Jornal da Praia | 0518 | 06.04.2018

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QUINZENA

06 A 19.04.2018 Diretor: Sebastião Lima Diretor-Adjunto: Francisco Ferreira

Nº: 518 | Ano: XXXV | 2018.04.06 | € 1,00

QUINZENÁRIO ILHÉU - RUA CIDADE DE ARTESIA - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA - ILHA TERCEIRA - AÇORES

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GARANTIDO POR PROTOCOLO

ABASTECIMENTO DE ÁGUA AO BAIRRO DE SANTA RITA ENTREVISTA

HILDEBERTO FRANCO DO

KANAL DAS DOZE DESTAQUE | P. 8 E 9

CMPV APOIA

ATIVIDADES DE INTERESSE PÚBLICO NO CONCELHO | P. 3

O NASCIMENTO DA TRADIÇÃO TAURINA TERCEIRENSE

IMPÉRIO DA CARIDADE RECEBE DOAÇÃO DE EMIGRANTES

Por: Francisco Miguel Nogueira

Por: António Neves Leal

OPINIÃO | P. 14 PUB

ANA COELHO

MEDALHA DE OURO EM COZINHA ENSINO | P. 7

TRIBUNAL DA PRAIA

MAIS POBRE A anunciada redução das competências funcionais do Tribunal da Praia para o próximo mês de Setembro, agravará ainda mais a vida do concelho e da cidade, prejudicando gravemente a população, dificultando e onerando o acesso à justiça e aos tribunais.

DIZ CARLOS PARREIRA,

A Câmara Municipal, a Assembleia Municipal, as Juntas de Freguesia e as Assembleias de Freguesia estão ainda a tempo de constituir um grupo de trabalho para junto do Governo da Republica, do Presidente da República e do Governo Regional acompanhar, lutar e influenciar para que a decisão da criação do referido Juízo Misto seja instalado na Praia da Vitória...

SOCIEDADE | P. 10

EDITORIAL | P. 12

HISTÓRIA | P. 4

ORFEÃO DA PRAIA NAS BODAS DE PRATA

ATUALIDADE | P. 5

“EMIGRANTES SÃO AJUDA VALIOSÍSSIMA”


JP | CANTO DO TEREZINHA & CONTO

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O PEIXE DO POLICARPO Ainda há na Praia da Vitória quem se lembra do senhor Policarpo, pessoa muito popular devido a algumas das suas muitas excentricidades. Era um apreciado executante na Filarmónica União Praiense onde fazia soar com notoriedade a trompete. Se ainda estivesse entre nós, este cidadão, que na pia batismal recebeu o nome de um bispo e mártir cristão (61 A.D.), por certo não deixaria de recordar, perante a problemática da água no nosso concelho, um episódio que lhe causou muita tristeza e raiva. O Policarpo, assim como muitas outras pessoas, mantinha numa redoma (hoje chamar-se-ia ‘aquário’) e com extremado desvelo, um lindo peixinho vermelho ao qual dedicava grande afeição. Por isso pro-

curava que nada pudesse acontecer-lhe de mal. Por aquele “entonces” do século passado, corria já a famigerada preocupação por mor da possível contaminação da água de consumo público. E quando o tom dos rumores se acentuou, o Policarpo resolveu tomar medidas. E vai daí, foi comprar um garrafão de água e substituiu a água da redoma do seu lindo peixinho. Mas, a pobre criatura de Deus não resistiu à mudança e finou-se, o que deixou o Policarpo num estado de raiva e de tristeza, de raiva por não ter ajuizado bem, e de tristeza pela perda do seu companheiro. E veio para a rua desabafar o seu desgosto, ao mesmo tempo que declarava sonoramente que a água fornecida pelo municí-

pio era, afinal, de boa qualidade. Naquele tempo, a polémica sobre a contaminação da água de consumo público ainda não estava servida. Entretanto o mundo mudou, a sociedade praiense transformou-se e organizou-se de outra maneira e surgiram novos interesses reivindicativos, alguns até com menos pendor para a busca de soluções do que para apurar e acusar culpados. Se o senhor Policarpo fosse vivo e tivesse podido estar presente no recente debate sobre esta questão talvez até que a sua intervenção não destoasse entre tantas que andaram muito perto da excentricidade. (LEIA MAIS CT NA PÁGINA 14)

CONTO INSULAR (II)

A JANGADA DE AMOR Por: Emanuel Areias condição que a terra dava, fazia dele um oprimido na ilha sã. A condição de um homem não devia ser inimiga da sua felicidade, mas também o berço não devia ser tão decisivo na vida de um ser. Nascer na ilha era a continuação de uma história de orgulho, pelo passado dos entes queridos, que tinham aprendido a decifrar o tesouro que era ser ilhéu. Mas aquele ilhéu não suportava a ideia da solidão amorosa a que se tinha reduzido, apenas porque a sua condição e nascimento assim o tinham obrigado. O mar seduzia a alma daquele que já tinha sido vítima da força poderosa do continente amedrontado pelo excesso de água. Conseguia ser pessoa numa ilha isolada e num continente dividido em regiões e sub-regiões. Conseguia suportar as horas e os dias na cidade grande ou no lugarejo pequeno. Não via com inquietação a diferenciação natural que o sangue cria, por ser o elo que apega à terra mãe. As horas que passara no país continental fizeram dele um homem mais sábio e mais compreensivo face à ofensiva dos seus semelhantes. Embora tímido e calado, cumpria de forma insistente a sua condição, pelo que ansiava o regresso ao rochedo

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erguido no mar, que era a sua casa. A cidade tirou-lhe aquela timidez ultrapassada e o excesso de novidade, inovou-o interiormente. Nunca tinha pensado que o país era o espaço decisivo para o seu crescimento como homem, porque embora fosse ilhéu de condição, tinha em si, lugar para se expandir. A rotina fez-lhe dar de caras com o amor da sua vida. Essa boçal inimiga, o que mais temos próximo de eterno na vida, fez-lhe conhecer o degrau que faltava subir no processo que a criação exige. O amor. Na sua mente, o amor era complexo. Um retrato pincelado pelas experiências da vida, cujo resultado era o trabalho de dois pintores. Nessa cidade preenchida de gentes várias, deram-se de caras e amaram-se depois de se conhecerem. Porque o conhecer afincadamente é ser fiel ao amor verdadeiro. Porque o nascer assim obrigou, o ilhéu não era de onde o amor tinha sido criado. A condição envolvia-se na relação e teimava em impor-se ao amor, sendo que a distância ajudava no papel de vilã. Ser de uma ilha, longe do país, não podia ser condicionante intransigente do romance sincero. Havia que ultrapassar os perigos de um regresso definitivo ao pedaço de terra erigi-

do acima do oceano. Um só pedaço de terra isolado, um oceano inteiro de água duvidosa e um continente preenchido por países não podiam fazer parte do leque de inimigos dos amados. Entre a ilha e o país, a distância não importava em demasia, mas era um número que por si só, excedia o défice de atenção e aumentava a ânsia de amor que cada um devia ao outro. Ela tinha ficado na cidade grande e ele voltava ao lugarejo. Tinham em si a convicção de que isso seria um parágrafo confuso da história de amor, na qual eram narradores participantes. A bruma impedia que o horizonte fosse descoberto para lá da linha que o faz existir. O ilhéu não via da sua ilha o corpo sedutor daquela que o tinha feito cativo. Não havia forma de ver terra alheia, onde ela estava, sedenta da recuperação da narrativa deixada por escrever, após a partida. A única decisão possível era que a ilha se unisse ao país. Talvez através de um vulcão potenciado pela força da mente, que criasse uma ponte eterna entre os dois espaços. Regressar de forma intermitente, sem que fosse para sempre, não era o que o amor pedia perante o cenário triste. Os dois amados queriam que as terras se unissem, e não

