Jornal da Praia | 0535 | 21.12.2018

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QUINZENA

21.12 A 03.01.2019 Diretor: Sebastião Lima Diretor-Adjunto: Francisco Ferreira

Nº: 535 | Ano: XXXVI | 2018.12.21 | € 1,00

QUINZENÁRIO ILHÉU - RUA CIDADE DE ARTESIA - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA - ILHA TERCEIRA - AÇORES

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TRIBUNAL DA PRAIA DA VITÓRIA

FUNCIONÁRIOS EM LUTA POR MELHOR JUSTIÇA NO CONCELHO | P. 3

CARLA FÉLIX LANÇA AMANHÃ

LIVRO DE POESIA “MELODIA NOS VERSOS DE (A)MAR” CULTURA | P. 11 Fotografia: RS/JP

PAULO ORMONDE

POLÍCIA COM ALMA DE “ANJO” PROFESSOR “FORA REATA LAÇOS QUEBRADOS DA CAIXA” QUE INSPIRA CONFIANÇA HÁ DÉCADAS

Fotografia: Facebook Libânio Silva

LIBÂNIO SILVA

DESTAQUE | P. 8 E 9 PUB

EDUCAÇÃO | P. 5


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CONTO | JP

2018.12.21

CONTO INSULAR (XIX)

O QUE IMPORTA É O SENTIMENTO DE PERTENÇA Por: Emanuel Areias

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futebol no campeonato regional não era aprazível à vista de ninguém, mas os 3 amigos não perdiam um jogo que fosse, pelo amor que nutriam ao Vilanovense. Aquela equipa gerava-lhes um prazer incalculável, só de verem as camisas alvinegras e os jogadores a beijar o emblema, depois de um golo. Os pais dos 3 amigos não gostavam de ir ao campo da freguesia porque detestavam futebol mal jogado e o desastre tático que as equipas patenteavam. Preferiam ficar no sofá, em casa, a assistir aos grandes jogos dos campeonatos internacionais. Os outros jovens marginalizavam os 3 amigos por estes não serem de nenhum clube grande de Portugal. Nem se preocupavam com a classificação da Primeira Liga. Na escola, enquanto os outros falavam na estrela do Benfica ou no frango do guarda-redes do Sporting, os 3 amigos preparavam a tarja para levar ao campo de jogos do Vilanovense no próximo domingo. Era um amor, que aos olhos do mundo globalizado, parecia estúpido e tonto. Para quê gostar de meia dúzia de jogadores, que bebem cerveja antes dos jogos e se embebedam ainda mais depois? Para quê gostar de uma equipa sem grandes ambições, para além da disputa do campeonato regional? Os 3 amigos costumavam dizer que o Vilanovense era um clube histórico, com uma sala cheia de títulos. Tudo aquilo que era alcançável ao clube, ele já tinha ganho ou iria ganhar. Na mente dos 3 amigos, o Vilanovense era o melhor clube do mundo e não havia comentário desrespeitoso que pudesse inverter esse pensamento. Uma equipa de freguesia, sem grandes apoios financeiros, com o campo muitas vezes despido de adeptos, mas sempre com os 3 amigos a apoiar do primeiro ao último minuto. Tinha sido uma verdadeira união sem paralelo, aquela que os jovens tinham estabelecido, para demonstrar face ao todo que se prostituía perante os grandes nacionais. Para eles o futebol não devia ser ganhar ou ter prazer em vencer mais do que o outro, devia ser nutrir prazer pela instituição, amor à camisola e sentir-se na disposição de aprovar as maiores tristezas, sem criticar ou julgar. Não era uma questão de triunfos vazios de essência, era uma questão

de pertença. De se sentirem parte de algo e não um mero número nas estatísticas dos grandes. Para os 3 amigos ser do Vilanovense era ser mais terceirense do que o normal, e por consequência, sentir os Açores nas veias como pouca gente podia sentir. Era deste modo que os amigos aceitavam ser adeptos de uma equipa fraca, mas fiéis ao seu amor e sentimento de pertença. De que valia ser de um clube nacional, se raramente estávamos lá a ver o jogo e a sentir-se parte da atmosfera? A distância a que o Continente estava da freguesia da Vila Nova permitia o esquecimento dos clubes nacionais face à existência de adeptos naqui-

apenas, para poder sentir no íntimo uma alegria passageira de um título que não era deles. Acreditavam que o sentimento de pertença à ilha e à freguesia dependia também da equipa pelo qual torciam. Eram, segundo eles, fiéis ao lugar onde tinham nascido. No último jogo do ano, se o Vilanovense ganhasse, subiria de divisão. Um jogo absolutamente decisivo. As bancadas apresentavam uma boa moldura humana. O jogo era às 15h. Talvez fosse por isso que havia imensa gente a assistir ao jogo, visto que às 20h o Benfica entrava em campo, em busca do título nacional. O Vilanovense entrou em campo, com intuito de fazer história,

Cartoon: Pedro Lopes

lo que consideravam ser uma região ultraperiférica. Os pais dos 3 amigos ainda tentaram convencer os filhos de que podiam ser adeptos do Vilanovense e terem um clube nacional, para que no final de Maio, pudessem comemorar nas ruas da ilha, a vitória do campeonato principal ou de uma taça. Não havia pensamento mais previsível do que este. Para os amigos isso era desvirtuar os princípios, pelos quais se tinham afeiçoado ao clube local. Era ficar dividido na escolha e não amar o suficiente um

mesmo que a equipa não festejasse o feito. Os 3 amigos tinham a certeza de que se a sua equipa ganhasse iriam festejar sozinhos o título. As atenções não estavam naquele jogo. Estavam sim na televisão, às 20h, para assistir ao jogo do Benfica. A equipa ganhou por 2-1, num jogo terrível. Mal jogado, com 2 expulsões e com o banco da equipa adversária a ter apenas 2 jogadores para substituir. Logo que acabou, a equipa soltou um grito digno dos campeões, mas apressaram-se para o balneário.

As bancadas ficaram despidas num ápice, permanecendo apenas os 3 jovens. A taça estava no meio do relvado, à espera de quem fizesse jus à sua existência. Ouviam-se os carros dos jogadores a abandonar o campo de jogos porque já estava perto da hora do jogo do Benfica. Até os próprios jogadores tinham ignorado os seus méritos em nome da grandeza alheia, pondo de parte aquilo que devia ser um sentimento de inegável pertença a algo maior do que a própria freguesia. Podiam ter sido do tamanho da ilha, mas acabaram subjugados à imponência do país. Os 3 amigos não se deixaram chocar com aquela forma inútil de viver a vida. Sabiam que dentro de uma semana, todos os adeptos do Benfica da freguesia, mesmo que fossem campeões, deixariam de sentir o que quer que fosse, pois, toda a esfera de emoções não passava de um grito passageiro da arrogância dos vencedores face aos vencidos. Eram uma das poucas formas que tinham para, na escola, no trabalho ou nas redes sociais, evidenciar uma superioridade, que a necessidade de grandeza criava. Já os 3 amigos sabiam que não iriam perder aquela memória em vão. Todos os dias, ao acordar e ao adormecer, sentiriam no peito que aquela vitória era única. Tinham vivido aquela experiência de perto. Tinham sentido a nobreza do triunfo. Perante a necessidade das pessoas em se aproximarem ao comum e ao vulgar, os 3 amigos preferiam a diferença. Preferiam mostrá-la. Preferiam não ganhar mais nenhum título na vida, mas viviam cientes de que a vitória que tinham alcançado naquela tarde simbolizava o triunfo de algo mais do que o futebol e a disputa em campo. Simbolizava a vitória da sua zona de conforto e a vitória da ilha sobre o país. A vitória dos pequenos face aos grandes. Mesmo que o alcance fosse apenas a mente de 3 jovens, a magia já estava espalhada. Havia esperança. Havia esperança de que algum dia, os próprios ilhéus iriam amar mais as pequenas coisas da sua terra, do que aquilo que era distante e perdia brilho pela passagem do tempo. Havia esperança de que algum dia se iria aceitar e priorizar aquilo que os identificava, mesmo que isso não fosse visível aos olhos de ninguém.. •

FICHA TÉCNICA PROPRIETÁRIO: Grupo de Amigos da Praia (Associação Cultural sem fins lucrativos NIF: 512014914), Fundado em 26 de Março de 1982 REGISTO NO ICS: 108635 FUNDAÇÃO: 29 de Abríl de 1982 ENDEREÇO POSTAL: Rua Cidade de Artesia, Santa Cruz, Apartado 45 - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA, Ilha Terceira - Açores - Portugal TEL: 295 704 888 DIRETOR: Sebastião Lima (diretor@jornaldapraia.com) DIRETOR ADJUNTO: Francisco Jorge Ferreira ANTIGOS DIRETORES: João Ornelas do Rêgo; Paulina Oliveira; Cota Moniz CHEFE DE REDAÇÃO: Sebastião Lima COORDENADOR DE EDIÇÃO: Francisco Soares, CO-1656 (editor@jornaldapraia.com) REDAÇÃO/EDIÇÃO: Grupo de Amigos da Praia (noticias@jornaldapraia.com; desporto@jornaldapraia.com); Rui Marques; Rui Sousa JP - ONLINE: Francisco Soares (multimedia@jornaldapraia.com) COLABORADORES: António Neves Leal; Aurélio Pamplona; Emanuel Areias; Francisco Miguel Nogueira; Francisco Silveirinha; José H. S. Brito; José Ventura; Nuno Silveira; Rodrigo Pereira PAGINAÇÃO: Francisco Soares DESENHO NO CABEÇALHO: Ramiro Botelho SECRETARIADO: Eulália Leal LOGÍSTICA: Jorge Borba IMPRESSÃO: Funchalense - Empresa Gráfica, S.A. - Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, 50 Morelena - 2715-029 PÊRO PINHEIRO ASSINATURAS: 15,00 EUR / Ano - Taxa Paga - Praia da Vitória - Região Autónoma dos Açores TIRAGEM POR EDIÇÃO: 1 500 Exemplares DEPÓSITO LEGAL: DL N.º 403003/15 ESTATUTO EDITORIAL: Disponível na internet em www.jornaldapraia.com NOTA EDITORIAL: As opiniões expressas em artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do jornal e do seu diretor.

