Jornal da Praia | 0532 | 02.11.2018

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QUINZENA

02.11 A 15.11.2018 Diretor: Sebastião Lima Diretor-Adjunto: Francisco Ferreira

Nº: 532 | Ano: XXXVI | 2018.11.02 | € 1,00

QUINZENÁRIO ILHÉU - RUA CIDADE DE ARTESIA - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA - ILHA TERCEIRA - AÇORES

www.jornaldapraia.com

Fotografia: Amílcar Cabral/ADREP

ADREP: AMBIÇÃO RENOVADA E FORMAÇÃO REFORÇADA DESPORTO | P. 10

ENTREVISTA

JOÃO RAMOS

CAPINHA DAS TOURADAS À CORDA DESTAQUE | P. 8 E 9

Socorrendo-se das novas tecnologias e em emissão desde janeiro, a plataforma destina-se a permitir aos praienses da diáspora acompanhar os jogos da equipa principal em tempo real. DESPORTO | P. 11

SEMANA MUNICIPAL URIPSSA DA IGUALDADE ASSINALADA INAUGURA SEDE REGIONAL NA PRAIA DA VITÓRIA ZONA DE LAZER DA RUA LONGA INAUGURADA APÓS REQUALIFICAÇÃO NA PRAIA DA VITÓRIA

NO CONCELHO | P. 3

Instituição estabeleceu-se em outubro e funciona como elo de ligação na construção de parcerias na área social. SOLIDARIEDADE | P. 7

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TURISMO | P. 5


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CANTO DO TEREZINHA & CONTO | JP

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(DES)PROMOÇÃO TURÍSTICA! Repórter do CT de passagem pela Biblioteca Municipal Silvestre Ribeiro encontrou um casal de turistas, desejosos de conhecer um pouco mais sobre o grande poeta praiense – Vitorino Nemésio. Perguntaram se ali havia nascido. O nosso repórter respondeu que não e prontificou-se a guiar o casal à Casa-Museu onde efetivamente nasceu. Enquanto para lá se dirigia, matutava com os seus próprios bo-

tões: “Ora aqui está algo que nos diferencia em termos de oferta turística...” e logo começou a imaginar aqueles turistas a contarem com efusiva emoção a amigos e conhecidos a sua visita, naquela que é sem margem para dúvida, a promoção turística mais eficaz e barata. Porém, rapidamente enfrentou a letargia desta Praia que tudo quer e nada tem. A Casa-Museu naquela segunda-feira, por

volta das dez da manhã estava fechada. Ainda procuraram o horário de funcionamento, mas não o encontraram afixado. Envergonhado, despediu-se, desculpando-se com um compromisso que acabara de inventar e lá seguiu, abalado com a “triste imagem” que aqueles turistas levam para contar a amigos e conhecidos. MAIS CT NA PÁGINA 5

CONTO INSULAR (VIII)

AFEIÇÃO TRIUNFAL Por: Emanuel Areias

O avião partia ao meio-dia e chegava à ilha Terceira, passadas 2 horas e meia. Depois de estar cerca de meia hora na ilha lilás, Afonso seguiria na Sata pequena para a ilha da Graciosa, onde iria viver, nos próximos 3 anos. Antes da viagem, procurara na internet informações sobre a ilha branca e pouco ou nada conseguiu alcançar. Eram parcas as informações e só quando chegasse ao sítio é que podia tirar as devidas ilações sobre o espaço que seria a sua casa nos próximos tempos. Afonso era um recém-formado agente da PSP e tinha sido colocado na Graciosa, para mal dos pecados da sua mãe, que via assim o seu único filho a perder-se no meio do Atlântico. Sempre fora um sonho para Afonso ser polícia e poder perseguir os ladrões e os bandidos, como dizia em pequeno. A partir do momento em que soube que a Graciosa seria o seu destino, percebeu que o tamanho dos seus sonhos estava reduzido a uma espécie de nada. Mal aterrou na pequena ilha, percebeu que conseguia conhecer aquele lugar em menos de um dia. Aquela dor hedionda da falta de terra, que era comum nos continentais que visitavam as ilhas, acabava de lhe tomar alma. Não era por isso que iria abater o humor e o seu dever, enquanto profissional. Quando os seus pés tocaram no chão graciosense sentiu que tinha de se afeiçoar aos costumes e às pessoas, porque ninguém havia de se acostumar ao indivíduo que vinha, mas o indivíduo que chegava é que se adaptava ao meio. Na primeira volta que deu pela Graciosa verificou que era só aquilo, para os próximos anos. Era quase nada, era pequeno, não tinha muito por onde se escolher. Era uma vida custosa para quem vinha de um meio grande e dinâmico. Na Rua da Boavista, na Vila de Santa Cruz, situava-se a esquadra da polícia. Os seus co-

legas de trabalho já não se sentiam tão desenraizados como Afonso porque se tinham habituado à vida na ilha. Alguns eram do Continente como Afonso, outros da Graciosa e outros das restantes ilhas do arquipélago. Apesar de tudo, Afonso era um apaixonado por futebol e logo que soube que a equipa local disputava o campeonato futebol dos Açores, tentou ficar sempre com os serviços em dias de jogo, aos domingos, no Campo de Jogos de Guadalupe. Num dia de jogo, que o Guadalupe tinha vencido pela margem mínima e num jogo muito bem disputado, o Presidente do clube chamou por Afonso e ofereceu-lhe uma bifana e um sumo. O rapaz agradeceu de imediato, mas não podia aceitar por estar em serviço. Ficava combinado, no entanto, que num domingo em que estivesse de folga voltaria ao campo de jogos como adepto e não como profissional. Passadas duas semanas, chegou ao pé da tasca do Palito, e o Presidente pagou-lhe a tão afamada bifana e uma cerveja. Conversaram imenso, depois de mais um triunfo tranquilo da equipa da casa. Afonso sentiu que tinha feito o seu primeiro grande amigo na ilha. No dia seguinte, partiam os dois, com mais um grupo de amigos do Presidente, numa volta pela ilha. O graciosense mostrava a Afonso os encantos que a Graciosa escondia naquele pedaço de terra. Avistou a Serra das Fontes, sentindo no peito todas as sensações dignas de um filho da ilha. Atingiu o clímax sensorial, quando deslumbrou a Vila de Santa Cruz, a partir do Monte da Senhora da Ajuda. Finalmente, tinha chegado aos pontos da ilha, que sozinho nunca soubera que existiam. Acabaram o dia no café do centro da Vila, a beber cervejas e a comer tremoços. Subitamente, Afonso percebia que não tinha gasto um úni-

co tostão desde que tinha chegado ao café e já se sentia tonto de tanto beber e maldisposto dos tremoços, da linguiça e da morcela que ingeria à brutamontes. Sempre que procurava a carteira para pagar, os graciosenses diziam – agora é a minha vez – e ele, perplexo com tal hospitalidade, sentia-se mais próximo daquela terra de sonho, que o tinha horrorizado, em pesadelos, há algum tempo atrás. Os dias iam passando e Afonso começava a gostar do lugar onde estava. Cumpria o seu dever profissional e aproveitava os atrativos e as pessoas da ilha. Sentia-se parte de uma verdadeira família. Na rua as pessoas cumprimentavam-no – bom dia Sr. Agente – ao qual ele ficava deliciado de tanto carinho e do respeito que ganhara. Todas as viagens de carro que fazia pela ilha tinham deixado de ser viagens de encontro com o que tinha visto antes. Eram redescobertas sucessivas de pormenores que nunca tinha reparado. Cumpria o direito de viver e não de sobreviver, como tinha feito até à sua ida para a ilha branca. No início da nova temporada desportiva, Afonso já fazia parte da direção do Guadalupe, era mordomo das festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres e ajudava a ordenhar as vacas do pai do Presidente do clube. Era um enraizado convicto à terra que o fez sentir mal à chegada. Quando tinha férias, não regressava ao Continente, porque tinha deveres para com a comunidade que o tinha integrado na ilha. Os pais é que o vinham visitar, na dúvida de que a sua ausência em casa, era por uma afeição não à ilha, mas a alguma musa que tinha conhecido. Ainda não tinha chegado à parte em que Afonso se apaixonava por uma graciosense. Também não estava muito longe, visto que a Adriana da tasca do Palito não lhe saia do pensamento

desde do baile de máscaras organizado pelo clube. A afeição era à terra, mas passou a ser também a Adriana, que o convencera a acreditar no amor. Era uma jovem, com poucos sonhos e com um pensar simples. Não conhecia muito para além da tasca do pai, dos bailes do clube e da ilha pequenina que a viu nascer. Afonso sabia que aquele amor seria um complemento – ele daria a ela tudo o que ela não conhecia do mundo e ela daria a ele toda a simplicidade e naturalidade que o cativava. Ela era outra Graciosa na sua vida, que ele podia sentir e tocar. Eram dois ganhos fundamentais na vida de um forasteiro. Uma terra de paz, de quietude, de natureza e de compaixão. Uma mulher simples, pura e amorosa. A junção perfeita para uma vida de sonho. De facto, Afonso tornava-se um graciosense. Podia considerar-se semelhante a todos aqueles semelhantes que o viam na rua e o cumprimentavam. Podia sentir-se parte integrante de uma ilha doce e simples, que não podia dar mais nada além daquela tranquilidade e sossego. Afonso não esquecia a vida veloz da sua cidade. Fazia parte da si. Porém, já não era obrigado a acreditar numa falsa verdade, de que o mundo não é bom, a vida custa e o dia-a-dia é um combate. Já não tinha de acreditar na arrogância das pessoas e na estupidez das ações alheias. Já não tinha de beber do fel dos outros e sentir-se estranho numa vida sem bondade. Afonso era agora ilhéu. Ganhou esse direito e obteve todos os méritos dessa ascensão. Encontrava-se no meio de um processo de afeição triunfal. Tinha encontrado a paz interior que nunca tinha conhecido. A paz interior que nunca tinha sabido que existia. Até ao momento em que descobriu a Graciosa e Adriana.