seria difícil certamente, uma vez que os continentes já estiveram todos unidos. Podiam aguardar uma eternidade, para que as placas tectónicas cumprissem o seu dever de unir um amor rasgado pela sentença da condição humana. Os pensamentos irracionais que lhes ocupavam as ideias, faziam com que eles fossem servos da espera, que a vida não aguentaria por muito mais tempo. A loucura de pensar na união das terras era o refúgio que a mente tinha encontrado para não se magoar. Era bom que a ilha fosse uma jangada de amor, que ao desprender-se do fundo do mar, fosse até ao continente e se apegasse a ele com toda a força. Seria a maior prova de um amor sem fronteiras. Só a força dos deuses podia realizar tal pedido. Nem que fosse apenas todas as noites, em sonhos de amor e felicidade. A jangada do amor, a ilha a flutuar no mar, devia chegar ao destino que os deuses exigiam, depois de a fé ser o caminho para sanar os efeitos danados de um amor corrompido pela natureza. Só o sobrenatural podia anular as anomalias que a ciência explicava. E só o amor como elo de ligação.

FICHA TÉCNICA PROPRIETÁRIO: Grupo de Amigos da Praia (Associação Cultural sem fins lucrativos NIF: 512014914), Fundado em 26 de Março de 1982 REGISTO NO ICS: 108635 FUNDAÇÃO: 29 de Abríl de 1982 ENDEREÇO POSTAL: Rua Cidade de Artesia, Santa Cruz, Apartado 45 - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA, Ilha Terceira - Açores - Portugal TEL: 295 704 888 DIRETOR: Sebastião Lima (diretor@jornaldapraia.com) DIRETOR ADJUNTO: Francisco Jorge Ferreira ANTIGOS DIRETORES: João Ornelas do Rêgo; Paulina Oliveira; Cota Moniz CHEFE DE REDAÇÃO: Sebastião Lima COORDENADOR DE EDIÇÃO: Francisco Soares, CO-1656 (editor@jornaldapraia.com) REDAÇÃO/EDIÇÃO: Grupo de Amigos da Praia (noticias@jornaldapraia.com; desporto@jornaldapraia.com); Elvira Mendes; Rui Sousa JP - ONLINE: Francisco Soares (multimedia@jornaldapraia.com) COLABORADORES: António Neves Leal; Aurélio Pamplona; Emanuel Areias; Francisco Miguel Nogueira; Francisco Silveirinha; José H. S. Brito; José Ventura; Nuno Silveira; Rodrigo Pereira PAGINAÇÃO: Francisco Soares DESENHO NO CABEÇALHO: Ramiro Botelho ADMINISTRAÇÃO José Miguel Silva (administracao@jornaldapraia.com) SECRETARIADO E PUBLICIDADE: Eulália Leal (publicidade@jornaldapraia.com) LOGÍSTICA: Jorge Borba IMPRESSÃO: Funchalense - Empresa Gráfica, S.A. - Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, 50 Morelena - 2715-029 PÊRO PINHEIRO ASSINATURAS: 15,00 EUR / Ano - Taxa Paga - Praia da Vitória - Região Autónoma dos Açores TIRAGEM POR EDIÇÃO: 1 500 Exemplares DEPÓSITO LEGAL: DL N.º 403003/15 ESTATUTO EDITORIAL: Disponível na internet em www.jornaldapraia.com NOTA EDITORIAL: As opiniões expressas em artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do jornal e do seu diretor.

Taxa Paga – AVENÇA Publicações periódicas Praia da Vitória


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NO CONCELHO | JP

CÂMARA DA PRAIA APOIA ASSOCIATIVISMO EM MAIS DE CENTO E CINQUENTA MIL EUROS

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Câmara Municipal da Praia da Vitória (CMPV) deliberou por unanimidade conceder um apoio de 154.850,00 euros aos diversos clubes e associações do concelho e ilha para o ano de 2018. A aprovação ocorreu na reunião ordinária daquele órgão de 12 de fevereiro, sob proposta do presidente, Tibério Dinis, à luz do Regulamento Municipal de Apoio a Atividades de Interesse Público, o qual define a PUB

metodologia e os critérios de apoio da CMPV ao associativismo que desenvolve programas de atividade de interesse público nas áreas da cultura, turismo, desporto, solidariedade social, proteção civil, saúde pública e transportes públicos. Sobre os montantes, o presidente explicou aos demais vareadores que os valores apresentados já vem sendo estabelecidos há vários anos e que a sua diferenciação se verifica de

acordo com as séries competitivas e as despesas que cada clube e assoicação apresentam. Do bolo de 154.850 euros a maior fatia vai para o Sport Club Praiense (SCP) com 30.000 euros. Segue-se a Associação de Jovens da Fonte do Bastardo (AJFB) com menos 5.000 euros e na terceira posição das entidades mais apoiadas, apresenta-se a Filarmónica União Praiense (FUP)

com 21.600 euros, menos 8.400 euros do que o SCP e 3.400 euros do que a AJFB . Os dois clubes do concelho a militar no Campeonato de Futebol dos Açores, GD Fontinhas e SC Vilanovense, recebem cada um 17.500 euros. No quadro abaixo, apresenta-se a lista completa das entidades beneficiíarias e os respetivos montantes. JP•

ASSOCIAÇÃO

MONTANTE

Sport Club Praiense Associação de Jovens da Fonte do Bastardo Filarmónica União Praiense Grupo Desportivo das Fontinhas Sport Club Vilanovense OEC Motor Clube ADREP-Associação Desportiva e Recreativa Escolar Praiense Grupo Desportivo e Social do Juncal Juventude Desportiva Lajense Orfeão da Praia da Vitória ASTECIA – Associação Terceirense de Combate à Insuficiência Alimentar Associação Desportiva Recreativa e Cultural da Casa da Ribeira Associação Fontinhas Ativas Cáritas da Ilha Terceira

30 000.00 € 25 000.00 € 21 600.00 € 17 500.00 € 17 500.00 € 10 000.00 € 7 500.00 € 5 000.00 € 5 000.00 € 4 750.00 € 3 500.00 € 2 500.00 € 2 500.00 € 2 500.00 € 154 850.00 €

PROJETO “BRIDGING THE ATLANTIC”