Taxa Paga – AVENÇA Publicações periódicas Praia da Vitória


JP | NO CONCELHO

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GREVE NO TRIBUNAL DA PRAIA

FUNCIONÁRIOS QUEREM REVISÃO DE ESTATUTO

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s oficiais de justiça estão em luta. Uma luta que se iniciou em novembro, decorreu durante todo este mês de dezembro e promete continuar e porventura até intensificar-se no próximo mês de janeiro. À greve parcial (das 09 :00 às 11:00) dos funcionários da justiça, juntaram-se os funcionários do Tribunal da Praia da Vitória. Na quinta-feira, 06 de dezembro, a adesão foi total e o tribunal por duas horas

paralisou, tendo mesmo sido adiado uma diligência marcada para as 10 da manhã. Com o slogan “Justiça para quem nela trabalha”, em causa, estão um conjunto de reivindicações que se arrastam por longos anos e, aparentemente, sem fim à vista, apesar das boas vontades da ministra Francisca Van Dunem. A revisão do estatuto profissional, o descongelamento das

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progressões, a falta de funcionários e a quase inexistência de um plano de formações são as principais razões. Para António Fontes da Coordenação dos Açores do Sindicato dos Funcionários Judiciais, a revisão do Estatuto Profissional assume uma relevância determinante não só para a classe, mas também, para o bom funcionamento de todo o sistema de justiça. “A realidade dos tribunais mudou e pelo menos há mais de 4 anos que lutamos para que o estatuto dos oficiais de justiça seja adaptado a esta nova realidade. Cada vez mais os senhores Juízes e Procuradores estão nos tribunais para decidir e os restantes atos processuais somos nós que os asseguramos, tomando decisões de grande complexidade. Apesar de já o fazermos há muitos anos, até agora nunca vimos esta complexidade consagrada no nosso estatuto, pelo que exigimos que nos seja atribuído o grau de complexidade 3, até porque, defendemos que todas as pessoas a admitir a oficiais de justiça sejam licenciadas. Grande parte dos existentes já o são, muitos deles em Direito, ou seja, tem o mesmo curso que os senhores magistrados”. Mas as queixas dos funcionários de justiça não se ficam por aqui. Há outros motivos que os levam a sentirem-se tremendamente injustiçados, nomeadamente o trabalho fora de

horas. “Os interrogatórios prolongam-se para além da hora de serviço e por vezes prolongam-se pela noite dentro, meia-noite, 1 da manhã, os colegas não recebem nem um cêntimo por este tempo de serviço, e no dia seguinte, terão que se apresentar à hora de entrada como todos os restantes funcionários”, refere António Fontes. No que diz respeito à formação o cenário também não é muito animador. António Fontes, funcionário da justiça há 19 anos, os últimos 10 na secção do Ministério Público da Praia da Vitória, frequentou promovido pela sua entidade patronal 3 ações de formação. “Nestes 19 anos quantas alterações legislativas já não houve e quantas vezes já não mudou o código de processo penal?”, interroga. “É através do nosso sindicato que vamos tendo alguma formação, mas em horário pós-laboral, ou seja, depois de um dia de trabalho”, lamenta. Segundo António Fontes a luta é não só para continuar como até intensificar-se no próximo ano. “Apesar da nossa ministra ter boas intenções, acabamos por verificar que na prática acaba por não ter poder negocial e nós já estamos cansados de tanto esperar e já não aguentamos mais, daí que no próximo ano vamos continuar com a nossa luta e até se necessário for, endurecê-la. JP•


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EFEMÉRIDE | JP

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SILVESTRE RIBEIRO, A 2º CAÍDA DA PRAIA E A ESTÁTUA NO JARDIM MUNICIPAL HISTORIADOR: FRANCISCO MIGUEL NOGUEIRIA

O Governador Silvestre Ribeiro criou um verdadeiro plano arquitetónico e urbanístico para a reconstrução, o que permitiu a clara melhoria da qualidade das habitações e do traçado da Praia da Vitória e das freguesias afetadas.

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á exatos 139 anos, a 31 de dezembro de 1879, era inaugurada a estátua do Conselheiro Silvestre Ribeiro, na Praia da Vitória, em pleno Jardim Municipal, em homenagem pelo seu papel na reconstrução do concelho praiense após a 2ª Caída da Praia (junho de 1841).

A Praia da Vitória, que se reconstruíra da 1ª Caída, assistiu, a partir de 12 de junho de 1841, a uma crise sísmica. No dia 13, esta ganhou força, com alguns danos em várias moradias do Ramo Grande, mas particularmente na Praia da Vitória. A população começou a refugiar-se em zonas seguras. Os Praienses estavam assustados e desorientados. Assim, na madrugada de dia 14 de junho, a crise sísmica aumentou de intensidade. O medo entre os habitantes locais gerou pânico e estes começaram a procurar lugares seguros. Já no dia 15, pelas 03h25, um violento sismo arrasou completamente a Praia da Vitória. Era possível ver, então, uma enorme fissura no centro da ainda Vila. A terra tremera e fizera os seus estragos. PUB

Com a 2ª Caída da Praia, grande parte do Ramo Grande foi destruído, com centenas de casas danificadas. A Praia iniciara uma fase de desenvolvimento, pois pouco tempo antes sofrera com as lutas liberais, onde desempenhara um papel de destaque. Por todo o papel simbólico que a Terceira teve como baluarte do Liberalismo, Angra tornou-se do Heroísmo e a Praia da Vitória. Mal saíra de uma luta, a Praia da Vitória entrou noutra, a de sua reconstrução. No meio do sismo, um homem surgiu e desempenhou um papel de destaque, José Silvestre Ribeiro, o governador do novo distrito de Angra do Heroísmo. Desde o 1º dia, Silvestre Ribeiro seguiu os passos de Pombal e tratou de cuidar dos vivos. Numa política de grande compromisso com a população, ajudou-se os desfavorecidos e apostou-se na reconstrução do Ramo Grande. O Governador incentivou o desenvolvimento dos sectores da saúde, da assistência, mas sobretudo da educação. Empenhou-se, assim, no futuro do distrito. Silvestre Ribeiro criou uma rede de Comissões de Socorros, com base em cada uma das freguesias afetadas. Conseguiu-se, então, não só a união da população em torno do socorro às vítimas, mas também na rápida reconstrução das habitações. Teve uma relação mais conflituosa com o Capitão terceirense João Borges Pamplona, próximo de D. Maria II. Este também conseguiu apoios para a reconstrução da Vila, mas sobretudo, que esta não perdesse o seu estatuto de Comarca, como muitos pretendiam. Embora não tivessem as melhores relações, ambos trabalharam para o desenvolvimento da Praia da Vitória. O Governador Silvestre Ribeiro criou um verdadeiro plano arquitetónico e urbanístico para a reconstrução, o que permitiu a clara melhoria da qualidade das habitações e do traçado da Praia da Vitória e das freguesias afetadas. Surgiu, então, a chamada Arquitetura do Ramo Grande, hoje considerada como a de melhor qualidade estética e funcional nos Açores. Digamos que devemos reconhecer e divulgar este facto.

Uma das grandes obras de Silvestre Ribeiro foi a construção da Biblioteca Pública, numa clara política de incentivo à leitura. Mesmo com a mudança das instalações bibliotecárias para a Casa das Tias de Nemésio, esta continua a ostentar o nome de seu fundador, Biblioteca Municipal Silvestre Ribeiro. O Governador de Angra do Heroísmo procurou incentivar a educação no distrito e o desenvolvimento da cultura na Ilha. O Ramo Grande estava, pouco tempo depois, reconstruído. Silvestre Ribeiro cessou funções em 1844, mas continuou ligado a grandes obras por onde passou, sendo um político de visão e de ação, procurando o desenvolvimento das regiões que governava. O povo praiense não se esqueceu do seu papel na 2ª Caída da Praia e homenageou-o, com uma estátua, no jardim municipal, inaugurada no último dia do ano de 1879. Era então Governador do Distrito de Angra do Heroísmo o 2º Conde da

Praia da Vitória, Jácome de Ornelas Bruges, no seu quarto mandato (de 3 de junho de 1879 a 26 de março de 1881). Silvestre Ribeiro morreu em Lisboa, a 9 de março de 1891. É importante darmos a conhecer não só a estátua de Silvestre Ribeiro, mas sobretudo a personalidade deste antigo Governador de Angra do Heroísmo, bem como todo o seu papel e trabalho na reconstrução da Praia da Vitória. Além dele, devemos estudar mais e divulgar a vida de grandes portugueses que nasceram ou viveram nesta Ilha Terceira e que muito contribuíram para o seu crescimento e desenvolvimento. Esta falta de interesse em dar a conhecer as estórias da História e as pessoas e acontecimentos que fizeram dos terceirenses o que são hoje, não pode continuar. Temos de manter viva a Memória do nosso passado para sabermos de onde viemos e para que a nossa Cultura permaneça viva.


