Jornal da Praia | 0533 | 23.11.2018

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QUINZENA

23.11 A 06.12.2018 Diretor: Sebastião Lima Diretor-Adjunto: Francisco Ferreira

Nº: 533 | Ano: XXXVI | 2018.11.23 | € 1,00

QUINZENÁRIO ILHÉU - RUA CIDADE DE ARTESIA - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA - ILHA TERCEIRA - AÇORES

www.jornaldapraia.com

A PARTIR DE JANEIRO, NA PRAIA DA VITÓRIA

NOVO PROJETO EDUCATIVO/PEDAGÓGICO CENTRADO NA NATUREZA EDUCAÇÃO | P. 5

PRAIA DA VITÓRIA: PAIS DO CENTRO URBANO

INSATISFEITOS COM CESSAÇÃO DO SERVIÇO DE MINIBUS LANÇAM PETIÇÃO PÚBLICA NO CONCELHO | P. 3

NO BASQUETEBOL:

ANDRÉ TERRA, EVIDENCIA QUALIDADE FORMATVA DO CDE “OS VITORINOS” EM SETÚBAL DESPORTO | P. 10 PUB

ENTREVISTA

NUNO ANDRÉ

CAPINHA DAS TOURADAS À CORDA DESTAQUE | P. 8 E 9


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CANTO DO TEREZINHA | JP PREVENIR É O MELHOR REMÉDIO

A afetividade que entre os seres humanos se expressa de distintas maneiras, em Portugal faz uso e abuso da beijoquice. Tempos houve em que não se trocavam beijos como hoje se faz. Sobretudo em atos oficiais a coisa hoje em dia atinge um nível de intimidade assustador: não há, desde um presidente de junta de freguesia ao mais elevado magistrado da nação, quem não saia de uma cerimónia oficial sem as faces cheias de marcas osculares.

E por que é que havemos de nos preocupar com isto agora, com tanta desgraça que graça por cá e por este mundo fora? Vejamos: é ou não verdade que através de um simples aperto de mão se pode transmitir um vírus? E através de um beijo não será ainda mais grave? A Organização Mundial da Saúde ainda não pensou (mas ainda vai a tempo) em sugerir que, a par da campanha de vaci-

nação contra a gripe, devia organizar-se uma outra contra a beijoquice, para que, enquanto durasse o período perigoso de contração da gripe, as pessoas se abstivessem de trocar beijos e abraços. Reduzir-se-ia muito a propagação da gripe. Mas, para que não haja um prejuízo afetivo, deviam as pessoas anotar os beijos que se abstiveram de trocar, para, passado a época de defeso, porem as contas em dia.

DORMIR AO CONFORTO DA JUSTIÇA OU JUSTIÇA CONFORTÁVELMENTE A DORMIR

FICHA TÉCNICA PROPRIETÁRIO: Grupo de Amigos da Praia (Associação Cultural sem fins lucrativos NIF: 512014914), Fundado em 26 de Março de 1982 REGISTO NO ICS: 108635 FUNDAÇÃO: 29 de Abríl de 1982 ENDEREÇO POSTAL: Rua Cidade de Artesia, Santa Cruz, Apartado 45 - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA, Ilha Terceira - Açores - Portugal TEL: 295 704 888 DIRETOR: Sebastião Lima (diretor@jornaldapraia.com) DIRETOR ADJUNTO: Francisco Jorge Ferreira ANTIGOS DIRETORES: João Ornelas do Rêgo; Paulina Oliveira; Cota Moniz CHEFE DE REDAÇÃO: Sebastião Lima COORDENADOR DE EDIÇÃO: Francisco Soares, CO-1656 (editor@jornaldapraia.com) REDAÇÃO/EDIÇÃO: Grupo de Amigos da Praia (noticias@jornaldapraia.com; desporto@jornaldapraia.com); Rui Marques; Rui Sousa JP - ONLINE: Francisco Soares (multimedia@jornaldapraia.com) COLABORADORES: António Neves Leal; Aurélio Pamplona; Emanuel Areias; Francisco Miguel Nogueira; Francisco Silveirinha; José H. S. Brito; José Ventura; Nuno Silveira; Rodrigo Pereira PAGINAÇÃO: Francisco Soares DESENHO NO CABEÇALHO: Ramiro Botelho SECRETARIADO: Eulália Leal LOGÍSTICA: Jorge Borba IMPRESSÃO: Funchalense - Empresa Gráfica, S.A. - Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, 50 Morelena - 2715-029 PÊRO PINHEIRO ASSINATURAS: 15,00 EUR / Ano - Taxa Paga - Praia da Vitória - Região Autónoma dos Açores TIRAGEM POR EDIÇÃO: 1 500 Exemplares DEPÓSITO LEGAL: DL N.º 403003/15 ESTATUTO EDITORIAL: Disponível na internet em www.jornaldapraia.com NOTA EDITORIAL: As opiniões expressas em artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do jornal e do seu diretor.

Taxa Paga – AVENÇA Publicações periódicas Praia da Vitória


JP | NO CONCELHO

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PETIÇÃO PÚBLICA REIVINDICA MINIBUS

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o início deste ano letivo (2018/19) várias famílias do centro urbano da Praia da Vitória foram surpreendidas com uma dificuldade para a qual de todo não contavam. Sem comunicação prévia e anúncio público a Câmara Municipal da Praia da Vitória (CMPV) havia cessado a prestação do serviço de “minibus”, implementado em 2008, ao abrigo do Plano de Mobilidade Urbana da cidade e que nos últimos anos vinda sendo utlizado por várias franjas da população: crianças no PUB

transporte para a escola, idosos nas deslocações para o Centro de Saúde e supermercado, e até por forasteiros para visitarem os diversos pontos de interesse turístico da cidade. Tânia Silva, 22 anos, mãe de 2 filhos, um deles de 9 anos e a frequentar o 4.º ano do ensino básico na EBI da Praia da Vitória, foi uma das várias mães que de um dia para o outro viu a rotina de muitos anos completamente alterada. Tânia, utilizadora frequente do serviço municipal de

“minibus” não compreende e não se conforma com a decisão da CMPV e sem êxito, já tentou contatar há vários meses os responsáveis camarários para dar conta deste seu descontentamento, que assegura, “é de muitas outras mães e famílias que se sentem fortemente prejudicadas, profissional e financeiramente”. Segundo adianta à nossa reportagem, no seu caso particular e embora a família disponha de viatura própria, como não têm carta de condução nem condições financeiras para a tirar, é o marido que pela manhã leva o filho para a escola, entrando uma hora mais tarde no serviço. Hora, que diariamente lhe é descontada no vencimento, tornando o pequeno “bolo” que alimenta a família ainda menor. À Tânia outras mães e pais se uniram e lançaram uma petição pública que só no primeiro dia juntou cerca de três dezenas de famílias, que tal como a Tânia, enfrentam todos os dias “uma carga de trabalhos” para transportar de e para a escola os seus educandos. “Estamos no inverno e nesta terra todos os dias chove. As crianças chegam à escola encharcadas, vão ficar encharcadas o resto do dia? – Dizem-me para levar uma muda de roupa na mochila – mas isto faz algum sentido?”, interroga atónita com o conselho. Se muitas famílias estão determinadas e acreditam que a situação poderá ser revertida, outras estão completamente incrédulas e, talvez, tenham alguma razão. Saíram frustradas até ao fecho desta edição as tentativas do Jornal da Praia para recolher a posição da Câmara Municipal da Praia da Vitória sobre esta matéria. Por sua vez, Cláudia Martins, vereadora eleita pelo PSD, embora consciente das eventuais dificuldades para algumas famílias compreende a decisão camarária. “Apesar de termos conhecimento de algumas pessoas que não ficaram satisfeitas com o fim do serviço ‘minibus’, nomeadamente alguns pais de crianças do centro da cidade, a verdade é que a Câmara Municipal não tem capacidade, principalmente num momento que consideramos ser de contenção, para assumir o custo de um serviço que tem pouca procura e baixas taxas de ocupação”, disse à nossa reportagem. De facto, desde início que a chamada “Rede Municipal de Transportes Citadinos – MiniBus”, destinada a dinamizar o Centro Histórico da Cidade da Praia da Vitória falhou o seu objetivo, com os parques de estacionamento periféricos à malha urbana a continuarem vazios como sempre estiveram. Para Cláudia Martins, a “solução passará por se repensar o próprio percurso do ‘minibus’, alargando-o, por exemplo, às zonas mais periféricas de Santa Cruz e sem uma oferta regular de transportes, como