ESTUDO SALTA DE IMPACTO NA SAÚDE PARA EFEITO NOS REFORMADOS

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presentado a 16 de março de 2017, em conferência de imprensa no Salão Nobre dos Paços do Concelho, na Praia da Vitória, pelo então presidente da Câmara, Roberto Monteiro, o projeto “Bridging The Atlantic”, reunia alunos da Escola Superior de Saúde da Universidade dos Açores e da Faculdade de Enfermagem de Dartmouth da Universidade de Massachussetts num estudo destinado a apurar os efetivos impactos na saúde pública dos praienses decorrente da presença militar norte-americana na Base das Lajes. Na altura, Roberto Monteiro explicava: “Há décadas que se fala na necessidade da concretização de um estudo desta natureza, pois apesar de não haver estatísticas que o comprovem, verificamos que a população residente no nosso Concelho tem uma maior propensão para desenvolver determinados tipos de doenças”. Por sua vez, Norberto Messias, docente da Escola Superior de Saúde e orientador dos alunos açorianos, elucidava: “Verificámos que existe uma maior incidência de doenças cardiovasculares, leucemia e cancro nos habitantes do concelho da Praia da Vitória comparativamente aos residentes dos restantes concelhos da Região e até mesmo do País” e concluía, “levantam-se várias hipóteses para este fenómeno. Deste modo, é extremamente importante a realização de um estudo que aponte as

verdadeiras causas para a elevada ocorrência de determinadas doenças na Praia da Vitória”. Mais recentemente, também em Conferência de Imprensa no Salão Nobre dos Paços do Concelho, ficou-se a saber, desta vez na voz do atual presidente, Tibério Dinis, que afinal o estudo destina-se a avaliar os impactos na rotina quotidiana dos aposentados da Base das Lajes, aquando da redução do efetivo militar norte-americano. Denominado “Perceção, transição e adaptação e qualidade de vida dos aposentados do downsizing da Base das Lajes: Um diagnóstico de situação”, o estudo consiste num inquérito sociodemográfico, realizado na Unidade de Saúde da Ilha Terceira, e destina-se a produzir conhecimento que permita à Câmara da Praia em articulação com a Unidade de Saúde e a Universidade dos Açores, implementar medidas de promoção de hábitos de vida saudáveis, nomeadamente, de combate ao sedentarismo, reeducação dos hábitos alimentares e inclusão social. Há uma ano previa-se a apresentação dos primeiros resultados no prazo de 12 meses. Agora, aponta-se para meados deste mês de abril a apresentação nos Estados Unidos, à Fundação Mello, principal patrocinador do projeto, a apresentação do relatório preliminar. O estudo é também apoiado pela CMPV. JP•


JP | HISTÓRIA

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O NASCIMENTO DA TRADIÇÃO TAURINA NA TERCEIRA HISTORIADOR: FRANCISCO MIGUEL NOGUEIRIA

A festa taurina marca a tradição multissecular terceirense. Não se consegue falar da História da Terceira, sem se estudar as touradas, seja as à corda, seja as de praça.

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om o aproximar do início da época taurina na Terceira, a 1 de maio, vamos hoje conhecer as estórias da História desta tradição na Ilha. A festa taurina marca a tradição multissecular terceirense. Não se consegue falar da História da Terceira, sem se estudar as touradas, seja as à corda, seja as de praça. A tauromaquia tem marcado a sociedade terceirense de forma indelével. Não se consegue datar a chegada da tradição tauromáquica à Terceira, que se fundiu com a História da ilha. Sabe-se que nos inícios do povoamento da Ilha de Jesus Cristo (depois Ilha de Jesus Cristo da Terceira, ficando depois só Terceira), os primeiros habitantes, sobretudo do Algarve e do Norte, largaram gado vacum como outras espécies domésticas pela Ilha. De entre o gado trazido, destacamos a raça mirandesa. Como a terra ainda era bravia e a população da Ilha diminuta, muito deste gado perdeu-se no interior da Ilha, uma zona desabitada e húmida. Assim, começou o cruzamento de diversas raças de gado vacum em regime de total liberdade. Com o arroteamento de terras, os locais foram-se embrenhando pelo mato e encontraram então gado bravo e selvagem, descendente daqueles primeiros animais largados na Ilha. O primeiro gado bravo era capturado e morto, pois a população afirmava que a carne de um animal cansado era mais tenra e suculenta do que a de um animal descansado. Começou-se então a laçar e a capturar o gado bravio, que depois era deixado correr nos adros das Igrejas da ilha até se cansar e depois morto. Gaspar Frutuoso refere a existência de corridas de touPUB

ros em outras ilhas. D. Frei Jorge de Santiago, Bispo de Angra e Ilhas dos Açores proibiu as corridas de touros em todo o arquipélago através das Constituições Sinodais do Bispado de Angra, em 1558. Contudo, em pouco tempo, as corridas recomeçaram. Assim, desfaz-se a ideia que as touradas terceirenses são reminiscências da presença espanhola na Ilha por quase 60 anos, pois já havia uma cultura taurina anterior e que até estava presente em mais ilhas açorianas. As corridas de touros na Terceira tornaram-se mais frequentes, apesar do primeiro registo de uma tourada à corda datar de inícios de agosto de 1622, quando a Câmara de Angra pre-

principal cidade dos Açores por mais de 3 séculos, um importante porto de escala do Atlântico Norte. Com o passar dos anos até o povo se rendeu às touradas e estas tornaram-se um espetáculo para toda a sociedade terceirense, e com o decorrer dos anos, passaram a ser fixadas por normas e regras de cariz popular. Quanto às primeiras touradas de praça na Terceira, estas realizaram-se na praça principal da cidade de Angra, na atual Praça Velha, onde eram colocados camarotes em volta, inseridos num retângulo. Nas comemorações da canonização de São Francisco Xavier e de Santo Inácio de Loyola, em inícios de agosto de 1622, além de uma

pois para realizarem um circo equestre, onde mostravam a sua destreza a cavalo, alanceando os touros. Era uma festa para a Nobreza e para a Burguesia. No século XVII, já sobre o domínio espanhol da Ilha, o Bispo de Angra e Ilhas dos Açores D. Jerónimo Teixeira Cabral decidiu a criação de tourada de praça em dia de S. João Batista, ou seja, a 24 de junho, durante a qual participavam vários nobres. Nestas festas, faziam-se ainda as cavalhadas, junto à capela de S. João Batista, com duas alas de cavaleiros, uma para a Rua de São João e outra no sentido descendente da Rua da Sé. Nasciam os touros de praça de S. João e as Sanjoaninas, existentes até aos dias de hoje. Os touros começaram a correr na praça várias vezes ao ano. Aos poucos, passou a ser um espetáculo para todos, assim. Além dos camarotes da Nobreza e Burguesia, o Povo cavou uma trincheira e aí assistiam às touradas. Em 1662, durante as comemorações do casamento de D. Catarina de Bragança, filho do Rei D. João IV, com Carlos II de Inglaterra, realizaram-se touradas de praça na Fortaleza de São João Batista.

PRAÇA DE TOIROS construída na Praça Velha em Angra do Heroísmo nos meados do século XIX; Foto: Carlos Aguiar . parou uma celebração em nome de São Francisco Xavier e de Santo Inácio de Loyola, festejando a canonização de ambos de 12 de março de 1622 pelo Papa Gregório XV. Nascia assim uma tradição terceirense. A festa brava foi desaparecendo nas restantes ilhas, mas sobreviveu na Terceira, sobretudo, por ser um espetáculo de diversão virado para a Nobreza e para a Burguesia, localizadas maioritariamente em Angra, a

tourada à corda, houve ainda uma corrida na praça de Angra, durante a qual os toureiros foram incitados a participar a fim de ganharem prémios. A tradição dos touros de praça ganhou força com o aparecimento das Festas de São João. No século XVI, João, o Velho, mandou edificar uma capela no canto oriental da atual Rua de São João, em honra de São João Batista, patrono dos fidalgos portugueses. Os nobres locais pediram de-

Das touradas na Praça Velha, passou-se para a Praça de Touros na Canada do Barreiro, depois a do Espírito Santo na Miragaia (na Rua do Pereira), a de São João, onde hoje se situa o Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo, e a partir, de 1984, a atual Monumental Praça de Toiros Ilha Terceira, a única da região. As touradas marcam a História da Terceira, mostrando a forma como a população lida com uma tradição que tem marcado toda a sociedade terceirense. A cultura e as tradições, que muitas vezes são criticadas, devem ser entendidas e estudadas como um reflexo do percurso histórico da vida das gentes da Terceira. •


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ATUALIDADE | JP

BAIRRO DE SANTA RITA

ABASTECIMENTO DE ÁGUA GARANTIDO POR DOIS ANOS Protocolo assegura fornecimento de água a Santa Rita até estar concluída nova rede de distribuição.

