Jornal da Praia | 0531 | 19.10.2018

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QUINZENA

19.10 A 01.11.2018 Diretor: Sebastião Lima Diretor-Adjunto: Francisco Ferreira

Nº: 531 | Ano: XXXVI | 2018.10.19 | € 1,00

QUINZENÁRIO ILHÉU - RUA CIDADE DE ARTESIA - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA - ILHA TERCEIRA - AÇORES

www.jornaldapraia.com

MARCOS FAGUNDES DO MOVIMENTO CÍVICO PELA DESCONTAMINAÇÃO

“ATÉ HÁ POUCO TEMPO [A CONTAMINAÇÃO] ERA TEMA TABU” DESTAQUE | P. 8, 9 E 10

Fotografia: Rui Sousa/JP

POETISA PRAIENSE CANDIDATA A PRÉMIO LITERÁRIO CULTURA | P. 11

EXCLUSIVO JP

ENTREVISTA RUY DE CARVALHO

Ator estará na Praia da Vitória por ocasião do “Outono Vivo”, onde apresentará o espetáculo “TROVAS & CANÇÕES – Atores, Poetas e Cantores” e o seu mais recente livro, “O Amor é Isto”. PERSONALIDADE | P. 7

Cartaz: MPV

EVENTO | P. 5 PUB

Fotografia: Facebook do ator


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CANTO DO TEREZINHA | JP

2018.10.19

SEGURANÇA E MOBILIDADE DE PEÕES ?

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COMUNICADO Aos vinte e um dias do mês de setembro do ano de dois mil e dezoito, pelas dez horas, no Auditório da Casa das Tias de Nemésio, teve lugar a quarta sessão ordinária do ano de dois mil e dezoito, da Assembleia Municipal da Praia da Vitória. Foram apresentadas, no período antes da Ordem do Dia, as seguintes propostas: Pelo Grupo do Partido Socialista: ● Voto de Congratulação a todos os intervenientes no processo das habitações no Bairro Americano, em Santa Rita, sublinhando a sua capacidade de entendimento e empenho na busca de uma solução satisfatória para todas as partes. Aprovado por unanimidade. Pelo Grupo do Partido Popular: ● Voto de Protesto pela atitude do Presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória de ameaçar com um processo em tribunal, 44 anos depois do 25 de Abril, o cidadão, investigador e professor universitário, Doutor Félix Rodrigues, por manifestar livre e publicamente a sua opinião sobre a contaminação dos solos e aquíferos da Praia da Vitória, processo de descon-

taminação e respetivo acompanhamento desses trabalhos. Rejeitado, maioria, com dezanove votos contra do Partido Socialista, doze votos a favor do Partido Social Democrata e um voto a favor do Partido Popular. Pelo Grupo do Partido Socialista: ● Voto de Congratulação pelo facto de, o Governo da República ter assumido, definitiva e claramente, os custos relacionados com a monitorização dos impactos e fornecimento de água às populações afetadas na Praia da Vitória pelos problemas decorrentes da pegada ambiental causada pela presença militar norte-americana na Base das Lajes. Aprovado por unanimidade. ● Voto de Congratulação pela certificação da Base das Lajes para utilização permanente da aviação civil, reconhecendo a ação da Câmara Municipal da Praia da Vitória, do Governo dos Açores e do Governo da República neste processo, cuja concretização influi decisivamente na estratégia de desenvolvimento económico e social deste Concelho, da Ilha Terceira e dos Açores. Aprovado por unanimidade. Da Ordem do Dia, constava o seguinte: 1. INTERVENÇÃO DO PÚBLICO 2. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE A ATIVIDADE

MUNICIPAL DESENVOLVIDA NO PERÍODO DE 12 DE JUNHO A 3 DE SETEMBRO DE 2018; A Assembleia tomou conhecimento. 3. APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO E CONTAS RELATIVO AO 1.º TRIMESTRE DE 2018 DA PRAIA AMBIENTE, E.M.; A Assembleia tomou conhecimento. 4. APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO E CONTAS RELATIVO AO 1.º TRIMESTRE DE 2018 DA TERAMB, E.M.; A Assembleia tomou conhecimento. 5. APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO SOBRE A INFORMAÇÃO FINANCEIRA SEMESTRAL DO MUNICÍPIO DA PRAIA DA VITÓRIA, ENVIADO POR SANTO VAZ, TRIGO DE MORAIS & ASSOCIADOS, SROC, LD.ª; A Assembleia tomou conhecimento. 6. APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E VOTAÇÃO DO RELATÓRIO DE ANÁLISE REFERENTE À CONTRAÇÃO DE FINANCIAMENTO NO MONTANTE DE 55.063,34€; Aprovada, por maioria, com dezoito votos a favor do Partido Socialista, doze abstenções do Partido Social Democrata e uma abstenção do Partido Popular. 7. APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E VOTAÇÃO DO RELATÓRIO DE ANÁLISE REFERENTE À CONTRAÇÃO DE FINANCIAMENTO NO MONTANTE DE 795.954,78€; Aprovada, por maioria, com dezoito votos a favor do Partido Socialista, doze abstenções do Partido

Social Democrata e uma abstenção do Partido Popular. 8. APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E VOTAÇÃO DO REQUERIMENTO DA TERCEIRA ARTE RELATIVO À ISENÇÃO DO PAGAMENTO DA LOJA N.º 2 DO MERCADO MUNICIPAL OU ESTABELECIMENTO DE UM VALOR ANUAL SIMBÓLICO; Aprovada por unanimidade. 9. APRESENTAÇÃO DO PROTOCOLO DE COLABORAÇÃO FINANCEIRA ENTRE O FUNDO AMBIENTAL E A PRAIA AMBIENTE; A Assembleia tomou conhecimento. 10. APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO DE PROGRESSO 2018, DO LNEC, REFERENTE À “ANÁLISE E ACOMPANHAMENTO DOS TRABALHOS DE REABILITAÇÃO PARA A MELHORIA DA SITUAÇÃO AMBIENTAL ENVOLVENTE AOS FUROS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DO CONCELHO DA PRAIA DA VITÓRIA”; A Assembleia tomou conhecimento. Praia da Vitória, 26 de setembro de 2018. O Presidente da Assembleia Municipal Paulo Manuel Ávila Messias As atas aprovadas das sessões desta Assembleia Municipal encontram-se publicitadas no endereço eletrónico do Município da Praia da Vitória, em www.cmpv.pt

FICHA TÉCNICA PROPRIETÁRIO: Grupo de Amigos da Praia (Associação Cultural sem fins lucrativos NIF: 512014914), Fundado em 26 de Março de 1982 REGISTO NO ICS: 108635 FUNDAÇÃO: 29 de Abríl de 1982 ENDEREÇO POSTAL: Rua Cidade de Artesia, Santa Cruz, Apartado 45 - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA, Ilha Terceira - Açores - Portugal TEL: 295 704 888 DIRETOR: Sebastião Lima (diretor@jornaldapraia.com) DIRETOR ADJUNTO: Francisco Jorge Ferreira ANTIGOS DIRETORES: João Ornelas do Rêgo; Paulina Oliveira; Cota Moniz CHEFE DE REDAÇÃO: Sebastião Lima COORDENADOR DE EDIÇÃO: Francisco Soares, CO-1656 (editor@jornaldapraia.com) REDAÇÃO/EDIÇÃO: Grupo de Amigos da Praia (noticias@jornaldapraia.com; desporto@jornaldapraia.com); Rui Marques; Rui Sousa JP - ONLINE: Francisco Soares (multimedia@jornaldapraia.com) COLABORADORES: António Neves Leal; Aurélio Pamplona; Emanuel Areias; Francisco Miguel Nogueira; Francisco Silveirinha; José H. S. Brito; José Ventura; Nuno Silveira; Rodrigo Pereira PAGINAÇÃO: Francisco Soares DESENHO NO CABEÇALHO: Ramiro Botelho SECRETARIADO E PUBLICIDADE: Eulália Leal (publicidade@jornaldapraia.com) LOGÍSTICA: Jorge Borba IMPRESSÃO: Funchalense - Empresa Gráfica, S.A. - Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, 50 Morelena - 2715-029 PÊRO PINHEIRO ASSINATURAS: 15,00 EUR / Ano - Taxa Paga - Praia da Vitória - Região Autónoma dos Açores TIRAGEM POR EDIÇÃO: 1 500 Exemplares DEPÓSITO LEGAL: DL N.º 403003/15 ESTATUTO EDITORIAL: Disponível na internet em www.jornaldapraia.com NOTA EDITORIAL: As opiniões expressas em artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do jornal e do seu diretor.

Taxa Paga – AVENÇA Publicações periódicas Praia da Vitória


JP | NO CONCELHO

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ESCOLA PROFISSIONAL DA PV COM NOVOS CURSOS

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Escola Profissional da Praia da Vitória (EPPV), abriu neste novo ano letivo (2018/19) três novos cursos, nas áreas da eletrónica, automação e computadores e de ação educativa. Com a entrada do novo ano letivo a EPPV registou algumas mudanças ao nível de alguns dos cursos que vinham sendo ministrados, nomeadamente abrindo novos cursos de Técnico de Eletrónica, Automação e Computadores e de Técnico de Ação

Educativa. Na vertente da formação de adultos, terminaram no início de setembro, os cursos de marceneiro, cozinheiro/pasteleiro, informática e programação de computadores e frio e climatização, só estando, neste momento, em funcionamento um curso para Técnico de Cozinha/Pastelaria, na vertente Reativar Tecnológico, ou seja, um curso de apenas um ano.

A EPPV tem, no entanto, a expetativa de abrir, em breve, um outro curso no âmbito do Reativar Tecnológico de Informática e Programação. No presente ano letivo a EPPV conta com 16 turmas de qualificação profissional de Nível 4 e uma turma no âmbito do programa Reativar (para qualificação adequada e inserção ou progressão no mercado de trabalho de pessoas desempregadas), num total de cerca de 280 alunos.

