Jornal da Praia | 0527 | 24.08.2018

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QUINZENA

24.08 A 06.09.2018 Diretor: Sebastião Lima Diretor-Adjunto: Francisco Ferreira

Nº: 527 | Ano: XXXVI | 2018.08.24 | € 1,00

QUINZENÁRIO ILHÉU - RUA CIDADE DE ARTESIA - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA - ILHA TERCEIRA - AÇORES

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FÁBIO MAGALHÃES

“SEI O HOMEM QUE SOU E O PAI QUE SOU” DESTAQUE | P. 8, 9 E 10

MULTINACIONAL DE COSMÉTICA COM LOJA NA PRAIA ECONOMIA/MODA | P. 5

CÂMARA

QUER PRESERVAR AREAIS NO CONCELHO | P. 3

CARLOS CÉSAR VISITA SANTA CASA DA PRAIA 156.º ANIVERSÁRIO

LAR D. PEDRO V FOTORREPORTAGEM | P. 11 PUB

SOCIEDADE | P. 7


JP | CANTO DO TEREZINHA

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LIMPANDO E PRESERVANDO!

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LÁ FORA, CÁ DENTRO!

O repórter do Canto do Terezinha autor desta fotografia, enquanto a fotografava, escutou o seguinte diálogo entre dois casais sentados na esplanada pelas suas costas. Dizia uma das senhoras, “li algures que os açorianos elegem terras com praia e sol como destinos favoritos de férias”. “A sério? Mas para onde é que eles vão? É que disso, aqui na Praia da Vitória, temos à fartazana”, retorquiu o marido da outra senhora. “Algarve, ilhas Canárias e Baleares”, informou a senhora num ápice. Uma residente na Praia da Vitória estava a elogiar o Sr. “Por acaso, até acho bem. Viajar, sim, mas sem grandes choques culJosé Nunes, conhecido por “Trovão”, por deixar a sua tra- turais. Portugal - okay, continental - e arquipélagos vulcânicos do Atlânvessa sempre muito asseada, além de a encantar com seu tico. Gente discreta. Vou fazer como os meus conterrâneos mas sem magnifico assobio de canário ou rouxinol. gastar tanto dinheiro em passagens. Este ano, vou ir passar férias à ilha de São Jorge ou assim. Ou, quem sabe, ficarei por aqui mesmo nesta Respondeu o Zé, na sua voz de verdadeiro “trovão”: bela Praia da Vitória... “, projetou o cavalheiro. “Minha senhora, queira desculpar-me por não recolher to- CT não sabe qual o destino final de férias de ambos os casais, mas é das as beatas. Mas sabe, o senhor Padre pediu-me para dei- com satisfação que regista que há gente que encontra cá dentro o que xar algumas de parte porque precisava delas para encher a outros procuram lá fora. Matriz, pelo menos na missa do Domingo”.

ANCORAR AO SABOR DA TAXA No recém reaberto miradouro António Jacinto Ázera, enquanto miravam a bela baía da Praia da Vitória à sua frente, um simpático casal de velejadores, ele com sotaque britânico e ela francês, faziam contas à vida. – Françoise, lamento, mas julgo que nos vamos mudar para as Canárias ou assim... – Porquê, Peter? Estamos tão bem, aqui. E nem pagamos impostos vai mais de 10 anos... – Impostos não pagamos, é verdade. Mas

agora, cortaram-nos os privilégios de residentes estrangeiros e se quisermos manter o veleiro aqui, vamos pagar a renda anual tal como os locais. É simplesmente inadmissível!

Vamos, mas é ser clandestinos e pronto! Até parece que está na moda. Cerveja nunca nos vai faltar, sossega.

– Inadmissível porquê? Nas Canárias vamos pagar impostos e a cerveja até é mais cara lá, parece. – Darling, vamos lá alguma vez pagar impostos em Espanha? Também já não pagávamos no Reino Unido ou já te esqueceste que foi por isso que refugiámo-nos aqui. Desta vez, nada de estatuto de residentes.

FICHA TÉCNICA PROPRIETÁRIO: Grupo de Amigos da Praia (Associação Cultural sem fins lucrativos NIF: 512014914), Fundado em 26 de Março de 1982 REGISTO NO ICS: 108635 FUNDAÇÃO: 29 de Abríl de 1982 ENDEREÇO POSTAL: Rua Cidade de Artesia, Santa Cruz, Apartado 45 - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA, Ilha Terceira - Açores - Portugal TEL: 295 704 888 DIRETOR: Sebastião Lima (diretor@jornaldapraia.com) DIRETOR ADJUNTO: Francisco Jorge Ferreira ANTIGOS DIRETORES: João Ornelas do Rêgo; Paulina Oliveira; Cota Moniz CHEFE DE REDAÇÃO: Sebastião Lima COORDENADOR DE EDIÇÃO: Francisco Soares, CO-1656 (editor@jornaldapraia.com) REDAÇÃO/EDIÇÃO: Grupo de Amigos da Praia (noticias@jornaldapraia.com; desporto@jornaldapraia.com); Elvira Mendes; Rui Sousa JP - ONLINE: Francisco Soares (multimedia@jornaldapraia.com) COLABORADORES: António Neves Leal; Aurélio Pamplona; Emanuel Areias; Francisco Miguel Nogueira; Francisco Silveirinha; José H. S. Brito; José Ventura; Nuno Silveira; Rodrigo Pereira PAGINAÇÃO: Francisco Soares DESENHO NO CABEÇALHO: Ramiro Botelho ADMINISTRAÇÃO José Miguel Silva (administracao@jornaldapraia.com) SECRETARIADO E PUBLICIDADE: Eulália Leal (publicidade@jornaldapraia.com) LOGÍSTICA: Jorge Borba IMPRESSÃO: Funchalense - Empresa Gráfica, S.A. - Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, 50 Morelena - 2715-029 PÊRO PINHEIRO ASSINATURAS: 15,00 EUR / Ano - Taxa Paga - Praia da Vitória - Região Autónoma dos Açores TIRAGEM POR EDIÇÃO: 1 500 Exemplares DEPÓSITO LEGAL: DL N.º 403003/15 ESTATUTO EDITORIAL: Disponível na internet em www.jornaldapraia.com NOTA EDITORIAL: As opiniões expressas em artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do jornal e do seu diretor.

Taxa Paga – AVENÇA Publicações periódicas Praia da Vitória


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NO CONCELHO | JP

AREAL DA PRAIA ALVO DE CANDIDATURA EUROPEIA TENDO EM VISTA A SUA SUSTENTABILIDADE

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o próximo mês de setembro a Câmara Municipal da Praia da Vitória irá avançar com uma nova candidatura ao programa europeu LIFE, no sentido de preservar os areais da cidade. O anúncio foi feito por Tibério Dinis, presidente da autarquia praiense, no âmbito do discurso oficial de abertura das Festas da Praia 2018, que ocorreu a 04 de agosto, na Praça Francisco Ornelas da Câmara. PUB

Depois de informar que “até ao final do ano vai iniciar-se a obra de prolongamento pedonal da Avenida Marginal até à praia da Riviera”, Tibério Dinis acrescentou: “já no início de setembro, vai avançar uma nova candidatura ao programa LIFE”, visando “a sustentabilidade dos nossos areais, que têm vindo a sofrer um grande desgaste ao longo de décadas e se não tivermos o cuidado de os preservar corremos o risco de

os nossos filhos não terem o prazer de desfrutar deles”. Efetivamente o imponente areal que desde sempre caracterizou a Praia da Vitória originando-lhe a denominação, ao longo das últimas décadas têm vindo a perder-se, fruto da intervenção humana, levada a cabo pelos poderes políticos de âmbito regional e local. O anúncio foi recebido entre os muitos populares que se encontravam na praça Francisco Ornelas da Câmara com particular satisfação, sobretudo pelos praienses grisalhos que recordando a praia da sua meninice não se conformam com uma praia a mingar numa cidade que só em agosta deixa de definhar. “Oxalá seja aprovado! Este rapaz

tem visão e ao invés de outros já percebeu que na Praia quer-se praia”, afirmou Leandro Toste num alegro sorriso ao JP. “Vamos a ver no que isso dá. Gostava que os meus netos vissem a praia dos meus tempos de criança, um extenso, abundante e limpo areal, mas acho que depois destas megalomanias todas é correr contra o prejuízo”, receou Manuel Gonçalves, com expressão de São Tomé. O programa LIFE é o instrumento financeiro da União Europeia que apoia projetos de conservação ambiental e da natureza. Instituído em 1992, o programa já cofinanciou mais de 4.500 projetos em todo o espaço da União relativo a projetos de proteção e sustentabilidade ambiental. JP•