é o caso do Bairro de Santa Rita, do Bairro Joaquim Alves e da Casa da Ribeira, como já havíamos defendido em campanha eleitoral e em alguns fóruns em que nos prenunciámos sobre o assunto”. Reformulação do serviço e adaptação às reais necessidades das pessoas tornando-o apelativo é posição de Alexandra Manes, ex-candidata à CMPV pelo Bloco de Esquerda (BE). Revelando-se solidária com as famílias, recorda que o BE sempre defendeu uma boa rede de transportes públicos que apresente uma verdadeira alternativa às pessoas. No caso do “minibus”, reconhecendo que os objetivos que levaram à sua criação não foram alcançados, não os entende como justificação para a sua extinção, porque “se a oferta não for apelativa ninguém a procura”. Considerando que há aspetos culturais relacionados com a valorização da viatura particular em detrimento dos transportes públicos, entende que tal como propôs na última campanha eleitoral “deverá proceder-se ao alargamento do trajeto, comtemplando o Porto da Praia da Vitória, a Estrada 25 de Abril e até, eventualmente, o Aeroporto. Adequar os horários, tendo em conta as necessidades das pessoas e perceber que o minibus para além da mobilidade tem também uma função social, ao possibilitar que muitas pessoas sem viatura possam deslocar-se livremente na cidade, facilitando-as a vida”. Andreia Vasconcelos e António Fonseca, respetivamente, candidata do CDS/PP e candidato da CDU à Camara da Praia, nas últimas eleições autárquicas, contatadas eletronicamente pelo JP, não se pronunciaram sobre esta questão até ao fecho desta edição. Tânia Silva, apesar de reconhecer que não será uma luta fácil porque “só sente falta do ‘minibus’ quem dele realmente precisa e estes não são os que decidem”, está confiante que por fim o bom-senso acabará por prevalecer. “É uma questão de justiça. Qualquer criança das freguesias tem o autocarro a deixá-las à porta da Escola. As da Praia terão que ir a pé, ao vento, ao frio e à chuva, sujeitas a ficarem doentes… ou então ficam em casa e ao fim de 10 faltas são referenciadas à Comissão de Proteção de Menores”, diz. JP•


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EFEMÉRIDE | JP

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BERNARDO PEREIRA DO LAGO, O 1.º BARÃO DE SANTA BÁRBARA (Alguns apontamentos da palestra de 26 de outubro) HISTORIADOR: FRANCISCO MIGUEL NOGUEIRIA

Além de 1º barão de Santa Bárbara, Bernardo Pereira do Lago foi um político e militar do Exército Português que se distinguiu durante as Guerras Liberais.

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á exatos 178 anos, a 20 de outubro de 1840, Bernardo Baptista da Fonseca e Sousa de Sá Morais Pereira do Lago recebeu o título de barão de Santa Bárbara, em homenagem à localidade onde teve sede o seu comando na ilha Terceira e ligando o seu nome à freguesia que o ajudou a lutar pelo liberalismo. Além de 1º barão de Santa Bárbara, Bernardo Pereira do Lago foi um político e militar do Exército Português que se distinguiu durante as Guerras Liberais. Bernardo Pereira do Lago nasceu em Bragança, a de 4 de junho de 1784, descendente de uma família ilustre da aristocracia daquela cidade. Bernardo Baptista da Fonseca e Sousa seguiu a vida militar. Alistou-se como voluntário no Regimento de Infantaria n.º 15, a 27 de agosto de 1808. Foi promovido a tenente, em 1810, e a capitão no ano seguinte, em 1811, no mesmo Regimento de Infantaria. O futuro 1º Barão de Santa Bárbara participou nas campanhas da Guerra Peninsular, durante as quais foi ferido. Distinguiu-se em combate pela sua capacidade de luta. Era visto como um homem de ação. Foi condecorado com a Medalha das Quatro Campanhas da Guerra Peninsular. Bernardo Pereira do Lago, em 1817, foi transferido para o Regimento de Cavalaria nº 10, sendo promovido a major graduado daquela arma em 1819. Em 1820 foi promovido a major efetivo e, em 1821, a tenente-coronel, ou seja, uma ascensão militar rápida devido aos seus feitos e ao seu empenho naquilo que fazia e defendia. Após a Abrilada, uma revolta política de caráter absolutista que teve lugar em abril de 1824 em que D. PUB

Miguel tentou afastar o pai, o rei D. João VI, do poder e, assim, terminar com o liberalismo em Portugal. Bernardo Pereira do Lago, um liberal, mesmo com a derrota de D. Miguel, acabou por desligar-se do serviço militar. O futuro 1º Barão de Santa Bárbara manteve-se então afastado da vida militar ativa até 1826, ano em que reingressou no Regimento de Cavalaria 10, no qual foi promovido a coronel em 1827, quando estava estacionado em Santarém. Depois do regresso do absolutismo a Portugal com D. Miguel, em 1828, Bernardo Pereira do Lago acabou exilado em Inglaterra. O seu filho António Manuel da Fonseca e Sousa Sá Morais Pereira do Lago assentou praça como voluntário no Regimento de Cavalaria n.º 8, a 1 de novembro de 1826. Naquele regimento foi promovido a cadete em 1827, tendo no ano seguinte aderido à Revolta Liberal de 1828, tal como o pai. O sangue de guerreiro passou de pai para filho. O filho do 1º Barão de Santa Bárbara participou na derrota na Belfastada, uma sublevação militar contra o regime miguelista desencadeado em 1828, refugiando-se na Galiza, de onde partiu para o exílio na Inglaterra. Aí esteve no depósito de emigrados de Plymouth. Reencontrou então o pai, ambos juntos de novo, no estrangeiro, mas com o mesmo empenho na luta pelo liberalismo. O futuro 1º Barão de Santa Bárbara integrou as forças que partiram de Belle Isle, em França, para a Terceira, onde se juntou aos liberais que ali se encontravam. O seu filho também veio para a Ilha. Durante a sua permanência na Terceira, foi nomeado pelo futuro Duque da Terceira comandante do 7.º distrito militar da ilha, com sede em Santa Bárbara. Manteve uma boa ligação com a população, tentando manter a paz, mesmo com muitos militares repentinamente numa freguesia, o que mexeu com a economia e com a sociedade desta localidade. Ambos os Pereiras do Lago tomaram parte na Batalha do 11 de agosto de 1829, com seus engenhos e ca-

pacidades militares. Com a derrota miguelista, participaram ativamente no fim do apoio dos açorianos ao absolutismo e assistiram ao crescente apoio ao liberalismo. Pai e filho integraram o exército dos Bravos do Mindelo que desembarcaram no continente português. Bernardo Baptista da Fonseca e Sousa tomou parte do Cerco do Porto. Permaneceu no Exército Português até ser reformado, em setembro de 1833, com o posto de brigadeiro. Em 1834 assistiu-se à vitória liberal de D. Pedro sobre seu irmão D. Miguel e o fim do absolutismo. O trono português foi entregue definitivamente a D. Maria II. Em reconhecimento dos serviços de Bernardo Pereira do Lago à causa liberal, por decreto da rainha D. Maria II, datado de 20 de outubro de 1840, recebeu o título de barão de Santa Bárbara, em lembrança da freguesia onde teve sede o seu comando na ilha Terceira. Foi agraciado ainda com o grau de comendador da Ordem de Avis. Morreu em Bragan-

ça, a 7 de junho de 1858. António Pereira do Lago usou o título de 2º barão de Santa Bárbara. Obteve, ainda, por decreto de 9 de abril de 1855, a renovação por mais uma vida do título de barão de Santa Bárbara. Foi condecorado com o grau de comendador da Ordem Militar de Cristo e feito cavaleiro da Ordem de Avis. Faleceu solteiro em Bragança a 20 de novembro de 1869, acabando o título por ser extinto. Espero que esta palestra nos faça relembrar estes homens que deram o seu melhor para defender esta terra, esta Ilha, e que a sua história não seja esquecida por ninguém, pois são as histórias de vida de verdadeiros guerreiros que devem dar a força e o ânimo que nós, portugueses no geral, terceirenses no particular, precisamos para defender os nossos valores, as nossas terras, as nossas tradições, o nosso património, a nossa Cultura e a nossa Memória.


JP | EDUCAÇÃO

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PROJETO EDUCATIVO/PEDAGÓGICO INOVADOR

“SÁBADOS COM SABOR A TERRA” A partir de 05 de janeiro de 2019, abre portas na Praia da Vitória um novo projeto pedagógico de exploração da natureza.

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epois do livro infantil “O Gu e a Tita ajudam a avó Rita”, editado em janeiro último pela Divertiláxia no âmbito do projeto “Vê o que a fast-food nos faz” candidato ao prémio “Ciência na Escola” da Fundação Ilídio Pinho, Sónia Pimentel, a autora, agora a título individual, está de novo envolvida num projeto ambicioso que se diferencia pela estreita ligação entre ciência, vida e o meio ambiente. Designado “Sábados com Sabor a Terra”, o projeto consiste no desenvolvimento de uma atividade extracurricular, que tem como objetivo principal proporcionar a vivência de momentos lúdicos e pedagógicos a partir da exploração da natureza. A água, a chuva, a terra, as plantas, e todos os seres vivos que nelas habitam, são elementos chave nesta atividade. A partir da exploração destes elementos, as crianças construirão hipóteses de trabalho, traçarão objetivos e chegarão a conclusões que ficarão gravadas no espaço a explorar, durante décadas. O espaço, sito à Volta do Paul, Praia da Vitória, conta com 14 ares de pomar, mato e vinha, que serão explorados e sinalizados pelos grupos de crianças participantes. O método de trabalho facilitador das aprendizagens, ligadas à ciênPUB