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A Escola que é propriedade da Fundação de Ensino Profissional da Praia da Vitória, cujo presidente do Conselho de Administração é Domingos Borges, iniciou a sua atividade em junho de 1995. Para além das infraestruturas sediadas na Praia da Vitória, a escola tem um polo em Angra do Heroísmo que serve de base ao de-

senvolvimento dos Cursos do Programa Reativar e de algumas ações de formação de ativos. A oferta formativa da Escola assenta em diferentes tipologias de cursos e ações formativas, nomeadamente: Cursos Profissionais de Nível 4 (conclusão do percurso formativo atribuindo habilitação escolar ao nível do Ensino Secundário e qualificação profissional de Nível 4); Cursos do Programa Reativar (para pessoas com idade igual ou superior a 18 anos, sem a qualificação adequada para efeitos de inserção ou progressão no mercado de trabalho e inscritas numa Agência para a Qualificação e o Emprego); Formação de Ativos (formação contínua que visa o aperfeiçoamento técnico e uma melhor adaptação às exigências do Mercado de Trabalho). GP-MPV/JP•

NO PRIMEIRO SEMESTRE DO ANO

BMSR MOVIMENTOU MAIS DE DOIS MILHARES DE CRIANÇAS

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o primeiro semestre de 2018, as atividades lúdicas e recreativas promovidas pela Biblioteca Municipal Silvestre Ribeiro (BMSR), na Praia da Vitória, direcionadas aos mais pequenos do concelho praiense, movimentaram um total de 2.186 crianças e jovens.

empréstimo de manuais escolares, intitulada “Ler e Reler”; um jornal trimestral que dá a conhecer o trabalho desenvolvido pela biblioteca; e o apoio a pessoas com dificuldades na utilização do computador e da internet, projeto intitulado “Internet SOS”.

A atividade “Hora do Conto” (que consiste na partilha de experiências através de contos infantis), envolveu 517 crianças das escolas do Concelho na Biblioteca Municipal Silvestre Ribeiro, sendo que, integrado nesta iniciativa, decorreram ainda visitas específicas aos estabelecimentos de ensino abrangendo 1398 crianças.

A BMSR funciona no edifício da Casa das Tias de Nemésio, em frente à Igreja de Santo Cristo das Misericórdias, instalações inauguradas a 22 de abril de 2009. No entanto, as origens desta biblioteca remontam a 1876, quando José Silvestre Ribeiro criou a chamada Biblioteca Popular, no centro da freguesia de Santa Cruz.

O projeto “Brincar com a Páscoa” (caracterizado pela realização de atividades lúdico-pedagógicas juntos dos mais pequenos), registou a participação de 172 crianças.

Em termos de espólio bibliográfico, a Biblioteca Silvestre Ribeiro conta com cerca de 30 mil obras, entre livros, publicações periódicas, material eletrónico e audiovisual. A Biblioteca praiense tem uma sala para adultos, uma sala de leitura informal de periódicos, um espaço dedicado ao serviço de referência, um espaço de acesso à internet, uma sala infantojuvenil com serviço multimédia e um gabinete de apoio ao Centro Local de Aprendizagem da Praia da Vitória, centro que presta serviços à Universidade Aberta.

No âmbito do plano de atividades para este ano, a BMSR recebeu visitas guiadas de grupos infantis compostos por 99 pessoas. Estatisticamente, no primeiro semestre do corrente ano, a BMSR foi frequentada por 4.085 leitores (mês de janeiro 499 pessoas; em fevereiro, 424 leitores; no mês de março foram 722 as visitas; em abril, 746 pessoas; o mês de maio bateu recordes com visitas à Biblioteca que envolveram 1.165 pessoas, atingindo-se, no mês de junho, os 529 leitores). Para além dos projetos a “Hora do Conto” e “Brincar com a Páscoa” existe um conjunto de ações que envolvem a promoção da leitura, designadamente o empréstimo escolar de livros infantis e juvenis (podem ser requisitados pelo período de um mês); uma campanha de recolha e de

Saliente-se ainda a existência de um Depósito de Reservados, onde estão reunidos os dois grandes espólios da Biblioteca (o de José Silvestre Ribeiro, patrono desta biblioteca, e o do Dr. António Cabral, jurista que doou a sua biblioteca pessoal à instituição). Através do endereço www.cmpv. pt/biblioteca/ consegue-se aceder aos serviços da BMSR. GP-MPV/JP•


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HISTÓRIA | JP

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UM PERCURSO PELA HISTÓRIA DAS PRAÇAS DE TOIROS DA ILHA TERCEIRA (ALGUNS APONTAMENTOS) HISTORIADOR: FRANCISCO MIGUEL NOGUEIRIA

Ao fazer esta História pelas Praças de Toiros na Ilha Terceira, percebemos como a defesa da tradição e dos valores do passado estão bem enraizados nos terceirenses.

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crescimento das touradas à praça na Ilha, primeiramente como um espetáculo de diversão virado para a Nobreza e para a Burguesia, depois com a rendição do Povo a esta tradição, levou a que a apresentação taurina se tornasse um espetáculo para toda a sociedade terceirense. Assim, na Praça Velha surgiu uma verdadeira praça em madeira, conhecida como a “Praça da Inveja”, a primeira com segurança que a cidade de Angra conheceu. Depois com o tempo, foram surgindo outras, até à atual, que está para completar, em breve, 35 anos. Nestes anos, a festa brava na Praça Velha ainda era demasiado aristocrática, embora com a envolvência do povo. Assim, nos anos 40 do século XIX, um grupo de pequenos proprietários, funcionários públicos e pequenos e médios comerciantes, com fortes interesses na criação de gado bravo e de toiros, começou a falar da necessidade da construção de uma praça fixa na Terceira, que aproximasse mais a festa brava de todos. Com esta construção pretendia-se, também, diminuir o número de problemas de segurança que a praça desmontável da Praça Velha apresentava, uma real preocupação das entidades públicas da época. Conseguia-se, deste modo, haver uma maior regulamentação sobre a atividade tauromáquica. A construção de uma praça fixa iria permitir igualmente uma maior aproximação das touradas ao povo. Assim começou-se a debater a hipótese da construção de uma Praça. A nova praça foi construída em meio ano, sendo que o contrato para PUB

a sua construção foi assinado a 31 de dezembro de 1849. A obra foi iniciada junto à antiga cerca do Mosteiro das Capuchas, extinto a 17 de maio de 1832. Na construção o empresário José Bernardo Mateus apostou em boas varandas e camarotes, em madeira. A chamada “Praça da Inveja” foi inaugurada a 9 de junho de 1850, com uma corrida de toiros. Na semana seguinte, nova corrida mas sem o impacto que se pretendia, portanto apostou-se na diminuição dos preços. Queria-se atrair mais pessoas. A 3ª corrida da “Praça da Inveja” aconteceu em pleno São João, com 12 toiros, tentando-se dinamizar e captar o povo para a festa brava. Durante 12 anos, até 1862, a “Praça da Inveja” funcionou, até ser posteriormente demolida. Neste local foi instalada a feira de gados, apelidada de “Praça dos Porcos”. Depois de um tempo sem Praça, a 19 de agosto de 1866 era inaugurada a 2ª Praça fechada da Ilha Terceira, a do Barreiro. A sua 1ª corrida contou com toiros do 1º conde da Praia da Vitória, D. Teotónio de Ornelas Bruges Paim da Câmara, e dos Corvelos. Segundo Pedro de Merelim, foram vendidos mais bilhetes do que a lotação permitia, o que mostra-nos o gosto local por toiros de Praça. Durantes este ano construiu-se fora da cidade de Angra do Heroísmo, praças fechadas, com cariz obviamente temporário, falamos de uma em Santa Bárbara, com alvará de 23 de junho de 1866, que ocorreu a 1 de julho, outra na Praia da Vitória, para corridas a 8 e 9 de julho e uma terceira, a 10 de setembro, na Serreta, muito provavelmente em plena época de devoção à Nossa Senhora dos Milagres. Assim, este ano de 1866 foi forte em toiros de praça, o que evidencia que, após uns anos sem corridas de toiros, os terceirenses queriam de novo voltar à Praça. Uma das praças construídas fora da cidade foi na Vila de S. Sebastião, a de Santana, em 1882, com vários

anos de corridas de toiros. Contudo, a Praça mais conhecida foi a de Santo António, no Porto dos Biscoitos, ainda existente, a 1ª praça oficial de toiros do país, com o 1º alvará conhecido, datado de 21 de setembro de 1885, assinado pelo Conde Sieuve de Meneses, Secretário do Governador Civil de Angra do Heroísmo. A praça de Santo António foi inaugurada a 6 de setembro de 1885, em um terreiro quadrangular delimitado por uma muralha com paramentos em alvenaria de pedra e enchimento de terra. Depois da Praça de Touros na Canada do Barreiro, edificou-se a do Espírito Santo na Miragaia (na Rua do Pereira), a 3 de maio de 1894 (também de madeira, destruída por um incêndio na noite de 23 de agosto de 1900). A construção da Praça seguinte foi com um material mais resistente, deixando de ser de madeira e, por isso, mais segura, surgia assim uma Praça de Toiros de alvenaria de pedra, a de São João, onde hoje se situa o Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo, onde os lugares eram vendidos a uns poucos de centos de réis. Hoje a Monumental Praça Toiros da Ilha Terceira, inaugurada em 1984, é a única existente na região.

No Verão de 1978, a Praia da Vitória organizou as suas primeiras festas concelhias, mas ligadas às de Angra do Heroísmo e chamadas também de Sanjoaninas. Assim, no Paúl, foi construída uma praça de toiros desmontável, com 43 000 lugares. A praça esteve quase sempre lotada. Os nomes que mais marcaram as corridas de toiros praienses foram o do cavaleiro Luiz Miguel da Veiga e o do “matador” Armando Soares.

Ao fazer esta História pelas Praças de Toiros na Ilha Terceira, percebemos como a defesa da tradição e dos valores do passado estão bem enraizados nos terceirenses. Concorde-se ou não com as touradas, goste-se ou não delas, há que respeitar o ADN bravo dos terceirenses. Só precisamos que haja mais deste ADN pela defesa do património e da memória em termos histórico-culturais. Não devemos esquecer de preservar o que os nossos egrégios avós deixaram para nós. •


JP | EVENTO

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DE 26.10 A 11.11, FESTIVAL “OUTONO VIVO” COLOCA

PRAIA DA VITÓRIA COMO CAPITAL AÇORIANA DA CULTURA Festival é referência cultural na região, mas a Câmara quer que seja atrativo turístico na época baixa.

