Jornal da Praia | 0521 | 18.05.2018

Page 1

QUINZENA

18 A 31.05.2018 Diretor: Sebastião Lima Diretor-Adjunto: Francisco Ferreira

Nº: 521 | Ano: XXXVI | 2018.05.18 | € 1,00

QUINZENÁRIO ILHÉU - RUA CIDADE DE ARTESIA - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA - ILHA TERCEIRA - AÇORES

www.jornaldapraia.com

CARLA VALADÃO

“JÁ ESCREVI POEMAS ALEGRES A SORRIR E POEMAS DE SAUDADE A CHORAR...” DESTAQUE | P. 8 E 9

CÂMARA DA PRAIA CONVIDA SOCIEDADE CIVIL A PARTICIPAR NO FUTURO DA CIDADE NO CONCELHO | P. 3

EPPV:

ENTREGA DIPLOMAS DE FINAL DE CURSO ENSINO | P. 7

PESCAS: CRIADO

GRUPO LOCAL DE AÇÃO: GRATER MAR ECONOMIA | P. 7

CAPINHA

FRANCISCO GODINHO HOMENAGEADO TAUROMAQUIA | P. 11 PUB

CORRUPÇÃO E CORRUPTOS EDITORIAL | P. 12


JP | CANTO DO TEREZINHA & CONTO

2018.05.18

|2

MORTE! MORTE! ABEIRA-TE COMO A CASA MORTUÁRIA! Casa Mortuária de Santa Cruz: É uma promessa por cumprir? – É. É uma velha aspiração dos santa-cruzenses há muitos anos? – É. Já esteve para inaugurar vezes sem conta, mas continua fechada? – Já. É projeto de grande monta, com valências de última geração, tecnologicamente competente para cremar, mas que só nos faz cramar do atraso? – É! Canto do Terezinha porém, não se revê na catadupa de lamentos que um pouco por todo o lado os seus secretos agentes

vão ouvindo acerca da tão propalada inauguração da Casa Mortuária e Crematória da Ilha Terceira. Dispara o povo, quase em uníssono: “São muito lestos a prometer, mas é uma moleza de fazer doer, para cumprir”. E não se revê, porque imbuído pelos ensinamentos inspiradores do Papa Francisco, optando por ver este “quase! quase! quase!” à rugido de Leão, pelo seu lado positivo... Os “media”, diz Francisco, “devem ser portadores de uma mensagem de esperança. Destacar as boas notícias – porque também as há – em vez de publicitar o ‘mal

satânico’, sem pudor e por vezes de forma absolutamente gratuita”. Assim, Canto do Terexinha no uso de inspiração jornalística de índole papal, não pode deixar de destacar com efusiva alegria a mensagem de esperança que todos estes intermináveis atrasos auguram para os santa-cruzenses. Se para cada santa-cruzense, cuja morte espreite pela janela da vida, demorar tanto a chegar como a casa mortuária a inaugurar, teremos para breve anúncios de novos lares para a terceira idade! LEIA MAIS CT NA PÁGINA 14

CONTO INSULAR (IV)

A VIAGEM SALVADORA (NE: Parte I de II) Por: Emanuel Areias

F

altavam 2 dias para que o Luís Miguel recebesse na sua casa o amigo Francisco de Lisboa. O terceirense era da Vila Nova, freguesia do Ramo Grande, prezada e excelsa nos 12 meses do ano. Luís Miguel e a família preparavam-se para receber Francisco, com pompa e circunstância, como caracteriza as famílias terceirenses, hospitaleiras e afáveis. Francisco ansiava conhecer as ilhas e dizia a toda a gente – vou conhecer os Açores – como se numa semana pudesse conhecer as 9 ilhas açorianas. Já aí mostrava desconhecimento para onde ia. Ia conhecer a ilha Terceira, aquela que é considerada aos olhos do mundo, como um parque de diversões e rainha das festas. Ia conhecer uma única ilha, mas isso marcaria as suas memórias e os seus olhos, de tanto deslumbramento que iria sentir.

se avizinhava. No primeiro dia, havia de descansar depois de jantar alcatra com a massa sovada ou pão caseiro, saboreando no fim, o arroz doce da tia Joaninha. No segundo dia haviam de ir ao mato ver os toiros e as grutas, sem esquecer um belo convívio na Lagoa das Patas, seguindo-se da tourada do Rego Botelho na Praça da Vila Nova.

A mãe de Luís Miguel encomendara a massa sovada e preparara a tradicional alcatra regional para o primeiro jantar de Francisco na ilha. Andava pela casa, preocupada e cismada, que o menino bonito da cidade não ia gostar dos petiscos que esta tinha preparado com todo o amor e carinho.

No terceiro dia haviam de ir conhecer a ilha, percorrendo-a em seu redor, fotografando cada pormenor, depois de um deslumbre infinito das vistas. No quarto dia, Francisco havia de comer um prato de lapas, depois de provar o queijo vaquinha nas Cinco Ribeiras. No quinto dia iam saltar de zona balnear em zona balnear, para que a visita do Continente pudesse saborear a água limpa da costa terceirense. No sexto dia seguiria de volta a Lisboa, com o dever cumprido e com os olhos cheios. Esse era o plano que Luís Miguel tinha na ideia, consciente de que era certo que Francisco não ia sofrer com as dores da adaptação ou com o medo do isolamento. Francisco chegou às Lajes 30 minutos depois da hora prevista e logo aí as coisas começaram mal.

A Vila Nova em Agosto enfeitava-se para a sua festa e o Luís Miguel já tinha prevenido o amigo para o que

O tempo tinha mudado repentinamente e aquilo que seria aprazível à chegada, tornou-se questionável na

mente do continental que viajava pela primeira vez e logo para o meio do Atlântico. Já na casa de Luís Miguel, Francisco sentou-se à mesa e provou todos os petiscos que a mãe do amigo tinha preparado, e quer tivesse gostado ou não, acenou com a cabeça em sinal de aceitação. Para aquele que vinha de fora, disposto a conhecer uma realidade alternativa, tinha de estar preparado para as diferenças e tinha de ser forte perante a agonia que o mar significava. O jovem lisboeta andou pelo mato, a ver os toiros e as grutas, mas ao ver os toiros tão perto sentiu que não era bravo o suficiente para lidar com o que via, e ao ir para dentro das grutas, sentiu-se claustrofóbico, como se essa palavra entrasse no léxico de algum ilhéu. Para Luís Miguel era compreensível que a adaptação se impusesse, embora não tivesse muita disposição para acarretar com as manias de quem nunca chegaria a ser valente para ser ilhéu. Era uma aprendizagem em curso. Um viver experiencial. Na noite do segundo dia, os dois amigos iniciaram uma conversa sobre os seus espaços de eleição, argumentando e evidenciando o que cada um podia dar ou retirar. O jo-

vem terceirense já tinha ido a Lisboa várias vezes e conhecia um pouco daquela realidade dura da vida citadina. Embora a entendesse e se tivesse de viver nessa cidade vivia, julgava a sua ilha o espaço idílico para viver. Luís Miguel iniciou aquela conversa convicto de que não iria garantir Francisco para o seu lado. Foram para a beira-mar, nas Escaleiras, e perante o mar, Luís Miguel dizia o quão bonito era viver num espaço em que o mar era a fronteira. Onde nos podíamos atirar para essa fronteira e voltar para a nossa terra, sem que nos sentíssemos deslocados. Notava a beleza das rochas e as valências de um ilhéu, que do mar conseguia tirar o alimento, preparar petiscos e obter prazer. Evidenciava que conseguia ser do mar como era da terra porque não lhe fazia confusão a dicotomia dos dois espaços. Francisco olhava para o rosto do amigo sem entender nada do que este dizia, nem a alegria patenteada em cada palavra. Embora conhecesse o mar, não sabia o que este lhe podia dar, a mais do que o medo. Era um rapaz de terra firme, que não convivia bem com a falta de terra.

CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO•

FICHA TÉCNICA PROPRIETÁRIO: Grupo de Amigos da Praia (Associação Cultural sem fins lucrativos NIF: 512014914), Fundado em 26 de Março de 1982 REGISTO NO ICS: 108635 FUNDAÇÃO: 29 de Abríl de 1982 ENDEREÇO POSTAL: Rua Cidade de Artesia, Santa Cruz, Apartado 45 - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA, Ilha Terceira - Açores - Portugal TEL: 295 704 888 DIRETOR: Sebastião Lima (diretor@jornaldapraia.com) DIRETOR ADJUNTO: Francisco Jorge Ferreira ANTIGOS DIRETORES: João Ornelas do Rêgo; Paulina Oliveira; Cota Moniz CHEFE DE REDAÇÃO: Sebastião Lima COORDENADOR DE EDIÇÃO: Francisco Soares, CO-1656 (editor@jornaldapraia.com) REDAÇÃO/EDIÇÃO: Grupo de Amigos da Praia (noticias@jornaldapraia.com; desporto@jornaldapraia.com); Elvira Mendes; Rui Sousa JP - ONLINE: Francisco Soares (multimedia@jornaldapraia.com) COLABORADORES: António Neves Leal; Aurélio Pamplona; Emanuel Areias; Francisco Miguel Nogueira; Francisco Silveirinha; José H. S. Brito; José Ventura; Nuno Silveira; Rodrigo Pereira PAGINAÇÃO: Francisco Soares DESENHO NO CABEÇALHO: Ramiro Botelho ADMINISTRAÇÃO José Miguel Silva (administracao@jornaldapraia.com) SECRETARIADO E PUBLICIDADE: Eulália Leal (publicidade@jornaldapraia.com) LOGÍSTICA: Jorge Borba IMPRESSÃO: Funchalense - Empresa Gráfica, S.A. - Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, 50 Morelena - 2715-029 PÊRO PINHEIRO ASSINATURAS: 15,00 EUR / Ano - Taxa Paga - Praia da Vitória - Região Autónoma dos Açores TIRAGEM POR EDIÇÃO: 1 500 Exemplares DEPÓSITO LEGAL: DL N.º 403003/15 ESTATUTO EDITORIAL: Disponível na internet em www.jornaldapraia.com NOTA EDITORIAL: As opiniões expressas em artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do jornal e do seu diretor.

