Jornal da Praia | 0542 | 12.04.2019

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QUINZENA

12 A 25.04.2019 Diretor: Sebastião Lima Diretor-Adjunto: Francisco Ferreira

Nº: 542 | Ano: XXXVI | 2019.04.12 | € 1,00

QUINZENÁRIO ILHÉU - RUA CIDADE DE ARTESIA - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA - ILHA TERCEIRA - AÇORES

www.jornaldapraia.com

ORGANIZAÇÃO DA TTP

III GALA DA TAUROMAQUIA PRAIENSE DESTAQUE | P. 8 E 9

INICIATIVA OLHAR POENTE

“ENGENHARIA DO SER” II EDUCAÇÃO | P. 7

A AFRONTA DE AVERSÃO E RUI RIO … AOS TRAIÇÃO À ILHA AÇORES TERCEIRA ESTE SÁBADO, NA PRAIA DA VITÓRIA:

PINTURA INTERGERACIONAL DE AZULEJO CERÂMICO

ATIVIDADE | P. 5 PUB

Por: José Ventura

Por: António Neves Leal

Enquanto os açorianos não tiverem a verdadeira “coragem” de tomarem a divisa que nos deixaram de “antes viver livres que em paz sujeitos”, continuarão a ser considerados...

Ao longo dos 43 anos de autonomia, temos observado em relação à Ilha de Jesus um sentimento doentio de inclassificável injustiça distributiva, que vem minando a economia da ilha...

OPINIÃO | P. 12

OPINIÃO | P. 13


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CANTO DO TEREZINHA / CONTO | JP

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CRUZEIROS: SIM OU NÃO? Uns dizem que sim, que é bom virem os navios cruzeiro cheios de povo para passear nas nossas ruas e comprarem alguma coisinha, sentarem-se num café a beber um cafezinho e comerem uma filhós, (e lerem o Jornal da Praia), e, se for hora do almoço, comerem um boa alcatra, e, se já estivermos na temporada, assistir a uma tourada à corda, e muitas muitas coisas mais. O pior é que vêm todos ao mesmo tempo o que produz uma grande pensão em quem tem de prestar serviços. Mas não podemos controlar os calendários das empresas de cruzeiros. É pegar ou largar. Aqui entram os que acham que a vinda de navios cruzeiro não compensa o investi-

mento. Pois é, também no século 15 houve quem dissesse que não valia a pena sair a barra do Tejo e aventurar-se pelo mar fora. E, olha, deu o que deu, e somos prova disso. Parece que há quem pense que os navios deviam atracar mais pertinho da cidade da Praia da Vitória de Santa Cruz, ali para mais chegados à ponta do Facho, para que os visitantes pudessem caminhar por seu pé até ao centro do burgo. Enfim, cada cabeça sua sentença, não é? Para tornar as coisas mais interessantes, a deslocação dos turistas, desde o Cabo da Praia, podia oferecer opções: a pé, de burro, de carroça (incluindo o Charabem) para além do autocarro. Isto em dias se-

cos, porque se a chuva se mostrar renitente em afastar-se, então terá que ser ao contrário: serão os operadores de comércio e serviços a deslocar-se ao navio... E quanto à necessidade de um cais específico para navios cruzeiro há quem pense que o melhor é desistir da ideia. Não só porque esses navios operam em destinos em que não atracam e não é por falta de cais que os deixam de escalar, mas também porque a indústria do turismo está à beira de sofrer alterações importantes, tendo em conta as alterações climáticas que nenhum poder humano pode travar. E de um mometo para o outro, de muitos navios passamos a nem sequer ‘a ver navios’.

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CONTO DO MARQUÊS DE NADA E DE COISA NENHUMA

O ILUSTRE PARRECAS

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m grande grupo de norte americanos cercava os petiscos, atraindo os olhares de todos com as suas palavras e os seus jeitos exóticos, quais criaturas extraterrestres. Aqueles estrangeiros tinham, contudo, sangue insular. Orgulhavam-se da sua bandeira com listras vermelhas e estrelas brancas e achavam engraçado dizer que eram de uma terra distante. Homens e mulheres tinham, há tempos, emigrado para os Estados Unidos em busca de prosperidade e ascensão. Filhos e netos regressavam às suas origens, admirando essa civilização remota e atrasada. Agora, os familiares e conhecidos dos americanos viam-se na obrigação de lhes fornecer habitação, comida e roupa lavada durante as férias de regresso. A senhora Maria Dolores, conhecida da família emigrada, preparara tudo para a chegada dessa gente. Fizera não se sabe quantos bolos e lavara e limpara a casa. Era um tormento preparar todos os dias as refeições para aqueles americanos sedentos de gastronomia típica. Os jovens também participavam na festa. Entre risinhos e conversas indecentes, os adolescentes tinham a necessidade de confirmar a sua mentalidade adulta. E afinal o que é ser adulto? Discutir política, identificar-se com certas ideologias, procurar o conhecimento, ser responsável, ser autónomo e começar a interiorizar certos valores e atitudes? Não, é claro que não! Ser adulto é muito mais: é poder beber cervejas e fumar cigarros. Ah! Pobres adolescentes… A ignorância impede-os de crescerem. A ignorância é como os óculos

Parte: VII (Continuação da edição anterior)

escuros: escurece a realidade e trava os raios ultravioleta da sabedoria. Porque quando procuramos o conhecimento, sentimo-nos elevados. Ser culto é poder identificar um escritor, um pintor ou um revolucionário. É poder fascinar os outros. É desenvolver um diálogo com alguém igualmente culto. É debater, é questionar, é escarnecer, é apontar, é viver todos os séculos que existiram. Ser culto é representar as personagens do Renascimento, do Maneirismo, do Surrealismo, do Impressionismo, do Cubismo e de toda a arte! É procurar saber quem foi Dante, Petrarca, Miguel de Cervantes, Camões, Jane Austen, Oscar Wilde, Kafka, Orwell, Voltaire, Kant e todos esses que nos fazem rir, chorar, pensar, revoltar e aborrecer! O conhecimento é poder dizer: não gosto, gosto, detesto, adoro, discordo e concordo! Ser culto é como uma influência de tudo o que foi feito. Mas o maior culto é aquele que olha para o passado com admiração e consegue criar no futuro o novo, o moderno, o único e o revolucionário. O maior culto é aquele que transporta o trabalho dos outros e consegue criar o seu. Ser culto é pintar, é escrever, é cantar, é representar ou apenas ter a habilidade de estimar toda a arte. Enfim, ser culto é dizer que o que aqui está escrito não vale nada, porque já foi feito muito melhor. O neto da Maria Dolores, jovem cuja auto-estima é irritantemente assustadora, tecia conversas e diálogos ignorantes. Não é que o futebol fosse um desporto ignorante, mas a verdade é que é um desporto, maioritariamente, admirado por ignorantes. Essa estu-

pidez de torcer por um clube é injustificável. Mas afinal o que distingue uma cor da outra? Não há ideologias ou pensamentos diferentes. No fim de contas, adeptos e fervorosos admiradores acabam na discussão sem saberem porquê. Talvez discutam entre si porque a equipa daquele é melhor do que a do outro. Mas porquê? Porque sim! Porque gosto mais do meu! E é este pensamento circular que criou o negócio do futebol. Para além do mais, os admiradores deste desporto têm o atrevimento de apelidá-lo de arte. Sabem que é uma atividade tão baixa que têm a necessidade de elevá-la ao estatuto de arte. Desprezam a pintura e a escrita, mas reconhecem que são fruto de uma intensa produção intelectual, e por isso, acham que o futebol é arte, uma vez que são burros ao ponto de darem aplausos a um merda qualquer que dá uns toques na bola. É por isso que a verdadeira arte morre. Será que podemos concluir que arte é algo elitista? Este jovem tentava impressionar os seus amigos com o seu amplo conhecimento futebolístico, fruto de um intenso período assistindo análises frívolas do desporto em medíocres programas de televisão. Falava muito alto e com termos impróprios e obscenos, impressionando crianças que por ali passavam. Ouvindo o que os adolescentes diziam, os rapazinhos insultavam as meninas com o seu novo vocabulário. Esse neto da senhora Dolores fazia parte do círculo de amigos do jovem Parrecas. Nesse dia de festa, o grupo conversava sobre os temas mais comuns, nos quais o Parrecas tam-

bém participava, afinal, um génio não pode ocupar-se somente dos assuntos intelectuais. São as conversas dos outros que lhe fazem lembrar que nem todos podem ser como ele. Para além dessas conversas triviais, como o futebol e as corridas de toiros, os jovens tinham algo em que falavam em comum, sem exceção: raparigas. Sim, raparigas. Miúdas com corpos de mulheres que enfeitiçam corações. E ali estava ela, a paixoneta do ilustre Parrecas. A Musa a quem os cantos de Camões são dedicados. Deusa de perfil grego, que supera as mulheres de Petrarca. Pele torrada do sol das férias. Cabelos cor de avelã, qual mar de inverno revoltado. Vestes delicadas que teimam em fugir do corpo, tudo fruto de uma imaginação erótica. Olhos expressivos, como um esboço em tinta da china. Pele pintada pelas tintas de Cézanne. Maçãs do rosto esculpidas pelas mãos de Canova. A rapariga era o resultado de todas estas palavras e mais algumas. Ah! Que beleza ilimitada! Mas qual mente descuidada. É claro que quem perde muito tempo a cuidar da imagem, acaba por não conseguir desenvolver o intelecto, já dizia Oscar Wilde: “(…) a verdadeira beleza, acaba onde a expressão intelectual começa.” Mas também isso não era problema algum. Para o Parrecas, a melhor mulher é aquela que se deixa dominar. É aquela que opta pela submissão e desiste do conhecimento. É aquela que não questiona e resigna-se à sua ignorância. Era, no fundo, a mulher perfeita. Um verdadeiro cânone a seguir. (Continua na próxima edição) n

FICHA TÉCNICA PROPRIETÁRIO: Grupo de Amigos da Praia (Associação Cultural sem fins lucrativos NIF: 512014914), Fundado em 26 de Março de 1982 REGISTO NA ERC: 108635 FUNDAÇÃO: 29 de Abríl de 1982 ENDEREÇO POSTAL: Rua Cidade de Artesia, Santa Cruz, Apartado 45 - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA, Ilha Terceira - Açores - Portugal TEL: 295 704 888 DIRETOR: Sebastião Lima (diretor@jornaldapraia.com) DIRETOR ADJUNTO: Francisco Jorge Ferreira ANTIGOS DIRETORES: João Ornelas do Rêgo; Paulina Oliveira; Cota Moniz CHEFE DE REDAÇÃO: Sebastião Lima COORDENADOR DE EDIÇÃO: Francisco Soares, CO-1656 (editor@jornaldapraia.com) REDAÇÃO/EDIÇÃO: Grupo de Amigos da Praia (noticias@jornaldapraia.com; desporto@jornaldapraia.com); Rui Marques; Rui Sousa JP - ONLINE: Francisco Soares (multimedia@jornaldapraia.com) COLABORADORES: António Neves Leal; Aurélio Pamplona; Emanuel Areias; Francisco Miguel Nogueira; Francisco Silveirinha; José H. S. Brito; José Ventura; Nuno Silveira; Rodrigo Pereira PAGINAÇÃO: Francisco Soares DESENHO NO CABEÇALHO: Ramiro Botelho SECRETARIADO: Eulália Leal LOGÍSTICA: Jorge Borba IMPRESSÃO: Funchalense - Empresa Gráfica, S.A. - Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, 50 Morelena - 2715-029 PÊRO PINHEIRO ASSINATURAS: 15,00 EUR / Ano - Taxa Paga - Praia da Vitória - Região Autónoma dos Açores TIRAGEM POR EDIÇÃO: 1 500 Exemplares DEPÓSITO LEGAL: DL N.º 403003/15 ESTATUTO EDITORIAL: Disponível na internet em www.jornaldapraia.com NOTA EDITORIAL: As opiniões expressas em artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do jornal e do seu diretor.

