Jornal da Praia | 0519 | 20.04.2018

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QUINZENA

20.04 A 03.05.2018 Diretor: Sebastião Lima Diretor-Adjunto: Francisco Ferreira

Nº: 519 | Ano: XXXV | 2018.04.20 | € 1,00

QUINZENÁRIO ILHÉU - RUA CIDADE DE ARTESIA - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA - ILHA TERCEIRA - AÇORES

www.jornaldapraia.com

CARLA FÉLIX

“A MINHA POESIA NASCE AO ACASO E VOA EM VERSOS” DESTAQUE | P. 8 E 9

DESCONTAMINAÇÃO DOS SOLOS E AQUÍFEROS DA ILHA TERCEIRA Basta de inverdades acerca desta delicada situação, pois a verdade, a busca da verdade cabe a todos nós alcançá-la, para que se encontrem respostas, soluções viáveis para a descontaminação que urge fazer-se. TAUROMAQUIA | P. 7

EDITORIAL | P. 12

PLANO DIRETOR MUNICIPAL

EM REVISÃO HÁ MAIS DE UM ANO NO CONCELHO | P. 3

CASA DE POVO DE SANTO ANTÃO HOMENAGEIA FRANCISCO BORBA CULTURA | P. 14

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FESTIVIDADES | P. 5


JP | CANTO DO TEREZINHA - CARTOON & EFEMÉRIDE

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ECO-ESTACIONAMENTO

A questão não é nova e arrasta-se no tempo sem solução…. Questão! – Mas que questão? Não! – Canto de Terezinha não se refere à contaminação de solos e aquíferos pelos militares americanos que veio a público por volta de 2008 e, continua, numa novela com muitos protagonistas, mas sem heróis! Pois bem! – Falamos do estacionamento nas ruas da Praia, principalmente, naque-

las que são as suas artérias principais. CT sabe, que muitos são os praienses que se queixam de falta de lugares para estacionamento na nossa “pólis”, e que até a CMPV, já recebeu pedidos de solução da nossa diáspora que não se conforma com tal dificuldade. O assunto é sério, muito sério, tanto que foi profusamente abordado aquando das últimas eleições autárquicas pelas principais forças concorrentes. É certo que cada uma preconizava soluções diferentes – na genialidade de pensamento que apenas

ilumina os políticos – mas, todos com um desiderato comum – resolver o problema. Problema! – Mas qual problema? – “It’s a fake issue”. É ver para crer! – Os lugares são tantos que até a Praia Ambiente, EM, sempre na vanguarda do empreendedorismo inovou o ECO-ESTACIONAMENTO não esmaganqualquer automóvel. À Fernando Pessa, “E esta, hein?!”.

JP ANIVERSÁRIO

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a nossa próxima edição (520), no ano, ao topo da nossa primeira página vá constar o número XXXVI. Assinala-se 36 primaveras decorridas sobre aquela quinta-feira, 29 de abril de 1982, na qual apareceu na então novel cidade da Praia da Vitória, o “Jornal da Praia” destinado a lhe dar voz, numa iniciativa do “Grupo de Amigos da Praia” fundado um mês antes.

“Gala do Jornal da Praia”, que com periodicidade bianual temos vindo a organizar nos últimos anos, num evento destinado a celebrar a proficuidade da nossa existência e a homenagear personalidades e instituições que com seu distinto trabalho e esforço contribuem para a afirmação desta cidade e concelho, desígnio que nos orienta desde sempre.

Ao longo de todos estes anos a trilhar um caminho cada vez mais difícil, vários foram os infortúnios que nos bateram à porta. No momento de escrita deste singelo texto, o nosso administrador, José Miguel Silva, peça angular na sobrevivência deste projeto nos últimos anos, enfrenta um enorme e grave problema de saúde, lutando a cada instante pela vida.

Ao Miguel, votos para que possa juntar-se a nós brevemente, aos restantes elementos da equipa – obrigado – pelo esfoço e dedicação em manter acesa a chama deste projeto, e aos leitores em geral e aos praienses em particular, o apelo para que ajudem este projeto e o façam crescer, na certeza que quanto mais forte for o Jornal da Praia, mais forte é a nossa Cidade, Concelho, Ilha, Região e Pátria, no mundo!

Por esta lamentável razão, não nos foi possível levar a cabo este ano a

O Coordenador de Edição Francisco Soares

FICHA TÉCNICA PROPRIETÁRIO: Grupo de Amigos da Praia (Associação Cultural sem fins lucrativos NIF: 512014914), Fundado em 26 de Março de 1982 REGISTO NO ICS: 108635 FUNDAÇÃO: 29 de Abríl de 1982 ENDEREÇO POSTAL: Rua Cidade de Artesia, Santa Cruz, Apartado 45 - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA, Ilha Terceira - Açores - Portugal TEL: 295 704 888 DIRETOR: Sebastião Lima (diretor@jornaldapraia.com) DIRETOR ADJUNTO: Francisco Jorge Ferreira ANTIGOS DIRETORES: João Ornelas do Rêgo; Paulina Oliveira; Cota Moniz CHEFE DE REDAÇÃO: Sebastião Lima COORDENADOR DE EDIÇÃO: Francisco Soares, CO-1656 (editor@jornaldapraia.com) REDAÇÃO/EDIÇÃO: Grupo de Amigos da Praia (noticias@jornaldapraia.com; desporto@jornaldapraia.com); Elvira Mendes; Rui Sousa JP - ONLINE: Francisco Soares (multimedia@jornaldapraia.com) COLABORADORES: António Neves Leal; Aurélio Pamplona; Emanuel Areias; Francisco Miguel Nogueira; Francisco Silveirinha; José H. S. Brito; José Ventura; Nuno Silveira; Rodrigo Pereira PAGINAÇÃO: Francisco Soares DESENHO NO CABEÇALHO: Ramiro Botelho ADMINISTRAÇÃO José Miguel Silva (administracao@jornaldapraia.com) SECRETARIADO E PUBLICIDADE: Eulália Leal (publicidade@jornaldapraia.com) LOGÍSTICA: Jorge Borba IMPRESSÃO: Funchalense - Empresa Gráfica, S.A. - Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, 50 Morelena - 2715-029 PÊRO PINHEIRO ASSINATURAS: 15,00 EUR / Ano - Taxa Paga - Praia da Vitória - Região Autónoma dos Açores TIRAGEM POR EDIÇÃO: 1 500 Exemplares DEPÓSITO LEGAL: DL N.º 403003/15 ESTATUTO EDITORIAL: Disponível na internet em www.jornaldapraia.com NOTA EDITORIAL: As opiniões expressas em artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do jornal e do seu diretor.

Taxa Paga – AVENÇA Publicações periódicas Praia da Vitória


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NO CONCELHO | JP

PDM DEVERÁ ENTRAR EM VIGOR ATÉ AO FINAL DO ANO

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Revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) do Concelho da Praia da Vitória, foi anunciada, em conferência de imprensa, a 02 de março de 2017. Na altura, explicava o então presidente da Câmara, Roberto Monteiro: “Houve a necessidade de rever o PDM, existente há uma década, no sentido de atualizar este instrumento, adaptando-o à realidade atual. Com o aumento do desemprego, é necessário criar novos negócios, através da atração de investimentos que promovam o desenvolvimento PUB

do Concelho e concedam melhores condições às pessoas que nele habitam, permitindo a fixação das mesmas”. “Outro dos nossos grandes objetivos passa por aumentar o índice de construção, privilegiando a reabilitação das infraestruturas já existentes em detrimento de novas construções, a fim de revitalizarmos a cidade e as zonas rurais, valorizando o nosso património edificado e evitando o despovoamento destes locais”, destacava ainda o ex-presidente.

Na altura foi estimado a conclusão dos trabalhos de revisão para junho e posterior submissão do documento a discussão pública apontando-se a publicação em Diário da República e consequente entrada em vigor para setembro deste mesmo ano. Passado um ano após a anunciada revisão, contínua em vigor o PDM publicado há mais de uma década e na visão do anterior responsável camarário desfasado da realidade atual. Ao JP, Tibério Dinis, atual presidente da CMPV, sublinha que “o atual executivo assume o processo de revisão do PDM como prioridade”. Esclarece, que a primeira reunião da Comissão Mista de Coordenação de

revisão do PDM ocorreu a 19 e 20 de fevereiro, a qual congrega todas as entidades que dão pareceres sobre a matéria, alguns dos quais vinculativos. Adianta, que após a entrega da documentação com as alterações propostas se entre na 2.ª fase de análise que estima para o mês de maio. “De seguida haverá o período da discussão pública. Recebidos os contributos no âmbito da discussão pública é que é possível determinar um prazo para se remeter à Assembleia Municipal, pois dependerá do volume e dimensão da participação da sociedade civil”, explica o edil. Questionado sobre a data de entrada em vigor, responde: “A nossa estimativa é ter o PDM em vigor antes de 31 de dezembro”. JP•

PROGRAMA EUROPEU “WIFI4EU“

ZONA BALNEAR DOS BISCOITOS CANDIDATA A WIFI GRATUITO

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o âmbito do programa da Comissão Europeia “WiFi4EU”, destinado a promover a conectividade sem fios (Wi-Fi) gratuita nos espaços públicos, em todo o território europeu, a Câmara Municipal da Praia da Vitória candidatou a Zona Balnear dos Biscoitos. O programa “WiFi4EU” dispõe de um orçamento inicial de 120 milhões de euros para o período de 2017 a 2019, destinado a apoiar a instalação de equipamento Wi-Fi de ponta nos centros da vida pública. Destinado apenas a entidades com missão de serviço público, o programa financiará o equipamento e as despesas de instalação dos pontos de acesso à Internet. Por sua vez, as

entidades terão a seu cargo os custos da ligação (assinatura de acesso à Internet) e serão responsáveis pela manutenção do equipamento. A candidatura justifica-se segundo a autarquia, por a Zona Balnear dos Biscoitos ser constituída por piscinas naturais que conciliam a harmonia entre o mar e rochas vulcânicas, forte atrativo turístico, paisagístico e cultural, frequentemente visitada por um elevado número de turista e residentes. Os projetos apresentados serão selecionados com base no princípio “primeiro a chegar, primeiro a ser servido”, prevendo a Autarquia, em caso de aprovação, a sua operacionalização para 2019. JP•

CMPV AUXILIOU DANÇAS DE CARNAVAL EM DEZASSETE MIL EUROS

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o abrigo do Regulamento Municipal de Apoio às Danças e Bailinhos de Carnaval a Câmara Municipal da Praia da Vitória (CMPV) recebeu 61 requerimentos de apoio, dos quais, 59 foram deferidos por unanimidade, 1 por maioria e outro indeferido também por unanimidade em reunião ordinária da Câmara Municipal de 26 de fevereiro. Ao todo a CMPV concedeu um apoio de 17 mil euros a danças, bailinhos e comédias incluindo os grupos do Carnaval sénior. De fora do apoio ficou a candidatura apresentada pela Sociedade Filarmónica da Vila Nova referente ao Bailinho da Junta de Freguesia da Vila Nova “O quinto toiro em casa do Rui Nogueira”, o qual, tendo atuado em quinze salas de espetáculos do concelho, não atuou como determina o regulamento no Auditório do Ramo Grande. O pedido foi deixado à con-

sideração da Câmara Municipal que por unanimidade deliberou indeferir o apoio de 300 euros. Também deixado à consideração da Câmara Municipal foi o requerimento de Sara Carissa Drumond Mota Toste, referente ao Bailinho das Filhas do Mota “Homenagem ao cinema português”, por apresentar-se em nome individual, em oposição ao estipulado no n.º 2 do artigo 6.º do Regulamento, que determina: “Os apoios são concedidos a todas as Instituições ou coletividades legalmente constituídas”. A Câmara deliberou por maioria conceder o apoio de 300 euros com os votos contra dos vereadores do Partido Social Democrata. Os sociais-democratas justificaram o sentido de voto por entenderem estar a abrir-se um precedente que poderá originar no futuro a apresentação de candidaturas em nome individual. JP•


JP | EFEMÉRIDE

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D. FREI ALEXANDRE DA SAGRADA-FAMÍLIA HISTORIADOR: FRANCISCO MIGUEL NOGUEIRIA

D. Frei Alexandre da Sagrada-Família, foi o 25º Bispo de Angra e Ilhas dos Açores, de 1816 a 1818 e adotou as regras de pobreza dos franciscanos, mas nunca deixou de pregar com eloquência. Sabia fazer da palavra uma ferramenta para a transmissão dos seus ensinamentos.

