Jornal da Praia | 0524 | 06.07.2018

Page 1

QUINZENA

06 A 19.07.2018 Diretor: Sebastião Lima Diretor-Adjunto: Francisco Ferreira

Nº: 524 | Ano: XXXVI | 2018.07.06 | € 1,00

QUINZENÁRIO ILHÉU - RUA CIDADE DE ARTESIA - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA - ILHA TERCEIRA - AÇORES

www.jornaldapraia.com

TIBÉRIO DINIS

JORNAL DA PRAIA PERDEU O SEU ADMINISTRADOR ASSUME ESTRATÉGIA E UM GRANDE AMIGO CENTRADA NA PÓLIS NO CONCELHO | P. 3

O nosso jornal perdeu um ilustre colaborador, José Manuel Miguel da Silva, que faleceu no dia 15 de Junho de 2018, por isso o jornal está de luto... Deixa-nos a chorar a sua morte, a sua falta como amigo, mas a nossa mentalidade Judaico-Cristã de que “todos nascemos para morrer, e todos morremos para ressuscitar”, é uma esperança que nos fortifica e anima a prosseguir a vida do dia-a-dia. A toda a família enlutada, nomeadamente esposa e filho, o Jornal da Praia apresenta sentidas condolências e paz à sua alma. EDITORIAL | P. 12

CASA-MUSEU VITORINO NEMÉSIO RECEBE MAIS DE DUAS MIL VISITAS POR ANO TURISMO | P. 5

NO DIA DA CIDADE

AUTARQUIA DISTINGUE DUAS PERSONALIDADES E QUATRO INSTITUIÇÕES A título póstumo a autarquia distinguiu “o Chinchelárias” e John Carlos Martins. Orfeão da Praia da Vitória, Escola Secundária Vitorino Nemésio e Conferência de São Vicente Paulo de Santa Catarina, do Cabo da Praia, foram as entidades distinguidas. CIDADANIA | P. 7 PUB

UNIÃO DESPORTIVA PRAIENSE

COMPLETOU SETE DÉCADAS DE EXISTÊNCIA. NOS ÚLTIMOS VINTE, JOSÉ MANUEL MONIZ, É O ROSTO QUE MANTÉM O CLUBE VIVO DESTAQUE | P. 8, 9 E 10


JP | CANTO DO TEREZINHA & CONTO

2018.07.06

|2

MIRADOURO DE NAVEGAÇÃO À VISTA Com honras de ministro, foi recentemente inaugurado o Miradouro da Boavista, proporcionando a locais e forasteiros uma vista privilegiada e de soberba beleza sobre o imenso mar azul, outrora, com as marés a embalar o extenso areal, hoje, e em dias de fúria, a querer galgar terra e submergir uma Praia da Vitória, que teima em não saber como navegar neste mar que desde sempre conheceu. Canto Terezinha regista que o miradouro agora inaugurado corresponde a uma salutar cooperação entre o poder central e o local, nomeadamente do Ministério da Defesa Nacional, da Câmara Municipal da Praia da Vitória e da Junta de Freguesia de Santa Cruz. Cooperação que o poder local deseja replicar, a norte, no Porto Militar. O espaço que à data de início das obras,

encontrava-se abandonada, é propriedade do Ministério da Defesa, que para o efeito cedeu à Junta de Freguesia os direitos de superfície, funcionou no passado como ponto estratégico de defesa militar da Praia da Vitória e da ilha Terceira, face a ameaças que pelo mar poderiam advir, graça à amplitude do horizonte que a sua vista proporciona. Numa Praia da Vitória, que parece apresentar há anos como estratégia de desenvolvimento a velha máxima de “sol na eira e chuva no nabal”, Canto Terezinha arrisca que o espaço possa de novo vir a ser requalificado e transformar-se num futuro mais ou menos próximo em “Academia de Navegação à Vista”, destinado à formação de novos quadros políticos e até de pós-graduação dos existentes, já que neste particular, a vista proporcionada é sem

sombra de dúvida única e abrangente. Decorrente desta reconversão poderá até surgir novo desígnio de desenvolvimento, e assim, juntar ao terminal de cruzeiros a norte, aos cargueiros de grande porte, contentores e indústrias altamente poluentes a sul, do Hub internacional, a meio, uma local de excelência para formação, muitos jovens que frequentam as “Universidades de Verão” das juventudes partidárias. E quiçá a Praia da Vitória fervilhará de gente! Alemãs, ingleses e espanhóis dos cruzeiros, filipinos dos cargueiros e milhares de jovens aspirantes a políticos, ricos em ambição, mas pobres de ideias.

CONTO INSULAR (V)

SUPERAÇÃO E DESCOBERTA (NE: Parte I de II) Por: Emanuel Areias ustavo sabia que ir para Lisboa não seria fácil. Tarefa árdua, o suor havia de correr e a barriga iria doer como nunca, pela dificuldade na adaptação e as saudades mordazes. Era um jovem maduro, que amava a sua zona de conforto e nunca tinha sentido a necessidade de expulsar de si o meigo controlo dos pais. Partia para a universidade com a noção de que não se tratava de uma fuga à família, mas de uma necessidade atroz de desenvolvimento pessoal.

G

Não era pessoa de procurar escapes às dificuldades nem tentar o caminho mais fácil. A cidade que tinha escolhido era Lisboa e o curso era Filosofia. Embora os professores do Secundário lhe tivessem quase exigido a seguir Direito, os pais sempre lhe lembraram que era livre para tomar as suas decisões e arcar com as consequências dos seus atos. Gustavo saía dos Açores com a dúvida existencial perto do peito – será que algum dia voltaria? A partir do momento em que aterrasse no aeroporto da Portela, Gustavo passaria a ser um só. Começava aí a viver uma história de superação e de descoberta da pessoa que realmente era. A escolha do curso facilitava-lhe a vida e ajudava-o a pensar para além daquilo que o coração sentia ou os olhos alcançavam. Tinha sido um miú-

do muito próximo da sua comunidade ao longo da juventude e pertencera aos escuteiros ou à equipa de futebol da freguesia. Como é que um jovem tão caseiro e amado pela comunidade que o venerava, se veria agora, no meio da cidade, perdido de importância e de respeito? Era o caminho que tinha escolhido e via-se obrigado a construir um novo eu. Nos primeiros dias, sentia o sufoco de andar no metropolitano e a falta do ar limpo do campo. As pessoas encaixavam-se nele, ocupando cada centímetro do ar, que na ilha era dele por direito. Tornou-se um observador social atento da vida citadina, mesmo que não tivesse de se vender à vida rotineira e doentia. O metropolitano gerava-lhe uma atenção diferente. Era um espaço incomum, onde as pessoas pareciam comandadas, sem ver o sol do dia, ao ir e ao vir do trabalho. O dia caía sobre as pessoas como se fosse uma espada sobre as suas cabeças. A noite fechava se, solitária, sem se importar com o pobre mendigo da rua. Para Gustavo a cidade simbolizava a falta de humanização das pessoas e

acreditava que o campo transformava o ser. Muitas vezes antes de se deitar escrevia sobre o seu dia e sobre as saudades que sentia da sua casa, família e amigos. Como bom filósofo que já era, um dia, refletiu sobre o papel dos Açores na humanização dos homens e escreveu palavras duras face à realidade que tinha acabado de conhecer. Na página do seu diário surgia: Açores como último reduto da humanidade portuguesa “Tenho a sorte de fazer longas viagens de metro, o que me permitiu conhecer a vida subterrânea de muitos portugueses. Não me recordo de episódios estranhos, mas recordo-me de vislumbrar nessa rotina, um objeto de estudo sociológico e comportamental, da sociedade e do indivíduo. As pessoas não olhavam umas para as outras. As pessoas abusavam do jornal gratuito que é dado nas estações, esmagando-o e amachucando-o, depois de verem as imagens ou fazerem a sopa de letras mentalmente. Sinal da irritação diária, de uma vida selvagem. Nessa rotina subterrânea, a humanidade escasseava. Não abundava comportamentos de boa educação, de um passou bem ou de um bom dia de lábios alegres e olhos risonhos. A humanidade dos indivíduos reduzia-se ao caminho que tinham que percorrer de casa ao

trabalho e vice-versa, sem que houvesse manifestação de que se tratavam de seres humanos. Caminhar debaixo da terra era um sinal de isolamento necessário, de quem não aborda a pessoa do lado, devido a uma necessidade agoniante de não dar nas vistas e de não criar um problema, pela troca de olhares ou pela comunicação verbal. Esta vida servia-me de exemplo do que não seria uma boa sociedade e do que não seriam bons cidadãos. Fui consumindo a decadência dos homens, que via diariamente, duas vezes por dia, nas horas de ponta, aflitivas e angustiantes. Quem não está habituado a essa doença citadina, morre por dentro e torna-se um ser pessimista. Talvez, assim, se explique um certo pessimismo que nutro. Depois há o comentário daquele que está inserido nesta realidade e não vê problema, pela adaptação vincada ao meio – as ilhas é só borga e as pessoas perdem tempo a falar umas com as outras. Pois bem, ainda bem que os Açores são o último reduto da humanidade de Portugal. Ainda bem que os Açores são essa aldeia da borga, da comunidade, da festa e do associativismo sem organização profissional. Ainda bem que nos Açores não há o decadentismo da cidade perdida nas suas rotinas e desilusões, nem o calor abrasador que mata pensamentos e faz explodir ideias.” (Continua na próxima edição) •

FICHA TÉCNICA PROPRIETÁRIO: Grupo de Amigos da Praia (Associação Cultural sem fins lucrativos NIF: 512014914), Fundado em 26 de Março de 1982 REGISTO NO ICS: 108635 FUNDAÇÃO: 29 de Abríl de 1982 ENDEREÇO POSTAL: Rua Cidade de Artesia, Santa Cruz, Apartado 45 - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA, Ilha Terceira - Açores - Portugal TEL: 295 704 888 DIRETOR: Sebastião Lima (diretor@jornaldapraia.com) DIRETOR ADJUNTO: Francisco Jorge Ferreira ANTIGOS DIRETORES: João Ornelas do Rêgo; Paulina Oliveira; Cota Moniz CHEFE DE REDAÇÃO: Sebastião Lima COORDENADOR DE EDIÇÃO: Francisco Soares, CO-1656 (editor@jornaldapraia.com) REDAÇÃO/EDIÇÃO: Grupo de Amigos da Praia (noticias@jornaldapraia.com; desporto@jornaldapraia.com); Elvira Mendes; Rui Sousa JP - ONLINE: Francisco Soares (multimedia@jornaldapraia.com) COLABORADORES: António Neves Leal; Aurélio Pamplona; Emanuel Areias; Francisco Miguel Nogueira; Francisco Silveirinha; José H. S. Brito; José Ventura; Nuno Silveira; Rodrigo Pereira PAGINAÇÃO: Francisco Soares DESENHO NO CABEÇALHO: Ramiro Botelho ADMINISTRAÇÃO José Miguel Silva (administracao@jornaldapraia.com) SECRETARIADO E PUBLICIDADE: Eulália Leal (publicidade@jornaldapraia.com) LOGÍSTICA: Jorge Borba IMPRESSÃO: Funchalense - Empresa Gráfica, S.A. - Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, 50 Morelena - 2715-029 PÊRO PINHEIRO ASSINATURAS: 15,00 EUR / Ano - Taxa Paga - Praia da Vitória - Região Autónoma dos Açores TIRAGEM POR EDIÇÃO: 1 500 Exemplares DEPÓSITO LEGAL: DL N.º 403003/15 ESTATUTO EDITORIAL: Disponível na internet em www.jornaldapraia.com NOTA EDITORIAL: As opiniões expressas em artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do jornal e do seu diretor.