Taxa Paga – AVENÇA Publicações periódicas Praia da Vitória


2018.05.18

|3

NO CONCELHO | JP

PRAIA DA VITÓRIA PENSA “A CIDADE DO FUTURO”

N

uma iniciativa de abertura à sociedade civil, o executivo municipal liderado por Tibério Dinis propõe-se refletir estratégias e políticas tendo em vista o futuro da cidade e centralidade do seu centro histórico. O ciclo de fóruns “Pensar a Cidade do Futuro” iniciou-se a 02 de maio e encerra a 06 de junho, com o último fórum subordinado ao tema “Mobilidade, Trânsito e Estacionamento”. “A centralidade do Centro Histórico da Praia da Vitória é uma das prioPUB

ridades deste novo executivo municipal. Apresentamos uma estratégia global de ação para a nossa cidade, mas estamos convictos que só com a intervenção de todos, com a envolvência da sociedade civil, é que seremos capazes de vencer os desafios”, escreve Tibério Dinis no panfleto de apresentação da iniciativa. Ao todo, são quatro os temas a debate. A 02 de maio, Alvarino Pinheiro, economista, moderou a reflexão “Reabilitação Urbana – Área de Reabilitação Urbana (ARU) + Plano Dire-

tor Municipal (PDM)”, que contou com Rita Borges, arquiteta, especialista em urbanismo e Francisca Toledo, advogada, como oradores. “Incentivos ao comércio local”, foi a temática debatida a 08 de maio, moderada por Teresa Quadros, professora e empresária, com os oradores, Luís Leal, administrador da SDEA e Carla Bretão, economista e empresária. Meditou-se sobre a renovação e diversificação da oferta comercial urbana à luz dos pacotes de incentivos governamentais ao tecido empresarial. Com regulação de Carlos Lima, médico, ex-presidente da CMPV, Manuel Ortiz, engenheiro civil, chefe da Divisão de Investimentos e Ordenamento do Território da CMPV e Paulo Ribeiro, engenheiro civil, como oradores, falar-se-á sobre “Reabilitação dos Espaços Públicos”, na próxima

quinta-feira, 24, pelas 20:00 na Academia de Juventude e das Artes da Ilha Terceira. Dissertar-se-á acerca da importância dos espaços públicos na vivência e frequência de qualquer localidade e neste âmbito, perspetivar-se-á um novo ciclo de revitalização da cidade que lhe dê mais vida. O ciclo de fóruns termina a 08 de junho, com uma ponderação sobre “Mobilidade, Trânsito e Estacionamento”, na cidade. Esta derradeira reflexão sobre o futuro da cidade, contará com Borges de Carvalho, advogado, na qualidade de moderador, Berto Cabral, empresário farmacêutico e Ricardo Rosa, gestor, como oradores. Em foco, estará a discussão de melhores condições de acesso viário e pedonal à cidade e níveis de mobilidade satisfatórios capazes de potenciar o desenvolvimento local. JP•

PORTAS DA BILATERAL CONTINUAM FECHADAS A TIBÉRIO DINIS

O

Governo de Portugal insiste em manter fechadas as portas da Comissão Bilateral ao presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória (CMPV), Tibério Dinis. Uma vez mais, o autarca praiense reivindicou a presença da CMPV nas reuniões da Comissão Bilateral entre Portugal e os Estados Unidos, desta feita, em reunião simultânea com os ministros da Defesa Nacional e dos Negócios Estrangeiros, ocorrida a 30 de abril, no Palácio das Necessidades, em Lisboa. Tibério Dinis que esteve acompanhado pela vereadora Paula Ramos, responsável pelo pelouro do Ambiente, justificou a pretensão junto dos responsáveis nacionais, pela necessidade de acompanhar de perto todo o processo de descontaminação dos locais identificados como contaminados, tendo em vista o abastecimento público de água, responsabilidade que cabe exclusivamente à câmara municipal através da empresa Praia Ambiente, EM.

Embora recusada a presença da CMPV, os autarcas receberam a garantias de total acesso aos documentos e procedimentos realizados durante as bilaterias. O autarca aproveitou ainda a reunião para voltar a reivindicar a cedência dos terrenos do Porto Americano, tal como o havia feito em março, aquando da deslocação de Azeredo Lopes à Praia da Vitória para protocolar o abastecimento de água às populações de Santa Rita. Agora, na presença do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, a garantia foi a mesma, a de que o processo encontra-se a aguardar parecer das entidades norte-americanas. A CMPV esteve presente por duas vezes nas reuniões da Comissão Bilateral. A 11 de fevereiro e a 16 de junho de 2015, onde o então presidente, Roberto Monteiro, integrando a comitiva do Governo dos Açores participou sem direito de intervenção. JP•

CDS-PP COM NOVO ROSTO NA PRAIA

A

ndreia Vasconcelos é o rosto que sucede a Pedro Pinto na Comissão Política Concelhia do CDS-PP na Praia da Vitória, ditaram os militantes populares em sufrágio eleitoral no “Dia da Liberdade”, 25 de abril. A assistente social, eleita pela lista “A”, apoiada pelo líder regional, Artur Lima, encabeçada por Félix Rodrigues à Comissão Política de Ilha e, vencida pela lista “B” de Nuno Melo Alves, está determinada a dar novo fôlego ao CDS-Praia, no élan dos excelentes resultados alcançados na nas eleições autárquicas de outubro último, onde foi cabeça de lista à Câ-

mara Municipal. Para além da candidatura à Câmara e Assembleia Municipal, Andreia Vasconcelos, estabelece como meta a constituição de 11 listas candidatas às Juntas de Freguesia do Concelho da Praia da Vitória, porque e considera a centrista, “só assim o CDS-PP estará no mesmo patamar de arranque que os partidos de maior expressão no concelho”. Recorde-se que nas “Autárquicas de 2017”, o CDS-PP concorreu às Assembleia de Freguesia de: Biscoitos, Fontinhas, Cabo da Praia, Porto Martins e Santa Cruz. .JP•


JP | HISTÓRIA

2018.05.18

|4

RELEMBRANDO UM CIENTISTA: TENENTE-CORONEL JOSÉ AGOSTINHO HISTORIADOR: FRANCISCO MIGUEL NOGUEIRIA

O Tenente-Coronel José Agostinho foi um dos maiores nomes do século XX terceirense

A

História é feita por acontecimento, por decisões, por momentos, por Homens… O Tenente-Coronel José Agostinho foi um dos maiores nomes do século XX terceirense. Homem da cultura e da ciência, procurou compreender o meio que o rodeava e dedicou-se de alma e coração ao estudo da Meteorologia, tornando-se um dos maiores especialistas da área a nível mundial. O Tenente-Coronel José Agostinho nasceu na freguesia de S. Pedro, em Angra do Heroísmo, a 1 de março de 1888. Filho de Manuel Agostinho e de Maria da Conceição Ferreira, José Agostinho alistou-se como voluntário no Grupo de Artilharia de Guarnição 4, sendo incorporado no Grupo a 8 de junho de 1904, durante exatos 7 anos e 146 dias. Foi, então, promovido a Alferes em novembro de 1911, sendo colocado na Bateria nº 1 de Artilharia de Montanha, chegou, depois, a Primeiro-Sargento da Companhia de Alunos da Escola do Exército. No Primeiro de dezembro de 1913, José Agostinho passou a Tenente e três anos depois, a 9 de dezembro de 1916, foi promovido a Capitão para o Estado-Maior de Artilharia de Campanha. Em 21 de fevereiro de 1917 foi mobilizado para a I Guerra Mundial, fazendo parte do Corpo Expedicionário Português (CEP) em França. Em fevereiro de 1918, comandava já a Bateria n.º 1 de Artilharia de Montanha. O CEP, incluído no 11º Corpo Britânico, enfrentou então os exércitos alemães. A frente de combate distribuía-se numa extensa linha de 55 km, entre as localidades de Gravelle e de Armentières, na Flandres. Esta linha de Guerra, com cerca de 84 000 homens, entre os quais se compreendia a 2ª divisão do CEP, constituída por cerca de 20 000 homens, dos quais somente pouco mais de 15 000 estavam nas primeiras linhas, comandados pelo general PUB

Gomes da Costa. Esta linha viu-se impotente para sustentar o embate de oito divisões do 6º Exército Alemão, com cerca de 55 000 homens comandados pelo general Ferdinand von Quast. Essa ofensiva alemã, montada por Erich Ludendorff, ficou conhecida como ofensiva Georgette e visava à tomada de Calais e Boulogne-sur-Mer. O bombardeamento preparatório sobre o CEP começou às 4h15 de 9 de abril, a última resistência dos Portugueses só cessou próximo do meio-dia de 10, em Lacouture. As tropas portuguesas perderam cerca de 7 500 homens entre mortos, feridos, desaparecidos e prisioneiros, ou seja, mais de um terço dos efetivos, entre os quais 327 oficiais. José Agostinho foi condecorado pelos seus serviços com a Cruz de Guerra da 1ª classe. Desmobilizado em 1919, José Agostinho foi progressivamente Major (1920) e Tenente-Coronel (1931). José Agostinho, ainda antes de partir com o CEP, esteve no Faial, onde conheceu Afonso Chaves, Diretor do Serviço Meteorológico dos Açores. A relação de empatia entre os dois levou Afonso Chaves a convidar José Agostinho para seu colaborador e, depois da Grande Guerra, para o Observatório em S. Miguel. José Agostinho iniciou, assim, a sua estreita relação com a Meteorologia e com a Geofísica. Os seus trabalhos e estudos levaram-no, em 1926, a substituir Afonso Chaves (que morrera) como Diretor do Serviço Meteorológico dos Açores. Em 1946, foi criado o Serviço Meteorológico Nacional (SMN) e com a nova orgânica, o Serviço Meteorológico dos Açores foi extinto e o já Tenente-Coronel José Agostinho passou a Chefe de Divisão Regional dos Açores do SMN, cargo que ocupou até atingir o limite de idade em maio de 1958. O Tenente-Coronel José Agostinho era um homem fascinado pelas ciências, mas também pela cultura. Manteve, por isso, ao longo de toda a sua vida, ligações estreitas com vários cientistas internacionais, levando o nome da sua terra o mais longe possível. José Agostinho foi sócio correspondente do Instituto de Coimbra e da Sociedade Broteriana. Foi, ainda, fundador e Presidente da Sociedade de Estudos Açorianos