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á exatos 200 anos, a 22 de abril de 1818, morria, em Angra, D. Frei Alexandre da Sagrada-Família, 25º Bispo de Angra e Ilhas dos Açores de 1816 a 1818, tio do escritor Almeida Garrett, introdutor do Romantismo em Portugal. Foi o 1º Bispo de Angra e Ilhas dos Açores nascido no próprio arquipélago açoriano (só existiram 2, D. Frei Alexandre e mais recentemente o 38º Bispo de Angra, D. António de Sousa Braga, nascido em Santa Maria), além de ser um humanista, foi um homem das letras, um poeta, que influenciou o seu sobrinho. Alexandre José da Silva (ou segundo outros biógrafos António Ferreira da Silva) nasceu na ainda vila da Horta, no Faial, a 22 de maio de 1737, filho do alferes José Ferreira da Silva, lisboeta, e de Antónia Margarida Garrett. Foi batizado pelo ouvidor Domingos Pereira Cardoso, uns dias depois, a 2 de junho, na Igreja Matriz da Horta. O casal teve 10 filhos e alguns, tal como Alexandre, acabaram por seguir a vida eclesiástica. Alexandre terá sido um aluno aplicado e diligente, tanto que os frades do Convento de Santo António da Horta declararam que estavam terminados os seus estudos “por não ter mais que ensinar”. Ordenado presbítero em 1758, na vila da Horta, aos 21 anos, Alexandre José da Silva ingressou na Universidade de Coimbra, onde se formou em Teologia, em 1759, tendo também aprofundado estudos em Direito Civil e Canónico, em Geografia e em Matemática. Depois entrou como noviço no Seminário dos Menores Observantes Reformados no Convento de Nossa Senhora dos Anjos de Brancanes (já inativo), em Setúbal, a 11 de junho de 1761. Pouco mais de um ano depois, a 13 de junho de 1762, professa neste mesmo Convento, adotando o nome de Alexandre da Sagrada-Família, por qual passou a ser conhecido nos anais da História. Tornou-se um erudito e orador reconhecido e aclamado. PUB

Alexandre da Sagrada-Família adotou as regras de pobreza dos franciscanos mas nunca deixou de pregar com eloquência. Sabia fazer da palavra uma ferramenta para a transmissão dos seus ensinamentos. Chegou a escrever poemas de estilo neoclássico francês sob o pseudónimo de Sílvio. Frequentou os conhecidos e aclamados serões literários da 4ª marquesa de Alorna, D. Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre, com quem mantinha uma relação estreita. Pensa-se que terá escrito muito mais durante este período e depois até ao fim da sua vida, contudo não se sabe para onde foi todo o material produzido pelo futuro Bispo açoriano (era talvez necessário tentar descobrir onde se encontra este espólio que nos poderia elucidar melhor sobre este homem e sobre a Cultura Portuguesa da época). A Rainha D. Maria I nomeou D. Frei Alexandre da Sagrada-Família, a 24 de outubro de 1781, como Bispo de Malaca e Timor, confirmado por bula de 16 de dezembro de 1782, tendo sido sagrado na Igreja da Trindade, em Lisboa, a 24 de fevereiro de 1783. Mesmo com a sua confirmação para partir para o Oriente, não chegou a fazê-lo, acabando por ser nomeado governador e administrador do bispado de São Paulo de Luanda, então com jurisdição sobre Angola e a região do Congo. A bula papal de confirmação data de 15 de fevereiro de 1784. Partiu para Angola, para assumir a administração do Bispado de Angola e região do Congo a 6 de abril de 1784. Foi-lhe reconhecido mérito na reforma religiosa da colónia portuguesa, assim como da missionação da região. Quando se preparava para receber a transferência para o cargo de bispo titular da diocese de Luanda, D. Frei Alexandre entrou em desentendimento com o capitão-general de Angola, José de Almeida e Vasconcelos, o que fez com que a Coroa o visse como um problema, adiando a execução da Bula de nomeação para Bispo oficial. Triste e desanimado com a Coroa, voltou a Lisboa, em 1788, tendo-se recolhido ao Convento de Brancanes, em Setúbal. Quando se deu a 1ª Invasão Francesa, Alexandre da Sagrada-Família foi escolhido pelo General Junot, em 1808, para fazer parte da delegação portuguesa que tinha a missão de ir

até França para cumprimentar o Imperador Napoleão. Contudo, D. Frei Alexandre recusou-se terminantemente a ir saudar Napoleão, dizendo que os seus soberanos eram a Rainha D. Maria I e o Príncipe Regente D. João (futuro D. João VI). Com a 2ª Invasão Francesa e o alastrar da Guerra Peninsular, D. Frei Alexandre partiu para a Terceira, juntando-se assim ao seu irmão, o cónego Inácio da Silva Garrett, residindo ambos em uma casa da rua de S. João, em Angra. Com o irmão encontrava-se o seu sobrinho João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett, filho de outro seu irmão, António Bernardo da Silva Garrett. Este esteve com o tio alguns anos, tendo obtido de D. Frei Alexandre uma educação esmerada e aberta à literatura e às letras. D. Frei Alexandre viajou duas vezes até ao Rio de Janeiro, no Brasil, onde se encontrava o Príncipe Regente. A primeira dessas viagens se deu em 1811, D. Frei Alexandre pretendia pedir benesses a D. João para os seus familiares. Quando ainda estava na Corte soube-se da morte do 24º Bispo de Angra e Ilha dos Açores, D. José Pegado de Azevedo. Assim, o Príncipe Regente, em 1812, o nomeia para o Bispado açoriano, faltando apenas a confirmação papal. Em 1813, o novo Bispo de Angra e Ilhas dos Açores chegou à sua diocese, ficando em Angra a aguardar a confirmação papal, que tardava em não chegar. Partiu de novo para o Rio de Janeiro para saber da confirmação da Santa Sé. Sem resultados. Regressou a Angra em 1814, onde permaneceu à espera da sua confirmação, mas não deixando de exercer a sua influência em todos os assuntos que achava necessários. Só em julho de 1816, quase 4 anos depois da nomeação régia, foi confirmado Bispo de Angra e Ilhas dos Açores pelo Papa, tendo a oposição do cabido para a tomada de posse como novo Bispo, visto que a nomeação veio diretamente até Angra, não passando pelo Rio de Janeiro, onde se encontrava a Corte. Depois desta situação estar resolvida, nomeou arcediago (vigário-geral encarregado, pelo bispo, da administração de uma parte da diocese) do Bispado, o seu irmão Manuel Inácio da Silva. Em dezembro de 1816, aconteciam finalmente as cerimónias solenes da aclamação do novo Bispo açoriano,

D. Frei Alexandre da Sagrada-Família, já com quase 80 anos, na Igreja da Misericórdia. Mesmo já não sendo jovem, exerceu com força e vigor as suas funções eclesiásticas. Um dos seus primeiros atos foi fazer uma incitação ao clero para se fazer uma coleta de esmolas para a manutenção da presença católica na Terra Santa. Foi interinamente Capitão-general dos Açores aquando da saída de Aires Pinto de Sousa Coutinho (20 de agosto de 1816), e até à chegada de Francisco António de Araújo, a quem deu solenemente posse a 14 de maio de 1817. D. Frei Alexandre da Sagrada-Família morreu a 22 de abril de 1818, tendo sido sepultado na capela do Convento de Santo António dos Capuchos de Angra, atualmente em ruínas. Neste mesmo convento, o seu sobrinho Almeida Garrett se aquartelou em 1828, como voluntário liberal em nome da rainha D. Maria II. Hoje em dia, em um ano que passam dois séculos sobre o desaparecimento de D. Frei Alexandre da Sagrada-Família, devemos relembrar este açoriano, este Bispo de Angra e Ilhas dos Açores, assim como devemos perceber nos seus votos de pobreza e ajuda ao próximo, a necessidade crescente que devemos ter de ajudar o próximo. A Terceira está a atravessar uma fase menos positiva, mas não devemos negar apoio a quem precisa e, sobretudo, lutar para que a Ilha se levanta, se renasça e cresça social, cultural e economicamente. A Terceira precisa de todos nós.


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FESTIVIDADES | JP

FESTAS DA PRAIA 2018

EM AGOSTO, PRAIA DA VITÓRIA ANIMA-SE “AO SABOR DA DANÇA” E ENSAIA NOVO MODELO Novo modelo de gestão administrativo e financeira visa garantir sustentabilidade futura do evento.