Taxa Paga – AVENÇA Publicações periódicas Praia da Vitória


JP | NECROLOGIA / OPINIÃO

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FALECIMENTO DO SR. SEBASTIÃO COELHO RIBEIRO

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aleceu no dia 13 de Março de 2019, no Canadá, Sebastião Coelho Ribeiro, natural do Porto Martins, concelho da Praia da Vitória, que emigrou para o Canadá, British Columbia, cidade de Kitimat, acerca de 65 anos para se ver livre das servilidades fascistas, para ter o direito de falar e pensar livremente. Sebastião Coelho Ribeiro, assinante deste Jornal, nasceu a 01-10-1927, no Porto Martins, filho de Manuel Coelho Ribeiro e Augusta da Costa PUB

Nogueira, sendo afilhado do Professor Doutor Sousa Júnior. O pai do falecido, Manuel Coelho Ribeiro, foi Director, Proprietário e Editor do Jornal “A Voz da Praia”, Jornal Republicano, que foi fundado em 1926, na então Vila da Praia da Vitória, e baluarte da luta contra a tirania fascista que se tinha instalado em Portugal e por este atroz governo encerrado.

de grande prestígio, aliás na esteira do seu padrinho, sempre se opôs ao fascismo do Estado Novo, que tiranizou o povo Português durante várias décadas, defensor acérrimo do socialismo democrático, defendendo uma sociedade justa e solidária para todos. Sempre esteve pronto a defender os deserdados, os humildes e os pobres, pugnando para que melhorassem o seu modo de vida.

Sebastião Coelho Ribeiro, homem Amigo incondicional dos seus amigos, nunca esqueceu as suas origens de que se orgulhava pertencer, respeitado e acarinhado por todos os seus conterrâneos, que estavam sempre em primeira linha nas suas prioridades, a fim de salvaguardar os justos direitos de cada um.

Sebastião Coelho Ribeiro, foi um autodidata e fervoroso leitor da obra do José Saramago, de quem se considerava fã. O Porto Martins, o concelho da Praia da Vitória, está mais pobre, e profundamente triste, ao perder tão ilustre filho de que tanto se orgulhava, mas “os mortos são felizes porque andam longe da forma humana, onde há o mal, pela grande Natureza santa, onde só há o bem, na pureza, na serenidade, na fecundidade, na força”. À família enlutada, a Direcção do Jornal da Praia, apresenta os seus mais profundos e sinceros pêsames.

O Diretor do JP n

AS TOURADAS, E OS DIREITOS DO HOMEM E DOS ANIMAIS Por: Francisco Medeiros

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stou na Terra das Touradas, e estas, são de facto o maior divertimento que se faz todos os anos em toda a Ilha Terceira. Normalmente, as Touradas estão ligadas à Festas dos Padroeiros das Freguesias e são entre outros festejos, um complemento daquelas. São centenas de pessoas, por as vezes milhares de toda a ilha, que convergem para cada Freguesia onde se realizam as Touradas. que são feitas de tarde se permitindo assim a presença de que um maior número de pessoas, Em cada Tourada são corridos quatro touros com intervalos devidamente assinalados com foguetes e duram pouco mais de duas horas com uns intervalos, permitindo assim a com- fraternização de amizades de toda a ilha, a que passaram a chamar o quinto toiro? Para a sua realização são constituídas comissões que ultimamente tem integrado homens e mulheres. Estas comissões têm o dever de licenciar-se, junto das autarquias, e das entidades policiais, para que tudo decorra com a maior segurança possível. Um pormenor interessante é uma caução depositada na Autarquia, destinada à limpeza de todo o percurso onde se realizou o arraial: Eu próprio constatei que no dia seguinte parece que ali não se passou nada. Há brio por parte das comissões para que assim aconteça. Para proteção dos espectadores os touros não estão “em pontas”, isto é, têm sempre a ponta dos chifres cobertos por algo que proporcione a proteção do espectador. Todos os proprietários ao longo do percurso do arraial protegem as suas propriedades com tapadas e armam palanques para proteção dos espectadores, seus amigos e convidados a passar por lá. No dia da tourada juntam-se familiares, alguns vindo do estrageiros, que vem de propósito para matar

saudades e assistir à Festas das suas Freguesias. É uso e costume ser o dia de visitar amigos e parentes, alguns só se encontram pelas Festas. As touradas na Ilha Terceira, datam de há seculos, no entanto um registo conhecido com data de 1622, dá como tendo a Câmara Municipal de Angra por alturas das celebrações da canonização de São Francisco Xavier e de Santo Inácio de Loiola, ter organizado uma tourada à corda. O que vem demonstrar que as corridas com touros à corda na Ilha Terceira em eventos populares já se realizavam há muito, antes daquela data. Alias touradas à corda organizadas por Instituições não é inédito nesta Ilha. Mas..., e há sempre um mas. Há gente que ultimamente, se tem pronunciado contra as touradas á corada, na Ilha Terceira. Em 14 de Abril de 1928, no Continente, foi decretada a proibição de touros de morte nas touradas de praça, que reduziu substancialmente o interesse pela Festa Brava. Pressões levaram o Governo, presidido por Salazar, a reabrir o processo. Em 29 de Abril de 1933, o ministro do Interior, Albino dos Reis, entrega o estudo da questão dos toiros de morte a uma comissão. No mesmo diploma, é autorizada a realização de duas corridas com toiros de morte, a 30 de Abril e a 7 de Maio. Talvez os últimos em Touradas de Praça em Portugal. É ainda com base naquele decreto de 14 de Abril de 1928 que alguns são contra os touros de morte em Barrancos. Em 11 de Julho de 2002, é aprovada na Assembleia da Republica, com caracter excecional autorização de eventos históricos e espetáculos com touros de morte, que sejam de atender tradições locais como expressão de cultura popular, mantido de forma ininterrupta, pelo menos, nos 50 anos anteriores. (Continua na próxima edição) n


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EFEMÉRIDE | JP

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JOSÉ LEITE BOTELHO DE TEIVE, UM FIDALGO LIBERAL HISTORIADOR: FRANCISCO MIGUEL NOGUEIRIA

trópica, tal como João Soares de Albergaria de Sousa, José Botelho de Teive lutou pelos direitos dos Açores após a revolução liberal.

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á exatos 183 anos, a 19 de abril de 1836, morria o terceirense José Leite Botelho de Teive, um combatente liberal, que se tornou fidalgo cavaleiro da Casa Real em novembro de 1817, após a subida ao trono de D. João VI. José Leite Botelho de Teive nasceu em Angra, provavelmente a 1 de janeiro de 1755. Era filho segundo do Capitão de Ordenanças Diogo António Leite Botelho de Teive e da sua esposa D. Josefa Bernarda do Canto Noronha. Criado no meio militar, José Botelho de Teive tornou-se, em 1774, alferes da Companhia de Auxiliares de Angra. Com a morte do irmão mais velho Jácome Leite Botelho de Teive, que havia sido nomeado fidalgo cavaleiro da casa real em 1752 pelo Rei D. José I de Portugal, José Botelho de Teive passou, em 1782, a administrar os vínculos familiares tanto na Ilha Terceira, como em São Miguel. No ano seguinte, a 9 de fevereiro de 1783, casou-se no oratório da casa de D. Madalena Vitória, na freguesia da Sé, com D. Genoveva Jacinta de Lacerda Borges, filha de Agostinho Pereira de Lacerda e de D. Francisca Mariana de Meneses Corte Real. Tiveram como filhos, pessoas que se distinguiram na vida pública portuguesa: Francisco Leite de Botelho de Teive, fidalgo cavaleiro da casa real e comandante do Batalhão de Milícias, José Leite Botelho de Teive, que fez a campanha Peninsular e o major Luís Leite. O alvará real de D. João VI de 20 de novembro de 1817 tornou José Leite Botelho de Teive, que morava na Miragaia, quando estava na Terceira, em fidalgo cavaleiro da casa real, muitos anos depois do irmão. Membro da Sociedade Patriótica Filan-

Francisco Borja de Garção Stockler foi convidado para governador e capitão general dos Açores em plena Revolução Liberal. A 18 de outubro de 1820, Stockler chegava à Terceira, com o intuito de manter o status quo nos Açores, fazendo com que os ideais liberais não se difundissem pelo arquipélago. Já as Cortes Constituintes queriam aproximar as novas ideias do povo. Em Angra, a 2 de abril de 1821, houve um levantamento à maneira constitucional, sob a chefia militar do antigo governador e 7º capitão-general Francisco António de Araújo, apoiado por diversas personalidades, entre elas, José Leite Botelho de Teive. Foi então criada uma Junta Provisória para o Governo da Capitania-Geral, que contava com José Leite Botelho de Teive, o capitão-general Araújo, João Bernardo Rebelo Borges, Alexandre Gamboa Loureiro, Coronel José Francisco do Canto e Castro e D. Manuel, bispo de Angra e ilhas dos Açores. Esta mesma Junta jurou obediência a D. João VI, à Igreja Católica e às Cortes Constituintes. A nova Junta Provisória determinou, por carta, a saída de Stockler da ilha Terceira. Este encontrava-se refugiado na então Vila da Praia. Afirmava-se que a segurança pública de Angra e de toda a Terceira estava posta em causa pela má conduta de Stockler e ordenava-se, por isso, a sua imediata saída da ilha, com o seu embarque para o Continente. Contudo, o ainda governador revoltou-se contra a sua demissão, iniciando uma contrarrevolução em Angra. A 4 de abril, o general Araújo foi morto e foi deposta a Junta Provisória. Stockler reassumiu o poder e iniciou-se, assim, um período de perseguições e prisões de várias pessoas suspeitas de apoiarem os ideais liberais. José Botelho de Teive foi então preso no Castelo de São João Batista juntamente com o seu filho Luís. Acabaram soltos por ordem do próprio Stockler pouco tempo depois.

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GRANDE MESTRE FATI ASTRÓLOGO / ESPIRITUALISTA

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Especializado na Astrologia e Espiritualismo, aconselha sobre casos difíceis através dos conhecimentos adquiridos em longos tempos nos Centros Espíritas. Aconselha nos problemas de amor, doenças espirituais, negócios, invejas, maus-olhados, vícios de droga, tabaco e Alcoolismo, aproximação e afastamento de pessoas amadas. Considerado um dos melhores profissionais em Portugal. E Faz trabalhos à distância. Lê a sorte. Se quer realizar e alcançar ao seu lado o que quer, contacto – BRAMA. TELM: 968 968 598 – TELF: 295 518 732

José Leite Botelho de Teive foi-se tornando um nome forte da causa liberal na Ilha Terceira, que se tinha tornado o último baluarte do Liberalismo, passando a atrair os liberais de todo o país e os que se encontravam exilados em Inglaterra e em França, entre eles o Duque de Saldanha. Vila Flor, o futuro Duque da Terceira, um fervoroso defensor do Constitucionalismo, partiu para a Ilha, sendo nomeado Capitão-General dos Açores pelo Duque de Palmela. A sua primeira ação foi terminar com as discórdias e divisões locais, aproximando a população para a defesa da causa liberal. A seguir, organizou-se a resistência aos ataques de D. Miguel. Mouzinho da Silveira era nomeado secretário militar, assim como o barão de Monte Pedral, chefe do estado-maior. Eram homens capazes e de ação. A 11 de agosto de 1829, na famosa Batalha da Praia, os Miguelistas tentaram invadir a Ilha, Vila Flor conseguiu organizar uma boa defesa, restaurando a linha de fortes da Terceira. Começava um novo ciclo de vitórias, que fariam de Vila Flor um comandante de prestígio. Os meses seguintes foram de criação constitucional, tentando definir-se a política para o futuro. Foi criada a Regência de Angra, que orientou os destinos dos liberais até à chegada de D. Pedro à Terceira. Angra era a capital da Monarquia Constitucional. A Regência emitiu várias proclamações e 65 decretos, sobretudo pelas mãos de Mouzinho da Silveira, que depois de 1834, tornar-se-iam nacionais.