Fotografia: Jorge Borges

cia da terra e da vida, à matemática e à linguagem, será uma mistura de trabalho de projeto e pedagogia de waldorf. Novo também nesta atividade é a tentativa de englobar crianças com perturbações no desenvolvimento. “É crucial englobar estas crianças e proporcionar-lhes um contexto alternativo ao habitual. Por outro lado, é ainda mais importante, mostrar que todos nós temos um papel preponderante na inclusão das mesmas, e perceber que todos ganhamos com isso. Portanto, as crianças ditas sem diagnóstico, também aprenderão muito através destas experiências, pois terão oportunida-

de de viver a partilha, a cooperação, a interajuda e sentir a felicidade de participar na conquista e aquisição de competências dos seus pares”, diz Sónia Pimentel. Trata-se, pois, de uma atividade de Todos e para Todos. “É especial para quem acredita que podemos fazer mais e melhor pelas nossas crianças, pela educação e pela sociedade”, explica. As crianças aderentes à atividade, serão organizadas em grupos de 10 elementos (de 3 a 5 anos e de 6 a 10 anos), em períodos de 3 horas, quinzenais (duas vezes por mês, um total de 6 horas de trabalho/mês). A equipa conta com um elemento adulto, a educadora de Infância e

mentora do projeto, Sónia Pimentel, e três crianças de 5, 9 e 10 anos. A equipa fará os testes necessários à implementação das atividades e assumirá um papel de facilitadora das aprendizagens. Levantando um pouco o véu, podemos adiantar que existirão atividades como: trilhos pedestres, agricultura, pesquisa, experiências científicas, culinária, artesanato, pintura e muitos jogos ao ar livre. Os sábados pedagógicos abrirão ao público a partir do dia 05 de janeiro de 2019. Até lá, decorrem atividades de ensaio, melhoramento do espaço e divulgação do evento. Sónia Borges Pimentel, é licenciada pela Universidade dos Açores em Educação de Infância, na qual fez pós-graduação em Organização e Administração Escolar. Desde fevereiro de 2006, assumiu as funções de educadora e diretora técnica-pedagógica da Divertiláxia, este ano letivo orienta a sala dos 3 anos. Tem coordenado vários projetos que incluem concursos e programas nacionais, como é o caso do prémio Ciência na escola e Eco-escolas. Neste momento está a desenvolver um estudo sobre crianças com Necessidades Educativas Especiais e a forma como promover uma efetiva inclusão das mesmas. Diz acreditar que “há muito para fazer nesse sentido e que pode mudar a vida dessas crianças”. Assume esta mudança “como necessária, urgente e obrigação de Todos”. Todos os interessados poderão já contatar o projeto pela página da rede social Facebook® “O Gu e a Tita”, ou através do endereço de correio eletrónico ogueatita@hotmail.com. JP •


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SAÚDE | JP

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o Cantinho do Psicólogo 199

Torre de Centum Cellas

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ualquer pessoa pode fazer uma visita, ou até participar numa caminhada até à Torre de Centum Cellas, também conhecida Aurélio Pamplona por Torre de São (a.pamplona@sapo.pt) Cornélio, localizada no Monte de Santo Antão da freguesia de Colmeal da Torre, concelho de Belmonte, distrito de Castelo Branco. Naturalmente que para fazer isto um açoriano teria primeiro de atravessar o mar. Trata-se de um dos mais enigmáticos e antigos monumentos portugueses, que terá sido uma vila romana do Século I d.C., que terá servido segundo alguns indícios de templo, prisão, e albergaria para descanso dos viajantes e onde terá vivido Lucius Caecilius, um abastado cidadão romano negociante de estanho. Entretanto, mesmo conhecendo bem o passado de uma pessoa ou de um monumento, dificilmente se pode prever o seu futuro, nomeadamente devido ao stress que as gerações e o ambiente lhes poderão produzir. Acresce que as origens e fontes de stress são múltiplas, o que faz com que, mesmo estando preparado para o enfrentar poderão surgir sempre imprevistos que surpreendem ou derrotam. De qualquer forma ajuda, e torna-se recomendável, ter uma ideia mais objectiva dessas fontes ou origens de stress, por forma a estarmos mais prevenidos para lhe poder fazer frente. Sendo o stress do ponto de vista que aqui nos interessa, o conjunto de reacções fisiológicas ou psicolóPUB

gicas do organismo, tanto positivas como negativas, a agressões de ordem física, psíquica, infecciosa ou outras capazes de perturbar o equilíbrio orgânico, facilmente podemos identificar as suas fontes ou origens. Basta olhar para a nossa vida, para o ambiente que nos cerca, e para aquilo que sentimos em cada dia. Eletério (2018) apresenta como principais acontecimentos stressantes da vida os seguintes: (1) morte do cônjuge;

dificuldades e exigências da vida são demasiado duras, e excedem a nossa capacidade de luta, tornando-se então uma ameaça para o bem-estar emocional e saúde física. Entretanto a lista dos acontecimentos stressantes extraordinários, além dos referidos, é quase interminável, a ponto de diversos autores, baseados em estudos, e como sensibilização para nos precavermos terem elaborado escalas de mais de cinquenta desses

despedimentos, problemas sexuais, gravidez, operação cirúrgica, desavenças com os superiores, colegas do trabalho ou vizinhos, assalto ou roubo, mudança de casa, sobrecarga ou dureza do serviço, acidente ou choque de automóvel, não reconhecimentos das capacidades, aumento considerável das discussões conjugais, pressão constante, frustração considerável, êxito pessoal, mudança de casa, e outros. Para se conseguir também uma melhor compreensão deste tema, e prosseguir, convém também destacar diferentes tipos stress, que se consideram fundamentais: (a) stress normal, aquele tipo de stress correspondente a uma condição natural e cíclica que após se revelar vai desaparecendo, nomeadamente devido à capacidade da pessoa para lidar com a situação; e (b) stress patológico quando o estado de tensão se torna crónico, permanecendo na pessoa, e prejudicando a sua saúde física, emocional e mental, porque a pessoa não consegue eliminá-lo, nem relaxar.

(2) separação ou divórcio; (3) prisão; (4) morte de um parente próximo; (5) lesão ou doença; (6) casamento; (7) demissão do trabalho; (8) reconciliação no casamento; (9) aposentadoria; e (10) nascimento de uma criança. E a autora acrescenta que em pequenas doses o stress pode ser uma boa coisa, na medida em que nos pode dar o impulso de que necessitamos para fazermos o melhor, nos motivar e mantermos a focalização no essencial. Os problemas surgem quando as

eventos, em que referem por ordem decrescente o valor e importância subjectiva que a situação stressante tem para a pessoa, para além dos mencionados, e que ocupam as primeiras posições em termos de valor e importância subjectiva atribuída. Nestas listas é a morte do cônjugue que surge habitualmente em primeiro lugar, com maior valor e importância, ou seja cerca de 95%. Para conhecimento apresentam-se mais alguns acontecimentos causadores de stress (Labrador, 1992):

Para além do quanto e como a pessoa utiliza mecanismos para o manejar, a resistência ao stress está dependente também do tipo de stress vivenciado, das características da personalidade da pessoa, bem como das experiências de vida. Mas a preparação é essencial para o enfrentar. Referências: Eleutério, C. (2018). Salvado em 19 Mai. de Fonte: Portal S. Francisco. Tema: Saúde / Stress. Website: http://www.portalsaofrancisco.com.br/saude/stress. Labrador, F. J. (1992). O stress: Novas técnicas para o seu controlo. Lisboa, Temas da Actualidade. Foto: A. Pamplona•


JP | TAUROMAQUIA

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TOURADAS À CORDA 2018: PÁGINA “TOIROS D’OURO”

ELEGE OS MELHORES DO ANO Na época taurina finda, dois touros arrebataram o título de melhor do ano, segundo votação da página de Facebook® “Toiros D’Ouro”.

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egundo dados recolhidos pelo JP junto da página da rede social Facebook® “Toiros D’Ouro”, de 01 de maio a 15 de outubro, decorreram 221 manifestações taurinas populares na ilha Terceira, entre touradas tradicionais, não tradicionais, vacadas e bezerradas. Por concelhos, Angra do Heroísmo liderou com 141 touradas enquanto na Praia da Vitória realizaram-se 80. A página “Toiros D’Ouro” é administrada por Jorge Ganço e encontra-se registada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial como marca de atividades culturais na categoria de produtos e serviços. Como o próprio nome sugere, destina-se à promoção, divulgação e realização de eventos de tauromaquia com especial enfoco nas tradicionais touradas à corda da ilha Terceira. Terminada mais uma época taurina decorreu entre os fans e jurados da página uma votação destinada a apurar os melhores do ano em cinco categorias distintas. Entenderam os votantes que na PUB

época taurina 2018, o capinha que mais se destacou foi Nuno André, a quem atribuíram a distinção de “Capinha Revelação”. Nuno André é um jovem de 19 anos, natural de Castelo Branco, residindo na Terceira há 4 anos. Saiba mais sobre este talentoso capinha na entrevista da página 8 que constitui o “destaque” desta edição.

aficionados como o “ganadero do povo” e que lamentavelmente faleceu a 03 de agosto, deixando a tauromaquia terceirense mais pobre.

A “Melhor Tourada” à corda das 221 realizadas, ocorreu, no dia 30 de maio, no Terreiro, na freguesia de São Mateus, com quatro exemplares do saudoso ganadero Humberto Filipe, carinhosamente designado pelos

A “Melhor Corda” do ano foi preconizada pelo toiro n.º 25 com ferros de Manuel João Rocha (MJR) a 29 de maio na Vila de São Sebastião.

Recorde-se que já no ano passado o exemplar n.º 348 de ER havia conquistado o título de “Touro Mais Regular”. Por sua vez, a CAJAF depois de ter conquistado em 2016 com o touro n.º 280, volta este ano a ser distinguida. O exemplar n.º 51 da CAJAF sucede ao n.º 94 de Rego Botelho no “Melhor Puro” do ano.

Na categoria de “Touro Mais Regu-

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Nas estreias em arraiais, os chamados “gueixos puros”, o título de “Melhor Puro” foi atribuído ao exemplar n.º 51 da Casa Agrícola José Albino Fernandes (CAJAF).

lar”, ou seja e simplificando, o melhor touro do ano, 2 touros mereceram esta honrosa distinção. O exemplar n.º 385 da CAJAF e o n.º 348 da ganadaria Ezequiel Rodrigues (ER).