Afonso de Chaves. Foi também fundador e o 2º Presidente do Instituto Histórico da Ilha Terceira (1955-75). Em 1956, foi um dos fundadores do Instituto Açoriano de Cultura (IAC). O cientista José Agostinho colaborou na escrita de artigos sobre os Açores em revistas internacionais, assim como na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira e na Enciclopédia Britânica, e em jornais locais. Foi um colaborador assíduo do Rádio Club de Angra. José Agostinho foi nomeado, entre várias condecorações, Oficial da Ordem de Cristo, Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada de Valor, Lealdade e Mérito com palma, Grande Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada e Comendador da Ordem Militar de Avis. Recebeu ainda o título de Oficial da Ordem do Império Britânico, pelos serviços prestados às forças britânicas estacionadas na Base das Lajes durante a II Guerra Mundial através da troca de conhecimentos, de técnicas e de processos no campo científico que procurou incentivar. Contudo, a grande obra científica de José Agostinho foi a invenção de um nefoscópio, um aparelho destinado para determinar a velocidade do vento à altitude das nuvens através

do seu deslocamento seguido em um dispositivo refletor, um instrumento utilizado mundialmente. José Agostinho morreu a 17 de agosto de 1978, em Angra do Heroísmo, e deixou um enorme espólio de objetos científicos, que mostra a sua competência e interesse na Meteorologia. Homem analítico, José Agostinho procurava observar o meio onde vivia. Com a invenção do nefoscópio, tornou-se reconhecido internacionalmente e a sua invenção foi muito divulgada e utilizada em muitos aeroportos do Mundo. Como homenagem a este “Grande” terceirense, o Observatório Meteorológico de Angra do Heroísmo ficou com o seu nome, José Agostinho, e criou-se a Avenida Tenente-Coronel José Agostinho. É preciso salientar que José Agostinho foi um exemplo de professor, que gostava de transmitir conhecimentos e de dotar as gerações mais novas, de instrumentos e ideias que as ajudassem a evoluir, infelizmente algo que não acontece atualmente com os grandes intelectuais da nossa praça. O conhecimento deve ser divulgado, não fechado num pequeno círculo. Saber mais, ajuda à evolução e desenvolvimento da nossa Terra e de todos nós. •


2018.05.18

|5

ENSINO | JP

ESCOLA PROFISSIONAL DA PRAIA DA VITÓRIA

ENTREGA DIPLOMAS DE FINAL DE CURSO No presente ano letivo, a EPPV coloca no mercado 126 profissionais devidamente habilitados.

D

ecorreu a 04 de maio, no auditório da Escola Profissional da Praia da Vitória (EPPV), a cerimónia de entrega de diplomas aos formandos que finalizaram com sucesso o ciclo de formação de profissional da sua área vocacional e neste momento encontram-se disponíveis para integrarem o mercado de trabalho. Ao todo a EPPV deu ao mercado de trabalho 126 profissionais, entre certificações de nível IV e programa “Reativar” de grau II e IV. “Hoje, antes de ser um fim, é para uns um início e para outros um recomeçar, mas para todos, é acima de tudo um continuar, na valorização profissional e pessoal”, disse Domingos Borges, presidente do Conselho de Administração da Fundação de Ensino Profissional da Praia da Vitória, anfitrião do evento, dirigindo-se aos diplomados a quem felicitou pelos objetivos alcançados. Na cerimónia foram diplomados 55 alunos de nível IV: Na variante de cozinha/pastelaria de Técnico de Restauração 14; Técnico de Produção Agrária 19; Técnico de Processamento e Controlo de Qualidade Alimentar 20; Técnico de Restauração (Restaurante Bar, ano letivo 2012/2015, 1; e Técnico de Restauração (variante Cozinha/Pastelaria ano letivo 2006/2009, 1. No programa “Reativar”, nível IV: Técnico de Ação Educativa, 10; Técnico de Gás, 14; e Técnico de Vendas, 18. Ainda no proPUB

DOMINGOS BORGES anunciou a aprovação da candidatura que permitirá, no próximo ano letivo, a 37 alunos da EPPV estagiar em escolas da Europa. grama “Reativar”, mas de nível II: Pasteleiro/a Padeiro/a, 13; e Operador de Informática, 8. Numa parceria da EPPV com empresas do concelho e ilha que se revêm na qualidade formativa desta que é uma das escolas que por direito próprio conquistou um lugar de referência no ensino profissional da região, foram entregues prémios-cheque no valor 250 euros aos alunos que no ano letivo 2016/17, se notabilizaram pela sua entrega e

resultados obtidos nas avaliações curriculares. A referenciar: Luís Pires, no curso Técnico de Instalações Elétricas, patrocinado pela empresa “Equipraia”; Jorge Neves, Técnico de Produção Agrária, também pela “Equipraia”; Nuno Santos, Técnico de Restaurante/Bar, patrocínio “O Pescador”; Carlos Fernandes, Técnico de Restauração – Variante Cozinha/Pastelaria, pelo “Sabores do Chef”; Rafaela Marques, Técnico de Restauração – Variante Cozinha/ Pastelaria, empresa “JMonjardino”;

Júlia Ferraz, Técnico de Receção, “ Agência de Viagens Teles”; José Lucas, Técnico de Eletrónica, Automação e Comando, “Susiarte – Expert”; Tiago Brasil, Técnico de Gestão e Programação de Sistemas Informáticos, “Susiarte”; Bianca Azevedo, Técnico de Processamento e Controlo de Qualidade Alimentar, “Susiarte – Sport Fashion”; e Carla Garcia, Técnico de Restauração – Variante Restaurante/Bar, pelo “Grupo Bensaúde”. A finalizar e antes do jantar volante, preparado e servido por alunos da própria escola, a diplomados, familiares e convidados, Domingos Borges, fez questão de entregar com as suas próprias mãos, insígnia de homenagem aos docentes e chefes de cozinha e pastelaria, Raúl Sousa e Luís Coelho, pela dedicação e competência que vem demonstrando ao longo dos muitos anos que lecionam na escola contribuindo ativamente para a qualidade profissional dos formandos e para a projeção da escola em termos regionais e nacionais. É de recordar que a EPPV sagrou-se campeã no Campeonato Regional de Profissões e que trouxe para os Açores, pela primeira vez, este ano, a medalha de ouro na profissão de Cozinha no Campeonato Nacional – “Portugal Skills 2018”. Qual cereja no topo do bolo, Domingos Borges, anunciou a aprovação da candidatura da EPPV para que 37 formandos, participem no próximo ano letivo, em estágios europeus de formação. JP•


JP | SAÚDE

2018.05.18

|6

o Cantinho do Psicólogo 187

Psicólogos, Psicólogas e Não Só

O

não só tem a ver com aqueles que planearam, fomentaram e patrocinaram a reunião e troca de pontos de vista dum conjunto de Aurélio Pamplona psicólogas, psicó(a.pamplona@sapo.pt) logos e assistentes sociais, algumas e alguns dos quais presentes na imagem, que apoiam em várias zonas do país, incluindo nesta Ilha de Jesus Cristo, sob diversos pontos de vista, nomeadamente o médico, psicológico e social, e no âmbito de uma organização, a Liga dos Combatentes, combatentes, ex-combatentes e a pedido, até não combatentes. Especificamente refere-se para além desta Liga, que que organizou o Encontro, o seu Núcleo de Abrantes, que colaborou nos mais diversos campos, e também o Exército, que disponibilizou o Quartel desta cidade para que o evento pudesse acontecer. Aqui, como noutros áreas, o diálogo, a troca de conhecimentos e de pontos de vista são essenciais para garantir o melhor equilíbrio das intervenções em benefício das pessoas. Quanto à necessidade de equilíbrio referido no Cantinho anterior, a estabelecer entre aborrecimento por não fazer nada, e o exagero na aplicação ao trabalho, sublinhe-se que, se esta última hipótese não é defensável, aqueles que escolhem a inacção, vão ser acometidos pelo aborrecimento, o que é uma má opção. Se tem dúvidas imagine que vai viajar, e que a meio do percurso o avião atrasa-se, o que o obriga a passar diversas horas no aeroporto, sem nada fazer. Naturalmente que vai sentir a estopada, PUB

ou até a irritação. Igualmente quem viaja em voos de longo curso, em que as aeronaves são quase totalmente automáticas, e as pessoas se vêem obrigadas a se manterem inactivas são acometidas igualmente pelo tédio. Agora imagine a inactividade ao longo do tempo, ou até ao longo da vida, e verá o resultado: aborrecimento, stress, para não falar noutras situações mais graves. Entretanto não podemos esquecer que, como dizia Russel (1917), «o tra-

2017): «eleva a tensão arterial, provoca o aumento de cortisol e da glicemia, e desequilibra o sistema hormonal, neuro-endócrino, e imunológico». Isto faz baixar as defesas do organismo, e consequentemente, traduz-se no aumento da possibilidade do crescimento das doenças. É altura então de entrarmos no sexto Equilíbrio para limitarmos o stress, e que tem a ver com o viajar muito e viajar pouco. Dizia alguém, que não conseguimos identificar, um desconhecido que: (1) se algo de bom acontecer, faça uma viagem

a atenção o que defende Molina (2017), os seguintes: (a) redução do stress e da ansiedade; (b) aumento das capacidades de resolução de problemas; (c) ampliação das competências cognitivas e sociais; (d) limitação dos preconceitos e estereótipos; (e) favorecimento da auto-descoberta; (f) aumento da felicidade; (g) diminuição do medo e da insegurança; (h) ampliação do modo de ver a vida e as coisas; (i) ajuda para se ser mais empático; (j) enriquecimento com novas aprendizagens e valores; e (k) abertura da mente a outras possibilidades e horizontes. Enfim, as viagens estão habitualmente associadas a momentos de prazer, tanto mais que habitualmente são realizadas com a companhia de parentes, amigos e com a compartilha frequente com outras pessoas. No entanto viajar sozinho também é susceptível de trazer benefícios, de que se refere a possibilidade de se obter uma melhor compreensão de si próprio, para além da libertação durante algum tempo dos problemas quotidianos. Referências:

balho é desejável, primeiro e antes de tudo como um preventivo contra o aborrecimento, pois o aborrecimento que um homem sente ao executar um trabalho necessário, embora monótono, não se compara ao que sente quando nada tem para fazer». Tudo isto reforça os pontos de vista aqui defendidos, tanto mais que, viver em stress constante torna-se um sobressalto biológico permanente na medida em que, sublinhe-se (Cotovio,

para comemorar; (2) se algo de ruim acontecer, faça uma viagem para esquecer; e (3) se nada acontecer, faça uma viagem para algo acontecer. Estas frases traduzem a essência deste tema. Ou seja, viajar é útil para a pessoa, mesmo que não se vá até ao “fim do mundo”, ou que seja só uma vez por ano. Os principais benefícios que se podem obter com o viajar são, tendo

Cotovio, V. V. (2017). Esgotamento Profissional: O burnout é um problema de saúde pública. Em Revista Prevenir, Out. 2017. Entrevista de C. E. Augusto. Russel, B. A. W. (2017). Salvado em 14 de Out. de Fonte: O Citador. Tema: Trabalho. Bertrand Arthur William Russel (18721970). Website: https://www.pensador. com/frase/NDI2MDE/. Molina, X. (2017. Salvado em 25 de Out. de Fonte: Psicologia Y Mente. Tema: Los 11 beneficios psicológicos de viajar. Website: https://psicologiaymente.net/ psicologia/beneficios-psicologicos-viajar. Foto: A. Pinto•


2018.05.18

|7

ECONOMIA | JP

SETOR DAS PESCAS: FOI CRIADO

GRUPO DE AÇÃO LOCAL: GRATER MAR Grater Mar, é um grupo de ação local da pesca para as ilhas Terceira e Graciosa, que visa reforçar a sustentabilidade económica, social, ambiental e a melhoria da qualidade de vida das comunidades piscatórias.