REPENSAR AS FESTAS DA PRAIA

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pesar do sombrio verde da marcha oficial, a 04 de agosto, a Praia da Vitória brilhou “ao sabor da dança” num espetáculo de ritmos que seguramente afirmar-se-á com um dos momentos mais carismática da edição deste ano das maiores festas do concelho praiense. Com uma moldura humana inferior à habitual, o público lá dançou ao ritmo do tango, do flamenco e do samba, terminando com todo o glamour da “Boradway” a que ninguém ficou indiferente, num desfile que mais que um cortejo, foi um autêntico espetáculo, com os três carros a funcionarem como verdadeiros palcos e os dançarinos a descerem à carpete vermelha para junto do povo dançar. E “ao sabor da dança”, lá continuou a Praia no domingo, com o desfile de sete Escolas de Dança de Salão da ilha Terceira. Miúdos e graúdos presentearam os presentes com os sons e os ritmos do Samba, Cha Cha Cha, Pasodoble, Jive e Rumba. No dia seguinte, segunda-feira, voltaram os sons ao centro da cidade, desta feita, ao ritmo dos motores dos carros clássicos e dos motards. A dança voltou à principal artéria da cidade de Nemésio, na terça-feira, com o desfile de seis grupos folclóricos. Continuou na quarta-feira, com o desfile de 9 marchas do concelho da Praia e a oficial das Sanjoaninas 2018, a dançar São João no mês de agosto. Destoou a oficial das festas. A quinta-feira, 09 de agosto, fez-se de filarmonia, com desfile de 19 bandas filarmónicas, ordenadas da mais jovem para a mais antiga. A sexta-feira, foi dedicada aos mais novos, com o famoso cortejo infantil,

este ano, constituído por três carros e cerca de 4 dezenas de figurantes. A abrir, um carro a evocar o filme “Os Vingadores: Lego”, seguindo-se uma história mais infantil e carinhosa: “A Masha e o Urso”. O terceira e último carro, trazia-nos a famosíssima “Patrulha Pata”. Foi uma noite repleta de animação e diversão para a muita pequenada presente, embora, registe-se, em anos anteriores o número tenha sido mais elevado. No penúltimo dia das festas não houve desfile. Atuaram no palco “Tradicões” o “Fado Alado” e no palco “Marina” os “Queen – Pactis & Osit”. Última noite incaracterística nas Festas da Praia, com o espaço “Music Resort” a prolongar-se para além das 00:00, devido à reposição do concerto agendado para a segunda-feira com a artista “Blaya”, que por indisponibilidade de passagens aéreas acabou adiado. Desfilou cidade abaixo, como vem sendo hábito nos últimos anos, os grupos folclóricos participantes no festival internacional “Folk Azores”. À meia noite, deu-se o encerramento das festas com lançamento de “Skylanterns” e fogo de artifício. As Festas da Praia no mês de agosto e com um figurino próximo do atual realizaram-se pela primeira vez em 1991. Para o próximo ano as Festas da Praia assinalam a 25.ª edição, num modelo que primou por imensas inovações que lhe granjearam enorme sucesso, mas que segundo os populares apresenta-se esgotado. Se é verdade que seria ótimo que a dinâmica desta 1.ª semana de agosto se replicasse pelos restantes meses do ano e, como diz a letra da marcha oficial, a Praia para dançar bem “é no mês de agosto”, o futuro das Festas da Praia passa por repensar para que possa dançar melhor. JP•


JP | EFEMÉRIDE

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FRANCISCO ROGÉRIO DA COSTA HISTORIADOR: FRANCISCO MIGUEL NOGUEIRIA

O seu poder de incentivar e inflamar a população em termos religiosos levou a que se tornasse o primeiro orador sagrado açoriano, sendo ouvido em muitos dos púlpitos das Igrejas e Ermidas da Ilha Terceira, assim como em outras ilhas açorianas.

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á exatos 132 anos, a 28 de agosto de 1886, morria o terceirense Francisco Rogério da Costa, pregador régio, orador sacro e cónego honorário da Sé Catedral, foi vigário da paróquia da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Angra do Heroísmo. O Padre Francisco Rogério da Costa nasceu em Angra provavelmente a 5 de setembro de 1822. Pouco ou nada se sabe da sua infância e juventude, contudo quando se tornou padre, ficou conhecido pelos seus dotes de oratória, tornando-se professor em temas teológicos. O seu poder de incentivar e inflamar a população em termos religiosos levou a que se tornasse o primeiro orador sagrado açoriano, sendo ouvido em muitos dos púlpitos das Igrejas e Ermidas da Ilha Terceira, assim como em outras ilhas açorianas. Depois de uma passagem pela Graciosa, em 1856, o Padre Francisco Rogério da Costa tornou-se vigário da Igreja de Nossa Senhora da Conceição. A 1 de novembro de 1858, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição recebeu a visita do Infante D. Luís, irmão do então rei D. Pedro V, o Esperançoso. Apenas 3 anos depois, em 1861, o Infante D. Luís tornava-se Rei de Portugal. Durante a visita do ainda Infante, o Padre Francisco Rogério da Costa procurou que se mostrasse a grandiosidade das festividaPUB

des locais. Foi com ele que se criou as festividades da Primeira Comunhão, assim como de Nossa Senhora de La Salette, que rapidamente chegaram a outras ilhas. A 31 de maio de 1862, Francisco Rogério da Costa criou a Arquiconfraria do Coração de Maria na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, ou seja, tornou-se o primeiro padre a estabelecer o culto do Mês de Maria nos Açores, devoção que atingiu todo o arquipélago açoriano. Foi feito cavaleiro da Ordem de Cristo, da Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo (Brasil) e de Nossa Senhora da Conceição. Tornou-se Pregador Régio. O Padre Francisco Rogério da Costa foi também um homem da Cultura e da Escrita, tendo trabalhado para vários jornais angrenses. Entre 1866 e 1869 escreveu no periódico A Trombeta Açoriana, já entre 1876 e 1886 esteve n’O Católico. Muito mais deixou escrito mas quase todo este trabalho continua por estudar e publicar. Trabalho que esperemos que seja feito logo que se possa, para não se perder a memória deste ilustre açoriano. A 2 de junho de 1867, o Padre Francisco Rogério da Costa organizou uma grande procissão na sua paróquia de Nossa Senhora da Conceição para acalmar o medo da população com a crescente atividade sísmica ao largo da Serreta desde 1866, mas que ganhava novos registos vulcânicos em maio/junho de 1867. Segundo a tradição, a 31 de maio de 1867, realizou-se, na Serreta, a Procissão dos Abalos, na qual foram transportadas as coroas do Divino Espírito Santo dos Altares até à freguesia vizinha do Raminho, juntando-se as coroas de ambas as localidades. Uma procissão idêntica foi organiza-

da na freguesia das Doze Ribeiras e na Serreta, encontrando-se ambos os cortejos em direção ao Cabo do Raminho, onde se organizou uma missa campal, no local onde hoje foi erguido um cruzeiro a assinalar o evento. A 1 de junho deu-se novo tremor de terra, mas este mais violento, durante o qual ficou destruído vários muros e muitos dos edifícios que ainda não tinham caído ao longo do ano de atividade sísmica. Daí se percebe o medo da população e daí ter-se organizado a procissão do Padre Francisco Rogério da Costa em Angra do Heroísmo para acalmar os locais e sossegá-los, que estavam protegidos por Deus. O Padre Francisco Rogério da Costa morreu 21 anos depois, a 28 de agosto de 1886, pobre, depois de ter

dado todos os seus bens para os que mais necessitavam. Uma placa em sua memória encontra-se na Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Atualmente a História de Francisco Rogério da Costa é conhecida por alguns. Devemos incentivar para que a sua vida deixe de estar apenas no memorial da Igreja da Conceição e passe para a memória de todos os terceirenses. São os feitos destes grandes homens, que não tiveram medo de lutar pelo que acreditaram, que devemos olhar e aprender com eles. É na crise que se encontra soluções para os problemas tal como fizeram muitos dos nossos antepassados, é tempo de fazermos o mesmo e continuarmos a ajudar a Terceira a crescer e a evoluir.


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ECONOMIA/MODA | JP

NO CORAÇÃO DA PRAIA DA VITÓRIA

“>ITSTYLE”: CONCEITUADO TEMPLO DE BELEZA Por iniciatica de Ana Canto, multinacional italiana na área da cosmética abre portas na Praia da Vitória.

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boutique “>itStyle – Make Up & Fun Store” - já abriu há mais de seis meses na rua Dr. Alexandre Ramos, a escassos metros das traseiras do Auditório do Ramo Grande. Trata-se de uma loja de cosmética com um conceito diferente, pois só se dedica a maquilhagem. JP foi conhecer o espaço e a sua jovem proprietária, Ana Canto, 35 anos, que após uma já longa carreira na área, resolveu tornar-se empresária em nome individual. Entramos num espaço despojado, mas muito requintado. Todo preto e branco. Poderíamos estar em Nova Iorque, Paris, Londres ou Berlim, mas estamos na Praia da Vitória. Acolhe-nos uma jovem sorridente e de classe. Praiense de gema, a jovem empresária trabalhou na área da cosmética durante muitos anos, essencialmente em Angra do Heroísmo, sendo até gerente de uma loja, mas sempre com a ideia de regressar a sua cidade de origem. O sentido do negócio corre-lhe nas veias, sendo neta de comerciantes praienses dos dois lados da família. “Perdeu-se a veia comerciante na segunda geração, explica-nos com uma gargalhada franca, mas a terceira geração está a retomar as rédeas!” «Quando a montanha não vai a Maomé, Maomé vai à montanha». E assim pensou Ana Canto, pesquisando na internet e testando pacientemente produtos de beleza na sua própria pessoa antes de escolher a “>itStyle”, uma cadeia italiaPUB

ANA CANTO é maquilhadora profissional e na “<itStyle” não só vende como aconselha, num espaço cujo requinte nos transporta para Paris ou Nova Iorque. na já muito bem implementada à nível internacional. E não escolheu ao acaso, a relação qualidade/preço sendo muito importante em tempos de crise económica. Numa ilha sempre em festa onde todos gostam de andar “prezados”, essencialmente as senhoras, esse factor pereceu-lhe essencial. “O nosso lema é «Porque celebrar a beleza é divertido». A diversão deve ser acessível a todos!”, acrescenta.