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zeredo Lopes, ministro da Defesa Nacional, esteve no passado mês de março na Praia da Vitória, onde protocolou com a autarquia da Praia da Vitória o fornecimento de água às casas do Bairro de Santa Rita, construídas na década de 50 pelos norte-americanos estacionados na Base das Lajes e mais recentemente adquiridas por civis portugueses. A questão do abastecimento de água a Santa Rita desde há muito que constitui motivo de preocupação quer para os proprietários quer para a autarquia, já que este abastecimento é assegurado por uma rede de distribuição construída e mantida pelos militares norte-americanos, os quais, no seguimento do processo de “downsizing” manifestaram através do comando local intenção de cessar definitivamente tal fornecimento. O protocolo agora assinado por Azeredo Lopes e Tibério Dinis, estabelece um período de dois anos, no qual a Força Aérea Portuguesa assegura a continuação do fornecimento de água a Santa Rita por parte das autoridades norte-americanas, que se comprometeram também, a desenvolver todos os trabalhos nePUB

PROTOCOLO entre Ministério da Defesa Nacional e CMPV assegura abastecimento público de água ao bairro de Santa Rita por mais dois anos. cessários à conservação da rede de distribuição e a realizar regularmente testes que afiram a qualidade da água fornecida. Por sua vez, a Câmara Municipal da Praia da Vitória (CMPV) prevê construir nos próximos dois anos uma nova rede de abastecimento de água para substituição da atualmente existente. O projeto da nova rede

de distribuição de água a Santa Rita está orçado em dois milhões de euros, sendo cofinanciada em 85% por fundos comunitários (Plano Operacional 2020) e os restantes 15% por dinheiros do Governo da República. O projeto da CMPV compreende não só a substituição da rede militar de abastecimento por uma rede civil, como prevê o encerramento

do furo “Juncal 2”, em estado de sobre-exploração e com intrusão salina, como cria ainda, redundância nos furos de abastecimento de água para consumo humano próximos de áreas contaminadas, garantindo a total fiabilidade a médio e longo prazo, e, afastando por completo qualquer risco de contaminação futura da água para abastecimento público. Intervindo após a assinatura do protocolo, Tibério Dinis, classificou o momento de “histórico” por ser a primeira vez que o Estado português assume responsabilidades nesta matéria. “Ao Estado Português, antes tarde do que nunca, e no futuro não se atrasem mais”, disse. Não obstante, o edil considerou o protocolo que acabava de assinar uma “minudência” face às questões estratégicas pela frente, reclamando da República maior envolvimento em domínios como a descontaminação da ilha Terceira. “No limite, [a CMPV] é a responsável absoluta por qualquer problema que venha a surgir no abastecimento de água para consumo humano. Neste sentido, reivindicamos firmemente ao Estado português o pleno direito de incluirmos as Reuniões Bilaterais entre Portugal e os Estados Unidos da América”, apelou. O autarca praiense fez questão ainda de recordar ao ministro da Defesa a reivindicação da Câmara Municipal de aproveitamento civil do molhe norte da baía da Praia, assim como da respetiva área anexa à mesma. JP/Foto: CMPV•


JP | SAÚDE

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o Cantinho do Psicólogo 184

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terceiro equilíbrio a procurar e desenvolver para se esquivar ao stress posiciona-se entre tarefas demasiado fáceis, e tarefas demasiado Aurélio Pamplona difíceis. E, à seme(a.pamplona@sapo.pt) lhança dos equilíbrios já referidos, o esforço dispendido com a construção deste equilíbrio é compensado com a precaução contra o mau desempenho, e consequentemente com o alívio do stress. É que na vida torna-se fundamental sermos um pouco como as raposas matreiras que são capazes de trabalhar para escolher locais para viver, em que há alimentação abundante, sabem guardar comida em diversos esconderijos de forma a se protegerem e nada lhes faltar, e lembram-se de todos esses locais quando necessitam. Entretanto existem outros hábitos das raposas que o homem não deve seguir, antes pelo contrário, como sejam a redução da vida social, em que se verifica o evitamento do encontro com outros indivíduos da espécie, a não ser nos curtos períodos de acasalamento e reprodução, e a sua manhosice, visto que importa é sermos abertos, inofensivos e benignos. Quanto ao equilíbrio perfeito entre aqueles dois extremos, e toda a felicidade e realização que o acompanha, a que Spurlin (2017) atribui a designação de fluxo, isto acontece quando a pessoa é capaz de tomar medidas apropriadas para conseguir um certo ajustamento. De acordo com o mesmo autor es-

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Raposa Matreira sas medidas são as seguintes: (1) encontrar meios de transformar tarefas aborrecidas ou pouco desafiadoras em situações incitadoras, através da descoberta das ferramentas que as agilizem, ou tornando-se um perito na sua execução; (2) aumentar a consciência da relação que existe ao nível das suas responsabilidades entre aptidões e desafios, de forma a mais facilmente assumir o controle do fluxo que se experimenta em cada dia que passa; (3) obter a ajuda de um ou mais peritos, que possam

(2017), defendem que a chave para alcançar altos níveis de desempenho e produtividade é desenvolver o hábito vitalício de abordar todas as manhãs e em primeiro lugar a principal tarefa, e só depois se dedicar a tarefas mais secundárias. Importa assim a pessoa empenhar-se rapidamente nas tarefas difíceis, porque quanto mais tempo elas permanecerem no “nosso prato”, mais difícil se torna a execução do que se receia. É o que se chama de “engulir um sapo” antes de fazer qualquer outra coisa, e sem

portante. Ou seja, deve-se desenvolver a rotina de “comer o sapo” logo de manhã, antes de qualquer coisa e sem levar muito tempo à volta disso. Isto, e o estabelecimento de prioridades logo de manhã, constitui mesmo uma medida mental e física a defender e manter. Seja bom na execução de tarefas, e não se fie no que disse o nosso glorioso Camões (1524 1580), quando afirmou espantado na sua esparsa sobre o «desconcerto do mundo» que «os bons vi sempre passar, no mundo graves tormentos», e «os maus vi sempre nadar em mar de contentamentos», porque aqueles habitualmente atingem os seus objectivos, e estes acabarão, certamente, por “partir a cabeça”. Possivelmente o nosso gloriosos poeta, apesar do reconhecido mérito da sua poesia, foi influenciado pela realidade da sua vida, que lhe trouxe graves problemas e até azares. Enfim, talvez seja a altura de passarmos a explicar no próximo Cantinho outro equilíbrio a estabelecer para evitar o stress, e que tem a ver com ser demasiado calmo, e ser muito barulhento.

aconselhar procedimentos ou sugerir opções a tomar para reduzir os desafios; e (4) desenvolver certas aptidões que o façam tornar-se verdadeiramente útil para a organização em que se trabalha. Uma das decisões mais importantes que se toma em cada dia é a escolha do que fazer imediatamente e do que se fará mais tarde. E por isso alguns autores, nomeadamente Tracy

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se demorar demais a pensar nisso. Ainda segundo o autor o sucesso na vida e no trabalho é determinado pelos tipos de hábitos que desenvolve ao longo do tempo. O hábito de estabelecer prioridades, e de superar procrastinação, ou seja, a mania de adiar a execução de tarefas para o dia seguinte é fundamental, bem como se empenhar na continuação em cada dia da sua tarefa mais im-

Referências: Spurlin, S. (2017). Salvado em 15 Jul. de Fonte: Empowering the Creative Community. Tema: Focusing. Website: http://99u. com/articles/18486/not-toohard-not-too-easy-finding-flow-in-your-work Tracy, B. (2017). Eat that frog. Broadway, Oakland, CA.: Berrett-Koehler Publishers.