FICHA TÉCNICA PROPRIETÁRIO: Grupo de Amigos da Praia (Associação Cultural sem fins lucrativos NIF: 512014914), Fundado em 26 de Março de 1982 REGISTO NO ICS: 108635 FUNDAÇÃO: 29 de Abríl de 1982 ENDEREÇO POSTAL: Rua Cidade de Artesia, Santa Cruz, Apartado 45 - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA, Ilha Terceira - Açores - Portugal TEL: 295 704 888 DIRETOR: Sebastião Lima (diretor@jornaldapraia.com) DIRETOR ADJUNTO: Francisco Jorge Ferreira ANTIGOS DIRETORES: João Ornelas do Rêgo; Paulina Oliveira; Cota Moniz CHEFE DE REDAÇÃO: Sebastião Lima COORDENADOR DE EDIÇÃO: Francisco Soares, CO-1656 (editor@jornaldapraia.com) REDAÇÃO/EDIÇÃO: Grupo de Amigos da Praia (noticias@jornaldapraia.com; desporto@jornaldapraia.com); Rui Marques; Rui Sousa JP - ONLINE: Francisco Soares (multimedia@jornaldapraia.com) COLABORADORES: António Neves Leal; Aurélio Pamplona; Emanuel Areias; Francisco Miguel Nogueira; Francisco Silveirinha; José H. S. Brito; José Ventura; Nuno Silveira; Rodrigo Pereira PAGINAÇÃO: Francisco Soares DESENHO NO CABEÇALHO: Ramiro Botelho SECRETARIADO: Eulália Leal LOGÍSTICA: Jorge Borba IMPRESSÃO: Funchalense - Empresa Gráfica, S.A. - Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, 50 Morelena - 2715-029 PÊRO PINHEIRO ASSINATURAS: 15,00 EUR / Ano - Taxa Paga - Praia da Vitória - Região Autónoma dos Açores TIRAGEM POR EDIÇÃO: 1 500 Exemplares DEPÓSITO LEGAL: DL N.º 403003/15 ESTATUTO EDITORIAL: Disponível na internet em www.jornaldapraia.com NOTA EDITORIAL: As opiniões expressas em artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do jornal e do seu diretor.

Taxa Paga – AVENÇA Publicações periódicas Praia da Vitória


JP | NO CONCELHO

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SEMANA MUNICIPAL DA IGUALDADE

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uma iniciativa da Câmara Municipal da Praia da Vitória, em colaboração com a Associação Salão Teatro Praiense (ASTP) e a Santa Casa da Misericórdia da Praia da Vitória (SCMPV), foi de 22 a 26 de outubro, assinalada a Semana Municipal da Igualdade na Praia da Vitória, com a realização de uma peça de teatro infantil e uma ação de sensibilização a fim de alertar a comunidade para a importância da igualdade de género como forma de combate à descriminação e a váPUB

rias formas de violência. A semana municipal da igualdade é uma iniciativa que pretende, acima de tudo, sensibilizar a população para a importância da aceitação do outro, independentemente do género, raça, estatuto socioeconómico ou necessidades especiais. Intitulada “O Pássaro das Cores” a primeira ação decorreu a 22 de outubro, segunda-feira, no Auditório do Ramo Grande. A peça de teatro in-

fantil, organizada pelo Departamento de Educação e Reabilitação da ASTP, adaptada e interpretada por Flávia Medeiros e de entrada livre, abordou as temáticas da liberdade e da igualdade, tendo contado com a presença de crianças das creches, jardins-de-infância e escolas do concelho.

e Combate à Violência Doméstica da SCMPV, a ação iniciou-se com a apresentação da plataforma “SiosLIFE”, seguiu-se partilha de várias ideias no âmbito do projeto “Memória dos Afetos”. Estes encontros visaram a reflexão e partilha de ideias sobre o isolamento e a descriminação no idoso.

Já a segunda iniciativa, decorreu a 24, quarta-feira, na Casa das Tias de Nemésio, consistindo num conjunto de ações destinadas aos voluntários dos centros de convívio do concelho da Praia da Vitória. Promovida pelo Núcleo de Iniciativas de Prevenção

As entidades envolvidas pretendem ainda ao longo deste ano e no início do 2019 visitar todos os centros de convívio do concelho, dando a conhecer estes projetos junto da comunidade. GP-MPV/JP•

GALA A 16 DE NOVEMBRO

PRAIA VITÓRIA PODERÁ SER “MUNICÍPIO DO ANO”

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Município da Praia da Vitória é finalista ao galardão “Município do Ano”, concorrendo com mais três autarquias dos Açores, num total de 35 municípios nacionais. A candidatura da Praia da Vitória resulta do projeto “Eco-restauro ecológico da Zona Húmida Costeira”, ou seja, o trabalho desenvolvido no âmbito da recuperação dos pauis da Praia da Vitória. Este evento nacional, promovido pela plataforma “UM-Cidades” da Universidade do Minho, vai distinguir os melhores municípios do ano, distribuídos por nove categorias, numa gala que se realizará em Guimarães, no próximo dia 16 de novembro. A Praia da Vitória foi nomeada como finalista, tal como outros três projetos açorianos, nomeadamente o “Ecoquiosque da Semana do Mar” (Horta), “Madalena, Capital dos Aço-

res da Vinha e do Vinho” (Madalena do Pico) e “Uma Biblioteca para Todos” (Ribeira Grande). No total existem 35 municípios finalistas que apresentaram candidaturas a este projeto da Universidade do Minho, através da plataforma “UM-Cidades”, visando reconhecer e premiar as boas práticas em projetos implementados pelos municípios com impactos assinaláveis nas vilas, cidades e no território, na economia e na sociedade, que promovam o crescimento, a inclusão e/ou a sustentabilidade dos municípios portugueses. Para além deste objetivo central, esta organização pretende também distinguir os municípios que colocam na agenda a temática do desenvolvimento integrado dos territórios, dando visibilidade a realidades diversas que incluam as cidades, mas também os territórios de baixa densidade nas diferentes regiões do país. GP-MPV/JP•

BOLSAS DE ESTUDO

CMPV RESERVA TRINTA MIL EUROS

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Câmara Municipal da Praia da Vitória (CMPV) afeta 30 mil euros em bolsas de estudo para estudantes do concelho que se encontram, no presente ano letivo, a frequentar os estabelecimentos de ensino profissional ou superior. O valor estipulado é destinado a renovações e atribuição de novas bolsas, ao abrigo do Regulamento Municipal de Atribuição de Bolsas de Estudo, publicado a 4 de outubro de 2016, cujas inscrições decorrem durante este mês. “A formação dos nossos jovens é fulcral na construção de uma sociedade coesa, preparada e capaz de contribuir para o progresso e inovação. Dotar os nossos estudantes de ferramentas e conhecimentos que permitam a construção de um futuro sólido é uma das nossas prioridades enquanto Município”, referiu o vereador da Educação,

Carlos Armando Costa. As bolsas de estudo destinam-se a alunos do ensino técnico-profissional ou superior (licenciatura e/ou mestrado) com poucos recursos financeiros e um bom aproveitamento escolar, sendo renováveis anualmente, caso as condições de atribuição se mantenham. Relativamente aos montantes das bolsas, estes são atribuídos consoante o rendimento mensal “per capita” dos candidatos. A CMPV já renovou 18 bolsas de estudo em áreas como o Design, a Psicologia, o Desporto, a Gestão, a Educação, o Turismo e a Saúde. Informações adicionais podem ser consultadas no regulamento municipal, disponível em: http://www.cmpv.pt/ ficheiros/pdfs/info_regulamentar/2722. pdf. GP-MPV/JP•


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EFEMÉRIDE | JP

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ANTÓNIO TOMÉ DA FONSECA CARVÃO PAIM DA CÂMARA O COMBATENTE LIBERAL HISTORIADOR: FRANCISCO MIGUEL NOGUEIRIA

António da Fonseca Carvão Paim da Câmara, nasceu a 10 de novembro de 1808 e faleceu a 27 de junho de 1864. O seu percurso de vida é exemplo de um combatente pelos seus ideais.

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á exatos 210 anos, a 10 de novembro de 1808 nascia, em Angra, António Tomé da Fonseca Carvão Paim da Câmara, um combatente liberal português e fidalgo cavaleiro da Casa Real. Filho primogénito de António da Fonseca Carvão Paim da Câmara, 1.º barão do Ramalho, e de D. Rosa Isabel de Menezes Lemos e Carvalho, famílias presentes na Ilha desde o povoamento, António Tomé da Fonseca entrou para o Exército no Regimento de Guarnição nº1, aquartelado na Castelo de São João Baptista, em Angra. Cedo aderiu ao movimento liberal, do qual era um grande defensor e foi um nome indelével do liberalismo terceirense. D. João VI quando morreu deixou uma Junta de Regência, chefiada pela sua filha favorita D. Isabel Maria. Esta regência prevaleceria enquanto o legítimo herdeiro e sucessor da coroa de Portugal, D. Pedro, que no momento era Imperador do Brasil, não desse as providências a tal respeito. D. Pedro IV, por decreto de 26 de abril, confirmou a Regência. D. Pedro IV outorgou a Carta Constitucional, uma constituição, a Portugal, a 29 de abril de 1826. A 2 de maio, D. Pedro IV abdicou dos seus direitos à coroa portuguesa em nome de sua filha, D. Maria da Glória, com 7 anos, a qual deveria casar com seu tio, o infante D. Miguel. Contudo, em 1828, quando D. Miguel chegou a Portugal, proclamou-se como Rei Absolutista. O Liberalismo caía e o miguelismo ia ganhando apoios. Em S. Miguel, o Comandante Militar aliou-se às tropas absolutistas, contudo a Ilha Terceira tornou-se no último baluarte do Liberalismo, passando a atrair Vila Flor, o futuro Duque da Terceira, um liberal convicto, PUB

que pretendia continuar a sua luta contra o absolutismo. O Duque de Saldanha, próximo de Vila Flor, partiu para a Ilha e este depois juntou-se a Saldanha. O Duque de Palmela, outro liberal, nomeou Vila Flor Capitão-General dos Açores. A sua primeira ação foi terminar com as discórdias e divisões locais, aproximando-os para a defesa da causa liberal. A seguir, organizou-se a resistência aos ataques de D. Miguel. António Tomé da Fonseca juntou-se assim ao exército liberal, sendo primeiramente promovido a Capitão de Artilharia nº 1. Conseguiu-se então a restauração da Carta Constitucional, em 1828. Angra tornou-se sede da Junta Provisória em nome de D. Maria, filha de D. Pedro. António Tomé da Fonseca era Cadete de Caçadores nº 5 durante a Batalha de 11 de agosto 1829. Neste dia, o exército miguelista tentou desembarcar na Praia, com os seus 4 000 homens, 340 peças de artilharia e 6 barcas canhoneiras. A defesa da Terceira era composta por um arco de 5km de pequenos fortes de marinha e algumas baterias. O futuro Duque da Terceira assumiu o comando das tropas liberais. Os absolutistas tentaram desembarcar junto ao areal da Praia, mas muitos jovens que tinham acabado de incorporar o exército liberal, os chamados “Voluntários da Rainha”, juntaram-se aos restantes militares e defenderam os fortes com muita garra. As tropas absolutistas tentaram desembarcar por duas vezes junto ao areal da Praia, mas os “Voluntários da Rainha” repeliram este ataque. A batalha da Praia iniciou-se com os bombardeamentos miguelistas sobre os Forte de Santa Catarina e o de Espírito Santo. Durante 4 horas, os miguelistas foram responsáveis por 5 000 tiros, mas este ataque não assustou nem desmoralizou as tropas liberais. Com a linha de Fortes reforçada, passou-se ao ataque. A partir do Forte de Santa Catarina, disparou-se contra a fragata Diana e conseguiu-se assim, evitar o desembarque. O exército absolutista saiu derrotado. Era a primeira vitória liberal contra os absolutistas. Iniciava-se uma nova fase na História do país.