O Cantinho do Psicólogo Cento e Vinte e Sete no Cravo LIVRO DE PSICOLOGIA DA SAÚDE DE

Aurélio Pamplona

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TALHO BORBA & MENDES


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DESTAQUE | JP

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PARA O JOVEM CAPINHA, NUNO ANDRÉ:

CAPINHAS E PÚBLICO DEVEM TER U Albicastrense, Nuno André, chegou à ilha Terceira em 2014, sendo atualmente um dos mais talentosos capinhas das touradas à corda.

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atural de Castelo Branco, sede de concelho da Região Centro do país (Beira Baixa) e sub-região da Beira Interior Sul, Nuno André, 19 anos, residente em São Pedro, Angra do Heroísmo, veio para a ilha Terceira em 2014 com a família. Neste mesmo ano assiste à primeira tourada à corda e mais tarde, ao lado do Fábio Magalhães, aventura-se no seu primeiro “passo”. Seguiram-se anos de aprendizagem e esporádicos “passos”, até que este ano assume de corpo e alma a função de capinha, revelando-se um dos mais talentosos das novas gerações. Nesta entrevista, em tom descontraído e franco, não esquece a importância de Fábio Magalhães no seu percurso como capinha e manifesta profundo respeito pelo touro. Jornal da Praia (JP) – Como é que um albicastrense se torna capinha das touradas à corda da ilha Terceira? Nuno André (NA) – Naturalmente tudo isto começou com a minha vinda juntamente com a minha família para a ilha Terceira. Neste mesmo ano, motivado pela curiosidade própria de conhecer como funcionava a tauromaquia na ilha Terceira, fui com o meu irmão a uma tourada corda, gostei do que vi e depois de observar os capinhas saí de lá com a ideia de que um dia iria colocar-me frente a frente com o touro. Com este propósito, comecei a pesquisar grupos e pessoas relacionados com as touradas à corda no Facebook, até que encontrei o Sr. Fábio Magalhães – um grande capinha PUB

aqui da Praia da Vitória – estabeleci contato com ele. Queria dar um passo ao touro, mas queria o fazer com alguém que soubesse, pelo que perguntei se poderia experimentar dar um passo com ele. Respondeu, “sim senhor, um dia que haja possibilidade tu vens dar um passo comigo”, e assim foi, nos finais de setembro, na Vila de São Sebastião, em dia de concurso de ganadarias, deu o primeiro passo frente ao toiro 381 da ganadaria Casa Agrícola José Albino Fernandes. No ano seguinte, 2015, já arrisquei mais um pouco e de vez em quando dava uns “passinhos” e o mesmo ocorreu em 2016, dava uns “passos”, mas nada de Especial. Foi em 2017, que se deu efetivamente o meu crescimento com capinha, aprendi novas coisas, a observar melhor, a compreender melhor o touro e este ano começo então a sério a chamar a sério os touros e a marcar uma presença regular nas touradas à corda. JP – Enquanto capinha quais são os seus grandes objetivos? NA – O capinha está nas touradas à corda por gosto e é por gosto que faz a sua lide. Mas obviamente que também a faz para que as pessoas gostem e nesta linha o meu grande objetivo é ser o melhor capinha da ilha… ser reconhecido, receber um convite para participar nos festivais de recortadores que são organizados lá fora, não só por ser uma experiência nova para mim, mas também por constituir um verdadeiro reconhecimento da qualidade e da afición da tauromaquia terceirense. JP – O capinha é um elemento fundamental da tourada à corda. Estão os capinhas conscientes desse seu papel e que a forma como atuam pode alterar, para o bem ou para o mal, a evolução desta tradição e a imagem

NUNO ANDRÉ à semelhança dos outros capinhas, de 15 de outubro a 0 tende ser importante este período de pausa para possibilitar aos anim que delas se cria? NA – Efetivamente o capinha é essencial numa tourada à corda. Sem o capinha o que há para apreciar numa tourada? – Um touro a correr para trás e para a frente. São os capinhas que tentam tirar o melhor de cada touro e com isso dar o espetáculo para as pessoas apreciarem. A presença dos capinhas é fundamental. Já fui a touradas em que era o único capinha e quando se é o único capi-

nha a lidar com quatro touros ficamos mais cansados e por conseguinte não conseguimos desempenhar o nosso papel tão bem. Dito isto, penso que de uma forma geral os capinhas estão conscientes dessa realidade. São exatamente os capinhas que tentam transmitir aos mais novos – os que vão entrando agora – que é fundamental respeitar o touro, perceber que se trata de um animal e não de uma máquina…


JP | DESTAQUE

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UM GRANDE RESPEITO PELO TOURO aqueles aficionados que não têm coragem para se enfrentar com o bravo toiro. Sente deste ponto de vista pode ser visto como um ídolo, tal como certos jogadores de futebol? NA – É verdade. Já me aconteceu rapazinhos de 8, 9 anos virem ter comigo e pedirem para tirar fotos. Dizem que sou bom a tourear e manifestam o desejo de serem como eu. Como deve calcular esta situação agrada-me e mais do que isso motiva-me para que possa fazer cada vez mais e melhor.

JP – Tenho a ideia que época após época vão aparecendo mais capinhas. Partilha dessa ideia? NA – Penso que há que fazer uma distinção entre capinhas e as pessoas que gostam de dar passos aos touros, porque são coisas bastante diferentes. Quando falo em capinhas refiro-me por exemplo ao Paulinho, Fábio Magalhães, Marcinho, 20 pás 4, entre outros. As pessoas que dão passos, são aqueles que pensam que já sabem tudo, vão para o meio do arraial e colocam-se à frente do toiro e dos capinhas sem qualquer respeito por estes e pelo próprio touro.

01 de maio, sente imensurável saudade das tardes de touros, mas enmais recuperar de uma época de intensas lides. O público em geral também deve respeitar o touro porque este respeito é essencial para a imagem que se leva das touradas. Quando o touro vai a uma tapada e as pessoas estão constantemente a bater-lhe isto não é correto, é uma violência sobre o touro e um mau serviço à tourada. Com os telemóveis e as redes sociais, multiplicam-se os vídeos e os grupos anti taurinos aproveitam estas imagens para fazer pressão contra a tauromaquia. É essencial que capinhas e público tenham um grande respeito pelo touro. PUB

JP – No caso do capinha, como se manifesta este respeito? NA – Exatamente percebendo que tem pela frente um ser vivo e não uma máquina. Quando um toiro investe… por exemplo, cinco vezes ao guarda-sol, o toiro fica cansado, há quem não perceba isso e insista em dar passos ao touro. O respeito consiste em deixar o touro descansar um minuto ou dois para que de seguida ele possa investir de forma mais franca. JP – O capinha representa todos

JP – Agora e até ao início de maio do ano seguinte, os capinhas estão, digamos assim, de férias. No seu caso, como ocupa este tempo? NA – Habitualmente as ganadarias convidam-nos para as “tentas”, onde experimentamos as vacas para serem selecionadas para dar crias… Outras vezes, vamos ao mato para observar os touros no seu habitat natural. É evidente que sinto saudade das touradas, sobretudo quando está bom tempo, mas entendo que este período de pausa é importantíssimo para o touro, para que ele descanse e recupere os cascos, que durante a época sofrem desgaste nos arraiais de alcatrão. Este descanso é essencial para evitar que o touro comece a sangrar das unhas, porque aí, no mato húmi-

do, esta recuperação é muito mais difícil. JP – Como vê a criação de uma associação de capinhas, mesmo que informal, no seio da qual poderiam refletir sobre as touradas à corda e de forma construtiva criticar-se mutuamente, por forma a evoluírem conjuntamente? NA – Vejo com bons olhos no sentido de permitir aos capinhas falar sobre as touradas e inclusivamente enriquecerem-se com a partilha de opiniões e experiências. Vejo também como uma forma de poder existir alguma organização que possibilite uma maior valorização das touradas à corda. Há dias que ocorrem 3 ou mais touradas e por vezes o que acontece é que numa tourada estão 10 ou 11 capinhas e nas outras ou só tem 1 ou não têm qualquer capinha. O que acontece é os capinhas irem às touradas onde à partida vão encontrar os melhores touros para tourear e com uma organização desse género poderíamos distribuir-nos pelas diversas touradas. JP – Agradecendo a entrevista que nos acaba de dar, pergunto se pretende acrescentar algo mais? NA – Em primeiro lugar gostava de agradecer ao Fábio Magalhães porque foi ele que me incutiu este enorme gosto pela tauromaquia. Quero agradecer aos outros capinhas que sempre me respeitaram e apoiaram. Gostaria também de agradecer ao Sr. Jorge Ganço que tem sido espetacular para mim, dando-me várias dicas. Quero ainda agradecer ao Sr. Manuel Sousa que me dá sempre boleia para os toiros. Ao Jornal da Praia pelo reconhecimento e esta entrevista e finalmente, mas não em último lugar, aos meus pais que apesar da sua preocupação – perfeitamente normal e de não serem aficionados – me dão todo o apoio. JP•


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DESPORTO | JP

2018.11.23

FORMAÇÃO DO CDE “OS VITORINOS” EM ALTA Jovem basquetebolista praiense, formado no CDE “Os Vitorinos” dá nas vistas no continente. André Terra integra as equipas de sub 16A e sub 18B do Scalipus Clube de Setúbal.