Taxa Paga – AVENÇA Publicações periódicas Praia da Vitória


2018.07.06

|3

NO CONCELHO | JP

TIBÉRIO DINIS, ANUNCIA ESTRATÉGIA DE FUTURO APOSTADA NA REVITALIZAÇÃO DA CIDADE

D

iscursando na sessão solene comemorativa do 37.º aniversário da elevação da Praia da Vitória a cidade, a 20 de junho, na Praça Francisco Ornelas da Câmara, o presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória (CMPV), Tibério Dinis, anunciou que autarquia irá centrar a sua atuação na implementação de uma estratégia para a cidade. “Quanto mais forte, dinâmica e PUB

cosmopolita for a nossa cidade, mais possante será cada uma das nossas dez freguesias, a nossa vila e o nosso concelho”, afirmou. Na sequência do ciclo de fóruns “Pensar a Cidade do Futuro”, recentemente realizados, o presidente apresentou as considerações finais, que disse ter constituído um dos pilhares na definição da nova estratégia global.

Varrendo as quatro temáticas a discussão, anunciou as medidas já aprovadas, a aprovar, a desenvolver e a implementar. “Aprovamos como Área de Reabilitação Urbana, o território geográfico da freguesia de Santa Cruz. Esta matéria trata-se de um instrumento fundamental e precursor da reabilitação dos imóveis em ruínas ou devolutos da nossa cidade. A CMPV apoiará na assessoria técnica da submissão das candidaturas ao programa IFFRU 2020, e assume os seguintes benefícios fiscais: desconto de 25% na taxa do IMI no âmbito deste programa, isenção da taxa de IMT na aquisição de prédios urbanos com destino a reabilitação e dispensa do pagamento de taxas de licenciamento para operação de reabilitação e reconstrução”, enumerou “Será aprovado, ainda este ano, o programa “Viver na Praia da Vitória”, que contemplará apoio financeiro aos promotores de projetos de reabilitação, no que concerne às despesas inerentes às obrigações arqueológicas nas áreas de proteção da Praia da Vitória; apoio financeiro aos promotores de projetos de reabilitação, no que respeita ao diferencial suportado pelos respetivos arrendatários comerciais durante o período da operação de reabilitação; suporte total de todas as operações logísticas e obrigações legais para com a Cidade, nomeadamente, relativos à ocupação da via pública em período de festividades;” adiantou. “Relativamente ao Comércio Local, a CMPV irá apoiar o seu tecido empresarial a nível de renovação, diversificação e competitividade. Será criado um programa, denominada “Investir na Praia da Vitória”, que incluirá apoio técnico e jurídico, criação de bolsas de arrendamento, reforço das ações de formação comercial e revisão do regime de taxas e licenças. Acrescemos ainda a criação do cartão de fidelização do comércio local no âmbito do programa VitÓria e criação de um regulamento de incentivos à modernização e fixação de lojas, com especial enfoque nas lojas-âncora. Estas medidas terão o acompanhamento e o apoio do Gabinete da Empresa, hoje inaugurado na Rua de Jesus”, salientou Tibério Dinis. “Quanto à Reabilitação dos Espaços Públicos, avançaremos com a devolução da completa fruição pública do Miradouro Jacinto Ázera, intervenção de manutenção profunda e reordenamento no Jardim Garrett e Jardim Municipal, melhoria da luminosidade do eixo central da cidade, instalação de zona e parque infantil no centro histórico da Cidade, criação de um plano de reavaliação e colocação de árvores no centro da Ci-

dade. Acresce, ainda, a reabilitação dos Paços do Concelho, no âmbito do Plano Integrado de Regeneração Urbana Sustentável; instalação do Serviço de Finanças da Praia da Vitória pós libertação do espaço onde se insere o Arquivo Municipal; intervenção na Casa do Dr. Eugénio a qual passará a receber os serviços administrativos municipais”, sublinhou. “Haverá uma aposta ligada também às atividades náuticas e potenciação da nossa Baía, através da melhoria das condições físicas para empresas de animação turística e marinha, receção de um novo finger para a Marina, prolongamento da Marginal até à Praia da Riviera com passeio pedonal e Ciclovia, apresentaremos uma nova candidatura ao projeto Life, tendo como objeto a recuperação e sustentabilidade dos nossos areais,” referiu. “No que diz respeito à Mobilidade, Trânsito e Estacionamento, hoje, assinei o despacho de nomeação de uma equipa de trabalho, constituída pelos cidadãos Manuel Ortiz, António Borges e Berto Cabral. A equipa de trabalho tem orientações para apresentar uma proposta de reformulação do trânsito e estacionamento no prazo de 60 dias. Manter o troço da Rua de Jesus fechado ao trânsito, propor uma solução técnica que permita a abertura ao trânsito da rua Aniceto D’Ornelas e da Rua Constantino José Cardoso, encontrar uma solução de localização para a estação e paragem do transporte coletivo de passageiro, o aumento de bolsas e do período de estacionamento gratuito, revisão das zonas relativas aos selos dos moradores e quaisquer questões relacionados com o sentido de trânsito e estacionamento,” serão as responsabilidades da equipa de trabalho, anunciou o edil praiense. “Quanto à Rua de Jesus, assumindo a posição de a manter interdita ao trânsito automóvel, iniciaremos um processo de alocação de mobiliário e estruturas públicas, como zonas infantis, de recreio, lazer e esplanadas, de forma a tornar-se atrativa à fixação de pessoas”, salientou. No âmbito do programa de comemorações do 37.º Aniversário da Cidade da Praia da Vitória, decorreu a Inauguração do Gabinete de Empresa, pelo Vereador Tiago Ormonde. O novo órgão de incentivo à atividade empresarial na Praia da Vitória tem com principal objetivo o acompanhamento personalizado dos investidores, agilizando processos burocráticos e facilitação do acesso ao programa de incentivos da CMPV e da Sociedade para o Desenvolvimento Empresarial dos Açores (SDEA). GP-MPV/JP•


JP | EFEMÉRIDE

2018.07.06

|4

75 ANOS – AS NEGOCIAÇÕES PARA O INÍCIODE FACILIDADES NAS LAJES HISTORIADOR: FRANCISCO MIGUEL NOGUEIRIA

A construção do novo Aeródromo, nas Lajes, decorreu sob as ordens do Subsecretário de Estado da Guerra, Santos Costa, que enviou o então Major-Aviador Humberto Delgado para acompanhar o projeto, entregando ao capitão Magro Romão, a execução das obras.

H

á exatos 75 anos, a 13 de julho de 1943, os “Chief of Staff” (COS) britânicos gostaram da nova atitude positiva do Governo português ao começar as negociações para a concessão de facilidades nos Açores e ordenaram que a Operação Lifebelt (nome dado à operação final de invasão britânica dos Açores) fosse desmobilizada. O Acordo dos Açores seria assinado a 17 de agosto de 1943. O Acordo permitiria a presença estrangeira na Terceira até hoje ininterruptamente. A 1 de setembro de 1939, quando a Alemanha invadiu a Polónia, Portugal declarou a sua neutralidade, mas confirmou a manutenção da velha Aliança com a Inglaterra. Neste período, a 1ª fase da guerra, a neutralidade portuguesa interessava a todos os beligerantes. A 2ª fase da guerra caracterizou-se por uma significativa mudança no conceito de neutralidade portuguesa. Esta fase decorreu entre junho de 1940 e junho de 1941, marcando o período de maior perigo à manutenção da neutralidade de Portugal, com os alemães estacionados nos Pirenéus. Os comandantes alemães prepararam, por isso, a “Operação Félix”, que previa, entre outras coisas, a ocupação de Portugal, com o objetivo de isolar a Inglaterra, mas Adolf Hitler decidiu a viragem da Guerra a Leste, com a Operação Barbarossa, o que alterou a situação de Portugal. Neste período, a ameaça sob a nação portuguesa era forte, por isso Salazar constatou que era importante proteger os Açores, devido, essencialmente, à sua importância geográfica significava para as partes em conflito.Salazar começou a enviar, em maio de 1941, militares em massa para o Arquipélago açoriano. A construção do novo Aeródromo, nas Lajes, decorreu sob as ordens do Subsecretário de Estado da Guerra, PUB

Santos Costa, que enviou o então Major-Aviador Humberto Delgado para acompanhar o projeto, entregando ao capitão Magro Romão, a execução das obras. Este Aeródromo, que começou as suas obras a 12 de junho de 1941 (passaram recentemente 77 anos), passou a chamar-se Aeródromo das Lagens, por determinação do Ministro da Guerra (Oliveira Salazar) a 13 de junho de 1942. Entre abril de 1943 e junho de 1944, a II Guerra foi marcada pela expulsão das forças do Eixo do Norte de África e pela abertura de uma 2ª frente na Europa Ocidental, com o desembarque da Normandia. Neste período, a Batalha do Atlântico atingiu o seu apogeu, com perdas enormes para os comboios Aliados. A zona dos Açores era, por isso, apelidada de “Azores Gap”, de Black Hole ou Black Pit. Os Açores ganharam novo relevo quando se percebeu que esta zona permitia uma viagem mais rápida entre as duas margens do Atlântico. Na Cimeira de Trident, em maio de 1943, discutiu-se a possibilidade de invasão dos Açores. Nesta Cimeira, os britânicos pediram para que a invasão dos Açores fosse executada apenas por forças militares britânicas, a chamada Operação Brisk. Contudo, Anthony Eden, do Foreign Office (FO), defendia a via da negociação com Portugal, afirmando que o pedido seria feito em junho, e mesmo que a resposta fosse negativa, a Inglaterra tinha tempo suficiente para preparar operação Brisk, que só estava prevista para agosto. Assim, obrigou Churchill a ceder. Assim, a 7 de junho de 1943, o FO estipulou que se apresentasse, um pedido para a cedência de bases nos Açores, apesar de se terem iniciado os preparativos militares para a Operação Lifebelt (nome dado à operação final de invasão dos Açores). O pedido oficial britânico para cedência de facilidades nos Açores foi efetuado pelo Embaixador da Inglaterra em Lisboa, R. H. Campbell, no dia 18 de junho. A Inglaterra solicitava a cedência de Bases nos Açores para o emprego de aviões e de navios de superfície. O pedido britânico foi feito em nome da velha Aliança luso-britânica de 1373. Salazar sabia que a sua recusa em negociar com os bri-

