quente, tão sonhado dia, no qual, teus olhos, são raios de sol anunciando a manhã. Preciso deixar entrar em mim, com urgência, novo alento. Encontrar-me nesta selva de pensamentos obstinados. Deixar para trás, sepultando, bem fundo, o meu lamento, reiniciar a vida, sem sentimentos em mim gravados… Quero ser fio de água fresca, correndo como quem desliza sobre as pedras dum riacho, de destruição ainda casto. Preciso ser serpente, despojada da pele que não precisa, admitindo como humana que sou, que estou só, e não me basto.

… Jorge Morais

FICHA TÉCNICA: COORDENAÇÃO: Carla Félix

no meu peito sangra arma enferrujada que sem a flor não serve para nada cravo vermelho outrora simbolizando liberdade hoje flor que no quintal cresce nada remanesce para alem de bonina de verdade Grândola perdida quiçá não esquecida por uma voz cantada quis zeca que fosse imortalizada e que já nada tem a ver com terras de fraternidade

COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Brazídio César Fernando Mendonça Jorge Morais Rosa Silva Sandra Fernandes Vallda PAGINAÇÃO: JP As participações aqui presentes são da responsabilidade dos poetas/ poetias. Para participar envie o seu poema para maredepoesia@jornaldapraia.com.


JP | INFORMAÇÃO

2019.04.26

AGENDA DESPORTIVA

HOJE (26/04)

32.ª JORNADA | 28.04.2019 Amora FC

-

Sp. Ideal

Pinhalnovense

-

VG Vidigueira

Moura

-

Armacenenses

Real

-

Sacavenense

Redondense

-

Olhanense

1º Dezembro

-

Casa Pia

Olímpico Montijo

-

Oriental

SC Praiense

-

Angrense

Louletano

-

Ferreiras

33.ª JORNADA | 05.05.2019 Armacenenses

-

Angrense

Ferreiras

-

Pinhalnovense

Casa Pia

-

Amora FC

VG Vidigueira

-

Real

Sp. Ideal

-

Moura

Redondense

-

Louletano

Olhanense

-

1.º Dezembro

Sacavenense

-

Olímpico Montijo

Oriental

-

SC Praiense

CAMPEONATO DOS AÇORES SEGUNDA FASE GRUPO PROMOÇÃO

8.ª JORNADA | 28.04.2019 CD Rabo Peixe

-

GD Fontinhas

Marítimo GRA

-

C Operário D

9.ª JORNADA | 05.05.2019 C Operário D

-

CD Rabo Peixe

SC Lusitânia

-

Marítimo GRA

GRUPO MANUTENÇÃO

8.ª JORNADA | 28.04.2019 Águia CD

-

Graciosa FC

SC Guadalupe

-

Vitória FC

9.ª JORNADA | 05.05.2019 CD Cedrense

-

SC Guadalupe

Vitória FC

-

Águia CD

CAMPEONATO DA ILHA TERCEIRA

20.ª JORNADA | 28.04.2019 Boavista CR

-

JD Lajense

SC Vilanovense

-

SC Barreiro

VOLEIBOL NACIONAL DA II DIVISÃO SEGUNDA FASE SÉRIE “PRIMEIROS” SENIORES FEMININOS

10.ª JORNADA | 27.04.2019 SC Espinho

-

Vitória SC

ADRE Praiense

-

CD Aves

AA São Mamede

-

Sporting CP

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

SEXTA (26/04)

FUTEBOL CAMPEONATO DE PORTUGAL SÉRIE “D”

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SÁBADO (27/04)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

DOMINGO (28/04)

01 MAI Estrada Municipal Fontinhas Tourada tradicional Casa Agrícloa José Albino Fernandes 18:30 - 21:00

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

SEGUNDA (29/04)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

25 MAI Poço da Areia Santa Cruz Tourada não tradicional António Lúcio Ferreira 18h30 – 21h00

TERÇA (30/04)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

QUARTA (01/05)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

Fontes: CMPV

QUINTA (02/05)

NE: Anuncio a sua tourada no Jornal da Praia geral@jornaldapraia.com

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MISSAS DOMINICAIS NO CONCELHO

CINEMA SHAZAM Local: Auditório do Ramo Grande Hora: 21:30* Classificação: M/12 * Sessão também no sábado, 27, à mesma hora.

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

SÁBADO (27/04)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

SEXTA (03/05)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

SÁBADO (04/05)

SÁBADOS

DOMINGO (05/05)

15:30 - Lajes; 16:00 - Fontinhas (1) ; 16:30 - Casa da Ribeira; 17:00 - Cabo da Praia; 17:30 - Matriz Sta. Cruz; 17:30 - Vila Nova; 18:00 - Fontinhas (2); 18:00 - São Brás; 18:00 - Porto Martins; 18:00 - Sta Luzia, BNS Fátima; 18:00 Quatro Ribeiras; 19:00 - Lajes; 19:00 - Agualva; 19:00 - Santa Rita; 19:00 - Fonte do Bastardo; 19:30 - Biscoitos, IC Maria (3); 19:30 - Biscoitos - São Pedro (4)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

SEGUNDA (06/05)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

TERÇA (07/05)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

QUARTA (08/05)

Enquanto há catequese; (2) Quando não há catequese; (3) 1.º e 2.º sábados; (4) 3.º e 4.º sábados

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

DOMINGOS

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

(1)

08:30 - São Brás; 09:00 - Vila Nova, ENS Ajuda; 10:00 - Lajes, Ermida Cabouco; 10:00 - Cabo da Praia (1); 10:00 - Biscoitos, S Pedro; 10:30 - Agualva; 10:30 Casa Ribeira (1); 10:30 - Santa Rita 11:00 - Lajes; 11:00 - São Brás; 11:00 - Cabo da Praia (2); 11:00 - Porto Martins; 11:00 - Casa da Ribeira (2); 11:00 - Biscoitos, IC Maria; 12:00 - Vila Nova; 12:00 - Fontinhas; 12:00 - Matriz Sta. Cruz (1); 12:00 - Quatro Ribeiras; 12:00 - Sta Luzia; 12:15 - Fonte Bastardo; 12:30 - Matriz Sta. Cruz (2); 13:00 - Lajes, ES Santiago; 19:00 - Lajes; 19:00 - Matriz Sta. Cruz (3); 20:00 - Matriz Sta. Cruz (4))

Missas com coroação; (2) Missas sem coroação; (3) De outubro a junho; (4) De julho a setembro (1)

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QUINTA (09/05) DESPORTO IV TRIATLO ILHA TERCEIRA Local: Baía de Angra Hora: 15:00

BISCOITOS Posto da Misericórdia ( 295 908 315 SEG a SEX: 09:00-13:00 / 13:00-18:00 SÁB: 09:00-12:00 / 13:00-17:00

DOMINGO (28/04) CINEMA AMMORE E MALAVITA Local: Recreio dos Artistas Hora: 18:00 Classificação: M/12

VILA DAS LAJES Farmácia Andrade Rua Dr. Adriano Paim, 142-A ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-18:30 SÁB: 09:00-12:30

NOTA:

VILA NOVA

Esteja na nossa agenda cultural. Envio

Farmácia Andrade

toda a informação do seu evento para geral@jornaldapraia.com, com pelo menos 15 dias de antecedência do mesmo.

Caminho Abrigada ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-12:00 / 16:00-18:00

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Farmácias de serviço na cidade da Praia da Vitória, atualizadas diáriamente, em: www.jornaldapraia.com


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