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13.ª edição do festival literário e cultural “Outono Vivo” decorre na Academia de Juventude e das Artes da Ilha Terceira (AJAIT) e no Auditório do Ramo Grande (ARG), na Praia da Vitória, de 26 de outubro a 11 de novembro. Considerado por Tibério Dinis, como o “maior festival de época baixa dos Açores”, o certame contará com cerca de 50 mil livros em exposição, diversas conferências, espetáculos de teatro, música e cinema, transformando a Praia da Vitória, por 17 dias, na capital açoriana da cultura. A apresentação oficial do evento decorreu a 03 de outubro, em conferência de imprensa, nos Paços do Concelho. Num formato já consolidado que afirmou a feira do livro do “Outono Vivo” como a maior dos Açores e uma das melhores a nível nacional, é agora tempo, na visão do executivo liderado por Tibério Dinis, de evoluir e transformar o evento “num atrativo turístico para a chamada época baixa”. A opção, que o edil classificou de “estratégica”, passa por consolidar a componente de festival literário e cultural, trazendo à Praia da Vitória escritores, atores e artistas de renome. É por isso que este ano, a feira do PUB

livro acolhe várias apresentações de livros “de nomes conceituados da literatura nacional”, anunciou Carlos Armando Costa, vice-presidente da autarquia e responsável pelo pelouro da Cultura. Maria João Fialho Gouveia (filha do conhecido apresentador de televisão Fialho Gouveia) apresentará o seu mais recente livro – “Os Távoras – Entre a Virtude e o Pecado”, Raúl Minh´alma, trará os livros “Larga Quem não te Agarra” e “Todos os dias São Para Sempre” e Ana Sofia Fonseca, apresentará um livro sobre vinhos. Destaque ainda para a apresentação de livros infantis, de culinária, crónicas e a apresentação de um livro do conhecido ator Ruy de Carvalho, “O Amor é Isto”. A participação de um dos maiores atores portugueses não se fica, no entanto, por aqui, estando prevista a exibição da peça “Trovas & Canções – Atores, Poetas e Cantores”, um espetáculo que fará subir ao palco do ARG nomes como o de Ruy de Carvalho (entrevista exclusiva na página 7), João de Carvalho, Ricardo Gama, João Correia, Adelaide Sofia e Miguel Oliveira. Ainda no teatro, destaque para as peças de teatro infantil (pelo Grupo “Teatro do Longe”), para a exibição do “Alpendre – Grupo de Teatro”, para a performance do livro “A Grãozinho de Arroz” de Flávia Medeiros e para “A Visita de Pedro Giestas”. Na vertente dos espetáculos musicais, referência à atuação da Orquestra AngraJazz; do pianista André Gomes; Orfeão da Praia; concerto de guitarra de Silvestre Fonseca; concerto de apresentação do novo

disco da fadista praiense Vera Brasil; concerto de música clássica do Quarteto Lopes-Graça; concerto da Filarmónica União Praiense, com temas clássicos da sétima arte; um espetáculo local intitulado “A Noite de Vitorino”, que juntará todos os alunos e professores da Escola Secundária Vitorino Nemésio; apresentação do novo CD de Luís Gil Bettencourt que está a musicar alguns poemas de Vitorino Nemésio e que tocará com a viola do próprio escritor e, para finalizar, o concerto de um grupo novo em Portugal, os “Senza”, que misturam sonoridades portuguesas, cabo-verdianas e brasileiras. No âmbito das conferências e tertúlias, referência para a mesa redonda organizada pelo escritor Joel Neto, que trará até à Praia da Vitória nomes como Ana Margarida de Carvalho, Rodrigo Guedes de Carvalho, João Pinto Coelho, Vamberto Freitas, José Mário Silva e Luís Corredoura. Novidade este ano, é o surgimento de conferências sobre temáticas de índole local e/ou regional, a cargo do historiador Francisco Miguel Nogueira, cantador de improviso José Eliseu e pelo Dr. Maduro Dias. Registo ainda para a presença do psiquiatra e escritor Daniel Sampaio, no âmbito do projeto “Conversas às 8”, iniciativa que nasceu no Outono Vivo do ano passado que se tem vindo a realizar mensalmente na Praia da Vitória, desta feita sobre o tema “Os Amigos do Imaginário”. O cinema também marcará presença na edição deste ano do “Outono Vivo” com a exibição do filme “Al Berto”, de Vicente Alves do Ó,

no âmbito da II Temporada do Ciclo “O Outro Lado do Cinema”, uma parceria iniciada este ano entre a autarquia praiense e o Cine Clube da Ilha Terceira. Será também projetado na grande tela do ARG o recente filme “O Primeiro Homem na Lua”, para além de várias exibições para o público infantojuvenil. Saliente-se também a grandeza dos números que afirmam a feira do livro do “Outono Vivo” como a maior feira do livro dos Açores, a qual resulta de uma parceria entre a autarquia e a Papelaria 96, responsável pela componente comercial e logística da feira. Como já referido, este ano, estarão expostos cerca de 50 mil livros, os quais correspondem a 20 mil títulos, apresentados por 30 grupos editoriais. A registar a estreia das editoras Alfaguara e da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Carlos Lima, proprietário da Papelaria 96, frisou que por limitações de espaço tem restringido o acesso à feira do livro por parte de vários grupos editorias. “Temos bastante adesão de todas as editoras e tivéssemos mais espaço conseguiríamos introduzir mais editoras que, cada vez mais, se oferecem para cá vir”. A feira do livro do “Outono Vivo” caracteriza-se por constituir anualmente uma grande oportunidade para conhecer e adquirir um conjunto de livros que habitualmente não estão disponíveis na ilha Terceira a preços extraordinariamente competitivos e segundo Carlos Lima, a feira continuará a proporcionar esta oportunidade aos seus visitantes, pois “terá descontos de 20% na maioria dos livros. Alguns livros o desconto poderá chegar aos 35%”. A edição do Praia Outono Vivo 2018, segundo avançou Tibério Dinis, na referida conferência de imprensa, representa um investimento municipal de 25 mil euros, valor que entende absolutamente sustentável face à envergadura cultural e artística do certame. GP-MPV/JP •


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SAÚDE | JP

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Dádivas da Natureza

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pesar do que se referiu no último Cantinho não chega preocuparmo-nos só com a consciência. Para sermos capazes de aproveitar os beAurélio Pamplona nefícios e dádivas (a.pamplona@sapo.pt) que a natureza nos oferece há que fazer mais pela vida. É necessário por exemplo, no bom sentido, ir à luta, i. e., ser activo, com corpo, alma e acção responsável. Não fazer como o Chico que até gostava de ir até à estação, mas só para ver passar os comboios. E porque as coisas não caem do céu, importa ser bom profissional. Para além da formação e experiência o bom profissional deve ter um desempenho correcto, baseado na ética e na boa educação (Bobone, 2004). Como esclarece esta autora «é através da profissão que muitas pessoas evoluem socialmente e ganham prestígio». E por isso o civismo, e as boas maneiras devem completar os seus perfis, porque o mundo do trabalho não é, nem pode ser uma selva. Enfim, se bem interpretadas estas considerações facilitam a pessoa a não se deixar levar pela última distorção de pensamento referida, a Super-generalização, também conhecida por Hiper-generalização ou só por Generalização. Cury (2008) fala-nos do código da autocrítica que nos obriga a construir estratégias de amor e admiração,

através (a): (1) do elogio antes de crítica ou de apontar um erro; (2) da manifestação de reacções amorosas ou surpreendentes; (3) da contenção da fala e empenho no aumento na acção; (4) da humanização, que diz respeito àquele que é capaz de falar e ouvir com sentido, partilha e abertura; (5) do interesse pelo outro, nomeadamente pelos seus gostos, conhecimento das dificuldades ou

preocupação; e (6) da auto-imposição de mais tolerância, respeito, paz, hábitos sustentáveis, amor e união. E acrescenta que as atitudes agravam a nossa imagem quando não pensamos no impacto que os actos desajustados vão ter na mente dos outros, nomeadamente nos nossos

filhos. Enfim, após todas estas considerações é altura para alertar para a oitava distorção do pensamento, o Raciocínio ou Argumentação Emocional. Basta pensar um pouco para perceber que as emoções nos podem arrastar para atitudes, comportamentos e acções inconvenientes, ou até impensáveis, que não seríamos capazes de adoptar na ausência dessas perturbações. E disse-se perturbações porque as emoções na idade adulta, quando exageradas, nos podem levar ao medo, à ansiedade, à depressão e até a psicopatologia mais grave. Mas também nos podem conduzir no sentido oposto, ou seja, tomarmos decisões, e nos empenharmos em acções que nos proporcionam agradáveis sensações de bem-estar ou mesmo a felicidade. Mas isto só ocorre quando somos capazes de tomar consciência dessas emoções, quando as consideramos, e as utilizamos em nosso favor, de um modo saudável e controlado. Seja exemplo aquele que gritou numa repartição pública dizendo que não admitia que duvidassem da sua palavra, dado que não era aldrabão, mas que em seguida, imediata e inteligentemente, rectificou a sua posição, pedindo desculpa pelo seu desplante, e ajuda para a resolução do problema. Aqueles que se deixam levar pelo raciocínio emocional acreditam que as emoções reflectem as coisas como elas são, que o que sentimos em cada momento traduz o que se passa na realidade. Mas o que senti-

mos não é sempre o mais certo, ou ajustado à natureza humana e à realidade da vida. E a emoção, embora importante, não nos pode guiar em tudo o que fazemos, porque a vida é feita de muitas outras componentes, que merecem também a nossa consideração. Não podemos só atender aos significados carregados de pontos de vista pessoais emocionais, e frequentemente ilógicos, que nos ocorrem face às mais variadas situações e acontecimentos. Mas temos meios de corrigir muitos dos nossos desvios de pensamento. Como escreveu um psicólogo famoso, De Bono (2009): «pense, antes que seja demasiado tarde». E esclarece que, pensar bem não significa ser levado só pela lógica, visto que esta não muda nunca as emoções e o comportamento: E esclarece que tentar persuadir as pessoas só pela lógica, para mudar as emoções é inútil na prática. São as percepções que controlam as emoções e estas controlam o comportamento. Referências: Bobone, P. (2004). Dicionário de etiquetas de A a Z.: A arte de ser elegante e ter boas maneiras – Vol. II. Lisboa: DCM- Desenvolvimento, Criação e Marketing. Cury, A. (2008). O código da Inteligência: A formação de mentes brilhantes e a busca da excelência emocional e profissional. Lisboa: Pergaminho. De Bono, E. (2009): Think! Before it`s too late. London: Vermilion.

Foto: A. Pamplona•

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O Cantinho do Psicólogo Cento e Vinte e Sete no Cravo LIVRO DE PSICOLOGIA DA SAÚDE DE

Aurélio Pamplona

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JP | PERSONALIDADE

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PARA RUY DE CARVALHO, ESPETÁCULO “TROVAS & CANÇÕES” É

HOMENAGEM À LÍNGUA E LITERATURA PORTUGUESA Ruy de Carvalho, fala-nos do espetáculo e do livro que o traz à Praia da Vitória no âmbito da 13.ª edição do “Outono Vivo”.

Por isso espero que vão até ao Ramo Grande com o coração e a voz bem afinados, para viajarem connosco e acima de tudo sonharem connosco.