tânicos a cedência de facilidades nos Açores, poderia originar problemas para Portugal. A 23 de junho de 1943, Salazar aceitou iniciar as conversações, mas que estas só começariam com a promessa formal de retirada, logo no fim das hostilidades, das tro-

pas britânicas que se encontrassem nos Açores, bem como garantias relativas à integridade territorial de todas as colónias portuguesas. Assim, em julho, após as garantias dadas pelo Governo britânico, deu-se início às negociações, em Lisboa. Os britânicos perceberam, logo, que Portugal tinha uma visão muito limitada das negociações. C. E. H. Medhurst, Vice-Marechal do Ar e coordenador militar das negociações. Os britânicos estavam com medo das reticências de Portugal, que não se mostrava disposto a abrir nenhum precedente. Contudo, as negociações começaram a 5 de julho, com um Portugal muito fechado, com medo de se envolver na guerra. Armindo Monteiro, Embaixador de Portugal no Reino Unido, foi essencial para se transpor os obstáculos levantados pelo Governo de Salazar. Os “Chief of Staff” (COS) britânicos viram com bons olhos, a atitude positiva do Governo português e, a 13 de julho, ordenaram que a Operação Lifebelt fosse desmobilizada e que se constituísse uma nova força para instalar dois esquadrões de Fortress nas Lajes. Com uma crescente atitude benevolente do Governo Português, o COS, a 26 de julho, alargou a data limite do desembarque britânico para 15 de setembro, dando mais espaço de manobra ao FO para negociar com Portugal. Contudo, Salazar assumiu uma atitude de força e negou o desembarque na data prevista. Após pressão britânica, Salazar viu-se obrigado a ceder, contrapondo a data de 8 de outubro, imediatamen-

te aceite pela Inglaterra. A concessão de facilidades nos Açores foi oficializada a 17 de agosto de 1943, através de uma troca de notas diplomáticas. O Acordo relativo ao uso de facilidades nos Açores, previa o desembarque a partir de 8 de outubro. Pelo Acordo dos Açores, a Inglaterra obtinha, entre outras coisas, a “utilização das facilidades do pôrto e baìas da Ilha Terceira, necessária ao abastecimento e manutenção do campo das Lagens. A protecção dos navios mercantes, britânicos ou Aliados, a êsse fim destinados, será dado por navios de guerra e aviões da Comunidade Britânica”. Além disso, foi permitido, a “utilização sem restrições do campo das Lagens, na Ilha Terceira, pela aviação da Comunidade Britânica” e que “o Govêrno Português continua a ter a seu cargo a defesa marítima, terrestre e aérea dos Açores, com excepção da defesa próxima do campo das Lagens, que será assegurada por fôrças britânicas”. Estava assim dado o mote para a presença britânica na Ilha Terceira. Como contrapartida do Acordo, Portugal receberia apoio para a sua defesa em caso de ataque (declaração de intenções), assim como armamento e proteção aos navios portugueses. Neste ano em que a 17 de agosto se passarão 75 anos do Acordo dos Açores e a 8 de outubro se passarão os mesmos 75 anos do desembarque britânico na Terceira, é importante relembrar que a Base das Lajes foi um dos ex-libris económicos da Praia da Vitória durante décadas. A diminuição da presença estrangeira na Ilha abalou a sua estrutura socioeconómica. O Plano de Revitalização Económica da Ilha Terceira (PREIT) tem procurado fomentar a economia terceirense e incentivar a evolução da sociedade da Ilha, com principal enfoque na praiense. É necessário que todos nós procuremos ter força e garra para apostarmos no futuro, em novos projetos, pois a Terceira precisa que não nos escondamos nas dificuldades que a crise apresenta, mas que procuremos novos caminhos, pois remar contra a maré não é fácil, mas é preciso e possível! A Ilha precisa de todos nós!


2018.07.06

|5

TURISMO | JP

ESPAÇO MUSEOLÓGICO

CASA-MUSEU VITORINO NEMÉSIO RECEBE MAIS DE DUAS MIL VISITAS POR ANO Em 2017, visitaram o espaço 2.383 pessoas e até ao final de maio deste ano já se registaram 561 visitas.

S

ituada no n.º 7 da rua de São Paulo, a Casa-Museu Vitorino Nemésio regista este ano uma média de 112 visitantes por mês, revela ao Jornal da Praia, João Meneses, do Gabinete de Turismo do Município da Praia da Vitória e responsável pelo espaço museológico. Dados averbados até ao final do mês de maio, indicam um total de 561 visitantes, dos quais, 416 são de cidadãos nacionais, 46 estrangeiros e 99 de alunos em visitas de estudo. No ano passado, segundo revelou, o espaço recebeu 2.383 visitantes: 2.154 nacionais; 15 estrangeiros e 72 alunos. Para João Meneses estes números são consideráveis, sobretudo se atendermos à atual dinâmica turística da cidade, visto “que já circulou muito mais gente e, no entanto, os valores que registamos estão dentro dos registados nessa altura, apesar de vermos muito menos grupos de turistas a passear pela cidade, os números estão de facto estabilizados”, diz. As visitas que são guiadas e gratuitas, estão organizadas cronologicamente. “Depois de um enquadramento espacial e temporal, uma breve resenha histórica do espaço e dos seus propósitos e apresentarmos de forma sumária a figura de Vitorino Nemésio, passamos à visita dos vários painéis expostos, organizados cronologicamente, do nascimento à morte, revendo-se ao longo do percurso os episódios mais relevantes e

CASA-MUSEU VITORINO NEMÉSIO destina-se a divulgar a vida e obra do poeta, mas predominantemente o espólio retrata os costumes do Ramo Grande no final do século XIX e início do século XX. conhecidos da sua extraordinária vida”, explica João Meneses. Incitado a padronizar o público visitante, João Meneses, afirma: “trata-se de um universo heterogéneo, com visitantes que conhecem e leram a obra de Nemésia, a pessoas que visionaram o programa televisivo ‘se bem me lembro’, e outros, para quem Nemésio é totalmente desconhecido e que entraram apenas pela curiosidade de conhecer o

espaço. E essa mesma heterogeneidade se verifica com a idade, com uns mais jovens e outros já na terceira idade”.

voltar a publicar, e é exatamente por essa razão, que nós não temos à venda os livros de Vitorino Nemésio”, justifica.

Curiosamente, na Casa-Museu Vitorino Nemésio não se encontra qualquer bibliografia do poeta para venda. “A obra completa de Nemésio foi editada unicamente até hoje pela Imprensa Nacional Casa da Moeda e está esgotada”, enquadra João Meneses, “e por razões financeiras, a editora optou por não a

A verdade é que decorridos mais de 50 anos sobre a data de publicação da sua bibliografia, e desta forma cessando os direitos autorais, a autarquia nunca optou por colmatar algo que se apresenta como uma enorme falha, avançando para a edição de uma coleção com a marca do próprio espaço museológico.

PUB

Denominando-se Casa-Museu Vitorino Nemésio, o espólio verdadeiramente pertencente ao escritor ou à família é escasso. “Temos o berço, a cama, um livro, a Coroa do Divino Espírito Santo e vários cartões da família”, diz João Meneses. Esclarece “que desse ponto de vista é preciso enriquecer o espaço e todos concordam, inclusivamente a nível superior, mas infelizmente não têm sido possível por várias razões. Há espólio que está espalhado por outros espaços museológicos e há espólio que ainda resta na família, mas como é óbvio, a família não quer se desprender dele, portanto, o que nós aqui temos acaba por ser um bocadinho o que foi sobrando”. Questionado em apostar no espaço como atrativo turístico e desta forma alavancar a economia do concelho, João Meneses, informa que “anualmente o espaço é divulgado na BTL, mas é preciso compreender que o número de pessoas com foco nessa área é um nicho pequeno”. E exemplifica, “quando atracam cruzeiros, a rua de Jesus enche-se, mas as nossas visitas mantêm-se nos números dos outros dias”. JP•


JP | SAÚDE o Cantinho do Psicólogo 190

C

ontinuamos a dar algumas dicas que possam contribuir para não andarmos à deriva, sem direcção, como um barco que muda de rumo Aurélio Pamplona ao sabor dos ven(a.pamplona@sapo.pt) tos, não obstante a vida merecer ser encarada como uma busca “diuturna”. i. e., vivaz e que se prolonga no espaço e no tempo, pela evolução e superação. E embora as dificuldades sejam rotineiras, é caso perguntar, quem não as tem?

2018.07.06

À Deriva

E ainda: (6) quando se confronta com as vicissitudes da vida, com a dor crónica, doença física e morte, fá-lo com coragem e força do espírito; (7) ama com magnanimidade, sonha com satisfação, e reflecte um sentido firme de dignidade pessoal e de auto respeito; e finalmente, (8) longe de conduzir a sua vida de forma anárquica, fá-lo como alvo de dedicação e orientação inteligente. Por tudo isto se recomenda que nos deixemos de andar à deriva, especialmente quando sentimos que estamos sujeitos a situações causadoras de stress e como, desculpe a comparação, po-

atitudes, e os comportamentos que, por um lado, resolvam os problemas, e por outro em que se realize. Mas isto pode falhar para aqueles que se deixam levar por erros, dir-se-ia de lógica, ou por pensamentos disfuncionais, possivelmente devido às distorções do pensamento referidas no último Cantinho, a que os técnicos cognominam de distorções cognitivas, e que de acordo com Burns (1999) se identificam e caracterizam abaixo. Primeiro – Auto Culpa: Corresponde a quem centraliza tudo pessoalmen-

A diferença a existir destaca-se, como refere Gomes (1017), na maneira com que lidamos com os problemas. Enquanto uns se deixam «abater e caem na vala dos murmuradores, outros se motivam e agem, concretizando os seus objectivos, e atingindo o sucesso em diversas áreas da vida». Para o atingir não nos podemos deixar levar por aqueles praticam ou se deixam pelas pelos erros e distorções de pensamento enunciados no Cantinho 30, subordinado ao tema Malmequer, e a que se fez recente referência. Necessitamos também de acreditar que um espírito inerentemente estável e ordenado (Graham, 2010): (1) possui pureza do coração e solidez da razão; (2) faz as coisas porque acredita que elas são desejáveis; (3) dispõe-se a encarar as consequências adversas e muitas vezes imprevistas de suas acções; (4) nunca perde o controlo de si próprio; e (5) quando se envolve em relações interpessoais visa assegurar que estas sejam harmoniosas, coordenadas e cooperativas.