“A nossa loja foi logo recebida com muito agrado pela clientela feminina. Não estamos aqui para fazer sombra as outras lojas de cosméticos. Tirei o curso de maquilhadora profissional, mas julgo que já existem excelentes profissionais da especialidade na ilha. Aqui, só explico aos nossos clientes como usar os produtos. Não é mais uma coisa que vai para o monte na casa de banho”, explica Ana Canto. “Além do mais, também vendemos produtos básicos para homens e

dispomos de maquilhagem para todas as peles, inclusivamente de tez negra.” A empresária aposta sobretudo no aconselhamento e até clientes sujeitas a alergias específicas podem testar os produtos durante 24 horas antes de os adquirir. Apesar da sofisticação da boutique, os preços são extremamente acessíveis. Contar 4,95 € para um batom, por exemplo, o produto mais caro da loja não chegando aos 20 €. Encontramos de tudo, até coisas muito elaboradas como corretores de tez, fixadores de maquilhagem e por aí adiante, assim como uma gama pequena, mas glamorosa de perfumes. Ana Canto detêm a exclusividade da “>itStyle” para os Açores. No entanto, recebe e entrega encomendas para todo o arquipélago através da página do Facebook. Interrogada sobre as suas expectativas futuras, declara: “Um passo de cada vez. Por enquanto, não me posso queixar. Na Praia da Vitória, não se passa um dia sem que entre pelo menos um cliente novo na loja. Gostaria de abrir um pequeno espaço em Angra do Heroísmo quando isso for possível. E adoraria implementar uma boutique na ilha do Pico, por exemplo, onde as pessoas também gostam de andar sempre prezadas”. Despediu-se de nós com o sorriso que a caracteriza. JP deseja um grande futuro a esta loja conceituada e inovadora, assim como à sua ambiciosa e bonita proprietária. Elvira Mendes•


JP | SAÚDE o Cantinho do Psicólogo 193

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o confrontar-se com a imagem que a fotografia acima apresenta qualquer terceirense é levado à conclusão de que se trata da cidade Aurélio Pamplona património mun(a.pamplona@sapo.pt) dial de Angra do Heroísmo, não obstante se poder levantar dúvidas se a paisagem se encontra nas devidas proporções. Também podia dizer que a imagem é linda, mas nunca que é única, visto que se a fotografia fosse tirada da serra da Praia da Vitória, ou mesmo da Serra do Cume qualquer pessoa ficaria também altamente impressionada com a beleza e encanto da paisagem retratada, não obstante também poder haver distorções.

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Vista de Angra base em coisas que podem ter acontecido uma vez, ou num determinado contexto (Kannis, Dymand & Carter, 2015), e que portanto não são gerais. Se o Zé faltou a uma prova, ou se alguém chega habitualmente atrasado ao emprego, isso não significa que se trate de um maluco, de um falhado ou bobo. Não podemos generalizar uma característica de uma pessoa num determinado contexto a todo o ser, ou a todas as situações. Acontece que esse alguém até se pode comportar mal numa situação, mas isso não indica, por exemplo, que seja

reflectir-se quando dizemos ou fazemos algo, visto que, como diz o ditado, «quem não quer ser lobo não lhe vista a pele», ou ainda, «quem não quer sofrer contrariedades não se meta em perigos». E são as contrariedades, e as sensações de perigo que aumentam o stress, e nos podem levar à ansiedade, ao medo, à fúria, ao isolamento e até à depressão. Veja-se o caso de alguém que quando foi estudar para Lisboa, os colegas, nomeadamente os do Porto descobriram que não gostava que lhe perguntassem se era “corisco”. E não gostava e afinava com isso mesmo,

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sua terra natal, aquela ilha do grupo central, onde existiu um cão de fila com características peculiares, que não só ajudava a conduzir os rebanhos, inclusive do gado bravo, como era bom na guarda e no ataque. A coisa tornou-se feia quando um dos colegas tomou a liberdade de, no Campo Militar de Santa Margarida lhe chamar, em tom de troça uma daquelas alcunhas dos Açorianos, o que o levou a ripostar à letra com um murro na cara, de que resultou todos os Continentais lhe caírem em cima a agredi-lo. A safa foi ter aparecido alguém responsável que acabou com a luta. E hoje o já não afina com provocações deste género. Quando se interage com alguém que se ama, irrita ou mesmo frustra, o objectivo que se recomenda não é o afastamento dos seus pensamentos e sentimentos, visto que isso é impossível, mas sim, como defende Chernoff & Chernoff (2017), ser capaz de mudar a resposta a estes, compreendendo-os em vez de os julgar, e aprendendo a lidar com os outros compassivamente, haja o que houver.

Na realidade, o que existe no mundo, a realidade, o que identificamos como verdadeiro é factual, visto ser uma construção de nós mesmos, neste caso do fotógrafo. Algo de semelhante se passa na nossa vida, que depende muito, senão totalmente, daquilo em que nos empenhamos, do que valorizamos, e de não nos deixarmos ir pelas esparrelas, armadilhas, contradições, as tais distorções. Por isso vamos a estas. Quinta – Rotulagem, que consiste na atribuição de traços negativos que englobam a pessoa completamente, esquecendo ou mesmo anulando, respectivamente, todos os caracteres ou aspectos positivos existentes. Quem rotula, habitualmente faz afirmações abrangentes, ou é capaz de chamar nomes aos outros ou até a si próprio, com

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Referências:

mentecapto no seu todo, ou em todas as situações. As generalizações de uma, ou de algumas situações a todas as outras acarretam, de forma geral, ignorância ou imprecisão, e devem-nos merecer o maior cuidado. Entretanto isto não quer dizer que individualmente não se justifique

tanto mais que era natural da Terceira, e não de S. Miguel, onde aquele epíteto é mais usado, e que traduz a ideia da pessoa ser safada, traquinas. Mas igualmente se zangava quando o tratavam por “rabo torto”, expressão que se atribuía sarcástica e humoristicamente aos habitantes da

Kannis-Dymand, L. & Carter, J. D. (2015). Como viver sem ansiedade: Um sistema simples para ultrapassar a ansiedade generalizada e a preocupação crónica. Lisboa: Editora Pergaminho. Chernoff, M & Chernoff, E. (2017). Salvado em 19 de Dec. de Fonte: Marc and Engell Hack Life. Tema: 40 Quotes for Coping with Things You Can’t Control. Website: www.marcandangel.com/2017/09/04/40-quotes-for-coping-with-things -you-can’t-control/. Foto: L. Pamplona•


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SOCIEDADE | JP

LAR D. PEDRO V: 156 ANOS

A CUIDAR DO “PRATRIMÓNIO VIVO” Instituição de referência nos Açores, o Lar D. Pedro V comemorou 156 anos ao serviço da comunidade.

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undado a 10 de agosto de 1862, sob a designação de “Asylo de Mendicidade D. Pedro”, o atual “Lar D. Pedro V”, designação que adotou em 1981, comemorou na sexta-feira que antecedeu o feriado municipal da Praia da Vitória que relembra a vitória liberal na batalha travada na sua baía em 1829, 156 anos de serviço à comunidade, com um vasto programa, este ano, subordinado à temática “o idoso é o património vivo”. Pelas 11 da manhã, decorreu no pátio da instituição uma missa comemorativa, celebrada pelo capelão, padre Abel Noia, na qual participaram não só os idosos institucionalizados, como familiares, funcionários, corpos dirigentes e representantes de várias instituições oficiais convidadas, ao que se seguiu os discursos próprios da ocasião. João Canedo, presidente da Direção, apresentou uma breve resenha do percurso da instituição nos últimos 18 anos, salientando as obras realizadas e a aposta no reforço da qualidade dos serviços prestados, nomeadamente através do processo de certificação iniciado em 2011 e que coloca o Lar D. Pedro V, hoje, como uma instituição de referência nos Açores na sua área de ação. “Os corpos sociais do Lar ao acreditarem que o mais importante para a Instituição é a qualidade de serviço prestados à nossa comunidade, iniciou em 2011 o caminho da certificação da ISO 9001, o que se concre-

tizou em dezembro de 2016, com a certificação da ISO 9001/2008 e em dezembro de 2017 a consolidação ao passarmos para a ISO 9001/2015”, referiu.

Mas como comemorar um aniversário de uma instituição é sobretudo projetar o seu futuro, João Canedo, apresentou aqueles que são os grandes projetos da direção que preside para os próximos 10 anos. Nesse sentido, anunciou a criação de uma nova equipa no apoio ao domicílio a iniciar funções já no próximo mês de setembro. O aumento em 10 camas na unidade de cuidados continuados e a intenção de incrementar em mais 20 camas a ERPI para fazer face a uma lista de espera atual de 120 pessoas. Por fim, mostrando disponibilidade para continuar a ser um parceiro ativo nas políticas sociais de âmbito regional e local, agradeceu a confiança do Governo dos Açores nos projetos a ele apresentado, a qual foi fundamental para o crescimento da instituição e para a relevância que a mesma assume na vida da comunidade.

LAR D. PEDRO V é a única IPPS com certificação de qualidade ISO 9001/2015 da Região Autónoma dos Açores.