JP | EDUCAÇÃO

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LIBÂNIO SILVA

PROFESSOR “FORA DA CAIXA” QUE INSPIRA CONFIANÇA “Sair da zona de conforto” e arriscar em atividades inspiradoras é o mote para um novo paradigma educacional: “Inteligência emocional”.

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o passado mês de maio, Libânio Silva, 39 anos, professor do 1.º ciclo há 12 anos no Colégio de Santa Clara, participou no concurso nacional “Global Teacher Prize”, uma espécie de “melhor professor do ano” numa analogia mais desportiva ou se quisermos, num registo mais institucional, tipo “Prémio Nobel dos Professores”. Ao concurso, cujas inscrições decorreram online, concorreram mais de 700 professores entre professores do 1.º ciclo e professores do secundário até ao 12.º Ano. O propósito do mesmo é destacar e premiar práticas, ações e métodos inovadores e valorizadores da ação docente que inspirando alunos potenciem a sua aprendizagem e sucesso escolar. Dos mais de 700 professores concorrentes, 100 foram selecionados para a execução do evento “Professores Inspiradores” que se realizou-se a 20 de outubro em Portimão, e Libânia Silva constava dessa lista graças às atividades “fora da caixa” que vai realizando com os seus alunos para ganhar a sua confiança e estimular algo que considera de primordial importância na aprendizagem a “inteligência emocional”. “Sempre que inicio um ciclo de quatro anos, nos primeiros 15 dias de setembro eu tento criar com os novos alunos uma relação de grande proximidade, confiança e interação entre todos nós, pois este ambiente de proximidade

Fotografia: Facebook Libânio Silva

e de grande empatia é determinante para o que eles possam estar bem e com isso aprenderem melhor. Socorro-me de canções fortes que promovam confiança e união. Num dos grupos usei a canção ‘Hall of Fame”, noutro, o tema ‘Melhor de mim’ da cantora Mariza e no grupo atual que vai de 2017 a 2021 estamos a pensar na música ‘We Are The champions’ dos ‘Queen’, inspirados pelo recente filme sobre Freddy Mercury. Ou seja, músicas marcantes que inspirem e transmitem autoconfiança”, conta Libânio Silva. Foi exatamente este “sair da zona de conforto” e arriscar na implementação de atividade “fora da caixa” que levou Libânio Silva a constar da honrosa lista dos 100 melhores professores de todo o território nacional e, mais, a ser um dos 8 oradores selecionados para o evento “Professores Inspiradores”. E a capacidade de inovação do professor é verdadeiramente surpreendente: De Ateliês de Filosofia a Clube de Leitura, do Caderno dos Elogios aos detetives do Ambiente, do encarnar os Reis de Portugal aos cumprimentos à medida, muitas são as iniciativas que levam Libânio Silva a ser reconhecido como referência entre os seus pares. No evento “Professores Inspiradores”, dos 24 trabalhos apresentados, Libânio Silva foi um dos oitos oradores designados, com uma apresentação em “Power Point” de 15 diapositivos de 15 segundos cada, onde numa análise introspetiva do trabalho inicialmente desenvolvido para o “Global Prize Teacher” chegou a uma marcante conclusão: “o que de facto me diferencia dos

restantes colegas reside na forma como me relacione com os meus alunos. O meu grande foco centra-se em algo que sinceramente acredito ser o futuro da educação – a inteligência emocional. Neste âmbito, não descurando muitos outras áreas deverá apostar-se em desenvolver capacidades marcantes. Isto é: Se em História estamos dar os Reis de Portugal, então eu mascaro-me de D. Afonso Henriques, e cada aluno encarna o Rei na respetiva cadeia sucessória. Como os lugares são fixos, são criadas mnemónicas e de forma natural os alunos vão percebendo a sucessão cronológica dos Reis”, explica, acrescentando ”por exemplo este ano, a nossa Festa de Natal foi totalmente concebida pelos alunos. Escolheram a dramatização, criaram a história, deram as ideias e eu só as compilei. Foram eles que escolhe-

ram os nomes das personagens, as músicas, os cenários... Estas atividades são marcantes e no futuro não se esquecerão dessas vivências”, garante. Parte integrante na forma de lecionar de Libânia Silva é o desenvolvimento da teoria dos 4 C(s): “Critical Thinking”; “Communication”; “Collaboration”; “Creativity”; Exemplificando com a comunicação. “Muitas são as pessoas que tem dificuldades em falar em público. Os meus meninos, o ano passado logo no primeiro ano, para além de uma capacidade leitora tremenda, no centésimo dia de aulas, algures no início de fevereiro, leram poemas para os colegas de todo o primeiro ciclo, ou seja, leram para cerca de 200 crianças e professores e fizeram-no como se nada fosse”, diz orgulhoso.

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“Este ano criei a mesa da criatividade, para quando os alunos acabarem os seus trabalhos irem para lá e soltarem toda a sua criatividade. Não podem falar com ninguém para esta criatividade ser absolutamente autêntica e genuína, liberta de qualquer influência” explica, exemplificando mais uma atividade fora do comum. Fora de comum é também a ideia que Libânio Silva tem do processo ensino aprendizagem defendido nas Universidades, da qual discorda. “Quando estou a expor uma matéria eu não estou a ensinar nada, só ensino no preciso momento em que o aluno aprende. Numa sala de aula os alunos não aprendem todos ao mesmo tempo, por isso o que faço é transmitir, quando transmito e eles aprendem aí há ensino, caso contrário, só houve transmissão”, elucida. Libânio está conscientes que as sociedades atuais são bem diferentes das passadas e que as futuras serão diferentes das atuais. Há um dinâmica social que faz com que os alunos (Continua na página 10)


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SAÚDE | JP

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o Cantinho do Psicólogo 201

Desorganização

A

o olhar para a fotografia damos conta da desorganização que o quarto apresenta, o que nos poderia levar à conclusão, baseada em vários Aurélio Pamplona estudos, que os res(a.pamplona@sapo.pt) ponsáveis estão a ser acometidos de forte stress, ou de problemas graves de saúde, se situações semelhantes de desorganização se repetirem. Face a estas possíveis consequências dir-se-ia que se torna fundamental que se tomem medidas para isto não acontecer. No entanto não convém exagerar este ponto de vista, na medida em que também a desarrumação e a desordem, para além de poderem estar ligadas a factores de tensão e risco, encontram-se conectadas com a inovação e criatividade. A vida de pessoas célebres como Freud, Lincoln e Einstein ressaltam-se como exemplos desta associação. E são mais uma prova de que o principal inimigo de cada um de nós é o próprio, quando desiste à primeira falha, e não se mostra capaz de dar a volta, ou de contornar os obstáculos que se apresentam no seu caminho, coisa de que aquelas celebridades foram capazes. Entretanto, e na continuidade do Cantinho anterior, registe-se que o segundo sinal de que estamos a ser invadidos pelo stress, e que por isso necessitamos de lançar mão de todas as medidas para o enfrentar, tem a PUB

ver com a falta de segurança que frequentemente invade a pessoa, e que diz respeito a quem habitualmente diz que: (1) não posso confiar em ninguém, em vez de esforço-me sempre por confiar nas pessoas; (2) estou em perigo, em lugar de tento sempre manter-me seguro; e (3) não me sinto à vontade para mostrar as minhas emoções, contrariamente a não tenho problemas em apontar o que me invade.

sem poder ou desamparados; (c) dizem que não podem obter o que desejam em oposição a referirem que é possível obter o que pretendem; (d) em contraposição a defender que vale dar a conhecer as suas necessidades queixam-se que não conseguem levantarem-se por si próprio; e (e) sendo aconselhável optarem por escolher e decidir, habitualmente nada exclamam e acabam por se deixarem ir. Mas há mais exemplos de sinais de

Já o terceiro sinal que nos pode invadir sobre o aparecimento de stress emerge do sentimento de falta de controlo, ou de poder de execução que muitos exibem quando: (a) em vez de apregoarem que se sentem com controlo dizem que se sentem descontrolados; (b) contrariamente a exclamarem que podem e são capazes de escolher optam por se mostrarem

falta de controlo ou de poder de execução como aquele que prefere exclamar habitualmente: (f) não posso confiar em mim; (g) sou um falhanço; (h) falho sempre na obtenção do êxito; (i) tenho de ser perfeito; (j) não consigo lidar com isto; (k) não me revejo a confiar em alguém. Seria preferível que em vez destas negatividades se esforçasse por dizer, respectivamente,

as frases seguintes: (l) sou capaz de aprender a confiar em mim; (m) vou sair-me bem; (n) posso ser um sucesso; (o) consigo ser eu próprio; (p) vou lidar com isto; (p) é possível escolher em quem confiar. O que se verifica é que frequentemente as pessoas tendem a responder às dificuldades e problemas de forma dolorosa. Isto impede-as de fazer ou de ter o que desejam, e de se empenharem no que seria importante para as suas vidas. Até se retraem ao ponto de se tornarem incapazes de pedir ajuda. Sofrer inutilmente é um dos piores exercícios a que nos podemos submeter, visto que não há nada de são ou saudável em continuarmos, ao longo dos anos, a consentir no papel de mártir com algo que, por muitas voltas que lhe dermos, não conseguiremos que não tenha acontecido (Reyes, 2003). Como defende a autora, como seres humanos erramos e continuaremos a errar, e uma parte da nossa maturidade consistirá em aprender com os erros, e reunir os meios necessários para que estes não voltem a surgir, nem se repitam no futuro. E por isso espera-se concretizar e reflectir em cada um destes Cantinhos, mais pormenorizadamente, a maioria destes sinais. Referências: Reyes, M. J. Á. (2003). A Inutilidade do sofrimento; Conselhos para aprender a viver de maneira positiva. Lisboa: a Esfera dos Livros. Foto: A. Pamplona•

O Cantinho do Psicólogo Cento e Vinte e Sete no Cravo LIVRO DE PSICOLOGIA DA SAÚDE DE

Aurélio Pamplona

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JP | SOCIEDADE

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71.º ANIVERSÁRIO

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NOTA EDITORIAL

SOCIEDADE PROGRESSO LAJENSE BOAS FESTAS!