PUB

|6

tiveram um esquecimento, mas isso por si não significa que são pessoas ruins, más. Outro exemplo poderá ser aquele que espalha que o seu casamento terminou porque falhou, assumindo toda a culpa do sucedido, o que até pode não estar correcto. Esta distorção de pensamento poderá também ser conhecida por Personalização, devido à atribuição de culpa ou responsabilidade pessoal excessiva, relacionada com eventos sobre os quais não se teve, ou até não se tem controlo, esquecendo-se outros factores ou ocorrências que possam estar na sua origem. Alguns vão ao ponto de acharem que dão azar às pessoas ou que até são responsáveis pelas coisas que não dão certo, não obstante se encontrarem fora da sua responsabilidade. O resultado é a pessoa sobrecarregar-se com sofrimento emocional e prejudicar-se no seu desempenho. O indivíduo que reage por auto culpa, ou por personalização sente-se habitualmente injustiçado ou incompreendido, e com dificuldades em se responsabilizar pelos seus sentimentos ou comportamentos. Esquece que para mudar a vida necessita de mudar o seu espírito. Para isso não acontecer aproveite a ajuda de mais Cantinhos. Referências:

derá acontecer aos dois barcos da fotografia, se lhe rebentarem ou cortarem as amarras. Quem está sujeito a situações causadoras de stress, deve olhar primeiro para o meio envolvente, para ver bem o que se passa à sua volta, e depois avaliar a saída a adoptar. Esta consiste em ser capaz de tomar as

te, culpando-se pelos acontecimentos, ou assumindo de certa forma a responsabilidade por tudo o que acontece à sua volta. Sejam exemplo aqueles ou aquelas que, por se terem esquecidos de comparecer numa reunião com os amigos consideram que isso aconteceu por serem más pessoas, mesmo irresponsáveis. Na realidade cometeram um erro,

Burns, D. (1999). The Feeling Good Handbook. New York: Plume. Gomes, L. de S. (1017). Salvado em 22 de Nov. de 2017 de Fonte: Pensador. Tema: Objectivo de Vida. Website: www.pensador.com/objetivo_de_vida/8/. Graham, G. (2010). The disorder mind: An introduction to philosophy of mind and mental illness. London and New York: Routledge (Taylor & Francis Group). Foto: L. Pamplona•


2018.07.06

|7

CIDADANIA | JP

NO DIA DA CIDADE

PRAIA HOMENAGEIA PERSONALIDADES E INSTITUIÇÕES Quatro instituições e duas personalidades, ambas a título póstumo, foram este ano distinguidas pela autarquia praiense no âmbito das comemorações do 37.ª aniversário da elevação a cidade da Praia da Vitória.

E

ste ano a Sessão Solene comemorativa da elevação a cidade da Praia da Vitória decorreu em pleno centro histórico, na carismática Praça Francisco Ornelas da Câmara, como sempre a 20 de junho, que no calendário de 2018 coincidiu com uma quinta-feira, que amanhecendo solarenga e escurecendo à tarde, não impediu que à noite se realizasse ao ar livre a cerimónia comemorativa de uma Praia que já é cidade adulta. Qualquer localidade afirma-se pelo mérito do seu povo e pelo distinto trabalho das suas instituições, mas também, por aqueles que não sendo seus naturais a acolhem no seu coração e com o seu amor contribuem para o seu desenvolvimento. É pois com naturalidade que em dia da Cidade, publicamente se reconheça, personalidades e instituições, cujo legado e ação, sendo uma inspiração, muito determinam aquilo que é hoje a Praia da Vitória. Ao abrigo do Regulamento de Insígnias e Medalhas Municipais, este ano, foram distinguidos 2 personalidades (a título póstumo) e 4 instituições. Fundado a 18 de março de 1993, o Centro de Convívio de São Brás completou este ano 25 anos de existência. Funcionando em regime de voluntariado, os centros de convívio desempenham um papel fundamental na comunidade, pela resposta de inclusão social que dão à solidão que nas sociedades contemporâneas tantos idosos afetam. Muitos são os idosos que encontram nas iniciativas do Centro de Convívio de São Brás e na solidariedade dos seus voluntários, momentos de alegria, bem-estar, convívio, amizade e pertença, como é exemplo a sua dança de Carnaval que tanto engrandece o Carnaval Sénior da ilha Terceira. Pela sua atividade

na preservação do passado e pelo seu contributo para a identidade social, educativa e cultural de toda uma comunidade, sobretudo juntos dos mais jovens, foi-lhe atribuído a Medalha de Mérito Municipal, Valor Cultural em Bronze, recebida pela voluntária, Amélia Silva.. A partir do ano letivo 1992/93 o concelho da Praia da Vitória passou a dispor de um estabelecimento de ensino secundário com a entrada em funcionamentos da Escola Secundária Vitorino Nemésio. Ao longo destes 25 anos, muitos foram os jovens praiense de todas as freguesias que ali alicerçaram os conhecimentos e aptidões ou para prosseguirem os seus estudos académicos ou para integrarem a vida ativa. Escola piloto na implementação do ensino recorrente mediatizado nos Açores e no país, no presente ano letivo registou um total de 920 alunos matriculados, entre ensino básico, secundário, PROFIJ, profissional, REATIVAR e mediatizado. Pelos 25 anos e importância da vida de toda a comunidade, que não só a estudantil, foi-lhe atribuída a Medalha de Mérito Municipal, Valor Cultural em Bronze. Recebeu a presidente do Conselho Executivo, professora Augusta Escobar. Reconhecido pelo Governo Regional em 2008 como Instituição de utilidade pública, o Orfeão da Praia da Vitória, nasceu a 06 de março de 1993 sob a designação de Grupo Polifónico do Ramo Grande. A comissão instaladora constituída por Fátima Gonçalves, Luísa Alcobia, Cota Moniz, Pe. Costa Freitas e Francisco Ferreira, colmatava assim, a lacuna de não existir um único grupo polifónico na Praia da Vitória. Tendo como sede provisória a Ermida dos Remédios desta cidade, em função do crescimento transfere-se para a Igreja da Misericórdia, tendo hoje sede própria na

rua Maestro João António das Neves, exemplo de congregação de várias vontades. A primeira apresentação ao público ocorreu a 03 de agosto de 1993, por ocasião das festas concelhias. Desde então o seu reportório tem vindo a diversificar-se no espaço e no tempo, utilizando diversos idiomas com apreciável rigor linguístico, num exercício de valorização da música e cultura açoriana. Distinguido em 1996 com a Medalha de Valor Cultural em Bronze, o seu relevante papel na promoção da cultura e da música açoriana, assim como na projeção do nome da cidade e concelho volta a ser reconhecido, com a atribuição da Medalha de Mérito Municipal, Valor Cultural em Prata. Recebeu o presidente da Direção, José Gabriel Medeiros. A Conferência de São Vicente Paulo de Santa Catarina, do Cabo da Praia, fundada a 12 de maio de 1968, completou este ano meio século de existência, constituindo um dos movimentos da ação social da Igreja com maior antiguidade no concelho e na ilha. A sua missão assente num espírito de justiça, caridade e promoção da igualdade, desprovida de preconceitos e enraizada numa mensagem de esperança, acudindo os efeitos, procurando encontrar as causas e desencadeando as soluções, muito tem contribuído para a dignidade da pessoa humana na comunidade. Da sua vasta e meritória intervenção, destaca-se o acompanhamento de jovens praienses, sem suporte familiar, na percussão dos estudos universitários fora da Região Autónoma dos Açores. Pelas Bodas de Ouro e pelo exemplo de solidariedade e amor ao próximo foi-lhe entregue a Medalha de Mérito Municipal, Valor Cultural em Prata. Recebeu o presidente da Direção, Carlos Matos. Manuel Coelho da Silva, nasceu em Santa Cruz, Praia da Vitória, a 25 de agosto 1892 e faleceu a 26 de fevereiro de 1959, notabilizando-se por ser um músico extraordinariamente dotado e exímio executante de clarinete. “O Chinchelárias” como era conhecido, nos 20 anos em que residiu na sua vila natal, não

só congregou à sua volta as gerações que fizeram a história da FUP (foi um dos seus primeiros regentes), como dirigiu a capela de música, organizou a Orquestra Praiense, foi mentor da aula de música municipal e, através das audições do orfeão, impulsionou o gosto artístico no meio praiense. Regente de dezenas de filarmónicas na ilha, noutras ilhas e também na América, compôs centenas de marchas, sinfonias e outras composições. Destaque especial para composições como “Festa Militar” e “O Praiense”, esta última brilhantemente executada pela FUP a 20 de março último, por ocasião do 114.º aniversário, na sequência de uma homenagem que também ali lhe foi prestada. Pelo legado na história da música e das filarmónicas açorianas, onde o seu empenho foi fundamental na dinamização da aprendizagem da música e na atração de várias gerações à FUP é-lhe entregue, a título póstumo, a Medalha de Mérito Municipal, Valor Cultural em Prata Vermeille. Recebeu a neta, Lúcia Coelho. John Carlos de Sales Martins, pereceu prematuramente a 15 de junho último, vítima de acidente rodoviário. Nascido na freguesia dos Altares a 21 de abril de 1962, emigra com a família para a Califórnia dois anos depois. Empresário de sucesso do ramo imobiliário, abraça a vida política aos 36 anos. Eleito vereador de 2001 a 2003, a 03 de março de 2004, torna-se presidente da Câmara Municipal de Artesia, Los Angeles, cargo que exerceu até 10 de novembro de 2010. Cinco anos depois, em 2015, é nomeado Cônsul Honorário de Portugal em Los Angeles, função que desempenhou até a fatídica tragédia do passado dia 15 de junho. Era um dos principais responsáveis pela promoção e organização dos convívios praienses, que anualmente decorrem no estado da Califórnia. Por ser pessoa de forte relação profissional, cultural e pessoal à Praia da Vitória, é-lhe atribuído, a título póstumo, a Medalha de Bons Serviços Municipais em Prata Vermeille. A medalha será entregue pelo presidente da CMPV à família. JP•

PUB

TALHO BORBA & MENDES


JP | DESTAQUE

2018.07.06

|8

DIZ, JOSÉ MANUEL MONIZ, PRESIDENTE DO UNIÃO DESPORTIVA PRAIENSE

“TEMOS QUE HONRAR A MEMÓRIA DOS SEUS FU O clube desportivo, União Desportiva Praiense, acaba de completar 70 anos de existência. Com um rico palmarés no futebol de formação, o clube abandonou a modalidade e dedicou-se ao futsal e, mais recentemente, abraçou nova modalidade – o minigolfe.