Foto: L. Pamplona•


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ENSINO | JP

PORTUGAL SKILLS 2018

ANA COELHO, COZINHEIRA D’OURO Em representação da Escola Profissional da Praia da Vitória, Ana Coelho, trouxe pela primeira vez para os Açores a medalha de ouro na profissão de Cozinha no Campeonato Nacional das Profissões.

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pós 4 dias de exigentes provas, constituídas por dez módulos temáticos, Ana Coelho, aluna do 3.º ano do curso de Cozinha da Escola Profissional da Praia da Vitória (EPPV), sagrou-se campeã nacional na profissão de Cozinha no Campeonato Nacional das Profissões - Portugal Skill 2018, que decorreu no passado mês na cidade alentejana de Beja. Foi a primeira vez na história deste concurso que a medalha de ouro na profissão de cozinha viajou até aos Açores. Antes de lá chegar, a jovem lajense de 19 anos, passou pela fase regional, onde conjuntamente com os colegas Leandro Correia em Mesa/Bar; Diogo Rocha, Pastelaria; Tânia Silva na Receção Hoteleira e Nuno Azevedo na Programação Informática, se qualificaram como campeões regionais para a fase final da competição. Na fase final participaram ainda como jurados e em representação da EPPV, os chefes de Cozinha e Pastelaria, Raúl Sousa e Luís Coelho. Os Campeonatos das Profissões são encontros onde os jovens têm oportunidade de competir entre si, pretendendo-se, com a sua realização, estimular os jovens para a obtenção de uma qualificação profissional e para a manutenção do gosto pelo trabalho, numa lógica que favoreça a formação ao longo da vida, tendo em vista a sua realização socioprofissional e selecionar os melhores candidatos nas profissões

em competição. Ao JP Ana Coelho, afirma que apesar do ambiente de enorme “pressão” pela responsabilidade e exigências do mesmo, “foi uma sensação muito boa esta participação, até porque me sentia preparada”, já que depois da vitória na competição regional, durante um mês, trabalhou intensivamente com o Chefe Raúl Sousa tendo em vista esta fase nacional. Ao longos dos quatros dias de prova, Ana Coelho assim como os restantes 11 concorrentes em prova tiveram que confecionar um total de 12 pratos: consomé; sobremesa e pré-sobremesa; entrada quente de peixe; entrada de ovo lacto vegetariana; “finger food”; prato de frango; magret de pato; creme; prato de pasta; salada composta e sanduiche. Sublinha a agora campeã nacional, que em todos estes pratos é necessária uma particular atenção com aspetos como a “organização do trabalho, a higiene, o empratamento e o sabor”, pois são eles que marcam a diferença e determinam o vencedor. No que diz respeito aos diversos pratos, Ana Coelho confessa, que o que mais receou foi a confeção do magret de pato, mas e afirma: “acabou por correr bem porque sensivelmente uma semana antes do concurso, o prato foi abordado na turma pelo Chefe Patrick e permitiu-me estar mais à vontade”. No senti-

ANA COELHO partilha conquista com EPPV e os chefes José Oliveira, Luís Coelho e Raúl Sousa. do inverso, adianta que a prova que executou com maior confiança foi a sobremesa para de imediato revelar “de uma maneira geral gosto de cozinhar qualquer prato, mas especialmente pratos de peixe”. Embora campeã nacional e a terminar o curso de cozinha no próximo mês de maio, Ana Coelho, não recebeu até à data desta reportagem qualquer convite de trabalho por parte de empresários do setor, no entanto, a jovem sente-se naturalmente orgulhosa do patamar alcançado e confia que no futuro grande portas de oportunidade se abrirão. Nesse sentido e consciente dos grandes desafios que se colocam à Cozinha atual em constante evolução, predispôs-se a continuar a aprender e aperfeiçoar-se acalentando o so-

nho de trabalhar ao lado de grandes chefes de Cozinha. Por fim, a cozinheira de ouro faz questão de evidenciar que esta conquista só foi possível graças à excelência do projeto formativo da EPPV, e à competência dos Chefes José Oliveira, Luís Coelho e Raúl Sousa, os quais são também parte integrante desta conquista, “foi a qualidade dos seus ensinamentos que me permitiram chegar onde acabei por chegar”, garante Ana Coelho. Para além da medalha de ouro de Ana Coelho, a EPPV também arrecadou a medalha de prata na profissão de Mesa/Bar no Portugal Skills 2018, título alcançado pelo formando Leandro Correia. JP/Fotos: Rui Soua e EPPV•

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TALHO BORBA & MENDES


JP | DESTAQUE

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SUCESSO DO “KANAL DAS DOZE”, EXPLICA-SE PORQUE

“O POVO QUER VER O POVO!” Depois de 25 anos como colaborador do Rádio Clube de Angra, Hildeberto Franco, dedica os seus tempos livres a produzir e manter o “Kanal das Dozes”. Um exemplo de sucesso assento em direterizes simples, mas comprovadamente eficazes.

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ançado a 06 de agosto de 2012, o “Kanal das Doze”, inicialmente designado “Doze Ribeiras TV”, constitui hoje, uma referência no panorama audiovisual da ilha Terceira. Das touradas à corda, às danças, bailinhos e comédias de Carnaval, das manifestações religiosas às festividades profanas, não esquecendo os testemunhos de gente simples e anónima que são autênticas lições de vida – tudo lá está – “liga aí pró ‘Kanal das Doze’!”. Por detrás deste autêntico fenómeno de audiências, que o coloca como um dos canais da plataforma MEO mais vistos do país, com uma média de visualizações diárias que oscilam entre as 1.600 e as 2.100, conforme a época do ano, está Hildeberto Franco. Este homem de 50 anos, funcionário público, natural e residente nas Doze Ribeiras, dedica grande parte dos tempos livres a produzir de corpo e alma os diversos conteúdos que constituem a programação do “Kanal das Doze”. Todos com um dominador comum – o sentir de um povo. Ao nosso contato para a presente entrevista, Hildeberto Franco, anuiu de imediato e com a simplicidade, genuinidade e disponibilidade que se lhe reconhece – a mesma que o leva a prestar um autêntico serviço público de televisão – concedeu-nos a entrevista que passamos a apresentar: Jornal da Praia (JP) – Como surgiu a ideia de lançar o “Kanal das Doze”? Hildeberto Franco (HF) – Fiz rádio PUB

durante 25 anos. Deixei de o fazer há cerca de 8 anos. Tinha decidido deixar a rádio durante um ano, para descansar e repensar se iria continuar, depois disso senti necessidade de fazer algo parecido com o que fazia anteriormente. A Meo passou a TV por cabo nas Doze Ribeiras, permitindo a criação do dito Meo Kanal e experimentei a funcionalidade. Tudo isto como passatempo, pois esta área não era a minha profissão. E pronto, assim nasceu a 12 Ribeiras TV que, depois de um ano passou a denominar-se Kanal das Doze por influência do povo que dizia: “Liga aí pró ‘Kanal das Doze’!”. JP – Quando se lançou neste desafio, quais foram as suas principais motivações? HF – Trabalhar para o povo, divulgando a nossa gente e a ilha Terceira. Sabia que tínhamos muitos artistas escondidos por falta de oportunidade de serem divulgados. Contadores de histórias excelentes que estavam quietos nos seus cantinhos. JP – O “Kanal das Doze” é um dos mais vistos a nível nacional na plataforma MEO e o mais visto nos Açores. Há quem assegure que é mais visto do que a RTP Açores. Em seu entender, a que se deve este sucesso? HF – Simples! O povo quer ver o povo! Nada mais do que isto. São diretrizes que as televisões regionais deveriam ter tido há muitos anos. Mais vale cobrirmos bem a área onde vivemos e aquela para a qual temos condições do que cobrir mal as áreas onde não