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ndré Félix Terra é um jovem basquetebolista praiense de 15 anos, formado no Clube Desportivo Escolar (CDE) “Os Vitorinos”. Este ano, rumou até à cidade de Setúbal para prosseguir o seu percurso formativo ao serviço do Scalipus Clube de Setúbal, integrando os escalões de sub 16A e sub 18B, em provas de âmbito distrital com um calendário mais longo e patamares de exigência superiores aos encontrados nas provas locais. Natural da freguesia de Santa Cruz, onde nasceu a 27 de janeiro de 2003, André Terra iniciou a prática do basquetebol por volta dos 5, 6 anos, ingressando no único clube desportivo da Praia da Vitória que pratica a modalidade – CDE “Os Vitorinos”. Desde cedo revelou especial jeito para os cestos tendo nos últimos 3 anos marcado presença regular na seleção da ilha Terceira e dos Açores. André Terra, abraçou esta nova etapa da sua vida, com uma única motivação: evoluir técnica e socialmente. Apesar das dificuldades próprias deste novo rumo, viver longe dos pais e dos amigos, numa terra nova, a adaptação à sua nova equipa foi fácil. “Não senti assim tantas dificuldades de adaptação, pois muitos deles já os conhecia e já treinei com grande partes deles no ‘Basketball Improvement Camp - Coach Calabote’, onde participei”, diz André Terra à nossa reportagem. Desta nova experiência, diz-se para já satisfeito e considera que o nível competitivo encontrado lhe possibilitará “ganhar muita mais experiência e intensidade no meu jogo”. Aos atletas que tal como ele ambicionam evoluir, aconselha “que deem 100% em tudo o que fazem e tentem apreender com todos os jogadores e treinadores um pouco”, remata acrescentando que é também muito importantes desenvolver a “capacidade de perceber as dificuldades dos colegas e dentro das suas possibilidades ajudar-lhes a melhorar”. No Scalipus Clube de Setúbal, André Terra é orientado pelo treinador Jaime Brito Torres, que o considera “técnica e fisicamente evoluído, o

ANDRÉ TERRA apresenta um conhecimento de jogo e qualidade técnica “acima da média”, considera Jaime Torres, treinador do atleta no Scalipus Clube de Setúbal. que constitui uma mais-valia para as equipas de sub 16A e sub 18B do Scalibus”. Ao JP, Jaime Torres afirma, o André é “o 2º melhor marcador da equipa de Sub 16A em média por jogo. Nesses quatro jogos, o André concretizou um total 91 pontos (média de 22,8 pontos/jogo), fez 13 assistências (média de 3,3/jogo) e ganhou 13 ressaltos (média de 3,3/jogo), tendo jogado uma média de 21m 25s por jogo. As suas %s de lançamentos cifram-se em 78,3% em lançamentos de curta distância, 50% de meia distância e 15,4% de 3 pontos”.

nomeadamente Rui Valente, João Pinto, Carla Falcão, Nuno Ribeiro, Nelson Coelho, Sandra Vieira e Mar-

co Meneses, nas equipas do clube da Praia da Vitória, foi de qualidade”, enaltece. JP•

Mas não são só as qualidades técnicas do jovem basquetebolista praiense que impressionam o novo treinador. “O André é um excelente miúdo. Simples, muito educado e respeitador, com uma atitude exemplar do ponto de vista social. Essa forma de estar é muito motivante para os restantes colegas”, enfatiza. André Terra é fruto da formação do CDE “Os Vitorinos”, facto que não passa despercebido ao seu atual treinador.“Os Vitorinos estão de parabéns! O André vem com um conhecimento do jogo e com uma qualidade técnica superiores à média dos jogadores portugueses da sua idade. Isso quer dizer que o trabalho dos técnicos que o acompanharam,

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JP | CULTURA

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CARTOONISTA PEDRO LOPES EXPÔS NO “OUTONO VIVO” “Hipérboles” são 11 caricaturas de escritores portugueses.

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enominada “Hipérboles”, esteve patente por 17 dias – 26 de outubro a 11 de novembro – a primeira exposição individual do jovem cartoonista praiense, Pedro Lopes, no âmbito da 13.ª edição do festival literário, artístico e cultural “Outono Vivo”, que por estes

dias, colocou a Praia da Vitória como a capital açoriana da cultura. Hipérbole é uma figura de estilo literária que consiste em exagerar uma ideia como forma de expressão. Aqui, aplicada à caricatura, expressa-se num olhar próprio e singular que exagera narizes, olhos, barbas... e, assim, ao sabor de um olhar próprio e singular molda personalidades de 11 grandes escritores portugueses: Alexandre O’neill; Almeida Garrett; António Lobo Antunes; Camilo Pessanha; Eça de Queirós; Fernando Pessoa; José Saramago; Luís Camões; Natália Correia; Padre António Vieira; Vitorino Nemésio. Pedro Lopes estuda na Escola Secundária Vitorino Nemésio, Artes Visuais. No Jornal da Praia publicou o seu primeiro cartoon a 29 de julho de 2016. No final deste ano iniciou uma colaboração regular que o levou a manter quinzenalmente uma rubrica de cartoon. Nos últimos tempos tem colaborado ocasionalmente. Também de forma esporádica tem colaborado com a revista de banda desenhada online “H-halt”. No cartoon a edição deste ano do Outono Vivo ficou marcada pelo lançamento a 11 de novembro do livro “The World Best Cartoons 2018” de António Antunes. JP•

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EDITORIAL & OPINIÃO | JP

2018.11.23

A CPLP – COMUNIDADE DOS PAISES DE LÍNGUA PORTUGUESA E A SUA XII CIMEIRA

E DITORIAL

compreender como Portugal líder da CPLP (pelo menos assim o entendemos) país democrático, 13ª. Edição do Outono Vivo Difícil defensor dos Direitos do Homem, tivesse aceite a adesão de um país considerado possuidor de um dos piores registos dos direitos humanos no mundo…

O

Outono Vivo é um festival que marca uma importância relevante no espectro cultural açoriano de forma ímpar, e que ocorreu entre os dias 26 de Outubro e 11 de Novembro, na Academia da Juventude e Artes da Ilha Terceira, Auditório do Ramo Grande e Universidade Aberta, na cidade da Praia da Vitória. A Praia da Vitória, cidade berço de Vitorino Nemésio, é a capital da cultura açoriana, e destaca-se pela sua beleza natural que a envolve desde o verde do Vale Farto, ao azul suave da sua grandiosa baia, ao receber o evento da feira do livro, com 20.000 títulos ou obras, feira essa que não só inclui a apresentação de livros, mas também há lugar de destaque para o teatro, a poesia, espectáculos musicais, cinema e conferências, etc. Foi a cultura que jorrou nas veias citadinas da capital do Ramo Grande, naqueles dias a que a população acompanhou com interesse acentuado, pois como defendia Vitorino Nemésio, só há uma cultura, nunca a fracturou em erudita e popular. A Praia, os Praienses, os Terceirenses devem orgulhar-se de acolher a maior feira do livro dos Açores, e “que acreditamos que o Outono Vivo pode e deve evoluir para ser também um atractivo turístico” sustentável na época baixa. O Outono Vivo tornou-se numa oportunidade única para as escolas, as crianças e os jovens participarem em actividades culturais importantes para a sua formação, pois o futuro pertence às crianças e aos jovens, num mundo onde se assiste ao alastrar de ideais de ultradireita e fascistas em que ameaçam a democracia, que mesmo não sendo perfeita é sem duvida alguma de todos os sistemas políticos e governamentais o mais equilibrado e equitativo, sendo certo que a democracia “nunca está completa”, porque a democracia tem que evoluir constantemente, adaptar-se à transformação dos tempos, para não ser ultrapassada pelo desenvolvimento económico, social e cultural. Num mundo onde paira a mentira (fake news), onde são lançadas intencionalmente especulações e confusões sobre os nobres valores e verdades universais pilares fundamentais da democracia, que regem os povos e os seus governos, que se querem plurais e democráticos, a cultura e sua disseminação será uma arma eficaz no combate a tais atitudes maléficas, racistas, xenófobas e subversivas que põe termo à dignidade da pessoa humana. As palavras do grande escritor russo do século XIX, Dostoiévski são actuais e devemos sobre elas reflectir para não cairmos nas ciladas do ultraliberalismo “o homem que escuta como certas as próprias mentiras chega a não puder discernir a verdade do que pensam dele e perde o respeito que deve a si mesmo e ao próximo. Com o respeito desaparece o amor, e então em nada poderá gozar a não ser que se deixe arrastar pelos mais grosseiros prazeres, que acabam por bestializá-lo completamente”. O Diretor Sebastião Lima diretor@jornaldapraia.com

tribuição positiva para aumentar a cooperação no contexto afro-ibérico e luso-hispânico de nações». (não esqueçamos que a Guiné Equatorial é uma das maiores potências petrolíferas).