António Tomé da Fonseca foi promovido a capitão e depois a major no “Batalhão de Voluntários da Rainha”. Com o fim da Guerra Civil (1832/1834), foi condecorado com a medalha n.º 7 das campanhas da liberdade. Abandonado a vida militar, António Tomé da Fonseca ocupou cargos importantes no governo da Ilha. Foi, então, Procurador à Junta Geral, assim como, membro do conselho do distrito e vereador da Câmara Municipal de Angra. Aquando da Revolução de setembro de 1836 (Revolução Setembrista), um movimento que defendia a supremacia da soberania popular, querendo substituir a Carta Constitucional de 1826, outorgada por D. Pedro, por uma constituição aprovada por um congresso eleito pelo povo (nasceria daí a 3ª Constituição portuguesa, a de 1838), António Tomé da Fonseca foi feito cavaleiro da Casa Real, agraciado com a comenda da Ordem de Cristo.

de Ornelas Bruges Paim da Câmara, com quem terá tido provavelmente 7 filhos, 5 raparigas e 2 rapazes.

Com a morte de seu pai António da Fonseca Carvão Paim da Câmara a 23 de fevereiro de 1838, António Tomé da Fonseca assumiu o morgadio da Casa Carvão Paim da Câmara, mesmo que o título de 2.º barão do Ramalho tenha passado para o seu filho. António Tomé da Fonseca havia-se casado com D. Maria Isabel Leopoldina de Ornelas Paim da Câmara Noronha, irmã do 1.° conde da Vila da Praia da Vitória Teotónio

São as histórias de vida de combatentes pelos seus ideais que nos devem relembrar que não devemos ter medo de assumir aquilo que pensamos, de defender aquilo que acreditamos, de lutar por uma sociedade mais justa, almejar um mundo melhor, onde todos possam crescer e evoluir como seres humanos e serem a voz da Liberdade, da Igualdade, da Fraternidade e da Paz.

Aquando do pronunciamento militar de 22 de abril de 1847, chefiado pelo coronel José Joaquim Gomes Fontoura, António Tomé da Fonseca foi um dos civis que aderiu, tendo até sido nomeado vogal da Junta Governativa da revolta, presidida pelo seu cunhado Teotónio de Ornelas Bruges. Este pronunciamento foi uma clara manifestação de apoio à “Patuleia” (guerra civil entre Cartistas e Setembristas). Queria-se afastar os Cartistas do poder, mas estes acabaram por vencer a “Patuleia” e manter-se no Governo. António Tomé da Fonseca morreu a 27 de junho de 1864 durante o 1º mandato de seu sobrinho Jácome de Ornelas Bruges, 2.° conde da Vila da Praia da Vitória, como governador civil do distrito de Angra do Heroísmo.


JP | TURISMO & CANTO DO TEREZINHA

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NOS BISCOITOS

REQUALIFICAÇÃO DA ZONA DE LAZER DA RUA LONGA Na inauguração após a requalificação da zna de lazer do Rolo, na Rua Longa, Tibério Dinis, agradeceu o contributo de António Silva.

Fotografia: MPV

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ecorreu no passado mês de outubro, a inauguração da recém-requalificada zona de lazer da Rua Longa, na freguesia dos Biscoitos, num espaço que contou com o contributo de António Silva “Adão”, natural da freguesia, e com o apoio logístico do Município da Praia da Vitória. O presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória (CMPV), Tibério Dinis, salientou na ocasião, a ação de António Silva “Adão” ao contribuir para o desenvolvimento da freguesia dos Biscoitos, e reafirmou a cooperação da CMPV na relação com as Juntas de Freguesia do concelho. “Estamos aqui reunidos, porque o Sr. António num reconhecido gesto de solidariedade, de agradecimento à freguesia e às suas gentes, cedeu o seu contributo para o desenvolvimento dos Biscoitos. São poucas as pessoas que têm este coração de ouro, e esta vontade de ajudar o próximo. Acredito que esta infraestrutura vai ser útil a muitas pessoas, sejam da ilha Terceira ou até mesmo de fora da Ilha. Em nome da CMPV, obrigado pelo contributo”, expressou o edil praiense.

“Foi-nos apresentado um pedido de apoio para este projeto pela Junta de Freguesia dos Biscoitos, e a bom rigor a CMPV abriu uma exceção, dado que o prazo de candidaturas das Juntas de Freguesia no âmbito do Regulamen-

to Municipal de Apoio às Juntas de Freguesia, para a obtenção de apoios havia já terminado, no entanto, entendemos dar o apoio logístico que nos foi possível,” disse o responsável municipal.

O autarca praiense falou ainda sobre a possibilidade de investimentos a serem realizados na freguesia dos Biscoitos, no âmbito da eventual aprovação da alteração do Plano de Ordenamento da Orla Costeira da Ilha Terceira. GP-MPV/JP•

a ideia é reciclar, na Ilha Verde, todo o lixo de todo o tipo, pelo que os camiões do lixo de cada ilha deixarão

nos portos respectivos o que recolherem em cada autarquia, posto o que o farão embarcar em barcos especiais que serão comprados por uma empresa regional a criar para o efeito. É o que se deduziu das palavras do Ministro Açoriano do Lixo.

CT: A HEGEMONIA VERDE Consta que a tendência hegemónica de S. Miguel, de longa data como bem se sabe, não tem parança. Depois de PUB

pretender centrar na Ilha do Arcanjo vários serviços de saúde, conforme sugeriu o Ministro Açoriano da Saúde,

Por seu turno, o Ministro Açoriano da Defecação também expressou as suas ideias que, de resto, seguem muito de perto as do seu colega do Lixo, com a diferença de que a substância é outra, bem como o processo de recolha. De notar que está incluída a defecação de todo o gado existente. Por último, sabe-se que se está a estudar a construção, em S. Miguel, de um mega cemitério onde serão enterrados todos os açorianos e não só, depois de mortos, é evidente; para o efeito, serão construídos 2 navios fúnebres. No dia de Finados, o Governo Regional providenciará um serviço aéreo e ou marítimo que garanta a possibilidade de os respectivos familiares prestarem as suas homenagem aos seus desaparecidos ente queridos. Mais serviços virão a ser centralizados conforme nos asseverou uma fonte bem colocada junto do Governo da Região.


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SAÚDE | JP

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o Cantinho do Psicólogo 198

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emocionalidade, ou seja, a forma como cada indivíduo reage aos sentimentos e emoções que o afecta assemelha-se ao colorido das Aurélio Pamplona barras e portadas (a.pamplona@sapo.pt) das casas, na medida em que há uma variedade de cores e tons. Mas isso não acarreta problemas às pessoas se as emoções, quer positivas ou negativas, não tivessem nos seus antecedentes certas discrepâncias ou conflitos entre o estado do mundo e as expectativas que o indivíduo traz para a situação. As emoções envolvem elementos experimentais, comportamentais e fisiológicos, através dos quais o indivíduo tenta lidar com acontecimentos ou assuntos que lhe são pessoalmente significativos (VandenBos, 2007), e isto exige conhecimentos e vontade. Ou seja, nem sempre, é possível pensar abstracta e logicamente, o que nos poderia conduzir de forma livre no bom caminho. Existem mudanças das situações e consequentemente nas nossas percepções, que se repercutem em alterações nas emoções e comportamentos. As emoções encontram-se associadas a múltiplas situações, de que se apresentam alguns exemplos, retirados do dicionário acabado de citar: (1) abuso emocional, envolvendo atrevimento verbal, humilhação, controlo ou retirada da afeição ou do apoio financeiro; (2) conhecimento emocional, a capacidade para reconhecer e interpretar as emoções dos outros, através de pistas como expressão facial e tom de voz; (3) conflito emocional, um estado de falta de harmonia entre emoções intensas incompatíPUB

A Emocionalidade veis, como o amor, o ódio, o desejo de sucesso, e o medo de falhar susceptíveis de criar problemas de saúde. Continuando com os exemplos assinalam-se: (4) controlo emocional, ou seja, auto-regulação da influência que as próprias emoções exercem nos pensamentos e comportamentos; (5) desenvolvimento emocional, que tem a ver com a gradual capacidade de experimentar, exprimir

e interpretar a gama completa das emoções; (6) desânimo emocional, perturbação de aprendizagem ou comportamental, que se baseia nos medos e ansiedades que impedem uma criança de funcionar social ou academicamente num ambiente regular de sala de aula; (7) inteligência emocional, que consiste num tipo de inteligência que envolve a capacidade para processar informação emocional, e utilizá-la em actividades cognitivas, de raciocínio; e (8) resposta emocional, que diz respeito a uma reacção emocional, de felicida-

de, tristeza ou medo, desencadeada por determinado estímulo.

consciência das consequências dos seus actos.