HILDEBERTO FRANCO assegura que enquanto Deus lhe der forças, condidas no tempo” e apresentá-las no seu “Kanal das Doze”. temos capacidade para o fazer. JP – O “Kanal das Doze” apresenta uma programação essencialmente assente na divulgação das festas e tradições da ilha Terceira, que vão das manifestações religiosas como as procissões, ao carnaval, às cantorias, festas de freguesia e claro touradas à corda. Além disso, apresenta ainda algumas rúbricas/programas residentes, como o “De-Re-Pento”,

“Dois Dedos de Conversa”, “Curtas e Grossas”, “Filósofos da Terra”, etc. Pretende com estas rúbricas/programas criar uma marca identitária do “Kanal das Dozes” que o distinga de outros canais com uma programação semelhante? E neste âmbito existe no horizonte o lançamento de novas rúbricas/programas? HF – Cada Kanal na Meo tem a sua característica. Aqueles que divulgam a ilha Terceira não fogem à regra.


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DESTAQUE | JP

”, DIZ HILDEBERTO FRANCO têm como sabemos, utilizadores de todo o mundo. Tendo em conta este universo, as visualizações no Youtube são tão satisfatórias quanto os da MEO? – E em concreto, estamos a falar de que ordens de grandeza em ambas as plataformas? HF – Todas são satisfatórias, tendo em conta a via que utilizam e o número de pessoas que tem acesso a cada uma delas. Nunca deixarei a Meo em detrimento do Youtube. Diariamente na Meo se a média diária é de 1.600 visualizações, já no Youtube ando na média das 4.300 visualizações. Conclusão, as duas plataformas, por dia, andam nas cerca de 6.000 visualizações.

, irá continuar “a descobrir histórias que estavam esquecidas e esComo tal, o Kanal das Doze não é melhor, mas tenho a noção que é diferente de todos os outros, como todos os outros são diferentes entre si. Quanto às rubricas, essa organização e filosofia de programação vem do tempo do Rádio Clube de Angra. Uma verdadeira escola na altura, com aqueles que sabiam de rádio na realidade. Para já não tenho no horizonte novos espaços. Continuar a melhorar cada vez mais os existentes. JP – Dos mais diversos conteúdos PUB

que vai produzindo para o canal, qual ou quais, os que mais gosta de fazer? HF – Gosto de fazer todo o tipo de trabalhos, isto devido à natureza de cada um. Essa diversidade torna cada filmagem sempre diferente e agradável. Por isso não posso dizer que gosto de filmar mais este ou aquele evento. JP – Para além da plataforma MEO, de âmbito nacional e restrito a um operador, o “Kanal das Doze” também está presente no Youtube, que

JP – Enquanto no Youtube as visualizações são rentabilizadas, na MEO isto não acontece. Quando optou pela inclusão de clips publicitários nos seus vídeos, foi no sentido de tirar alguns dividendos com uma atividade que lhe ocupa muito naturalmente imenso tempo, ou foi na perspetiva de angariar fundos que lhe permite ter mais e melhores equipamentos e por conseguinte elevar ainda mais a qualidade do serviço que presta? HF – Muito embora a rentabilização do Youtube tenha tido uma quebra grande com as novas regras do site para 2018, na Meo os apoios que tenho foram dados por iniciativa dos mesmos. Não fui à procura de nenhum. Tenho inclusive recusado muitos outros porque não quero maçar as pessoas com este tipo de vídeos. Tenho 3 apoios, estando previsto o quarto e último que é a Câmara Municipal de Angra e não quero mais. Os equipamentos, claro que os adquiro com estes apoios. O meu salário não me dá capacidade para isso. As nossas máquinas de filmar e materiais necessários são todos de segunda-mão… (risos).

JP – O Hildeberto mantém este canal praticamente sozinho, desempenhando diversas funções, que vão da filmagem, à redação dos textos, à locução, à edição de vídeo e por ai fora. Como concilia toda esta carga de trabalho referente às mais diversas funções com a sua vida familiar e profissional? HF – Para mim é fácil. Saio do serviço às 16 horas. De segunda a sexta entre as 16 e as 18 horas faço as minhas gravações e trabalho-as à noite na mesa da cozinha. Aos sábados posso fazer uma gravação ou outra. Não é sempre! Muitas das vezes, conforme o evento, a família também vai comigo. Ao domingo, tirando algumas exceções, não faço trabalhos. Desde à um ano e meio a esta parte que tenho um amigo nos Biscoitos, o Luís Sousa que colabora comigo fazendo filmagens também. Começou numa brincadeira, a gravar uma coroação. Ele tomou “o gosto à coisa” e nunca mais parou. Permite-nos chegar a mais eventos a mais sítios da ilha. Onde virem o Luís Sousa a filmar vêm o Kanal das Doze. JP – Para finalizar, enquanto produtor do “Kanal das Doze”, têm algo a acrescentar ou a sublinhar e que não foi abordado nesta entrevista? HF – Nada de especial! A certeza de que, enquanto Deus quiser, vamos continuar a filmar onde nos quiserem receber! Continuando a conversar com a nossa gente e a descobrir histórias que estavam esquecidas e escondidas no tempo. JP•


JP | SOCIEDADE

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IMPÉRIO DA CARIDADE RECEBE DOAÇÕES SIGNIFICATIVAS DE EMIGRANTES Entre mesas, cadeiras, coroa e bandeiras, comunidade emigrante faz doação ao Império da Caridade estimada em cerca de 30.000 dólares.

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á cerca de dois anos o Império da Caridade nas Figueiras do Paim, atravessou uma fase particularmente difícil chegando-se inclusivamente a equacionar a hipótese de “fechar a porta”. Valeu na ocasião, a determinação de Carlos Parreira e do enfermeiro António Borges, atual presidente da Junta de Freguesia de Santa Cruz, que em Assembleia Geral arrecadaram com a arrojada missão de reunir uma equipa e devolver ao império das Figueiras do Paim o papel de relevância que no passado assumiu no contexto festivo praiense, ao ponto de por largos anos, as suas festividades serem consideradas pelos praienses como as suas festas e vistas pelos de fora como as festas da Praia. “Tivemos a felicidade de reunir uma excelente equipa, constituída por elementos muito válidos e trabalhadores e graças ao seu trabalho

CARLOS PARREIRA sublinha que apoio da comunidade emigrante têm sido essencial na nova dinâmica do Império da Caridade das Figueiras do Paim. e ao apoio valiosíssimo dos nossos emigrantes, amigos do império das Figueiras do Paim, temos vindo a

suprir algumas necessidades que se apresentavam prementes”, diz Carlos Parreira à nossa reportagem. Efetivamente, o Império da Caridade acaba de receber 30 mesas e 250 cadeiras, num valor estimado de cerca de 16.000 dólares, doadas por um grupo de emigrantes amigos do Império da Caridade das Figueiras do Paim, no qual encontramos, não só naturais da Praia da Vitória como também gente de São Miguel. Segundo Carlos Parreira, “esta doação vem colmatar uma carência muito importante deste império. Quando cá chegamos o império tinha apenas 6 mesas e uma dúzia de bancos e agora graças à generosidade destes grandes amigos do Império e da Praia – é preciso dizê-lo – nós estamos muito melhor apetrechados”.