F

oi formalizado o contrato para gestão da estratégia de desenvolvimento local de base comunitária entre a autoridade de gestão do Programa Operacional Mar 2020 e o Grupo de Ação Local (GAL) da Pesca, intitulado GRATER Mar, para o território das Ilhas Terceira e Graciosa, numa envolvência da GRATER no setor enquanto entidade gestora da parceria. A criação dos grupos de ação local da pesca pretende reforçar a sustentabilidade económica, social, ambiental e a melhoria da qualidade de vida das comunidades piscatórias na Região. A cerimónia decorreu no passado dia 03 de maio, na sede da Secretaria Regional do Mar, Ciência e Tecnologia. Esta contou com a presença do presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória e Presidente do Conselho de Administração da GRATER, Tibério Dinis, e da vice-presidente do Conselho de Administração, Eng.ª Fátima Amorim. “Dada uma maior envolvência da GRATER em assuntos relacionados com o mar, e o grande potencial que apresenta para o setor, esta será a entidade gestora dos assuntos relacionados com as comunidades piscatórias do território da Graciosa e da Terceira,” disse Tibério Dinis. “Este programa de ação de investimentos, envolve várias tipologias

GRATER MAR apresenta uma estratégia de desenvolvimento assente em sete áreas de intervenção e conta com cerca de 780 mil euros para apoio de candidaturas. de intervenções, nomeadamente, na área da inovação do espaço marítimo, qualificação escolar e profissional relacionada com o mar, e ações de preservação, conservação e valorização do património e recursos do mar,” adiantou o autarca praiense. “A nível económico, tem vindo a ser preparado ações no sentido de reforçar a competitividade do turismo, dos produtos locais, e dos circuitos de transporte de bens alimentares. A criação e dinamização do setor empresarial ligado ao meio aquático, e a melhoria da qualidade dos produtos e dos recursos endógenos, assentam num processo de modernização, creditação e aumento da

quota de mercado”, acrescentou o edil praiense. A estratégia de desenvolvimento local, a ser desenvolvida pelo GAL Pescas GRATER Mar, assenta em sete intervenções: Inovação em espaço marítimo; Qualificação escolar e profissional relacionada com o mar; Preservação, conservação e valorização dos elementos patrimoniais e dos recursos naturais e paisagísticos; Reforço da Competitividade da Pesca; Reforço da Competitividade do Turismo; Promoção de produtos locais de qualidade; e melhoria dos circuitos curtos de bens alimentares e mercados locais, no âmbito do mar. Será possível serem formaliza-

das candidaturas no âmbito das sete intervenções incluídas no programa de ação e investimentos, muito brevemente. Estará disponível para os projetos o montante de aproximadamente 780 mil euros comparticipados a 85% pelo Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e da Pesca (FEAMP) e 15% pelo orçamento da Região Autónoma dos Açores. “Esta é uma área de grande interesse para a GRATER, permitindo-lhe gerar uma maior amplitude na sua atuação, assumindo os desafios do mar como prioritários, dinamizando a atividade piscatória das Ilhas Terceira e Graciosa” finalizou. GP-MPV/JP•

PUB

TALHO BORBA & MENDES


JP | DESTAQUE

2018.05.18

|8

DIZ CARLA VALADÃO:

“ENTENDO QUE NÃO TENHO Carla Valadão é o rosto por detrás do pseudônimo “Vallda” e numa relação de intimidade com a escrita iniciada na infância, escreve poemas que são o âmago do seu próprio ser.

C

arla Valadão (Vallda), aos 9 anos surpreende colegas e a professora quando no quadro negro da sala de aula da 4.ª classe, traça a giz branco versos que desenham um poema. Apesar de simples, o poema encanta pela consonância da rima, o compasso do ritmo, a perfeição da métrica e a revelação de que por trás de cada criança há um mundo idealizado à sombra dos adultos. Nascida na freguesia da Vila Nova, há 36 anos, Carla Valadão iniciou nesse dia um percurso de intimidade com a escrita que a leva a considerar hoje, ser essência da sua própria identidade. A concluir o ensino secundário (12.ª ano) através da “Rede Valorizar”, esta mãe a tempo inteiro de dois filhos, encontrou nas plataformas digitais, sobretudo na rede social “Facebook” a forma de divulgar os seus escritos, maioritariamente constituídos por poemas, mas também com estórias em prosa, algumas delas, escritas a pedido para peças de teatro amador.

Jornal da Praia (JP) – Escreveu o seu primeiro poema com nove anos de idade, a giz, no quadro da escola quando frequentava a 4.ª classe. Hoje, passados tantos anos, com analisa este primeiro poema e como o recorda? Carla Valadão (CV) – Curiosamente, é o único poema que escrevi que sei recitar sem ir ao caderno, ficou na memória. Penso que para a pouca PUB

idade que eu tinha, foi um poema bem conseguido a nível de rima, de ritmo e de métrica. Sou bastante autocrítica e se tiver que criticar, negativamente, o que escrevo, também o faço, até porque os poemas nem sempre saem da mesma forma. Este, e por ter apenas 9 anos, não posso apontar grandes defeitos, não era um poema, propriamente infantil, no entanto, também não o escreveria como adulta, não faz o meu género, era um texto que falava sobre amor e ciúme. As crianças também tem o seu mundo e por vezes também idealizam o mundo das pessoas mais crescidas. É um poema que ficou registado na memória e por escrito e apesar de já não me identificar, e de, já não escrever poemas similares, é especial porque foi o primeiro, faz parte... JP – A partir desse dia, tanto quanto sabemos, começou a escrever regularmente. Escrevia sobre o quê? CV – Enquanto criança, recordo, que só escrevia quadras, não sabia fazer outra coisa. E tudo servia como tema, uma telenovela, um filme, até uma simples discussão em casa podia dar uma boa quadra. Também gostava imenso de fazer quadras onde encaixava nomes de pessoas da minha família, dos amigos, talvez mais com o pretexto de fazer rir, até porque sempre tive a facilidade de improvisar para os outros ouvirem e só depois, é que registava no papel. Além do texto em verso, sempre escrevi texto em prosa, as histórias, onde a criatividade tinha que ser mais bem aprofundada, por serem histórias mais fictícias. Além disso,

CARLA VALADÃO afirma que a poesia “não têm hora marcada” e n uma lembrança... e depois, é desabafar para o papel “porque não h o desafio de escrever ficou maior quando me pedem para fazer peças de teatro para a escola e grupos de jovens, penso ter sido bem sucedida, e é aí que eu entendo que não tenho limites para a escrita. JP – Por volta de 2012, as suas criações poéticas que eram algo muito pessoal abrem-se ao mundo com a criação de um blog que intitulou “Da Alma e do Corpo”, tendo tam-

bém adotado o pseudônimo “Vall”. Qual o significado de um e do outro? CV – Ao criar o meu blog, sempre pensei que queria fazer algo que talvez ficasse para a vida, que fosse a “minha cara”, digamos assim. Este título pode parecer muito vasto e um tanto ou quanto vulgar, mas tem uma razão de ser e prende-se com o facto de após uma fase menos boa e duradoura, da minha vida, e em plena recuperação, querer usar a escri-


2018.05.18

|9

DESTAQUE | JP

LIMITES PARA A ESCRITA” ver comigo.

nasce espontaneamente: com um olhar, uma palavra, uma música, há amigo tão fiel”. ta como um refúgio. Mais ou menos nesta data, entrei em conflito com a minha mente e, igualmente, com o meu corpo, por problemas pessoais desde um passado recente, até porque os primeiros poemas que lá publiquei já retratavam a fase de uma recuperação lenta e inicial. Portanto, mesmo simples e vulgar achei que era o título ideal. Em relação ao pseudônimo, nasceu muito cedo mas não foi logo adotado como pseudônimo. Estava eu na escola, no ensino secundário, há muitos anos, e tinha o hábito de quando fazia um teste PUB

só no fim é que preenchia o cabeçalho. Um dia, meio apressada, com o toque para a saída, preenchi o cabeçalho apressadamente. Na entrega do teste, fui chamada a atenção, no cabeçalho estava escrito Carla Valda! São aquelas pequenas coisas que ficam na memória, também porque era um nome sonante e invulgar. Mais tarde lembrei-me disso e achei que seria uma boa ideia. Para torná-lo mais invulgar ainda, só adicionei outro”L”. Recentemente, descobri que Vallda é o nome de uma cidade da Suécia, país esse, que nada tem a