Com estes exemplos procura-se sensibilizar as pessoas para a importância na construção da sua vida desta área e garantir o melhor bem-estar. Acresce que muitos de nós, e até mesmo as pessoas que têm a vida aparentemente regulada, e que possuem trabalho estável podem necessitar de aconselhamento psicológico, quando inesperadamente se deixam

Referiu Antunes (1982) «não pode haver alegria sem tristeza, prazer sem dor», porque, como exemplifica, «é só quando dói um dente que avaliamos o prazer de nos sentirmos bem …». E acrescenta que «se a gente não compreende esta antinomia acaba por haver uma cristalização burocrática das emoções e sentimentos.» Também não é por acaso que os psicólogos recomendam a importância de se aprender, desde tenra idade, a ser capaz de lidar e controlar as emoções. Mas isto é difícil de conseguir na sociedade moderna, com pais e professores impreparados nesta área e desligados desta responsabilidade.

arrastar por aspectos emocionais que os levam a (Reddy, 1987): (a) não estarem a mobilizar as suas energias; (b) não resolverem os problemas, embora possuem recursos para isso; (c) os seus pensamentos apresentarem-se confusos; (d) não tomarem as decisões necessárias; (e) não responderem aos motivadores habituais; (f) envolverem-se em comportamentos auto-destrutivos; (g) comportarem-se de forma perturbada, tensa ou ansiosa; (h) poder ter ocorrido uma mudança sensível nos seus comportamentos; e (i) parecerem não ter

As emoções ocorrem, e podem-se desenvolver e controlar ao longo de toda a vida. Mas como referimos no parágrafo anterior os primeiros anos de vida, a infância e a adolescência, também fazem parte desse desenvolvimento, em proveito das situações que acima se mencionou, e de muitos outros aspectos significativos relacionados com a emoção e estados de humor. Por isso muitos intelectuais defendem a importância do treino de pais, a que se deveria juntar o treino de professores, coisa que actualmente pouco se valoriza. Referências: Antunes, A. L. (1982). Salvado em 30 Abr. de Fonte: Citador. Tema: Citações –Autores. Website: http://www.citador.pt/frases/citacoes/a/antonio-lobo-antunes. Reddy, M. (1987). The manager`s guide to counseling at work. London and New York:The British Psychological Society. VandenBos, G. H. (2007). APA dictionary of psychology: Emotion. Washington DC. American Psychological Association. Foto: A. Pamplona•


JP | SOLIDARIEDADE

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NA PRAIA DA VITÓRIA

URIPSSA ESTABELECE SEDE REGIONAL A URIPSSA pretende afirmar-se como instituição de referência na construção de parcerias na área social.

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undada a 03 de janeiro de 2008, a URIPSSA – União Regional das Instituições Particulares de Solidariedade Social dos Açores, inaugurou no passado dia 15 de outubro, na Praia da Vitória, a sua sede regional. Com este novo espaço, a URIPSSA pretende reforçar aquela que é a sua missão: Promover uma maior aproximação entre todos os associados e funcionar como ferramenta essencial de trabalho e apoio, apresentando-se como instituição de referência na construção de parcerias entre os diversos agentes de causas sociais, quer de natureza pública como privada. Na cerimónia de inauguração que contou com a presença da secretária regional da Solidariedade Social, Andreia Cardoso e do presidente da autarquia praiense, Tibério Dinis, o presidente da Direção, João Canedo, que assumiu funções a 11 de maio de 2017, informou que inicialmente começou por contatar todas as IPSS da região, a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) e também o Governo dos Açores, na perspetiva que ao contatar e “ao estabelecer parcerias com todos os intervenientes das causas sociais dos PUB

Açores, desde Governo regional, municípios, IPSS e a nossa comunidade em geral, podemos ir de encontro às necessidades apresentadas pela nossa comunidade de forma a dar uma resposta adequada”. Com o propósito de ser um elo de ligação, A URIPSSA realizou um protocolo com uma empresa de formação, que desenvolve programas informáticos desenhados para as IPSS(s), tendo realizado em setembro último, formações sobre o Regulamento Geral de Proteção de Dados no Faial, na Terceira e em São Miguel, envolvendo 55 formandos

correspondentes a 24 IPSS(s). Neste mês de novembro, a URIPSSA irá promover uma sessão de esclarecimento dos programas de apoio disponíveis, que funcionará em simultâneo para permitir uma maior aproximação entre a União e os respetivos associados. “Esta vai ser uma das áreas que iremos atuar, na formação e na informação aos associados, por isso criamos a partir de hoje uma plataforma informática que irá se traduzir num elo de ligação, transmissão e colaboração entre todos, tornando-se num apoio na disponibilização de informação

para as IPSS, a nível de legislação, noticias, eventos, minutas de documentos relevantes e de toda a informação que acharem pertinente para ser implementada na referida plataforma”, referiu João Canedo. A sede regional da URIPSSA veio para a Praia da Vitória graças ao executivo camarário liderado por Tibério Dinis, que decidiu responder positivamente ao desafio lançado pela atual direção, por entender ser determinante para a vitalidade da cidade a fixação de novos serviços. JP•

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CONSIDERA JOÃO RAMOS

O CAPINHA ACABA POR SER UMA REFERÊN Para João Ramos, jovem capinha de 22 anos, para que haja movimento e aconteça espetáculo numa tourada à corda é essencial a presença do capinha.

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atural e residente na freguesia dos Biscoitos, Praia da Vitória, João Ramos, 22 anos, é um jovem capinha das tradicionais touradas à corda da ilha Terceira. Aos 17 anos, depois de uma infância de sonhos e brincadeiras com toiros, enfrenta pela primeira vez um toiro de frente e a partir daí nunca mais deixou de tourear, já lá vão 5 anos. Lavrador de profissão, João Ramos, vive com intensidade a festa brava e é com inquietante saudade que ao fim de cada época aguarda pelo início da próxima. Consciente do papel central do capinha na tourada à corda, absoluto defensor da integridade física do touro, presta sincera homenagem aos ganaderos, verdadeiros obreiros desta secular tradição. Jornal da Praia (JP) – Explique aos leitores do JP como se tornou capinha de touradas à corda. João Ramos (JR) – Penso que é algo que estará no sangue, pois segundo conta a minha mãe, já o meu avô materno dava os seus passos… a verdade é que embora em criança não fosse muito frequentemente às touradas à corda e até tivesse praticado futebol, as minhas brincadeiras preferidas eram precisamente os toiros. Na televisão, sempre que passava touradas à corda ficava agarrado ao ecrã, mais do que qualquer outro programa. Aventurei-me na lide dos toiros em 2013, quando numa tourada em São PUB

Brás, enfrento pela primeira vez o toiro. Antes disso, observava atentamente os capinhas e pensava para mim próprio – se eles conseguem fazer aquilo, eu também consigo – até que o fiz, como já disse, numa tarde de toiros em São Brás no ano de 2013, já lá vão 5 anos. JP – Enquanto capinha quais são os seus grandes objetivos? JR – Os meus grandes objetivas passam por ir evoluindo o mais que puder nesta arte e isto passa por demonstrar cada vez mais e melhor o que vou aprendendo com os mais antigos. Gosto muito de falar dos capinhas mais antigos, porque na verdade eles ensinam-nos muito, dirigindo-nos palavras de conforto em relação às nossas atuações e também chamando-nos atenção para certos aspetos. Por vezes nós temos a sensação que sabemos muito, mas na verdade temos muito para aprender. JP – O capinha é um elemento fundamental da tourada à corda. Estão os capinhas conscientes desse seu papel e que a forma como atuam pode alterar, para o bem ou para o mal, a evolução desta tradição e a imagem que delas se cria? JR – Sem dúvida que o capinha é um elemento essencial numa tourada à corda. Costumo dizer um pouco em jeito de brincadeira, que uma tourada sem capinhas é como se fosse um enterro, salvaguardando as devidas distâncias. Para que haja movimento e aconteça espetáculo é fundamental a presença do capinha, e os próprios ganaderos, não só gostam da sua presença como apelam à sua intervenção. Sendo um elemento chave obviamente que temos consciência – ou pelo menos eu tenho – que a forma como atuamos é decisivo para

JOÃO RAMOS enfrentou pela primeira vez um touro de frente aos 17 a Para ele, tendo os capinhas um papel determinante nas touradas o p a imagem que se venha a criar das touradas à corda e para a sua caracterização. JP – O capinha representa todos aqueles aficionados que não têm coragem para se enfrentar com o toiro. Sente que deste ponto de vista pode ser visto como um ídolo, tal como certos jogadores de futebol? JR – Sim. Nós percebemos pela forma como as pessoas nos abordam

e falam – por vezes pedindo para fazermos isso ou aquilo – que as pessoas gostam e apreciam a nossa presença e trabalho nas touradas à corda e, nesta perspetiva, acabamos por ser uma referência para os aficionados, que de certo modo nos olhem com alguma admiração. Também acredito que alguns capinhas possam servir de inspiração para algumas crianças que mais tarde desejam ser capinhas tal como acontece


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NCIA PARA OS RESTANTES AFICIONADOS Registo também o aparecimento de cada vez mais capinhas – o que é bom em termos de renovação – mas na minha humilde opinião, já começa a ser em demasia. JP – Agora e até ao início de maio do ano seguinte, os capinhas estão, digamos assim, de férias. No seu caso, como ocupa este tempo? JR – Os capinha não são profissionais e por conseguinte não se poderá dizer que estamos de férias, porque todos acabam por ter as suas profissões e é através delas que garantem o seu sustento. Naturalmente que durante este período não temos touradas e no meu caso acabo por sentir saudades das tardes de touros, que vou “matando” participando em tentas, ferras e indo ao mato ver as novilhas e os toiros, que no inverno tem a tendência a ficar mais magros e no verão mais estruturados. Antes do início da época também vou ao mato para ver quais são os chamados “puros” de cada ganadaria.

anos e a partir daí, já la vão 5 anos, não imagina a sua vida sem tourear. papel principal vai para os ganaderos. com certos jogadores de futebol que constituem um exemplo e estímulo para as crianças que desejam tornar-se futebolistas. JP – Terminou mais uma época taurina. Que balanço faz da mesma? JR – As épocas de touradas nunca são todas iguais e têm como todas as coisas os seus altos e baixos, tal como nós, que nuns dias estamos melhores e noutros nem tanto, assim como os toiros, que podem estar numa corrida muito bem e noutra nem por isso. Penso que de uma PUB

maneira geral e genericamente as ganadarias estiveram ao nível da época anterior, embora como é óbvio, tenha havido ganadarias que tiveram melhores e outras piores, mas as subidas de umas e as descidas de outras não foram a meu ver muito significativas. Considero que a melhor tourada à corda desta época foi a realizada no Terreiro, em São Mateus, com toiros da ganadaria do saudoso Sr. Humberto Filipe, em que quer os toiros como as capinhas estiveram ao mais alto nível.