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José Ventura*

ez ontem [18.07.2018] 22 anos que Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, depois da realização de várias conferências de ministros bem assim da primeira conferência a reunir chefes de Estado e de governo dos países de língua oficial portuguesa, em 1989 que, a 17 de Julho de 1996 em Lisboa, e durante a realização da Cimeira de Chefes de Estado e de Governo dos sete países atrás referidos, surge a criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Seis anos mais tarde, em 2002, com a conquista de sua independência, Timor-Leste tornou-se o oitavo país membro da Comunidade. Depois de um minucioso processo de adesão, em 2014, a Guiné Equatorial tornou-se o nono membro de pleno direito. Dos nove estados membros da CPLP só oito terão o português como língua oficial; exceptuando-se, Timor-Leste que tem uma segunda língua oficial, o tétum. O nono, a Guiné Equatorial tem três línguas oficiais (espanhol, francês e português). Tenhamos em consideração que o português só em Julho de 2007 passa a terceira língua oficial da Guiné Equatorial, por decreto-lei promulgado por Teodoro Obiang que justificou a «inclusão do português como língua oficial naquele país como con-

Difícil compreender como Portugal líder da CPLP (pelo menos assim o entendemos) país democrático, defensor dos Direitos do Homem, tivesse aceite a adesão de um país considerado possuidor de um dos piores registos dos direitos humanos no mundo, um regime autoritário onde se mantém como um dos piores no ranking dos direitos políticos e civis. O tráfico de pessoas sendo destino de mulheres e crianças vitimas de trabalho forçado e tráfego de sexo. Exemplo da intenção do senhor Teodoro Obiang, está precisamente no abandono, no desaparecimento da cimeira de Cabo Verde, não participando na sessão plenária que deu posse ao novo secretário-geral da CPLP, o embaixador português Francisco Ribeiro Telles, depois de saber que a candidatura da Guiné Equatorial à presidência da CPLP, “já era”. Atentos a esta importante reunião dos Países de Língua Portuguesa (um dos activos que temos vinda a referir Portugal ainda possui para além dos Açores e do seu mar), apraz-nos registar as palavras do chefe da diplomacia timorense, que pediu hoje, em Cabo Verde, aos países lusófonos para que apoiem o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) como órgão responsável pela afirmação do português como língua global. Sugestão de bom senso num plenário que denominado “Cultura, Pessoas e Oceanos” tem toda a razão pelo menos nas duas primeiras

questões, a Cultura e as Pessoas. Esperamos que Timor, ultrapasse a situação de conflito politico interno aparente e que, assegurando a Paz que tanto custou a ganhar com o sacrifício de tantos timorenses seja um baluarte de democracia e unidade. Como não podia, não vou deixar em branco o meu desejo e a minha luta de que, é ver erguidas nos mastros maiores das Bandeiras do universo dos Países de Língua Portuguesa e, para ficar completo o conceito CPLP, as bandeiras da Madeira e dos Açores. Gostaríamos de respeitar e fazer parte do programa que rege os princípios da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa: • Na Igualdade soberana dos Estados membros; • Na não-ingerência nos assuntos internos de cada estado; • No respeito pela sua identidade nacional; • Na reciprocidade de tratamento; • No primado da paz, da democracia, do estado de direito, dos direitos humanos e da justiça social; • No respeito pela sua integridade territorial; • Na promoção do desenvolvimento; • Na promoção da cooperação mutuamente vantajosa. Hoje no chamado de “Mandela Day”, 18 de Julho, deixamos aos nossos leitores, recordando o grande homem que foi Mandela nesta sublime frase: “Tudo parece impossível até que seja feito”. (*) Por opção, o autor não respeita o acordo ortográfico. •

A RECOMPENSA

Por: Renato Nunes (renato80rd8918@gmail.com) odos os domingos, depois da mis- À medida que o negro da madrugada se sa matinal, os garotos lá da aldeia dissipa, o rio assume a forma de uma enjuntavam-se no clube para jogar vergonhada noiva que, lentamente, vai matraquilhos e roubar um beijo às gaia- despindo o véu, até desnudar a cara. O tas. Ricardo, porém, raramente brinca- frio gela-nos o sangue, mas o silêncio va com os seus colegas e, cerca de uma é tão profundo que a eternidade parehora antes de amanhecer, partia com o ce revelar-se mesmo ali à nossa frente. pai na icónica 4L castanha, em direcção Então, encobertos por uma espécie de ao rio Mondego. cápsula do tempo, tornamo-nos imunes Naquele tempo, já lá vão mais de 30 a quase todas as tragédias. anos, o pimpão vermelho inundava as O pescador – diz a gíria popular – é, haáguas ainda límpidas e os pescadores bitualmente, um efabulador (repare-se ansiavam por chegar a casa com o bal- que não digo mentiroso): de cheio de barbatanas-vermelhas para “– Ontem, apanhei um achigã com 20 reclamar junto das patroas o suculento kg!” – e os companheiros, sabedores das molho de escabeche. Esse manjar dos manhas da faina, lá relativizam os númedeuses, que os beirões de outros tempos ros, enquanto os mais desprevenidos ficonheciam como ninguém. cam de queixo caído, pensando num tal Ricardo fez-se poeta junto às margens enigmático monstro das águas subterrâdo Mondego, para onde fora arrasta- neas Porém, o pescador é também, vuldo, tantas vezes quase a dormir, duran- garmente, um dos mais introspectivos te anos a fio. Aqueles que já assistiram seres que poderemos encontrar à face ao nascer do sol, sentados ao lado das da Terra. Verdadeiro filósofo, atreveráguas serpenteantes, dificilmente pode- -me-ia mesmo a concluir. rão esquecer esses momentos sagrados.

T

Para compreender Ricardo era forçoso tomar em consideração as intermináveis horas que este passara junto ao rio, a ouvir o seu silêncio corrente. Verdade seja dita que ele nunca foi um grande pescador. Distraído como era, raramente pressentia a bóia a afundar-se nas águas profundas e, por isso, quando, finalmente, despertava para a realidade já o peixe comera as iscas colocadas no anzol: bichos das mais variadas espécies, trigo, milho, massa ou até, imagine-se, pão, cuidadosamente repartido em pequenas bolinhas. É certo que o pai bem tentava dar-lhe uns carolos, para ver se o acordava para a realidade, mas o raio do rapaz raramente conseguia concentrar-se na pescaria. Poucos minutos depois de ter a cana na mão, já a sua cabeça viajava para outros continentes e planetas longínquos, sendo quase impossivel trazêlos de volta. Era, precisamente, no momento do regresso a casa que Ricardo mais sentia o (Continua na página seguinte)


JP | OPINIÃO

2018.11.23

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CRÓNICA DO TEMPO QUE PASSA (XL)

EU TENHO UMA CARTA ESCRITA Livro inovador, útil e de agradável leitura.

António Neves Leal

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os passados dias 27 e 28 de Setembro, foi lançado em Angra do Heroísmo e na Casa dos Açores de Lisboa, um livro baseado nas cartas de amor trocadas entre Maria do Livramento e Cândido Pamplona Forjaz, datadas de 1924 a 1933, sendo os seus autores Alberto Vieira, Cláudia Faria e Graça Alves, todos madeirenses, com várias obras publicadas. O longo e exigente trabalho desenvolvido durante dois anos, como foi referido, contou com os testemunhos das duas autoras que vieram à Terceira, expressamente, falar das suas experiências e emoções vividas durante a elaboração do projecto, que implicou a leitura de seiscentas cartas, quase centenárias, todas manuscritas, e parte delas escritas a lápis. Essas cartas, cedidas pelos herdeiros do Dr. Cândido Forjaz, após terem sido dissecadas e trabalhadas na Madeira, foram-lhes devolvidas, dentro de duas malas. Este facto impressionou o vasto público que esteve no Palácio da Madre de Deus, sede oficial do Representante da República nos Açores, onde ocorreu a cerimónia da primeira apresentação do livro. O Dr. Jorge Forjaz, filho dos dois protagonistas do livro, interveio relatando como nascera a ideia da publicação e as razões que levaram à cedência temporária do acervo familiar que, após a necessária apreciação, foi considerado de grande interesse his-

A RECOMPENSA (Conclusão da página anterior)

abismo que o separava dos seus pares. Os outros transportavam os baldes repletos de peixe, enquanto Ricardo raramente se estreava. Nesses instantes em que todos comparavam os troféus, o pai castigava-o severamente, humilhando-o em frente aos colegas. E nada lhe doía mais do que aquelas terríveis palavras, para sempre inscritas na alma: “– Não vales nada. Todos tiram peixes, menos tu. Olha para esse balde… vazio como a tua cabeça”. Fruto das suas circunstâncias, Ricardo passou então a tornar-se um menino cada vez mais triste e solitário. Tão triste e solitário que, por vezes, apenas o rio lhe servia de consolo. E foi muitas vezes ao rio que ele confiou a sua história e o terrível drama em ser tão distraído e diferente. O menino não sabia (como poderia imaginá-lo?), mas era um poeta e um

tórico, pelas perspectivas que abria para o intercâmbio artístico e cultural entre a Madeira e os Açores. No caso em apreço, para o conhecimento de um período difícil, o do da “Revolta da Farinha“, na Madeira, (1931) e o receio de que ela se alastrasse a Angra do Heroísmo e aos Açores, prejudicando a vinda nos navios ou a entrega atempada do correio. O livro realça este assunto em várias páginas, nomeadamente a cronologia, rica de pormenores, sobre o que estava a acontecer e o que se dizia e ouvia na capital do país e na ilha natal dos dois protagonistas do magnífico livro, onde os dois jovens enamorados revelam preocupação, com essa imprevisível situação, por ficarem ambos mais sujeitos aos constrangimentos da longa e dura separação, devidos às contingências e incertezas das viagens marítimas quinzenais. Ele estava na Faculdade de Letras de Lisboa, cursando Filologia Românica, e ela, na cidade de Angra, saudosa, sonhando com o regresso do seu amado, ansiando sempre pela chegada do navio portador do precioso e indispensável alimento das suas vidas. Desse grande amor, escreverá mais tarde, das suas «Memórias», frases comoventes ao recordar a morte precoce da sua muito dilecta esposa. (V.g. págs. 249-250). Li «Eu Tenho Uma Escrita», em viagem, e parte na cidade de Évora, com muito entusiasmo e emoção pessoal. E mal terminei a leitura fui movido por uma primeira conclusão: isto é um livro magnífico, inovador e fundamental. Inovador pelo conceito diferente da História aqui seguido. Esta última já não é como muitos de nós aprendemos quando o historiador tinha, sozinho, grande ascendente ou autoridade na selecção e tratamento das fontes, na definição dos factos, na pesquisa e exegese das fontes oficiais