JP – Não obstante a existência do blog, uma maior visibilidade do seu trabalho é alcançada com as redes sociais, nomeadamente do Facebook. Considera que os perigos de utilização do Facebook, face à recente divulgação da utilização indevida de dados pessoais, são largamente ultrapassados pela sua capacidade de ligar as pessoas e sobretudo aproximar pessoas com gostos semelhantes, no seu caso a poesia? CV – Totalmente de acordo. A minha conta do facebook é extremamente pública, excluindo fotos pessoais, ou seja as minhas publicações estão expostas, para quem é seguidor e para quem não é. Uma parte dos visitantes assíduos do meu facebook são realmente, poetas, escritores ou admiradores da escrita, além de familiares, amigos próximos e conhecidos que não escrevem, pelo menos que eu saiba, mas provavelmente também tem a sua opinião positiva ou negativa sobre cada poema que lá publico. É isso é que me faz ter vontade de continuar com o facebook ativo durante o tempo que for preciso. Nunca me indaguei sobre o recente problema da indevida utilização de dados pessoais do facebook. Nós estamos num sítio pequeno, ninguém liga a isso, ou quase ninguém. Até porque há outros problemas a ter em conta. Há quem pense, por exemplo, que o facebook atrapalha, o que leva muitas vezes, as pessoas a desistir do facebook. Eu penso que as pessoas é que se atrapalham um pouco quando não sabem utilizá-lo e há mil e uma forma de fazer um facebook bem sucedido e a forma que eu utilizo, certamente, é uma delas. Nunca senti necessidade de desativar a minha conta, as poucas experiências negativas que já vivi no facebook são facilmente ultrapassadas por esta vontade de querer

expandir os meus trabalhos e de conhecer os trabalhos de quem sente o mesmo. O único problema que eu senti relacionado com o que escrevo no facebook, foi o plágio. Se calhar nem devia chamar de plágio porque nem profissional sou, mas na verdade, no facebook as pessoas copiam, há aquelas pessoas que sentem liberdade de entrar, que não deixam feed-back e postem noutros sítios sem respeitarem a autoria, e chegam a editar as minhas imagens cortando o meu pseudônimo, isso aconteceu algumas vezes. Nunca reclamei até porque a culpa é mesmo minha, o facebook é meu e a partir do momento em que opto por não aceitar a privacidade na minha conta, deixando o facebook completamente público, tenho que me sujeitar a este tipo de incidentes. JP – O processo criativo dos seus poema como se dá e como funciona? Pergunto concretamente: É algo que nasce espontaneamente ou vai sendo pensado aos poucos e, ao escrever, quais as emoções que sente? CV – Nasce espontaneamente. Pode nascer de uma história minha, ou alheia, por uma palavra, por um olhar, por uma música, por uma lembrança, numa vontade de desabafar para o papel, porque não há amigo tão fiel como esse. Até pode nascer por estar a chover ou numa noite enluarada, mas é tudo tão espontâneo. Poesia não tem hora marcada, às vezes nasce sem eu querer. Aconteceu recentemente, na sala onde estou a fazer formação, de ter que escrever um poema naquele lugar e naquele momento e sem que ninguém se apercebesse, só para não deixar fugir a inspiração. As emoções dependem do estado espirito. Há poemas em que relato a felicidade, outros mais tristes, ultimamente os meus textos têm demonstrado felicidade (Continua na página seguinte)


JP | DESTAQUE & OPINIÃO

2018.05.18

| 10

ENTREVISTA A CARLA VALADÃO (Continuação da página anterior)

e ansiedade. Porém, já escrevi poemas alegres a sorrir e poemas de saudade a chorar, às vezes há reações inesperadas. JP – Em termos gerais como classifica o seu trabalho? CV – Classifico o que escrevo como uma parte de mim já. Não é um hobbie ou um passatempo. Se não o fizer por algum tempo, não me sinto completa. É uma das minhas prioridades… JP – Há um poema seu denominado “Suicídio” que apresenta uma carga emotiva muito forte, com versos de obscuro desânimo e outros de radiosa esperança. Que moldura emocional leva a escrever um poema tão marcante como este? CV - Suicídio é daqueles poemas que ninguém deve julgar pelo título, nem deve tirar conclusões sem ler o poema inteiro. Eu tenho muito essa mania de escrever textos que à partida são negativos mas no fim mostram o oposto. Como já referi antes, sou autocrítica, e também por isso tenho o direito a preferir mais uns do que outros, este é sem sombra de dúvida o meu preferido. É um poema que retrata a tristeza, o mau momento, a vontade de ir para outro lugar. Apesar do título, eu nunca tentei ou pen-

sei no suicídio como algo real, este suicídio que falo no poema está em sentido figurado. Há pessoas depressivas que bloqueiam completamente e preferem morrer em vez de matar a vontade de morrer e ressuscitar em vida. A palavra morte, pode na poesia, não querer significar, propriamente tristeza, desgraça, luto… Porque não atribuir significados alegres às palavras mais tristes? Até porque reagir mal é uma opção, sofrimento é outra coisa. Além disso é tudo uma questão de tempo. Conclui o poema com a sensação que afinal sou uma pessoa forte, e sou, e que se alguma vez bati no fundo, consegui, sempre, matar a dor, é isso. JP – O sonho de qualquer poeta/escritor é a publicação de um livro. Em que estado está este sonho? CV – Não lhe vou negar essa possibilidade, aliás, porque é garantido que haverá livro. Contudo, é um projeto a médio ou a longo prazo porque não depende só de mim, é necessário aguardar por algumas respostas, mas como está tudo numa fase inicial prefiro manter informações extra, no “segredo dos Deuses”. JP – Como vê o mundo da poesia no universo do concelho da Praia da Vitória? CV – Sabe que eu era tão ignorante nesse aspeto, que eu pensava que os

poetas da Praia resumiam-se aos cantadores ao desafio, que não deixam de ser poetas e bem. Foi Justamente nas redes sociais, e volto a referi-las, que eu descobri que a ”nossa” Praia é talentosíssima. São os cantadores que fazem poesia com a voz, são os autores das letras para as danças de carnaval e marchas populares e os que escrevem apenas para a gaveta ou para as redes sociais, a maioria desta gente nem um livro, unicamente seu, têm. Até na minha freguesia tenho descoberto alguns que talvez não se consideram poetas mas eu acho que são, porque só a vontade de escrever é meio caminho para a poesia. A Terceira é terra de poetas, a Praia por ser a pequena cidade da nossa ilha é grande no talento. Eles estão todos aí! JP – Para finalizar, algo que gostasse de acrescentar e, ou sublinhar? CV – Gostaria de dizer e não sabendo bem que público abrange o Jornal da Praia, se alguém que leia isto e que se identifica, se gosta de escrever que tenha outro talento qualquer, ou que tenha algum sonho. Que utilize as redes sociais, sem receios, que é uma forma fácil de conquistar um público, que ajuda a abrir pequenas portas antes de qualquer coisa mais expansiva. Não sou caso único, felizmente, há muita gente que já o faz.

E para quem gosta de escrever, digo que foi através do facebook que vi poemas meus, publicados no jornal e recitados na rádio, estas foram as pequenas portas que o facebook me abriu, portas essas abertas por pessoas que sem receber nada em troca me quiseram ajudar, e a quem estou, verdadeiramente grata. Por isso, nunca na vida publicaria um livro, sem antes, procurar cativar um público por outras vias. Em relação ao verdadeiro motivo pelo qual me levou a que fosse aqui entrevistada, gostaria só de concluir, que não me fiz sozinha, todas as pessoas que fizeram e fazem parte da minha história contribuíram para esta vida ligada à escrita, desde a professora que me ensinou a ler a escrever, às pessoas que, de uma forma mais subentendida ou mais direta, me incentivaram a continuar, a família e os amigos, assim como todas as pessoas que foram “personagens” nos meus poemas, que me conseguiram inspirar positiva ou negativamente e que acabaram por conquistar um lugar cativo num ou outro poema meu, sim, porque há pessoas que deixaram de fazer parte da minha vida, ou por morte, ou por desavença mas os poemas ficam sempre. Muito obrigada pelo convite e por mais esta oportunidade. JP/Fotos: Rui Sousa •

NOTAS D’O RAPAZ DAS ILHAS (VII)

UM FUTURO CONSTRUÍDO POR TODOS… Na Praia, onde se crítica por não haver e se crítica por haver, seja o que for e parta de quem partir, tenha agora a população a responsabilidade de participar de forma ativa, crítica e empenhada…

G

Rodrigo Pereira

astar espaço desta coluna a escrever que a Praia da Vitória atravessa tempos difíceis e que o futuro não será fácil não deixa de ser útil, é uma realidade que tem que ser constantemente falada e debatida, embora possa muitas vezes ser chato, mas quando esse trabalho está a ser feito e ainda para mais é aberto a toda a comunidade, não olhando a ideologias ou mesmo cores políticas publicamente assumidas é digno de registo.

O conjunto de colóquios “Pensar a Cidade do Futuro”, promovido pela Câmara Municipal da Praia da Vitória, que visa ouvir a sociedade civil sobre temas determinantes para o futuro do concelho, como a “reabilitação urbana”, “incentivos ao comércio local”, “reabilitação dos espaços públicos e mobilidade”, “trânsito e estacionamento” é uma iniciativa de extrema importância para esta ilha (e região, porque não?), onde muitas vezes o poder político está de portas fechadas e ouvidos tapados à população. Na Praia, onde se crítica por não haver e se crítica por haver, seja o que for e parta de quem partir, tenha agora a população a responsabilidade de participar de forma ativa, crítica e empenhada, como demonstrou no primeiro, neste conjunto de debates que terão como objetivo

claro a criação de estratégias por parte do executivo camarário para o futuro da cidade, ou pelo menos assim parece ser. Analisando os painéis, pode constatar-se a presença de oradores com trabalho desenvolvido nas suas áreas profissionais e com uma valorosa dedicação ao concelho. Importa também ter em conta a forma inteligente como estão formados (os painéis), tendo em contas as conhecidas divergências de pensamento e opinião dos seus oradores e permitindo que estas sejam debatidas. Há uma noção clara de que estes não serão debates para calar a boca dos que dizem que as ideias para o futuro não são discutidas em conjunto, nem muito menos debates manipulados para que deles resultem

as ideias que o poder político possa querer ouvir. Isto só pode ser visto de forma positiva. Um executivo camarário que se mostra disponível a ouvir os que pensam diferente, e que têm cores políticas diferentes, mostra também uma forma claramente democrática de agir e, portanto, a este respeito creio que esteja a ter um bom desempenho. Que não sejam os típicos debates “à portuguesa”, em que se fala e até se lava alguma roupa suja, mas no final poucas ideias e medidas claras resultam, seria um desperdício de tempo num espaço que pode ser muitíssimo produtivo. Dada a qualidade e pragmatismo dos seus intervenientes estou certo de que isso não acontecerá e que estes serão debates valorosos e determinantes para a cidade do futuro. •

PUB

Agentes Transitários - Carga Aérea e Marítima - Recolhas - Entregas - Grupagens e Completos |

Telefone 295 543 501


2018.05.18

| 11

TAUROMAQUIA | JP

POR INICIATIVA DA PÁGINA “TOIRO D’ OURO”

HOMENAGEM AO CAPINHA FRANCISCO GODINHO Em dia de início oficial da época de touradas à corda na ilha Terceira, Francisco Godinho, recebe galardão da página “Toiro D’ Ouro” pelo seu valioso contributo para a afirmação da festa taurina na região.