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Sociedade Progresso Lajense (SPL), “sociedade nova”, como é popularmente conhecida nas Lajes e praticamente em toda a ilha, comemorou no passados sábado, 08 de dezembro, 71 anos de existência. Em dia de Nossa Senhora da Conceição – Padroeira da Sociedade – as comemorações da efeméride começaram ao rasgar do dia com a alvorada. Depois houve desfile até à igreja onde se realizou uma missa por alma dos músicos e sócios falecidos. Seguiu-se a sessão solene cujo orador principal foi João Paulo Aguiar, neto de um dos fundadores da SPL e música da casa. Antes do almoço comemorativo assistiu-se a um miniconcerto da filarmónica aniversariante. Presente na cerimónia, o presidente da autarquia praiense, Tibério Dinis, apelou “a todos os sócios da Sociedade para que continuem mobilizados” e para que “prossigam com o meritório trabalho que tem vindo a ser desenvolvido”, perspetivando “o futuro a médio e longo prazo” para evitar “novos momentos de incógnita” na coletividade. Tibério Dinis enalteceu ainda “o espírito e um sentimento sublime que mobiliza” todos aqueles que têm levado a instituição para frente, lembrando que muito recentemente a Sociedade passou por momentos difíceis. “A Câmara Municipal da Praia da Vitória associa-se a esta celebração dos 71 anos da Sociedade Nova das Lajes, felicitando todos aqueles que ao longo destas sete décadas trabalharam e se dedicaram a esta coletividade, em prol da Vila das Lajes, mas, sobretudo, em prol da projeção de um futuro melhor para todos”, disse.

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om esta edição terminamos mais um ano editorial levando às bancas Na ocasião, o autarca praiense fez as 24 edições programadas. A todos os que abnegadamente colaboquestão de “parabenizar os atuais órram connosco o nosso muito obrigado, sem vocês não teria sido possígãos sociais e a direção presidida por vel. Obrigado ainda ao “Paulo César Design” pelo logo e cartaz natalício. Aos Ricardo Martins, que tomou posse leitores, obrigado pela preferência e votos de Boas Festas! JP• num período muito difícil desta coletividade, depois de um período de muitas incógnitas, em que todos ficamos sem saber se a casa ia fechar ou continuar aberta. Pela vossa coragem, atitude e determinação, arregaçaram as mangas, reuniram um grupo alargado de pessoas e têm desenvolvido um trabalho meritório que deve ser enaltecido”. Tibério Dinis lançou também um apelo “a todos os sócios e amigos” da Sociedade: “Todos os sócios e todos os que gostam da Sociedade Nova das Lajes têm que ter presente que é fundamental que, daqui a dias, quando houver os momentos decisórios para o futuro da Instituição, todos têm que estar mobilizados. As associações hoje são diferentes do que eram do passado e as nossas vidas também são diferentes daquilo que foram no passado. Todavia, não se pode deixar que a história das nossas coletividades, que é a história das nossas freguesias e vila, que é a nossa história enquanto sociedade organizada em comunidade termine apenas por falta de motivação e de mobilização das pessoas”. “Naturalmente há que continuar de forma diferente, mas é fundamental que continue esta mística. É fundamental que haja um pensamento de médio e longo prazo para estas instituições. Por isso, apelo a que todos os sócios se mobilizem, para que 2019 possamos estar novamente aqui todos reunimos a festejar todo este espírito”, concluiu o Presidente do Município. GP-MPV/ JP •

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TALHO BORBA & MENDES


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DESTAQUE | JP

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PAULO ORMONDE

POLÍCIA COM ALMA DE “ANJO” UNE Por 4 décadas centenas de crianças saíram da Terceira perdendo a identidade. Adultos, regressam às origens graças ao voluntarismo de Paulo Ormonde.

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a edição de 20 de outubro, o semanário “Expresso” apresenta na revista “E”, a reportagem “Os meninos sem infância da ilha Terceira”, trabalho de coautoria da jornalista Helena Fagundes e do jornalista “free-lancer” Tiago Carrasco. Num esplêndido texto, ao longo de 8 páginas, narra-se uma estória de lágrimas nas tonalidades de um Portugal de miséria. Décadas depois, graças à ação de Paulo Ormonde, acontece alegria, num reatar de laços vencidos à memória da infância. Surpreendentemente o “Pantera” – como entre nós é conhecido Paulo Ormonde – mais do que um agente da Polícia de Segurança Pública é nos tempos livres “Anjo” de reencontros de centenas de crianças abandonadas com as suas famílias biológicas. A expressão “Anjo” não se apresenta aqui como jargão de mais uma peça jornalística, mas antes, como testemunho real e transversal a todos aqueles que viveram este voltar às origens na primeira pessoa e publicamente o espelham no grupo da rede social Facebook “Adopted from Terceira Azores”. Nesta entrevista, Paulo Ormonde, recusa heroísmos e no discurso confiante e otimista que lhe caracterize revela-nos como tudo começou, a simplicidade das suas motivações e um manancial de emoções, ora de suprema felicidade ora de profunda frustração. Jornal da Praia (JP) – Quando e como nasceu esta atividade de ir ao enconPUB

tro do rastro de pessoas de paradeiro desconhecido? Paulo Ormonde (PO) – Inspirado e motivado por aquele “fazer o bem” do programa da SIC “Ponto de Encontro” apresentado pelo saudoso Henrique Mendes, há 15 anos iniciei por iniciativa própria os meus trabalhos de pesquisa na página “Genealogy. com” filtrando a busca à ilha Terceira. Embora a maioria dos resultados se destinasse à construção de árvores genealógicas familiares nos quais se procurava antepassados do século XVIII, XIX e início do século XX, outros procuravam pessoas mais recentes e com grandes probabilidades de ainda estarem vivas, sendo esses os que me levavam a investigar. Um desses casos corresponde a uma irmã que procurava um irmão que sabia estar na ilha Terceira, mas não sabia onde. Encontrei-o em São Mateus e proporcionei o encontro. JP – Este trabalho de encontrar pessoa como se desenvolve? PO – Começo naturalmente por recolher junto de quem procura o maior número de dados possíveis sobre a pessoa procurada. Tipo o nome de registo – muitas vezes não sabem – data de nascimento, nome da mãe e mais informações que possam ser úteis. Depois, com base nessa informação dirijo-me às conservatórias do registo civil ou ao arquivo e recolho um conjunto de elementos dos quais dou retorno a quem procura. Nesse diálogo de consolidação das informações vamos chegando ao paradeiro da pessoa, outras vezes, chega-se de forma imediata sem necessidade de mais informações complementares. JP – Deste trabalho de encontrar o rastro de pessoas como se passa para o caso das adoções dos militares norte-americanos estacionados na Base

Fotografia: RS/JP

PAULO ORMONDE dedica os seus tempos livres a atar laços sanguíne contros de mais de uma centena de pessoas correspondente a mais d das Lajes? PO – Passa-se de uma forma muito simples e natural. Eu sou procurado por diversas pessoas que procuram ou os seus pais biológicos ou os seus irmãos. O ponto de partida é simplesmente esse, mas depois, constata-se uma evidência: grande parte dessa gente foi levada por militares norte-americanos em serviço na Base das Lajes.

JP – Estamos a falar de adoções de que décadas? PO – São várias, que vão da década de 50 à de 80, mas o forte dos casos que tenho tratado referem-se à década de 70. No quadro jurídico nacional há duas distinções que Importa salientar. De 1974 para trás só havia autorizações de emigração, já de 1974 p’ra frentes existe a figura da adoção que poderá ser plena ou restrita.