Seguiu-se o almoço comemorativo, após o qual, decorreu uma palestra proferida pelo Dr. Vítor Nuno Anjos, psicólogo clínico e presidente fundador da Associação Portuguesa de Conversas de Psicologia, subordinada à temática “O idoso é o património vivo” – tema oficial das comemorações.

dizer ao JP em declarações à margem da palestra. Já “património”, acrescentou, “é um delegado, é uma herança que nós temos. Neste jogo de palavras, se acrescentarmos o termo vivo ao património, ao pesquisarmos no Google, em Portugal, a única referência que encontramos é de 2014 e refere-se a uma avaliação das grandes árvores. No entanto, do outro lado do Atlântico, no Brasil, no estado de Pernambuco, existe uma lei de 2004 que define como património vivo exatamente o idoso”, informou.

Vítor Nuno Anjos nesta dissertação propôs uma reflexão sobre dois temas: Idoso e Património Vivo. “O termo idoso é utilizado nos dias de hoje para designar o que anteriormente chamávamos ‘velhos’, ou seja, é pura semântica. Mas, curiosamente, nós mudamos a semântica, mas não mudamos os hábitos”, começou por

Desta diferença cultural centrada nos afetos e na forma de lidar com a velhice está o foco de um envelhecimento que se quer digno e não ativo como defendem muitos outros profissionais. “Este envelhecimento faz-se com as pessoas que nos são próximas – a família, os amigos – e decorrente dessa proximidade de-

vemos ter em conta que os nossos amigos mais velhos são detentores de conhecimento, de sabedoria e, portanto, podemos estar sempre a aprender com eles”, sustentou. “O envelhecimento digno faz-se com uma forte ligação multigeracional, rica em afetos que estimula cognitivamente a pessoa mais velha, porque a faz sentir parte do todo, ao contribuir com a sua experiência de vida para a formação dos mais novos. Mas o que é que fazemos? – Colocamo-los num lar e muitas vezes não os visitamos, no fundo, depositamo-los num lar. Felizmente, não é o que acontece aqui”, concluiu. O dia festivo culminou com a atuação do grupo de folclore da Vila Nova, que se seguiu ao lance convívio, onde se parabenizou a instituição e degustou-se o bolo evocativo da efeméride. JP•

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TALHO BORBA & MENDES


JP | DESTAQUE

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FÁBIO MAGALHÃES, CAPINHA DAS TOURADAS À CORDA

SONHA PARTICIPAR NUM FESTIVAL É um objetivo difícil, mas “somos livres de sonhar”, diz Fábio Magalhães, numa expressão sincera, a mesma, em que se apresenta arrependido de uma atitude irrefletida provocada por um “enorme amor”.

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atural da freguesia de Santa Cruz do concelho da Praia da Vitória, onde nasceu há 33 anos, Fábio Magalhães é um afamado capinha das tradicionais touradas à corda da ilha Terceira, tendo representado os Açores, no passado mês de junho, no Festival Internacional de Recortadores, em Vila Franca de Xira, naquela que foi a primeira presença de um capinha de rua num evento desta envergadura. Nesta entrevista, revelamos uma criança que começou por sonhar com os relvados e conversamos com um homem convicto dos seus valores, com um pai afectuoso dos seus de três filhos, dois dos quais biológicos, e com o capinha que ambiciona pisar uma arena espanhola num festival internacional de recortadores. Jornal da Praia (JP) – Como nasceu esta paixão pelos touros em geral e pelas touradas à corda em particular? Fábio Magalhães (FM) – Apesar de ser filho de um conhecido capinha, muito sinceramente em criança não estava nada virada para o mundo da tauromaquia, mas sim, para o futebol que era na altura a minha grande paixão. Desde cedo, integrei os escalões de formação do Praiense e fiz todo aquele percurso até chegar ao escalão sénior. As touradas surgem quando ingresso no mundo do trabalho depois de abandonar a escola. Comecei a trabalhar inicialmente como lavador de carros num stand automóvel e quatro meses depois fui trabalhar para uma empresa de consPUB

trução civil onde hoje ainda trabalho. Depois do trabalho combinávamos ir às touradas e lá íamos todos juntos, embora o meu pai não fosse lá muito de acordo, porque efetivamente os touros é uma coisa que não deixa de ser perigosa. Quando sabia que por motivos profissionais o meu pai não podia ir às touradas comecei a aproximar-me um pouco mais do touro, sem, no entanto, o chamar de frente. Se o touro estava no meio do caminho, eu passava lateralmente a correr junto à parede e assim fui fazendo até que as pessoas começaram a comentar e chega aos ouvidos do meu pai, que me confronta com a situação. Foi de certo modo assim e aos poucos, que comecei a lidar com os touros e começo a desenvolver esta enorme paixão que hoje juntamento com outras faz parte da minha vida. JP – Quando e como descobriu o seu talento para capinha? FM – Foi por volta do ano de 2005, pois é nesta altura que começo a chamar os touros mesmo a sério. Em 2003/2004, se a memória não me falha, na “Feira do Cavalo” que se realizava na Vinha Brava, o meu pai vence o prémio de melhor capinha e na feira seguinte, 2004/2005, sou eu a vencer este prémio. Encorajado por esta distinção agarro a sério a função de capinha. JP – Qual a importância do capinha na tourada à corda? FM – A meu ver, o capinha é uma das peças chave da tourada à corda. O touro e o capinha são os elementos

FÁBIO MAGALHÃES diz que sem a figura do capinha as touradas à cord do animal e com isso “faz acontecer o espetáculo”. mais importantes de qualquer tourada à corda. Sem capinhas, as touradas não têm qualquer piada, porque ou o touro está parado no arraial ou está a correr para baixo e para cima, sem qualquer outro atrativo. Com o touro parado no arraial ou a correr para baixo ou para cima, não é possível aferir a bravura do animal. O capinha ao chamar o touro é que testa esta bravura e com isso faz acontecer o espetáculo.

JP – Quais os requisitos para se ser um bom capinha? FM – É fundamental ser-se inteligente para recolher as características corretas do animal e assim disfrutar dele. Não basta colocar-se à frente do touro e dar passos. Pessoalmente, quando vou a uma tourada, alguns touros já conheço de arraiais anteriores e outros são novidade. Os que não conheço, a primeira coisa


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DESTAQUE | JP

L DE RECORTADORES EM ESPANHA tita, natural de Vila Franca de Xira e uma ilustre figura da tauromaquia nacional e internacional. O convite surgiu o ano passado, mas infelizmente, fiz uma entorse no pé e não consegui estar presente, pelo que o mesmo estendeu-se para este ano. Embora como capinha acalento o sonho de participar num evento desta natureza em Espanha, o que é muito mais difícil – mas somos livres de sonhar – a verdade é que não estava mesmo nada à espera e sentiu-me imensamente honrado. Foi com muito gosto que participei num evento que reúne recortadores muito importantes quer de Portugal quer de Espanha. Havia um grupo de miúdos de Vila Franca muito talentosos e habituados àquele toureio, a meu ver autênticos profissionais, enquanto eu como capinha de rua, não me considero um recortador…

da “não tem qualquer piada”, porque é o capinha que testa a bravura que faço é observar as suas características, a forma como ele sai, a forma como ele está em pleno arraial, a maneira como investe, verificar se é ou não distraído... JP – Distraído? Sim, é aquele touro que investindo uma primeira vez à capa ou ao guarda-sol, depois ignora o capinha. A esse touro chamamos distraído. Já o touro bravo é aquele que investe determinado a apanhar o capinha e faz nessa perspetiva uma investida franca. Concluindo a resposta anterior, é essencial perceber todas as caractePUB

rísticas para se disfrutar do touro e fazer uma boa lide. JP – O Fábio é considerado pelos aficionados um dos mais talentosos capinhas da atualidade. Por isso mesmo, foi convidado para participar no festival internacional de recortadores de Vila Franca de Xira que decorreu no passado mês de junho. Como foi esta experiência de estar entre os melhores do mundo? FM – Foi um convite completamente inesperado que me foi endereçado por um grande amigo, Ricardo Ca-

JP – Por falar nisso. Qual a diferença entre um capinha de rua e um recortador? FM – São conceitos completamente diferentes, em espaços diferentes e com perigos também muito diferentes. Confesso que fui com um certo receio, porque trata-se de enfrentar touros em pontas livres, sem os pitons, enquanto cá isso não acontece. Também cá nós temos a corda, que de alguma forma poderá nos proteger ao ser puxada em caso de queda, enquanto lá o touro está livre e por sua conta na arena. Note-se que aquelas que são as nossas dificuldades lá, e aqueles que poderão ser os nossos confortos cá, para eles poderá ser um enorme obstáculo, nomeadamente a corda, porque não estão habituados a lidar com ela. Também os espaços são variáveis, na arena chamamos o touro de frente e ou fazemos um cambio ou um recorte, nos arraiais isto nem sempre é possível, porque são todos diferentes entre si e por vezes o espaço é

estreito. Por fim, temos a presença do público nos muros que também chama os touros. Por exemplo: se eu estiver a pensar dar um cambio para a direita e nos muros estiver alguém a chamar o touro com uma capa ou guarda-sol, poderei vir a ser recolhido por via disso. JP – Como vê o futuro das touradas à corda na Terceira, nomeadamente na perspetiva de a transformar num cartaz turístico, num tempo em que são várias as associações a favor da extinção da tauromaquia em Portugal? FM –Entendo que o futuro das touradas à corda na ilha Terceira está totalmente garantido, porque se trata de uma tradição muito antiga, profundamente enraizada no povo terceirense e que abrange várias gerações. Basta ir a uma tourada e ver a quantidade de gente nova que lá está a par de gente com mais idade. Em termos de cartaz turísticos também penso que poderá ter um enorme potencial, se é que já não têm? Pois penso que muito do turismo que nos tem chegado também se deve à tradição das touradas à corda. É verdade que cá vem pela nossa paisagem, pela nossa gastronomia, mas também pelas nossas tradições e a tourada à corda é uma dessas tradições. Desenvolvi em conjunto com empresa J Aurora um trabalho de distribuição de panfletos escritos em português, inglês e espanhol que alertava precisamente os turistas nos cuidados a observar para poderem assistir às touradas à corda em segurança e, no final, estas pessoas dirigiam-se a mim não só para agradecer a informação transmitida, mas também para manifestar o seu agrado pelo espetáculo que acabavam de assistir. Gostava de frisar, que entendo que todos os empresários do setor do turismo deveriam abraçar (Continua na página seguinte)