P

opularmente designado como os “Brancos” da Praia, o clube desportivo, União Desportiva Praiense (UDP), completou na passada quarta-feira, 04 de julho, sete décadas de existência. A fundação do clube confunde-se com o nascimento do seu eterno rival – Sport Club Praiense – e vice-versa. Na longínqua Praia da Vitória de finais da década de 40, não havia qualquer clube de futebol na então vila, reunindo-se os jovens apaixonados pela modalidade no estabelecimento funerário do Sr. Francisco Carvalho. Em finais de 1947, determinados a praticar a modalidade a sério e dotar o grupo de um equipamento uniforme, é encomendado no continente um conjunto de camisolas. Paradoxalmente, as camisolas adquiridas para dar uma imagem de união, provocaram desavenças e motivaram a divisão, já que sendo vermelhas, eram do agrado para uns, mas não para todos. Desavindos, divididos e separados, os sem camisolas encomendam tempos depois, camisolas de cor branca, abrindo caminho para que a 04 de julho de 1948, fosse fundado o UDP. Ao longo destes 70 anos de história, o União Praiense, afirmou-se por direito próprio, como um dos clubes mais emblemáticos de futebol da ilha Terceira e até do arquipélago. As suas prestações e conquistas, sobretudo nos escalões de formação, são por todos reconhecido, sendo referenciado por muitos como um verdadeiro “viveiro” de jovens talentos, que em muito enriqueceu o seu plantel sénior e também dos seus rivais. Destaca-se no futebol jovem o título de tricampeão açoriano em juvenis, nas épocas 1988/89, 1989/90 e 1990/91. No PUB

futebol sénior, embora tenha recebido por uma única vez as faixas de campeão de ilha (1982/83), as suas equipas sempre primaram por um futebol vistoso e de elevado recorde técnico. A esta realidade não terá sido alheia, sem que exista uma razão plausível que o explique, o facto de muitos dos militares continentais, em comissão de serviço na Base Área n.º 4, optarem por envergar as camisolas azuis e brancas do UDP. Na memória ficam nomes como Chaminé, Cacau, Tombado ou Albino, Gonzaga, Ernesto. Referência especial para Eusébio, um dos jogadores mais espetaculares de todos os tempos. A estes seguiram-se Carlinhos (de Santa Rita), Carlos Cabral, Serreta, Toni, Fortes, e na formação, Adelino, Carlinhos, Arlindo, Marrão, Francisco, Luís Filipe, Armando e Faria. Nascido para o futebol e projetado pelo futebol, o clube abandonou a prática da modalidade na época 2000/01, numa decisão dolorosa para toda a direção, mas inadiável face aos fracos recursos financeiros, materiais e humanos disponíveis. Integrando os corpos dirigentes desde novembro de 1998, José Manuel Moniz, é presentemente o presidente da direção, cargo que vem exercendo após a saída de Francisco Rocha, em julho de 2009. Sem esquecer os seus colegas e com quase uma vida dedicada ao clube, que vê como uma segunda família depois da biológica, José Manuel Moniz, é nos últimos 20 anos o rosto do União Praiense, e é graças ao seu trabalho, empenho, esforço e dedicação, em prejuízo da sua vida pessoal e familiar, que este clube vai sobrevivendo. Desempenhou também as funções de treinador desde 2005 com maior incidência para os escalões de formação. Dedicação

JOSÉ MANUEL MONIZ é dirigente do União Desportiva Praiense desde lho e dedicação que o clube vai sobrevivendo, na certeza que “os home que manteve mesmo após o grave enfarte que sofreu em novembro de 2010 e na sequência do qual foi sujeito a várias intervenções cirúrgicas complexas e arriscadas. Pai de uma filha de 30 anos e de um filho de 26, lamenta e diz concordar com a esposa quando esta observa “que os filhos cresceram e eu quase nem dei por isso”, para de seguida e com a voz audivelmente emocionada acrescentar “temos que honrar a memória dos seus fundadores e não deixar morrer o clube”.

Abandonado o futebol, o clube abraçou o Futsal, modalidade que vêm praticando desde a época 2001/02, vindo a impor-se como um clube de referência quer no escalão sénior como na formação. Em seniores, sagrou-se campeão açoriano e disputou por duas ocasiões o nacional da III Divisão, Série D, tendo também participado na época inaugural da Série Açores do Nacional da II Divisão de Futsal. Igual êxito para a formação onde averbou títulos


2018.07.06

|9

DESTAQUE | JP

UNDADORES E NÃO DEIXAR MORRER O CLUBE”

e 1998, sendo atualmente presidente da direção. É graças ao seu trabaens passam e o Clube fica, mas a memória deles perdura para sempre”. tanto em juniores C (Iniciados), como juniores D (Infantis). Mas a fatalidade teima em bater à porta dos unionistas e por decisão já tomada pelos seus dirigentes, devido a condicionalismos diversos, na próxima época o clube não competirá no escalão sénior. No entanto, continuará com um escalão de formação, tal como aconteceu na época passada. Para José Manuel Moniz, a principal razão de todas estas dificuldades resulta do afastamento de sócios e adeptos, provocado por um conjunto de circunstâncias. “Temos 520 sócios registados em livro, PUB

mas infelizmente foram deixando de pagar as suas quotas. As pessoas estão afastadas do clube e os que por aqui andam na direção estão época após época mais velhos e cansados”, afirma. “Na Assembleia Geral de outubro último, foi aprovada a renumeração dos sócios, e nesse sentido demos os primeiros passos para contatar um a um – os ainda vivos – com o objetivo de saber se quer ou não continuar a ser sócio e cobrar a quota mas depois acabamos por não levar esta tarefa a bom porto, por manifesta falta de tempo, face aos outros afazeres dos dirigentes, com jogos e treinos, mas em breve vamos retomar essa

tarefa”, refere. “Para este afastamento não há apenas uma única razão mas sim um acumular de razões, como a deslocalização da nossa sede de um espaço central como era a Avenida Beira-Mar para uma rua secundária e sem porta de acesso direto à rua e com menor visibilidade. O abandono da prática do futebol, marca identitária deste clube e indiscutivelmente a modalidade com maior destaque no panorama desportivo em todo o mundo, e também, o próprio ritmo de vida nos dias de hoje, que leva as pessoas a terem cada vez menos tempo disponível, não só para o associativismo como até para assistir aos jogos”, argumenta, exemplificando, “em 2007/08, fomos campeões de ilha, vencedores da taça e vice-campeões açorianos e no jogo do título, com muita gente no pavilhão, só reconheci um sócio, que depois veio festejar connosco, mas infelizmente já não se encontra no mundos dos vivos”, elucida.

em tudo o que estivesse ao seu alcance solicitando mesmo a elaboração de um orçamento. Informa também que este orçamento já foi feito, escusando-se no entanto, a adiantar valores, já que os mesmos deverão ser apresentados, em primeira mão, à Câmara Municipal na sequência de uma reunião que neste momento aguarda agendamento, depois de uma primeira reunião ter sido cancelada por motivos profissionais. Considera que esta obra é fundamental para dar mais vida à sede e ao próprio clube. “Por vezes e com todo o gosto alugamos a sede para eventos sociais particulares, nomeadamente festas de aniversário, mas se jogarmos nesse dia, já não poderemos reunirmos aqui após os jogos para confraternizar e reforçar o espírito de equipa, já se tivéssemos um segundo piso, com acesso independente como pretendemos, poderíamos usar a sede e com isso dar mais vida e visibilidade ao clube”, justifica.

Consciente da realidade que o rodeia, José Manuel Moniz, não rejeita o eventual regresso ao futebol de 11, mas aconselha prudência. “Um dia o clube poderá voltar ao futebol 11, mas face às dificuldades que sentimos com toda a logística do futsal, é de todo impensável avançar para uma modalidade onde essa logística é muito maior e mais complexa, a meu ver, absolutamente incomportável com as condições atuais do clube porque esse só tem razão de existir se os sócios forem mais participativos e mais intervenientes, dando a sua colaboração”.

Foi exatamente a pensar em imprimir maior dinâmica e visibilidade ao clube que José Manuel Moniz, acedeu ao repto de Filipe Costa das Ilhas d’Aventura e em parceria criaram uma secção de Minigolfe, liderada pelo próprio Filipe Costa. Decorrente desta aposta o União Praiense já participou em torneios no Algarve e em Aveiro, indo disputar a 15 de julho, o Terceira Minigolfe Open, última das cinco provas que integram o Campeonato Regional de Minigolfe dos Açores. Depois disso, está em perspetiva a participação no Kent Open 2018, torneio internacional, a realizar no Reino Unido.

Está, no entanto, no seu horizonte como no da direção avançar para a segunda fase da obra de construção/ampliação da sede social, na sequência das promessas dadas aquando da deslocalização. “Esta sede foi construída no pressuposto de mais tarde nascer um segundo piso, estando inclusivamente preparada em termos de engenharia civil para isso, na sequência das conversações e promessas feitas na altura”, esclarece. Segundo adianta, a autarquia manifestou disponibilidade para cooperar

José Manuel Moniz, termina o mandato em maio de 2019 – É para continuar? “Sinceramente não sei! Já são muitos, os anos de dedicação ao clube, o cansaço já se manifesta e também já é tempo de reconhecer que a família não pode ficar para segundo plano, mas havemos de ver”, responde, finalizando, “os homens passam e o Clube fica, mas a memória deles perdura para sempre”. JP•


JP | DESTAQUE

2018.07.06

| 10

ÉPOCA 2018/19

UNIÃO PRAIENSE ABANDONA FUTSAL SÉNIOR

D

epois de abandonar a prática do futebol 11 na época desportiva 2000/2001, o União Desportiva Praiense volta a tomar uma decisão que muito lamenta, mas que em boa verdade não pode evitar, e disso mesmo deu oficialmente conta à Associação de Futebol de Angra do Heroísmo (AFAH). Na época que se avizinha, os “brancos” da Praia não competirão na categoria de seniores nas provas da modalidade de futsal organizadas pela AFAH. “É com muito desgosto meu e de toda a direção”, diz José Manuel Moniz, presidente do UDP, “mas já lá vai o tempo em que nós entravamos apenas para participar, hoje, temos um estatuto a defender e esse estatuto não é compatível com os comportamentos que assistimos esta época de falta de ambição”, afirma. De facto, a UDP ostenta um palmarés de elevado gabarito, como o leitor poderá verificar no quadro à direita.

“O que aconteceu esta época, foi que apesar das dificuldades iniciais em construir a equipa, ultrapassadas estas dificuldades, verificamos que alguns atletas não renderam o que esperávamos deles e saliente-se, o que já haviam rendido em época anteriores com outros emblemas ao peito. De resto, esta é a própria reflexão do treinador da equipa, Paulo Lopes”, concretiza. No campeonato de futsal da ilha Terceira da presente época, constituído por um universo de nove equipas, a UDP classificou-se em 7.º lugar. Esta má classificação é também para José Manuel Moniz, reflexo das arbitragens adversas que o clube sofreu. “Os brancos têm um estatuto e, por isso, são um alvo a abater. Feitas as contas o que verificamos é que contra nós há demasiados erros e isso não nos motiva, antes pelo contrário, como é evidente”, acusa. JP•

SÓCIOS FUNDADORES E SUBSCRITORES DOS ESTATUTOS Francisco Borges Barcelos; Belchior Moniz; António Coração de Jesus; António dos Milagres Vieira Lima; Manuel Augusto Borba; José Borges Paula da Silva; Armando Ribeiro dos Santos; Manuel Vieira Lopes; Hermínio Machado Alves Amorim; David Eustáquio Ribeiro Sousa; Manuel dos Santos; João Machado Alves; Fernando Borges; Francisco Borges Paula da Silva; Deodato Evermundo Leal Lima; Arsénio Saraiva Barreto.