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E LAÇOS HÁ DÉCADAS QUEBRADOS

eos quebrados há décadas. Nos últimos 15 anos já proporcionou reende quatro dezenas de famílias. JP – Enquanto elo de ligação entre filhos e pais biológicos, no seu entender, a que se deve este foco de adoções? PO – No meu entender este fenómeno explica-se por dois grandes fatores. Em primeiro lugar, sem margem para dúvida, a pobreza extrema em que viviam todas aquelas famílias e que viam na adoção dos americanos a possibilidade de garantir um futuro melhor aos seus filhos. Por outro, há também a registar um número significativo de adolescentes que para desgosto e até revolta dos pais foram PUB

mães e necessitavam de alguma forma de se desfazer dos filhos. Por vezes entregavam-nos nas instituições e eram estas mesmas instituições como o Lar Santa Maria Gorretti a incentivá-las a entregar as crianças aos militares americanos. JP – Em termos de géneros regista-se um equilíbrio ou verifica-se predominância de um género em relação ao outro? PO – Há uma predominância de raparigas em relação aos rapazes. Nos casos da pobreza extrema esta é uma

realidade por demais evidente. A tendência era ficarem com os rapazes e darem as raparigas para adoção, porque os rapazes depois lhes ajudariam nas terras. Já tratei de uma situação de uma família que teve 4 filhos, 1 rapaz e 3 raparigas, as raparigas foram todas para adoção, mas o rapaz não. Encontraram-se pela primeira vez tinham todos mais de 50 anos.

da da mãe. Depois as mães seguiram com a sua vida, encontraram um homem, casaram e constituíram família, sempre ocultando o passado e o filho dado para adoção. Aparecer um filho vindo de um passado de certo modo apagado seria uma espécie de bomba atômica em toda aquela estrutura familiar, pelo que, apesar de triste, não posso deixar de compreender.

JP – Ao longo destes 15 anos quantos reencontros já proporcionou? PO – Começo por dizer que não faço arquivo dos reencontros proporcionados nem os registo estaticamente, todavia, poderei adiantar com toda a segurança que individualmente já proporcionei mais de 100 reencontros envolvendo garantidamente mais de 40 famílias.

JP – E reencontros que não correram bem? PO – Também os há, mas não necessariamente no primeiro momento que é sempre vivido com profunda emoção e alegria. Depois o que há é mil e uma pergunta, porque que é que eu fui adotado, mais isto e aquilo e, por vezes, as mães nem sempre têm as respostas... perante isso ficam um pouco dececionados, alguns, não todos.

JP – Nos múltiplos casos que já lhe passaram pelas mãos qual o balanço que faz relativamente ao êxito – entenda-se bem-estar das crianças – de todas estas adoções? PO – Percentualmente poderei dizer que 90% das adoções correram muito bem para as crianças enquanto as restantes 10% nem por isso. Há crianças que depois de adotadas foram abusadas sexualmente pelos pais adotivos e outras que sendo retiradas de uma instituição mais tarde foram deixadas noutra. Mas, o facto é que a grande maioria dessas crianças, garantidamente, tiveram uma vida bem melhor do que aquela que teriam se cá tivessem ficado. JP – Já aconteceu ter um reencontro preparado e o mesmo não acontecer por vontade de uma das partes? PO – Esta situação já aconteceu, suponho que só três vezes, em que a mãe biológica recusou-se a reencontrar-se com a filha. Embora esta situação me deixe muito triste não deixo de a compreender. Estamos perante gravidezes indesejadas na adolescência em que a criança acabou separa-

JP – Esta é uma atividade que nunca vai parar? PO – Pois está sempre a aparecer novas pessoas à procura de outras. Então desde da reportagem do Expresso, SIC e TVI o número de pedidos de ajuda aumentou consideravelmente nos dois grupos que utilize para este efeito, embora muitos dos pedidos sejam de resolução difícil porque a informação ou é escassa ou praticamente inexistente. JP – De todos estes reencontros existe algum que o tenha marcado mais profundamente? PO – Não. Cada história é uma história e todas são dramáticas. Envolve-me em todas com igual determinação. Naturalmente as que me dão mais trabalho porque mais difíceis e depois tem um desfecho feliz, são as que me dão maior satisfação. Nestes 15 anos nunca fiz contabilização das ajudas, ajudo, desligo a ficha, e parto para outra. É o meu jeito de conquistar um lugar no Céu. JP•


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EDUCAÇÃO | JP

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LIBÂNIO SILVA: PROFESSOR INSPIRADOR (Conclusão da página 7)

de hoje sejam diferentes dos de ontem e os da amanhã serão diferentes dos de hoje. Para Libânio Silva o futuro da educação faz-se por compreender “que os meninos de hoje tem conhecimentos e competências que os meninos de há 30, 20, 10 anos não tinham. Hoje temos meninos que peguem num telemóvel ou num ‘tablet’ e vão buscar informação que por vezes nos deixam de boca aberta. O desafio que se coloca é trazer essas informações para o contexto de aula e desenvolver atividades à volta dela que desperte interesse por tudo aquilo que se faz na aula”. Decorrente desta análise e salientando que existem muitos bons professores a desenvolverem um bom trabalho, diz que “os professores devem sair um bocadinho da sua zona de conforto. Não podemos ensinar as crianças desta era da mesma maneira que ensinávamos há 20 anos atrás. A receita de sucesso de há 20 anos atrás nos dias de hoje porventura já não fazem muito sentido e daí é necessário dos professores adaptaram-se às novas realidades, entrar em zonas que se calhar temos algum receio, arriscar, sair fora da caixa, ir mais em frente. Porventura há atividades que até acreditamos no seu potencial educativo e pedagógico mas temos receio, é necessário perder este receio e ir em frente”. Exemplo deste estar “fora da caixa”

e apostar em atividades inovadores e contemporâneas é a atividade desenvolvida semanalmente à sexta-feira com o uso de dispositivos móveis, totalmente integrada nos conteúdos curriculares (ler caixa “Kahoot!” abaixo). A ideia surgiu após a frequência de um curso no início deste ano no qual o docente teve contato com a plataforma “Kahoot!” e logo se apercebeu do seu potencial educativo. Reuniu com os pais e explicou o projeto e depois de todos terem concordado passou à sua implementação para grande sucesso e alegria dos alunos, que a jogar vão consolidando os conteúdos abordados ao longo da semana. Outra atividade inovadora e que marca a diferença assente no pressuposto da autoconfiança e da boa disposição é os “Cumprimentos à medida” (ler caixa abaixo) que nasceu depois de ver um vídeo no Youtube de uma professora americana que cumprimentava os seus alunos pela manhã com 4 saudações diferentes. A ideia foi adaptada, implementada e hoje é um enorme sucesso e alastrou-se ao pátio do colégio permitindo às outras turmas também usufruírem da atividade. Libânio Silva não se fica por aqui e outras atividades destinadas as desenvolver capacidades marcantes estão já na forja. De temática ambiental os “Detetives do Clima” vão investigar a quantidade de monóxido

Fotografia: Facebook Libânio Silva

de carbono lançado para a atmosfera e também zelar pela limpeza do ambiente. “Estas ações ao envolverem diretamente os alunos permitindo-

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-lhes vivências marcantes, do ponto de vista da sensibilização são muito eficazes”, conclui o professor inspirador. JP•

CUMPRIMENTOS À MEDIDA

omeçar o dia bem-disposto é meio caminho andado para que o dia corra bem, e em ambiente escolar, despertar os alunos para um dia de profícua aprendizagem. Foi com este pensamento que depois de visionar um vídeo no Youtube, Libânio Silva, implementou na sua turma do 2.º ano os “Cumprimentos à medida”.

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ahoot! É uma plataforma web de aprendizagem baseada em jogos utilizada em várias escolas e instituições de ensino. Os jogos de aprendizagem são testes de múltipla escolha (4) acessíveis através de um “browser” web presente em qualquer dispositivo móvel inteligente. Socorrendo-se desta plataforma e utilizando os dispositivos móveis dos alunos, todas as semanas, à sexta-feira, por 45 minutos, Libânia Silva, consolida os conhecimentos dos conteúdos abordados durante a semana. Numa espécie de “Quem Quer Ser Milionário”, os alunos são confrontados com um “quiz” elaborado pelo professor de 4 respostas possíveis, assinaladas por símbolos geométricos e cores diferentes. Num ambiente divertido com a saudável adrenalina da competição, sem se aperceber os alunos fazem a revisão dos conteúdos tratados ao longo da semana, municiando o professor de elementos que lhe permite identificar as matérias mais consolidadas e as que necessitam maior atenção. JP•

Pela manhã, à entrada na sala de aula, cada criança escolhe como quer ser cumprimentada pelo professor. Pode ser um abraço, beijinho, “dá cá mais cinco”, aperto de mão, um “dab” e mesmo uma dança – o “fortnite”, na qual afirma Libânio em tom de brincadeira “os alunos são bem mais talentosos”. Segundo adianta o professor, curiosamente “as entradas começaram a ser mais ordeiras, porque cada aluno está atento ao cumprimento que o colega escolhe e recebe”. A atividade revelou-se um enorme sucesso e foi alastrada às restantes turmas. Todas as manhãs Libânio Silva cumprimenta de forma divertida duas turmas: a sua, e no pátio da escola, a que foi no dia anterior a mais bem comportada. Libânio Silva publicou na sua página de Facebook “Libânio Silva - Docente do 1.º ciclo” o vídeo dos “Cumprimentos à medida” o qual também aqui revelou-se um enorme sucesso com mais de seis centenas de partilhas e milhares de visualizações, com muitos internautas a saudar a iniciativa inovadora do professor. JP•

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JP | CULTURA

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POETISA PRAIENSE, CARLA FÉLIX LANÇA AMANHÃ:

“MELODIA NOS VERSOS DE (A)MAR” Livro reúne poemas escritos de 2014 à atualidade, constituindo um hino de amor ao mar, à cidade e à poesia.

sentimentos e a vida acontece rodeada de mil imagens, memórias e sonhos…”