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ENTREVISTA A FÁBIO MAGALHÃES (Conclusão da página anterior)

este tipo de iniciativa e proceder à divulgação desta informação. Quanto aos movimentos anti touradas, é um direito que lhes assiste, da mesma forma que assiste a todos os restantes – a maioria do povo português – serem a favor da festa taurina nas suas mais diversas manifestações. JP – Na sequência de ter dado um passo com o seu filho menor ao colo numa das touradas deste ano na Casa da Ribeira, o Fábio foi vítima de ferozes críticas, sobretudo na rede social facebook e também alvo de

denúncia pela plataforma “Basta de Touradas” à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Angra do Heroísmo. O que tem a dizer sobre este assunto? FM – Na verdade, já estou cansado de tanto falar deste assunto, pois este tem sido um tema recorrente nos últimos tempos. Digo de coração aberto que tratou-se de uma atitude irrefletida provocada por um lado, pelo enorme amor que tenho pelo meu filho e, por outro, por toda a adrenalina que sinto e paixão que tenho pela festa brava. O meu filho adora touros, e quando estamos em casa sentados no sofá a ver televisão,

lá está ele de capa na mão a brincar como se estivesse a tourear. Naquela tarde, no calor da afición e sabendo deste seu gosto pelas touradas, sem ponderar os reais perigos, fiz aquilo. É algo que não voltarei a repetir e só o fiz porque no momento infelizmente não ponderei que algo poderia correr mal, pois se o tivesse ponderado, aquele momento nunca teria acontecido. Nunca colocaria em risco a vida do meu próprio filho que tanto amo. Felizmente, apesar do meu erro, tudo correu bem e nada de mal aconteceu ao meu filho.

esta situação? FM – É sempre muito complicado ouvir e ler aquilo que li no facebook, mas na verdade, estou perfeitamente tranquilo porque sei o homem que sou e o pai que sou e, portanto, a opinião dos outros e aquilo que dizem a meu respeito é totalmente irrelevante. Tenho a plena consciência que não estive bem, errei, mas nós não vivemos num mundo perfeito e por vezes erramos e foi o que aconteceu. Estou aqui para dar a cara pelos meus erros e desafio os outros pais que erraram e erram a assumir a mesma atitude. JP•

JP – Como têm sido viver com toda

IRRESPONSABILIDADE, DE QUEM? “Muitas das pessoas que criticaram aquele pai, e o apelidaram de irresponsável, exageram ou não percebem nada, em relação a criar uma criança com amor”.

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o dia em que mais uma vez a inibição de touradas em Portugal foi chumbada na sede da democracia, instalou-se a polémica nas redes sociais com a divulgação de um vídeo, onde um pai com um filho menor ao colo, ludibriava as investida do bravo, com passos à capinha das tradicionais touradas da ilha Terceira. Multiplicaram-se as partilhas, os comentários e rapidamente a comunicação social nacional e internacional deu cobertura ao caso.

das no banco de trás e com dispositivo adequado conforme a idade, não é inédito cada um de nós verificar que isso nem sempre acontece, não obstante a fiscalização das autoridades. Entretanto, apesar dos progressos da psicologia, confrontamo-nos no dia-a-dia com pessoas que não ligam nada aos seus ensinamentos, no respeitante a moldar a atitude e o comportamento dos jovens, de forma a se criar um mundo cada vez mais saudável.

A “Plataforma Basta de Touradas”, que também publicou o vídeo na sua página do Facebook, o qual obteve mais de um milhar de comentários e outras tantas partilhas, pediu a intervenção das autoridades açorianas e apresentou formalmente uma queixa à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Angra do Heroísmo, pela irresponsabilidade de colocar uma criança em risco de vida, processo que corre os seus trâmites.

É fundamental que os pais se dediquem à família, e sejam capazes de estimular as crianças em ambiente emotivo e afectivo, sem as deixar ao abandono, sem o contacto humano e a partilha. Entretanto, maltratar uma criança até pode ser uma tarefa fácil, mas que deixa sempre consequências difíceis de neutralizar, no sentido de formar uma família bem estruturada.

Com este enquadramento e sabendo que se tratou de pai e filho, como testemunho do próprio na entrevista desta edição, pedimos ao ilustre psicólogo e colaborador deste periódico, Aurélio Pamplona, uma análise por escrito de toda esta situação, a qual, passamos a apresentar: “Apesar de até haver uma lei que obriga os pais de crianças com menos de 10 anos a serem transporta-

O que se apela é a criar e utilizar instrumentos positivos para contrariar o medo que pode acontecer no desenvolvimento duma criança. Um dos meios para conseguir-se isso é tranquilização, que consiste em dar confiança no mundo que a rodeia, e, portanto, incitá-la a explorar, a entrar em contacto com os outros, a comunicar, a fazer as coisas juntas. Também importante para desenvolver a confiança, é aumentar os inte-

resses com o brincar, e a actividade física. Igualmente encorajar as crianças a serem activas, visto que depois isso as torna capazes de fortalecer os músculos, as articulações e os ossos, o que é fundamental. Entretanto, a superprotecção das crianças traduz-se habitualmente em crianças incapazes de lidar com as situações. Muitas coisas se poderiam acrescentar quando se olha para o que aconteceu com um pai que se colocou em perigo frente a um toiro, com o seu próprio filho ao colo.

cientemente o capinha para o apelidar de irresponsável. Entretanto aquele acto de dar uns passos ao touro com a criança ao colo pode ser apelidado de acto irresponsável. Mas a coisa correu bem, e o que o pai mostrou foi amor, proximidade com a criança, partilha, unidade. Naturalmente que merece ser avisado para não repetir o acto, mas tudo o que for para além disso, é que é irresponsabilidade, é aproveitamento duma situação, para atingir objectivos que nada têm a ver com aquele acto.

Muitas das pessoas que criticaram aquele pai, e o apelidaram de irresponsável, exageram ou não percebem nada, em relação a criar uma criança com amor. Neste mundo, não há ninguém que não tenha feito algo de irresponsável. E um acto irresponsável dificilmente significa que a pessoa seja irresponsável. É preciso conhecer a maioria dos seus comportamentos, para se poder chegar a essa conclusão.

Entretanto irresponsáveis foram todos que assistiram ao acto, e se revelaram incapazes de o evitar. E também todos nós que assistimos em cada dia a situações semelhantes, mas mais graves, e em relação às quais não intervimos. Vejam para além do que se disse, quem deixa o filho ir sozinho, deste tenra idade para as noitadas, para bebida, para o acesso à droga.

E o que se pergunta é se reagem da mesma maneira com aqueles que: (1) não cumprem as regras do transporte de crianças; (2) deixam as crianças abandonadas em casa, ou frente da televisão; (3) maltratam as crianças; (4) não as incitam a contactar com os outros; (5) nem as encorajam a serem activas; (6) exageram na sua protecção; (6) não conhecem sufi-

Vejam as autoridades que permitem que as festas ocorrem a altas horas, prejudicando assim as boas noites de sono essenciais para todos nós podermos ter uma vida saudável e feliz. Porque intervir só no caso do acto isolado do capinha, executado numa combinação, o mais segura possível com os pastores? Porque não se gosta de toiros?” •

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FOTORREPORTAGEM | JP

DEPUTADOS DO PS/AÇORES NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA VISITARAM

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DA PRAIA DA VITÓRIA

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o âmbito de uma visita de trabalho à Região Autónoma dos Açores, Carlos César, Lara Martinho e João Castro, visitaram a 02 de maio, a Santa Casa da Misericórdia da Praia da Vitória, sendo recebidos pelo provedor, Francisco Jorge Ferreira. JP•

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JP | EDITORIAL & OPINIÃO

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DIA 20 DE MAIO: “TIMOR HO LARAN TOMAK” (I) Continuação

E DITORIAL Finalmente certificado o uso civil do Aeroporto das Lajes

“Aquele que nunca viu a tristeza, nunca reconhecerá a alegria” (Khalil Gibran)

ra acção pública promovida por nós apoiado logisticamente pelo PDA – Partido Democrático do Atlântico de cuja comissão política então fazíamos parte.