PALMARÉS 1977/78 Campeão de Ilha Juvenis 1982/83 Campeão de Ilha Seniores Campeão de Ilha Juvenis 1983/84 Campeão de Ilha Juvenis Campeão Açoriano Juniores 1984/85 Campeão de Ilha Juvenis 1985/86 Bicampeão de Ilha Juvenis 1988/89 Campeão de Ilha Juvenis Campeão Açoriano Juvenis 1989/90 Bicampeão de Ilha Juvenis Bicampeão Açoriano Juvenis 1990/91 Tricampeão de Ilha Juvenis Tricampeão Açoriano Juvenis Taça de Ilha Juvenis

FUTEBOL 11

FUTSAL

2004/05 Taça de Ilha Seniores Taça de Ilha Juniores D (Infantis) 2005/06 Campeão Açoriano Seniores Campeão de Ilha Seniores (invicto) Taça de Ilha Seniores Vice-Campeão Açoriano Juniores C (Iniciados) Campeão de Ilha Juniores C 2006/07 1.ª Participação Campeonato Nacional 3.ª Divisão - Seniores - Série D - Despromovido Vice-Campeão de Ilha Juniores C 2007/08 Vice-Campeão Açoriano Seniores Campeão de Ilha Seniores Taça de Ilha Seniores 2008/09 Campeão Açoriano Seniores Bi-Campeão de Ilha Seniores 2009/10 2.ª Participação Campeonato Nacional 3.ª Divisão - Seniores - Série D - Despromovido Supertaça "António Faustino da Silva" Seniores Taça Ilha Terceira Seniores 2010/11 Apuramento para a Série Açores - Seniores 2012/13 Taça Ilha Terceira Seniores 2013/14 Taça de Ilha Terceira Juniores B (Juvenis) PUB

ÓRGÃOS SOCIAIS BIÉNIO 2017/2019

ASSEMBLEIA GERAL: Presidente: Luís Filipe Cota Moniz; Vice-Presidente: João Luís Pamplona Bettencourt Rodrigues; 1.º Secretário: Paulo Henriques Ferreira dos Santos; 2.º Secretário: Carlos António Silveira Martins Maurício. DIREÇÃO: Presidente: José Manuel Pereira Moniz; Vice-Presidente: Jerónimo Manuel Leal da Costa; Secretário-Geral: Lígia Maria da Silva Dutra; Secretário-Adjunto: Rodrigo Gabriel Arruda de Medeiros; Tesoureiro: Rúben Miguel Costa Reis; Vogal: Paulo Alexandre Anjos Amaral; Vogal: Carlos Manuel Velez Madrinha; Vogal: Francisco José Oleiveira Bernardo; Vogal: José António Carvalho; Vogal: Marko Paul Aguiar; Vogal: João Vitor Moniz Goulart; Vogal: Filipe Faria Martins; Vogal: Fábio Miguel Fabrício Riqueza; Vogal: Filipe Jorge Areias Costa; Suplente: Osvaldo Manuel dos Santos. CONSELHO FISCAL: Presidente: Francisco Jorge Silva Ferreira; Secretário: Nuno Graciliano de Almeida Cabral; Relator: José Reinaldo Carreiro Costa.

Após quatro edições em Ponta Delgada, pela primeira vez Lagoa será palco de discussão e reflexão partilhadas com os vários parceiros sobre temáticas no âmbito do apoio a vítimas de crime e a prevenção da vitimação e da violência. No evento, que irá reunir diversos especialistas, serão abordadas três áreas principais: Violência Filioparental; Apoio Online a Vítimas de Crime; e Violência contra Pessoas com Deficiência Intelectual e/ou Multideficiência.

apoio:

PUB

Agentes Transitários - Carga Aérea e Marítima - Recolhas - Entregas - Grupagens e Completos |

Telefone 295 543 501


2018.07.06

| 11

SOCIEDADE | JP

LAR D. PEDRO V PROMOVE

SEMANA EM LOUVOR DO DIVINO ESPÍRITO SANTO Lar D. Pedro V responde à vivência dos idosos e louva o Espírito Santo.

A

vivência da religiosidade e da espiritualidade por parte dos idosos traduz-se na procura de um sentido para a vida e numa forma de superar as situações adversas que possam surgir. Neste sentido, e porque o Lar D. Pedro V não é indiferente aos reais interesses e necessidades dos seus utentes, potencia e vive de perto as festividades de caráter religioso. As festas do Divino Espírito Santo constituem uma das tradições mais enraizadas na cultura terceirense e, como tal, assumem um papel importante nas vivências religiosas e culturais dos nossos idosos. Assim sendo, o Lar D. Pedro V realizou de 14 a 19 de Maio a Semana em louvor do Divino Espírito Santo, tendo sido rezado o terço todos os dias pelas 11h00m na sala de estar do Centro de Dia. A semana de culto ao Divino Espírito Santo teve o seu término no dia 19 de Maio com a Celebração Eucarística na capela da instituição, onde se procedeu à coroação dos idosos, seguindo-se o almoço típico do Espírito Santo. AV/JP•

PUB


JP | EDITORIAL & OPINIÃO

2018.07.06

“VOLTANDO À VACA FRIA” (VIII)

E DITORIAL

DUAS DATAS… DOIS DIAS, O 25 DE ABRIL… E, O 1.º DE MAIO

JP perdeu o seu Administrador “Os verdadeiros valores não perdem tendência nem saem de moda e ficam sempre bem a quem os tem” (anónimo) e um grande amigo

O

nosso jornal perdeu um ilustre colaborador, José Manuel Miguel da Silva, que faleceu no dia 15 de Junho de 2018, por isso o jornal está de luto, pela perca de tão importante e enérgico colaborador. Miguel Silva, como era vulgarmente conhecido no meio onde vivia, era um exímio paladino de que a arte pela arte “é desumana e deixa de ser arte, a arte para o mercado não tem nada de arte, é comércio, a arte a serviço do público é um elemento nobre, vital e permanente da vida humana”. Miguel Silva, foi vítima de doença prolongada, e até adoecer sempre colaborou com o Jornal da Praia e vinha fazendo-o há muitos anos. Homem recto e independente de quaisquer pressões políticas, fez sempre um bom trabalhado, de forma voluntária e em prol deste jornal e da Associação Recreativa e Cultural os Amigos da Praia, proprietária deste quinzenário ilhéu, da qual era Presidente da Direcção. O Jornal da Praia tem uma enorme dívida para com o seu administrador que jamais a poderá liquidar, por isso tem o dever de perpetuar a sua memória como homem bom que foi, sempre disponível a ajudar as associações filarmónicas com quem colaborava, os amigos e todas as pessoas que lhe eram próximas. Era um homem de iniciativas inéditas em prol do desenvolvimento da sua cidade Natal, a Praia da Vitória, foi sócio fundador e Presidente do Grupo Recreativo de Actividades Turísticas Internacionais na Terceira (GREAT), cujo o objectivo é a promoção e organização de eventos culturais, desportivos e recreativos nos Açores. Aquando do seu mandato na GREAT, promoveu diversos eventos e actividades, nomeadamente curso de formação musical, intercâmbios culturais entre grupos do Continente e de Cabo Verde e várias acções de formação, que serviam o interesse da comunidade. Miguel Silva foi um homem acima de tudo lutador incansável pelo desenvolvimento e bem-estar da sua terra, foi um perene colaborador da Federação do Folclore Português, de cujo o seu relevante trabalho, levou recentemente que esta federação reconhecesse publicamente o bom tributo dos seus serviços prestando-lhe avassaladora homenagem. Empresário de sucesso no ramo de hotelaria, tendo sido destacado pelas nobres iniciativas e decisões que efectuou no sector, pela booking.com/2012. Foi um homem de acção, um homem inteligente, que sempre pôs a sua inteligência ao serviço dos outros, mesmo durante a atmosfera pesada da crise económica que assolou o país e a nossa Região Autónoma e que lentamente se vai desvanecendo, este homem nunca desanimou, lutou sempre pelo sucesso dos empreendimentos a que estava ligado. Deixa-nos a chorar a sua morte, a sua falta como amigo, mas a nossa mentalidade Judaico-Cristã de que “todos nascemos para morrer, e todos morremos para ressuscitar”, é uma esperança que nos fortifica e anima a prosseguir a vida do dia-a-dia. A humildade que lhe era inerente é o merecimento da sua glória e acima de tudo por ser um homem que dava o que tinha, e não o que sobrava. A toda a família enlutada, nomeadamente esposa e filho, o Jornal da Praia apresenta sentidas condolências e paz à sua alma. O Diretor Sebastião Lima diretor@jornaldapraia.com

| 12

José Ventura*

N

o espaço de cinco dias comemoraram-se dois acontecimentos, filhos de uma Revolução nascida há 44 anos festejada na rua com cravos vermelhos e vivas à “Liberdade”. Acabava-se o chamado obscurantismo “a Política de fazer alguma coisa com o objetivo de impedir o esclarecimento da massa por considerá-lo um perigo para a sociedade”. O poder instituído, era um estado de espírito oposto à razão e ao progresso intelectual e material. Vivia-se no medo de “abrir a boca”, não havia lugar à livre expressão. À liberdade do nosso eu. A expressão dos nossos sentimentos e sensações. O vazio entre os ricos e os pobres era uma triste realidade. Com o golpe militar de 25 de Abril de 1974, com a deposição do poder da II República, gritou-se “Liberdade” naquele dia e, no dia 1 de Maio vimos de braço-dado lado a lado os embrionários

partidos e centrais sindicais, a exigir a proteção dos trabalhadores. Cantava-se Grândola Vila Morena, como se evocassem um novo e patriótico hino. Bradando em alta voz “Victória” e “Liberdade”… “Liberdade”! Quantas ilusões não se criaram nas cabeças das 8.754 milhões de almas que componham a população do país naquela data. Umas pela positiva e outras, chamadas de “cabecinhas pensadoras” que pensaram por a Liberdade festejada, só e só em seu proveito próprio. Ao longo dos 44 anos de vivência dita de Democrática muito por aí se viu e se vê desses últimos. Muita briga de comadres, muitos actos pouco ortodoxos se viu, no período entre o 25 de Abril de 1974 e a entrada em vigor da Constituição a 25 de Abril de 1976 redigida pela Assembleia Constituinte eleita na sequência das primeiras eleições gerais livres no país, em 25 de Abril de 1975. Confirmou essa Constituição a garantia a todos os portugueses, os “direitos e liberdades individuais”, salientando-se: Igualdade de todos perante a lei; Liberdade de expressão, de opinião, de reunião e associação; O direito à greva e à organização sindical; O direito ao trabalho, à segurança social e à protecção da saúde; O direito à educação. Já se efetuaram ao longo dos 42 anos e de 23 Legislaturas, 7 revisões