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“Há nos seus poemas a síntese completa de sentimentos transversais a todos nós, mas é ela que os desenha em versos simples e tocantes. A ligação forte ao seu terreno diário, às suas vivências, entre amor e dor; entre mar e amar sem se desligarem definitivamente. Melodias nascidas no âmago que as reconhece e lhes dá voz, ora para as afastar, ora para aconchegar com o carinho profundo que se sente nas suas emoções, que sendo suas passam a ser nossas enquanto leitores” enfatiza.

arla Félix, poetisa praiense, lança amanhã, 22 de dezembro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho da Câmara Municipal da Praia da Vitória, pelas 20:00, o seu primeiro livro de poesia, “Melodia nos Versos de (A)mar”. A apresentação oficial está a cargo da psicóloga Letícia Leal e contará com a participação da poetisa Angélica Borges. Via Skype, está previsto a intervenção da autora do prólogo, a escritora e poetisa de Alenquer, Ana Coelho, que também é responsável pela paginação e design da capa que conta com fotografia de Carlos do Carmo. “’Melodia nos versos de (A)mar’ é um conjunto de poemas nascidos na ilha das emoções, aqueles que se desenham no íntimo de quem escreve com um coração palpitante, contagiante a quem o lê”, escreve Ana Coelho no prólogo. Para esta alenquerense, “ler Carla Félix é entrar na água cristalina da sua praia e baía, aromas deste arquipélago onde ela tem as raízes, os PUB

Ana Coelho finaliza o prólogo citando Fernando Pessoa: “Há duas espécies de poetas – os que pensam o que sentem, e os que sentem o que pensam”, concluindo, a Carla Félix “é definitivamente a poeta que sente o que pensa e escreve com essa convicção”. Este livro surge depois de a poetisa ter participado em várias antologias/ coletâneas poéticas de nível nacional. “Melodia nos Versos de (A)mar” é uma edição de autor (100 exemplares) com 66 páginas que compila um conjunto de composições poéticas escritas de 2014 até à atualidade.

Carla Félix começou a escrever em 2013. Inicialmente de forma silenciosa e como forma de “terapia”, desconstruindo emoções e sentimentos complexos, numa fase mais conturbada da sua vida pessoal. Aos poucos, os poemas foram nascendo ao acaso e voando em versos ao compasso da musicalidade das palavras, num grito de vida. A obra reúne 57 poemas que embora escritos em momentos diferentes apresentam um traço comum, “um mergulho nas águas da baía da Praia da Vitória onde se estabelece um diálogo com o mar, que acalma quem lê e permite recuar no tempo”, desvenda Carla Félix. A cidade da Praia da Vitória e a sua imponente baía, é assim, mote ou cenário para mais de meia centena de poemas que mergulhando na memória da autora revivem a infância, num hino de amor ao mar, à cidade, às suas gentes e raízes, não deixando os praienses indiferentes e levando-os “a sentir cada verso”, assegura a poetisa. O livro representa ainda “um lavar de alma de quem escreve”, demonstra toda “a força do ser ilhéu” e revela a audácia “de uma mulher que faz da poesia refúgio das suas lutas

internas”, conclui Carla Félix. Carla Félix é licenciada pela Universidade dos Açores em Educação da Infância, sendo educadora na Creche e Jardim de Infância da Santa Casa da Misericórdia da Praia da Vitória, onde coordena todas as valências educativas. Filha e neta de homens do mar, nasceu na freguesia de Santa Cruz, Praia da Vitória, há 42 anos. É a coordenadora da página “Maré de Poesia” deste quinzenário lançada a 01 de junho. JP•


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EDITORIAL & OPINIÃO | JP

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SANTA MARIA… QUO VADIS?

E DITORIAL

“Estou firmemente convencido que só se perde a liberdade por culpa da própria fraqueza”. (Mahatma Gandhi)

Também Existem Boas Notícias

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o mundo e na nossa terra vivemos constantemente embrulhados em noticias péssimas e muitas delas não são verdadeiras, não correspondem à verdade, são totalmente e ou parcialmente falsas. As más notícias que ultimamente ocorreram sobre a Praia da Vitória, sobre o seu concelho têm caído em catadupa nos órgãos de informação locais, regionais e nacionais e sempre em elevados e relevantes destaques, e muitas das vezes com o intuito de pintar um quadro negro sobre a nossa terra, apagando quaisquer aspectos positivos que são certamente muitos e variados. Não podemos esconder a verdade, pois certamente tem ocorrido factos que nos espanta a todos, nomeadamente em relação à poluição ambiental do concelho da Praia da Vitória, devido à utilização da Base Militar das Lajes pelas Forças Armadas Norte Americanas ali estacionadas há vários décadas, onde as áreas poluídas já detectadas e as novas áreas a determinar têm de ser alvo de estudos por Laboratórios Científicos, que se querem competentes e independentes do poder político, para que se possa apurar a verdade factual e combater meras especulações, que só têm gerado pânico na população, principalmente nas famílias que têm sido afectadas por doenças cancerígenas. Num mundo muito conturbado, onde o economicismo tenta superar tudo e todos, há simplesmente que perscrutar também as boas noticias da nossa terra, nomeadamente as práticas salutares levadas a efeito pelos responsáveis governamentais em prol da natureza, e cabe certamente realçar o galardão “Município do Ano”, atribuído à Praia da Vitória, pelo projecto UM-Cidades da Universidade do Minho pela recuperação e preservação das zonas húmidas dos Pauis da Praia da Vitória, levadas a cabo pela Câmara Municipal da Praia da Vitória (Paul da Zona Verde de Santa Cruz, Paul do Belo Jardim e o Paul da Pedreira do Cabo da Praia), que não foi certamente tema de abertura de telejornais, nem de primeira página nos jornais, o que é lamentável, “não elevamos uma coisa fazendo com que ela tende para o mal”, senão estamos a construir o caos, e só somos felizes quando temos boas sensações e afastamos as más. “Se a imaginação do homem é por sua vez um produto de algoritmos bioquímicos”, deve mais do que nunca ser dirigida à descoberta da verdade e não podemos passar ao lado das fake news, como uma coisa de menor importância, no nosso dia-a-dia, devendo ser afastadas, não permitindo assim, que os nossos políticos e governantes tirem inúmeras vantagens indevidamente de métodos indignos, e deixaremos de ser vitimas de uma visão falsa da nossa história. O Diretor Sebastião Lima diretor@jornaldapraia.com

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José Ventura*

anta Maria a primeira de um naipe de estrelas descidas até à superfície do Atlântico no conjunto de nove que, por obra do “Universo” se tornaram num dos espaços Atlânticos mais bonitos do mundo. Ilha pequena em território, a segunda mais pequena do conjunto estrelar que nos representa em Bandeira. Foi e é, um gigante no contexto arquipelágico açoriano. Possuidora de Povo laborioso, teve e tem, o seu nome ligado ao mundo, através do seu aeroporto, ponto de referência no caminho que cruza os céus. Para além de considerado um dos melhores aeroportos do mundo, é dali que, através do “Centro de Controlo de Tráfego Aéreo” se presta assistência a centenas de aeronaves numa vasta área do Oceano Atlântico, incluindo o nosso Arquipélago e se estende, para Sul até à região de informação de vôo de Cabo Verde e a Oeste à de Nova Iorque. Informações recolhidas aponta-se para mais de 500 aviões os que são “guiados” pela FIR Oceânica de Santa Maria (Região de Informação de Vôo). Foi por Decreto-Lei 49059 de 2 de Junho de 1969, que insere as disposições destinadas a possibilitar a execução do Acordo firmado entre os Governos do Canadá, da França, da República Federal Alemã, da Itália, da Holanda, do Reino Unido, dos Estados Unidos da América e de Portugal para a instalação do Polígono de Acústica Submarina na ilha de Santa Maria. Projecto de investigação científica oceanográfica no âmbito da NATO. Instalado que foi, em 1972 seria desactivado a partir de meados

da década de 1980.

e governativo tratado de regional.

Assim, se demostra a importância vital da Ilha de Santa Maria no plano geoestratégico e económico perante os interesse portugueses e internacionais em relação aos Açores. A base americana na Terceira, a Estação de Telemedidas das Flores, destinada à detecção e estudo das trajectórias de mísseis balísticos, denominado por Acordo Luso-Francês, iniciando as suas em Outubro de 1966 ficará em actividade operacional até 1993.

“Portugal ensaia altos voos nos Açores” “O governo de Lisboa pretende criar uma plataforma de lançamento de satélites nos açores”, são dois dos muitos títulos que lemos nos jornais portugueses com reflexos nos de cá.