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o dia 22 de Julho, a Base Aérea das Lajes, na Ilha Terceira, foi certificada para utilização civil, o que era há muito tempo esperado pelos terceirenses em geral e pelos praienses em particular, tal pretensão concretizou-se e tornou-se momento de alto regozijo para todos. Esperamos e temos a convicta esperança que tal facto irá mudar muita coisa no movimento aéreo das Lajes, em prol do desenvolvimento económico da Ilha Terceira e para o bem estar e conforto dos utentes das aeronaves que passam a aterrar e a descolar nas Lajes, deixando desde já ser preciso o pedido de autorização que tinha de ser feito com antecedência minima de setenta e duas horas ao Estado Maior da Força Aérea e à Autoridade Nacional de Aviação Civil, agora tal decisão sobre o tráfego aéreo passa a ser efectuado entre a Aerogar Civil das Lajes e o Comando da Base Aerea nº 4, situado nas Lajes, preveniu-se assim que os constrangimentos ao movimento civil que vinham sucedendo para prejuizo dos terceirenses fossem radicalmente eliminados. Este processo que durou dois anos para produzir frutos, vem facilitar os pedidos de aterragem das escalas técnicas sejam imediatos, deixando de haver o entrave burocrático das setenta e duas horas de antecedência do pedido de autorização à Força Aérea Portuguesa e à Autoridade Nacional de Aviação Civil para utilização da Base das Lajes por aviões civis, ficando assim estabelecido novas formas procedimentais, para regular os movimentos das aeronaves civis “definidas de forma objectiva e transparente”, de acordo com as afirmações do Presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, aquando da cerimonia de atribuição de certificação civil, realizada no dia 22 de Julho no Aroporto das Lajes, à qual ele presidiu e esteve também presente o ministro da Defesa Nacional e do Planeamento e Infraestruturas. A certificação “é total e completa”, ficando o Aeroporto das Lajes apto a concorrer com todos os aeroportos nacionais em pé de igualdade, tornando-se assim mais apetecível para as companhias de aviação. As autoridades locais e regionais estão de parabens por terem arduamente lutado para que tal tenha sucedido, e devem lutar ainda mais para que o novo terminal de carga do Aeroporto das Lajes seja construído e começe a funcionar plenamente em 2020, e já tivemos a oportunidade de aderir à argumentação de Heliodoro Tarsicio, por correcta e sensata, argumentação que voltamos a realçar e secundamos: “A Força Aérea Portuguesa, que pertence a um pequeno país, cada vez mais pobre, menos importante e com menos cidadãos, quanto muito, deve ocupar apenar um pequeno espaço e usufruir de algumas facilidades, com especial ênfase nos serviços de busca e salvamento, a única valência da FAP, que realmente nos interessa. Para que não restem dúvidas defendo a conversão das Lajes, num aeroporto civil, com um pequena área militar.” O Diretor Sebastião Lima diretor@jornaldapraia.com

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Nasce o embrião da ASSOCIAÇÂO DE AMIZADE AÇORES – TIMOR.

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José Ventura*

o terminar a nossa primeira redacção do presente tema, “com Timor no coração” escrevíamos “E, porque os tendo no coração, sempre procuramos estar atento aos acontecimentos após o 25 de Abril de 74,” voltaremos no próximo artigo para falar sobre os mesmos e, a nossa participação solidária com a luta pela sua Autodeterminação. Os acontecimentos após o 25 de Abril da 1974 (a guerra civil, o genocídio fratricida do período entre forças políticas antagónicas) a invasão de Timor pela Indonésia com assassinato em massa de crianças, mulheres e idosos, foi como um espinho cravado no nosso coração. O acompanhamento e a procura de notícias eram uma necessidade que íamos sustentando através dos poucos órgãos de comunicação social que falavam do assunto e de organizações existentes em Lisboa como “A Paz é possível em Timor Leste” e a “Comissão para os Direitos do Povo Maubere”. Que fazer por Timor e pelos timorenses? Como e quando fazê-lo? Era uma questão que se nos ponha e que precisávamos de responder. 7 de Dezembro de 1990 - “TIMOR QUINZE ANOS DE DOR” É o mote. É a ocasião. É a primei-

Daquela altura à data oficial da sua independência e, para além da mesma, foram várias as actividades dentro do espírito que nos norteava e ainda nos norteia: «o nosso desenvolvimento cultural e a prossecução de acções humanitárias de amizade e solidariedade em relação ao Povo de Timor Leste, independentes de quaisquer credos, raças, ou convicções político-partidárias». Associando o símbolo do CRT – Comunidade dos Refugiados de Timor (que pode ser visto na “Mensagem da Comunidade Timorense em Portugal ao Povo Irmão Açoriano” que nos foi então enviada pela altura da nossa primeira acção em Dezembro de 1990) com o Açor e as Nove Estrelas que simbolizam os Açores, resulta o conjunto que adoptamos para nosso Emblema e Bandeira: «a Ilha de Timor a duas cores, verde e branco encimada por ondas do mar em azul e de um sol nascente em dourado, sobre os quais existe um Açor de cor natural, segurando em suas garras a Cruz de Cristo e, circundado por nove estrelas também douradas». Como acima dissemos, a partir de 6 de Dezembro de 1990, não deixamos de estar presentes com a organização de diversas acções pró Timor. Fossem manifestações públicas, palestras e exposições ou outras iniciativas, nomeadamente junto de várias escolas e a pedido dos seus conselhos directivos. Onde a figura presente e constante eramos nós que,

servindo-nos de diversa documentação recolhida, artesanato de nossa propriedade e imaginação, transmitia a todos o entusiasmo por Timor e o despertar de consciências para a solidariedade necessária para com aquele território e o seu martirizado Povo. Difícil documentar aqui toda a acção desenvolvida e resultados obtidos, podendo apenas remeter os nossos leitores para a leitura dos jornais locais que tiveram através dos seus jornalistas uma função extraordinária na mensagem e grito de revolta de solidariedade dos Açores para o seu Povo irmão de Timor. Aqui e hoje voltamos a agradecer todo o apoio que tivemos da nossa comunicação social escrita, falada e televisionada. Bem hajam. Conforme atrás referimos, o período entre os dias 6 e 8 de Dezembro foi escolhido para a primeira manifestação pública de repúdio pela situação que os nossos irmãos timorenses passavam e pela demonstração de solidariedade merecida pelos mesmos. Uma onda de gente, repito de “gente” respondeu e disse presente ao nosso grito de revolta e exigência de liberdade e democracia. Passamos por alguns dissabores, incompreensões e de alguma hipocrisia que embora querendo esquecer, não o podemos fazer. Ameaça de morte por telemóvel? Sim! impossível acreditar. Mas valeu a pena na partilha das lágrimas umas vezes de dor e tristezas e outras de alegria e de emoção. Vamos fazer mais uma pausa pois os sentimentos exigem uma pausa e, até ao próximo… (*) Por opção, o autor não respeita o acordo ortográfico.

VERÃO E TURISMO paisagem e sossego; como me dizia alguém há pouco tempo: um fim de tarde na Fajã Grande, ao pôr do Sol, com um bom copo, é um céu aberto; e depois recordar o poema de Pedro da Silveira de A Ilha e o Mundo:

E

Silveira de Brito

stamos em Julho, em plenas férias de Verão. Se for como no ano passado, as ilhas estevem estar com imensos turistas, o que é bom. Na Caldeira Velha, em São Miguel, no Algar do Carvão, na Terceira, no Centro Interpretativo dos Capelinhos, no Faial, no Museu dos Baleiros, na Lajes do Pico, deve haver tanta gente que se formam filhas de espera. São Jorge, com menos gente, deve ter aquele tipo de visitante que vai sabendo o que lhe interessa e vai à procura das Fajãs. Para as Flores vai quem gosta de

ILHA – Só isto: O céu fechado, uma ganhoa /pairando. Mar. E um barco na distância: / olhos de fome a adivinhar-lhe, à proa, / Califórnias perdidas de abundância. E pensar: como isto já vai longe! As Ilhas estão na moda e vale a pena visitá-las. Não me canso de dizer a quem não conhece a Região: vá aos Açores! Vai ver que não se vai arrepender… e começo logo a sugerir várias hipóteses de passeios, sítios a visitar, experiência a não perder. Já fui em viagens organizadas por operadores turísticos e já fui por mi-

nha conta e risco. Neste caso organizava tudo, itinerários, locais a visitar, etc. Nas viagens organizadas por operadores apanhei sempre excelentes guias, sem dúvida. Sempre que fiz perguntas, a informação vinha rigorosa e elucidativa. Quando perguntei por Nemésio, foi me dada a informação correcta, por exemplo. Mas penso que seria de ir mais longe. Não valeria a pena, na visita à Horta, fazer os principais itinerários descritos em Mau Tempo no Canal? Eu bem sei que Nemésio trasladou para a Horta muito da Terceira e que a fonia grafada para sugerir o sotaque do povo é o da Terceira, nas um tal programa, o dos principais itinerários de Mau Tempo no Canal feitos no Faial levaria a cair na conta de várias características da Ilha, em especial da Horta, mostraria que visitar os Açores não é (Continua na página seguinte)


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OPINIÃO | JP

CRÓNICA DO TEMPO QUE PASSA (XXXIV)

CERTIFICAÇÃO CIVIL DO AEROPORTO INTERNACIONAL DAS LAJES As circunstâncias da certificação civil do Aeroporto Internacional das Lajes da Terceira, obrigam os habitantes da ilha a terem um cuidado redobrado e um entusiasmo comedido, a fim de não serem prejudicados, mais uma vez, como no passado. fazer uma tal afirmação.