MARCAÇÃO E CONSULTAS DE SEGUNDA A SÁBADO PESSOALMENTE, CARTA OU TELEFONE, DAS 8H ÀS 20H Rua de São Pedro, nº 224 – S Pedro – Angra do Heroísmo

Em abril de 1831, a Regência avançou para as restantes ilhas. Era pre-

ciso difundir o Liberalismo e trazer o restante arquipélago para a causa liberal, antes de se passar para o continente. A 12 de dezembro de 1831, José Leite Botelho de Teive, foi nomeado em ofício do Ministério do Reino, Presidente da Comissão encarregado de, na Ilha de São Miguel, contrair um empréstimo de 120 contos para as despesas nas lutas liberais. Com o apoio de D. Pedro IV, que depois de abdicar do trono português e posteriormente do brasileiro, tornou-se Duque de Bragança, chegando à Terceira a 3 de março de 1832, Vila Flor ultimou o desembarque no continente, tendo comandado os “Bravos do Mindelo”. Depois da Guerra Civil (1832/1834), o Liberalismo triunfou e José Botelho de Teive pôde assistir à vitória do lado que sempre defendera. Com D. Maria II no trono, a 19 de abril de 1836, José Leite Botelho de Teive morreu em Ponta Delgada. São as ações de personalidades como José Leite Botelho de Teive que devemos olhar e aprender. Defender o que acreditamos, não mudarmos de opinião ao “sabor da maré” só por interesse, é o que mostra os nossos valores, a nossa frontalidade, a nossa verdade. Hoje em dia não devemos ter medo de ser a minoria discordante no meio da maioria concordante. Se acreditarmos que o que pensamos é o melhor, não devemos ter medo de dizer, de gritar a “plenos pulmões”. Os grandes feitos, seja da humanidade, seja os da nossa vida, só surgem quando combatemos pelos nossos ideais e não vamos contra os nossos valores.

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JP | ATIVIDADE

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PROMOVIDO PELO PROJETO “O GU E A TITA”

PINTURA INTERGERACIONAL DE AZULEJO CERÂMICO Atividade pretende juntar crianças e adultos numa simbiose artística.

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projeto “O Gu e a Tita” é uma iniciativa privada que surgiu recentemente na Praia da Vitória, idealizado e coordenado por Sónia Borges Pimental. Consiste na organização e dinamização de atividades educativas para crianças entre os 3 e os 12 anos, em ambiente aberto e natural, na exploração de um pomar, mata, vinha e ainda espaços hortícolas. A pedagogia mais mobilizada é de Waldorf. “O Gu e a Tita” já dinamiza atividades extracurriculares, os “Sábados com Sabor a Terra” que funcionam semanalmente, em regime individual ou em grupos. Também têm sido promovidos eventos temáticos, como foi o caso do “Carnaval” e a “Festa das Flores”, registando todos grande adesão, o que para Sónia Pimentel, a deixa muito satisfeita e faz crer que está no caminho correto. “As crianças vêm felizes, gostam de participar e perguntam por próximos eventos. O público em geral mostra-se curioso, interessado e valoriza bastante o impacto que este tipo de atividade pode repercutir nas camadas mais jovens”, diz a mentora e coordenadora do projeto. Segundo a mesma, o projeto evoluirá para a vertente de turismo rural e centro de atividades lúdico-pedagógicas, pelo que estão em terreno melhorias do espaço, de forma a torna-lo mais atrativo e a facilitar o futuro acesso aos visitantes. Recentemente o projeto foi desaPUB

fiado a participar na “Feira Vitória”, que decorrerá nesta cidade de 25 a 28 de abril, no sentido de contribuir para a dinamização da mesma, promovendo atividades para os mais pequenos. Na sequência deste repto surge a iniciativa “Pintura de Azulejo Cerâmico”, uma atividade intergeracional, que pretende juntar crianças e adultos numa simbiose artística. Os interessados podem participar em

família ou individualmente. Na génese da iniciativa não há qualquer preocupação com os dotes artísticos dos participantes, “o que interessa é deixarem uma marca sua”, assegura Sónia Pimentel, para de seguida complementar, “a partir de 1 ano, qualquer um é capaz de pegar no pincel e deixar esta marca!” A atividade decorrere este sábado, 13 de abril, pelas 15:00, em parceria com a empresa “Cerâmica da Praia”,

local onde os participantes darão azo à sua criatividade e deixarão, registado em azulejo, um desenho e o nome da sua família. O Objetivo desta atividade passa também por dar oportunidade, à população em geral, de deixar uma marca familiar num local natural e que poderá ser visitado no futuro por toda a família, durante vários anos. Efetivamente, os azulejos depois de exposto no stand “O Gu e a Tita” no decorrer da “Feira Vitória”, serão afixados no pomar do projeto a 28 de abril – dia da inauguração – pelas 14:00, na presença de todos que queiram assistir, estando a atividade integrada no plano de dinamização da edição de 2019 da “Feira Vitória”.

Como atrás referido, a iniciativa resulta de uma parceria com a empresa “Cerâmica da Praia”, localizada no Lote 10, Rua Baixa das Patas, na Zona Industrial da Praia da Vitória, onde decorrerá a atividade. Esta empresa surgiu na continuidade da “Oficina Azulejos do Cantinho” fundada em 1984 em Angra do Heroísmo. Em 2007, a empresa reinicia a sua atividade em novas instalações, adotando a atual designação. JP n


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SAÚDE | JP

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o Cantinho do Psicólogo 208

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spinhosa é só por fora, como se vê pela aparência, e quando ainda não amadureceu, dado que a jaca, a maior fruta comestível conhecida, que Aurélio Pamplona chega a pesar mais (a.pamplona@sapo.pt) de trinta quilos, e que é produzida pela jaqueira, árvore tropical de grande porte, é saborosa e suculenta, ao ponto de lhe chamarem fruta-pão. O seu exterior assemelha-se a algumas pessoas que se mostram incapazes de revelar a riqueza do seu universo interior, por se deixarem levar desmesuradamente pelas influências negativas do exterior, nomeadamente a nível do stress. Retomando o tema dos exercícios de respiração, que ajudam a fazer frente a este mundo, assinale-se que, de acordo com o autor que temos vindo a seguir, existem sinais que nos dão informação de quão fraca é a entrada de ar. Esses sinais correspondem a indícios da ventilação, que podem desencadear ataques de pânico quando a ansiedade é elevada. Registam-se pois os seguintes: (1) respiração rápida e superficial, envolvendo a parte superior do peito; (2) subida significante dos ombros em direcção às orelhas; (3) falta de expansão do abdómen; (4) vastos sinais de padrões irregulares de respiração; (5) engolimento de ar, o que produz agitação abdominal e arrotos; e (6) respirações profundas bem como manutenção dessas respirações com pouca expiração. Entretanto não se admire pela insisPUB

Jaca Espinhosa tência numa boa respiração. Como ensina o provérbio «respirar mau ar é beber a morte» e pelo contrário, como ensina Cheung (2006) «a respiração é a ciência da vida». No conjunto, a respiração e o respirar têm sido frequentemente identificados com a alma. Não é por acaso que no tempo dos Romanos, os parentes próximos de alguém que morria tentavam inalar os últimos suspiros do defunto, para garantir que a sua alma encontrasse outro corpo e assim não se perder. Também para o Hinduísmo,

dicas que se convém utilizar para melhorar a respiração: (a) uso de roupas leves à volta de peito, em vez de justas ou pesadas; (b) desenvolver um ritmo leve e calmo ao respirar, com uma ligeira pausa após a expiração; (c) tentar soltar levemente os seus ombros à medida que expira, de forma a ajudar o relaxamento; (d) estar consciente do respirar, numa base diária, quando nos empenhamos em diferentes actividades, e registar qualquer mudança; e (e) tentar visualizar a situação stressante que faz

do estamos sob stress os músculos ficam tensos, e a respiração torna-se rápida e superficial (Levy (2001)). Isto contraria-se respirando profunda e lentamente. Aliás, note-se, é isto o que fazem os bebés. Portanto, para respirar bem deve-se começar na barriga e acabar aí, no mesmo sítio. E facilita praticar até ser capaz de contar até dez a cada inspiração e depois a cada expiração. Finalmente, e esclarecendo (Seaward, 1997): (1) quando se aprende a modificar a respiração torácica para a respiração diafragmática passa-se a poder reduzir o seu número para quatro a seis por minuto; (2) o poder terapêutico do respirar está frequentemente associado com consciência elevada e espiritualidade; e (3) a respiração diafragmática é por si só uma forma de relaxamento que, por causa da sua facilidade e compatibilidade, se encontra habitualmente incorporada em outras técnicas, como o relaxamento muscular progressivo, o treino autogéneo e a imaginação mental, cujo resultado se traduzem em efeito de relaxamento combinado. Referências:

o respirar, ou como é conhecido, a energia da vida é vista como uma força ligada ao pensamento, e ao ser saudável, e em que assenta o yoga, a meditação e o controlo do espírito. Pensa-se mesmo que simples exercícios de respiração ajudam a ter um rápido acesso aos estados de espírito psíquicos. Justifica-se ainda que se aponte, de acordo com o mesmo autor, algumas

aumentar a taxa da respiração, e depois praticar a tranquilização até se sentir outra vez relaxado. Convém ainda que a última destas dicas seja realizada várias vezes, até a pessoa se sentir confiante de que está em controlo, e poder utilizar este exercício para se acalmar quando se sentir stressada. A maneira mais fácil de cuidarmos rapidamente de nós próprios é pois respirar fundo. Quan-

Cheung, T. (2006). The element encyclopedia of the psychic world: The ultimate a-z of spirits, mysteries and the paranormal: Breath (pp. 828). London: Harper Element. Levy, L. (2001). Dispa o seu stress: 30 maneiras curiosas e divertidas para se libertar da tensão. Lisboa: Editorial Bizâncio. Seaward B. L. (1997). Managing stress: Principles and strategies for health and wellbeing: Boston Jones and Bartlett Publishers. Foto: L. Pamplona n


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OLHAR POENTE PROMOVE 2.ª EDIÇÃO DA

AÇÃO DE FORMAÇÃO “ENGENHARIA DO SER” Iniciativa destina-se a reforçar a coesão de grupo e desenvolver competências relacionais.