A

página do Facebook “Toiros D’ ouro” que se dedica à temática taurina em geral, com especial enfoque na divulgação das tradicionais touradas à corda da ilha Terceira, homenageou no passado dia 01 de maio, na freguesia das Fontinhas, aquando da tarde de touros que marca a abertura oficial da época taurina, o conhecido ex-capinha Francisco Godinho, o “Magalhães”, como lhe chamam as gentes dos touros. “Entregar este simples troféu e desta forma prestar uma singela homenagem ao grande capinha que foi e é o ‘Magalhães’, neste dia e, nesta tourada que marca o início das festas dos touros na nossa ilha, é não só um bom presságio para a época que agora começa, como um ato de reconhecimento do seu valor e contributo para grandeza das touradas à corda nesta ilha”, afirmou Jorge Ganço, responsável pela página. Francisco Godinho por largos anos animou os arrais de touradas à corda da ilha Terceira como capinha, com a PUB

mestria e genialidade dos seus passos, para regozijo dos aficionados, ganhando por direito próprio um lugar junto dos mais icónicos capinhas das touradas à corda. Ainda hoje, apesar de assumidamente “reformado”, de vez em quando, dá uns passinhos que demonstram que pode-se perder a rapidez e agilidade com o passar dos anos, mas nunca se perde o dom da arte de tourear. Francisco Godinho é desde 2016 presidente da Tertúlia Tauromáquica Praiense (TTP), à qual tem vindo a dar uma nova dinâmica. Sob a sua presidência, a TTP realizou pela primeira vez, em novembro de 2016, a Gala da Tauromaquia, juntando um grupo considerável de aficionados num salutar convívio de homenagem a entidades e personalidades que contribuíram ativamente para a promoção e valorização da cultura tauromáquica na região. Iniciativa idêntica voltou a promover em dezembro de 2017. Ainda sob o auspício da sua presidência, a TTP foi reconhecido pelo Governo dos Açores como entidade de utilidade pública

FRANCISCO GODINHO foi homenageado pela página “Toiros D’Ouro” na tourada das Fontinhas de 01 de maio. em março de 2017. A página “Toiros D’Ouro” foi criada na rede social Facebook em dezembro de 2017 com o fim de promover e divulgar a cultura tauromáquica e

também constituir um espaço de reflexão e de intransigente defesa da tauromaquia face aos movimentos progressistas de defesa dos animais. JP/Foto: Rui Nogueira•


JP | EDITORIAL & OPINIÃO

| 12

“VOLTANDO À VACA FRIA” (V)

E DITORIAL

MIGALHAS?... NÃO OBRIGADO!

Corrupção e Corruptos

O

s politicos, os governantes devem ir ao encontro das pessoas, devem enveredar por acções que trilhem caminhos dignos na defesa do interesse público e pugnarem pelo desenvolvimento e bem estar, acima de tudo. É dever daqueles, terem sempre como meta principal actuarem de forma clara, esclarecedora, e impoluta em matérias económicas e financeiras, lutando para que possa sempre pervalecer, a igualdade, a liberdade e a solideriadade como metas sempre aperfeiçoaveis e progressiveis. Infelizmente no nosso país as coisas nem sempre correm de forma risonha, na verdade segundo um estudo divulgado recentemente e efectuado pela consultora EY a corrupção, a fraude e o suborno grassam em Portugal de forma arrazadora, ficando o nosso país muito acima da média dos países estudados (55 países). Sobre as relações das empresas com o Estado e vice-versa, abundam noticias várias de corrupção, suborno e fraude, o mesmo sucede com as empresas entre si, ora toda esta panóplia extremamente negativa, geram situações caricatas e lamentáveis, contribuindo para minar gravemente a livre concorrencia entre os agentes económicos. Os casos mediaticos, como por exemplo do Socrates, Manuel Pinho, Miguel Macedo, submarinos, do BPN, etc., devem envergonhar-nos a todos. Finalmente o Partido Socialista quebrou o silêncio estarrecedor, através do Primeiro Ministro António Costa, que considera uma desonra para a democracia e Carlos Cesar, Presidente do Grupo Parlamentar do PS na Assembleia da Républica, sente-se muitíssimo envergonhado a ser verdade as denuncias sobre o caso Socrates e o caso Manuel Pinho. Os partidos do arco da governação não estão imunes “a ovelhas negras” no seu seio, antes pelo contrário abundam factos arrasadores de suborno, fraude e corrupção, imbuídos de dolo intenso no plano criminal. Os “jobs for the boys” apesar de ser uma vergonha nacional, tornou-se uma prática habitual entre os partidos do arco da governação, e pouco ou nada se tem feito para terminar com esta monstruosidade, que só quem não quer é que não vê. A democracia não é comptatível com estas atitudes ilicitas que desonram os nossos politicos e governantes a nível nacional, regional e local, transformando a democracia em partidocracia, enfim a democracia está doente. A vergonha com o que se passa com as passagens aéreas dos deputados insulares da Assembleia da Républica, o mesmo acontecendo com as residências dos deputados que vivem em Lisboa e indicam residências na provincia a centenas de quilometros da capital, com o único objectivo de obterem dinheiro de forma pouco digna. Estas tristes situações, divulgadas nos média e nas redes sociais, leva a que o povo tome conciência no que de facto se está a passar, o que implica naturalmente uma descrença total na politica e nos politicos, um alheamento assombrante às coisas públicas e um aumento radical da abstenção no plano eleitoral. “As prioridades dos que vivem em palácios sempre foram diferentes dos que vivem em barracas e isso dificilmente irá mudar no Século XXI”. O Diretor, Sebastião Lima diretor@jornaldapraia.com

2018.05.18

No espirito de solidariedade sempre pronunciado pela “governança” central “há que estar de pé atrás” pois que, por detrás desses actos de benemerência, estará alojada a intenção... muito naturalmente, desde do dia 1 de Setembro de 1785 data da primeira extracção da “lotaria” jogo da sorte que se iniciava como resultado da concessão da Rainha D. Maria I à exploração pela instituição da exploração de uma lotaria anual que tornar-se-ia uma das principais fontes de rendimento da Santa Casa.

R

José Ventura*

ejubilem oh! Ilhéus. “O Presidente da República promulgou o diploma que estende às regiões autónomas da Madeira e dos Açores parte das receitas dos jogos sociais explorados pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa”. Notícia bombástica, segundando o comunicado distribuído pelo Conselho de Ministros ditando ter sido naquela data e “em definitivo” o decreto-lei que estende aos Açores e à Madeira a distribuição dos lucros dos jogos sociais explorados pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. No mesmo se diz ainda “este diploma dá cumprimento ao artigo 36.º da Lei das Finanças Regionais, atribuindo uma percentagem destas receitas às regiões autónomas”. Entretanto desde a sua “concepção” como a Lei Orgânica n.º 2/2013 de 2 de Setembro, só agora depois de um longo prazo de “gestação” foi “parido”, para exultação de uns quantos pois que, nunca tinha saído do papel. Assim de uma “coisa” que que sempre foi consumida cá pelos nossos lados

No século XX - 1961, surge um novo jogo social, o Totobola, de responsabilidade do Departamento de Apostas Mútuas Desportivas da Santa, revertendo as receitas líquidas, em partes iguais, pela assistência de reabilitação e pelo fomento da educação física e desporto. Ao longo dos anos, com o objectivo de captar novas receitas, instituíram-se novos jogos chamados de sociais, como o Totoloto, o Joker, a Lotaria Instantânea ou Raspadinha, a Lotaria Popular e o Euromilhões, cujos resultados são geridos e distribuídos por diversas entidades beneficiárias em todo o “território nacional”, e sempre por boas causas. Referir que o jogo instantâneo ou raspadinha surge nos Açores a 4 de Maio de 1987 por iniciativa da AMRAA e só a 31 de Julho de 1995 pelo Departamento de Aposta da Santa Casa, inundando o mercado numa concorrência que atá hoje em nada beneficiou os Açores pois para comparticiparem com a sua parte dos resultados no projecto coberto pelo Diploma agora promulgado por S.Exa. o Presidente da República passaram a bonita soma de 22 anos.

dinha” tenhamos de anunciar nos locais de venda da mesma o “consuma produtos açorianos”. No espirito de solidariedade sempre pronunciado pela “governança” central “há que estar de pé atrás” pois que, por detrás desses actos de benemerência, estará alojada a intenção de ir embalando a consciência reivindicativa dos açorianos naquilo que resultará das “negociatas” como: o compromisso com as RUP, com o alargamento da zona exclusiva, a exploração do mar açoriano, e do nosso espaço aéreo, a criação de um Centro de Segurança Atlântica na Base das Lajes, a Centro Internacional de Investigação para o Atlântico, e por aí adiante. De “olho grande”, entretanto, e com vista a arrecadarem os maiores resultados da sua prepotência colonialista continuam as servir-se das Forças Armadas para a “Psico-Social de Presença” que aqui já referimos e, distribuindo umas” migalhas” como agora e, passados um número irrazoável de anos. Os 17 milhões de euros em transito para os cofres da economia açoriana, são umas migalhas inaceitáveis em relação a tudo e tanto que já nos levaram o nos levam. Que a História se faça na verdade do nosso passado, do presente e, na perspectivação do futuro… MIGALHAS? Não obrigado! Por opção, o autor não respeita o acordo ortográfico. • (*)

No caso dessa modalidade, da “raspa-

EUTANÁSIA: O QUE É? Uma vez que o debate sobre a eutanásia está em andamento, convém clarificar os conceitos para sabermos do que estamos a falar.

Silveira de Brito

J

á assisti a discussões intermináveis que não levaram a lado nenhum; depois, reflectindo sobre o que cada uma das partes tinha dito sobre o assunto, descobri que a razão da ineficácia da troca de argumentos se deveu ao facto de cada um dos participantes utilizar os mesmos termos, mas com sentidos difePUB

rentes; ou seja, o caminho percorrido não tinha levado a lado nenhum nem podia levar, porque cada uma das partes corria em pistas paralelas, não conduzindo, portanto, a um ponto de encontro. Também já assisti, e mesmo participei, em discussões que começaram num tom muito ameno, mas rapidamente aqueceram de tal modo que parecia que se iria chegar a vias de facto, quando alguém, pedindo uma pausa, perguntou a cada um dos participantes em que sentido utilizava determinado termo e, ouvidas as respostas, ficaram todos muito admirados a olhar uns para os outros como quem diz: mas como é que não demos pelo equívoco?

eutanásia que foi trazido para a discussão política, sobre o qual se tem escrito e debatido, mas muitas vezes a ideia com que fico é que as pessoas não usam os termos com o rigor indispensável a uma discussão séria. Já me aconteceu assistir a uma palestra em que um médico, na altura “figura pública” e muito escutada, afirmava que tinha praticado a eutanásia com o seu próprio pai. Ouvida a estória, conclui que não se estava de modo nenhum perante um caso de eutanásia. Em síntese, a estória contada pelo palestrante era esta. Tinha o pai internado numa unidade hospitalar; os profissionais de saúde prestaram todos os cuidados segundo as boas práticas clínicas, até que se tornou

Vem isto a propósito do tema da

(Continua na página seguinte)


2018.05.18

| 13

OPINIÃO | JP

CRÓNICA DO TEMPO QUE PASSA (XXVIII)

VERDADE, TRANSPARÊNCIA E ABSTENÇÃO É tempo de nós, os eleitores, dizermos abertamente o que somos e queremos, já que todos os cidadãos são responsáveis pelo que nos vier a acontecer no futuro. Todos, e não apenas algumas pessoas, com responsabilidades socio-culturais, como ainda pensam muitos.