aprendiz de filósofo. Interessado em tudo o que o rodeava, imaginava-se a cavalgar em cima das nuvens, convocava todos os seres das profundezas do rio e quando menos se precatava já estava a léguas e léguas de distância, confiando ao infinito as mais surpreendentes perguntas. Um dia, já lá vão mais de 30 anos, Ricardo chegou ao Mondego ainda mais triste do que o habitual. A sua mãe acabara de falecer e um vazio profundo apoderara-se-lhe do espírito. Por isso, naquela madrugada, ao contrário do que sucedia nos outros dias, Ricardo abandonou a cana junto às margens, em cima de um salgueiro, e sentou-se a contemplar silenciosamente o vazio das águas. As lágrimas escorriam-lhe pela face, caindo nas mãos e alagando-as torrencialmente. Sozinho, afastado dos demais, o menino confundia-se de tal modo com a paisagem, que até os guarda-rios se aproximavam dele e as distraídas rãs vi-

de que era senhor, agindo com exagerada supremacia. Tal não sucede aqui, neste muito belo e bem conseguido livro, em boa hora editado. Em “Eu Tenho Uma Carta Escrita”, vemos um trabalho colectivo, interdisciplinar e bem articulado, de um historiador e de duas licenciadas em línguas e literaturas modernas, com formação literária e sensibilidade artística, derivadas da sua formação académica de base. Esta é a primeira originalidade, observada em trabalhos conjuntos desta natureza, entre nós. Esse facto confere à obra unidade, encanto especial e maior valorização dos textos epistolares, sem prejuízo da verdade histórica. Antes pelo contrário, os testemunhos saídos do acervo ganham maior importância e vêm enriquecê-la com novos elementos. Os relatos de vivências pessoais, como as que enformam este livro, podem ser (são) inestimável contributo para o conhecimento dos factos históricos do passado e dos seus intervenientes. É o caso da agitação política do período que precedeu o 28 de Maio de 1926 e que teve nas ilhas forte impacte político, cinco anos depois, com a revolta de 1931, cuja cronologia, a partir das missivas trocadas entre os dois jovens apaixonados, ocupa vinte e uma páginas do livro, enquanto a cronologia oficial tem apenas três e incompletas. O interesse da cronologia das cartas reside nas informações sobre aspectos desconhecidos do quotidiano, contribuindo para o esclarecimento das ideias e dos afectos, sem os quais a História ficaria empobrecida e menos interessante. Outra faceta das cartas de Cândido Forjaz e Maria do Livramento é o uso do bilinguismo de muitas delas, utilizado pelos dois apaixonados. A corres-

nham aninhar-se a seu lado, a coaxar demoradamente. Naquele dia, foi apenas a poucos instantes do regresso que Ricardo decidiu colocar uma minhoca no anzol e atirar a linha para a água. Contudo, assim que o fez, a bóia deu um violento tropeção, afundando-se imediatamente nas profundezas. De imediato, Ricardo imprimiu um pequeno esticão na cana e começou a recuperar lentamente a linha. Depois, quando o peixe estava mesmo a chegar à beira, o menino levantou o braço. Sem compreender muito bem como, viu então um enorme barbo, de longos bigodes e boca profundamente escancarada, a saltitar no chão. De cá para lá, de lá para cá… enquanto o tempo parecia ter parado. Ricardo olhou demoradamente o majestoso peixe e sorriu. Do outro lado, chegavam, entretanto, os primeiros vultos espantados com o tamanho de tal gigante a estrebuchar em terra. Foi a

pondência é feita, ora em português, ora em francês. Isso deve-se ao facto de o remetente e destinatário conhecerem bem a segunda língua: ele, através do curso que frequentava (Românicas) e ela, por ser filha do Cônsul de França, na Ilha Terceira. A este facto não seria alheio, também, o cosmopolitismo daquela língua falada em toda a Europa, por ser o idioma favorito na diplomacia internacional, e junto das elites sociais daquele tempo. Recorde-se que até à década de setenta do século XX, a língua de Victor Hugo era a primeira a ser estudada nos liceus portugueses e doutros países. Saber falar francês e tocar piano era chique, e quase uma obrigação para as jovens prendadas de estratos sociais elevados. Este uso do francês língua romântica (ou do amor) por excelência, naquele tempo, terá sido um pretexto para os dois namorados comunicarem entre si, com palavras, quiçá mais adequadas ao secretismo, em caso de extravio epistolar, ao pudor, à delicadeza, e à beleza dos sentimentos. É de referir o enfoque deste livro na realidade insular dos Açores e da madeira, aqui bem explicitada no texto, nas fotos a preto e branco e a cores, e também o seu contributo para a compreensão dos problemas e do espírito que então se vivia. Assim, se poderá comparar o nosso presente ao passado do qual se está mais dependente do que pensam alguns, que teriam interesse em conhecê-lo melhor com vista a um futuro mais seguro e promissor. Daí a grande utilidade e riqueza desta obra, cuja agradável leitura recomendo vivamente. O livro, editado pelas «Letras Lavadas, edições», impresso na Nova Gráfica, esteve à venda, no «Outono Vivo» e pode ser adquirido em Angra do Heroísmo, na «Loja do Adriano».

primeira vez que o menino conheceu o orgulho de ter alcançado algo admirável. Há muitos anos, alguém me disse que o rio ouve sempre o que lhe segredamos. Por vezes, sempre em silêncio, sacrifica mesmo alguns dos seus filhos para recompensar com um sorriso os que mais sofrem, apesar de nunca termos aprendido a respeitá-lo. Vale sempre a pena regressar às margens do rio da nossa infância para escutar a voz que nos habita nas mais recônditas profundezas da alma… Afinal, são esses locais sagrados – autênticos santuários – que ainda nos podem salvar, não só enquanto indivíduos, mas enquanto Humanidade. Mondego Águas da meninice Vinde agora ouvir-me, Afinal, tudo o que já disse Foi este rio a contar-me…


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MARÉ DE POESIA | JP

2018.11.23

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livro despertou a poesia e a Maré encheu-se neste desafio poético, o primeiro desta página que se quer um espaço aberto e interativo. As participações superaram as expetati-

DA MINHA VIDA FIZ UM LIVRO!...

Onde guardo: Cada pedaço do meu passado, que gosto faço em ser lembrado! Quiçá aos filhos também às netas que, são os trilhos das minhas metas. Em cada página lá estão memórias! Cada capítulo Nos conta histórias… Espelham saudade A nostalgia!… Daquela idade, que então vivia!... Páginas escritas Por desigual! Sem artes ditas do virtual… Basta que as sintas Com muita calma… Enchem as vistas enchem a alma! Partilha sentida Do que só tinha! Livro da vida… Que foi a minha! Fernando Mendonça

Livro, o maestro dos cultos

Há uma química que cruza olhares que lê gente no céu e nos mares num mergulhar de letras, profundo há uma janela, que se abre, astuta como o maestro com a sua batuta e seus braços abertos p’ró mundo.

Assim é um livro que se escancara para a plateia farta de vil sentidos aquele maestro que abre e separa as páginas da vida, dos combalidos. É esse o olhar leitor e mudo que vê para além do que lê num coração que ama tudo sem a cabeça saber porquê. Eu sou lente, sou ouvinte sou amante, sou pedinte desse maestro folião! Quando é lido, de facto, vejo meu mundo intacto

vas e foram além da ilha Terceira, recebendo a participação do poeta, apresentador de rádio e coordenador das edições “O Declamador” Jorge Manuel Ramos.

na palma da sua mão! Carla Valadão

De Livro em Livro Pela vida fora Entre ventos cruzados Somos partículas de um arco íris multicolor Que cruza os campos outonais E os mares agitados em marés vivas Que de fragmento em fragmento Se movimentam através do verso e do inverso Pelas lombadas dos livros, E nas entrelinhas desses livros Ao virar de cada página Revelam-se em cada verso Em cada palavra Em cada timidez Em cada sentimento O que se escreve com altivez Pela vida fora Os ventos passam e a vida corre De brisa em brisa De bater em bater de tecla De palavra dita em palavra escrita Eloquente ou repetida Na sensação infinita De ter mil e uma coisa para dizer E não o conseguir fazer, Porque a escrita é assim E é assim que a quero sentir De livro em livro Mais uma e outra vez Escrevendo como sendo A minha primeira vez. In Pela Vida Fora Jorge Manuel Ramos Estou, livro? És um amigo que se pode contar sempre Dás largas à nossa imaginação. Desenvolves a nossa criatividade. Enriqueces o nosso vocabulário. És magia, fantasia e sonho para as crianças. Conhecimento e estudo para os adultos. Cada página tua é uma memória das nossas vidas. Inspiração e suor. Sorrisos e lágrimas. Coragem e experiência. Leve como uma pena. Frágil como porcelana. Perfumada como uma flor. Pesada em sabedoria. Cada palavra que percorremos, Nesta aventura sem fim,

São ensinamentos para a vida. Serás eterno até que o tempo deixe. O teu corpo material circulará Por entre viagens celestiais, Espaciais, Universais, Por entre ondas e marés. Terás sempre o teu espaço, O teu cantinho, No coração de cada leitor curioso. João de Deus Melo

que se ateste ás paginas em branco deste livro encadernado de letras amontoadas que em palavras se transformem e que juntas irmanadas em poesia se tornem que se narrem amores que só os poetas consomem que se pinte de aguarelas e em belezas se tornem que se exprimem sentimentos de forma ardilosa e depois se se demudem em poesia maravilhosa Jorge Morais