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ealizou-se nos dias 23 e 24 de fevereiro, a 2ª edição da ação de formação “Engenharia do Ser”, promovida pela Olhar Poente – Entidade gestora das respostas sociais de creche e CATL das freguesias de Vila Nova, Fontinhas e Fonte do Bastardo. A formação – em regime residencial – decorreu no Clube de Golfe da Ilha Terceira e para além da componente teórico/prática contou também com uma componente lúdica destinada a desenvolver competências relacionais, dentro e fora do ambiente de trabalho, baseadas na comunicação, cumplicidade, confiança, emoção e intuição. Para Marina Machado, Diretora Pedagógica, estas ações “são fundamentais para a coesão do grupo no trabalho educativo e pedagógico que é desenvolvido diariamente. A exigência e responsabilidade é muita ao longo de um ano letivo e momentos como estes dão-nos ferramentas para melhor gerir cada umas das situações que se vivem dentro de uma resposta social”. Este ano, a formação teve a participação especial do jovem Tiago Costa, natural de Leiria, que foi um dos pioneiros nos campos de férias organizados pela Olhar Poente direcionados para crianças e jovens institucionalizados da ilha Terceira. Tiago que tem lutado nos últimos quatro anos contra um grave problema de saúde, refere que “é sempre um privilégio poder dar a conhecer sua história de

vida porque pode sempre apoiar as outras pessoas a terem uma visão positiva e a superarem-se todos os dias. Colaborar com a Olhar Poente é sempre estimulante porque o sentimento de pertença à causa social nunca é descurado”.

relacionem, em algum nível, uns com os outros dentro da organização e a capacidade de tornar esse relacionamento produtivo e fiável é muito importante no resultado final de qualquer projeto, seja ele simples ou incrivelmente complexo”.

Já Carlos Vidal, formador das Dinâmicas Naturais, Lda., com sede nas Caldas da Rainha, considera que a formação vivencial ”não substitui as ‘soft skills’ que garantem o sucesso do trabalho: o saber fazer algo é, e será sempre, fundamental, mas é necessário que os colaboradores se

Também Fabiana Silveira promoveu no decorrer da formação uma sessão de Meditação, que vem no seguimento do trabalho semanal que tem realizado nas respostas sociais através de sessões de Yoga e Meditação no Trabalho, direcionadas para o pessoal docente e não docente,

com o objetivo de aliviar o stress e a ansiedade, assim como, aumentar a concentração e facilitar o trabalho de equipa. Para além de gerir as respostas sociais de creche e CATL, Olhar Poente possui os Serviços de Terapia da Fala, Centro de Explicações, Psicologia e Orientação Vocacional, tendo dado início este ano ao projeto piloto ARTE – Animar, Reutilizar, Transformar e Educar, direcionado para crianças dos 3 aos 6 anos. OP/JP n

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III GALA DA TAUROMAQUIA PRAIENSE

CONSOLIDAÇÃO DA CULTURA TAURINA TERCEIRE Noite de promoção e divulgação da Festa Brava, nas suas diversas vertentes.

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Tertúlia Tauromáquica Praiense (TTP), presidida por Francisco Godinho – o popular Magalhães – levou a efeito no penúltimo sábado de março, 23, na Academia de Juventude e das Artes da Ilha Terceira, a III Gala da Tauromáquica Praiense, evento que desde 2016, vem-se afirmando como um dos mais importantes acontecimentos tauromáquicos desta ilha de fervorosos aficionados, naquele que é o período de defeso do gado bravo. Desde da primeira hora com a brilhante e competente apresentação de Vasco Pernes, esta III Gala Tauromáquica da TTP seguiu a tradição das edições anteriores, homenageando personalidades do passado e do presente que pelo seu exemplo, dedicação, talento e trabalho, muito contribuíram e continuam a contribuir para aquela que é uma das marcas identitárias do povo desta ilha redonda – a Festa Brava. Disso mesmo deu conta, Francisco Godinho, no discurso que antecedeu o jantar, depois de um breve momento musical com a interpretação do tema “Forcados do Ramo Grande”, na voz de Rita Ormonde Pires, acompanhada ao piano por Francisco Rocha e no trompete por Paulo Borges. Dando as boas-vindas aos cerca de 135 aficionados presentes, Francisco Godinho, realçou a importância do evento pela oportunidade de retribuir a todos aqueles “o muito de bom” que fizeram e fazem pela cultura tauromáquica terceirense “na maioria das vezes a troco de nada”, mantendo desta forma “bem acesa e bem ativa” esta chama a favor dos

CAPINHA DA TOURADA À CORDA

ESCRITOR E CRÍTICO TAURINO

PASTOR DA ILHA TERCEIRA

valores, das tradições e da afición de todos aqueles que gostam de toiros e como tal “valorizam a festa brava na nossa terra”.

pedrado, chamava o touro de cara e dando-lhe todas as vantagens, dava um salto por cima do testuz do touro, por vezes tocando com os pés nos cornos, numa notável agilidade que só ele era capaz de fazer.

Exemplo de coragem, habilidade, abnegação, espontaneidade, boa disposição, camaradagem e respeito, Francisco Machado da Luz, marcou uma geração de capinhas, afirmando-se como “Capinha Afamado da Nossa Terra”.

CAPINHA DA TOURADA À CORDA Nascido em Santa Cruz da Praia da Vitória, a 25 de fevereiro de 1919, Francisco Machado da Luz – o “Mal Casado” como era conhecido – foi um respeitado e afamado capinha das touradas à corda. Desde cedo com gosto pelos toiros, a sério, só começou a capear aos 22 anos deixando de o fazer aos 68. Ainda assim, foi acompanhando, embora de forma mais resguardada, as touradas à corda da ilha praticamente até ao último dia da sua exemplar vida. Faleceu em 2002 com 83 anos de idade. Visto por todos como homem simples e muito bem-disposto, fica na memória, a vivacidade que imprimia à tourada à corda, impressionando quando descalço no terreiro ou em-

O “Mal Casado” era um homem saudável, ao ponto dos seus familiares e amigos dizerem em tom de brincadeira que a suas doenças eram “as cornadas”, já que só ia ao hospital por estas razões. Não tendo sido capinha de muitas pancadas ou intensas colhidas, não escapou a ossos fraturados, costelas partidas, cabeças rachadas e mãos entaladas. Os mais antigos certamente recordarão quando em junho de 1978, então com 59 anos, na tourada dos Bodos da Vila de São Sebastião, ao concluir uma saída na frente do touro, foi acidentalmente colhido, tendo fraturado uma perna. Foi prontamente socorrido e encaminhado ao hospital pelo seu filho Floriberto que o acompanhava.

ESCRITOR E CRÍTICO TAURINO Ricardo Jorge Machado Mendes da Rosa, nasceu em Angra do Heroísmo a 22 de julho de 1930 e faleceu a 12 de maio de 2007. Com 20 anos, ingressa na função pública, mas a meados da década de 50 do século passado entra para os quadros da Caixa Geral de Depósitos, onde trabalhou por 34 anos, sendo recordado pela sua grande simpatia e solicitude. Filho de exímio cavaleiro da época – Virgílio Mendes da Rosa – foi com a sua pena que se celebrizou enquanto escritor e crítico tauromáquico. Escreveu crítica taurina para vários jornais e revistas de âmbito local, re-

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ENSE: HOMENAGEAR O PASSADO E O PRESENTE Enquanto profissional, fotografou personalizadamente várias figuras do mundo tauromáquico, de matadores de touros a cavaleiros de renome, passando por bandarilheiros, peões de brega, pastores, ganaderos, diretores de corrida e por aí fora. Fotografou ainda vários grupos de forcados, destacando-se os grupos da Tertúlia Terceirense e do Ramo Grande.

AFICIONADO E FOTÓGRAFO TAURINO gional e nacional. Na rádio, lançou em 1965, o programa “Sangue e Arena” do Rádio Clube de Angra e colaborou em vários outros de temática taurina. Na televisão, foi crítico de serviço no emblemático programa “Magazine Tauromáquico” da RTP-Açores. Revelou-se um crítico atento e simpático para com a Praia da Vitória e para com os seus acontecimentos tauromáquicos, assim como, para os demais festejos taurinos da ilha. Homem de grande afición, contribuiu decisiva e indelevelmente, com o seu fleuma, humor, conhecimento, informação e dedicação para a fecundidade da difusão da cultura taurina desta terra, aquém e além-fronteiras.

PASTOR DA ILHA TERCEIRA Chico André, o “Pastor do mato” como gosta de ser conhecido, nasceu na freguesia da Ribeirinha a 18 de fevereiro de 1934. De batismo, Francisco André Ribeiro Pontes, vive presentemente em São Pedro, é viúvo, pai de três filhos e está com a bonita idade de 85 anos. PUB

GANADERO - CRIADOR DE GADO BRAVO

III GALA DA TAUROMAQUIA PRAIENSE cerca de 14 anos.

Com apenas 7 anos já acompanhava o pai nos trabalhos agrícolas. Entre a escola e o trabalho, optou pelo trabalho e assim a escola ficou para trás, até hoje. A partir dos 11 anos, vai com o pai trabalhar para a casa do Sr. José da Câmara e mais tarde para a casa do genro Sr. Gaspar Baldaya de Rego Botelho. Deixou o mato aos 75 anos tendo trabalhado ao longo da sua vida apenas para estas duas casas. O contato mais frequente com o gado bravo ocorre por volta dos 14 anos, ajudando amigos e ganaderos vizinhos. Com o casamento da filha do Sr. José da Câmara com o Sr. Gaspar Balday de Rego Botelho, vem trabalhar para este, ficando aos 21 anos, encarregue, como pastor de confiança, de cuidar do gado bravo da casa Gaspar Baldaya – ganadaria Rego Botelho – e é com orgulho que afirma ser o pastor do início desta prestigiada ganadaria. Como pastor da tourada à corda, começou no meio da corda e era o segundo. No quarto ano da ganadaria, passa para o primeiro da frente e por lá andou

A sua dedicação e gosto no trabalho de criação do touro bravo é por todos reconhecida e lembrada, a par da sua vasta experiência de vida, que constitui um repositório único de provas e de aprendizagem sobre o ecossistema do mato, onde se cria o gado bravo. Como Pastor, a sua presença na tourada à corda muito contribuiu para a preservação da cultura taurina desta ilha.

AFICIONADO E FOTÓGRAFO TAURINO João Eduardo Ormonde Costa é descendente de uma família de fotógrafos, sua mãe, Anaísa Costa, foi a 1.º fotógrafa profissional da ilha Terceira. Nasceu na Praia da Vitória a 07 de maio de 1958 e é fotógrafo profissional desde 1972, possuindo formação e experiência técnica especializada. É um dos fundadores da TTP, foi responsável pelas touradas à corda das Festas da Praia de 2006 a 2016 e também foi delegado municipal de Touradas à Corda.

Vem desenvolvendo a atividade de fotógrafo de touradas à corda incessantemente desde finais da década de 70 do século anterior, não existindo qualquer arraial, freguesia ou local que tenha corrido touros na ilha que João Costa não tenha fotografado. Para além de fotógrafo tauromáquico e aficionado, João Costa foi também com regularidade entre os 18 e os 25 anos afamado capinha. Na qualidade de fotógrafo taurino já perdeu a conta ao número de exposições que realizou. Publicou dois livros tauromáquicos, o “OLH’ESSE TOIRO” em parceria com a Blue Edições. Concebeu e tecnicamente compilou vários trabalhos de promoção e divulgação da tourada à corda terceirense. É colaborador regular nas páginas de tauromaquia de diversos jornais e revistas, quer na ilha como na região, no continente português e na diáspora dos Estados Unidos e do Canadá. João Costa tem conseguido como ninguém captar com a sua objetiva a verdadeira afición taurina e fazê-la chegar aos mais variados pontos do mundo, contribuindo ativamente para sua difusão.