à Constituição estando em “águas de bacalhau” a Revisão constitucional de 2010 (XI LEG/2.ªSL com o patrocínio de S. Exa. o senhor presidente da República que diz que não vamos pensar agora em tal acontecimento. Há tempo para o fazer. Mas da Liberdade aplaudida no dia 25 de Abril e do entusiasmo do dia 1º de Maio em relação ao Trabalho muito há a dizer bem assim aos Direitos e Liberdades referidos e expressos no “Livro das Leis” ou “Bíblia” dos políticos que a interpretam conforme a sua religião e interesses. LIBERDADE: Falar de ética, é falar de Liberdade: - Liberdade para decidir entre o bem e o mal; Liberdade para decidir sobre o certo e o errado; Liberdade de conduta; Liberdade com responsabilidade. A ética faz as seguintes perguntas: - Isto é correto? - Isto é justo? – Esta prática está de acordo com o bem comum? Os que pensam assim antes de agir, tem carácter, sentido ético, coerência, honestidade. Quantos ao serviço dos cidadãos agem de conformidade? Para Descartes, “age com mais liberdade quem melhor compreende as alternativas que precedem à escolha. A terminar deixai-me que pergunte: - Será que a Liberdade instituída na Constituição de 1976 que referimos no 4º parágrafo do presente (Continua na página seguinte)

DESPENALIZAÇÃO DA EUTANÁSIA: A CAIXA DE PANDORA

Silveira de Brito

C

onhecemos a história da legalização da eutanásia na Holanda e Bélgica; a da Holanda pode ler-se em “Eutanásia – O Caso Holandês”, de Daniel Serrão(1) que, como membro do Comité Director de Bioética da Conselho da Europa, acompanhou o processo durante longos anos. Vale a pena comparar o trajecto que levou à despenalização da eutanásia na Holanda com os passos que estão a ser dados em Portugal. Também lá a proposta inicial, bem como a primeira lei aproPUB

vada em 1993, apresentava-se com todas as cautelas, com regulamentação muito estrita e salvaguardas que pareciam seguras e suficientes. Uma vez aprovada a lei, a sua aplicação foi perdendo consistência, o que conduziu à aprovação de uma segunda lei em 2001, na qual a eutanásia já não é um homicídio despenalizado, mas um acto médico. Verificou-se a chamada “rampa escorregadia” (“slippery slope”). Tudo começa, portanto, com formulações rigorosas, garantias que parecem muito consistentes, mas depois tudo perde força. No caso holandês, convém ainda ter presente um dado rarissimamente referido: a Holanda, subescritora da “Convenção dos Direitos do Homem” do Conselho da Europa, não tem solucionado perante o Comité Director dos Direitos do Homem a controvérsia originada pela legalização da eutanásia que introduziu no seu quadro jurídico, recorrendo aos

mais diversos expedientes para atrasar a tomada de decisão do Comité de Ministros do Conselho sobre essa controvérsia(2). Na argumentação a favor da despenalização da eutanásia aparece sempre como justificação a autonomia do doente. Ora, como já defendi em texto anterior, não me parece que aquela justificação seja filosoficamente suficiente. Mas vou mais longe: se, contrariamente ao que eu penso, aquela justificação fosse suficiente, ainda assim não se seguia ser aceitável caminhar para a despenalização da eutanásia. Não se pode perder de vista que aquela despenalização terá um impacto profundo na confiança que deve pautar a relação “profissional de saúde-doente”, pelo que, para salvaguarda daquela relação de absoluta confiança, em termos de políticas públicas não é aceitável a despenalização da eutanásia; (Continua na página seguinte)


2018.07.06

| 13

OPINIÃO | JP

CRÓNICA DO TEMPO QUE PASSA (XXXI)

A VOZ E O CONTRIBUTO DOS EMIGRANTES Durante muitos anos, os emigrantes foram mal compreendidos, explorados e até ridicularizados. Os mais velhos lembram-se, ainda, de uma «epidemia do Verão» de triste memória, atribuída aos nossos irmãos que regressavam o país para matarem saudades e encontrar familiares e amigos.

T

António Neves Leal

odos os anos por esta altura ei-los de volta. Refiro-me aos que por diversas razões tiveram que deixar o torrão natal para, por entre agruras, irem viver repartidos entre dois mundos: o da adolescência e juventude e o da vida adulta que levam fora da terra onde nasceram. António Coimbra Martins, embaixador de Portugal nos tempos em que vivi em França declarou, numa entrevista, uma frase que jamais esqueci: «o emigrante paga um duplo tributo à sociedade, e não tem lugar de pleno direito onde nasceu nem onde se acolheu» (1). Eu, também, sobre a vivência do emigrante expus um ponto de vista semelhante em comunicação apresentada, em nome do Jornal da Praia, no Congresso de Comunidades Açorianas, que se realizou na cidade da Horta em 1995. Neste frisava que ele era «um ser repartido entre a terra que o viu nascer e aquela em que voluntária ou forçadamente vive» (2). Durante muitos anos, os emigrantes foram mal compreendidos, explorados e até ridicularizados. Os mais velhos lembram-se, ainda, de uma «epidemia do Verão» de triste memória, atribuída aos nossos ir-

mãos que regressavam o país para matarem saudades e encontrar familiares e amigos. Estávamos, então, no tempo das vacas gordas. Novamente, ao que parece, irremediavelmente, iremos voltar a ter esse período, apesar dos milhões que a C.E.E. e a U.E., sua sucessora, enviaram para o desenvolvimento do País e dos Açores. Foi também o famoso tempo das remessas dos emigrantes, que nos salvaram algumas vezes da bancarrota, mas desta última poucos falam, porque perderam a memória. Agora, fala-se muito é das receitas efémeras e ilusórias do turismo até que melhore a situação no norte de África. Uma homenagem é devida a esses obreiros, um dia considerados como a força portuguesa que mais produz sem que se tenha gastado com ela grande coisa. E o melhor será aproveitar a sua experiência e o poder do trabalho a que os emigrantes, lembrados no 10 de junho, devotaram a sua vida. É justo e foi bonito, mas não deixa de ser insuficiente, se for apenas uma manifestação folclórica, como temos visto, em nome de uma portugalidade em que muitos cidadãos não se reconhecem ou desconhecem o seu sentido e a sua prática no quotidiano. Os emigrantes com “e” e com “i”, do que mais precisam é de serem tratados como adultos e não com infantilismos. Detestam ser meros pneus furados em tempo de ralis, isto é, objectos descartáveis que serviram e já não interessam, ou com utilidade duvidosa, como pensam alguns. Por seu turno, o jornal em supor-

te de papel, tal como as revistas, os livros, e os diferentes documentos escritos, resistem à corrosão do tempo, ao invés, os meios de gravação e reprodução, que, não dão as mesmas garantias de sobrevivência, nem permitem certas possibilidades de utilização. Onde páram as nossas antigas gravações em disquetes, video-cassetes, CDs, pens? No nosso clima tão húmido, mais difícil será, ainda, a sua conservação e a inevitável perda. Os portugueses que vivem no estrangeiro devem ser considerados gente dotada de voz e com grande experiência, das quais muito se poderá aproveitar. O seu contributo será inestimável se forem tratados como ricos detentores de iniciativas. Eles continuam desejosos de dar um permanente contributo ao progresso económico do país, investindo as suas poupanças sem “burrocracias”( não é gralha tipográfica), nem tratamentos discriminatórios ou de simples coitadinhos. Não resisto a transcrever algumas passagens do que reli, recentemente, num jornal de Castelo Branco (3), escrito há 40 anos e hoje com plena actualidade, após o que se passou nalgumas unidades do sistema bancário português, prejudicando muitos emigrantes, alguns dos quais perderam todas, ou quase todas, as suas economias. Os Beirões radicados nos países europeus, naquele ano de 1978, conforme se lê no referido periódico, alertavam para a necessidade de se investir no desenvolvimento do interior do país e das vias terrestres, sem

esquecerem o comboio. Ora vejam: «Não queremos que o dinheiro vá para os bancos. Exigimos que os governantes de cada região façam o que é preciso para que se criem: regadios, plantações, estradas, aeroportos, hotéis, parques de turismo, indústrias para produtos agrícolas e mecânicos, etc. Tudo pode ser construído. Tudo deve ser construído directamente, em sociedades, nas nossas regiões, com os emigrantes, que veriam assim as suas difíceis poupanças a criar postos de trabalho e riqueza e, por consequência, menos negra a sua velhice. (…) E quanto dinheiro fica por cá aos milhões, por não encontrarem em Portugal uma colocação digna de rendimento e de trabalho também para nós. Ajudem-nos nesta campanha, e nós todos juntos e longe da política, havemos de convencer os políticos que as nossas regiões do interior têm homens capazes de os fazer compreender que não somos os novos-ricos, mas que por causa dos nossos sacrifícios, sabemos que é pelo trabalho e união de todos que se cria riqueza, da qual todos devem tirar proveito». Boas-vindas aos nossos emigrantes com votos de esplêndidas férias! Referências: (1) Acção Socialista, 19.04.1979. Citada em Varanda de Paris, pág. 217; (2) Congresso de Comunidades Açorianas, pág. 414, Açores, Nov. 1995; (3) Reconquista, edição de 28.04.1978;

DUAS DATAS… DOIS DIAS, O 25 DE ABRIL… E, O 1.º DE MAIO (Conclusão da página anterior)

escrito, está a ser vivida no seu verdadeiro sentido, por parte de ambos os protagonistas da república? Referimo--nos aos cidadãos comuns, aos políticos e responsáveis

pela gestão dos destinos do país quando o crime organizado alastra nas diversas áreas da sociedade, a corrupção se encontra na ordem do dia, a constatações públicas voltam em força à rua. CONTESTAÇÕES

Li algures que “A questão da liberdade entra na história na medida em que o homem, para viver em sociedade, deve se adequar a normas sociais que atendam a necessidades da coletividade e não a particulares ou individuais, o que implica em por limites

a sua liberdade individual” Continua: com “e, o 1º de Maio” (*) Por opção, o autor não respeita o acordo ortográfico.

DESPENALIZAÇÃO DA EUTANÁSIA: A CAIXA DE PANDORA (Conclusão da página anterior)

o exercício dos direitos de uma pessoa não pode pôr au causa os direitos das outras. Os projectos de lei entrados na Assembleia da República apresentam-se com redacções muito cuidadosas. O do Partido Socialista propõe a admissão da despenalização da eutanásia “em circunstâncias especialmente circunscritas” (p. 2), e que deve resultar da “ponderação de direitos a valores constitucionais” como a vida humana, a dignidade da

pessoa e a autonomia individual (p. 3). Mas além disso, em minha opinião devem ponderar-se as consequências da despenalização nas relações “profissional de saúde-doente”, que deve assentar numa confiança não afectada por suspeições. As autoras do projecto de lei do PS disseram que nele não está em causa um desrespeito da vida por parte do Estado. Ora é de lembrar que o Estado, quando legisla sobre a eutanásia, não pode pensar apenas naquele(s) que a pede(m), mas nas consequências que a sua despenalização terá

para a segurança de todos. Por mais cautelas que se tenha, recorrendo a registos e outras salvaguardas, a despenalização da eutanásia porá em causa um elemento fundamental na relação “profissional de saúde-doente”: a confiança. Há dias o correspondente da RTP na Bélgica falava sobre a eutanásia naquele país, descrevendo uma situação sem dificuldades nem problemas graves. Mas quem fala com psiquiatras belgas ou com enfermeiros portugueses que lá trabalham em hospitais, fica com uma ideia dife-

rente. Os primeiros dizem que cada vez mais profissionais de saúde aparecem nas consultas com problemas psicológicos causados pela aplicação da lei. (1)

SERRÃO, Daniel - «Eutanásia - o caso holandês». BRITO, José Henrique Silveira de (Coord.) - O fim da vida. Braga: Publicações da Faculdade de Filosofia UCP, 2007, pp. 121-1401 (2) SERRÃO, Daniel - «Eutanásia: a controvérsia no Conselho da Europa» http:// www.danielserrao.com/gca/index.php? id=118 •


JP | MARÉ DE POESIA

M

2018.07.06

aré de Poesia nesta edição revela um poeta e poetisa que são Praienses de coração, abrindo as portas a todos e todas que desejam partilhar as suas palavras.