O Livro

Tens dupla personalidade. É verdade! Umas vezes atravesso a noite contigo. Faço de ti um literário abrigo, onde a avidez de saber mais depressa me leva, seguro, ao teu cais, ao teu final. Outras vezes… algo vai mal. Cansas-me da tua companhia. Quem diria!... Levas-me até a adormecer, deixando para depois o saber. Sussurro-te: “estou cansado. Fica para amanhã a leitura”. Fechas a tua abertura, e o dia está terminado. Mas, com dupla personalidade, ou não, serás sempre aquele amigo do serão, no sofá, na cama, no chão… em qualquer lugar. Muitas páginas irão virar. És, O Livro, que de tão único, não tens com quem rimar. Mas ter-me-ás sempre para te folhear. Mário Alves

O nosso livro

É somente a ti, meu amor, Que este livro de amor é dedicado. De nós dois foi somente escrito;

Logo foi-me por ti inspirado. Ele contém mais que uns meros versos, Do que ocas e elaboradas poesias. Unicamente nosso, é o Diário do nosso amor, Como vivemos e nos amamos todos os dias, Essas são provas irrefutáveis Que ninguém poderá negar, É algo só nosso e que vivemos, Que nunca o mundo poderá alterar: “São sentimentos fortes por nós sentidos, Pensamentos distantes e perdidos, Almas gémeas e apaixonadas, Saudades jamais apagadas, Corações inconformados e à paixão rendidos, São momentos maravilhosos, sonhos por nós vividos, Emoções indizíveis não recalcadas, São as vitórias, as nossas metas alcançadas!!!” Este é um livro escrito dum amor sofrido, O Diário só nosso do amor passional por nós vivido, De sentimentos profundos e transcendentais, O testemunho eterno dos factos constante e reais Duma paixão sem limites e pelo tempo imortalizada, A verdade gritante que nunca será silenciada, O segredo só nosso e a veracidade incontestada!!! Leonel Purple

ó mar que imensidão os teus braços, Que acalentam docemente a maré Ergues os teus braços para o céu, Que sublime, a grandeza da tua fé. És o espelho do céu, que te gratificou, Ofertou-te sentimentos e sensações, Ora és tão manso, similar ao azeite, Ora tão bravo, transbordando frustrações Unificou-te o sol claro como teu irmão E a lua tua amante na noite calada, Com as suas vestes pintadas de cal, Dança contigo no silêncio da madrugada Valsas noturnas, que inspirem os poetas, Com fragrâncias perfumadas de maresia, Acordem do sono as palavras solitárias, Deixam-se enamorar pela terna poesia. Angélica Borges

FICHA TÉCNICA: COORDENAÇÃO: Carla Félix COLABORADORES: Angélica Borges; Carla Valadão; Fernando Mendonça; João de Deus Melo; Jorge Manuel Ramos; Jorge Morais; Leonel Purple; Mário Alves PAGINAÇÃO: FS/JP. As participações aqui presentes são da responsabilidade dos poetas/poetisas. Para participar envie o seu poema para maredepoesia@jornaldapraia.com. PUB


JP | INFORMAÇÃO

2018.11.23

| 15

VOLEIBOL

NACIONAL DA II DIVISÃO ZONA AÇORES Seniores Masculinos

9.ª JORNADA | 23/24.11.2018

FUTEBOL

TAÇA DE PORTUGAL EQUIPAS AÇORIANAS 4.ª ELIMINATÓRIA | 24/25.11.2018 SC Praiense

SC Braga

FC Vale Formoso

CD Tondela CD Santa Clara

GD Chaves

CD Marienses

-

Angústias AC

AA Alunos

-

CD Ribeirense

CDE Topo

-

ADRE Praiense

13.ª JORNADA | 02.12.2018 Ferreiras

-

Moura

Casa Pia

-

Olhanense

Oriental

-

Louletano

Armacenense

-

1º Dezembro

VG Vidigueira

-

Amora FC

Sacavenense

-

Pinhalnovense

SC Praiense

-

Real

Angrense

-

Olímpico Montijo

Sp. Ideal

-

Redondense

CAMPEONATO DOS AÇORES

8.ª JORNADA | 25.11.2018 Águia CD

-

CD Rabo Peixe

SC Lusitânia

-

Operário Lagoa

Cedrense

-

Marítimo Gra.

Vitória do Pico

-

CD Fontinhas

Graciosa FC

-

Guadalupe

9.ª JORNADA | 01/02.12.2018 Marítimo Gra.

-

Graciosa FC

CD Rabo Peixe

-

Vitória do Pico

CD Fontinhas

-

Cedrense

Guadalupe

-

SC Lusitânia

Operário Lagoa

-

Águia CD

FUTSAL

NACIONAL DA II DIVISÃO SÉRIE AÇORES Seniores Masculinos

4.ª JORNADA | 24.11.2018 Cedrense

-

SC Lusitânia

Santa Clara

-

Posto Santo

Casa da Ribeira

-

Santa Bárbara

Ladeira Grande

-

SC Barbarense

5.ª JORNADA | 01.12.2018 Santa Bárbara

-

SC Barbarense

SC Lusitânia

-

Ladeira Grande

Casa da Ribeira

-

Santa Clara

Posto Santo

-

Cedrense

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Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

SEXTA (23/11)

SÁBADO (24/11)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

10.ª JORNADA | 24/25.11.2018 CD Marienses

-

Angústias AC

AA Alunos

-

CD Ribeirense

CDE Topo

-

ADRE Praiense

Seniores Femininos CAMPEONATO DE PORTUGAL SÉRIE “D”

HOJE (23/11)

9.ª JORNADA | 01.12.2018 AJF Bastardo

-

CDE Topo

C Kairos - B

-

ADRE Praiense

FC Calheta

-

Santa Cruz SC

DOMINGO (25/11)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

SEGUNDA (26/11)

CAFÉ TEATRO VIOLÊNCIA DE GÉNERO BASTA Local: Museu de Angra do Heroísmo Hora: 21H30

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

TERÇA (27/11)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

QUARTA (28/11)

10.ª JORNADA | 02.12.2018 AJF Bastardo

-

CDE Topo

C Kairos - B

-

ADRE Praiense

FC Calheta

-

Santa Cruz SC

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

QUINTA (29/11)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

MISSAS DOMINICAIS NO CONCELHO

SEXTA (30/11)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

SÁBADOS

15:30 - Lajes; 16:00 - Fontinhas (1) ; 16:30 - Casa da Ribeira; 17:00 - Cabo da Praia; 17:30 - Matriz Sta. Cruz; 17:30 - Vila Nova; 18:00 - Fontinhas (2); 18:00 - São Brás; 18:00 - Porto Martins; 18:00 - Sta Luzia, BNS Fátima; 18:00 - Quatro Ribeiras; 19:00 - Lajes; 19:00 Agualva; 19:00 - Santa Rita; 19:00 - Fonte do Bastardo; 19:30 - Biscoitos, IC Maria (3); 19:30 - Biscoi-

tos - São Pedro (4) (1) Enquanto há catequese; (2) Quando não há catequese; (3) 1.º e 2.º sábados; (4) 3.º e 4.º sábados

DOMINGOS

08:30 - São Brás; 09:00 - Vila Nova, ENS Ajuda; 10:00 - Lajes, Ermida Cabouco; 10:00 - Cabo da Praia (1); 10:00 - Biscoitos, S Pedro; 10:30 - Agualva; 10:30 - Casa Ribeira (1); 10:30 - Santa Rita 11:00 - Lajes; 11:00 - São Brás; 11:00 - Cabo da Praia (2); 11:00 - Porto Martins; 11:00 - Casa da Ribeira (2); 11:00 - Biscoitos, IC Maria; 12:00 - Vila Nova; 12:00 - Fontinhas; 12:00 - Matriz Sta. Cruz (1); 12:00 - Quatro Ribeiras; 12:00 Sta Luzia; 12:15 - Fonte Bastardo; 12:30 - Matriz Sta. Cruz (2); 13:00 - Lajes, ES Santiago; 19:00 - Lajes; 19:00 - Matriz Sta. Cruz (3); 20:00 Matriz Sta. Cruz (4)) (1) Missas com coroação; (2) Missas sem coroação; (3) De outubro a junho; (4) De julho a setembro

SÁBADO (01/12)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

DOMINGO (02/12)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

CINEMA BOHEIMIAN RHAPSODY Local: Auditório do Ramo Grande Hora: 21H00 Classificação: M/12 Sessão também no domingo, 25, às 18H00.

SEGUNDA (03/12)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

TERÇA (04/12)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

SÁBADO (243/11)

QUARTA (05/12)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

QUINTA (06/12)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

BISCOITOS Posto da Misericórdia ( 295 908 315 SEG a SEX: 09:00-13:00 / 13:00-18:00 SÁB: 09:00-12:00 / 13:00-17:00 GASTRONOMIA FESTIVAL DE SOPAS Local: Sociedade Filarmónica Recreio de Santa Bárbara Hora: 20H00

VILA DAS LAJES Farmácia Andrade Rua Dr. Adriano Paim, 142-A ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-18:30 SÁB: 09:00-12:30

VILA NOVA Farmácia Andrade Caminho Abrigada ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-12:00 / 16:00-18:00 Farmácias de serviço na cidade da Praia da Vitória, atualizadas diáriamente, em: www.jornaldapraia.com


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