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JP – Este é um espetáculo inédito por reunir duas gerações de atores: pai e filho. Em termos pessoais como vive esta experiência intergeracional de cariz familiar? RC – O espetáculo no início era composto pelos três atores da família, mas o meu neto foi para outros voos e por isso já só estamos pai e filho. Mas é muito agradável estar em palco com a família. A qualidade inegável do meu filho e a brilhante carreira que aguarda o meu neto são motivo de grande orgulho.

03 de novembro, inserido no festival literário e cultural “Outono Vivo” o Auditório do Ramo Grande exibe o espetáculo “TROVAS & CANCÕES – Atores, Poetas e Cantores”, centrado na figura de Ruy de Carvalho e segundo o ator, uma homenagem à língua e literatura portuguesa. Para além do espetáculo, o ator que também é escritor, apresentará o seu mais recentre livro, “O Amor é Isto”. Com este “pano de fundo”, Jornal da Praia apresenta entrevista exclusiva ao consagrado Ruy de Carvalho. Jornal da Praia (JP) – Quando nasceu o projeto “TROVAS & CANÇÕES – Atores, Poetas e Cantores”, e quais os prossupostos que levaram à sua idealização? Ruy de Carvalho (RC) – Este espetáculo nasceu em 2013 e a ideia surgiu de um recital de poesia que eu e o meu filho fizemos em Ovar, com acompanhamento ao piano. Falamos do assunto ao meu genro e à minha filha e eles construíram este guião, com base nas canções que todos temos na memória. JP – Na sinopse lê-se que o espetáculo “vive do contraponto entre a récita e o canto”. O que vai o público encontrar? RC – O público vai ver e ouvir e espero que cantar também, alguns dos mais belos momentos da nossa literatura e da nossa língua. É também uma homenagem a quem nos ouve.

JP – Noutra dimensão, como vê as políticas públicas de terceira idade, numa sociedade muito preocupada em inovar a semântica – aos velhos chamamos agora idosos ou seniores – mas cada vez mais, os deixam esquecidos em lares, com um Estado ineficiente a fiscalizar e sem que haja uma salutar ligação intergeracional? RC – Esse tema é-me muito querido. Ando há muito anos a dizer que estamos a abandonar aqueles que mais precisam do nosso apoio. Eu já faço parte desse grupo há muitos anos e não me posso queixar, mas vi e sei de muita coisa que é de bradar aos céus. Por parte de quem manda as políticas de apoio são insuficientes, por parte da família e da sociedade, em geral, são muitas vezes considerados um estorvo. Não é assim em todo a parte. Só por cá é que se afastam os cabelos brancos, mesmo quando eles são ainda uma enorme mais valia. As sociedades, no meu ponto de vista, devem ser construídas por todos. O nosso tempo é aquele que vivemos,

não o passado. Os jovens e os menos jovens, e os que ainda estão na chamada idade ativa, devem, juntos, trabalhar para construir um futuro melhor. A energia dos mais jovens com a experiência e “sabedoria” dos mais velhos, faz o mundo evoluir. JP – O Ruy envolve-se em vários projetos de solidariedade, ou relacionados com crianças ou em prol dos animais. Faz, por ser sua obrigação enquanto figura pública ou por entender ser o seu dever cívico? RC – Faço, por que são assuntos que me dizem muito. Faria o mesmo se não fosse figura pública, ou o que me quiserem chamar. Acima de tudo sou um cidadão, com opinião e vontade própria. JP – O Ruy vem à Praia da Vitória no âmbito do festival literário “Outono Vivo”. Já conhecia este evento? E como se processou a sua vinda? RC – Já tinha ouvido falar, até por que sou um açoriano de coração. O convite surgiu da organização e cá estamos, mais uma vez, para vos apresentar um espetáculo que está perfeitamente integrado no Festival Literário “Outono Vivo”. JP – No âmbito da feira do livro o Ruy apresentará o seu mais recente livro, “O Amor é Isto”, no qual compila 100 pensamentos que são uma verdadeira inspiração. Este livro é o reflexo da uma sabedoria nonagenária ou o espelho de um “espírito de luz”? RC – Talvez seja o reflexo de uma vida longa, com muitas experiências e vivências. Mas este livro é o resultado da vontade da minha editora e da ajuda do meu genro e da minha filha. A Editora achou que seria interessante pegar em alguns dos meus

pensamentos e ideias, alguns já com muitos anos e cá temos o livro. JP – Este é também um livro de fortes emoções. Como vê a sociedade contemporânea no campo das emoções e dos sentimentos? RC – O que sinto, por vezes, é algum desequilíbrio nas pessoas. Andam confusas com o que as rodeia e muitas acabam por ser afetadas. Mas no geral, no que nos toca, os Portugueses ainda são pessoas afetivas, que estão atentas ao próximo. Tenho lidado com muitos jovens e sinto neles muito carinho e amizade para dar. JP – Num desses pensamentos afirma: “A receita para o sucesso, meus amigos, para envelhecer de forma ativa e com sucesso... é PERDER O MEDO”. Quais foram os medos que ao longo da sua extraordinária vida foi vencendo e tornar-se na referência que é para todos nós? RC – Acho que o maior de todos é o que se ultrapassa quando percebemos que a vida é muito bela e deve ser vivida intensamente. Mas há também o medo de magoar alguém, com as nossas escolhas. Há medo de falhar. O medo de escolher o caminho errado na educação dos filhos, nas escolhas profissionais, enfim, tudo aquilo que sente qualquer pessoa que quer levar uma vida dita normal. JP – Para finalizar, uma palavra ao público da Praia da Vitória e do “Outono Vivo”. RC – Espero por vós. Tenho a certeza que vão adorar estar connosco. Eu sei que vou adorar estar mais uma vez na Ilha Terceira, terra que conheci quando tinha 10 anos e que ainda hoje adoro e visito sempre que posso. É uma grande ilha com gente excecional, em todos os sentidos. JP•

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TALHO BORBA & MENDES


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AFIRMA MARCOS FAGUNDES

“É NECESSÁRIO E URGENTE PÔR EM PRÁT Contaminação de solos e aquíferos da ilha Terceira poderá originar graves problemas na saúde pública. Assim, um grupo de cidadãos criou uma petição pública a submeter à Assembleia da República.

M

arcos Fagundes, 30 anos, contabilista certificada, natural e residente em Santa Cruz, Praia da Vitória, é o porta-voz de um movimento cívico, inicialmente formado por cinco amigos, cidadãos conscientes, responsáveis e descontentes com a abordagem dos poderes institucionais face à problemática de contaminação de solos e aquíferos da ilha Terceira. Em consequência, lançaram online, em novembro de 2017, a petição pública “Descontaminação Ambiental dos Solos e Aquíferos da Ilha Terceira”, dirigida à Assembleia da República, na qual exigem que o Estado português “assuma a responsabilidade de desenhar e implementar um plano de ações”, cronologicamente definido e com o respetivo suporte financeiro, que permita a reposição ambiental dos locais contaminados, garantindo um ambiente sadio conforme estipulado no artigo 66.º da Constituição da República Portuguesa. Ao momento de redação da presente entrevista, são 2.264 os peticionários, número suficiente para que a mesma baixe a Comissão especializada em razão da matéria, mas insuficiente para que a mesma possa ser apreciada em sessão plenária e, com isso, alcançar outra dimensão política e mediática. Sendo este um problema de 56.062 almas (Censos 2011), porque PUB

não circunscrito ao concelho praiense, Jornal da Praia quis saber das dificuldades que obstam a uma maior adesão.

Jornal da Praia (JP) – Quando e como surgiu esta petição pública? Marcos Fagundes (MF) – Esta petição surge num momento de grande controvérsia sobre o tema. Por um lado, tínhamos o governo regional e da república que continuavam a negar a existência de contaminação e das suas consequências e por outro tínhamos cada vez mais informações que indicavam exatamente o oposto. Informações vindas de relatórios “guardados” e tornados confidencias. Foi aqui que surge a petição, um mecanismo ao dispor da população, como forma de mostrar o seu desagrado e protesto acerca de um assunto, sem que tenham que recorrer a qualquer entidade pública ou partidária, tornando assim o movimento isento e independente. JP – Esta é uma iniciativa de um grupo de cidadãos. Quem são e quais as vossas motivações? MF – Este assunto era e é falado pela população da Praia da Vitória e da Ilha Terceira, normalmente de forma tímida e com algum receio de quem a pudesse ouvir. Este movimento cívico surge exatamente numa dessas conversas entre conhecidos, um pouco revoltados pela apatia e a tentativa de ocultação da tutela. O que é que podemos fazer? Era uma interrogação muito presente nestes diálogos. Foi assim que começou a ideia de criar um movimento cívico que promovesse uma petição, a entregar na Assembleia da República, de forma a exigir outra postura dos nossos governantes. Nós somos cerca de 2250 pessoas

MARCOS FAGUNDES considera que a maior dificuldade do movimento cial de liberdade de expressão em que “parece proibido” ter uma opin preocupadas, descontentes e com um sentimento de revolta de como todo este processo tem sido conduzido. Inicialmente eramos 5 promotores, mas fomos crescendo. Todos foram e são bem-vindos. Desta forma foi possível criar um movimento isento, imparcial e sem ligações a instituições públicas e partidárias. JP – Em concreto em que consiste a petição?

MF – A petição pretende promover e sensibilizar as entidades e a população em geral do grave problema ambiental que existe na Ilha Terceira. Primeiro, porque é evidente a existência de contaminantes, segundo, essa contaminação tem uma grande probabilidade de originar problemas de saúde pública, e por fim é necessário e urgente pôr em prática medidas de descontaminação, de forma a minimizar o impacto.


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TICA MEDIDAS DE DESCONTAMINAÇÃO” Fotografia: Rui Sousa/JP

o reside no “receio das pessoas em abordar o assunto”, num clima sonião divergente dos poderes instituídos. Nós estamos a exigir algo que está escrito na Constituição da República Portuguesa, onde qualquer cidadão tem direito a um meio ambiente limpo, saudável e que não coloque a saúde pública em risco. JP – Esta petição já existe pelo menos há 9 meses e tem uma página no Facebook destinada à sua promoção/divulgação, no entanto, ainda não atingiu o número de subscritores pretendido (4.000). A que se deve esta dificuldade? MF – O movimento já consegui os PUB

objetivos que foram inicialmente estabelecidos. Em primeiro lugar sensibilizar as pessoas, promover o debate, desmistificar o tema e divulgar à população. Tínhamos também o objetivo de atingir as 1000 assinaturas, que já foi largamente ultrapassado, pois este era o número que nos permitiria levar a petição à Assembleia da República, obrigando assim aos vários partidos e equipas da especialidade discutir, produzir relatórios e, o mais importante, falar sobre a contaminação, que até há pouco tempo era tema tabu.