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Ainda com origem na comunidade emigrante, mas desta vez a título individual e no seguimento de promessas, o império recebeu uma nova coroa de seis arcos e duas novas bandeiras. O irmão Francisco Borges, ofereceu uma coroa adquirida na própria ilha e Armando Costa e outro irmão que prefere o anonimato ofereceram mais duas bandeiras que vem aumentar o património de insígnias deste histórico Império. Destaque também para o facto de nos últimos dois anos, ser a comunidade emigrante nos Estados Unidos e no Canadá a patrocinar o pão do bodo que anualmente o império distribui aquando das festividades em louvor do Divino do Espírito Santo, que ocorrem no último domingo de setembro de cada ano. Já o vinho, tem sido oferecido também nos últimos dois anos, “por outro grande amigo do Império da Caridade, o Sr. Carlos Samora, da Companhia das Lezírias”, afirma Carlos Parreira. A nova dinâmica impulsionada pelos atuais mordomos tem levado a uma participação cada vez maior da comunidade nas festividades anuais, as quais, vinham a definhar há alguns anos. A este valioso trabalho, junta-se o apoio da comunidade emigrante e assim augura-se promissores ventos para o Império da Caridade. JP•

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IGREJA | JP

DIOCESE DE ANGRA

ERIBERTO BRASIL ORDENADO DIÁCONO Natural das Cinco Ribeiras, Eriberto Brasil, 71 anos, desempenhou durante a década de 80 as funções de chefe de redação do Jornal da Praia.

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m dia da Imaculada Conceição, 08 de dezembro, foram ordenados pelo bispo de Angra e ilhas dos Açores, D. João Lavrador, no Santuário mariano de Nossa Senhora da Conceição, em Angra do Heroísmo, dois novos diáconos. Eriberto Brasil e Henrique Lima, ambos naturais da ilha Terceira, são os dois mais recentes diáconos da diocese de Angra e desenvolverão o seu ministério na ilha Terceira. Eriberto Brasil, 71 anos, natural da freguesia das Cinco Ribeiras, concelho de Angra do Heroísmo, durante a década de 80 foi um importante colaborador redatorial deste quinzenário, tendo inclusivamente desempenhado as funções de chefe de redação por largos anos, sucedendo Eduardo Ferraz da Rosa. Em declarações ao portal Igreja dos Açores, Eriberto Brasil disse que irá “dar continuidade ao trabalho que tenho vindo a desenvolver na comunidade, agora em funções mais implicadas com a liturgia mas PUB

sempre de olhos postos no trabalho social”. “A caridade é muito importante e não falo só dos aspetos materiais” acrescentou o diaconado. “O serviço aos mais pobres é uma parte essencial do trabalho do diácono, para além da celebração da palavra e da animação das comunidades”, afirma lembrando que olha para esta ordenação com apreensão mas também “com uma enorme satisfação” pois “é o culminar de um caminho traçado”. “Dentro das minhas limitações humanas, podem contar comigo” precisou destacando a “responsabilidade que é o exercício deste ministério”. O Jornal da Praia muito se orgulha deste novo diácono, não podendo deixar de congratular o diácono Eriberto Brasil por tão nobre e dignificante nomeação assim como facilitar a sua família e a Diocese de Angra. IA/JP•


JP | EDITORIAL & OPINIÃO UMA REVISÃO “SINE DIE” Um dos grandes problemas da humanidade é a incoerência e por cá há muita ….

Tribunal da Praia mais pobre

s prioridades do povo, nomeadamente dos pobres, no que toca ao acesso à justiça de proximidade, torna-se incapaz de cumprir os objectivos constitucionais com a extinção dos dois Juízos da Praia da Vitória e a sua conversão num único Juízo Genérico, passando a Família e o Trabalho para o novo Juízo Misto a instalar em Angra do Heroísmo, e é nosso dever manifestar a nossa revolta quando se atira tais pretensões justas para o caixote do lixo da história, estas políticas inconsistentes estão na origem do alheamento do povo aos políticos e aos governantes que persistem por vezes em políticas antipopulares. A economia e o desenvolvimento da cidade da Praia da Vitória e do seu concelho, sofreu um duro golpe com a redução dos trabalhadores da Base das Lajes, que notoriamente se espelha no movimento citadino. A anunciada redução das competências funcionais do Tribunal da Praia para o próximo mês de Setembro, agravará ainda mais a vida do concelho e da cidade, prejudicando gravemente a população, dificultando e onerando o acesso à justiça e aos tribunais. O novo Juízo de Família, Menores e Trabalho deveria ser instalado no Palácio da Justiça da Praia da Vitória, pois para além de reunir todas as condições de funcionamento, não empobrecia o concelho, coartando-se a sua importância, e colocando-se a justiça longe da compreensão das pessoas e das suas necessidades, pois só a justiça de proximidade relativa à família, às crianças, aos jovens e às questões laborais, cujo as audiências implicam na maior parte das vezes a deslocação ao espaço do tribunal, das partes, dos peritos, de um número elevado de testemunhas, sabendo-se de antemão que a maior parte das pessoas envolvidas nestes litígios têm fracos recursos económicos, tornando-se um verdadeiro flagelo a sua deslocação à vizinha cidade de Angra. Por isso seria justo, equitativo que o novo Juízo Misto de Família, Menores e Trabalho não fosse instalado em Angra do Heroísmo, mas na Praia da Vitória que ultimamente tem sido afectada pela perca de importantes mais-valias, aumentando as dificuldades, impedindo o progresso. Os tribunais são nas modernas sociedades, instituições fundamentais para a defesa de direitos, para o desenvolvimento económico, podendo desempenhar um papel relevante na criação de uma sociedade mais democrática, mais próspera e mais inclusiva. A Câmara Municipal, a Assembleia Municipal, as Juntas de Freguesia e as Assembleias de Freguesia estão ainda a tempo de constituir um grupo de trabalho para junto do Governo da Republica, do Presidente da Republica e do Governo Regional acompanhar, lutar e influenciar para que a decisão da criação do referido Juízo Misto seja instalado na Praia da Vitória, “é por isso fundamental desenvolver ou reforçar medidas que eliminem constrangimentos económicos, sociais e ou geográficos no acesso aos tribunais e que resolvam o problema dessa ineficiência da justiça”.. O Diretor Sebastião Lima diretor@jornaldapraia.com

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“VOLTANDO À VACA FRIA” (II)

E DITORIAL

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A revisão de 1982 procurou diminuir a carga ideológica da Constituição, flexibilizar o sistema económico e redefinir as estruturas do exercício do poder político, sendo extinto o Conselho da Revolução e criado o Tribunal Constitucional.