Da presença da Nato (Naval Base 13 – Mid-Atlantic Naval Base Ponta Delgada) criada em meados de 1917, desmantelada em Janeiro de 1919, e interpolada pela criação da Base de Santa Maria (1944-1946) e das Lajes (1946 à actualidade, a chamada base dos americanos) em Ponta Delgada restam o Depósito POL-NATO. Foram estas, últimas três referências, construídas em cima de alicerces políticos e, interesses internacionais em que foi o Estado português o detentor de plenos poderes de negociação retirando o mesmo para si o maior proveito principalmente nos de cariz político e militar. Aos Açores e com o advento da autonomia (a ausência da inicial maiúscula é propositada) e, durante um certo período, coube alguma “coisinha” no referente ao aluguer da Base das Lages, mas, foi sol de pouca dura. Resta-nos aos açorianos no seu todo e, aos terceirenses em particular, uma forte contaminação do seu solo que tem vindo a ser jogo de interesses portugueses protagonizados por um trio político composto pelos ministros dos negócios estrangeiros, do ambiente e da defesa. Todas estas infra-estruturas deveriam ser rentabilizadas na perspectiva do interesse açoriano o que, não se concretizou perante um por vezes tímido sussurro do poder legislativo

Entretanto, nem todos os marienses estão entusiasmados, com os núncios que até refere o lugar escolhido para implantação das suas infra-estruturas – Malbusca - a contestação começa a fazer-se sentir. Os marienses, interrogam-se sobre o que lhes pode esperar principalmente quanto ao ambiente. Manuel Heitor, o ministro português da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, coadjuvado por Gui Menezes Secretário Regional do Mar, adiantando entretanto o concurso internacional para instalar a chamada “base espacial nos Açores” que estará pronta para lançar os primeiros satélites em 2021. De nossa opinião não seria demais mesmo já num processo adiantado como parece estar Programa Internacional de Satélites do Atlântico, um esclarecimento cabal ao povo mariense que o merece. Só assim a Democracia será exercida e poderão os responsáveis políticos açorianos fazer um acto de contrição pela sua subserviência a quem teimosamente quer continuar “a por e dispor” do que pertence por ao nosso povo. O POVO AÇORIANO”. Os Açores têm capacidade de auto-governação, quanto baste e capacidade de intervenção em matéria de relações internacionais para negociar o que é seu por direito internacional. O seu território, o seu mar e o seu espaço aéreo. Pelos Açores sempre em primeiro… (*) Por opção, o autor não respeita o acordo ortográfico. •

A MALEITA DA POLÍTICA PORTUGUESA A lei eleitoral portuguesa, há muito que deveria ter sido revista e alterada, mas isto não interessa a nenhum partido político atual. É uma lei opaca, viciada e foi feita à luva para os partidos portugueses e à revelia da opinião pública que para o caso nunca foi ouvida. especialmente os mais interessados nas coisas cívicas, também estão dececionados com o sistema político, cansado e caduco, que cada vez mais faz perigar os alicerces da Democracia.

José Soares

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onforme temos visto e ouvido, os jovens estão fartos e fora desta política. O Povo e

Oito em cada dez jovens com idade entre os 18 e os trinta anos, diz-se desinteressado de qualquer participação partidária. Os dois que restam, vêm das juves partidárias e, portanto, já formatados com todos os defeitos e vícios das perspetivas parti-

dárias do “politicamente correto”. As estratégias nebulosas, as lutas fradicidas, as brigas prostituídas na casa da Democracia, as combinações interpartidárias sobre o que deve e, sobretudo, não deve ser dito em público, os jogos do gato e do rato, as conivências legistas parlamentares, os convenientes e sucessivos atropelos à transparência democrática, as já famosas “mão na boca” para falarem entre si, as bancadas vazias nos (Continua na página seguinte)


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CRÓNICA DO TEMPO QUE PASSA (XLII)

PADRE JOAQUIM ESTEVES LOURENÇO NO 25º ANIVERSÁRIO DA SUA MORTE do Pico das Cruzes, onde o ilustre e culto sacerdote se recolhia, habitualmente, em dias de Verão, para retemperar energias na casita que lá possuía.

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António Neves Leal

asceu nos Altares, Ilha Terceira, a 22 de Junho de 1908, ordenou-se presbítero, em 19 de Fevereiro de 1933, e faleceu em Tulare, Los Angeles, Califórnia, no dia 12 de Novembro de 1993, isto é, há um quarto de século precisamente. Conheci o antigo pároco de S. Sebastião, ainda eu era criança, mas o seu dinamismo, carisma, desvelo e coragem foram facetas que fui descobrindo até à sua partida para os EUA, em 1952. Das quatro, foram o dinamismo e a coragem as que mais me marcaram. Sobretudo, a última, bem patente quando foi vítima de uma cabala que terminaria em grave e vergonhosa desfeita, com o objectivo de o desanimar e levá-lo ao abandono do seu múnus sacerdotal na histórica Vila, onde teve notável influência social, sobretudo nos anos quarenta, durante os quais se efectuaram as maiores obras no desenvolvimento da terra que ele adoptou, como sua para viver. Lembro-me, ainda, das lamentações e comentários ouvidos em casa dos meus pais e na boca de outras pessoas da vizinhança, verberando a humilhação feita ao respeitado Padre Joaquim. Lá em casa, era grande a revolta do meu pai contra os mercenários que, a mando de cobardes invejosos e desejosos de colocarem na Vila outro padre, lhe pediram para lá deixar os foguetes para as festas de Sant’Ana, os quais, depois do “bodo de leite”, foram inesperadamente disparados sobre o pomar

No começo dos anos sessenta, eram frequentes as minhas idas ao posto da baleia, onde lá trabalhava o Manuel do Pico, para dar largas à imaginação, ouvir estações de rádio e ver cachalotes, navios e aviões pelos binóculos. Para lá chegar, eu passava muito perto do pomar do Pe. Joaquim, no qual trabalhava um seu familiar, de nome Firmino, com quem me cruzava amiúde na Canada da Forca. Ele era parente do sacerdote, e seu representante, estando encarregado de vigiar a propriedade, fazer alguns trabalhos agrícolas indispensáveis, e apanhar as saborosas maçãs e os pêssegos lindos e bem cheirosos, grandes como punhos. Cestos deles foram vendidos, a muito bom preço, aos americanos da Base das Lajes. Das nossas conversas deduzia-se que ele, como procurador do Pe. Joaquim, não estava muito contente, e falava-me, de vez em quando, na hipótese de ter de vender o pomar, porque dificilmente o seu familiar regressaria da América e vir novamente para os Açores. Chegamos a falar em preços. Ele dizia-me que gostava que o comprador fosse uma pessoa que estimasse aquela propriedade, a menina dos olhos do padre Joaquim, e também dele. Interpelou-me, algumas vezes, para indagar se eu estaria interessado na compra. Faria um preço especial, no caso de eu estar interessado. Eu confessava-lhe que adorava ter um pomar como aquele, mas com a continuação dos estudos em Lisboa tal não seria viável. Só nos anos oitenta do século XX, eu viria a possuir um pomar, plantado por mim, e hoje a servir, ainda, do refúgio que não dispenso.

E ao evocar o pomar do Pe. Joaquim vem-me à mente as suas leituras do breviário, (obrigatórias para os padres), as obras literárias em poesia e prosa, os livros de cariz histórico e as publicações regionais (revistas como “Prelúdios” e jornais, como “A União”, onde deixou colaboração). Nas horas de maior enlevo, do alto do Pico das Cruzes, e espraiando a vista sobre o Arrabalde da Vila, avistava a ponta das Contendas para o lado sul, e o Porto Martim para leste, depois lá puxava do caderno de apontamentos. Nele anotava assuntos diversos: as homilias, os discursos cívicos, alguns deles brilhantes, e dando também asas à inspiração poética que nele vinha despontando desde o Seminário, como se vê no poema, o “Trigo do Natal”, datado de 1930. Foi por estes factos supra- referidos que em 1998, convidei o Pe. Júlio da Rosa para escrever o prefácio e fazer apresentação do meu primeiro livro, em Junho de 1999, por saber que ele privara algum tempo com o seu colega e amigo nos EUA. No ano 2000, aquando da trasladação dos restos mortais de Maria Vieira para a Vila, foi a vez ouvir outro colega do Pe. Joaquim Esteves, o Pe. José Carlos Simplício, que convivera largos anos com o antigo Vigário sebastianense na América. Veio proferir uma conferência integrada na sessão evocativa e homenagem ao director espiritual de Maria Vieira. Tentei que idêntica sessão tivesse lugar, mais tarde, nos Altares, o que não foi acatado para não ferir susceptibilidades na freguesia, dado que lá tinham nascido outros padres. Com tal justificação não se falou mais do assunto, mas estranhei a desculpa. Semelhante reacção tivera, em 1994, o Pe. Rocha Melo, pela omissão do nome do Pe. Joaquim Esteves Lou-

renço, na lista das figuras homenageadas na supracitada freguesia. (in A União, nº 29306, pág. 4, ed. 1984). Em 2012, ao invés, eu viria a ser convidado a fazer um trabalho sobre o Padre Joaquim Esteves Lourenço, para a comemoração dos 150 anos do Seminário Episcopal de Angra, o qual, após ter sido concluído foi remetido à comissão organizadora do livro a publicar. Tudo em conformidade com as exigências feitas, mas à última da hora e por ordem de um censor inquisitorial, chegado em foguetão à Terceira, decide-se retirar o meu trabalho, com argumentos inaceitáveis, e afirmando-me que estava combinada a sua futura publicação, na “Revista Atlântida”, com o director do Instituto Açoriano de Cultura. Tudo isto cheirava-me a esturro e levou-me a fazer conjecturas de eventuais intrigas ou cabalas neste processo. Para tentar desmontar este imbróglio, que se vem arrastando há seis anos, em breve serão eventualmente divulgados alguns documentos, em minha posse, com vista ao esclarecimento da situação e apuramento da verdade. •

O Trigo do Natal Dorme o Menino na lapinha escura… E a enfeitá-lo tem, ali ao lado, As conchinhas do trigo germinado, Tão cheio de vida, como de frescura. E à feição cristã, suave e pura, Da nossa gente, simples do passado, Em feixes de promessa e de verdura. Mas no uso antigo, que rescende e monte Ó meu menino, c’um cereal defronte, Eu vejo um símbolo da tua missão: Veio a Semente à terra improductiva… O Amor Divino, numa ceara viva, Brotou, cresceu e fez-se o Nosso Pão! J.E. – Natal de 1930 (in A União, 24-12-1930)