Para tal criamos uma página no facebook de forma a promover a petição e também com o intuito de ser uma forma de divulgar às pessoas tudo o que era produzido sobre o assunto. Desde noticias a sítios com informações sobre o tema da contaminação/ descontaminação. Julgo que foi um sucesso, neste momento, é provavelmente o único ou dos poucos sítios onde é possível ter compilado um pouco de tudo o que foi divulgado e discutido sobre este problema ambiental. Serve também para a população ter uma forma de se expressar e comentar publicamente as noticias que vão surgindo ao longo dos últimos meses, porque até então, o único órgão de comunicação social que nunca baixou os braços sobre este assunto era o Diário Insular, que aliás há mais de 10 anos que vem a falar sobre o tema. JP – Ocorre-lhe que associado a esta dificuldade – maior participação – possa estar subjacente uma visão de politização desta temática por parte da opinião pública? MF – Infelizmente hoje em dia parece que tudo é uma questão política. Muitas vezes misturamos questões científicas ou socias com política erradamente. A principal dificuldade que encontramos e enfrentamos é o receio das pessoas em abordar o assunto. Aliás, não é só neste âmbito, mas de forma genérica. Parece proibido dar uma opinião ou ter uma opinião contrária ou divergente dos ideais que os nossos poderes governamentais e camarários vão tendo ao longo dos últimos tempos. Encontramos muitos cidadãos que concordam com o movimento, mas quando chega ao momento de assinar pedem para não o fazer com receios de assumir uma posição contrária ao que nos está a ser defendida.

Outro aspeto que muito influencia esta apatia da população é o facto deste problema, da contaminação, ser praticamente invisível. Aparentemente está tudo bem, vemos campos verdes, as vacas a pastar, as agriculturas a produzir… O problema está oculto. JP – A contaminação e consequente descontaminação assume duas dimensões – política e técnica/científica. Que avaliação faz destas duas vertentes? MF – A questão da contaminação e consequente descontaminação infelizmente acabou por se tornar uma questão política. Na nossa opinião é um problema técnico e científico, devendo ser gerido como tal. Temos que parar com a ideia de que tudo é assunto político e tem que ser resolvido pelos poderes políticos. A questão paradoxal que encontramos neste tema é que em termos técnicos/científicos estamos perante o problema ambiental com prováveis consequências na saúde publica, mas por outro lado em termos políticos temos presenciado nas últimas décadas uma constante negação a este problema. Felizmente em 6 meses passamos da não existência de contaminação para uma situação onde o poder político assume a existência e a necessidade de intervir rapidamente nas zonas contaminadas. Lamentavelmente, muitas décadas já passaram desde os primeiros relatórios norte americanos a identificar este problema, e muita coisa já podia ter sido feita para minimizar este impacto. Ficamos com a sensação que foi por nossa culpa, a população, que pouco ou nada sabia, e das entidades competentes que tiveram acesso às informações, e não deram o seguimento adequado. O passado não podemos alterar, mas podemos mudar o presente para termos um futuro melhor. (Continua na página seguinte)


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ENTREVISTA A MARCOS FAGUNDES (Conclusão da página anterior)

Fotografia: Rui Sousa/JP

JP – Como interpreta as vozes que dizem não existir conhecimento na região nem no país para lidar com um problema desta dimensão e complexidade, mas depois são estas mesmas vozes a colocar em causa as metodologias utilizadas e os resultados das análises. Não lhe parece paradoxal? MF – É paradoxal… Mas também é paradoxal termos uma tutela que há nove meses afirmava, cegamente, que não existia contaminação nem nenhum impacto ambiental e de saúde pública na Ilha Terceira, e passados poucos meses, muito por culpa do mediatismo que este assunto tomou, mudou 100% a sua postura. Agora já existe, e até são necessárias intervenções imediatas.

“Muita coisa, neste tema, está mal contada…” Muita coisa, neste tema, está mal contada…. É nossa opinião que realmente existe falta de equipas com experiência nesta matéria, relativamente a contaminações ambientais e como as descontaminar, principalmente devido ao tipo de contaminantes que estamos presentes. Estamos a falar de poluentes extremamente complexos, onde o conhecimento é limitado. Era necessário falar com quem já o faz noutras regiões do mundo. É preciso olhar para outras zonas contaminadas com este tipo de poluentes, e ver o que está a acontecer e o que está a ser feito. Existe zonas com o mesmo tipo de contaminação do que nós, mas com mais tempo de maturidade, e já são identificados problemas de saúde publica. Se lá existem porque é que no nosso caso é negado intransigentemente? É necessário explorar, livremente e de forma transparente, este assunto, coisa que tem faltado imenso em todo este processo. JP – Participou na reportagem “Toxic Paradise” do canal televisivo russo “Russian Today”. Quais os benefícios desta reportagem para o processo de descontaminação dos solos e aquíferos da Praia da Vitória e da ilha Terceira em contraponto com os efeitos lesivos para o turismo do concelho e da ilha que o próprio título sugere? MF – Participamos na reportagem, assim como participaram várias entidades e pessoas envolvidas neste assunto. Infelizmente a forma como

MARCOS FAGUNDES alerta que “é necessário alguma prudência” na análise do último relatório do LNEC e assume-se crítico à atuação do mesmo em todo este processo. foi exposto o tema, bem como os títulos utilizados em nada transmitem a nossa realidade. Os jornalistas envolvidos nessa reportagem obviamente que tentaram criar uma ideia sensacionalista e mediática sobre o tópico, tem outro impacto. Estas situações acontecem diariamente, facilmente verificamos este tipo de jornalismo no nosso dia-a-dia. Da nossa parte, muito falamos e explicamos, à equipa que cá esteve, infelizmente apenas colheram uns meros segundos das nossas explicações.

“Queremos vender turismo de natureza e rural, onde o subsolo está contaminado? Isto é sustentável?” Os efeitos lesivos no turismo são discutíveis. Queremos vender turismo de natureza e rural, onde o subsolo está contaminado? Isto é sustentável? Se queremos fazer isso, então devemos resolver os problemas ambientais que estão identificados. Que eu saiba, já foram identificados há décadas, e nada foi feito. Bem ou não, depois desta reportagem, não tão bem conseguida, muito já foi feito. Afinal já existe contaminação e tem que ser feito alguma coisa.

JP – O último relatório conhecido do LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil) aponta para uma “melhoria contínua” da situação ambiental. Que comentário lhe oferece esta conclusão? MF – Efetivamente é o que lá está escrito. O LNEC tem demonstrado com base nos seus estudos que efetivamente os indicadores por eles testados tem diminuído, contudo achamos que é necessária alguma prudência nesta análise. Desde já por estarmos perante um ano atípico em termos climáticos, os indicies de precipitação nos últimos meses

“temos presenciado alguma inconsistência por parte do LNEC nas suas conclusões e análises” tem sido extremamente baixos o que pode influenciar muitas das análises e as suas conclusões. Por outro lado, em termos de procedimentos e métodos, temos presenciado alguma inconsistência por parte do LNEC nas suas conclusões e análises que, não querendo descredibilizar nem menosprezar a instituição LNEC, deixa algumas dúvidas e levanta questões. Não nos podemos esquecer que foi

o LNEC que construi o primeiro relatório português sobre a contaminação, na ilha Terceira, extraindo toda a informação do relatório já elaborado pelos norte americanos na altura, e no que toca às suas conclusões são totalmente díspares. Juntando esta atitude com a postura e forma de lidar das nossas entidades competentes na matéria vimo-nos forçados em ser pelo menos críticos.

O Jornal da Praia “devia ser um dos órgãos de comunicação social mais ativos neste assunto” JP – Agradecendo a disponibilidade para esta entrevista, indago se pretende acrescentar algo ao já dito? MF – Agradeço o convite e disponibilidade demonstrada. Contudo lamento que apenas passados 9 meses terem mostrado vontade em fazer esta entrevista, mesmo depois do nosso comunicado direto ao Jornal da Praia, jornal este que, a nosso ver, devia ser um dos órgãos de comunicação social mais ativos neste assunto, pois os principais focos de contaminação estão no concelho da Praia da Vitória. A ciência evolui com a pesquisa e questionando aquilo que é dado como certo. JP•

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POETISA PRAIENSE

SELECIONADA PARA PRÉMIO LITERÁRIO “AUTOR PUBLICA” Carla Félix está entre os 23 poetas contemporâneos selecionados para o prémio literário “Autor Publica”. A poetisa concorreu com 5 poemas e todos foram do agrado do júri.

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poetisa praienses, Carla Félix, coordenadora da página “Maré de Poesia” deste quinzenário é um dos 23 poetas contemporâneos candidatos a vencer a 3.ª edição do prémio literário “Autor Publica”, cujo vencedor será anunciado no próximo sábado, 27 de outubro, em cerimónia a realizar em Lisboa, na Biblioteca do Museu Nacional do Desporto, Palácio da Foz, na Praça dos Restauradores. Convidada pela organização, a fase de submissão de textos decorreu de 29 de maio a 29 de junho. Ao todo, foram apresentados 546 trabalhos provenientes de 91 poetas e poetisas oriundos de todo o território nacional. Após criteriosa seleção pelo júri do concurso, constituído por Ana Fonseca da Luz e Paulo Taful, foram escolhidos poemas de 30 participantes destinados à edição do livro de antologia “...DO NADA...”, que será publicamente apresentado nesse mesmo dia. No âmbito do regulamento de submissão de trabalhos, os participantes PUB

poderiam optar entre se candidatar ou não ao prémio, tendo optado por ficar de fora 7 dos concorrentes que viram os seus trabalhos selecionados para a compilação, razão pela qual, o número de concorrentes desce para 23. À luz do regulamento, uma das condições “sine qua non” para a entrega do prémio é estar presente na cerimónia, pelo que Carla Félix deslocar-se-á por esta altura propositadamente a Lisboa. A poetisa submeteu a apreciação do júri 5 poemas e todos eles foram selecionados e serão publicados na referida antologia. O vencedor terá como prémio a possibilidade de publicar sem qualquer encargo financeiro um livro. Carla Félix tem na forja a publicação do seu primeiro livro, que poderá ocorrer ou no final deste ano ou no início do próximo. Caso seja a grande vencedora, algo que considera “muito difícil, mas não impossível”, pela qualidade dos poetas concorrentes,

CARLA FÉLIX diz que é “muito difícil, mas não impossível”, vencer tão prestigiante prémio. alguns dos quais muito admira, diz que “estar entre os concorrentes selecionados é para mim já uma enorme vitória e honra”, realçando, “caso venha a vencer este prémio, lançarei

um segundo livro, pois tenho poemas escritos que me permitirá publicar um segundo livro sem problemas”. JP•


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E DITORIAL

“OTAN” (NORTH ATLANTIC TREATY ORGANIZATION) Açores e a sua importância na “estrutura” Açores “Moeda” de troca …. Hoje como ontem

O Bairro Americano de Santa Rita

so com a liberdade e a democracia. Salazar estaria renitente na decisão a tomar pois que, tal adesão quebrava a tradição de isolacionismo e de neutralidade do regime. A pressão norte-americana para uma tomada de posição ideológica marcadamente anti-comunista, veio precipitar a decisão.