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s Festas da Praia 2018, decorrem de 03 a 12 de agosto, “Ao Sabor da Dança”, anunciou Tibério Dinis, presidente da edilidade praiense, em conferência de imprensa de apresentação do tema, cartaz oficial e do novo modelo de gestão financeira, no foyer do Auditório do Ramo Grande, na última quarta-feira de março. Segundo Tibério Dinis, “Este ano, o Município optou por apostar num novo modelo de organização administrativo e financeiro, através da concessão do Music Resort e da Tourada de Praça a entidades externas à autarquia”. Esta medida, assegura o autarca, “contribuirá para uma flexibilização dos custos e dos meios humanos necessários à concretização destas festividades, permitindo-nos canalizar os recursos internos para outras vertentes da organização das Festas da Praia. Acredito que a reformulação deste modelo de gestão será essencial para garantirmos um maior rigor orçamental”, explicou. À exceção do Music Resort e da Tourada de Praça, todas as restantes componentes (touradas à corda, procissões e animação de rua) das festas concelhias ficarão como é habitual a cargo da Cooperativa Praia Cultural (CPC). Ainda seguindo a tradição dos últimos anos, as Festas da Praia alberga o contributo da sociedade civil que imprime, segundo considera Tibério Dinis, “uma visão e PUB

FESTAS DA PRAIA testa este ano novo modelo de gestão financeira que passa pela concessão a entidades externas do Music Resort e da Tourada de Praça. perspetiva inovadora às festas”. Este ano foi convidada pelo Município praiense, Sara Barcelos, para Diretora Artística, a qual assume a responsabilidade pela organização da Marcha Oficial, do Cortejo de Abertura e do Desfile Infantil. Haverá também novidades ao nível da configuração do Palco Marina,

tendo a autarquia criado para o efeito uma equipa de produção, destinada a aplicar as mudanças na zona da avenida em estreita articulação com o novo sistema de organização interna. A Feita de Gastronomia continua a ser organizada pela Fundação de Ensino Profissional da Praia da Vitória, organização esta que vem assumin-

do desde 2012. Na edição deste ano prevê-se a introdução de pequenas alterações, sobretudo no que diz respeito à disposição dos espaços dedicados à charcutaria. Embora ainda não confirmado é intenção da organização trazer novos estabelecimentos. “Estamos a articular a vinda de novos restaurantes e doçarias, reforçando a aposta na diversidade gastronómica de quem nos visita”, referiu Carlos Armando Costa, vereador da Cultura da Câmara Municipal da Praia da Vitória.

ORÇAMENTO As Festas da Praia 2018 estão globalmente orçamentadas em 462.000 euros. O Município da Praia da Vitória suportará 237.000 euros, enquanto os restantes 225.000 euros provém de patrocínios, apoios e alugueres. A organização estima 129.000 em patrocínios e apoios e 96.000 euros de receitas com o aluguer de espaços. Embora o Music Resort seja este ano concessionado, cujo concurso público decorre ao momento de redação deste articulado, a CPC suportará uma verba de 100.000 euros com a logística do evento. No âmbito do modelo de concessão introduzido nesta edição, a organização da tourada de praça é entrega diretamente a uma Comissão composta por elementos do Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande e da Tertúlia Tauromáquica Praiense, que suportará todas as despesas e arrecadará todas as receitas do espetáculo. GP-MPV/JP•


JP | SAÚDE o Cantinho do Psicólogo 185

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o olhar para a fotografia dum gerador eólico apetece dizer que é importante cada um de nós se esforce para “ler nas entrelinhas”, ou seja, descobrir o significado real ou intencional do que está para além do óbvio. E neste caso, o que está para além são os diversos processos de aproveitamento, não só da energia eólica, mas também da energia solar, e das ondas e marés, e até das folhas das plantas, cujo desenvolvimento poderá acarretar benefícios consideráveis à sociedade e às pessoas. O “ver nas entrelinhas” nos diversos assuntos que podem influenciar positivamente a vivência humana, também se aplica aos temas de base psicológica que continuamos a desenvolver nestes Cantinhos. Enunciámos que o quarto equilíbrio essencial para a diminuição das situações de Stress situa-se entre ser demasiado calmo, e ser demasiado barulhento. Imagine-se, por exemplo, a passear numa rua, descansado da vida, tentando o relaxamento do corpo e da mente, e passa-lhe à tangente e toda a velocidade um carro com um rádio na sua potência máxima, a tocar música irritante, com elevados sons e tons, e constante repetição dos guinchos. Mas se não quiser o carro, substitua-o por potentes motorizadas, lambretas ou outros veículos de duas ou mais rodas, com escapes abertos, a entoar como trovões.

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Gerador Eólico

Aurélio Pamplona (a.pamplona@sapo.pt)

Mas ainda pode visualizar outra situação como a que acontece quando o uivar, latir e ladrar dos cães nas redondezas interferem com o seu bem-estar e dos seus vizinhos, não permitindo o descanso ou dormir sossegado. Ou imaginar-se na situação de alguém que escreveu: «tenho uns vizinhos tão queridos, que ouvem música aos altos berros, ao ponto de

o chão do meu quarto tremer». Não é preciso ir muito além para perceber o que se passa na sociedade que se tornou, como é referido no Dicionário Lingee, mais barulhenta, com mais maquinaria, aparelhagens de alta-fidelidade e estereofónicas, aviões, comboios, e acima de tudo, as estradas.

Aliás aquele Dicionário apresenta exemplos de frases interessantes, tiradas de diversas fontes sobre a relevância e importância do equilíbrio que se está a defender: (1) sou a favor de legislação que estabeleça limites para o ruído em projectos específicos…; (2) os convidados chegam para descansar, para passear e para escapar ao ambiente barulhento da cidade …; (3) comer em ambientes muito ruidosos pode reduzir consideravelmente as capacidades sensoriais, impedindo até a plena apreciação do alimento; (4) tente tapar um ouvido quando estiver conversando com um amigo num ambiente ruidoso, e notará rapidamente que se torna difícil entender o que ele está proferindo; (5) mesmo com o uso de aparelhos auditivos, pessoas com perda auditiva ainda enfrentam dificuldades para ouvir em situações, como por exemplo quando há necessidade de usar o telefone para conversar ou quando se está num restaurante agitado. Mas ainda há mais exemplos em relação ao ruído: (7) a decisão de passar na União Europeia a usar combustível com baixo teor de enxofre significa o fim dos motores de veículos, e de maquinaria agrícola movidos a diesel barulhentos, mal cheirosos, dispendiosos e de grande dimensão, que perturbam a qualidade do nosso ar, o sossego do ambiente e as comunidades; (8) os autocarros têm vindo

a ser conotados com imagens depreciativas, porque são percebidos como barulhentos, poluidores, pouco fiáveis, lentos e inconfortáveis. Passando agora ao ser demasiado calmo, e recorrendo à mesma fonte exemplifique-se: (a) não devemos ser demasiado apressados a legislar, e temos de agir com calma para ponderar as leis e adoptar uma abordagem mais responsável; (b) senhora presidente, penso que numa situação como a que estamos a viver temos de saber manter a calma. Enfim, chega de exemplos. Não é por acaso que quando se participa numa entrevista para emprego, ou num exame, se recomenda a manutenção de uma postura adequada e relaxada, de forma a sermos capazes de controlar ou mesmo dominar a excitabilidade e o nervosismo que a situação pode causar. Enfim, espera-se em próximos Cantinhos apresentar técnicas psicológicas a recorrer para nos capacitar a lidar com as situações que nos afligem. Referências: Lingee (2017). Salvado em 03 Ago de Fonte: Dicionário inglês – português e buscador de traduções. Tema: Calmo e barulhento. Website: http://www.linguee.pt/.

Foto: L. Pamplona•


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TAUROMAQUIA | JP

CORRIDA DE PRAÇA DAS FESTAS DA PRAIA 2018, ACOLHE

EXPOENTE MÁXIMO DO TOUREIO A CAVALO João Moura, Tiago Pamplona e João Ribeiro Telles são as principais figuras da corrida de praça das Festas da Praia 2018, a realizar a 08 de agosto na Monumental Praça de Touros da Ilha Terceira.

O

s cavaleiros João Moura, Tiago Pamplona, João Ribeiro Telles e Manuel Sousa que prestará prova de cavaleiro praticante, marcam presença na Tourada de Praça das Festas da Praia 2018, que decorrerá no dia 06 de agosto, pelas 18h30, na Monumental Praça de Touros da Ilha Terceira. O cartaz taurino foi apresentado, em conferência de imprensa, a 02 de abril, no Etis Bar, na Praia da Vitória. Este ano e face ao novo modelo de gestão administrativo e financeiro das Festas da Praia, a organização da Tourada de Praça fica a cargo de uma Comissão constituída por elementos do Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande (GFARG) e da Tertúlia Tauromáquica Praiense (TTP), a qual assume a responsabilidade pela componente financeira do evento, suportando todas as despesas e arrecadando todas as receitas geradas. Mesmo assim, o Município da Praia da Vitória contribui com 20 mil euros dos 75 mil orçamentados para a corrida. Na ocasião, Filipe Pires, representante do GFARG na Comissão, manifestou-se profundamente orgulhoso em poder colaborar juntamento com a TTP numa corrida que “tem-se afirmado a nível nacional e internacional pela qualidade e adesão significativa das pessoas”. “Trazemos, este ano, a maior figura do toureio a cavalo, o João Moura, que completa 40 anos de alternativa. É um cavaleiro de excelência, reco-

nhecido no mundo inteiro. Para além desta figura nacional, apostamos nos talentos locais e contamos com a presença de Tiago Pamplona. Este cavaleiro terceirense tem dado provas do seu valor e merece integrar o cartaz tauromáquico das Festas da Praia. O cavaleiro João Telles Júnior tem-se afirmado em Espanha e também em Portugal, sendo um dos melhores jovens na vertente da tauromaquia. No âmbito da Corrida de Praça, contamos ainda com o luso-descendente Manuel Sousa, filho de emigrantes, que realizará uma prova de praticante”, anunciou Filipe Pires. “No que concerne às ganadarias presentes no evento, teremos três toiros de Rego Botelho e os restantes quatro estão, neste momento, a ser articulados no sentido de garantirmos a presença de toiros escolhidos por nós, mediante a componente da qualidade, uma tónica de extrema importância”, adiantou. “Relativamente às pegas, contamos com a presença da Tertúlia Tauromáquica Terceirense e do Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande. Contamos ainda, a nível nacional, com o Grupo de Forcados Amadores de Beja, que comemora este ano o seu 10º aniversário”, disse. “A corrida marcará a despedida do forcado Américo, um dos mais antigos forcados no ativo, o que torna esta edição da tourada ainda mais especial. O percurso dele tem sido notório e é com tristeza que assistimos à sua saída, contudo sabemos que

CORRIDA DE PRAÇA é organizada por Comissão constituída por elementos do GFARG e da TTP. ele estará sempre connosco para celebrar a festa brava”, concluiu. A corrida será este ano abrilhantada pela Associação Filarmónica Cultural Recreativa de Santa Bárbara. Tibério Dinis, presidente da edilidade praiense começou por dizer: “A Tourada de Praça é uma manifestação taurina muito apreciada pelas nossas gentes e que, pela sua qualidade e valor cultural, irá abrilhantar, sem dúvida, as maiores festas do Concelho”. “Quero agradecer, na qualidade de responsável municipal, à TTP e ao GFARG a responsabilidade assumida na organização da Corrida de Toiros das Festas da Praia. Neste sentido, estamos a reforçar a importância

da tauromaquia na ilha Terceira e a potenciar o contributo e experiência destas entidades a bem da sustentabilidade da nossa festa”, disse. “Acredito que estão reunidas as condições necessárias para a realização de uma grande corrida, repleta de momentos para todos os aficionados da festa brava, abrilhantando as Festas da Praia 2018”, concluiu. Os bilhetes para a corrida podem ser adquiridos a partir do dia 02 de julho, na Rua Direita (em frente à loja Basílio Simões), em Angra do Heroísmo, e posteriormente no Secretariado das Festas da Praia, localizado na Praça Francisco Ornelas da Câmara. Os preços variam entre os 13 e os 37 euros. GP-MPV/JP•

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TALHO BORBA & MENDES


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CARLA FÉLIX, POETISA:

“A POESIA TORNA MAIS FÁ Inspirada pela magia do azul do mar que a rodeia, Carla Félix, articula a musicalidade das palavras e libertar emoções em poemas que voam em verso livre.