GANADERO – CRIADOR DE GADO BRAVO (Continua na página seguinte)


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III GALA DA TAUROMAQUIA PRAIENSE (Conclusão da página anterior)

Com divisa azul e branca, a ganadaria de Rego Botelho foi fundada em 1953 por Gaspar Baldaya Bettencourt Silva de Rego Botelho, com 10 vacas herdadas de seu pai, Sr. José Baldaya de Rego Botelho. Nesse mesmo ano, foram adquiridas 12 vacas a José de Castro Parreira. Desde então por heranças e aquisições a ganadaria veio a crescer sendo composta atualmente por 360 animais. José Baldaya da Câmara de Rego Botelho, homem sobejamente conhecido na ilha Terceira, é desde 2014, seu legítimo proprietário, tendo vindo a desenvolver desde então, um profícuo trabalho na incessante procura da melhoria genética dos seus efetivos, sendo atualmente assessorada de forma competente

pela sua filha, também aficionada, Mariana Baldaya, a que se juntam um grupo de dedicados colaboradores. Fruto desse trabalho, a 19 de maio de 2011, pela primeira vez uma ganadaria terceirense pisa a principal arena do país – Campo Pequeno – onde se lidaram 7 touros de Rego Botelho. Esta foi uma noite histórica para a ganadaria e também para a tauromaquia terceirense, pois a ganadaria arrecadou os galardões de “Melhor Ganadaria da Temporada” e de “Melhor Touro”, o n.º 17, de seu nome “Guarda”. A ganadaria recebeu ainda os maiores enaltecimentos por parte da crítica especializada nacional.

mais importantes do país – “as Sanjoaninas” – onde se destaca em anos mais recentes, a de 2009, em que triunfou o matador de toiros, El Juli, e também a de 2010, que culminou com o assinalável êxito de Miguel Angel Perera. Saliente-se também, que quer no passado como no presente e certamente também no futuro, a ganadaria Rego Botelho tem-se sempre afirmado amiga e simpática para com a Praia da Vitória e para as suas freguesias, muito contribuindo para o fortalecimento da afición no Ramo Grande e na ilha Terceira.

III GALA DA TAUROMAQUIA PRAIENSE

Registe-se ainda a impressionante e regular presença, desde da sua fundação, numa das feiras taurinas

Depois das duas primeiras homenagens do guião, é anunciado pelo

● Voto de Congratulação à direção da União Regional das Instituições Particulares de Solidariedade Social – URIPSSA e à Câmara Municipal da Praia da Vitória pelo empenho e concretização da instalação da sede da Instituição na cidade da Praia da Vitória, reforçando a presença de ser. Aprovado por unanimidade. Pelo Grupo do Partido Social Democrata: ● Voto de Protesto ao Governo Regional dos Açores pela falta de investimento adequado à requalificação da Escola Secundária Vitorino Nemésio. Aprovado por unanimidade. ● Voto de Protesto contra a companhia aérea regional SATA e contra o Governo Regional dos Açores que a financia e tutela, pela decisão de reduzir a, apenas, três ligações semanais diretas (terça-feira, quinta-feira e sábado) entre Terceira e Lisboa, ficando as restantes ligações dependentes de escala noutras ilhas, pelo que isso representa de retrocesso inaceitável e profundamente desrespeitador para com os terceirenses e as suas empresas. Aprovado por unanimidade. ● Voto de Pesar pelo falecimento do Sr. António Fernando Goulart Neves. Aprovado por unanimidade. Pelo Grupo do Partido Socialista: ● Voto de Pesar pelo falecimento do Sr. David Cardoso Correia. Aprovado por unanimidade. ● Voto de Congratulação à Câmara Municipal da Praia da Vitória, em particular, todos os responsáveis e colaboradores pelo Prémio Município do Ano 2018. Aprovado por unanimidade. Pelos Grupos do Partido Socialista e do Partido Social Democrata:

● Voto de Congratulação à Paróquia de Santa Margarida do Porto Martins pela celebração das suas Bodas de Prata Paroquiais. Aprovado por unanimidade. Da Ordem do Dia, constava o seguinte: 1. INTERVENÇÃO DO PÚBLICO 2. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE A ATIVIDADE MUNICIPAL DESENVOLVIDA NO PERÍODO DE 30 DE OUTUBRO DE 2018 A 4 DE FEVEREIRO DE 2019; A Assembleia tomou conhecimento. 3. APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO E CONTAS RELATIVO AO 3.º TRIMESTRE DE 2018 DA PRAIA AMBIENTE, E.M.; A Assembleia tomou conhecimento. 4. APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO E CONTAS RELATIVO AO 3.º TRIMESTRE DE 2018 DA TERAMB, E.M.; A Assembleia tomou conhecimento. 5. APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E VOTAÇÃO DA PROPOSTA DE AQUISIÇÃO DE SERVIÇOS DE AUDITORIA ÀS CONTAS DO MUNICÍPIO PARA 2019; Aprovada por unanimidade. 6. APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E VOTAÇÃO DA PROPOSTA DE AUTORIZAÇÃO DE CONCESSÃO, POR CONCURSO PÚBLICO, DA EXPLORAÇÃO DO PARQUE DE CAMPISMO DOS BISCOITOS; Aprovada por unanimidade. 7. APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E VOTAÇÃO DA PROPOSTA DE ALTERAÇÃO À CIRCULAÇÃO DO TRÂNSITO NA CANADA DA SALGA, FREGUESIA DOS BISCOITOS; Aprovada a proposta do Grupo do Partido Socialista, por maioria, com dezoito votos a favor do Partido Socialista, onze votos contra do Partido Social Democrata e um voto contra do Partido Popular, no

apresentador, o conhecido jornalista Vasco Pernes, a entrega de um troféu surpresa. Segundo explicou, depois de saber a ourivesaria onde estavam a preparar os troféus, por sua iniciativa, telefonou ao proprietário do qual é amigo e encomendou mais um troféu. O troféu “III Gala da Tauromaquia Praiense” destina-se a homenagear todos aqueles que há alguns anos tiveram a ideia de lançar este evento, reconhecendo a iniciativa como valorizadora e promotora da cultura taurina. É assim, um simbólico agradecimento à Direção da TTP pelo seu empenho, trabalho e dedicação ao proporcionar anualmente um magnífico evento de salutar convívio e onde respira-se e eleva-se a afición. JP n

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COMUNICADO Aos vinte e dois dias do mês de fevereiro do ano de dois mil e dezanove, pelas dez horas, na Academia de Juventude e das Artes da Ilha Terceira, teve lugar a primeira sessão ordinária do ano de dois mil e dezanove, da Assembleia Municipal da Praia da Vitória. Foram apresentadas, no período antes da Ordem do Dia, as seguintes propostas: Pelo Grupo do Partido Socialista: ● Voto de Congratulação ao Centro Social Santa Bárbara da Fonte do Bastardo pelo seu 25º aniversário. Aprovado por unanimidade. Pelos Grupos do Partido Socialista e do Partido Social Democrata: ● Voto de Congratulação ao Clube Naval da Praia da Vitória, à Câmara Municipal da Praia da Vitória e ao Governo Regional dos Açores, pela realização da prova Azores Wind Foil Challenge. Aprovado por unanimidade. ● Voto de Congratulação ao jovem Ricardo Garcia pela conquista do Campeonato Nacional de Golfe no escalão sub-18 e também ao Clube de Golfe da Ilha Terceira pelo apoio e formação prestada ao atleta. Aprovado por unanimidade. Pelo Grupo do Partido Socialista: ● Voto de Congratulação ao Clube Naval da Praia da Vitória e aos seus atletas pelo título de Campeão Regional em Equipas em Natação. Aprovado por unanimidade.

Agentes Transitários - Carga Aérea e Marítima - Recolhas - Entregas - Grupagens e Completos |

sentido de o presente ponto da ordem de trabalhos baixar à Comissão Permanente da Assembleia Municipal da Praia da Vitória. 8. APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO DISPONIBILIZADA PELA ESTAÇÃO DE TELEVISÃO – TVI, QUE DEU SUPORTE AO CONJUNTO DE REPORTAGENS “LAJES CONFIDENCIAL”; A Assembleia tomou conhecimento. 9. APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO FINAL DO ANO 2018, RELATIVO À ANÁLISE DOS RESULTADOS DA MONITORIZAÇÃO DOS “TRABALHOS DE REABILITAÇÃO PARA MELHORIA DA SITUAÇÃO AMBIENTAL ENVOLVENTE AOS FUROS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DO CONCELHO DA PRAIA DA VITÓRIA, AÇORES”; A Assembleia tomou conhecimento. 10. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DO RELATÓRIO 424/2018-CD DO LABORATÓRIO NACIONAL DE ENGENHARIA CIVIL; A Assembleia tomou conhecimento. 11. APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E VOTAÇÃO DA PROPOSTA DE ALTERAÇÃO AO NÚMERO 1 DO ARTIGO 3º DO REGULAMENTO MUNICIPAL DE APOIO ÀS DANÇAS E BAILINHOS DE CARNAVAL. Aprovada, por maioria, com dezassete votos a favor do Partido Socialista, dez votos contra do Partido Social Democrata e uma abstenção do Partido Popular. Praia da Vitória, 26 de fevereiro de 2019. O Presidente da Assembleia Municipal Paulo Manuel Ávila Messias As atas aprovadas das sessões desta Assembleia Municipal encontram-se publicitadas no endereço eletrónico do Município da Praia da Vitória, em www.cmpv.pt

Telefone 295 543 501


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O INVERNO ESTÁ PASSADO

Silveira de Brito

E

stamos a meados de Março, pelo calendário católico em plena Quaresma. Em São Miguel, com sol ou chuva, os romeiros peregrinam pelas estradas da Ilha, rezando e testemunhando a sua fé, tal como vi pela primeira vez nos anos 60, numas férias. Daqui à Páscoa é um instante e este ano o 1º de Maio é pouco depois. Na Região acabámos de sair dos festejos de Carnaval: na Terceira, a chuva não travou a saída de cerca de 70 bailinhos e, em Ponta Delgada, mais uma vez assistiu-se à Batalha das Limas. O tempo corre tão depressa que os aficcionados terceirenses já sonham com o 1 de Maio, data do início da época taurina, que durará sei meses; se for como nos anos anteriores, haverá certa de 250 touradas. Ao mesmo tempo começará a invasão

de turistas, o que é bom do ponto de vista económico, embora alguns efeitos colaterais sejam de prevenir. Algumas ilhas, principalmente São Miguel e Terceira, são literalmente invadidas. Hotéis e restaurantes enchem, as esplanadas ficam à cunha. Os guias turistas darão o seu melhor para mostrar as ilhas incluídas nos circuitos. Em São Miguel sublinharão a exuberância da paisagem e dos fenómenos ligados ao vulcanismo; ao chegarem às Sete Cidades, encontrarão sempre uma pequena multidão no Miradoiro da Vista do Rei. Na Terceira, repetirão a blague: os Açores são oito ilhas e um parque de diversões, que é a Terceira; ao chegarem ao Algar do Carvão encontrarão vários autocarros estacionados. Nas Ilhas do Triangulo a enchente será menor, habitualmente não há filas, o que permite uma estadia mais sossegada e reconfortante. Os turistas que escolherem São Jorge, habitualmente fora dos circuitos propostos pelos grandes operadores, terão oportunidade de fazer trilhos inesquecíveis, visitarão as fajãs e, passeando na costa Sul, terão sempre presente o Pico com a sua montanha com mais de 2000 metro de altitude e, para Poente, a ilha do Faial. Em geral a Região viverá a febre do turis-

mo, os empresários do sector farão o seu melhor para agradar à clientela e o Governo Regional fará contas na esperança da época ajudar ao Orçamento. Tudo isto é previsível e importante, mas convém olhar para o nosso turismo com olhos de ver. Há que melhorar os serviços, especialmente a restauração. Não é conveniente pôr um casal mais de uma hora à espera do jantar, como aconteceu a uns cunhados meus; não é admissível que num restaurante de Ponta Delgada, quem vai na mira de beber cerveja Melo Abreu, fabricada na ilha, ouça do empregado esta resposta “só temos Carlsberg” como já me aconteceu. Não é aceitável publicitar circuitos para observar baleias, fazer uma recepção aos clientes insinuando que os bichos estão à nossa espera, e apenas encontrar golfinhos e de baleias nem rasto. E sobre este tema acrescento: quando isto me aconteceu, fui com mais três familiares num semirrígido, apanhámos mar que nos fartámos; quando desembarcámos, estávamos encharcados até aos ossos. Chegados ao hotel, uma unidade de 4 estrelas, as senhoras precisavam de ir ao cabeleireiro, mas na recepção informaram que não dispunham desse serviço.