A

António Neves Leal

menos de um ano das próximas eleições europeias a que se seguirão as legislativas nacionais, e as regionais, as formações partidárias já começam a lubrificar as máquinas da propaganda com vista à maior adesão e convencimento dos votantes e às ambicionadas propostas para conquistar assentos parlamentares. O ritual do costume vai repetir-se e assistir-se à “lavagem ao cérebro” a que, cada vez mais, se recusam os cidadãos conscientes, informados e medianamente inteligentes deste País. Os acontecimentos dos últimos dias em que a verdade e a transparência têm sido postas em dúvida, mais uma vez por causa dos casos de corrupção, dos escândalos envolvendo figuras gradas da política e das viagens de vários deputados. Tudo isto não é sintoma da necessária transparência, e não se sabe onde pára a verdade no meio deste imbróglio confuso que nos apoquenta e envergonha. Como de outras vezes, os bons exemplos não vêm de cima: os ca-

sos dos aumentos dos deputados de que eles próprios nunca se descuidem, das subvenções vitalícias, das passagens à reforma após oito anos de actividade, e outras mordomias, ao contrário dos demais agentes da função pública, não auguram nada de bom para os meses que aí vêm. A sociedade civil já anda farta de comportamentos indignos e de pagar as tropelias, os erros e manigâncias dos que em vez de servir o povo como seus procuradores, servem-se dele para os seus interesses pessoais e até de familiares. Há trinta anos, falava-se muito de nepotismos, amiguismos. Eu próprio, utilizei o termo familiadrio (familória), isto é, emprego para toda a família. Hoje, como se ouve, lê, vê a .tendência não mudou, antes subiu de categoria, aumentando, ainda mais, e despudoradamente. É tempo de nós, os eleitores, dizermos abertamente o que somos e queremos, já que todos os cidadãos são responsáveis pelo que nos vier a acontecer no futuro. Todos, e não apenas algumas pessoas, com responsabilidades socio-culturais, como ainda pensam muitos. Isso era assim no tempo da monarquia e da ditadura, que precedeu o 25 de Abril, quando Portugal estava, então, de candeias às avessas com a Europa e a Organização das Nações Unidas. Actualmente, até temos nela um português como seu Secretário Geral, o Eng.º António Guterres. Nesse tempo, não havia pluralismo

partidário nem eleições livres. Havia o medo de ser denunciado pela PIDE ou excluído da função pública, se não preenchesse uma imprescindível declaração, onde o seu subscritor mostrava repúdio pelo comunismo internacional e pelas ideias subversivas. Quem não fosse afecto ao regime dando com a língua nos dentes, ou não tivesse bom comportamento moral e civil, era rejeitado do concurso. Por estes motivos, hoje, ninguém se pode dar ao luxo de remeter-se ao silêncio e demitir-se dos seus deveres e direitos como participantes activos e fundamentais para a organização política democrática. A sociedade civil não pode continuar a tolerar gente sem crédito nem competência, nem votar em caciques e videirinhos oportunistas, usando e abusando de tiradas sonantes, fanfarronadas, monólogos que nada dizem ou do recurso frequente de intervenções à base de picardias e manipulações estatísticas. Esses não devem ser votados e é preciso duvidar da sua seriedade, da sua lábia fácil e da ligeireza de conceitos decorados à pressa, ou a artifícios ardilosos, mais próprios do circo. Tudo o que acima se refere, em vez de contribuir para a dignificação da Política ( essa nobre ciência que Aristóteles, já no século IV antes de Cristo, considerava uma das maiores manifestações do génio humano), tem provocado o cepticismo, a indiferença e o descrédito junto de considerá-

veis faixas do eleitorado nacional, e principalmente aqui nos Açores. Os bons deputados que, felizmente, têm existido nas assembleias são merecedores do maior respeito e do vencimento que auferem no fim do mês. Estes últimos também não devem sentir-se bem, ladeados por tais figurass e suas reprováveis atitudes, nada adequadas ao estatuto de representantes do povo, que eles devem servir e atender aos seus problemas mais prementes, apresentando propostas justas e verdadeiras, e não uma lista de promessas que, à partida, sabem não serem realizáveis. É vergonhoso o número de realizações prometidas e raramente cumpridas. Chega-se ao desplante de adiar e readiar projectos, como se nunca tivessem sido já prometidos. A história repete-se de legislatura em legislatura. As desculpas são sempre as mesmas. As mentiras são aceites como coisas sem importância. A verdade, essa pobre criatura, pouco vale e não se sabe em quem confiar, porque ela anda desviada da nobreza das atitudes e dos exemplos de alguns que estão, onde não deviam estar. A abstenção, neste contexto, será uma inevitabilidade como fenómeno social. Ela tem atingido, quer a nível do país quer nas nossa ilhas, índices muito preocupantes. Contudo, não é somente com a mera alteração das (Continua na página seguinte)

EUTANÁSIA: O QUE É? (Continuação da página anterior)

evidente ser impossível reverter a situação, pelo que suspenderam a medicina terapêutica e passaram aos cuidados médicos que visavam o maior conforto do doente, controlando dores e sintomas, e acompanhando doente e família o melhor possível, isto é, passaram à medicina paliativa. Perante a situação que acabo de descrever, o médico contou PUB

que resolveu levar o pai para casa, uma vez que tinha condições para o acompanhar tão bem como no hospital, e ao menos o pai estava num ambiente mais acolhedor e podia ser bem acompanhado pela família até ao desenlace final. A conclusão que podemos tirar desta estória, que não me foi contada, eu ouvi-a com os meus próprios ouvidos (não conto mais pormenores porque não quero deixar qualquer pista que permita a identificação do médico que a contou), é que a terminologia utilizada pelo palestrante não era rigorosa, precisa, como se verá. Quando os profissionais de saúde suspenderam os cuidados da chamada medicina terapêutica, assumiram uma boa prática clínica porque, naquele caso concreto, a medicina curativa não ia ajudar o doente, mas sim causar-lhe sofrimento; isto é, os profissionais, suspendendo o tratamento, evitaram o chamado “encarniçamento terapêutico”, o que tecnicamente se chama “distanásia”. A estória contada pelo médico foi a de um processo de “ortotanásia”, para usar um palavrão, um processo em que tudo decorreu

“correctamente”. Uma vez que o debate sobre a eutanásia está em andamento, convém clarificar os conceitos para sabermos do que estamos a falar. Uma problemática desta envergadura não se compadece com ambiguidades e faltas de clareza bem evidentes, por exemplo, na expressão “despenalização da morte assistida” ou na vontade de juntar numa mesma discussão “eutanásia” e “suicídio assistido”, duas realidades distintas; tudo deve ser feito para favorecer a clareza que é exigida em temas de importância capital como estes. Também não ajuda nada à clarificação necessária a vontade de acelerar a discussão de um tema tão fraturante como este. A eutanásia não foi tema de campanha eleitoral, que a generalidade dos portugueses saiba não apareceu em nenhum programa eleitoral dos partidos que concorreram às últimas eleições para a Assembleia da República. Será que a sua discussão não deverá decorrer com a ponderação e o tempo que o tema exige, mesmo que esse tempo se prolongue para lá da data em que se prevêem as próximas eleições

gerais, se o calendário não for alterado por qualquer razão? Aliás, se isso acontecesse favorecia a discussão pública, uma vez que permitiria aos partidos pronunciarem-se claramente sobre o tema e debatê-lo na campanha eleitoral. Seja como for, convém deste já clarificar os conceitos para que uma discussão rigorosa seja possível. Em primeiro lugar, não evitemos os termos: devemos utilizar o termo “eutanásia” para discutir o problema da eutanásia; não recorramos a eufemismos porque as palavras nos assustam. Em todo o debate sobre o tema promovido pela Holanda, quer nos documentos publicados quer nas sessões de esclarecimento que os Serviços Diplomáticos do país fizeram pelo mundo fora, nunca o termo aparecia… e do que se tratava era, sem sombra de dúvida, da eutanásia. Se atendermos ao debate que se tem verificado à volta do tema “eutanásia, sim ou não?”, em que a opção de cada um dos intervenientes influencia a evolução semântica do (Continua na página seguinte)


JP | OPINIÃO & CANTO DO TEREZINHA

2018.05.18

| 14

AGRADECIMENTO ...A uma desconhecida terceirense de uma qualquer freguesia da ilha onde a Festa é Redonda.

U

ma terceirense desconhecida proporcionou-me um tratamento privilegiado no atendimento que me dedicou o gerente de uma empresa a que tive de recorrer para reparar um estore. Aconteceu que, no contacto havido, ao dito gerente dei a saber que era natural da Ilha Terceira. Logo, o senhor desatou a fazer grandes elogios à hospitalidade de que ele e família tinham sido alvo aquando de uma visita à nossa ilha. Mal haviam desembarcado, foram encaminha-

dos para uma tourada à corda e, já no arraial, enquanto procuravam entender onde estavam e como haviam de proceder para desfrutar do evento, foram convidados pela dona da casa, junto da qual se encontravam, para subir e da sua varanda verem a tourada. Se esta atitude já tinha calado fundo nas visitas, imaginem como não ficaram quando, ao ‘5º toiro’ foram convidados a ‘gastar’ de uma bem fornecida mesa.

É assim a nossa gente. São assim as novas Briandas Pereira que, ao invés da que, na lenda, expulsou o indesejado invasor castelhano, agora convidam o desejado visitante, oferecendo a sua arte de bem receber.

execução da reparação do meu estore. Fiquei a dever isso ao empenho redobrado do gerente que desse modo e através da minha pessoa, quis retribuir o bom acolhimento que tivera na ilha de Jesus.

Podem as autoridades responsáveis esgotar os seus esforços a bem do turismo, mas nunca conseguirão suplantar as contrapartidas das nobres atitudes da nossa gente.

Desta diáspora ibérica onde me encontro, a 1500 quilómetros da Ilha Terceira, publico o meu agradecimento a uma desconhecida terceirense de uma qualquer freguesia da ilha onde a Festa é Redonda.