N

ascida na Praia da Vitória, freguesia de Santa Cruz, há 41 anos, Carla Félix, é licenciada pela Universidade dos Açores em Ciências de Educação de Infância, sendo educadora na Creche e Jardim de Infância da Santa Casa da Misericórdia da Praia da Vitória, onde coordena todas as valências educativas. Base de uma família monoparental, Carla Félix, reparte os seus dias a formar e educar as crianças que orienta, a coordenar a missão educativa da instituição onde trabalha, a amar, amparar e cuidar dos 2 filhos e 1 filha que fez nascer e diariamente ajuda a crescer, e a escrever. Na escrita, Carla Félix, exprime pensamentos, apresenta reflexões sobre o processo educativo, mas foi a combinação da musicalidade das palavras que utiliza para construir enigmas de sentimentos em poemas de verso livre, que nos despertou atenção e, pretensiosamente, nos fez ansiar decifrar. Jornal da Praia (JP) – Desde quando, como e porquê, se dedica à escrita? Carla Félix (CF) – Comecei a escrever em 2013, num período difícil da minha vida em que a escrita surgiu como forma de quebrar ou gritar o que sentia. Inicialmente foi uma escrita silenciosa e apenas em 2014 iniciei a divulgação no meu Facebook pessoal, num blogue e mais tarde na minha página do Facebook – Melodia dos Versos. Participei em alguns concursos do grupo Alencriativos, vencendo um deles o que fez com que aumentasse o meu desejo por escrever. PUB

JP – A Carla escreve sobretudo poemas e pensamentos. Como caracteriza estes seus trabalhos? CF – Escrevo poesia em versos livres, não rimo, contudo os meus poemas são carregados de musicalidade nas palavras. A maioria dos poemas centra-se na temática do mar, da análise do processo de escrita, nas emoções. Escrevo alguns pensamentos que vão surgindo no dia-a-dia e também escrevo alguns textos de reflexão sobre o papel de mãe e de educadora de infância os quais tem vindo a ser publicados no site nacional Up To Kids. JP – O que a seduz neste tipo de escrita/registo? CF – É a possibilidade de libertar o que sentimos e jogar com as palavras, sem que a maioria das pessoas se aperceba. Muitas das vezes, os poemas tem sentimentos escondidos ao que designo pelo código secreto da poesia, o qual é por vezes descodificado por outros poetas/poetisas. JP – Poderemos concluir que a poesia é também uma forma de “serenar a alma”, descomprimindo sentimentos e emoções, por vezes quiçá amargos? CF – Sim, a poesia torna mais fácil digerir o dia-a-dia, principalmente quando lidamos com situações difíceis, injustiças sociais, mal entendidos, e outras tantas coisas que não aceitamos mas que dificilmente podemos mudar. Com a poesia desconstruo os sentimentos sendo uma excelente terapia! É um excelente meio de transmitir mensagens e tentar mudar o mundo.

CARLA FÉLIX considera que a “Praia da Vitória tem muitos escritore Entende também que as tecnologias através das redes sociais perm JP – Como se dá este processo criativo? CF – Escrevo muito com base em imagens, a maioria delas tiradas por mim, no telemóvel ou na máquina sem qualidades. Por vezes, tenho uma ideia de um poema e procuro uma imagem para lhe dar forma, outras escrevo apenas sem imagem (raramente). Julgo por ser mais fácil chegar aos leitores. Uma boa imagem capta o olhar e abre o desejo de ler. É também, uma forma de enriquecer os poemas mediante o tipo

de sociedade que temos atualmente ligada à imagem e tecnologia. A minha poesia nasce do acaso e voa em versos, acho que é a frase/pensamento que melhor caracteriza o meu processo criativo. JP – Como vê a poesia em geral e na Praia da Vitória em particular, nesta sociedade cada vez mais tecnológica, cosmopolita e formada, mas paradoxalmente lê pouco?


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DESTAQUE | JP

ÁCIL DIGERIR O DIA-A-DIA” excelentes meios de iniciarmos a divulgação do nosso trabalho, pelo feedback que recebemos de outros poetas e poetisas com mais maturidade no processo de escrita. Já participei nos seguintes trabalhos: Antologia de vários autores – AlenCriativos Desafiou; Coletânea Livro Aberto – 2017; Antologia Poetas Lusófonos Contemporâneos Perdidamente volume II – Pastelaria Studios Editora; Coletânea 2017 – Vol II – Amantes da Poesia – Modocromia ; Coletânea Poesia a Cores – Pastelaria Studios Editor; Livro colectivo 5 Sentidos – Edição O Declamador; Coletânea Dança das Palavras – Pastelaria Studios Editora; Coletânea Poesia com Reticências – Pastelaria Studios Editora; Coletânea Palavras de Cristal , Vol V – Modocromia e recentemente participei num passatempo NOTEBOOK/Colectânea de PRIMAVERA da Pastelaria Studios Editora no qual estará um poema intitulado Nas Asas de Borboletas. JP – Presentemente está envolvida em algum projeto? CF – Neste momento tenho enviado a participação para mais cinco trabalhos coletivos, nacionais, já confirmados, e tenho outro ainda em segredo, que será uma surpresa a divulgar em breve.

es, poetas e poetisas, e muitos vivem no mundo do desconhecido”. mite “a união e partilha dos saberes poéticos”. CF – A Praia da Vitória tem muitos escritores, poetas e poetisas, e muitos vivem no mundo do desconhecido. De certo modo as tecnologias por vezes permitem a união e partilha dos saberes poéticos. Foi através do Facebook que mais evolui na poesia e cheguei a outros poetas e poetisas Terceirenses e Praienses. Acho que estamos no início de uma nova descoberta ou melhor valorização desta forma criativa. A maioria das pessoas lê em segredo e não gosta de comentar o que lhe vai na alma ou o que lhe desperta a poesia. Espero que a Autarquia abra portas PUB

a partilhas poéticas como já acontece em outros concelhos e seja uma forma de evoluirmos culturalmente. De facto, tem sido mais fácil chegar aos leitores amantes da poesia a nível nacional, do que aqui na Praia. Em Angra já participei em dois serões de partilha, um dos quais solidários com alguns poetas e poetisas terceirenses e espero em breve que aconteça na Praia da Vitória. JP – Ao longo destes anos quais as obras/trabalho publicou/participou? CF – Tenho participado em inúmeras coletâneas a nível nacional que são

JP – Enquanto poetisa quais são os seus sonhos? CF – Atualmente tenho o sonho de publicar o meu primeiro livro, já tenho reunido os poemas que pretendo que façam parte deste projeto e apenas falta avançar mais um pouco. É o meu objetivo com a escrita também levar o nome da minha cidade nos meus trabalhos para que de alguma forma possa contribuir para a sua evolução. JP – Em concreto o que falta avançar? Já encontrou parceiros para este projeto? CF – Falta coragem! Desde o primeiro momento que comecei a aperceber-me das minhas capacidades e a sentir

incentivo, soube que a poesia não é um género literário para obter lucros. Tudo o meu trabalho é sem dúvida de valorização pessoal. Arriscar um livro implica despesa, sem retorno. No entanto, vou seguir em frente, porque quero guardar cinquenta dos meus poemas mais significativos num livro e apresenta-lo na Praia da Vitória. Já tenho um parceiro para a concretização da capa. A organização está por enquanto nas minhas mãos, pois acho que algo muito pessoal e devo cuidar como quem cuida de um filho! A seguir da sua organização vou avançar para o prólogo a fim de enviar às editoras. JP – Quem pretenda conhecer e/ou acompanhar os seus trabalhos como poderá fazê-lo? CF – Poderão acompanhar na página do facebook: Melodia dos Versos – Carla Félix, carlafelixblog.wordpress, http://uptokids.pt/author/carla-felix/ com onde encontram poemas, pensamentos e textos. JP – Para terminar, existe algo que gostasse de sublinhar/acrescentar? CF – Em primeiro lugar quero agradecer a possibilidade de falar sobre o meu trabalho de escrita. Gostaria de reforçar o papel importante que tem duas rádios na promoção do trabalho dos poetas e poetisas, e que foram sem dúvida impulsionadoras da minha evolução: Rádio Voz de Alenquer. Programa de Ana Coelho – Livro Aberto e a Rádio Popular FM – programa Amantes da Poesia de Ana Isabel Rodrigues. Estas rádios levam semanalmente poetas e poetisas a partilhar a sua experiência e ajudam-nos a perceber o mundo da escrita. A nível dos Açores também temos divulgação no Poemário na Rádio Clube de Angra e pela pagina do facebook Poemário, onde também são recitados e divulgados trabalhos de Açorianos/as. JP/Fotos: Rui Sousa•


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CONTO INSULAR (III)

SOBREVIVENTES DE UM POVO Por: Emanuel Areias

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Corvo fechava portas à vida humana. A fraca taxa de natalidade passou de fraca a inexistente numa questão de anos, e os corvinos aproximavam-se da extinção. Era mau porque das 9 ilhas que abrilhantavam os Açores, passariam a ser apenas 8, uma vez que a inexistência de um povo, pressupunha o fim da vida humana na terra. Talvez o Corvo passasse a ser uma reserva natural, cujo interesse passaria a ser exclusivamente turístico. Cabia ao Governo Regional a última palavra, e eventual deliberação sobre a ilha mais pequena do arquipélago. Em todo o caso, os últimos corvinos existiam e era sobre esses que cabia o destino de todo um povo. Esta era a ilha que melhor tinha convivido, em séculos, com a solidão e o isolamento. Não fosse ela como abandonada do resto do mundo, e talvez ocultada das páginas da História por desígnio das pessoas. À sua frente apenas se via outro monte de terra, maior um pouco, chamado Flores. Mas do Corvo a História raramente se lembrava, e às vezes nem os próprios açorianos. Muito menos o país. O mal pelo qual aquela ilha passava era comum a quase todas as outras – a falta de renovação das gerações e o envelhecimento da população. Com um pouco número de pessoas e numa ilha curta em largura e comprimento, o problema avistava-se mais significativo. Mas ninguém o olhava, com uma perspetiva de ação. Acomodavam a situação porque o Corvo e as suas gentes eram os menores dos problemas. Não existiam estudos sobre o impacto que a perda de população anual teria na vitalidade da ilha. O que se sabia e que é sabido, é que uma terra existe porque a sua gente a faz e porque a sua gente a quer. E a ama, em último caso. E precisa dela como quem precisa da vida. Como o açoriano precisa do mar, o corvino precisava do Corvo. Porque é-se açoriano por fora, para se ser da sua ilha por dentro. Corria o ano de 2050. O Corvo tinha 6 pessoas. A família Costa era a última sobre-