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tragédia dos despejos judiciais das famílias do “Bairro Americano”, da localidade de Santa Rita, na freguesia de Santa Cruz, do concelho da Praia da Vitória, chegou ao fim, no dia 20 de Setembro de 2018, quando Andreia Cardoso, Secretária Regional da Solidariedade Social e o Presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória, Tibério Dinis, em conferência de imprensa, na cidade da Horta, anunciaram que a Câmara Municipal vai comprar os terrenos onde se encontram implantadas as casas que constituem o “Bairro Americano”, junto da Base Aérea das Lajes. Há muito tempo que ansiávamos por um acordo entre os proprietários dos terrenos, as famílias residentes no bairro e as entidades públicas, afim de se evitar despejos pendentes em Tribunal, apesar das inúmeras dificuldades, nomeadamente económicas, para se manter os moradores nas suas casas, que com imensos sacrifícios as adquiriram, embora de forma pouco ortodoxa e descontextualizada no plano do Direito aplicável e absurdamente permitida pelas autoridades civis e militares ao longo do tempo. Durante décadas e no inicio, o Estado Novo, o Comando Militar Português da Base das Lajes e Autarquia Praiense, não asseguram condições legais fundamentais para se evitar o pesado imbróglio que se gerou e que teria um desfecho devastador para as famílias que residem naquele bairro, se se não se chegasse ao acordo supra referido, no qual os proprietários dos terrenos se comprometem a suspender as acções judiciais, e por seu turno a Câmara Municipal a adquirir tais terrenos por 4 milhões de euros, a pagar entre 2019/2022, podendo desde já as famílias entretanto despejadas regressar às suas casas. Os terrenos a adquirir pela Autarquia da Praia da Vitória, serão depois devidamente loteados, vendidos aos proprietários dos imóveis do “Bairro Americano”, de Santa Rita, sendo sempre salvaguardadas todas as situações das famílias com fracos recursos económicos que requeiram a intervenção e apoio social. O nó górdio criado na década de 50 do século passado, com contratos avessos ao Direito das Obrigações, com a permissividade dos poderes públicos, civis e militares, ao deixarem construir casas em terrenos pertencentes a pessoa que não era o proprietário da construção, mediante o pagamento de uma renda pela implantação dos prédios urbanos durante um prazo de tempo razoável, que aquando do seu términus se renovava automaticamente ou em caso de resolução do contrato a benfeitoria implantada no terreno passava a pertencer ao proprietário do mesmo, mas infelizmente à revelia de tudo e de todos os americanos passaram a vender tais casas a famílias portuguesas. Sabemos nós que todas essas vendas eram nulas, mas apesar destes factos os negócios ocorreram com frequência, criando espectativas nos compradores que se iria chegar a uma solução equilibrada, e este fenómeno só recentemente ganhou relevo aquando da propositura das acções de despejo em Tribunal. A Câmara Municipal da Praia da Vitória teve um papel decisivo na resolução deste problema, evitando consequências sociais catastróficas para as famílias proprietárias das casas. O Diretor Sebastião Lima •

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José Ventura*

Águia Americana, a “Bald Eagle” símbolo escolhido para representação da então recém-criada nação em Junho de 1782, pela sua longa longevidade, força e aspecto majestoso, qualidades adicionadas à ideia de então que só existia na América e, da liberdade do vôo da mesma, perto do seu 242º aniversário como país soberano, afia as garras e pia grosso, na pessoa do presidente, dos americanos Mr. Trump para chamar a atenção aos países devedores da organização mundial denominada de OTAN/ NATO, dizendo que os americanos estão fartos de pagar pelos parceiros da Organização. Há pouco mais de um mês na cimeira do G7, em Charlevoix, - Canadá referiu Mr. Trump que os EUA continuam a ser uma espécie de “porquinho mealheiro que todos roubam”. Aliás não podemos estranhar a posição de Donald Trump, quando já, durante a campanha eleitoral, proferiu várias declarações polémicas sobre a NATO, questionando da sua utilidade actual, pois já não serve o propósito para o qual foi criada, anunciou a intenção de reduzir o apoio aos países aliados e, disse que, não iria cumprir a garantia de protecção automática a qualquer membro da Aliança, e só ajudaria os aliados que cumprissem as suas obrigações. Contradições sobre Aliança Atlântica surgiram desde o início da sua existência e parece que perduram hoje. No caso português, o grande trunfo operacional chamado base aérea das Lajes, nos Açores, um imenso porta-aviões no meio do atlântico Norte, a meio caminho entre os E.U.A. e a Europa, foi o suficiente para superar qualquer dúvida que pudesse existir sobre o regime salazarista relativamente ao seu compromis-

Atente-se à História, em meados de 1917 foi criada pêlos Estados Unidos, a Base Naval de Ponta Delgada (Naval Base 13 – Mid-Atlantic Naval Base Ponta Delgada) no contexto do esforço da Grande Guerra, como ponto de reabastecimento de combustível e víveres e como local de reparação de emergência para os navios americanos que cruzavam o Atlântico. Com o crescer da guerra submarina, a base também assumiu um importante papel de protecção aos navios que navegavam na zona. Aquando da sua instalação, a Base foi visitada pelo então Sub-Secretário da Marinha dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, depois Presidente dos Estados Unidos que a altura chegou a sugerir os Açores como lugar residente da Sede da Organização das Nações Unidas. Para além de uma companhia de (Marines) fuzileiros navais com cerca de 200 homens entre oficiais e praças, a Base Naval de Ponta Delgada alojou um destacamento de submarinos americanos e uma esquadrilha de hidroaviões, os primeiros a ser enviados para fora dos Estados Unidos para participar na Grande Guerra. Essa Base, foi alvo de bombardeamento por um submarino alemão. O ataque foi repelido pelo fogo do navio auxiliar americano U.S.S. “Orion” que se encontrava surto no porto para reparações. Do ataque resultou a morte de uma jovem na Fajã de Cima e danos ligeiros em algumas habitações. Fizeram ainda parte do efectivo militar dos EUA nessa Base quatro submarinos e uma esquadrilha de hidroaviões tendo sido a primeira unidade completa de aviação a prestar serviço fora dos Estados Unidos no contexto da Grande Guerra. Açores “Moeda” de troca …. Hoje como ontem

Assistimos a autêntico “fait divers” entre Marcelo Rebelo de Sousa e Mr. Donald Trump do qual nada transpareceu sobre o problema. Falaram e comentaram, futebol, se Ronaldo seria ou não candidato a presidente e outras futilidades, do compromisso para o reforço do eixo transatlântico, “nicles”. Assistimos a autêntico “fait divers” entre Marcelo Rebelo de Sousa e Mr. Donald Trump do qual nada transpareceu sobre o problema. Falaram e comentaram, futebol, se Ronaldo seria ou não candidato a presidente e outras futilidades, do compromisso para o reforço do eixo transatlântico, “nicles”. Na questão das contribuições de Portugal para a NATO assunto abordado na reunião de trabalho entre os dois presidentes, teria sido o mesmo, previamente trabalhado nos encontros que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, manteve antes da cimeira entre os dois chefes de Estado. Prossupomos que Portugal propôs uma solução para as suas contribuições para a NATO, irão ser discutidas na Cimeira de Bruxelas, na próxima semana. Da declaração conjunta de imprensa publicada pela Presidência da República após a visita tiramos a seguinte ilação: “que foram discutidas as prioridades de expansão e parceria de segurança com o esforços conjunto para o fortalecimento da NATO. E, como não podia deixar de ser, o plano credível que Portugal apresenta para atingir as metas de despesa com defesa da Aliança, refere a discussão da “localização estratégica do Arquipélago dos Açores para a segurança do Atlântico”. Já se movem e anunciam, o ministro da defesa e o dos negócios estrangeiros a utilização do que não lhes pertence: o “porquinho mealheiro açoriano” Vamos ficar atentos porque: As palavras verdadeiras não são agradáveis e as agradáveis não são verdadeiras. (Lao-Tsé). (*) Por opção, o autor não respeita o acordo ortográfico. •

CID TELES, A CIGARRA DO TRISTE FADO Por: Renato Nunes poeta Manuel Cid Teles nasceu em 8 de Março de 1911, em Tábua, e faleceu em Oliveira do Hospital (distrito de Coimbra), em 25 de Abril de 2009, com 98 anos. Quando regressava dos Açores, ia, habitualmente, visitá-lo ao lar da Fundação Aurélio Amaro Diniz.

O

O modo como sempre me recebeu no seu quarto emprestado continua ainda hoje a comover-me profundamente. Quase sempre de pé, ao

lado da cama, sem recorrer a qualquer registo escrito, declamou-me um sem número de poemas, uns da sua pena, outros de Florbela Espanca (1894-1930). Abrindo as gavetas, confiou-me os intermináveis (e mais estranhos) papéis, nos quais ia incessantemente rabiscando os mais recentes versos, tocou no piano improvisado, declamou efusivamente e voltou a declamar poemas, que a poesia e a música corriam-lhe no sangue quase tão naturalmente como o

oxigénio que respirava. Tudo isto e muito mais, como se me conhecesse há longos anos e nos unisse uma profunda amizade. Apesar de ter nascido em Tábua, em 1911, e de durante vários anos ter acompanhado os pais nas suas deambulações profissionais por várias regiões do país (Grândola, Santiago do Cacém, Montijo, Viseu, Lamego, Porto e Matosinhos), foi em (Continua na página seguinte)


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CRÓNICA DO TEMPO QUE PASSA (XXXVIII)

VITORINO NEMÉSIO AS FIBRAS DO MORMAÇO (II) O catálogo da exposição [...] constitui uma ferramenta importante não apenas para os estudiosos, mas igualmente para todos quantos desejem conhecer a fundo este notável vulto da cultura portuguesa do século XX... Harmonioso».