A MALEITA DA POLÍTICA PORTUGUESA (Conclusão da página anterior)

parlamentos, enfim, toda uma interminável lista negativa de procedimentos partidistas, levam a crença pública à exaustão sobre todo o sistema de regime político em Portugal. Os partidos políticos são fundamentais em Democracia. O problema reside na sua genuína representatividade. Tal como estão, não representam os portugueses. Listas prefabricadas pelos partidos, preenchidas apenas por estes e por quem eles escolhem, para de seguida serem apresentadas hipocritamente ao plebiscito popular, não apenas é um atentado à inteligência social, como é hoje em dia, considerado um aten-

tado às liberdades fundamentais das sociedades. Qualquer estudioso de Ciências Políticas encontra neste método visíveis indícios de maliciosa manobra constitucional para manipulação política da Democracia. A lei eleitoral portuguesa, há muito que deveria ter sido revista e alterada, mas isto não interessa a nenhum partido político atual. É uma lei opaca, viciada e foi feita à luva para os partidos portugueses e à revelia da opinião pública que para o caso nunca foi ouvida. Isto põe em causa o próprio Estado de Direito e, por consequência, provoca sérias dúvidas à própria Democracia.

Trata-se de uma questão puramente política, que só pode ser tratada no Parlamento português, cujos deputados, na generalidade, evitam sequer falar. Este absurdo mal intencionado, esta manigância pluripartidária, continua a ser a principal causa do descrédito dos portugueses sobre os políticos. E o julgamento coletivo da sociedade não deixa de ser justo, dados os abusos de toda a ordem que o povo vê passar diante dos seus olhos. A abstenção em massa será, neste caso, a única arma democrática a ser usada.

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MARÉ DE POESIA | JP

2018.12.21

aré de Poesia, chega ao final de 2018 repleta de poesia para embalar os leitores na fé e esperança de acre-

M

ditar num amanhã melhor. Que 2019, vos encha de manhãs calorosas em afetos e plenas de saúde para enfrentar os dias. •

Não mudou de nome o Dezembro Que no ciclo do tempo hoje entrou,

Era o Dezembro de José e de Maria, Do Burrinho, da vaquinha, do Menino,

Dos muitos Dezembros que me lembro, Ai tanta coisa que já mudou.

Figuras que o canto da sala acolhia. E a família revivia, o Natal Divino.

Era sempre o Dezembro desejado, Pela fé, batizado de amor

Era o Menino no pensar de outros meninos, Quem por amor, uma prenda lhes trazia.

Por crianças e adultos esperado, Como quem espera Nosso Senhor.

Cada lar povoava-se de alegria, Era o mundo de sonhos dos pequeninos.

Do polo da Terra trazia o frio E as longas noites dos serões,

Estes Dezembros que eu bem conheci, Com saudade, em silêncio relembro.

Mas nunca ,nunca de amor vazio Como hoje, em tantos Corações.

Deles o que hoje nasceu aqui, É somente o seu nome de Dezembro. José Gabriel Oliveira

D

ecorreu no passado dia 24 de Novembro, um Sarau Cultural pela Igualdade de Género, com Declamação de Poesia “Mulheres de Palavras” , com as poetisas Angélica Borges, Carina Fortuna, Carla Félix, Carla Valadão e Helena Martins . Os poemas das mesmas serviram de ponto de partida para uma tertúlia social

“Mulheres pela Igualdade”. O sarau resultou numa parceria entre o Núcleo de Iniciativas de prevenção e combate à Violência Doméstica e o Café do Fórum Terceira, pretendendo-se comemorar o Dia para a Eliminação da Violência Contra a Mulher.

FICA PARTISTE! Partiste filha! Cedo demais! Antes de mim! Não faz sentido… Deus cria-nos, todos iguais, mas dá-nos fim, mal repartido! Deixaste luto! Deixaste dor! A tua família e amigos teus, peito vazio, sem teu candor. Também revolta… Perdoa Deus! Parte de ti, atrás ficou!... Que no teu ventre se edificou! Querida neta! Nela te sigo!... Descansa filha, o tempo passa! O Pai é bondoso! Dá-me essa graça… Não tarda logo… Vou ter contigo!

Fernando Mendonça

FICHA TÉCNICA:

Dá-me tempo ... Dá-me tempo, Tempo para que possa escutar O que a alma saudosa diz, Sarando assim as feridas Que eu próprio mesmo te fiz. Tempo para te compensar Da dor da tua solidão. Dá-me tempo … Tempo para eu ser o que fui incapaz de ser, Outorgar-te a paz que nunca Pudeste ter E por fim, já Vendo o que nem outrora eu vi, Com a alma renovada, restaurar o Que destrui Tempo para aprender a ser altruísta, Para que avistando mais longe Ou olhando em meu redor, Jamais eu seja egocentrista Leonel Purple

Deixa ficar para trás o mundo dos adultos. Vamos ser crianças. Brincar aos médicos e enfermeiros. Ser inocentes outra vez. Correr, brincar ao esconder. Nada nos prende. Nada nos consome. Façamos da manhã o dia. E do dia a semana... E dela, o ano... E seremos eternamente crianças. Fica... Não cresças. Vamos ser índios e cowboys. Vamos brincar mais um bocadinho... vamos ser menina e menino e, com o dedo mindinho, mudar o mundo. Vamos ser heróis... Fica... E eu ficarei Luís Costa

Festas Felizes

COORDENAÇÃO: Carla Félix COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Fernando Mendonça; José Gabriel Oliveira; Leonel Purple; Luís Costa PAGINAÇÃO: FS/JP. Em 2019 continue a abrir as suas gavetas e a partilhar poemas com os nossos leitores/as! Para participar envie o seu poema para maredepoesia@jornaldapraia.com. PUB


JP | INFORMAÇÃO

2018.12.21

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CONCURSOS DE MONTRAS

VENCEDORES HOJE (21/12)

SEXTA (21/12)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

ANIMAÇÃO DE NATAL PISTA DE GELO SIMULADO Local: Praça F.O.C. Hora: 15H00 às 22H00

SÁBADO (22/12)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

SÁBADO (22/12)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

ANIMAÇÃO DE NATAL PISTA DE GELO SIMULADO Local: Praça F.O.C. Hora: 10H00 às 22H00 ANIMAÇÃO “BANDINHA DE NATAL” Local: Ruas da Cidade Hora: 15H00 CASA DO PAI NATAL (*) Local: Praça F.O.C. Hora: 15H00 às 18H00 INSUFLÁVEIS E PINTURAS FACIAIS (*) Local: Praça F.O.C. e Largo da Luz Hora: 15H00 às 18H00 PASSEIO DE PÓNEIS (*) Local: Largo da Luz Hora: 15H00 às 18H00 EXPOSIÇÃO DE PRESÉPIOS COM MATERIAIS RECICLÁVEIS (*) Local: Rua da Alfândega 12 Hora: 15H00 às 18H00

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Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

TERÇA (25/12)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

QUARTA (26/12)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

QUINTA (27/12)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

SEXTA (28/12)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

SÁBADO (29/12)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

DOMINGO (30/12)

ANIMAÇÃO COM BATUKES Local: Ruas da cidade Hora: 16H00

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

VIAGEM DE COMBOIO (*) Local: Rua de Jesus Hora: 16H30 às 18H00

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

DOMINGO (23/12)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

CORRIDA DE NATAL Local: Passeio da Marina Hora: 15H30

A

SEGUNDA (24/12)

CONCERTO CORO JUVENIL DO RAMO GRANDE Local: Rua de Jesus Hora: 16H00

ANIMAÇÃO DE NATAL PISTA DE GELO SIMULADO Local: Praça F.O.C. Hora: 14H00 às 22H00

Sapataria Moderna foi a vencedora da edição deste ano do tradicional concurso de montras na Praia da Vitória. O segundo e terceiro lugares foram atribuídos às lojas Regi Boutique e Family Boutique, respetivamente. Em quarto lugar ficou a loja Susiarte Sports Fashion e no quinto lugar a Boutique BFashion, Pronto a Vestir . As cinco lojas vencedoras foram contempladas com prémios atribuídos pelo programa VitÓria e pela CCAH. GP-MPV/JP•

DOMINGO (23/12)

ESPETÁCULO “VAMOS CANTAR COM O CACAU” Local: Praça F.O.C. Hora: 16H00 (*) Atividades a decorrer também no domingo, 23, no mesmo horário. NOTA: Esteja na nossa Agenda Cultural geral@jornaldapraia.com •

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

SEGUNDA (31/12)

TERÇA (01/01)

QUARTA (02/01)

QUINTA (03/01)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

BISCOITOS Posto da Misericórdia ( 295 908 315 SEG a SEX: 09:00-13:00 / 13:00-18:00 SÁB: 09:00-12:00 / 13:00-17:00

VILA DAS LAJES Farmácia Andrade Rua Dr. Adriano Paim, 142-A ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-18:30 SÁB: 09:00-12:30

VILA NOVA Farmácia Andrade Caminho Abrigada ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-12:00 / 16:00-18:00 Farmácias de serviço na cidade da Praia da Vitória, atualizadas diáriamente, em: www.jornaldapraia.com


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