vivente de uma História de longos séculos. A morte do Sr. Alfredo, já com 90 anos, e sem descendência, tinha posto fim à árvore genealógica da família Arruda. Os Arrudas tinham sido uma família importante no Corvo, mas os descendentes do pai, os filhos, todos homens, não se tinham casado, tamanha era a falta de mulheres para acasalar na ilha. Isso tinha imposto o fim da família. A morte do último Arruda era mais do que uma morte. Era um sinal dos tempos. Do fim de uma ilha em potencial. Com a morte do Sr. Arruda, o Corvo passava de 6 pessoas para 5 apenas. As autoridades olhavam para a situação com um ar de inevitabilidade para o que se avizinhava – o fecho da ilha. Mas era responsabilidade política o que no Corvo se tinha passado. E daqui a mais 10 anos talvez a Graciosa fosse pelo mesmo caminho, e daqui a mais 5, talvez as Flores e Santa Maria se eclipsariam. A família Costa comportava o avô Tolentino, a avó Felismina, o filho de ambos, o Januário, a sua esposa Irene e o filho Martim, de 10 anos. Tinha sido o último filho do Corvo, nascido na casa dos Arrudas fazia 10 anos no preciso dia em que o Sr. Alfredo tinha morrido. Esta era a família que carregava o Corvo às costas. Queriam guardar como legado a sobrevivência da ilha, nem que fosse nos seus íntimos e memórias. Era uma tarefa hercúlea, pelo facto das autoridades se mostrarem irredutíveis face à situação inquietante que o Corvo atravessava. O avô Tolentino lembrava-se de quando eram apenas 100 corvinos a habitar a terra, e já se ouvia um silêncio arrasador, sendo que o mar ganhava como uma presença mais forte, e se dispunha a sentar-se à mesa para jantar, pela falta de gente. Porque o seu ruído era uma tentação que todos procuravam, de modo a servir como escapatória face à falta de voz humana. Quando eram 100 apenas, as televisões nacionais e internacionais foram até à ilha fazer programas e documentários, uma vez que não era todos os dias que uma pequena ilha no meio do Atlântico tinha uma população tão reduzida. Aí o mundo apercebeu-se da força que a geografia tem na definição de um

povo. Atraíram-se pela agonia das pessoas que apelavam que a sua terra não se tornasse num mero apontamento de um livro de Geografia. A família Costa tinha se conformar face à diretiva governativa de que teriam de ser desalojados rapidamente e de que a ilha passaria a ser uma espécie de paraíso assombrado, ou rochedo desumanizado, pela arrogância dos políticos. Obrigaram-se a acatar a ordem imposta, e pela primeira vez, desde a descoberta, o Corvo passava a ser território por colonizar, sem vida humana e com um povo à beira do fim. Se no Corvo, os corvinos já não podiam fazer jus ao seu canto, acabaram por se mudar para a Terceira. Enquanto o barco zarpava, caíam lágrimas nos rostos daqueles que eram a última esperança dos que já tinham partido e que amavam aquela terra incondicionalmente. O Corvo era um museu vivo, com as suas casinhas organizadas no meio urbano, vazias e desertas, o aeródromo com erva a crescer na periferia e as ruas cheias de vazio. O que ficava era um conjunto de histórias que percorriam cada linha da ilha. O mar ganhava como que um novo amigo – o pedaço de terra mais próximo de si. E já nem tinha de ter cuidado com os seus exageros, podendo-se impor sem temer magoar os humanos. Os Costas quando chegaram à Terceira, viam-se na obrigação de se satisfazer numa terra maior um pouco, mas não seria mais a mesma coisa. Era diferente. Os terceirenses não são o seu povo, apesar de todos serem açorianos, e isso ser uma espécie de calma interior. Apesar de tudo, e em virtude das mudanças repentinas, a avó Felismina morreu de dor no peito, por sentir que não podia mais voltar ao seu berço. Restavam 4 corvinos. Seria o fim de um povo? O fim de uma espécie? Porque uma espécie evoca modos de ser, e eles tinham-nos especificamente, agindo de modo próprio e vivenciado de forma distinta dos outros. A família alojou-se na Ribeirinha. Todas as manhãs, o avô olhava para o mar, procurando o seu Corvo no meio da neblina. Mas es-

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tava mais distante do que o olhar alcançava. Apesar de estarem numa ilha sentiam falta de uma certa pequenez de tamanho, da comunidade mais próxima, do silêncio arrasador a que se tinham habituado. Enquanto o Governo discutia em termos o Corvo se tornaria uma reserva natural, surgiu um privado interessado em comprar a ilha. Pensava-se que ali iria nascer um resort, para receber as pessoas mais ricas do mundo. O avô Tolentino lia as notícias com um aperto no coração e uma saudade tremenda pelo seu Corvo pequenino e simples. O Januário ainda nunca tinha conseguido garantir um emprego, a sua mulher não trabalhava e o filho não se tinha adaptado à nova ilha. Até que surgiu um contacto do Continente, de uma construtora a operar em Portalegre, que procurava trabalhadores nas ilhas. Januário viu nesse contacto uma oportunidade para uma retoma da vida e para a reorganização de um projeto de família que tinha sido interrompido. O avô não tolerou a ideia e continuou na Terceira, numa rotina angustiante, que passava por acordar todas as manhãs e se colocar no miradouro mais próximo, buscando na linha do horizonte, um bocadinho do corpo do seu Corvo. Seria este o modo de vida até ao fim da existência. Mesmo que passasse por viagens constantes ao mundo da loucura. Os últimos 3 corvinos partiram para Portalegre, local onde Januário trabalharia, embora fossem viver para Flor da Rosa. Esta pequena terra tinha cerca de 100 pessoas, e tal como as ilhas açorianas, também o Alentejo, sobretudo o Alentejo interior, sofria com a inexistência da renovação de gerações e a completa desertificação. Parecia um reencontro com o Corvo deixado, só que agora no interior de Portugal. Os últimos 3 corvinos sabiam que na mala, não traziam apenas roupas e sapatos, mas a sobrevivência do Corvo. Levavam consigo o Corvo. Eles tinham a obrigação de não deixar morrer a terra dos seus antepassados. Parecendo que não, o Corvo não podia acontecer duas vezes, logo a Flor da Rosa era uma redenção. Uma oportunidade. Aquelas 100 pessoas, com mais 3 corvinos, não podiam passar a uma única família numa questão de anos. E talvez a nova terra fosse um reencontro com a identidade perdida. Se para a ilha não havia salvação, para o povo havia. Dependia dos últimos Costas e da força que Flor da Rosa podia significa para eles. Porque entre o Corvo e o interior de Portugal apenas havia uma diferença – na ilha o mar isola, no país a terra isola-se a si mesma. •

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COMUNICADO Aos vinte e três dias do mês de fevereiro do ano de dois mil e dezoito, pelas dez horas, no Auditório da Casa das Tias de Nemésio, teve lugar a primeira sessão ordinária do ano de dois mil e dezoito, da Assembleia Municipal da Praia da Vitória. Foram apresentadas, no período antes da Ordem do Dia, as seguintes propostas: Pelo Grupo do Partido Socialista: ● Voto de Congratulação à Junta de Freguesia do Porto Martins, à Câmara Municipal da Praia da Vitória e ao Governo Regional dos Açores, pela construção da Casa Mortuária do Porto Martins. Aprovado por unanimidade. Pelo Grupo do Partido Social Democrata: ● Voto de Recomendação à Câmara Municipal da Praia da Vitória referente à alteração do Regulamento Municipal de Apoio às Danças e Bailinhos de Carnaval no sentido de eliminar a imposição condicionante de atuação no Auditório do Ramo Grande e em mais nove salas de espetáculo do concelho para efeitos de atribuição do apoio por parte do Município da Praia da Vitória que deverá atribuir apoios aos diversos grupos com origem na sua área geográfica, conforme, conforme regras claras e objetivas e

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Aprovado por unanimidade. Pelo Grupo do Partido Social De-

Partido Popular. 6. APRESENTAÇÃO,

Rejeitado, por maioria, com dezanove votos contra do Partido Socialista, doze votos a favor do Partido Social Democrata e uma abstenção do Partido Popular. Pelo Grupo do Partido Socialista: ● Voto de Congratulação pela inauguração, no passado dia 20 de novembro de 2017, da Central Geotérmica do Pico Alto, na Freguesia dos Biscoitos. Aprovado por unanimidade. Pelo Grupo do Partido Social Democrata: ● Voto de Recomendação à Câmara Municipal da Praia da Vitória referente à preparação, em consonâncias com as freguesias do concelho, e elaboração de protocolos de transferência de competências e respetivos financiamentos para a manutenção e gestão da rede agrícola e de modo a manter em bom estado de conservação as linhas de água inseridas em aglomerados urbanos procedendo à sua regular limpeza e desobstrução. Rejeitado, por maioria, com dezanove votos contra do Partido Socialista, doze votos a favor do Partido Social Democrata e um voto a favor do Partido Popular. Pelo Grupo do Partido Socialista: ● Voto de Pesar pelo falecimento do Sr. António Fernando de Almeida Nogueira. Aprovado por unanimidade. Pelos Grupos do Partido Socialista e do Partido Social Democrata: ● Voto de Pesar pelo falecimento do Sr. Evaristo de Meneses da Silva.

mocrata: ● Voto de Pesar pelo falecimento do Sr. António Meneses Aguiar Ramalho. Aprovado por unanimidade.

VOTAÇÃO DA DESIGNAÇÃO DO FISCAL ÚNICO DA TERAMB, EMPRESA MUNICIPAL DE GESTÃO E VALORIZAÇÃO AMBIENTAL DA ILHA TERCEIRA, EM; Aprovada, por maioria, com dezanove votos a favor do Partido Socialista, doze votos a favor do Partido Social Democrata e uma abstenção do Partido Popular. 7. APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E VOTAÇÃO DA PROPOSTA DE RENOVAÇÃO DA REDUÇÃO DE 50% DAS TAXAS DO MERCADO MUNICIPAL; Aprovado por unanimidade. 8. APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E VOTAÇÃO DA PROPOSTA DE CARTA EDUCATIVA DO CONCELHO DA PRAIA DA VITÓRIA; Aprovada, por maioria, com dezanove votos a favor do Partido Socialista, um voto a favor do Partido Popular e doze abstenções do Partido Social Democrata. 9. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DO RELATÓRIO DO LABORATÓRIO NACIONAL DE ENGENHARIA CIVIL 57/2018 – DHA/NRE; A Assembleia tomou conhecimento.