Aos vinte e quatro anos casou e veio viver para a Vila Nova. Há quinze anos, volta à escrita para compor quadras para a comédia de carnaval do marido, que leva cerca de 50 anos a participar nesta secular tradição terceirense. Nos últimos anos, têm o acompanhado e juntos vão animando os diversos salões espalhados pela ilha.

Não sendo natural da Praia da Vitória, “respira a cidade”, segundo diz, há quase trinta anos: os primeiros quinze, vivendo na Base Aérea nº 4 e os restantes catorze, fixando-se no Porto Martins.

A

Não se considerando poeta, escrena Maria Lima, nasceu na ve poesia com naturalidade, contufreguesia das Doze Ribeiras, do, não publica com regularidade as a 17 de junho de 1962, escresuas palavras. vendo as primeiras quadras por volta dos catorze anos. Folheando o Jornal da Praia enconário Alves é natural de Pa- trou esta “Maré de Poesia”. DesperTERCEIRA TEM TERCEIRA taias, concelho de Alcoba- tou o interesse e é com gosto que ça, distrito de Leiria, onde colabora nesta página. nasceu há sessenta anos. • TEM lava e vulcão Tem Império e função TEM viola e PÉZINHO, Tragam-me o mar TEM gente com arte Tragam… TEM bodo que reparte Tragam-me o mar. Carne, pão e vinho Tragam-me o mar que eu lá deixei. Tragam-me o mar que eu naveguei. Tragam-me o sol, a chuva, o vento e os trovões, TEM amor e paixão para sentir num só dia as quatro estações. TEM rebentar do bombão Tragam-me o doce cantar das gaivotas voando. Que anuncia a tourada, Tragam-me o som dos cagarros na noite trovando. TEM o “É TOIRO “ do capinha Tragam-me a festa, a alegria do carnaval, TEM mulher com sombrinha que durante noite e dia canta Portugal. No palanque sentada. Bem ou mal… Bem ou mal. Tragam-me as festas e as touradas. Quero lá saber se há chuva, vento ou trovoadas. TEM profano e Divino Tragam-me os bodos, os maios e os impérios. PRAIA e Vitorino Tragam-me os ranchos com danças de brincar e sérios. Povo sem igual Tragam-me as casas do povo repletas de gente, TEM poetas improvisadores, para ver bailinhos até que o sol rebente. TEM grandes atores Minha gente… Minha gente. Quando é Carnaval. Quero sentir a frescura do verde dos cerrados, constantemente de branco e negro salpicados. Tragam-me a imagem das ilhas que estão mais além, ligadas pela maré que vai e vem. E assim não sentir no peito esta dor de verdade, Caminho que é a saudade… É saudade. Terra Brava - Terceira - Açores Tragam… Tragam-me o mar. Caminho. Tragam-me o mar que eu lá deixei. Sim, caminho, Tragam-me o mar, que eu naveguei. acompanhado por mim, porque não gosto de andar soziMário Alves nho. Caminho, por trilhos feitos de vontade, onde há paz, beleza e liberdade. Caminho. FICHA TÉCNICA Claro que caminho, Participe na Maré de Poesia e em cada caminho... COORDENAÇÃO Envio os seus poemas mesmo que já tenha sido pisado... Carla Félix para: apesar de o trilhar sozinho... vou sempre muito bem acompaCOLABORADORES nhado. Mário Alves maredepoesia@jornaldapraia.com Ana Maria Lima Mário Alves

M

PUB

| 14

Desde abril do ano passado, grava semanalmente poemas para a estação “Rádio de Portugal”, nos Estados Unidos da América, a convite do Sr. Euclides Alves. O programa é transmitido aos sábados por volta das 20h00 locais. • TERCEIRA TEM casa caiada TEM toalha bordada No linho d’amizade , TEM alcatra cheirosa Massa sovada gostosa, Na bandeja da saudade.

TERCEIRA TEM branco alfenim TEM Convento e jardim Cedros e camélias, TEM sorriso que expande Casas do Ramo Grande E Donas Amélias.

TEM lua prateada TEM doce alvorada Criança a sorrir , Ainda TEM mais isto , TEM o nome de CRISTO, Não há mais que pedir.

Ana Maria Lima


2018.07.06

| 15

INFORMAÇÃO | JP 18h30 – 21h00 16 JUL Rua da Igreja Ribeirinha Tourada não tradicional João Gaspar Filho 18h30 – 21h00

07 JUL Beiras Casa da Ribeira - Santa Cruz Tourada não tradicional Humberto Filipe e Manuel João Rocha 18h30 – 21h00 08 JUL Cales Altares Tourada tradicional Genoveva Tristão 18h30 – 21h00 Cova da Serreta Serreta Tourada tradicional Ezequiel Rodrigues 18h30 – 21h00 09 JUL Caminho do Concelho Biscoitos Tourada não tradicional Rego Botelho 18h30 – 21h00 10 JUL Caminho do Concelho Biscoitos Tourada não tradicional Ezequiel Rodrigues 18h30 – 21h00 11 JUL Bairro de São Pedro Biscoitos Tourada tradicional Ezequiel Rodrigues 18h30 – 21h00 Largo de São Bento São Bento Tourada tradicional 18h30 – 21h00 12 JUL Rua Longa – Estrada Reg 1 Biscoitos Tourada tradicional Rego Botelho 18h30 – 21h00 13 JUL Corpo Santo Conceição Tourada não tradicional AL 18h30 – 21h00 14 JUL Terreiro do Paço Ribeirinha Tourada tradicional 18h30 – 21h00 Corpo Santo Conceição Tourada tradicional AL

HOJE (06/07)

SÁBADO (07/07)

18 JUL Rua de Cima de S. Pedro São Pedro Tourada não tradicional 18h30 – 21h00

SÁBADO (07/07)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

DOMINGO (08/07)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

20 JUL Rua da Igreja Ribeirinha Tourada não tradicional João Gaspar Pai, João Gaspar Filho e MJR 18h30 21h00

SEGUNDA (09/07)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

TERÇA (10/07)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

21 JUL Ribeira Manuel Vieira Santa Bárbara Tourada tradicional Humberto Filipe 18h30 21h00

QUARTA (11/07)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

QUINTA (12/07)

Rua da Igreja Ribeirinha Tourada tradicional João Gaspar Pai, João Gaspar Filho e MJR 18h30 21h00

Fontes: CMAH e CMPV

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

CONCERTO II ANGRA WORLD SOUND FEST Local: Cais da Alfândega, Angra do Heroísmo Hora: 21H30

QUARTA-FEIRA (11/07)

NO CONCELHO

SEGUNDA (16/07)

15:30 - Lajes; 16:00 - Fontinhas (1) ; 16:30 - Casa da Ribeira; 17:00 - Cabo da Praia; 17:30 - Matriz Sta. Cruz; 17:30 - Vila Nova; 18:00 - Fontinhas (2); 18:00 São Brás; 18:00 - Porto Martins; 18:00 - Sta Luzia, BNS Fátima; 18:00 - Quatro Ribeiras; 19:00 - Lajes; 19:00 - Agualva; 19:00 Santa Rita; 19:00 - Fonte do Bastardo; 19:30 - Biscoitos, IC Maria (3) ; 19:30 - Biscoitos - São Pedro (4)

08:30 - São Brás; 09:00 - Vila Nova, ENS Ajuda; 10:00 - Lajes, Ermida Cabouco; 10:00 - Cabo da Praia (1); 10:00 - Biscoitos, S Pedro; 10:30 - Agualva; 10:30 Casa Ribeira (1); 10:30 - Santa Rita 11:00 - Lajes; 11:00 - São Brás; 11:00 - Cabo da Praia (2); 11:00 - Porto Martins; 11:00 - Casa da Ribeira (2); 11:00 - Biscoitos, IC Maria; 12:00 - Vila Nova; 12:00 - Fontinhas; 12:00 - Matriz Sta. Cruz (1); 12:00 - Quatro Ribeiras; 12:00 - Sta Luzia; 12:15 - Fonte Bastardo; 12:30 - Matriz Sta.

Cruz (2); 13:00 - Lajes, ES Santiago; 19:00 - Lajes; 19:00 - Matriz Sta. Cruz (3); 20:00 - Matriz Sta. Cruz (4)) (1) Missas com coroação; (2) Missas sem coroação; (3) De outubro a junho; (4) De julho a setembro

SÁBADO (14/07)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

SÁBADOS

DOMINGOS

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

DOMINGO (15/07)

MISSAS DOMINICAIS

Enquanto há catequese; (2) Quando não há catequese; (3) 1.º e 2.º sábados; (4) 3.º e 4.º sábados

SEXTA (13/07)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

(1)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

TERÇA (17/07)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

QUARTA (18/07)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

QUINTA (19/07) CINEMA CASA DA MAGIA Local: Jardim Duque da Terceira - Angra do Heroísmo Hora: 22H00 Classificação: M/6

SEXTA-FEIRA (13/07) CINEMA HEREDITÁRIO Local: Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo Hora: 23H45 Classificação: M/18

QUARTA-FEIRA (18/07) CINEMA HEIDI Local: Jardim Duque da Terceira - Angra do Heroísmo Hora: 22H00 Classificação: M/6 Nota Editorial Esteja na nossa “Agenda Cultural”, envie toda a informação para: noticias@jornaldapraia.com. •

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

BISCOITOS Posto da Misericórdia ( 295 908 315 SEG a SEX: 09:00-13:00 / 13:00-18:00 SÁB: 09:00-12:00 / 13:00-17:00

VILA DAS LAJES Farmácia Andrade Rua Dr. Adriano Paim, 142-A ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-18:30 SÁB: 09:00-12:30

VILA NOVA Farmácia Andrade Caminho Abrigada ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-12:00 / 16:00-18:00 Farmácias de serviço na cidade da Praia da Vitória, atualizadas diáriamente, em: www.jornaldapraia.com


PUB


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.