JP – Como vê a criação de uma associação de campinhas, mesmo que informal, no seio da qual poderiam refletir sobre as touradas à corda e de forma construtiva criticar-se mutuamente, por forma a evoluírem conjuntamente? JR – A ideia de eventualmente criar uma Associação de Capinhas não é propriamente uma novidade para mim nem tão pouco para nós. A hipótese já foi equacionado e discutida, embora confesso, não saiba exatamente em que ponto está. Da minha parte acho uma boa ideia, nós reunirmos habitualmente, num domingo, ou duas vezes por mês, para falarmos exatamente da forma como lidamos com determinadas situações da lide, numa atitude de crítica construtiva e motivada pelo crescimento de cada um de nós e do próprio espetáculo.

ÉPOCA TAURINA VISTA POR JOÃO RAMOS

TOURO MAIS REGULAR: Exemplar n.º 348 de Ezequiel Rodrigues MELHOR PURO: Exemplar n.º 51 da Casa Agrícola José Albino Fernandes MELHOR TARDE DE TOUROS Terreiro de São Mateus - 20 de maio - exemplares de Humberto Filipe JP – Agradecendo a entrevista que nos acaba de dar, pergunto se pretende acrescentar algo mais? JR – Dizendo que foi com muito gosto que recebi e aceitei o vosso pedido de entrevista, gostaria de dirigir uma palavra de especial agradecimento e reconhecimento a todos os nossos ganaderos. São eles que verdadeiramente alimentam esta tradição, ao criar os toiros, por vezes com enormes dificuldades, para que de maio a meados de outubro a nossa ilha se possa animar com magníficos arraiais de touradas à corda e, por fim, uma palavra de agradecimento aos meus colegas capinhas, especialmente aos mais “maduros”, pelos seus ricos ensinamentos e conselhos que me tem permitido evoluir bastante. JP•


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ADREP: REFORÇA FORMAÇÃO E RENOVA VONTADE DE VENCER Fotografia: Amílcar Cabral/ADREP

Bicampeã regional em seniores femininos e vice-campeão em seniores masculinos, esta época, clube reforça presença na formação e renova a ambição que o caracteriza.

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Associação Desportiva e Recreativa Escolar Praiense (ADREP) iniciou mais uma época desportiva com a ambição que a caracteriza – “vencer” – e com determinação renovada por um punhado de dirigentes que abnegadamente lutam pela projeção do voleibol e do clube no contexto de ilha, região e país. Para além das equipas seniores masculinas e femininas a disputar a zona Açores do Campeonato Nacional da II Divisão, esta época, o clube reforça a sua presença nos escalões de formação, fazendo jus à tradição de clube do movimento escolar desportivo, que ao longo de todos estes anos vem dando ao voleibol terceirense atletas de inegável valor. Assim, para além das equipas de minis (2x2 e 4x4) junta-se uma equipa feminina de iniciados, e equipas em ambos os géneros nos juvenis e juniores, movimentando cerca de sete dezenas de crianças e jovens. O novo élan da formação praiense poderá ser comprovado pela grande dinâmica com que a sua página oficial na rede social Facebook (acessível em https://www.facebook.com/ Adrepraiense/) é atualizada. A página administrada pelo diretor de Comunicação, Amílcar Cabral, conta com o apoio no design gráfico de Paulo César. A equipa de seniores masculinos é

ADRE PRAIENSE sagrou-se nas duas últimas épocas, campeã regional de voleibol em seniores femininos. Este ano, luta pelo título de tricampeã. comandada por Leandro Terra, nome de referência do voleibol terceirense, que durantes vários anos esteve ao serviço da Associação de Jovens da Fonte Bastardo, tanto como jogador como treinador e, este ano, rumou até à Praia da Vitória para abraçar o desafio de levar o vice-campeão regional a campeão. A direção técnica é assegurada por João Vitória, que na presente época se juntou ao elenco diretivo. Bicampeã açoriana, a responsabilidade técnica da equipa sénior femini-

Fotografia: Amílcar Cabral/ADREP

na continua nas mãos de Dodis Santos, coadjuvada por Paulo Amaral. À semelhança dos masculinos, também sangue novo na direção técnica, Nela Aguiar. Renovar o título e assegurar presença na 2.ª fase da competição é como não poderia deixar de ser o primeiro objetivo da equipa. A formação apresenta-se este ano reforçada, desde logo nos colaboradores, contando com Paulo Amaral, Lígia Dutra, Amílcar Cabral, Xana Vieira e Sónia Tavares na coordenação e apoio geral. Sectorialmente, Sofia Eloi Vieira, coordena os minis (2x2 e 4x4), Sónia Tavares, os iniciados femininos, Luís Maciel, os juvenis femininos, Tatiana Nascimento, os juvenis masculinos, Paulo Amaral os juniores femininos e Dodis Santos os juniores masculinos. A componente logística, nomeadamente no que se refere ao transporte dos atletas de casa para os treinos e jogos é assegurado por uma equipa constituída por tês motoristas, são eles: Carlos Cardoso, José Aurélio e José Falcão.

ADRE PRAIENSE é vice-campeão regional em seniores masculinos. O objetivo é erguer o cetro de campeão.

tos, e dotado de órgãos próprios de gestão e administração. Não dispõe de sede social, expondo os troféus que ao longo destas duas décadas foi amealhando numa pequena vitrina construída para o efeito à entrada do pavilhão da EBI Praia da Vitória (Escola Francisco Ornelas da Câmara).

De cariz amador, a ADREP foi fundada a 21 de março de 1997 no seio da Escola Básica Integrada da Praia da Vitória. É, no entanto, um clube autónomo com estatutos e regulamen-

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Paulo Amaral é há largos anos o presidente da Direção, tendo a seu lado na vice-presidência, Carlos Pinheiro. Sérgio Borges, assume as funções de tesoureiro, Lígia Dutra, o secretariado e Rui Ferreira é o vogal da direção. O clube mantem a atividade graças à abnegação e dedicação dos seus dirigentes, colaboradores e patrocinadores. JP•

Telefone 295 543 501


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PRAIENSE TV: A PENSAR NA DIÁSPORA Com recurso à plataforma de “streaming” Mycujoo, SC Praiense aproxima-se da diáspora praiense com a sua tevê.

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estinado a permitir aos adeptos e simpatizantes longínquos acompanhar regularmente a atividade do clube e sobretudo os jogos da equipa principal, o Sport Club Praiense (SCP), socorrendo-se da plataforma “Mycujoo” lançou em janeiro último, o canal televisivo online – “Praiense TV”. A “Mycujoo” é uma plataforma online que transmite em “live streaming” – tecnologia que envia informações multimédia, através de transferência de dados, utilizando redes de computadores, geralmente a Internet – eventos desportivos, especialmente jogos de futebol de Ligas de menor visibilidade. Nasceu na Suíça, em 2014, e resultou da saudade clubista de dois irmãos boavisteiros (Pedro e João Presa) que vendo o seu Boavista FC, em 2009, relegado para a 3.ª Divisão, por determinação disciplinar, ficaram impossibilitados de acompanhar os jogos do clube do seu coração através dos principais canais de difusão. Segundo Dorina Alves, responsável pela “Praiense TV”, foi precisamente PUB

por ter presente este sentimento de saudade que levou o clube da Ladeira de São Francisco a aderir à plataforma. “Esta é uma plataforma fechada e após nos terem contatado, vimos na plataforma a possibilidade de permitir aos sócios, adeptos e simpatizantes do nosso clube espalhados pela nossa imensa diáspora, a oportunidade de acompanharem os jogos do nosso clube e esta constatação foi decisiva para a nossa adesão”, evidencia, complementando, “além disso, muitos dos nossos jogadores são do continente e com a Praiense TV damos oportunidade aos familiares e amigos de acompanharem os seus jogos, sobretudo os realizados na nossa ilha já que no continente eles acabam por se deslocar ao campo para assistir”, sintetizando: “A nossa TV destina-se a levar o Praiense a quem o sente e vive independentemente do local onde esteja”. De acordo com o processo de adesão e das respetivas autorizações formais, o SCP tem assegurado a transmissão através da plataforma de todos os jogos realizados em casa, já os fora, carecem de autorização jogo a jogo, do respetivo adversário e também da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). “Na última eliminatória da Taça de Portugal [3.ª], o clube adversário até nos autorizou a transmissão, mas a FPF não, alegan-

do direitos televisivos. Mesmo assim transmitimos o jogo através da nossa página oficial do Facebook, sem transgredir qualquer norma”, explica. Tecnicamente a transmissão exige obrigatoriamente a intervenção de duas pessoas. Uma a filmar e outra a operar a plataforma, nomeadamente a criar os marcadores de vídeo dos momentos mais significativos: um golo, uma advertência disciplinar, uma lesão, uma substituição, etc. Para tal, Dorina Alves que faz a captação de imagem, conta com a imprescindível colaboração de Diana Vieira, na criação dos chamados “destaques” de cada partida, visíveis do lado direito do ecrã em vista “normal” e de acesso direto. Presentemente, as transmissões são feitas com recurso a um telemóvel através de um aplicativo desenvolvido pela própria plataforma, mas caso o clube dispusesse de uma câmara de filmagem, a “Mycujoo” da mesma forma que assegura assistência técnica para as transmissões, disponibiliza um aparelho de ‘live streaming’ para associar às câmaras.

do que o mínimo registado até agora num só jogo foi de 1.000. A Praiense TV apresenta neste momento 304 vídeos e 37.136 visualizações, pelo que poderemos dizer que se trata de um projeto de sucesso”, conclui Dorina Alves.

Com 11 meses de existência, Dorina Alves, faz um balanço positivo da Praiense TV e considera a mesma um sucesso. “Normalmente temos cerca de 2.000 visualizações por jogo, sen-

Outros clubes do Campeonato de Portugal estão presentes na plataforma “Mycujoo”, sendo o SCP o primeiro dos Açores, a pensar na sua imensa diáspora. JP•

DORINA ALVES é o rosto por detrás da Praiense TV.