Da Ordem do Dia, constava o seguinte: 1. INTERVENÇÃO DO PÚBLICO 2. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE A ATIVIDADE MUNICIPAL DESENVOLVIDA NO PERÍODO DE 28 DE NOVEMBRO DE 2017 A 5 DE FEVEREIRO DE 2018; A Assembleia tomou conhecimento. 3. APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO DE CONTAS RELATIVO AO 3.º TRIMESTRE DE 2017, DA PRAIA AMBIENTE, E.M.; A Assembleia tomou conhecimento. 4. APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO DE CONTAS RELATIVO AO 3.º TRIMESTRE DE 2017, DA TERAMB, EMPRESA MUNICIPAL DE GESTÃO E VALORIZAÇÃO AMBIENTAL DA ILHA TERCEIRA, EEM; A Assembleia tomou conhecimento. 5. APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E VOTAÇÃO DA PROPOSTA DE PLANO INTERMUNICIPAL DE AÇÃO DE GESTÃO DE RESÍDUOS URBANOS DA ILHA TERCEIRA DA TERAMB, EMPRESA MUNICIPAL DE GESTÃO E VALORIZAÇÃO AMBIENTAL DA ILHA TERCEIRA, EM; Aprovada, por maioria, com dezanove votos a favor do Partido Socialista, doze votos a favor do Partido Social Democrata e uma abstenção do

DISCUSSÃO

E

Praia da Vitória, 27 de fevereiro de 2018. O Presidente da Assembleia Municipal Paulo Manuel Ávila Messias As atas aprovadas das sessões desta Assembleia Municipal encontram-se publicitadas no endereço eletrónico do Município da Praia da Vitória, em www.cmpv.pt


JP | EDITORIAL & OPINIÃO

E DITORIAL

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“VOLTANDO À VACA FRIA” (III)

A SAGA PRESIDENCIALISTA A SAGA denominada de “presidencialista” tem como figurantes principais alguns dos presidentes da república portuguesa e, a sua interpretação como figurantes principais no desenrolar do processo de revisão constitucional... processo de revisão constitucional, da lei primeira da república a que querem ficar eternamente ligados, tal figuras épicas, mas dantescas.

Descontaminação dos solos e aquíferos da Ilha Terceira

A

população do concelho da Praia da Vitória em particular e a população da Ilha Terceira em geral, vive alarmada com um caudal incontrolável de notícias sobre a contaminação dos solos e aquíferos, devido à presença das Forças Armadas dos Estados Unidos da América do Norte na Base das Lajes desde a segunda guerra mundial. O Professor da Escola Superior de Saúde, Norberto Messias, que tem se debruçado sobre este assunto chamou a atenção para o facto de se verificar “que existe uma maior incidência de doenças cardiovasculares, leucemia e cancro nos habitantes do concelho da Praia da Vitória, comparativamente aos residentes dos restantes concelhos da Região e até mesmo do País”. A contaminação dos solos e aquíferos nesta Ilha de Jesus, por hidrocarbonetos, dioxinas, amónio, ácido fosfórico, cobre, acido acético, chumbo, naftaleno, etc., é sem dúvida um “preço muito pesado a pagar para os Açores e para o País”. Na verdade “quanto mais sabemos, menos conseguimos prever”, e não podemos esquecer que o povo nos nossos dias sabe ler, sabe utilizar as novas tecnologias, sabe manejar habilmente as redes sociais, e está atento ao desenrolar de todos estes acontecimentos, exigindo soluções rápidas e eficazes sobre este grave problema que afecta a nossa Ilha e o nossa população, e ao invés do que muitos analistas usados numa razão intrínseca, pretendem fazer crer, o povo possui espirito critico e acredita “mais nos que ensinam do que naqueles que mandam” ou governam. Pode dizer-se que enquanto houver, mesmo que seja um único caso de cancro na população da Praia da Vitória, vitima desta poluição deve empregar-se todos os esforços para combater este mal, pois a saúde das pessoas é primordial, e deve ser eleita em primeiro lugar na escalas de prioridades dos nossos Governantes, quando o desenvolvimento da técnica e da investigação cientifica avança a um ritmo que ninguém pode ou consegue acompanhar, não se pode esperar mais tempo para a descontaminação dos solos e aquíferos poluídos da nossa terra, e apurar quem são os responsáveis pelos danos causados às vítimas e ao ambiente, condenando-os a ressarcir todos os prejuízos que provocaram, a fim de se pôr termo a uma poluição que pode ser mortífera. Queremos acreditar que o direito à vida, e a uma vida saudável, não pode ser menosprezado pelos nossos políticos, pelos nossos governantes, não podendo as coisas continuar indefinidas e exigimos protecção por ser a (Continua na página seguinte)

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C

José Ventura*

omeço essa nossa conversa, com a interjeição usada para ordenar ou incentivar normalmente um ou mais animais em manada: - Hei...Hei…, com a mesma quer por em movimento mais uma vez a nossa vaca malhada que necessita de algum aquecimento nestes dias de tanto frio. Ruminando, com alguma impaciência recordou-me que sobre o subtítulo da nossa última redacção “Uma Revisão ¨Sine die¨, poderia ter o seu seguimento com o escolhido para hoje “a Saga presidencialista”. Pessoa amiga, chamou-me a atenção para ser mais terra à terra nas minhas explanações pois que, alguns dos nossos amigos leitores, poderiam não acompanhar a minha verborreia por vezes demasiado complicada e como tal não acompanharem o texto até ao fim. Se assim sucede penitencio-me junto dos mesmos. SAGA porquê? Porque está na moda nalguns programas televisivos. Saga significa lenda ou aventura, consistindo na descrição de histórias nas quais os seus personagens, são ou se tornam famosas nas acções que julgam importantes de um herói que tenha sido digno de manter-se na memória de seu povo. Entretanto, há sempre um, entretanto, sai-lhes o tiro pela culatra para não empregar outro provérbio que também lhes cairia como uma luva e que, os nossos leitores muito bem conhecem referindo o cãozinho que se leva à rua para… A SAGA denominada de “presidencialista” tem como figurantes principais alguns dos presidentes da república portuguesa e, a sua interpretação como figurantes principais no desenrolar do PUB

Desde a implantação revolucionária da III República Lusíada temos tido alguns exemplares intérpretes do presidencialismo centralista, colonialista e jacobino. Parecem administradores de uma empresa cuja capital pertence a terceiros, como cada vez mais se vê. O único património de que fazem alarde não lhes pertence. Ele é, o nosso Mar, o nosso Espaço Aéreo, o nosso Solo, a nossa posição Geoestratégica. Ele é os Açores na sua beleza e no seu esplendor. Ele pertence do Povo açoriano, da sua soberania e de mais ninguém. Mas… Hei! prá frente ouço a “boneca”: - vamos à SAGA presidencialista referenciando os seus mais queridos apreciadores dos “Açores meus amores” e, o que os marca nos possessivos sentimentos dos “Sete Magníficos” que de 1974 até à data de hoje protagonizaram e protagonizam a partilha da histórica SAGA. Quatro se destacam, na representação de Portugal com a procuração da maioria dos seus cidadãos, chamando a si a defesa intransigente da posse constitucional de algo que teimosamente chamam de parte integrante de um todo nacional levados pela condição imposta na Constituição da sua República e do estado unitário referido na mesma quando legislaram a Autonomia de dois arquipélagos que nada de comum têm a ver com Portugal, que não seja, a língua de Camões. Assim, dos primeiros dois presidentes, porque nomeados pela então Junta de Salvação Nacional como garantes da mudança de regime, (Presidência Militar) nada a dizer, o primeiro presidiu 4 meses. O segundo, “rolha aqui, desrolha ali” foi dando uma no cravo e outra na ferradura acabando por aguentar dois anos, menos um mês ao serviço, satisfazendo assim o período conturbado do chamado de PREC. Do terceiro, General Ramalho Eanes, dando inicio à chamada “presidência institucional “, a “democraticamente eleita” embora ainda contasse com o apoio dos militares moderados do MFA. De Ramalho Eanes, não recordamos durante os seus dois mandatos qualquer hostilização aos anseios autonomistas dos açorianos. Dele … esqueceremos o desentendimento com um grupo de açorianos ainda quando da sua primeira campanha eleitoral, ali para as bandas da Fajã de Cima. No quarto da lista temos o início à posse política da presidência da república quer queiram quer não, mesmo com a tão badalada invocação de quererem ser, “presidente de todos os portugueses e portuguesas” de ar “bonacheirão” Mário Soares só uma vez e antes de ser presidente de todos os portugueses e portuguesas teve a infeliz ousadia de

num dos seus discursos dividir os açorianos, fazendo a “capciosa” pergunta de que se os terceirenses preferiam ser governados por Lisboa ou por São Miguel. Deus, em quem ele não acreditava, lhe perdoe por tão grande maldade. Maiores razões para as acusações à SAGA presidencialista contra a nossa luta pela justa reforma da Constituição, vêm durante com a “oligarquia partidária” identificada com as forças políticas que apoiam o Presidente da República que em funções, puxa a brasa à sua sardinha. Jorge Sampaio com o seu carisma e ar de menino de coro, feito tal “chef” categorizado, na sua intervenção aquando das comemorações Dia da Região em 2003, no dia 9 de Julho, em Ponta Delgada., deixou como receita para uma futura revisão constitucional a afirmação “os Açores já têm autonomia quanto basta”. Estávamos presentes, não aplaudimos, mas muitos infelizmente o fizeram. O sexto personagem da nossa Saga, tinha e tem, de sua graça “Cavaco” Silva, foi quase garantidamente o mais acérrimo inimigo do ideal autonómico a esse devemos a afronta de fazer uma declaração ao que chamam país quanto à pouca vergonha que era os açorianos serem considerados como Povo. Agora, temos Marcelo a não perder a ocasião para dizer preto no branco depois de uma presença de afirmação colonialista acompanhada de exercício militar e da exortação de que aqui também é Portugal anunciando a celebração do 10 de Junho nos Açores, nomeadamente em Ponta Delgada, não esquecendo à sua despedida, afirmar (só não sei porque não o fez do cume do nosso Pico para que todo o mundo o escutasse que “ o que está na Constituição, está bem” e que não estão reunidas condições para um acordo de revisão da constituição, que permita o aprofundamento da autonomia bem como a criação de partidos regionais”. Tudo nos conformes as regras de quem manda e, perante os seus circunspectos assistentes: - Governo (de que repudio o Regional), deputação e quejandos. Ah! Esquecia-me, S.Exa. num gesto de reconhecimento público, convida através da Delegação da Liga dos Combatentes uma representação de antigos combatentes a integrarem o desfile militar do dia 10 de Junho, em lugar de honra. Mais uma … Acção psico-social das forças armadas sediadas nos Açores. Não será que nas vistas que S.Exa. já nos fez, não teve ocasião de homenagear os nossos combatentes no dito Ultramar, visitando o monumento erguido por nós honra dos mesmos? Por opção, o autor não respeita o acordo ortográfico. (*)


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OPINIÃO & FESTAS DO IMPÉRIO DO ROSSIO | JP

CRÓNICA DO TEMPO QUE PASSA (XXVI)

A IMPORTÂNCIA DA CULTURA E POLÍTICOS Será que a cultura é essencial ou não para o indivíduo e a sociedade? do razoável, o bem-estar, os lazeres e e as economias familiares com iniciativas realizadas, a título gratuito, e sem nenhuns interesses partidários desde 1988.