No caso em apreço, ganhei 3 semanas de antecipação no prazo para a

João Rego•

VERDADE, TRANSPARÊNCIA E ABSTENÇÃO (Continuação da página anterior)

das leis eleitorais ou dos processos burocráticos que se debela esse mal. Para evitar tão elevada abstenção, é urgente incrementar uma pedagogia de civismo dentro da sociedade, nas escolas públicas e privadas, no interior dos movimentos políticos e no seio dos partidos tradicionais. Tal desiderato só se consegue, no

dia-a-dia e não com uma ida ao acto eleitoral de quatro em quatro anos. E esse trabalho não pode cingir-se ao período estreito das campanhas eleitorais, nem ser feito nos moldes folclóricos em que é apresentado habitualmente. A solução passa, também, pela idoneidade e seriedade das pessoas escolhidas , pelo seu apego à causa pública, pelo sentido de se prestar

um serviço devotado à comunidade, pondo os interesses desta acima das ambições individuais, com vimos nas últimas ocorrências supramencionadas, e falando uma linguagem de verdade, transparente e voltada para o seu destinatário, que é o eleitorado, e não para o umbigo de quem se pretenda promover, exibindo dotes em discursos postiços.

dadãos quiserem e tolerarem. Não são aqueles que irão modificar-se, enquanto a sociedade não disser abertamente e reivindicar o que quer. De nada servirá a demissão de governos e a extinção de parlamentos, se a sociedade estiver acomodada ou alienada face aos seus problemas maiores. E são muitos, basta abrir os olhos e ouvir o que se passa ao nosso lado.

Os políticos serão aquilo que os ci-

ou omissão, satisfazendo o pedido, isto é, alguém que ouve o pedido e, no exercício da sua liberdade, desenha e põe em prática um percurso de acções ou omissões que têm como finalidade primeira provocar a morte pedida. Quem recebe o pedido, normalmente um(a) profissional de saúde, não se limita a aconselhar e a acompanhar alguém que se vai suicidar, mas é alguém que é agente, que provoca a morte de alguém que responde positivamente a um pedido.

autonomia do ser humano que pede a sua morte. Uma questão também muito referida é a das razões que levam a alguém pedir para o matarem. Outra ainda é a das consequências que a legalização da eutanásia terá na relação de confiança que deve existir entre profissionais de saúde e doentes/utentes. Estas e outras questões serão discutidas em futuros textos.

EUTANÁSIA: O QUE É? (Continuação da página anterior)

termo e a legislação dos pouquíssimos países, Holanda e Bélgica, que legalizaram a sua prática, designa-se eutanásia “a morte de uma pessoa, a seu pedido, por outra pessoa que acolhe o pedido e pratica um acto intencional destinado a produzir a morte” 1 . A eutanásia também pode ser definida nestes termos: “morte provocada, ou seja não natural, a expresso pedido do doente, previamente formulado ou até presumido, com base nas declarações dos familiares” 2, e costuma afirmar-se que com essa morte libertará se pretende libertar o doente de dores atrozes e sofrimento insuportável. As definições apresentadas apontam para 3 passos a ter em conta:

PUB

há um pedido feito por um doente, normalmente em estado terminal, que quer ser eutanasiado, isto é morto, alegando sofrimento ou dores insuportáveis; há uma pessoa, normalmente um profissional de saúde, a quem o pedido é dirigido e um acto, acção ou omissão (algo que se faz ou não se faz), da responsabilidade dessa pessoa a quem o pedido é dirigido, cuja finalidade primeira é provocar a morte. Trata-se, portanto, de uma morte a pedido: uma pessoa quer morrer e, porque ela própria não tem condições para provocar a sua própria morte, isto é para se suicidar, pede a outro para o fazer, pede a outro que ponha em andamento um processo com essa finalidade. Dizendo de outro modo, há uma pessoa a quem é feito o pedido e lhe dá seguimento por acção

O debate sobre a eutanásia suscita várias questões. Uma é esta: será a eutanásia um tema que preocupa a sociedade portuguesa em geral? Não haverá problemas mais prementes e com maior impacto? Outra, muito sublinhada pelos defensores da permissão legal da eutanásia, é a da

FLIT

Parece que andam por aí a distribuir, nas caixas de correio de cada um, uns panfletos com a sigla F.L.I.T. Perante a desmesurada quantidade de perguntas que sobre o assunto surgiram, Canto do Terezinha, como é sua obrigação, foi investigar. Mas não conseguiu apurar grande coisa.

que apurou as seguintes interpretações: Filarmónica Lira da Ilha Terceira; Fundo Literário da Ilha Terceira; Frente de Libertação do Imposto do Tabaco; Fábrica de Lenços da Ilha Terceira; Federação dos Laticínios da Ilha Terceira; Fundamentos Litúrgicos para a Interpretação Teológica; Favas, Limões, Inhames e Tremoços.

Resolveu, então, proceder a uma sondagem

Não contente com estas interpretações,

SERRÃO, Daniel - «Eutanásia». ARCHER, Luís; BISCAIA, Jorge; OSSWALD, Walter; RENAUD, Michel - Novos desafios à Bioética. Porto: Porto Editora, 2001, p. 249. 2 NEVES, Maria do Céu Patrão; OSSWALD, Walter - Bioética Simples. Lisboa: Editorial Verbo, 2008, p. 198-199. 1

Canto do Terezinha consultou o homem mais sábio da Praia da Vitória que prontamente descobriu a mais que provável interpretação da sigla F.L.I.T. Trata-se, disse ele, de: Frente de Libertação da Ilha Terceira e é um aviso para a F LA. Por esta é que Canto do Terezinha não esperava. •


2018.05.18

| 15

INFORMAÇÃO | JP MISSAS DOMINICAIS NO CONCELHO

SÁBADOS

18 MAI Terreiro São Mateus Tourada não tradicional Casa Agrícola José Albino Fernandes 18:30 - 21:00 19 MAI Largo da Igreja São Mateus Tourada não tradicional Casa Agrícola José Albino Fernandes 18:30 – 21:00 21 MAI Largo de São Luís São Bento Bezerrada Manuel João Rocha 18:30 – 21:00 Ao Lugar Altares Tourada tradicional Humberto Filipe e Rego Botelho 18:30 – 21:00 Terreiro Terra Chã Tourada tradicional Humberto Filipe, António Lúcio, Rego Botelho e Ezequiel Rodrigues 18:30 – 21:00 24 MAI Rua de Santo António do Rossio Santa Cruz Tourada não tradicional Ezequiel Rodrigues 18:30 – 21:00 25 MAI Rua de Santo António do Rossio Santa Cruz Bezerrada à corda Herd Ezequiel Rodrigues 18:30 – 21:00

HOJE (18/05)

- Lajes - Fontinhas (1) - Casa da Ribeira - Cabo da Praia - Matriz Sta. Cruz - Vila Nova - Fontinhas (2) - São Brás - Porto Martins - Sta Luzia, BNS Fátima - Quatro Ribeiras - Lajes - Agualva - Santa Rita - Fonte do Bastardo - Biscoitos, IC Maria (3) - Biscoitos - São Pedro (4) (1) Enquanto há catequese (2) Quando não há catequese (3) 1.º e 2.º sábados (4) 3.º e 4.º sábados 15:30 16:00 16:30 17:00 17:30 17:30 18:00 18:00 18:00 18:00 18:00 19:00 19:00 19:00 19:00 19:30 19:30

HOJE (18/05)

DOMINGO (20/05)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

SEGUNDA (21/05)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

TERÇA (22/05)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

QUARTA (23/05)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

DOMINGOS

- São Brás - Vila Nova, ENS Ajuda - Lajes, Ermida Cabouco - Cabo da Praia (1) - Biscoitos, S Pedro - Agualva - Casa Ribeira (1) - Santa Rita - Lajes - São Brás - Cabo da Praia (2) - Porto Martins - Casa da Ribeira (2) - Biscoitos, IC Maria - Vila Nova - Fontinhas - Matriz Sta. Cruz (1) - Quatro Ribeiras - Sta Luzia - Fonte Bastardo - Matriz Sta. Cruz (2) - Lajes, ES Santiago - Lajes - Matriz Sta. Cruz (3) - Matriz Sta. Cruz (4)) (1) Missas com coroação (2) Missas sem coroação (3) De outubro a junho (4) De julho a setembro 08:30 09:00 10:00 10:00 10:00 10:30 10:30 10:30 11:00 11:00 11:00 11:00 11:00 11:00 12:00 12:00 12:00 12:00 12:00 12:15 12:30 13:00 19:00 19:00 20:00

QUINTA (24/05) CINEMA VINGADORES: GUERRA DO INFINITO Local: Auditório do Ramo Grande Hora: 21H30 (*) Classificação: M/12 (*) Sessão também no domingo às 21H30

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

DOMINGO (20/05)

SÁBADO (26/05)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

SEGUNDA (28/05)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

TERÇA (29/05)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

QUARTA (30/05)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

QUINTA (31/05) CINEMA OS SUPER-HERÓIS DA SELVA Versão portuguesa Local: Auditório do Ramo Grande Hora: 15H00 Classificação: M/06 Sessão gratuita para menores de 12 anos

ASSINATURA ANUAL 15,00 EUR assinaturas@jornaldapraia.com

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

BISCOITOS Posto da Misericórdia ( 295 908 315 SEG a SEX: 09:00-13:00 / 13:00-18:00 SÁB: 09:00-12:00 / 13:00-17:00

VILA DAS LAJES

CINEMA SETEMBRO A VIDA INTEIRA Documentário Local: Cuditório do Ramo Grande Hora: 21H30 Classificação: M/12 Sessão gratuita

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

DOMINGO (27/05)

QUARTA (30/05)

31 MAI Cerrado - Serra de Santiago Vila das Lajes Vacada à corda Manuel João Rocha 18:30 – 21:00

SEXTA (25/05)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

30 MAI Serra de Santiago Vila das Lajes Tourada não tradicional Humberto Filipe 18:30 – 21:00

Fontes: CMAH e CMPV

SÁBADO (19/05)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

ASSINE

26 MAI Rua de Santo António do Rossio Santa Cruz Tourada tradicional Herd Ezequiel Rodrigues 18:30 – 21:00

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

Farmácia Andrade Rua Dr. Adriano Paim, 142-A ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-18:30 SÁB: 09:00-12:30

VILA NOVA

NE: Publicite o seu evento na nossa agenda cultural. Envie toda a informação para geral@ jornaldapraia.com

Farmácia Andrade Caminho Abrigada ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-12:00 / 16:00-18:00 Farmácias de serviço na cidade da Praia da Vitória, atualizadas diáriamente, em: www.jornaldapraia.com


PUB


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.