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EDITORIAL & OPINIÃO | JP

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P.O.R.R.A.: “PEDIMOS OBSÉQUIO RECEBAM RECLAMAÇÃO ATRASADA”

E DITORIAL

a duração excepcional de 6 horas, a 10 de Agosto de 1975, expectantes os açorianos (ainda nem A Baía da Praia da Vitória Com todos, devido a condições sócio-económicas), faziam audiência à primeira emissão da então chamada RTP –AÇORES.

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Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, recentemente teve a iniciativa de aprovar a alteração ao decreto legislativo regional, que transpõe com as devidas alterações a adaptação à nossa Região Autónoma, o regime jurídico sobre as operações portuárias – concessão de serviço publico de movimentos de carga em portos dos Açores – nomeadamente no que concerne ao prazo de concessão, que foi alargado de 30 anos para 70 anos. A baía da Praia da Vitória, contém em si condições únicas e excepcionais para alicerçar a construção do tão anunciado hub logístico no Porto da Praia da Vitória, e esta alteração ao regime jurídico de movimentação de carga nos portos dos Açores, tem certamente como objectivo primordial a concretização da construção do referido hub, como notoriamente todos nós já nos apercebemos. A promoção da prosperidade que as novas oportunidades económicas geram, e que possam conduzir ao bem estar social, não podem descorar a protecção do meio ambiente, com a implantação das novas infraestruturas portuárias, pois não podemos cair nos erros do passado, como sucedeu com a poluição derivada da utilização militar da Base das Lajes, que se tornou numa questão de difícil resolução com todos os alarmismos negativistas que trouxe para a população, porque se somos parte da natureza, temos de agir em harmonia com ela. Queremos e exigimos o progresso na nossa terra sustentável, o que requer esforços concertados “para a construção de um futuro inclusivo, sustentável e resiliente para as pessoas e para o planeta”. Também não podemos deixar de realçar neste editorial, o facto da baía da Praia da Vitória ser objecto de iniciativa do Sr. Presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória, Tibério Dinis, pelo esforço desenvolvido junto do Governo Regional dos Açores para a construção de um cais de cruzeiros na baía da cidade capital do Ramo Grande, e segundo aquele autarca: “o Governo dos Açores tem dado provas sucessíveis de concretizar os investimentos que se verificam estratégicos para o arquipélago, em especial na Ilha Terceira. Portanto, estou convicto no empenho do Governo dos Açores na sua concretização”. Existe um entendimento felizmente unânime para que se possa construir o cais de cruzeiros na baía da Praia da Vitória, assim se pronunciou o Parlamento Açoriano ao aprovar uma resolução que incita à construção do cais de cruzeiros, realce-se que esta iniciativa do Parlamento Regional partiu de uma proposta do PSD. Já estão em curso estudos para a viabilidade da construção do cais de cruzeiros, e estudos sobre o impacto ambiental, que esperamos que tenham conclusões breves, a fim de se concretizar este importante sonho dos praienses, porque só “a mudança é que mantém a existência do mundo”. O Diretor Sebastião Lima diretor@jornaldapraia.com

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José Ventura*

om a duração excepcional de 6 horas, a 10 de Agosto de 1975, expectantes os açorianos (ainda nem todos, devido a condições sócio-económicas), faziam audiência à primeira emissão da então chamada RTP – AÇORES, Primeiro timidamente. Mas criando a confiança que é hábito nos açorianos em qualquer tipo de iniciativa, foram-se criando as condições necessárias quer em equipamento, ambiente e sobretudo no complemento referente ao seu pessoal que desde o principio demonstraram o seu profissionalismo na especialidade e, a sua capacidade de iniciativa em levar longe a recém-criada “nova janela açoriana para o mundo”. Tínhamos a nossa Televisão… Sim! A nossa televisão, no seu comando, açorianos. Na sua investigação, programação, serviço de reportagem e jornalismo… açorianos. A selecção dos “enlatados” vindos da capital eram escolhidos e seleccionados com aquilo que mais interessaria ao telespectador açoriano. A Diáspora exultava com a televisão açoriana. Lembramo-nos de quantas vezes nas nossas deslocações, por motivos pessoais e profissionais a Lisboa, não eram raros os elogias que alguns dos nossos interlocutores nos mimoseavam pela programação da nossa TV – Açores, em detrimento da, com a que a RTP lhes servia do pequeno almoço ao jantar. (entre parêntesis relembrar o que se ouvia também, sempre que necessitávamos de usar o livro de cheques do Banco Micaelense perante o descalabro que começava a atingir a banca portuguesa.) De referir que a inauguração da

RTP-Açores foi quase completamente ignorada pela imprensa portuguesa da época, mais atenta e virada pelos acontecimentos “PREC” honra feita ao jornalista Joaquim Letria que no semanário O Jornal, fez uma pequena menção ao assunto. Não esquecer a interferência e o interesse do General Ramalho Eanes então à frente da administração da RTP, quanto ao tomar forma, a televisão nos Açores. De estúdios improvisados num edifício da Estação Agrária, em São Gonçalo, após algumas obras de adaptação. começou a ser distribuído o sinal para São Miguel e para a Terceira, indo abrangendo aos poucos o resto do arquipélago (fins dos anos 80). Seguiu-se a transferência para novas instalações para a Rua Ernesto do Canto, feita por etapas de conformidade com as necessárias adaptações. Daquela data até 04 de Dezembro de 2017 momento de casamento de conveniência, com a RDP, passa para o edifício dessa, os novos estúdios da RTP Açores em Ponta Delgada. Mexidas e remexidas, acertos e desacertos. Desde o começo, do processo televisivo nos Açores, recordamos o esforço do então quadro profissional da Televisão Regional (?) no caminhar dos tempos, mostrando através da “Janela” que acima referimos, os Açores aos açorianos e ao mundo. Melhor do que ninguém, Emanuel Carreiro no seu livro “1975-2005 30 anos de RTP – Açores” Traz-nos a panóplia desses nossos heróis e competentes obreiro da nossa comunicação televisiva. O nosso PORRA – Pedimos Obséquio Recebam Reclamação Atrasada, vem na sequência da redução da RTP Açores a “janela” (não aquela que nos fez rejubilar no longínquo Agosto de 1975” mas àquela a que se transformou, depois de lhe transformarem o visual de estúdio e, apresentação da sua permitida emissão de 4 horas (no seu inicio eram de 6) nem regressar ao passa é! Se mudan-

ça s tivesse a haver seriam co base na verdadeira e autêntica regionalização ou melhor, numa verdadeira autonomização da mesma. (aí assobiam para o lado os nossos responsáveis políticos e, o nosso poder legislativo). Assistimos violentados, a uma RTP3 senhora quase absoluta do sinal televisivo que nos pertence. Temos em relação à TV, como costumamos referir à presença mediática das Forças Militares portuguesas, uma psico-social de presença diária a entrar pelas nossa casas dentro. Assiste-se a um ostracismo cada vez mais acentuado da cultura açoriana da presença televisiva do nosso Povo. Com que direito no passado domingo fomos obrigados a levar com a volta à França em bicicleta durante toda a manhã quando as grandiosas festas do Espirito Santo eram razão da nossa existência cultural e religiosa? Hoje e sempre defenderemos os Açores contra o oportunismo colonialista que se encapota sobre o que chamam solidariedade e outras formas de adjectivação. Para terminar gostaríamos de saber se os valores cobrados através da EDA – Electricidade dos Açores respeitantes a uma taxa chamada de “Audi-Visual” e valor de Iva aplicado à mesma, não dariam para o reforço das necessidades orçamentais para Açores manterem a sua própria TV? Olhem que não é tão pouco como nos querem fazer parecer, senão vejamos: +- 128.000 facturações a 2,85 por taxa/mês e 0.11 cts. de IVA = € 4.546.560.00. E porque quem pergunta não ofende… haja quem esclareça … “Compreender que há outros pontos de vista é o início da sabedoria”, (Thomas Campbell).

(*) Por opção, o autor não respeita o acordo ortográfico. •

OS CAIS DE CRUZEIROS E AS EVIDÊNCIAS Por: Silveira de Brito

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as crónicas que tenho publicado na imprensa da Região, tento evitar temas polémicos e politicamente sensíveis, porque, vivendo há muitos anos fora dos Açores, escapam-me muitos elementos cujo conhecimento e ponderação são indispensáveis para me pronunciar com alguma segurança. Que me lembre, só entrei numa polémica de actualidade: quando correu a notícia de que a Câmara Municipal da Praia da Vitória pretendia vender o Miradoiro António Ázera, na Rua

da Alfândega, que se transformaria em esplanada de um estabelecimento de restauração. Na altura, como várias outras pessoas, pronunciei-me contra a venda. Não aconteceu, e a decisão camarária ficou-se pelo aluguer do espaço onde foi instalada uma esplanada que, para cúmulo, recebeu uma cobertura esteticamente insultuosa para a cidade. Felizmente este ano tudo isto veio atrás. Reabilitou-se o espaço, dando-lhe a dignidade que merece e devolvendo-o aos cidadãos. Numa crónica publicada

há uns bons anos, lembrei que foi ali que António Coelho, da família Chinchelárias, vendo a tentativa de salvar um continental que se atitara ao mar em dia de temporal para demonstrar que no Continente se nadava com mar mais bravo que nos Açores, compôs a marcha fúnebre “Lemos no Alto Mar”, que a Filarmónica da Praia da Vitória tocava, por vezes, nas procissões da Quaresma. Ora, era evidente que não fazia qualquer sentido transformar aquele miradoi(Continua na página seguinte)


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CRÓNICA DO TEMPO QUE PASSA (XXXIX)

VITORINO NEMÉSIO – AS FIBRAS DO MORMAÇO (III) CONFERÊNCIA DE ANTÓNIO MACHADO PIRES

António Neves Leal

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densa e notável lição do maior conhecedor da obra de Vitorino Nemésio foi o momento mais alto da comemoração dos quarenta anos da morte do grande poeta e insigne académico. O conferencista carreou, durante mais de uma hora, tudo o que pôde dizer sobre Nemésio e a açorianidade, que o desterro desencadeia, alimenta e refina. E pouco ou nada tem a ver com a banalização que se tem sido feito dela, aplicando-se o termo a domínios tão diversos como a política e o futebol. Impõe-se, pois, a necessidade de se fazer uma reflexão séria acerca das nossas grandezas e misérias, definindo com mais rigor os contornos subtis e difíceis desse sentimento anímico, baseado no desterro, sofrimento, ausência e saudade. Daí o especial interesse do testemunho de A.M.P., antigo professor-assistente do Autor de «Mau Tempo no Canal», durante cinco anos, na Faculdade de Letras de Lisboa. Esse facto, associado ao seu estatuto de estudioso profundo do evocado e de antigo Reitor da Universidade dos Açores, conferiu enorme expectativa à intervenção do Professor Doutor Machado Pires e despertou em todos os presentes muita curiosidade e redobrada atenção como era de esperar.