Mas talvez mais importante do que estes reparos, é chamar a atenção para a necessidade urgente de, do ponto de vista económico, estudar alternativas ao turismo. Não se trata de substituir aquela por outra actividade económica qualquer, mas obter um estudo profundo e competente sobre a diversificação da economia da Região. Como eu disse, num texto publicado em Março do ano passado: o turismo «[é] uma aposta boa, mas o sector é muito sensível. Para além de uma sazonalidade muito acentuada, é uma indústria muito exposta aos ciclos económicos; como alguém dizia: “uma pequena constipação” na actividade económica causa imediatamente “uma pneumonia” no sector do turismo». E nem de propósito: no início deste mês a OCDE anunciou as previsões de crescimento económico para este ano a nível mundial e corrigiu dos 1,8 que tinha estimado para 1%, isto é, a quebra é de quase 50%. Na apresentação das revisões, Laurence Boone, economista-chefe da Organização, sublinhou que será na Europa que mais se fará sentir a travagem económica.

Braga, Março de 2019

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UM CARNAVAL PUJANTE

Silveirinha

O

carnaval sempre que me lembre foi uma época muito desejada pelos seus apreciados divertimentos de valor cultural que dizem ser de origens da civilização romana. É uma quadra em que nesta ilha Terceira todos se alegram com masPUB

carados, danças e bailinhos que abundam nos salões oferecendo enredos de dramas, históricos, bíblicos, cómicos e temas de crítica social dos nossos dias em que ninguém leva a mal. Este ano de 2019 foi memorável pelo numeroso número de participações que se exibiram nos quatro dias de Entrudo, riquíssimo em indumentárias, orquestras, coreografias e vozes de brilho de nível primoroso, tanto femininas como masculinas, um verdadeiro encontro que temos na nossa terra ao nosso dispor e à qual nos devemos orgulhar. Os nossos emigrantes também nos visitam nestes dias, trazendo as suas representações, são momentos de convívio emocionante.

A minha atenção redobrou ao presenciar a dança de espada da Casa da Ribeira com o assunto histórico da dama das camélias peça teatral escrita Clélio Meneses que resultou num enorme sucesso para ele e para todos as excelentes personagens que o desenvolveram com dedicado empenho desde os actores que os declamaram com emotividade aos dançarinos que se viram com bastante qualidade e aprumo invulgar, coordenados e bem dirigidos pela mestra de espada de sorriso cativante de corte seguro tanto no bailado como na correção com a música demonstrando a beleza jovem a lembrar os tempos do seu avô paterno Alberto Meneses puxador de danças de espada ainda hoje lembrado que nessa dança voltou a dar o seu con-

tributo nas regras e essências antigas que perduram tão requintadas nos mesmo moldes. Não posso olvidar os poemas que foram cantados por vozes consagradas muitas por famosos poetas cantadores populares que bem enalteceram o heroísmo e a vitória que a nossa terra contem, só verdadeiro estro tem esse poder de criar Odes ou Estrofes como eles nos dedicaram pelo carnaval e que de certeza nos voltam a oferecer nas cantorias de improviso que tanto fazem para galvanizar várias festas culturais terceirenses dignas de serem apreciadas por um numeroso publico que elas acorre nos terreiros ao longo das próximas festas de verão à roda desta ilha. n


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EDITORIAL / OPINIÃO | JP

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A AFRONTA DE RUI RIO … AOS AÇORES

E DITORIAL

Ou, do PSD Português ao seu Consulado (representante institucional nos Açores) PSD-A.

FUP

Congresso do Sr. que agora o descarta.

Filarmónica União Praiense

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o dia 20 de Março de 2019, a Filarmónica União Praiense (FUP) festejou o seu centésimo décimo quinto aniversário, ora esta provecta idade é motivo de orgulho impar para todos os Praienses. O Jornal da Praia não pode deixar de realçar tão importante efeméride, e o seu director tem pela FUP infinita ternura, pois desde 1967 até à década de 90 do século passado, frequentou a escola de música, foi músico da banda, foi Director e Presidente da Direcção da FUP e também foi Presidente da Assembleia Geral de tão nobre Associação Cultural. A Filarmónica União Praiense é a associação recreativa, cultural e musical mais antiga e com mais prestígio na Cidade da Praia da Vitória e foi fundada em 20 de Março de 1904, fruto da fusão das então duas filarmónicas existentes na Vila da Praia da Vitória e que se debatiam naquela época com graves crises que levariam à extinção das mesmas. A Filarmónica da União Praiense ao longo da sua existência sempre se destacou pelo relevante papel que desempenhou a nível cultural no concelho da Praia da Vitória, passando pelo regime monárquico, pela primeira Republica, pelo Estado Novo e pelo 25 de Abril, aliás, que ultimamente celebra com um concerto de nível espectacular, no Auditório do Ramo Grande, cujo o reportório se debruça sobre músicas e canções revolucionárias e de libertação, por exemplo a Grândola Vila Morena, tendo muitos dessas peças musicais servido de arma de protesto contra a ditadura fascista que imperou no país durante 48 anos e que fez sofrer o povo privando-o da liberdade de expressão e de inúmeros direitos fundamentais, sociais e laborais, explorando os trabalhadores em prol do enriquecimento de capitalistas apoiantes e ou ligados ao tenebroso regime fascista. É com orgulho que pudemos afirmar que nesta filarmónica o Professor Vitorino Nemésio, durante a sua adolescência tocou caixa na banda ao lado do seu pai, que tocava bombardino, e a imortalizou nos versos que compilou na Décima da Música da Praia. Parafraseando Eça de Queirós “a música deve ser a voz de tudo aquilo que ali está silencioso sem ter a faculdade de se exprimir, e nós temos a possibilidade de a compreender: das estrelas, das pedras, das nuvens, das flores, de tudo o que, desde ervas molhadas até às vias lácteas, fala muito indefinidamente e com vibrações sobrenaturais para que o nosso êxtase as possa escutar”, por isso uma localidade que possui uma sociedade filarmónica, possui sem dúvida alguma, um tesouro de valor incalculável, que não podemos adormecer, mas revitaliza-lo. A Direcção do Jornal da Praia, apresenta à Filarmónica da União Praiense, aos seus directores, aos seus músicos e aos seus associados os nossos sinceros parabéns por mais este aniversário. O Diretor Sebastião Lima diretor@jornaldapraia.com

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José Ventura*

E

nquanto os açorianos não tiverem a verdadeira “coragem” de tomarem a divisa que nos deixaram de “antes viver livres que em paz sujeitos”, continuarão a ser considerados, o que Alexandre Gaudêncio agora descobriu, aquela de “portugueses de segunda”. Chegou o momento da “cabala” o ocultismo gerado à volta do candidato do PSD-A ao Parlamento Europeu nas Eleições que se aproximam, ser anunciado pelo todo poderoso líder do PSD-P (sim P de português). Para o mesmo, (Rui Rio) que sempre acompanhado do seu sorriso matreiro todas as vezes que tal situação se apresentava, dava umas desculpas esfarrapadas e ardilosas como lobo matreiro à entrada da sua toca, espreitava o momento de dar o golpe fatal na sua ingénua vítima. De nada serviu a tentativa de sedução do PSD-A aquando da luta de galos protagonizada por Luís Montenegro/Rui Rio pela luta do poleiro, na qual, o anunciado candidato às eleições para o PE pelos sociais democratas açorianos indicavam, Mota Amaral, foi um dos apoiantes em Congresso do Sr. que agora o descarta. De nada serviu a tentativa de sedução do PSD-A aquando da luta de galos protagonizada por Luís Montenegro/Rui Rio pela luta do poleiro, na qual, o anunciado candidato às eleições para o PE pelos sociais democratas açorianos indicavam, Mota Amaral, foi um dos apoiantes em

Como era de esperar, confirma-se a não presença, de um candidato social democrata açoriano na lista apresentada pelo PSDP entregando-se os interesse dos Açores à candidata madeirense que não desfazendo, até é muito natural que não conheça os Açores nem se identifique com a “açorianidade” a qualidade própria do que é ser açoriano, do nosso carácter especifico, cultural e histórico (porque queiram ou não queiram os DDT (os donos disto tudo) como nos habituamos a adjectivar os governantes portugueses, nós somos donos de uma História que nos é pelos mesmos impedida de ser ensinada nas nossas escolas. Como pode alguém que não nascido nestas Ilhas de Bruma, ter sentimento de amor ou de grande afeição pelos Açores. Só açorianos como Natália Correia, Victorino Nemésio, assim como muitos outros vultos da nossa cultura, o souberam mostrar e transmitir ao mundo em nosso nome, os sentimentos que acima nos referimos. Tal comportamento fundamentado em tácticas político-partidárias de um “narcisismo nacionalista” com requintes colonialistas, levam a ter a certeza de que os políticos portugueses têm uma ideia redutora da grandeza dos Açores e no seu peso a nível mundial. Por alguma razão vemos muitos olhos postos nestas nossas, mas muito nossas ilhas atlânticas. Os do PSDP tentam com a não inclusão de açorianos nas suas listas às eleições para o Parlamento Europeu fazer ignorar a relevância do papel histórico que os Açores têm vindo a ter na construção das Regiões Ultraperiféricas no seio da União Europeia, escamoteando a dimensão atlântica e estratégica que os Açores conferem a Portugal e que, o poder nele instalado procura sonegar a quem os mesmos negam reconhecer

como Povo. Naturalmente que desconsiderado o PSDA, e nomeadamente João Bosco Mota Amaral, ferido na sua histórica vida política, muito mais foi vilmente afrontado o Povo açoriano independente das suas ideologias políticas. A Alexandre Gaudêncio resta-nos dizer que não basta a meia voz dizer o “antes morrer livres do que em paz sujeitos” Há que mostrar aos senhores do Portugal por eles chamado de Continente, a “tempera” a força, o vigor, a integridade, a austeridade de princípios dos açorianos (para ele em particular - dos ribeira-grandenses em especial). Se Rui Rio e os seus seguidores, na oposição já fazem aos Açores o que estão a fazer, imaginemos quando chegarem ao poder. A nós, Açorianos só nos resta dar a resposta adequada, na exigência do respeito que merecemos lutando por uma revisão constitucional que corrija o termo de Estado Unitário, liberte os açorianos de criarem os seus próprios partidos de exclusivo ADN açórico, sejam eles de índole, regional, separatista ou independentista. É da nossa História – os açorianos, sempre se sentiram desconfortáveis dentro do «reino» que os explorava e os espezinhava, e sempre aspiraram a serem donos do seu próprio destino. Não é por milagre que a divisa e o slogan - «LIVRE ADMINISTRAÇÃO DOS AÇORES PELOS AÇORIANOS». surge no tempo. A nossa aspiração autonomista e até independentista não é de hoje já vem de longe. É parte da nossa História. Por hoje terminamos assim: se esta gente na oposição já trata os Açores assim, imaginem quando chegarem ao poder. (*) Por opção, o autor não respeita o acordo ortográfico. n

TODOS DIFERENTES, TODOS IGUAIS? to que, da minha experiência, com outro passageiro qualquer seria: “Por favor, baixe o som do seu telemóvel”. Acho incrivelmente ridículo que em pleno século XXI ainda se continue a proceder desta forma, de modo tão óbvio e acentuado!