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António Neves Leal

catálogo da exposição, muito bem organizado e bastante abrangente, dá-nos uma completa panorâmica da obra eclética de Nemésio. Ele constitui uma ferramenta importante não apenas para os estudiosos, mas igualmente para todos quantos desejem conhecer a fundo este notável vulto da cultura portuguesa do século XX, mormente professores e alunos do nosso sistema escolar. Pelas suas 119 páginas do livro encontramos os eventos marcantes da biografia pessoal e da bibliografia deste incansável autor. Cláudia Cardoso, no seu prefácio destaca as efemérides, que ocorrem neste 40º aniversário, comemorativo do desaparecimento de «um dos maiores vultos da literatura portuguesa contemporânea». Assim, neste ano de 2018, celebra-se o cinquentenário da 1ª edição de «Violão de Morro e de Caatinga e Terra Caída: Viagens no Nordeste e no Amazonas» (Brasil). Assinala-se, também, o 60º aniversário da publicação de «Conhecimento de Poesia» e de «O Retrato do Semeador», este último em dois volumes, onde estão as crónicas de V. Nemésio, escritas na imprensa e as proferidas na rádio (Ondas Médias) e os oitenta anos de «O Bicho

Outra obra dada à estampa, em 1938, e em efeméride octogenária, é «Études Portugaises», contendo as conferências feitas em universidades francesas (ensaio e biografia). Neste ano, passam ainda os 90 anos sobre a vinda a público de «O Açoriano e os Açores», conferência proferida em Coimbra (1928), cidade onde está sepultado. Vale a pena observar os manuscritos, as capas dos livros, as dedicatórias de nomes cimeiros das letras nacionais e internacionais, as fotos, as anotações a lápis sobre os livros que lia, os sublinhados, o seu ex-libris aposto nas suas obras, e que provam o seu labor e o prestígio de que gozava entre os seus pares. INTERVENÇÃO DO SECRETÁRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA O Professor Doutor Avelino Meneses, interveio para justificar a realização da iniciativa da secretaria de que é responsável e para apresentar o orador convidado, o antigo Reitor da Universidade dos Açores, Professor Doutor António Machado Pires. Começando por enumerar as várias facetas da personalidade do ilustre filho da Praia da Vitória, de cujo concelho ambos são naturais, o governante afirmou: Vitorino Nemésio «é dono de uma obra muito variada, mas invulgarmente coesa e una que até culmina no tratamento poético e original da ciência e das linguagens do rigor», considerando-o um dos vultos mais importantes da contemporaneidade. (Foi o 5º condecorado com o prestigioso Prémio Montaig-

ne em 1974). Naquilo que mais directamente nos respeita, V.Nemésio é o melhor hino dos Açores. «Aliás a obra de V. Nemésio é uma das expressões máximas da açorianidade» e o remate de toda a idiossincrasia açoriana, citando José Martins Garcia. E mais adiante referiu: «E, como dizia David Mourão Ferreira, é um livro (Mau Tempo no Canal) onde os Açores estão todos. E, curiosamente, os Açores todos estão no livro, que aparentemente só trata de uma parte do arquipélago, a saber, o triângulo Faial, Pico, São Jorge, mais um pouco desta cidade de Angra, donde a proximidade das ilhas e dos lugares confere talvez maior evidência à açorianidade. «É com honra que a Secretaria Regional da Cultura, Direcção Regional da Cultura, através da Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro, organiza esta comemoração dos 40 anos do passamento de Vitorino Nemésio. Aliás, a recordação dele é sempre um acto de justiça. Durante a vida, pela independência do espírito, esquivou-se à sujeição das correntes literárias. Foi por isso que à data de publicação de muitas das suas obras, teve falta de encómios justos que, noutros casos, transformam em bajulações estéreis. Contudo, a sucessão do tempo que provoca o esquecimento dos medíocres, no caso dele converteu-se em reconhecimento de qualidade. Faz portanto o percurso de todos os grandes. Com o exemplo de Fernando Pessoa foi também assim». E concluiu a sua alocução Avelino Meneses, referindo-se ao palestrante convidado nos seguintes termos:

«Para evocar estes 40 anos da morte de V. Nemésio, a BPARLSR acertou em pleno na escolha do Professor Doutor António Machado Pires. Recordo que há 40 anos, precisamente, no dia 20 de Fevereiro de 1978, ao chegar à Universidade para frequentar a primeira aula da manhã, sendo eu então um estudante do primeiro ano, o nosso professor, na circunstância era o Doutor Fernando Aires, comunicou-me e aos demais colegas, e o Bruno também deve estar por aqui, que Vitorino Nemésio havia morrido. Mas disse mais, disse que na altura nos deveríamos abeirar do seu antigo assistente, o Doutor Machado Pires, por já ser o melhor conhecedor da obra literária do poeta da Praia, também o é da Terceira, dos Açores, de Portugal e do Mundo. Hoje, a mais de quatro décadas de distância, e após ter sido Reitor da Universidade dos Açores desde 1983 e 1985, a cujo Reitorado devemos uma parte do nosso melhor tesouro, isto é, do capital de credibilidade que, na Universidade, intentamos quotidianamente sempre preservar, o Professor Machado Pires permanece o principal conhecedor da obra de Vitorino Nemésio. Por isso vou-me calar e vamos escutá-lo. Muito obrigado». Nota: Dado o interesse e a grande extensão da palestra do Professor Doutor António Manuel Machado Pires, não foi possível incluir a apreciação sobre a sua muito interessante exposição. A esta não faltou erudição, humor e arte de representar, que foram do agrado geral da assistência. Esperamos publicá-la na próxima edição do «Jornal da Praia», quinzenário da terra de Nemésio. •

CID TELES, A CIGARRA DO TRISTE FADO (Conclusão da página anterior)

Oliveira do Hospital que Cid Teles acabou por radicar-se, por volta dos anos 40 ou 50 do século passado. Nesta (actual) cidade passou cerca de seis décadas, tornando-se mesmo uma das figuras mais icónicas, pelo menos, da sede do concelho. Ao longo da vida, teria desempenhado, sobretudo, funções relacionadas com as suas vocações artísticas: compôs letras musicais, peças de teatro, contracenou com vultos nacionais dos palcos (v.g., Manuel Lereno, 19091976), dinamizou vários programas radiofónicos, nomeadamente na Rádio Boa Nova e na Emissora Nacional. Estreou-se aos 21 anos, com a obra As minhas quadras, contando com o apadrinhamento literário de Fausto Guedes de Teixeira (1871-1940), poeta de Lamego que enviou a Cid Teles um soneto da sua autoria, para figurar na obra de estreia. Várias das suas quadras e sonetos foram editados, pela primeira vez, em jornais locais,

caso da Comarca de Arganil. Aprendeu a tocar piano com a mãe (Alzira de Matos Cid Teles), depois ele próprio ensinou, durante algum tempo, música no Colégio Brás Garcia de Mascarenhas e deu lições de canto coral.. Vista no seu conjunto, a obra de Cid Teles é multifacetada, pese embora o facto de as áreas temáticas serem relativamente reduzidas e até mesmo atravessadas pela repetição de algumas ideias nucleares. Por detrás de uma aparente simplicidade (o difícil na vida é ser simples), esconde-se uma filosofia de vida ancorada num percurso solitário, instrospectivo e com certo pendor existencialista. Cid Teles preferiu desde muito cedo o contacto com os mais idosos. Durante a infância e grande parte da adolescência, as dificuldades em criar relacionamentos interpessoais com os seus pares, em virtude das constantes deambulações profissionais do pai, tê-lo-iam levado a passar muitas horas sozinho e, nessa sequência, a adquirir uma maturidade invulgar para a sua idade, bem como o gosto pela poesia. A sua facilidade em versejar era tal que o pai, autor do Livro do coração (ao qual

António Nobre – 1867-1900 –, o autor do “livro mais triste que há em Portugal”, teria dedicado a “Carta a Manuel”) teria mesmo afirmado: “Tu fazes versos com uma pá velha”. Uma curiosa expressão beirã, que apenas me lembro de ler nas obras do notável romancista e novelista beirão Aquilino Ribeiro (1885-1963). O contacto com a poetisa alentejana Florbela Espanca, em Matosinhos, bem como a leitura da sua obra, marcou-o profundamente. Mas Cid Teles, além do poeta do “Triste Fado”, também foi a cigarra, que levou alegria a tantos habitantes do concelho de Oliveira, durante anos a fio. Qual palhaço que sobe à cena e, nesses instantes, se esquece dos dramas da existência individual, Cid Teles foi um homem da cultura, do palco e do público. Aqui deixo, por conseguinte, a homenagem possível a um poeta, que me marcou profundamente. Uma homenagem a uma cigarra que, ao contrário do que é socialmente expectável e devido às circunstâncias favoráveis de que beneficiou do ponto de vista financeiro, não dedicou a vida a uma profissão propriamente dita (o seu feitio seria, de resto, pouco

atreito a horários rígidos e a rotinas). Ainda assim, viveu em função de uma vocação artístico-literária e, malgré tout, conheceu a consagração local. Despeço-me, invocando aquele que talvez represente um dos sonetos mais icónicos de toda a sua vida, dos percursos de um cidadão incontornável na História do concelho de Oliveira do Hospital, cuja obra bem merecia ser mais divulgada: SOU COMO SOU Sou como sou, e não me importo nada / Que este ou aquele não goste do que eu sou. /Sei o que quero, e aonde quero vou, / A passo firme e fronte levantada! Amo essa mão estranha, ignorada, / Que do destino as linhas me traçou, / E dos outros diverso me tornou, / Dando-me esta alma inquieta de nortada! Louco! Poeta! E que me importa a mim? / Tantos falando porque eu sou assim, / Tantos dizendo o que eu devia ser… Sou como sou! E sinto até vaidade, / Quando posso gritar esta verdade: / Sou como sou, e assim hei-de morrer!


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MARÉ DE POESIA | JP

2018.10.19

M

aré de Poesia, continua a descobrir e redescobrir palavras guardadas em cadernos, levando ao leitor palavras distribuídas em diferentes formatos. Nesta edição temos participação de alguns dos habituais participantes que invocam a poesia nos versos que partilham.

Eu Sou... Sou uma alma sensível e poética, Sob a lei de um sistema castrador, A revolta contra a falsa moralidade, Num profundo hino, Cantado na dor. Eu sou uma pessoa abençoada, Sem ter qualquer projeto legitimado, Sou exercitado na dor e sofrimento, Como já tivesse nascido predestinado… Eu sou a voz que hoje é silenciada, Por essa imposta regressão, O poema muito censurado, “Eu sou poesia e sou canção”!!!

Eu Serei... Eu serei chuva, Serei chuva, Serei vento, Lágrima, Saudade e Pensamento. Eu serei a história dum povo redimido, Que mesmo atribulado e extinto, Nunca poderá ser vencido. Eternamente eu serei “diferença, Gente de coração, fé e crença” Serei o grito da “libertação, reconhecido livramento, Almejada libertação” Eu serei tudo, E não serei nada… E eu serei… Serei o raiar da madrugada, A liberdade igualada, O começo dum novo dia, Com regozijo e melodia, Legitimando o que eu sentia… E depois, depois eu serei tudo… Até serei Poesia! Leonel Purple

PARTICIPE em Maré de Poesia, envie o seu poema para maredepoesia@ jornaldapraia.com partilhando palavras numa união de diferentes sentires.