O

António Neves Leal

s proventos das Lajes da Terceira durante os setenta e cinco anos de utilização, sobretudo militar, foram muitos e com bastantes burocracias. Esta ilha suportou perigos enormes e limitações nas operações aeroportuárias de passageiros e carga. E por ironia do destino, foi a que menos recebeu das compensações pela utilização do seu território, sobretudo o concelho praiense. Os montantes pelas contrapartidas das Lajes representaram, durante vários anos, cerca de 40 por cento das receitas da Região Autónoma dos Açores. Há muita gente que se esqueceu disto, e de outras coisas que deviam estar bem gravadas na nossa memória pessoal e colectiva. A esta grande fatia do orçamento, somava-se o precioso e indispensável contributo das economias dos nossos emigrantes, transferidas dos vários países de imigração onde eles labutavam. Isto em vez de nos orgulhar, como li há dias na imprensa, devia antes envergonhar-nos por não sermos capazes de criar melhores condições de vida na nossa terra. Ter em cada cem açorianos quatrocentos, na impropriamente designada diáspora, não abona nada a favor dos Açores, nem da sua dispendiosa autonomia. Só quem nunca emigrou, andou distraído, ou nada aprendeu lá fora, poderá

Antes do 25 de Abril, e nos primeiros anos do regime autonómico, eram muito badaladas as remessas dos emigrantes de que tanto dependiam economicamente os Açores e o resto do país. No caso do nosso arquipélago, elas chegaram a atingir perto de 30 por cento das receitas regionais. Regressando ao caso da certificação civil da pista do Aeroporto das Lajes da Terceira, como há muitos anos propôs tal designação o falecido Dr. Rafael Valadão dos Santos na Assembleia da República, para evitar confusões geográficas como sucederia mais tarde com a vinda do Papa João Paulo II. O que tem acontecido com a Terceira neste domínio é caricato. Foi nela que a aviação teve a sua certidão de nascimento no Campo da Achada, com o voo inaugural do avião Açor em 1930, pilotado por um capitão terceirense, natural dos Altares. Foi também a ilha que contribuiu como nenhuma outra para o desenvolvimento da aviação. E, pasme-se, até há poucas semanas era a única, repito, a única que não tinha certificação de aeroporto civil nos Açores, com todos os prejuízos que tal estatuto tem acarretado até agora para a sua economia, para os passageiros, para o turismo e o aumento das escalas técnicas de aviões. Apesar da grande placa colocada com o nome de «Aerogare das Lajes», sabe-se, pela prática quotidiana, que é uma base militar. Será que o estatuto da sua utilização vai mudar os velhos constrangimentos? Oxalá que sim. Como terceirense e passageiro frequente, é o que mais desejo, mas não vou embandeirar em arco. Como não o fiz na década de setenta do século passado. Fui também dos que utilizaram o terminal militar das

Lajes de madrugada, para ir na TAP para Lisboa. Aliás, nos anos setenta do séc. XX, a natureza militar das Lajes foi um dos motivos invocados para impugnar-se um bem documentado estudo técnico internacional, pago a peso de ouro pela RAA, o qual indicava que a placa giratória do transporte aéreo nos Açores devia ser o Aeroporto Internacional das Lajes. Os terceirenses deliraram de entusiasmo e foram enganados, mais uma vez. A sua proverbial distracção, e a credulidade inata, segundo as quais a obtenção das coisas vinha do céu de mão-beijada, sem luta nem empenhamento, foram ambas muito responsáveis por essa infantil atitude. Algumas vozes alertaram para a previsível transferência da placa giratória de Santa Maria para S. Miguel, via Terceira. A deputada socialista Dra. Conceição Bettencourt e, eu próprio, frisámos que isso era um presente envenenado, mas ninguém quis saber. De nada serviu o reputado valor científico do estudo realizado, nem os acesos debates nos órgãos da comunicação sobre a política aérea dos Açores. Tal transferência foi mesmo pretexto para projectos considerados como flagrantes atentados à descentralização, reforçando-se como nunca se fizera até hoje, o arrogante centralismo de uma ilha em detrimento das outras oito, impedindo uma política harmoniosa, como então se prometera. Urge, portanto, pôr em prática, em benefício do Arquipélago que se quer unido, sem as graves assimetrias actuais. Esperamos que o executivo, presentemente com maioria dos secretários regionais oriundos da Ilha de Jesus, seja sensível a essa intolerável e injusta discriminação.

das Lajes dos problemas internos da Terceira foram a excessiva oratória do valor geoestratégico nacional e a defesa militar do mundo livre, tão apregoada pelos EUA. Ambas, permitindo, muitas vezes, o desrespeito dos direitos laborais, e de propriedade aos donos dos terrenos da Base. Aos trabalhadores impondo-lhes, condições de trabalho, sem assistência sindical e, aos proprietários dos terrenos, a obrigação de aceitarem vendas e rendas, inferiores aos preços do resto da ilha. A segunda vertente prejudicial à Terceira foi o servilismo de Portugal em relação aos EUA, esquecendo-se ou não se acautelando problemas insulares cruciais, ao nível da habitação, contaminação ambiental, comércio indevido, trânsito rodoviário sem pagamento de taxas. Tudo isto em manifesto incumprimento das leis portuguesas e do respeito da soberania nacional. Tal complacência não se verificou noutros países. As circunstâncias da certificação civil do Aeroporto Internacional das Lajes da Terceira, obrigam os habitantes da ilha a terem um cuidado redobrado e um entusiasmo comedido, a fim de não serem prejudicados, mais uma vez, como no passado. O actual e bem visível retrocesso desta ilha, e os problemas de desertificação populacional das demais, impõem aos governos regional e nacional que estabeleçam prioridades na concretização célere dos planos aprovados. Aos eleitores que os escolheram e a toda a sociedade, cabe exigir ao poder político o cumprimento das promessas feitas nas campanhas eleitorais e o respeito pelos prazos de execução das obras.

Outros pretextos para desligar a Base

sei que muitos dos turistas podem não ter grandes interesses literários, mas as referências a obras como as de Vitorino Nemésio, Dias de Melo, Cristóvão de Aguiar, Vasco Pereira da Costa e João de Melo, por exemplo, mostrariam uma face dos Açores que completava a visão que o turista tem das ilhas, com a sua paleta de verdes imensa, um mar de mil cambiantes, de vacas a pastar e, num ambiente deste foi possível o aparecimento de escritores de primeira água que “construíram vidas” só possíveis de ser inventadas nas nossas ilhas..

Melo, um circuito na Terceira que tivesse por pano de fundo a descrição da ilho que Joel Neto faz nas páginas 97-99 de Arquipélago, e mesmo toda a geografia da Terceira que o romance descreve, para dar apenas poucos exemplos. Para la de mostrar as ilhas de um modo diferente, fazias saber aos visitantes que não temos apenas pausagens e fenómenos da natureza, mas que tudo isto também permitiu, e de que maneira, a construção de obra de arte, de cultura, de uma riqueza imorredoira e universal. Bem sei que também temos o reverso da medalha: temos a mais alta tacha de abandono escolar, muita iliteracia; mas em contrapartida, talvez não haja nenhuma região do país percentualmente com tantos escritores, alguns deles verdadeiramente grandes.

VERÃO E TURISMO (Conclusão da página anterior)

vê mar, nuvens e verdes inebriantes com vacas a pastar, mas visitar uma terra com uma produção cultural rica, em especial em termos de literatura. Diz-se que a os Açores são a região do país com maior percentagem de escritores por metro quadrado. Embora com largo atraso, atendendo à data da publicação, 2015, estou neste momento a ler o excelente romance de Joel Neto Arquipélago. Digo “largo atraso” porque em Maio deste ano o autor lançou um novo romance, Meridiano 28, que tem sido muito elogiado. O que seria natural era estar agora a ler o segundo romance, mas o meu descuido foi grande e inadmissível para quem como eu aproveita agora grande parte do seu tempo para se dedicar à leitura de tudo o que encontra que tenha a ver com as ilhas e o Arquipélago (ain-

da vou no princípio, li as primeiras 100 páginas) permite efectivamente um regresso a minha Terceira mais de 50 anos depois de ter saído e ver uma estória desenvolver-se com verosimilhança numa geografia, física e humana que sinto como minha. Pelo que li, na contracapa de Meridiano 28, a ilha retratada neste romance é o Faial. Vamos ver o que será que vai aparecer no próximo romance. Mas o Joel Neto nunca mais me apanha atrasado porque, para me precaver Estou a ler, como disse o Arquipélago, mas tenho já em cima da mesa o Meridiano 28. Vem isto a propósito do aproveitamento em termos turísticos do que a literatura açoriana foi produzindo ao longo do tempo. Pensando em termos de viagens organizadas por agências, penso que os circuitos poderiam ser melhor aproveitados se a informação sobre os grandes escritores fossem tidos em conta. Bem

Isto por um lado; por outro, esses escritores poderiam permitir desenhar circuitos ou enriquecer a narratica de circuitos que permitiriam motivar turistas para p regresso à Região. Um percurso na Horta que tivesse como fndo a geografia de Mau Tempo no Canal, um circuito no Pico tendo como pano de fundo a literatura sobre a baleação de Dias de

NE: Artigo originalmente publicado no “Diário dos Açores”, de 15 de Julho de 2018, Ano 149, Nº 41.618, p. 13. •


JP | MARÉ DE POESIA

2018.08.24

M

aré de Poesia, começa a encher-se de poesia vagarosamente. É com alegria que vamos abrindo as gavetas dos nossos poetas e poetisas espalhados pela nossa ilha e além fronteiras, partilhando com o mundo as suas palavras, marcadas por diferentes e enriquecedoras formas de escrever este registo literário, tão característico da língua Portuguesa.

Faça-nos chegar a sua poesia pelo email maredepoesia@jornaldapraia.com.