Joana Leal

F

ico assombrada com a discriminação existente ainda na nossa sociedade. Estou sentada no avião e a poucos metros de mim está “a primeira classe”, que tem direito a explicações particulares, “mais um pãozinho”, e inclusive a pedidos solenes do género “Consegue baixar mais o som?”, enquan-

Paguei quinhentos e quarenta e dois euros por esta viagem. Assustador, não é? Vou ser reembolsada por ser residente nos Açores, mas ainda assim é uma política francamente discriminatória. Tem-se dinheiro para gastar? Vamos a isso! Não se tem? Não se viaja. Mesmo sendo reembolsada, tive de desembolsar um tanto para poder viajar e isto pela prepotência e existência de uma só companhia.

Se calhar o Sr. XPTO aqui da frente até pagou tanto como eu, mas como não pertence à “plebezinha”, recebe tratamento particular. Vou contar-vos uma coisa: estava a dormitar e acordei com o cheiro a comida, decerto seriam as minhas necessidades biológicas a dar sinal… Afinal não, não estava ainda sequer perto de comer, mas o Sr. XPTO, duas filas à frente, já ia “no segundo pãozinho”. Sem comentários. A TAP (e as outras companhias e, generalizando ainda mais, a sociedade) deveria, na minha opinião, preocupar-se mais em dar refeições de maior qualidade (ou então não as (Continua na página seguinte)


JP | OPINIÃO

2019.04.12

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CRÓNICA DO TEMPO QUE PASSA (XLIX)

AVERSÃO E TRAIÇÃO À ILHA TERCEIRA Hoje, a segunda mais populosa parcela do arquipélago está, de ano para ano, mais decadente, porque a autonomia foi prostituída nos seus pressupostos.

António Neves Leal

A

o longo dos 43 anos de autonomia, temos observado em relação à Ilha de Jesus um sentimento doentio de inclassificável injustiça distributiva, que vem minando a economia da ilha e a força anímica dos terceirenses que se sentem cada vez mais defraudados. Hoje, a segunda mais populosa parcela do arquipélago está, de ano para ano, mais decadente, porque a autonomia foi prostituída nos seus pressupostos. Estes últimos visavam a aproximação com vista à união dos açorianos e o desenvolvimento harmónico de todas as ilhas. Ora isto tudo continua, ainda hoje, por cumprir. Na fase inicial do processo autonómico, houve quem, ingenuamente, acreditou e de imediato aderiu a esses propósitos, mas foi Sol de pouca dura. O esbulho, ainda hesitante e meio envergonhado, começou com a sugação da ilha que fora por duas vezes capital do Reino de Portugal e sede da Capitania-Geral dos Açores. Contra ela, estouvados e cobiçosos micaelenses fizeram tudo para que esse regime autoritário e centralista fosse abolido. Tal extinção aconteceria décadas mais tarde e depois de fortes contestações.

Pelos vistos, a lição dos revoltosos não permitiria que outros indignados mais tarde fizessem o mesmo. A prova disso foi o sucedido no Aeroporto Internacional da ilha de Santa Maria, a placa giratória da aviação civil nos Açores até aos anos setenta do século XX, altura em que foi transferida, provisoriamente, para a Lajes da Terceira, a aguardar as obras de prolongamento da pista de Ponta Delgada. Então, um grupo de políticos do PSD, conhecido por Grupo da Terceira exigiu que esse prolongamento se fizesse ao mesmo tempo que a construção do porto da Terceira, na Praia da Vitória, visto que era a única ilha-cabeça de distrito não possuindo um porto digno desse nome. Embora existisse no seu território a maior baía do arquipélago açoriano. E foi a ilha que, com as contrapartidas da Base das Lajes, mais contribuiu para o orçamento regional dos Açores. Os montantes recebidos dos norte-americanos ascenderam, durante vários anos, a mais de um terço das suas receitas anuais. Com o desaparecimento desse grupo político, o centralismo de P. Delgada ganhou novo fôlego e ímpeto, dominando não só a Ilha Terceira mas também as demais sete ilhas, criando profundas assimetrias entre elas e até mesmo dentro de S. Miguel. A administração socialista que prometeu mundos e fundos acabou por descambar para um fortalecimento ainda maior do centralismo feroz, provocando uma acentuada diminuição da população de algumas ilhas, devido à excessiva concentração numa ilha das empresas e dos serviços públicos, pagos pelos contribuintes de todas as ilhas.

A situação de êxodo rural e saída das ilhas, sobretudo para S. Miguel, teve seus reflexos nas pequenas e frágeis economias insulares. E para estancar a sangria, o governo socialista procurou aplicar medidas especiais para as ilhas denominadas por ”ilhas da coesão”. O processo foi um embuste e um fracasso total. Os problemas agravaram-se, ao invés do que se havia prometido e apregoado em grandes parangonas nos meios de comunicação social. O pior é que essa aversão à Terceira remonta, aos anos oitenta do século passado, continuando imparável e despótica. E como se não fosse bastante, tem contado com a cumplicidade de divisionistas e traidores que não se têm esforçado, como era sua obrigação, na defesa intransigente dos interesses da ilha por que foram eleitos. Alguns deles, por medo de desagradar ao chefe partidário e, assim, virem a perder o apetitoso “tacho”. Inúmeros casos podiam ser mencionados. Como ilustração, vejamos o que este quinzenário publicou, em 1982, sobre a inauguração do Centro de Oncologia dos Açores, sediado em Angra do Heroísmo.

regionais, os levaria a posições tão descaradas. Apreciemos: aquando da recente inauguração da Escola de Enfermagem de S. Miguel construída com o dinheiro dos Americanos, estiveram presentes, à cerimónia, todos os membros do Governo, incluindo obviamente os anjinhos da Terceira. Às cerimónias que têm lugar na Base das Lajes chega a haver atropelos, mas a Sata vem carregada com os nossos governantes que, quando não há lugares nos estabelecimentos hoteleiros, até usam as camas dos americanos. Inaugura-se um Instituto de Oncologia com âmbito regional, fruto do trabalho de um grupo de açorianos e apoiado por toda a população e pelo Governo Regional, e apenas se dignam estar presentes Secretários da Terceira. Isto é, um acontecimento de S. Miguel faz voar, correndo, todos os membros do Governo até à Ilha do Arcanjo; um acontecimento de todos os Açores, só porque teve lugar na Terceira, conta apenas com os terceirenses. Que triste imagem.

«É notório o desprezo a que a ilha Terceira está votada por parte do Governo Regional. Não vamos fazer contas nem tão pouco enumerar tantos factos demonstrativos de tal situação que de resto e felizmente já é do íntimo convencimento dos terceirenses lúcidos e desapaixonados bem como dos açorianos conscientes.

Não há dúvida que a única coisa da Terceira que interessa aos nossos representantes é a Base, e nesta, para além dos «Aviocars» nas alturas de aflição, só os americanos e as suas abundâncias. Isto está mau! Temos de abrir os olhos enquanto é tempo.»

O que não sabíamos ainda era que a grande aversão à Ilha Terceira, por parte da maioria dos Secretários

(Jornal da 29.6.1982)

Praia,

5,

pág.3,

Perdoem o desabafo, mas sou muito sensível a questões de injustiça social. Costumo dizer que o meu avô materno entra dentro de mim, quando reajo perante as mesmas, pois ele também era uma pessoa reativa e sensível a estes temas. Ai de quem se atrevesse a passar à frente numa fila de supermercado na presença dele. Apanhava a reprimenda e vergonha da sua vida! Ele era fiel aos seus valores e lutava pela igualdade e pela justiça. E isso aplicava-se a todos: brancos, pretos, mulheres, homens.

tamento diferente? Há uma pílula mágica para voar? Ou caímos todos, passageiros “de primeira e de segunda” classe?

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TODOS DIFERENTES, TODOS IGUAIS? (Conclusão da página 12)

cobrar e dar a escolher ao passageiro se quer ou não gastar esse dinheiro e em que prato) e poupar no plástico e no papel que envolvem os ditos “snacks” como lhes chamam. Tanto plástico gasto!!! E o ambiente? Isso sim, deveria ser um dos alvos de preocupação dos cidadãos e das sociedades e não os protocolos de “prioridade com base no dinheiro e no consumo económico”. Outra preocupação, já que falamos em viagens, deveria ser a acessibilidade para pessoas portadoras de deficiência. Isso sim, justifica uma atenção especial e prioritária.

Continuamos muito distantes de um mundo para todos/as e com estas políticas tradicionalistas, não vamos lá chegar. O respeito é para todos: o pobre, o rico, o baixo, o magro, o Sr. Dr. e o Sr. varredor do lixo das ruas, pelas quais todos caminhamos. Todos somos irmãos em raça e somos animais! Nestas atitudes discriminatórias nota-se isso mesmo: o quão animais somos! A exibição dos “nossos galões” (nos ombros claro, pois é aí que crescemos, tal como outros animais que se tornam maiores com o levantar do corpo e o pelo eriçado).