À forma muito motivadora, ao espírito crítico e ao humor intermitente utilizados, não escapou um conjunto de aspectos biográficos e uma série de flagrantes cómicos atinentes à personalidade de Nemésio, alguns conhecidos dos seus alunos e outros revelados pelo conferencista, tudo isto trouxe à exposição o agrado e fácil adesão do público interessado. Ao indicar que ia falar, mais uma vez, sobre «Mau Tempo no Canal», por sentir que nunca disse tudo sobre essa obra a que tantos se renderam, e por ser necessário voltar a analisar o conceito de açorianidade, o palestrante começou por fazer uma alusão à iminência da chegada de tempestade tropical, prevista para o dia seguinte ao da efeméride. Tal facto permitiu-lhe tecer oportunas considerações estilísticas sobre o primeiro capítulo do romance, onde se descreve um ciclone, derivando para outros títulos da obra, traduzida em francês com dois nomes diferentes. Nestes, sublinhou o carácter mais poético de «Le Serpent Aveugle» (1ª ed., 1953) e o mais literal de «Gros Temps sur l’Archipel (2ª ed., 1988). Depois aborda a natureza poética, o real e o simbólico do monumental romance, verdadeiro e profundo tratado sobre os Açores. Estes lá estão narrados nas suas múltiplas facetas que ninguém conseguiu igualar, até hoje, apesar de algumas tentativas esboçadas nesse sentido. Nele se observa a realidade do arquipélago com as vivências das suas gentes, o clima, os costumes, a fauna, a flora, o isolamento, a linguagem, os sismos, a religiosidade, a vulcanologia, a lava, a paisagem, as nuvens, o mormaço, as cores e os

cheiros. «Ele tem tudo, longas tiradas, certas adiposidades narrativas e até, no fim, uma tourada de praça, cheia de pormenores técnicos que só os aficionados compreenderão», frisa o orador. Também lá estão os acontecimentos históricos, os preconceitos, a rivalidades, as estratificações sociais e conflitos de famílias insulares, amores contrariados, a etnografia, a geografia, condicionando os cenários, a realidade e o simbolismo das personagens, integradas ou deslocadas dos seus ambientes originários para a tessitura narrativa do romance, cuja acção se centra, adrede, no triângulo Faial, Pico, São Jorge, por ser mais representativo e abrangente da realidade açoriana. A importância do «Mau Tempo no Canal» está bem patente na opinião do Professor terceirense Francisco Cota Fagundes, residindo há muitos anos nos EUA. Ele levou oito anos a traduzir o romance para inglês, e ainda não está satisfeito com o seu trabalho, no dizer de Machado Pires. Vasco Graça Moura, igualmente conceituado tradutor, no prefácio que escreveu, em 1988, para a 2ª edição francesa da obra, afirma que «Mau Tempo no Canal» é uma das três obras-primas (ímpares) da literatura portuguesa, colocando-o ao lado do «Amor de Perdição» de Camilo Castelo Branco e de «Os Maias», de Eça de Queirós. Para Machado Pires o que dá valor ao romance não é a descrição folclórica ou turística, como pensam alguns. «Há muito mais do que a descrição erudita da história e da geografia. Existe nele o homem perante o destino, a «moira» grega, a condicionar as personagens de João Garcia e de Margarida Clark. Esta é, inequivocamente, uma das mais ricas criações da nossa literatura.

Todas as personagens do livro são reais, frisou o conferencista a dado passo, quando evocou um encontro de Vitorino Nemésio com o Dr. Álvaro Monjardino, numa noite de Natal dos anos cinquenta do século XX. Então, o nosso poeta-romancista confidenciou ao seu então jovem interlocutor, que todas as suas personagens do romance tinham existência real. Foram disfarçadas, pintalgadas, distorcidas com novas anotações, mas lá ficou a alma de cada uma. Aconteceu o mesmo com os locais: a Praia da Vitória passou para Horta, pespegou o Caminho de Baixo, no Pasteleiro, trocando os nomes das pessoas reais na narrativa. A própria natureza surge, também, como personagem actuante. Esta e as demais personagens são um misto de convivência e de sonho com peripécias acontecidas ou ficcionadas. Após a brilhante e muito erudita conferência(1), foram magnificamente lidos por Belarmino Ramos dois belos poemas de Nemésio: A Concha e O Paço do Milhafre, extraídos do livro «O Bicho Harmonioso». E vou terminar, embora ficando muito por referir sobre a conferência, escrevendo como opinião conclusiva, o que disse no fim da sessão ao Professor António Machado Pires: Foi uma magnífica exegese sobre a obra. Já há muito tempo que não ouvia uma tão interessante e agradável lição, por estas bandas, o que me fez recordar o entusiasmo que eu vivi na Faculdade de Letras de Lisboa, aquando da proposta do tema da dissertação da minha licenciatura. – Texto integral em: https://youtu. be/KouZ0Ea1LSE. (1)

OS CAIS DE CRUZEIROS E AS EVIDÊNCIAS (Conclusão da página anterior)

ro em esplanada de restaurante; mas, pelos vistos, havia muito boa gente insensível a isso, e foram precisos uns anos para que essa evidência fosse patente para toda a gente, inclusivamente para os políticos responsáveis pela autarquia. Vem este arrazoado a propósito da capa do Diário Insular do dia 20 de Setembro último, que mão amiga me fez chegar há dias. Lá pode ler-se “Proposta Unânime para Construir Cais de Cruzeiros na Baía da Praia”. Em páginas interiores, dá-se a notícia da justificação da proposta e historia-se o caminho que levou ao “projeto de resolução que exorta o Governo Regional a avançar com a construção de um cais de cruzeiros na Praia da Vitória” (p. 4).

Levou tempo para se chegar aqui! Para mim, era há muito evidente que a Terceira devia ter um cais de cruzeiros. Tal como é compreensível ter-se construído uma tal estrutura em São Miguel, a ilha mais visitada por navios de cruzeiro, uma vez que os turistas se sentem atraídos pela beleza das suas paisagens - por exemplo as Lagoas das Sete Cidades e do Fogo, a mais bonita para mim - e pela exuberância dos fenómenos ligados à origem vulcânica do arquipélago, como as Furnas, a Terceira não podia deixar de ter um cais próprio para receber aqueles navios porque, numa época em que os cruzeiros têm uma importância enorme no mercado turístico, uma ilha que tem a cidade de Angra do Heroísmo, declarada pela UNESCO património mundial da humanidade, não pode deixar de estar preparada fisicamente para receber tais navios. Creio que esta evidência era patente para todos. O que pare-

cia não se apresentar com o mesmo grau de clareza era o raciocínio que devia levar à conclusão de que essa infraestrutura deveria ser implantada na Praia da Vitória. Será que a dificuldade de chegar a esta conclusão ainda se explica por antigas rivalidades, património lamentável da nossa tradição? Optar por Angra, com o cais do Porto de Pipas tal como hoje está, a marina com a dimensão que tem e a necessidade de proteger os achados arqueológicos dos fundos da baía, muito provavelmente suscitaria problemas que o projecto do cais de cruzeiros dificilmente resolveria a contendo. Em contrapartida, tal como é hoje, a baía da Praia da Vitória não levantará grandes dificuldades ao planeamento e construção de uma tal infraestrutura. Como a experiência tem mostrado, os grandes navios de cruzeiro têm lá atracado e feito

serviço sem dificuldades de maior; o que se torna necessário é dotar o porto de uma estrutura capaz de receber as centenas ou mesmo milhares de turistas que chegam a bordo desses navios. Uma boa equipa, por certo, apresentará um projecto convincente. O que acabo de escrever sobre a construção, no Porto da Praia, do cais de cruzeiros da Terceira é, para mim, uma evidência, embora só agora o seja para as forças políticas que têm assento no Parlamento Regional. Este facto lembra-me um texto de um filósofo americano que eu discutia com os meus alunos no fim dos anos 70 do século passado, em que o autor, depois de uma reflexão atenta sobre a evidência, concluía: “o que é evidente é que nós não sabemos o que é a evidência”.


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MARÉ DE POESIA | JP

2018.11.02

a nossa cidade decorre o Outono Vivo, Feira do Livro que contempla a literatura portuguesa na sua essência trazendo ao diálogo convidados nacionais. Maré de Poesia, desafiou o escritor e poeta Luís Corredoura a participar no nosso Jornal da Praia, considerando que a parti-

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lha poética é uma oportunidade de aprendizagem para todos e todas que escrevem poesia e uma janela aberta às emoções. Convidamos também duas poetisas Terceirenses a participar com as suas palavras Carina Fortuna e Helena Martins.

LUÍS CORREDOURA

asceu em Pêro Pinheiro, concelho de Sintra aquando do “Verão Quente”. É licenciado em Arquitectura pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa e Mestre em Reabilitação do Património Arquitectónico e Paisagístico, grau obtido na Universidade de Évora. Segundo o mesmo, além de fazer riscos e projectos que se consubstanciam em betão e ferro, idealiza amiúde “projectos literários”, dos quais, até ao momento, três constam publicados: “Nome de Código Portograal” (Grande Prémio Adamastor de Literatura Fantástica, em 2014, e Encouragement Award pela European Science Fiction Society,

em 2015), “Lusitano Fado” (integrado na colecção Livros RTP de 2014) e “O Senado - história de uma conspiração” (ed. 2016). É autor da tradução de “A História da Espionagem e o Mundo dos Serviços Secretos e de Informação” (ed. 2017).