É

António Neves Leal

com um misto de tristeza e revolta que trago o tema desta crónica ao espaço público quinzenal, não apenas por estar na berra, mas sobretudo pela importância de que se reveste para a nossa condição de cidadãos e felicidade de seres humanos com deveres e direitos sociais de participação como actores da história. A sociedade civil deste país e do nosso arquipélago exigem esse esforço e merecem-no. Por isso aqui estou. Tenho abordado algumas questões culturais com pouco ou nenhum êxito, em vários locais e por diversos meios, ao longo do tempo vivido. Com o andar incessante e cada vez mais vertiginoso dos anos, sinto-me cansado de pregar aos peixes e envergonhado como cidadão pelo que vem acontecendo, recorrentemente, no mundo em que habitamos, onde tanta falta faz o amor, a paz, a compreensão, a justiça e a cultura, no sentido mais lato do termo. Felizmente, nos últimos dias, esta última vem assumindo movimentos de contestação por parte dos artistas e intelectuais portugueses, contra as medidas governamentais destinadas ao sector da cultura, que nos mantêm na cauda dos países da União Europeia. Isto é muito preocupante. Por mim, tenho feito o que posso, defendendo e apoiando projectos sociais, muitas vezes sacrificando, para além

Reconheço que não estou sozinho nessa reivindicação de mais apoios e melhores condições de trabalho para os trabalhadores culturais. A sociedade, a democracia reclamam-no; a arte e a cultura merecem-no. Sei que há muita gente devotada a essas áreas e ávida de participar na construção de um país melhor e mais justo, neste mundo atribulado que nos deve preocupar a todos. Um mundo fraterno, a que todos aspiramos, não pode ser privado dessa cultura a que todos os humanos têm direito de usufruir, porque ela constitui um bem inestimável para o integral desenvolvimento de cada um, vivendo aqui ou em qualquer outra latitude. Segundo dados publicados num Relatório da União Europeia Portugal Cultural, em Bruxelas, o nosso País no que concerne aos valores do PIB cultural surge com os piores valores (1,4 por cento, estando na 3ª ou 4ª posição da cauda europeia). No contexto nacional, sublinhe-se que, apesar desse facto, ele vem como 3º contribuinte, logo a seguir aos produtos alimentares, bebidas e têxteis (1,9 por cento cada). O valor consignado para a cultura, nos últimos três anos, foi de 0,4 por cento, no máximo. Custa a acreditar mas é a realidade dos números e não vale a pena sonegar os factos, nem falsear ou manipular estatísticas, por vezes divergentes e ao sabor dos condicionalismos e das sondagens. Ainda há nove meses, no Dia do Autor Português, referia-me na BPARLSR de Angra do Heroísmo, aos critérios de desigualdade entre

os apoios atribuídos pelo Estado Português às artes e à cultura, e os destinados ao futebol (em detrimento das outras modalidades desportivas). Para as primeiras tostões e para o futebol milhões. Nem sequer com a recente distinção do Fado como património mundial da UNESCO, nem a votação vitoriosa de uma canção portuguesa no Festival da Eurovisão, muito elogiadas e incensadas pelos políticos, na Assembleia da República, conseguiram convencer o governo socialista (ou da gerigonça como é vulgarmente conhecido), a alterar o nosso triste e serôdio cenário da cultura, apesar de dito de esquerda. Vimos assistindo, desde muitos anos, à reivindicação de 1/ por cento para a cultura. Com tantas picardias estatísticas; tantas declarações de amor e de “paixão pela educação” (Gutterres dixit. Cuidado, tem direitos de autor); tantos sublimes textos escritos; discursos orais inflamados, em prol da cultura, e as famigeradas e habituais promessas de apoio aos agentes culturais, no calendário das campanhas eleitorais, e até agora pouco ou nada se viu. A prova disso foram as recentes manifestações em várias cidades do País. De pouco serviram as polémicas, diatribes e questões menores, ou de lana caprina, que não levam a nada, como a de saber se é mais importante ter um ministro ou um secretário de estado, à frente da cultura, não se dando ouvidos aos agentes culturais, que estão no terreno, conhecedores como ninguém dos problemas, e sabendo o que se deve fazer em cada situação, bem como articulá-las numa autêntica política cultural, sólida e planeada, para lá dos calendários eleitorais e dos interesses partidários ou de grupos.

E neste momento, por associação de ideias, ocorre-me dois exemplos que tenho bem presentes: os de Luís Miguel Cintra e Jorge da Siva Melo, meus estimados colegas de Filologia Românica, na Faculdade de Letras de Lisboa, nos auspiciosos anos sessenta de saudosa memória, que tanto vêm labutando e lutando pelo prestígio do teatro em Portugal. E para concluir, uma pergunta se impõe: Será que a cultura é essencial ou não para o indivíduo e a sociedade? Eis a questão. É essencial e dela emerge uma cidadania mais enriquecida, porque melhor informada e mais participativa. A cultura é mais importante que os produtos comerciais, na medida em que ela própria fomenta o desenvolvimento intelectual, económico, científico, artístico e desportivo. A cultura é um sistema para a consecução de determinados fins, e não o contrário como pretende o capitalismo neoliberal, sem coração nem pejo, utilizando todos os meios possíveis para aumentar os lucros sempre cada vez acrescidos. E as artes serão meras bagatelas para ornamentação pessoal? Respondo com o que escrevi, na página 237 do livro, «Pegadas de uma Caminhada»: «A Arte não é, pois, ouropel, verniz estaladiço, snobismo social, flor na lapela, mas sim uma excepcional forma de enriquecimento pessoal, um refúgio contra a mesquinhez, a superficialidade, a poluição verbal vazia de conteúdo. Não é uma mera mercadoria como se verifica pela especulação financeira das telas, das estátuas, das peças musicais.(...). É antes um meio aliciante e extraordinário para o homem encontrar-se consigo próprio, ser feliz, e interpretar o universo que o rodeia e transcende, e cuja cosmogonia conduz a um ente superior». •

DESCONTAMINAÇÃO DOS SOLOS E AQUÍFEROS DA ILHA TERCEIRA (Continuação da página anterior)

melhor forma de se identificar e resolver de maneira duradora a descontaminação dos solos e dos aquíferos supra referidos, de forma rápida e eficaz nas áreas poluídas e já identificadas pelas autoridades.

O público deve ser esclarecido sem rodeios, do que efectivamente está a suceder, nomeadamente ter acesso aos estudos, relatórios sobre as eventuais causas de doenças cancerígenas no concelho do Ramo Grande, que segundo dados empíricos tem disparado e se-

meado medo entre a população, pois “afastar o povo da descontaminação é (muito) perigoso”.

contrem respostas, soluções viáveis para a descontaminação que urge fazer-se.

Basta de inverdades acerca desta delicada situação, pois a verdade, a busca da verdade cabe a todos nós alcançá-la, para que se en-

O Diretor Sebastião Lima diretor@jornaldapraia.com

PROGRAMA DAS FESTAS DO IMPÉRIO DO ROSSIO 2018 17.05.2018 | Quinta-feira 18:00 – Ida ao vinho à freguesia dos Biscoi-

Ourique;

18:30 – Tourada à Corda (Herdeiros Ezequiel

22.05.2018 | Terça-feira 22:00 – Grandiosa Cantoria com os improvi-

Rodrigues); 22:00 – Atuação do conjunto os “Atuais”; 25.05.2018 | Sexta-feira 18:30 – Vacada para crianças (Herdeiros Eze-

21.05.2018 | Segunda-feira

sadores: Bruno Oliveira; António Isidro; José Eliseu; José Esteves; Rogério Ribeiro; Fábio Ourique; e Marcelo Dias.

Distribuição de Bodo por casa dos irmãos; 20:30 – Mudança de Coroa; 22:30 – Atuação do conjunto de Francisco

23.05.2017 | Quarta-feira 22:00 – Atuação do conjunto os “Atuais”; 24.05.2018 | Quinta-feira

tos; 20.05.2018 | Domingo

Distribuição de Bodo por casa dos irmãos;

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quiel Rodrigues); 22:00 – Atuação do conjunto “Banda Mar”; 26.05.2018 | Sábado 10:00 – Excursão ao tentadero da ganadaria

Herdeiros Ezequiel Rodrigues; 18:30 – Tourada à Corda (Herdeiros Ezequiel Rodrigues); NOTA: Convida-se todos os irmãos a rezar o “Terço” no império, durante a semana de 25 a 27, pelas 21:00. A 27 de maio, a acompanhar o cortejo do Divino Espírito Santo á Igreja Matriz de Santa Cruz pelas 12:00. •


JP | CULTURA

2018.04.20

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CASA DO POVO DE SANTO ANTÃO

PUBLICA LIVRO DE FRANCISCO BORBA Por: Jácome de Bruges Bettencourt

Intitulado “O Topo e as Fajãs do Norte na Ilha de São Jorge”, livro resulta de muitas horas de leitura, investigação, conversas e centenas de quilómetros percorridos por caminhos desaparecidos entre a vegetação agreste das encostas da ilha.

C

om a chancela da Chiado Editora, saiu em finais de 2017, o livro de Francisco Fernando de Borba (1949-2010) O Topo e as Fajãs do Norte na ilha de São Jorge, (209 p.). O autor, nascido em Angra do Heroísmo, foi batizado no Topo, pelo padre João Jorge Brasil, tendo passado a infância, quase até aos 10 anos, na freguesia de Santo Antão, donde eram oriundos os avós maternos. Estudou na Terceira, onde concluiu, com elevada classificação, o curso Geral de Comércio. Após a aposentação regressa à sua ilha de eleição, instalando-se numa casa que adquiriu nos Biscoitos da Vila da Calheta, recuperada com o carinho que os meios financeiros lhe proporcionaram. Falecido no Centro de Saúde da Calheta, após doença de foro oncológico, foi cumprida a vontade própria de ser enterrado em Santo Antão, que tanto amou, e o seu caixão coberto com a bandeira com o escudo real da Casa de Bragança (e de Portugal), como bom Monárquico que sempre foi. A nossa Amizade nasceu há mais de 50 anos, tendo-o apresentado, por carta, ao Professor Doutor Jacinto Ferreira, de saudosa memória, diretor do semanário lisboeta “O Debate”, de ideologia monárquica, que o convidou a aí colaborar. Aliás, o Francisco Borba deixou em “O Debate” interessantes escritos, como em outros órgãos de comunicação social, com destaque para o “Diário Insular”; “A União” e “Correio de São Jorge”, assim como no Boletim do Museu Etnográfico da Ilha Graciosa. Teve o rasgo benemérito de doar o acervo da sua biblioteca e outros curiosos bens a diversas instituições públicas locais, como à Escola Básica e Secundária da Calheta, ao Museu de São Jorge e à Casa do Povo de Santo Antão. A direção desta última, recebeu como espólio o original do livro agora em apreço que conseguiu publicar, que sem dúvida, é o melhor agradecimento e homenagem que se lhe pode prestar.