Voltando à questão basilar de hoje: Todos diferentes, todos iguais? Se o avião cair, o Sr. XPTO tem um tra-

Certo…Caímos todos. E às vezes só em momentos desses, isto é, de grande tensão e necessidade de sobrevivência (já nos mostrava Saramago, com o seu livro “Ensaio sobre a Cegueira”) é que baixamos a guarda, despimos os trajes de militar, rasgamos os títulos e canudos… Aí sim, tal como quando se nasce… é que estamos (quase) todos iguais, em igualdade de circunstâncias.

www.jornaldapraia.com

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14 |

MARÉ DE POESIA | JP

2019.04.12

A

poesia é um género literário que coloca em descoberto as emoções, despindo nos versos sentimentos diversos. Cabe a quem lê decifrar e sentir o rasgar

dos sentidos. Maré de Poesia, acolhe diferentes poetas e poetisas que entre a rima e os versos livres vão alimentando a página na descoberta das gavetas antes fechadas. n

SEIOS Sandra Fernandes Os teus desejos, Sei-os todos… Posso descrevê-los ao pormenor Sei os seus gritos de prazer De desejo Sem pudor… Os teus sonhos Sei-os todos Posso sonhá-los por completo, Sei de cor as tuas vontades As tuas fomes E as tuas ansiedades Sei como vives inquieto… E é nos meus seios que repousas Que deliras E ousas Ser um conquistador Da terra abençoada Da terra que invejaste Da terra ousada Terra que não precisa ser semeada Para ser amada. É nos meus seios que te hidratas Que te renovas Que fazes trovas Cheias de amor E respiras profundamente Como se nascesses novamente Transformas-te um arco iris cheio de cor… É nos meus seios que és poema letra de canção diadema emoção. É nos meus seios que moras

que ris que choras que encontras o calor relaxante o aperto o cheiro da amante que te resgatou do deserto do vazio que viveste... É nos meus seios que sacias a tua fome que te curas da miséria e da peste que o teu ser foi exposto. É em meus seios que te alimentas que matas as tuas fomes sedentas e te nutres de energia e motivação... Nos meus seios anulas a pequenez de uma vida sem abundância e colocas à distância restos da insignificância e do desgosto... Os teus desejos, Sei-os todos… Posso descrevê-los ao pormenor Sei os seus gritos de prazer De desejo Sem pudor… É nos meus seios que és poema letra de canção diadema emoção. És palavra escrita vida sentida senhor. É nos meus seios que os teus devaneios são amor!

Poema 4 Luís R. Carmo Soprava o vento norte; E, talvez por ser o mais forte, Resolvi pedir-lhe um desejo... Que, na primeira brisa da manhã, lhe levasse o meu beijo; Mas o dia fez-se de negrume; Afinal o vento tinha ciúme. Transformei, então, a poesia em prosa E resolvi oferecer-lhe uma rosa E, declarando o meu amor; Dizer-lhe que não acaba, não tem fim... Mas não encontrei nenhum jardim Que tivesse tamanha flor; Então é o coração que diz; Escreve o nome dela na calçada; E nas ruas da minha cidade... o escrevi em giz Ignorância pura, Pudera eu saber; O seu nome, foi sol de pouca dura; Começou a chover... E veio o vento Sul Pintou o céu de azul

Só em sonhos Vallda Nunca fui muito além dos horizontes da vida debilmente esquecida como fui eu, inocente amarga, desfigurada apelidada de gente que vivia amargurada em amenos sobressaltos quando os sonhos eram altos e naquela voz sufocada fui ave que voa, e caí na jaula que nunca saí era uma anarquia fonética e minh’alma de tão cética álacre, funesta e tenaz mas tão bicho, vil, fugaz e de fronte disparatada de semblante vil, sisudo de material quase nada mas de sonhos, tinha tudo!

Ser Emigrante Elisa Lopes

Diz-me se sabes amigo O que é ser emigrante Se trazes contigo preso A saudade vibrante. Se um dia escreveste Com tinta de lágrimas E se a dor converteste Em histórias de fadas. Diz-me amigo o que significa

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Ficar distante mas estar presente É valorizar… deixa lá que eu te diga É sentir orgulho é amar a nossa gente Sonhar com o mar e acordar, Ao cheiro imaginário de maresia, E pela janela da saudade visualizar As paisagens belas da nossa ilha. Deixa amigo a minha Alma gritar! Se fazer ouvir sem se lamentar.

E, deu-me esperança; Corri em direção ao mar; E, numa noite de luar; Pedi aos deuses que a trouxessem; Responderam com altivez; Perdes-te a tua vez, O coração dela é de outro! E não encontrei maneira Entrei na brincadeira E disse que não a querendo, não há quem lhe queira! Mas, afinal, havia... E sabendo que a perdia, Deixei-a voar... Talvez num momento há-de voltar E se vier, Fica... se quiser E, querendo vai ficar; E o relógio, acordou-me E disse-me, sem pestanejar... Acorda, Estás a sonhar!...

“Vivi ai“ João Barreiros Vivi ai, Aonde a ressalga me mareava E a janelas olhavam o mar. Aonde nas rochas de pura lava, Eu escondia o meu olhar. Vivi ai, Aonde a montanha era deus, Esculpido no escuro basalto. Aonde as lágrimas dum adeus, Viravam neve no seu majestoso alto. Vivi ai, Aonde os muros são labirintos de pedra, Dos caprichos rendados de um ilhéu. Aonde o Espirito é Santo era após era, Na fé dos Açorianos no seu divino céu. Vivi ai, Aonde ainda mora o meu coração E as recordações de ser criança. Aonde as imagens ainda são emoção, Da minha sentida lembrança.

FICHA TÉCNICA: Ser emigrante é continuar a lutar, Olhar o amanhã com amor a chorar. Ser emigrante não é viver arrependido É enfrentar a maré ficar sempre de pé Mas nem sempre é compreendido Mas vence porque se segura na fé!!!

COORDENAÇÃO: Carla Félix COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Elisa Lopes; João Barreiros; Luís R. Carmo; Sandra Fernandes; Vallda PAGINAÇÃO: JP As participações aqui presentes são da responsabilidade dos poetas/ poetias. Para participar envie o seu poema para maredepoesia@jornaldapraia.com.


JP | INFORMAÇÃO

2019.04.12

AGENDA DESPORTIVA FUTEBOL

VOLEIBOL

CAMPEONATO DE PORTUGAL SÉRIE “D”

Olhanense

-

Casa Pia

Olímpico Montijo

-

Angrense

Louletano

-

Oriental

Moura

-

Ferreiras

1º Dezembro

-

Armacenenses

Redondense

-

Sp. Ideal

Amora FC

-

VG Vidigueira

Real

-

SC Praiense

Pinhalnovense

-

Sacavenense

HOJE (12/04) Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

SEXTA (12/04)

SÁBADO (13/04)

NACIONAL DA II DIVISÃO SEGUNDA FASE SÉRIE “PRIMEIROS” SENIORES FEMININOS

30.ª JORNADA | 14.04.2019

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

DOMINGO (14/04)

8ª JORNADA | 14.04.2019 CD Aves

-

SC Espinho

ADRE Praiense

-

Sporting CP

Vitória SC

-

AA São Mamede

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

SEGUNDA (15/04)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

9.ª JORNADA | 20.04.2019 AA São Mamede

-

SC Espinho

Vitória SC

-

ADRE Praiense

Sporting CP

-

CD Aves

TERÇA (16/04)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

31.ª JORNADA | 20.04.2019 Ferreiras

-

| 15

QUARTA (17/04)

Casa Pia

-

Redondense

Angrense

-

Pinhalnovense

Armacenenses

-

Amora FC

SC Praiense

-

Olímpico Montijo

Sacavenense

-

Moura

Sp. Ideal

-

1.º Dezembro

VG Vidigueira

-

Louletano

Oriental

-

Real

CAMPEONATO DOS AÇORES SEGUNDA FASE GRUPO PROMOÇÃO

6.ª JORNADA | 14.04.2019 SC Lusitânia

-

GD Fontinhas

Marítimo GRA

-

CD Rabo Peixe

7.ª JORNADA | 20.04.2019 C Operário D

-

SC Lusitânia

GD Fontinhas

-

Marítimo GRA

GRUPO MANUTENÇÃO

6.ª JORNADA | 14.04.2019 SC Guadalupe

-

Águia CD

CD Cedrense

-

Graciosa FC

7.ª JORNADA | 20.04.2019 Graciosa FC

-

SC Guadalupe

Vitória FC

-

CD Cedrense

CAMPEONATO DA ILHA TERCEIRA

19.ª JORNADA | 14.04.2019 SC Barreiro

-

Boavista CR

JD Lajense

-

NSIT - Terauto

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

MISSAS DOMINICAIS

Olhanense

NO CONCELHO

QUINTA (18/04)

SÁBADOS

15:30 - Lajes; 16:00 - Fontinhas (1) ; 16:30 - Casa da Ribeira; 17:00 - Cabo da Praia; 17:30 - Matriz Sta. Cruz; 17:30 - Vila Nova; 18:00 - Fontinhas (2); 18:00 - São Brás; 18:00 - Porto Martins; 18:00 - Sta Luzia, BNS Fátima; 18:00 Quatro Ribeiras; 19:00 - Lajes; 19:00 - Agualva; 19:00 - Santa Rita; 19:00 - Fonte do Bastardo; 19:30 - Biscoitos, IC Maria (3); 19:30 - Biscoitos - São Pedro (4)

CINEMA CAPITÃO MARVEL Local: Auditório do Ramo Grande Hora: 21:30* Classificação: M/12 * Sessão também no sábado, 1, à mesma hora.

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

SÁBADO (13/04)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

SEGUNDA (22/04)

CONCERTO VÂNIA DILAC & THE SOULMATES Local: Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo Hora: 21:00

SÁBADO (20/04)

Boavista CR

-

JD Lajense

SC Vilanovense

-

SC Barreiro

15,00 EUR

Regularize a sua assinatura anual através de transferência bancária para o IBAN:

PT50 0059 0004 22036300048 24 Jornal da Praia - Grupo de Amigos da Praia da Vitória Envio o comprovativo de transferência para: assinaturas@jornaldapraia. com indicando o seu número de assinante (Número a negrito na parte superior da etiqueta de envio postal)

TERÇA (23/04)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

QUARTA (24/04)

QUINTA (25/04)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

BISCOITOS Posto da Misericórdia ( 295 908 315 SEG a SEX: 09:00-13:00 / 13:00-18:00 SÁB: 09:00-12:00 / 13:00-17:00

VILA DAS LAJES

Missas com coroação; (2) Missas sem coroação; (3) De outubro a junho; (4) De julho a setembro

JP | ASSINATURA

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

(1)

20.ª JORNADA | 28.04.2019

SÁBADO (20/04)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

Enquanto há catequese; (2) Quando não há catequese; (3) 1.º e 2.º sábados; (4) 3.º e 4.º sábados

08:30 - São Brás; 09:00 - Vila Nova, ENS Ajuda; 10:00 - Lajes, Ermida Cabouco; 10:00 - Cabo da Praia (1); 10:00 - Biscoitos, S Pedro; 10:30 - Agualva; 10:30 Casa Ribeira (1); 10:30 - Santa Rita 11:00 - Lajes; 11:00 - São Brás; 11:00 - Cabo da Praia (2); 11:00 - Porto Martins; 11:00 - Casa da Ribeira (2); 11:00 - Biscoitos, IC Maria; 12:00 - Vila Nova; 12:00 - Fontinhas; 12:00 - Matriz Sta. Cruz (1); 12:00 - Quatro Ribeiras; 12:00 - Sta Luzia; 12:15 - Fonte Bastardo; 12:30 - Matriz Sta. Cruz (2); 13:00 - Lajes, ES Santiago; 19:00 - Lajes; 19:00 - Matriz Sta. Cruz (3); 20:00 - Matriz Sta. Cruz (4))

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

DOMINGO (21/04)

(1)

DOMINGOS

SEXTA (19/04)

Farmácia Andrade Rua Dr. Adriano Paim, 142-A ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-18:30 SÁB: 09:00-12:30 CINEMA DUMBO

VILA NOVA

Local: Auditório Ramo Grande Hora: 21:30* Classificação: M/12 * Sessão também no domingo, 21, às 15:00. Dia 20 - Audio - Versão Original Dia 21 - Audio - Versão Portuguesa

Caminho Abrigada ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-12:00 / 16:00-18:00

Farmácia Andrade

n

Farmácias de serviço na cidade da Praia da Vitória, atualizadas diáriamente, em: www.jornaldapraia.com


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