Recado na porta do frigorífico Quando chegares cá Já terei partido Do princípio Que não virias E que verias Neste recado Que terei já abalado, Abalado pela ideia De não te voltar a ver Passarás teus olhos Por esta nota e Notarás que passaste Tanta hora morta No “ora viva, como está?” Que já não estarei cá Júlio Ávila

Flor em botão Uma flor em botão Um anjo adormecido Um abraço de coração Um sentimento nascido Primavera a florescer Campos coloridos de flores Regatos de água a correr Pela planície dos amores No orvalho da manhã Ainda mal amanheceu Uma flor em botão Mostra o colorido seu Um anjo adormecido No seu formoso leito De fios de nuvem tecido A tapar o seu lindo peito Está dormindo e sonhando Quem sabe.... Sonhos de amor Sorri de quando em quando Irradia brilho e explandor O sol ultra secreto No seu palácio de nuvem Deseja ser o primeiro A saudar o anjo volúvel Eis que o amigo desfruta Sorridente... e sonhador Pela sua janela aberta Para entrar o seu amor Margarida Almeida

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RECANTO DE POESIA

O TEU BEIJO Andei de um lado para o outro No meu quarto, Sem saber ao certo o que pretendia, De olhar perdido e passos irrequietos Trazia ao peito Aquele colar de pérolas Que me ofereceste, Não percebo porque não o tirava Para ir dormir. Tinha vestido aquela lingerie rosa Que tanto adoras, Já passava da meia-noite E o sono não chegava, Foi quando chegaste tu, E soube logo o que me faltava, A tua companhia, O teu beijo de boa noite.

Ricarda Hilária

Infinito Quis conhecer o Infinito Num anoitecer junto ao mar Sozinha, descalça Não muito longe Acontecia o sol poente... Dizendo um adeus quente Num misto de beleza e nostalgia Parecia-me ser o infinito A última linha do Horizonte Que contorna o cinza mar

À SANTA CASA DA MISERICÓRDIA

BAR RECANTO alimentou por um dia o corpo e a alma. Sobremesa de partilha de emoções em ambiente intimista.

R

ealizou-se no passado dia 27 de Julho, no Bar Recanto, situado no Centro Comercial da Praia da Vitória, um encontro de partilha poética denominado “Recanto de Poesia”. Participaram com as suas poesias, poetas e poetisas que já marcaram presença na nossa Que a meus pés rugia Num suave marulhar Tudo o mais era infinito Num firmamento infindo Surreal que ali via Sorriu-me então o finito Daquela luz que eu sentia Tocou-me e chamou-me pelo nome E levou-me para o mar Arrastado por uma onda infinita De quem sonha e sabe a- mar Será que é mesmo sonho? Ou será que não estou a sonhar! E será que é o meu infinito a penViveram os sismos fortes Pondo a igreja de pé.

Meio milénio de labor Em prol dos necessitados Santa Casa com amor Sacia os carenciados.

Os modos e carências Solidariedade humana Com heroísmo e resistências A Misericórdia soberana.

Homens, mulheres com portes De rija têmpera e fé

O Santo Cristo Divino cobre Os aflitos de coração E ajuda o que é pobre

página como a Ana Maria Lima, Carla Félix, Fernando Mendonça, Ricarda Hilário para além dos poetas Helena Martins, Jorge Morais e Luís Costa. Prevê-se a continuidade do evento e o convite à participação ativa da nossa comunidade! • sar? Para as ondas do mar alcançar! Ou será um simples despertar De um sonho de encantar Numa noite de luar sozinha á beira-mar Para realmente ver o sol a raiar Para vir lentamente me saudar E deixando as ondas do mar Na areia a borbulhar E o meu sonho acabar

Margarida Almeida Dando-lhe abrigo e pão.

Os Dons do Espírito Santo Sob olhar das concórdias Alívio de dor e pranto Santo Cristo das Misericórdias.

Paulo Jorge Ávila

FICHA TÉCNICA: COORDENAÇÃO: Carla Félix COLABORADORES: Carla Félix; Júlio Ávila; Margarida Almeida; Paulo Jorge Ávila; Ricarda Hilário Participe na nossa/vossa “Maré de Poesia” - Envio os seus trabalhos para: maredepoesia@jornaldapraia.com PUB


2018.08.24

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INFORMAÇÃO | JP Terreiro da Ladeira Grande Ribeirinha Tourada tradicional João Gaspar Pai e João Gaspar Filho 18h30 – 21h00 Ladeira das Seis Santa Bárbara Tourada tradicional Casa Agrícola José Albino Fernandes 18h30 – 21h00

25 AGO Rua Padre Alfredo Lucas São Brás Tourada tradicional Casa Agrícola José Albino Fernandes 18h00 – 20h30 Rua do Regelo Fonte do Bastardo Tourada tradicional Herd Ezequiel Rodrigues 18h00 – 20h30 Caminho da Esperança Porto Judeu Tourada não tradicional Ezequiel Rodrigues e Francisco Pereira 18h00 – 20h30 26 AGO Rua do Biscoito Fonte do Bastardo Tourada tradicional Eliseu Gomes 18h00 – 20h30 27 AGO Caminho do Meio Velho Cabo da Praia Bezerrada à corda Humberto Filipe 12h00 – 14h30 28 AGO Á Praça Vila Nova Tourada tradicional Humberto Filipe 18h00 – 20h30 Cerrado sito na Canada do Saco Cabo da Praia Vacada à corda Humberto Filipe 18h00 – 20h30 Terreiro da Ladeira Grande Ribeirinha Tourada não tradicional João Gaspar Pai e João Gaspar Filho 18h00 – 20h30 Campo de Jogos Raminho Variedade taurina popular Humberto Filipe 18h00 – 20h30 29 AGO Terreiro Vila Nova Tourada tradicional Herdeiros de Ezequiel Rodrigues 18h00 – 20h30 Largo da Igreja Cabo da Praia Tourada tradicional Humberto Filipe 18h00 – 20h30

Terreiro Raminho Tourada não tradicional Humberto Filipe 18h30 – 21h00 30 AGO Á Praça Vila Nova Tourada tradicional João Gaspar 18h30 – 21h00 Largo da Igreja Cabo da Praia Tourada tradicional Humberto Filipe 18h30 – 21h00 Rua do Açougue Santa Bárbara Variedade taurina popular Ezequiel Rodrigues. 18h30 – 21h00 Estrada Regional Raminho Tourada tradicional Humberto Filipe 18h30 – 21h00 31 AGO Outeiro do Galhardo Ladeira Grande Tourada não tradicional João Gaspar Pai e João Gaspar Filho 18h30 – 21h00

06 SET Cerrado Santa Luzia – Santa Cruz Tourada tradicional Casa Agrícola José Albino Fernandes Fontes: CMAH e CMPV NOTA: Sujeito a alterações

DOMINGO (26/08)

DOMINGO (26/08)

05 SET Cerrado Santa Luzia – Santa Cruz Tourada tradicional Casa Agrícola José Albino Fernandes

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

SEGUNDA (27/08)

CONCERTO DOMINGOS COM MÚSICA Concerto em órgão histórico construído no século XVIII pelo mestre organeiro António Machado e Cerveira. Organista Gustaaf van Manen Programa composto por peças dos séculos XVI e XVII Coro da Igreja de Nossa Senhora da Guia com notáveis painéis de azulejos do século XVIII, retratando a vida de S. Francisco de Assis. Local: Igreja de Nossa senhora da Guia / Museu de Angra do Heroísmo Hora: 11H00

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

CONCERTO ANGRA EM FESTA Filarmónica Sociedade Recreativa Rainha Santa Isabel das Doze Ribeiras Local: Largo Prior do Crato - Angra do Heroísmo Hora: 21H00 Classificação: M/6

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

QUARTA-FEIRA (29/08)

TERÇA (28/08)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

QUARTA (29/08)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

QUINTA (30/08)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

SEXTA (31/08)

SÁBADO (01/09)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

DOMINGO (02/09)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

SEGUNDA (03/09)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

TERÇA (04/09)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

QUARTA (05/09)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

QUINTA (06/09)

01 SET Rua das Pedras Cabo da Praia Tourada não tradicional Manuel João Rocha 18h30 – 21h00

04 SET Cerrado Santa Luzia – Santa Cruz Vacada à corda Casa Agrícola José Albino Fernandes 18h30 – 21h00

SÁBADO (25/08)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

Grota do Francisco Vieira Raminho Tourada não tradicional Ganaderia de Humberto Filipe 18h30 – 21h00

02 SET Caminho de Stº Isidro Casa da Ribeira – Santa Cruz Tourada não tradicional Manuel João Rocha 18h30 – 21h00

HOJE (24/08) Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

BISCOITOS CINEMA A BICHARADA CONTRA-ATACA Local: Jardim Duque da Terceira - Angra do Heroísmo Hora: 22H00 Classificação: M/12

SEXTA-FEIRA (31/08) CONCERTO ANGRA EM FESTA Dr. Vi Band Local: Praça Velha - Angra do Heroísmo Hora: 22H00

Nota Editorial Esteja na nossa “Agenda Cultural”, envie toda a informação para: noticias@jornaldapraia.com. •

Posto da Misericórdia ( 295 908 315 SEG a SEX: 09:00-13:00 / 13:00-18:00 SÁB: 09:00-12:00 / 13:00-17:00

VILA DAS LAJES Farmácia Andrade Rua Dr. Adriano Paim, 142-A ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-18:30 SÁB: 09:00-12:30

VILA NOVA Farmácia Andrade Caminho Abrigada ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-12:00 / 16:00-18:00 Farmácias de serviço na cidade da Praia da Vitória, atualizadas diáriamente, em: www.jornaldapraia.com


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