No que concerne à poesia, que designa por “exercícios matemáticos”, refere que a “partilha amiúde nos espaços virtuais advém de uma carência tão premente quanto uma necessidade física, como respirar ou comer”. O certo é que tais exercícios cativam quem os lê num fugaz desejo que se acende nas suas palavras. •

Amor louco E rasga, fere esta carne ávida da tua boca, Dilacera-me com esse desejo de paixão, Arrasta este corpo, arranca-o do caixão Onde se desfaz esta minha existência oca. Vem, ama-me como se fosses tu, louca, Sedenta deste sangue que corre em vão, Desvario que me cega e tolda a razão E que aqui me amesquinha e me apouca. Anda, anda comigo para veres quem sou No vermelho da chaga que n’alma tenho, Desse que fui e o que dele pouco restou Desde que me esqueci ao que aqui venho Por te amar na morte que de tudo me levou Quando, demente, por ti da vida m’abstenho.

Divindade Por ti, matei-me quando de mim te salvaste, Não d’amor, mas por algo que transcende Esse sentir que com essa palavra s’ofende E se não foi amor, foi loucura quanto baste. Sim, louco fiquei porque, afinal, não amaste Quem te ama além do querer que me prende No que não sei ser e que de mim me suspende Se tão facilmente deste meu viver te livraste. E agora, sem me ter e nada de ti possuindo,

FICHA TÉCNICA: COORDENAÇÃO: Carla Félix COLABORADORES: Carina Fortuna; Helena Martins; Luís Corredoura PAGINAÇÃO: FS/JP. Agradecemos os trabalhos enviados para o nosso primeiro desafio com a temática: O Livro ! A próxima edição será dedicada a estas participações. Continuamos a aguardar a sua participação em maredepoesia@jornaldapraia.com. PUB

Por aí tenho andado, sem rumo, sem destino, Pois há muito não vivo, vou apenas existindo Nisto que não sei, que desprezo e abomino, Estando morto quando respiro e não me findo Se o que por ti sinto é o que tenho de divino...

Vício És o ópio que me desgraça, o meu vício, O que me deixa neste incessante torpor, Emoção que para alguns é apenas amor, Sendo para mim mais que um suplício. És quem me tolhe e me deixa no hospício Que uns dizem ser toda a vida e a sua cor Quando daltónico sou neste sentir de dor. Tudo é preto e branco. O demais, é artifício. És o meu vinho, o néctar desta embriaguez Que me turva a mente, embaraça os gestos, E que nos raros instantes de parca lucidez Faz com que ruja aos céus em protestos Para que me olhes e drogues mais uma vez Tendo do que fui só a sombra dos meus restos. Luís Corredoura dixit

AMO-TE TANTO... Amo-te tanto, meu amor e tanto Que o meu peito é fogo em ferida E quanto mais me seja a dor sentida Mais medra na minha alma teu encanto. É como um pássaro a treinar seu canto Ante o enigma da vastidão suspensa. Meu coração é livro de acalanto Versando poemas de saudade imensa. Não é maior o coração que a alma Nem menos forte a presença e a calma No barco por onde viaja a partida... Lá vão gravados todos os meus poemas Nesta longa viagem de amor e dilemas Que sucumbirá à morte e à vida. Helena Martins

Alma Cárcera A morte não me assusta Morri todas as vezes que sofri Entreguei a alma Como um carvalho enfraquecido Diante de um vento feroz Corpo macilento, músculos apertados Por dolorosos nós de infelicidade Sangrei durante anos O que é a morte Senão o que morre quando se está vivo… A morte não me assusta Caminho a par com ela Em trilhos lamacentos Mantive a alma em cárcere E morri… Morri, todas as vezes que sofri … Carina Fortuna


JP | INFORMAÇÃO

2018.11.02

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VOLEIBOL

NACIONAL DA II DIVISÃO ZONA AÇORES Seniores Femininos

HOJE (02/11)

5.ª JORNADA | 03.11.2018

FUTEBOL

CAMPEONATO DE PORTUGAL SÉRIE “D”

-

SC Praiense

Redondense

-

Armacenenses

-

AJF Bastardo

FC Calheta

-

C Kairos - B

Santa Cruz SC

-

CDE Topo

DOMINGO (04/11)

FC Calheta

-

C Kairos - B

Santa Cruz SC

-

CDE Topo

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

-

Ferreiras VG Vidigueira

Seniores Masculinos

Casa Pia

-

Sp. Ideal

Real

-

Angrense

7.ª JORNADA | 10.11.2018

Moura

-

Oriental

Amora FC

-

Sacavenense

Louletano

-

Olímpico Montijo

Louletano

-

Real

-

Pinhalnovense

Ferreiras

-

Redondense

Armacenenses

-

Casa Pia

Sp. Ideal

-

Olhanense

VG Vidigueira

-

Moura

SC Praiense

-

Amora FC

Sacavenense

-

1º Dezembro

CAMPEONATO DOS AÇORES

5.ª JORNADA | 04.11.2018 Marítimo GRA

-

SC Lusitânia

Cedrense

-

Águia CD

CD Rabo Peixe

-

Operário Lagoa

GD Fontinhas

-

Guadalupe

Vitória do Pico

-

Graciosa FC

SEGUNDA (05/11)

CD Ribeirense

-

CD Marienses

Angústias AC

-

CDE Topo

ADRE Praiense

-

AA Alunos

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

TERÇA (06/11)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

8.ª JORNADA | 11.11.2018

11.ª JORNADA | 11.11.2018

Oriental

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

AJF Bastardo

-

Olímpico Montijo

SÁBADO (03/11)

-

Olhanense

-

SEXTA (02/11)

ADRE Praiense

1º Dezembro

Angrense

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

6.ª JORNADA | 04.11.2018

10.ª JORNADA | 04.11.2018 Pinhalnovense

ADRE Praiense

CD Ribeirense

-

CD Marienses

Angústias AC

-

CDE Topo

ADRE Praiense

-

AA Alunos

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

QUINTA (08/11)

MISSAS DOMINICAIS NO CONCELHO

SÁBADOS

15:30 - Lajes; 16:00 - Fontinhas (1) ; 16:30 - Casa da Ribeira; 17:00 - Cabo da Praia; 17:30 - Matriz Sta. Cruz; 17:30 - Vila Nova; 18:00 - Fontinhas (2); 18:00 - São Brás; 18:00 - Porto Martins; 18:00 - Sta Luzia, BNS Fátima; 18:00 Quatro Ribeiras; 19:00 - Lajes; 19:00 - Agualva; 19:00 - Santa Rita; 19:00 - Fonte do Bastardo; 19:30 - Biscoitos, IC Maria (3); 19:30 - Biscoitos - São Pedro

QUARTA (07/11)

OUTONO VIVO 2018 ESPETÁCULO MUSICAL LANÇAMENTO DO CD “ENCANTOS” DE VERA BRASIL Local: Auditório do Ramo Grande Hora: 21H30

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

SÁBADO (03/11)

SÁBADO (10/11)

SEXTA (09/11)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905 Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

DOMINGO (11/11)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

SEGUNDA (12/11)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

(4)

Enquanto há catequese; (2) Quando não há catequese; (3) 1.º e 2.º sábados; (4) 3.º e 4.º sábados (1)

6.ª JORNADA | 10/11.11.2018 Graciosa FC

-

Operário Lagoa

SC Lusitânia

-

GD Fontinhas

Guadalupe

-

CD Rabo Peixe

Vitória do Pico

-

Cedrense

Águia CD

-

Marítimo GRA

FUTSAL

NACIONAL DA II DIVISÃO SÉRIE AÇORES

2.ª JORNADA | 03.11.2018 Cedrense

-

Ladeira Grande

Santa Clara

-

SC Barbarense

Casa da Ribeira

-

SC Lusitânia

Posto Sano

-

Santa Bárbara

3.ª JORNADA | 10.11.2018

PUB

Santa Bárbara

-

Ladeira Grande

SC Barbarense

-

Cedrense

SC Lusitânia

-

Santa Clara

Posto Santo

-

Casa da Ribeira

TERÇA (13/11)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

DOMINGOS

08:30 - São Brás; 09:00 - Vila Nova, ENS Ajuda; 10:00 - Lajes, Ermida Cabouco; 10:00 - Cabo da Praia (1); 10:00 - Biscoitos, S Pedro; 10:30 - Agualva; 10:30 Casa Ribeira (1); 10:30 - Santa Rita 11:00 - Lajes; 11:00 - São Brás; 11:00 - Cabo da Praia (2); 11:00 - Porto Martins; 11:00 - Casa da Ribeira (2); 11:00 - Biscoitos, IC Maria; 12:00 - Vila Nova; 12:00 - Fontinhas; 12:00 - Matriz Sta. Cruz (1); 12:00 - Quatro Ribeiras; 12:00 - Sta Luzia; 12:15 - Fonte Bastardo; 12:30 - Matriz Sta. Cruz (2); 13:00 - Lajes, ES Santiago; 19:00 - Lajes; 19:00 - Matriz Sta. Cruz (3); 20:00 - Matriz Sta. Cruz (4))

Missas com coroação; (2) Missas sem coroação; (3) De outubro a junho; (4) De julho a setembro (1)

QUARTA (14/11)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

QUINTA (15/11) OUTONO VIVO 2018 ESPETÁCULO TROVAS & CANÇÕES - ATORES, POETAS E CANTORES Local: Auditório do Ramo Grande Hora: 21H30

DOMINGO (04/11) OUTONO VIVO 2018 CONCERTO: QUARTETO LOPES-GRAÇA com Luís Pacheco Cunha, Maria José Laginha, Isabel Pimentel e Catherine Strynckx. Local: Auditório do Ramo Grande Hora: 21H30

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

BISCOITOS Posto da Misericórdia ( 295 908 315 SEG a SEX: 09:00-13:00 / 13:00-18:00 SÁB: 09:00-12:00 / 13:00-17:00

VILA DAS LAJES Farmácia Andrade Rua Dr. Adriano Paim, 142-A ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-18:30 SÁB: 09:00-12:30

VILA NOVA Farmácia Andrade Caminho Abrigada ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-12:00 / 16:00-18:00 Farmácias de serviço na cidade da Praia da Vitória, atualizadas diáriamente, em: www.jornaldapraia.com


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