Há ainda mais duas obras que aguardam publicação, cuja temática é relacionada com a história do antigo Concelho do Topo (que estava planeado sair em 2 volumes) e a freguesia de Santo Antão. Estes trabalhos obrigaram-no a muitas horas de leituras e investigação, assim como de conversa com pessoas, a maior parte já desaparecidas, e a centenas de quilómetros percorridos, a pé, por caminhos, muitos desaparecidos, entre a vegetação agreste das encostas da ilha. Uma das pessoas que mais se empenhou no surgimento da obra do Francisco Borba foi o seu amigo Paulo Teixeira (antigo Presidente da Junta de Freguesia de Santo Antão e Presidente da Casa do Povo local), um dos que reconheceram nele o valor que muitos lhe negaram em vida. E lembro as suas qualidades como funcionário público competentíssimo e incapaz de prejudicar quem quer que fosse. Foi responsável, anos a fio pela colocação de pessoal docente nos concursos públicos na Secretaria Regional da Educação e Cultura do Governo Regional dos Açores. De referir os depoimentos que o livro contém, de quem conheceu bem os terrenos que pisava e com ele privou nas suas andanças como amigo, na vida militar (sargento miliciano enfermeiro, mobilizado em Angola), como funcionário administrativo, com longa carreira nos Açores, (reformado na categoria de chefe dos serviços administrativos da Escola Secundária da Lagoa – São Miguel) e até como Administrador de Posto-Região Administrativa de Angola (quadro ultramarino), sem esquecer a sua atividade política. E, lembramos que nos bancos da Escola Industrial e Comercial de Angra do Heroísmo, que ocupou o Palacete Silveira e Paulo, o cognominaram de “O Historiador”, reconhecendo a sua apetência para a História de Portugal… Acima de tudo era um homem de

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carácter. Contou como seus amigos os dois últimos Duques de Bragança, Dom Duarte Nuno e Dom Duarte Pio, D. João Brito do Rio e seu filho Pedro da Luz Brito do Rio, Jácome de Bruges Bettencourt, José Mendonça Brasil e Ávila, arq. Álvaro Dentinho, arq. Gonçalo Ribeiro Telles, Doutor Henrique Barrilaro Ruas, Francisco Jorge Ferreira, Luis Filipe Cota Moniz, coronel Manuel Lamas de Mendonça, Augusto Ferreira da Silva (Augusto Gomes), Paulo Oliveira Teixeira, Cidália Ramada, Eduardo Guimarães e Valter Bento Ferreira, estes os mais chegados. Aderiu ao P.P.M., logo na fundação e como tal foi candidato em eleições para a Assembleia da República, Assembleia Legislativa Regional dos Açores e Autárquicas, integrando a equipa que planeava a execução das sessões de esclarecimento ideológico. Porém, a desilusão chegaria anos depois, e como muitos, hoje, consideram que aquilo em que os partidos se converteram constitui um anacronismo corporativo e concluía, desiludido: “temos de ser militantes de Causas e não de Partidos”. Penso que neste livro valem, por muito peso, as palavras deixadas pela sua segunda filha, Fernanda Isabel, residente em Ponta Delgada, que foi desportista federada e tal como a irmã mais velha, Ana, que vive em Londres, é enfermeira. Ela reconhece que, apesar de certas vicissitudes, alegra-se bastante por ser filha de um grande Homem, de uma pessoa de valores, com caráter suficiente para assumir posições e suas consequências. Um grande trabalhador e operacional, que não vivia de utopias, em que o saber deveria ser útil e não um delírio! Um católico convicto, que ensinou os filhos a respeitar as diferenças do outro sem nunca esquecer quem era. Detentor de uma personalidade e sabedoria excecional, e incrível força. A Fernanda Isabel termina assim: “Pediu desculpa a quem tinha de pedir…. E morreu rodeado de amigos verdadeiros e não de abutres... Quantos

de nós terão a sorte de viver assim e poder morrer assim? Assim era o meu Pai…” De facto é comovedora esta análise da Fernanda, que creio ser comungada pelos outros filhos. Relativamente ao livro em si, lamento as gralhas de composição, por deficiente revisão da Editora, sobretudo nos textos iniciais e menos no corpo do livro, talvez por beneficiar de uma leitura do, igualmente falecido, Professor José Mendonça. Espero que em próxima edição se corrija tal, pois esta obra é uma notável achega ou contributo para a história do ex-concelho do Topo. Ficamos a aguardar a merecida publicação dos dois outros trabalhos que o Francisco Fernando de Borba com empenho nos legou. Curvo-me perante a sua memória, e que Deus o tenha em Sua companhia. •


2018.04.20

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INFORMAÇÃO | JP MISSAS DOMINICAIS NO CONCELHO

SÁBADOS

FUTEBOL

CAMPEONATO DE PORTUGAL SÉRIE “D”

30.ª JORNADA | 22.04.2018 1º Dezembro

-

Pêro Pinheiro

Vilafranquense

-

Alcanenense

Loures

-

SC Praiense

Caldas

-

Guadalupe

Torreense

-

Coruchense

Mafra

-

Sacavenense

Lusitânia

-

Sintrense

Eléctrico

-

Fátima

CAMPEONATO FUTEBOL DOS AÇORES II FASE GRUPO “A” - PROMOÇÃO

9.ª JORNADA | 22.04.2018 Prainha FC

-

CD Rabo Peixe

Marítimo Gra.

-

GD Fontinhas

10.ª JORNADA | 29.04.2018 GD Fontinhas

-

Prainha FC

SC Angrense

-

Marítimo Gra.

GRUPO “B” - MANUTENÇÃO

9.ª JORNADA | 22.04.2018 FC Flamengos

-

FC Vale Formoso

CU Micaelense

-

SC Vilanovense

10.ª JORNADA | 29.04.2018 SC Vilanovense

-

FC Flamengos

CD São Roque

-

CU Micaelense

CAMPEONATO FUTEBOL DA ILHA TERCEIRA

19.ª JORNADA | 22.04.2018 Barreiro

-

Marítimos

São Mateus

-

Lajense

Boavista

-

NSIT

20.ª JORNADA | 29.04.2018 Marítimos

-

Boavista

Lajense

-

Barreiro

NSIT

-

São Mateus

HOJE (20/04)

- Lajes - Fontinhas (1) - Casa da Ribeira - Cabo da Praia - Matriz Sta. Cruz - Vila Nova - Fontinhas (2) - São Brás - Porto Martins - Sta Luzia, BNS Fátima - Quatro Ribeiras - Lajes - Agualva - Santa Rita - Fonte do Bastardo - Biscoitos, IC Maria (3) - Biscoitos - São Pedro (4) (1) Enquanto há catequese (2) Quando não há catequese (3) 1.º e 2.º sábados (4) 3.º e 4.º sábados 15:30 16:00 16:30 17:00 17:30 17:30 18:00 18:00 18:00 18:00 18:00 19:00 19:00 19:00 19:00 19:30 19:30

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

HOJE (20/04)

SÁBADO (21/04)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

DOMINGO (22/04)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

SEGUNDA (23/04)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

TERÇA (24/04)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

QUARTA (25/04)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

DOMINGOS

- São Brás - Vila Nova, ENS Ajuda - Lajes, Ermida Cabouco - Cabo da Praia (1) - Biscoitos, S Pedro - Agualva - Casa Ribeira (1) - Santa Rita - Lajes - São Brás - Cabo da Praia (2) - Porto Martins - Casa da Ribeira (2) - Biscoitos, IC Maria - Vila Nova - Fontinhas - Matriz Sta. Cruz (1) - Quatro Ribeiras - Sta Luzia - Fonte Bastardo - Matriz Sta. Cruz (2) - Lajes, ES Santiago - Lajes - Matriz Sta. Cruz (3) - Matriz Sta. Cruz (4)) (1) Missas com coroação (2) Missas sem coroação (3) De outubro a junho (4) De julho a setembro 08:30 09:00 10:00 10:00 10:00 10:30 10:30 10:30 11:00 11:00 11:00 11:00 11:00 11:00 12:00 12:00 12:00 12:00 12:00 12:15 12:30 13:00 19:00 19:00 20:00

QUINTA (26/04)

CINEMA READY PLAYER ONE: JOGADOR 1 Local: Auditório do Ramo Grande Hora: 21H00 (*) Classificação: M/12 (*) Sessão também no sábado.

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

SEXTA (27/04)

EXPOSIÇÃO DESENHOS DE ABRIL Exposição de desenhos sobre o 25 de abril elaborados por ciranças e jovens do concelho da Praia da Vitória Local: Foyer do Auditórios do Ramo Grande Patente até 26 de abril

QUARTA (25/04)

Eléctrico

-

Olho Marinho

Farense

-

F. Zêzere

-

QUARTA (02/05)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

QUINTA (03/05)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

BISCOITOS Posto da Misericórdia ( 295 908 315 SEG a SEX: 09:00-13:00 / 13:00-18:00 SÁB: 09:00-12:00 / 13:00-17:00 CONCERTO CANTAR ABRIL - 25 DE ABRIL FILARMÓNICA UNIÃO PRAIENSE & CONVIDADOS Local: Auditório do Ramo Grande Hora: 16H30 Entrada Gratuita

Farense

F. Zêzere

-

SC Lusitânia

Eléctrico

-

Portimonense

VOLEIBOL

II DIVISÃO - II FASE SENIORES FEMININOS GRUPO “PRIMEIROS”

10.ª JORNADA | 22.04.2018 GC Santo Tirso

-

Esc. P. E. Lobato

CS Madeira

-

ADRE Praiense

CD Aves

-

AA José Moreira

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

9.ª JORNADA | 28.04.2018 Olho Marinho

DOMINGO (29/04)

TERÇA (01/05)

8.ª JORNADA | 21.04.2018 Portimonense

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

II DIVISÃO - II FASE APURAMENTO FASE III - ZONA SUL -

SÁBADO (28/04)

SEGUNDA (30/04)

FUTSAL

SC Lusitânia

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

01 MAI Acima do Cabouco Fontinhas Tourada Tradicional C.A.J.A.F 18:30 - 21:00 NE: Anuncio a sua tourada no Jornal da Praia geral@jornaldapraia.com

VILA DAS LAJES Farmácia Andrade Rua Dr. Adriano Paim, 142-A ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-18:30 SÁB: 09:00-12:30

SEXTA (27/04)

VILA NOVA

EXPOSIÇÃO DE ARTES PLÁSTICAS ENSAIO SOBRE O SIMBIOSISMO E OUTRAS MODALIDADES Local: Galeria da Academia de Juventude e das Artes da Ilha Terceira (AJAIT) Hora: Horário de funcionamento da AJAIT Patente até 11 de maio.

Farmácia Andrade

Caminho Abrigada ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-12:00 / 16:00-18:00 Farmácias de serviço na cidade da Praia da Vitória, atualizadas diáriamente, em: www.jornaldapraia.com


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