A PRAIA DA VITÓRIA A PRAIA ESTÁ COLORIDA COM OS SEUS VISITANTES DE COLCHAS DE RETALHOS VESTIDA A BEIJAR OS SEUS EMIGRANTES. A CALÇADA BEIJA AS PESSOAS QUE A PISAM COM ENCANTO COMO AS FLORIDAS COROAS NO ALTAR DO ESPÍRITO SANTO. O BRILHO DA SERRA DO CUME COM A VERDURA BEIJA A CIDADE TRANSMITE O MAIS BELO PERFUME A QUEM VEIO MATAR A SAUDADE. A BONITA RUA DE JESUS ESTÁ ALEGRE E MUITO FELIZ AO SENTIR O CALOR E A LUZ DE QUEM BEIJA A SUA RAIZ. A MATRIZ DE SANTA CRUZ ABENÇOA TODOS POR IGUAL OS QUE ESTÃO NA RUA DE JESUS E VISITAM A SUA TERRA NATAL. A IGREJA DE SANTO CRISTO ESTÁ TODA EMBELEZADA SANTO CRISTO A OLHAR PARA ISTO DE MÃO ESTENDIDA E ABENÇOADA. DESCEM A RUA DE JESUS CAMINHAM ATÉ AO AZUL MAR QUE OS RESPLANDECE COM UMA LUZ SOBRE AS ONDAS E O LUAR. PISAM A LINDA FINA AREIA DESCALSO

COM SAPATOS NA MÃO SENTEM O SANGUE QUENTE NA VEIA QUE AQUECE O SEU CORAÇÃO. OS PÉS BEIJAM A FRESCA ESPUMA DA FRESCA E TÃO PURA MARÉ. SABOREIAM GOTA UMA A UMA COM O POTENCIAL DA SUA FÉ. OLHAM A SERRA DO FACHO CHEIRAM O PERFUME DA FAIA NOSSA SENHORA A OLHAR PARA BAIXO ABENÇOA QUEM VISITA A SUA PRAIA. A PRAIA ESTÁ TODA ENGALANADA COM LUZ, COLCHAS, CARINHO E FADO BONITA COMO UMA NAMORADA QUE ESPERA PELO SEU NAMORADO. PRAIA DE PESSOAS HONESTAS DE COROAÇÕES E DE BODOS PREPARA UMAS BONITAS FESTAS PARA O SABOR DE TODOS. RECEBE NOVOS E VELHINHOS POETAS DE GRANDE TRAPÉZIO E BEJA COM A POESIA DE CARNHOS DO EXÍMIO VITORINO NEMÉSIO. PRAIA DA VIOLA DE 15 CORDAS VIOLA DA TERRA DE MELODIAS E O ARPEJO DO VIOLÃO RECORDAS NO TEU PEITO AS MAIORES ALEGRIAS PARA QUEM VISITA OS SEUS LAÇOS COM MUITAS SAUDADES E DESEJOS OFEREÇE MAIS DE MIL ABRAÇOS

FICHA TÉCNICA: COORDENAÇÃO: Carla Félix COLABORADORES: Carla Félix; Fernando Mendonça; Leonel Purple; Paulo Jorge Ávila PAGINAÇÃO: FS/JP. PUB

MIL CARINHOS E MIL BEIJOS. O CORAÇÃO MUITO PALPITA MAS SOFRE E NUNCA DESMAIA A PRAIA ESTÁ MUITA BONITA COMO O RODADO DE UMA SAIA PARA RECEBER QUEM A VISITA E SABOREIA O PERFUME DA FAIA DE QUEM DISTANTE HABITA NO CORAÇÃO DA SUA LINDA PRAIA. Paulo Jorge Ávila

O Eu! Amo!... Sou um poeta Da terra e do mar! Amante da vida E do verbo do amar! Amo! A terra que piso O mar que me rodeia! Da vida! O sorriso… Sempre que de alma cheia! Eu! Nesta concha nasci Algumas árvores plantei Meus poemas escrevi E filhos com quem casei! Amo! Este pedaço de chão Onde a lava sempre Quente… Fortalece o coração E a alma da sua gente! Fernando Mendonça

Mar Este mar de revolta Que entra e recorta a alma Explodindo em euforia Inibe a essência Do ilhéu fechado Na concha do sentir Este mar que enche Rebenta e dorme Pulsando dentro no peito Na ausência do olhar Este mar que canta O encanto de criança Beijo de carícia Regaço de poema Da mulher de alma salgada Carla Félix


JP | INFORMAÇÃO

2018.10.19

| 15

MISSAS DOMINICAIS NO CONCELHO

SÁBADOS

FUTSAL

NACIONAL DA II DIVISÃO SÉRIE AÇORES

1.ª JORNADA | 20.10.2018 Ladeira Grande

-

Santa Clara

Santa Barbara

-

Cedrense

SC Barbarense

-

Casa da Ribeira

SC Lusitânia

-

Posto Santo

FUTEBOL

CAMPEONATO DE PORTUGAL SÉRIE “D”

15:30 - Lajes; 16:00 - Fontinhas (1) ; 16:30 - Casa da Ribeira; 17:00 - Cabo da Praia; 17:30 - Matriz Sta. Cruz; 17:30 - Vila Nova; 18:00 - Fontinhas (2); 18:00 - São Brás; 18:00 - Porto Martins; 18:00 - Sta Luzia, BNS Fátima; 18:00 Quatro Ribeiras; 19:00 - Lajes; 19:00 - Agualva; 19:00 - Santa Rita; 19:00 - Fonte do Bastardo; 19:30 - Biscoitos, IC Maria (3); 19:30 - Biscoitos - São Pedro (4)

HOJE (19/10) Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

SEXTA (19/10)

SÁBADO (20/10)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

DOMINGO (21/10)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

SEGUNDA (22/10)

Enquanto há catequese; (2) Quando não há catequese; (3) 1.º e 2.º sábados; (4) 3.º e 4.º sábados

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

DOMINGOS

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

(1)

TERÇA (23/10)

9.ª JORNADA | 28.10.2018 Pinhalnovense

-

Real

Olímpico Montijo

-

Moura

Oriental

-

Olhanense

Armacenenses

-

Sp. Ideal

Angrense

-

Amora FC

VG Vidigueira

-

1º Dezembro

SC Praiense

-

Louletano

Ferreiras

-

Casa Pia

Sacavenense

-

Redondense

CAMPEONATO DOS AÇORES

4.ª JORNADA | 27/28.10.2018 Graciosa FC

-

CD Rabo Peixe

Guadalupe

-

Marítimo GRA

Operário Lagoa

-

GD Fontinhas

Águia CD

-

Vitória do Pico

SC Lusitânia

-

Cedrense

VOLEIBOL

NACIONAL DA II DIVISÃO ZONA AÇORES Seniores Masculinos

5.ª JORNADA | 26/27.10.2018 ADRE Praiense

-

Angústias AC

CDE Topo

-

FC Calheta

AA Alunos

-

CD Marienses

6.ª JORNADA | 27/28.10.2018 ADRE Praiense

-

Angústias AC

CDE Topo

-

FC Calheta

AA Alunos

-

CD Marienses

Seniores Femininos

3.ª JORNADA | 20.10.2018 AJF Bastardo

-

FC Calheta

Sant Cruz SC

-

Clube K "B"

CDE Topo

-

ADRE Praiense

4.ª JORNADA | 21.10.2018 AJF Bastardo

-

FC Calheta

Sant Cruz SC

-

Clube K "B"

CDE Topo

-

ADRE Praiense

08:30 - São Brás; 09:00 - Vila Nova, ENS Ajuda; 10:00 - Lajes, Ermida Cabouco; 10:00 - Cabo da Praia (1); 10:00 - Biscoitos, S Pedro; 10:30 - Agualva; 10:30 Casa Ribeira (1); 10:30 - Santa Rita 11:00 - Lajes; 11:00 - São Brás; 11:00 - Cabo da Praia (2); 11:00 - Porto Martins; 11:00 - Casa da Ribeira (2); 11:00 - Biscoitos, IC Maria; 12:00 - Vila Nova; 12:00 - Fontinhas; 12:00 - Matriz Sta. Cruz (1); 12:00 - Quatro Ribeiras; 12:00 - Sta Luzia; 12:15 - Fonte Bastardo; 12:30 - Matriz Sta. Cruz (2); 13:00 - Lajes, ES Santiago; 19:00 - Lajes; 19:00 - Matriz Sta. Cruz (3); 20:00 - Matriz Sta. Cruz (4))

QUARTA (24/10)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814 CINEMA EM GUERRA POR AMOR 11.ª FESTA DO CINEMA ITALIANO Local: Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo Hora: 21H00 Classificação: M/12

QUINTA (25/10)

SÁBADO (20/10)

SÁBADO (27/10)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

DOMINGO (28/10)

Missas com coroação; (2) Missas sem coroação; (3) De outubro a junho; (4) De julho a setembro

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

SEGUNDA (29/10)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

TERÇA (30/10)

PRAIA OUTONO VIVO

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

QUARTA (31/10)

26.10 A 11.11

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

FESTA DE CULTURA NEMÉSIO

SEXTA (26/10)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

(1)

NA CIDADE DE

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

QUINTA (01/11) CINEMA SICILIAN GHOST STORY 11.ª FESTA DO CINEMA ITALIANO Local: Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo Hora: 18H30 Classificação: M/12

DOMINGO (21/10)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

BISCOITOS Posto da Misericórdia ( 295 908 315 SEG a SEX: 09:00-13:00 / 13:00-18:00 SÁB: 09:00-12:00 / 13:00-17:00

VILA DAS LAJES

CINEMA 11.ª FESTA DO CINEMA ITALIANO

Farmácia Andrade Rua Dr. Adriano Paim, 142-A ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-18:30 SÁB: 09:00-12:30

Hora: 16H00 RAFFAELLO O PRÍNCIPE DAS ARTES Hora: 18H30 NUOVO CINEMA PARADISO

VILA NOVA Farmácia Andrade

Hora: 21H00 A RAPARIGA NO NEVOEIRO

ASSINATURA ANUAL 15,00 EUR

assinaturas@jornaldapraia.com

Caminho Abrigada ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-12:00 / 16:00-18:00

Local: Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo Classificação: M/12 - Todas as películas

Farmácias de serviço na cidade da Praia da Vitória, atualizadas diáriamente, em: www.jornaldapraia.com


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