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José Ventura*

a História de Portugal Republicano, viveram os portugueses duas Repúblicas, estando vivendo a III. A I entre Outubro 10910/ Maio de 1926, a II entre Maio/1926/Abril/1974 cujo Estado denominar-se-ia de “Estado Novo” que subsistiu 41 anos sem interrupção, até ao seu derrube pela Revolução de 25 de Abril de 1974 que trouxe ao mundo a sua III República dita de democrática. Essa, no decurso dos 42 anos de existência, já fez da sua Constituição, objecto de sete revisões, três das quais sobre questões estruturais e quatro mais curtas, relacionadas com a adesão a tratados internacionais. Nunca demais no trabalho que nos propusemos elaborar, percorrer o caminho das mencionadas revisões constitucionais aprovadas pela Assembleia da República Portuguesa. Tenhamos em conta a importância do acto pois que, sendo a Constituição uma Lei, não é como as outras ali aprovadas, mas tendo em conta que é sim a lei fundamental e básica da nação. A Constituição da República Portuguesa, aprovada a 2 de Abril de 1976, dotou a Assembleia da República de poderes de revisão constitucional, exercidos pela primeira vez num longo processo de revisão do seu articulado inicial, (que decorreu entre Abril de 1981 e 30 de Setembro de 1982) o qual reflectia as opções políticas e ideológicas decorrentes do período revolucionário que se viveu com a Revolução dos Cravos. PUB

Em 1989 teve lugar a 2.ª Revisão Constitucional que deu maior abertura ao sistema económico, nomeadamente pondo termo ao princípio da irreversibilidade das nacionalizações directamente efectuadas após o 25 de Abril de 1974. As 3ª e 4ª Revisões em 1992 e 1997, vieram adaptar o texto constitucional aos princípios dos Tratados da União Europeia, Maastricht e Amesterdão, consagrando ainda outras alterações referentes, designadamente, à capacidade eleitoral de cidadãos estrangeiros, à possibilidade de criação de círculos uninominais, ao direito de iniciativa legislativa aos cidadãos, reforçando também os poderes legislativos exclusivos da Assembleia da República. Em 2001 a Constituição foi, de novo, revista, a fim de permitir a ratificação, por Portugal, da Convenção que cria o Tribunal Penal Internacional, alterando as regras de extradição. A 6.ª Revisão Constitucional, aprovada em 2004, aprofundou a autonomia político-administrativa das regiões autónomas dos Açores e da Madeira, designadamente aumentando os poderes das respectivas Assembleias Legislativas e eliminando o cargo de “Ministro da República”, criando o de “Representante da República”. Foram também alteradas e clarificadas normas referentes às relações internacionais e ao direito internacional, como, por exemplo, a relativa à vigência na ordem jurídica interna dos tratados e normas da União Europeia. Foi ainda aprofundado o princípio da limitação dos mandatos, designadamente dos titulares de cargos políticos executivos, bem como reforçado o princípio da não discriminação, nomeadamente em função da orientação sexual. Em 2005 foi aprovada a 7.ª Revisão Constitucional que através do aditamento de um novo artigo, permitiu a realização de referendo sobre a aprovação de tratado que vise a construção e o aprofundamento da União Europeia

Entre essa última e a presente data, decorre um espaço de 13 anos (número fatídico quiçá profético) que emperrou as propostas de revisão apresentadas à Assembleia da República por vários quadrantes políticos, no número de dez (duas mãos cheias). Aqui, e para quem acredite em presságios, é de pensar o que para além da intempestiva intervenção da troika em Portugal e, as eleições antecipadas em 2011, levou a que depois de 18 meses de honorários pagos aos 23 Deputados nomeados para a Comissão Eventual constituída para a 8ª Revisão Constitucional (no valor mínimo de 1.490.400,00 €), tudo ficasse em “águas de bacalhau”. Para a história do parlamentarismo português, ficou em “borrão” “A revisão constitucional que nunca aconteceu”. Infelizmente em todo esse processo, a participação dos Açores foi paupérrima, tendo-se resumido à Resolução nº 17//2010/A - Extinção do cargo de Representante da República. (da qual respingamos) …. “Assim, a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores resolve, nos termos do n.º 3 do artigo 44.º do Estatuto Político -Administrativo da Região Autónoma dos Açores, com a redacção que lhe foi conferida pela Lei n.º 2/2009, de 12 de Janeiro, aprovar a seguinte resolução, formalizando a posição do Povo Açoriano nas seguintes matérias: Artigo 1.ºA próxima revisão da Constituição da República Portuguesa deve consagrar a extinção do cargo de Representante da República para as Regiões Autónomas. Artigo 2.º O plenário da Assembleia Legislativa encarrega a comissão permanente de elaborar e aprovar um articulado em concretização do disposto no artigo anterior, devendo remetê-lo, no prazo de 15 dias contados da data de aprovação da presente resolução, à Assembleia da República, e em especial aos deputados eleitos pelo círculo eleitoral dos Açores, visando a sua consagração no processo de revisão da Constituição”. Sobre o que entendemos dever ser encarado como reivindicação açoriana quanto a uma próxima revisão constitucional, fá-lo-emos no nosso próximo artigo. Só lamentando não poder seguir a expressão empregue em linguagem popular, de ser “curto e grosso”. O tema, a referência a todos os intervenientes e situações sociopolíticas, precisa de espaço. Até lá! Por opção, o autor não respeita o acordo ortográfico. (*)


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OPINIÃO | JP

CRÓNICA DO TEMPO QUE PASSA (XXV)

ORFEÃO DA PRAIA NAS BODAS DE PRATA O Orfeão vem marcando assinalável presença em muitas cerimónias que tem abrilhantado...

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António Neves Leal

uando há 25 anos, me inscrevi como coralista com seis anos de participação no naipe dos baixos, estava longe de pensar que estaria hoje a celebrar um quarto de século, aqui sentado à mesa da confraternização com vários amigos e colegas. Os começos do grupo não foram tempos fáceis. Os pioneiros ou cabouqueiros deste projecto sabem por experiência pessoal todos os sacrifícios, mudanças de sede e imprevistos de última hora que tivemos de superar por amor à arte e sem ferir o respeito pelos familiares e o público. Muita dedicação, compreensão, generosidade, disciplina e camaradagem rechearam tantos anos hoje recordados, com altos e baixos, é certo, mas sempre com vontade de atingir o belo e fazer o melhor para o colectivo que justificava os nossos dois encontros semanais. E nada mais apropriado, para o início das comemorações desta efeméride jubilosa, do que a Missa das

17.30 horas, que foi cantada, no passado dia 10 de março pelo Orfeão da Praia da Vitória com o belo acompanhamento da Filarmónica da vizinha Vila das Lajes, cujo trabalho conjunto conferiu merecida solenidade numa simbiose muito agradável, proporcionando momentos de elevação a que não ficaram alheias as muitas pessoas que encheram toda a nave central da Matriz praiense. O próprio celebrante, na homilia, não deixou de felicitar o grupo aniversariante como sempre fez nos anos anteriores, frisando a dedicação e o papel que ele tem desempenhado para a projecção do nome da nossa terra e, particularmente, do concelho e cidade da Praia da Vitória. E todo esse trabalho à custa de tantos sacrifícios familiares e dos escassos tempos livres dos seus membros, dos que lá estão, por lá passaram e dos infelizmente já falecidos. Terminada a Missa de acção de graças, os orfeonistas e convidados dirigiram-se ao “Restaurante Sabores do Atlântico”, no qual foi servido o jantar comemorativo das bodas de prata. Nele participaram cerca de cinquenta pessoas. Para além dos coralistas e alguns familiares, compareceram o vereador da cultura em representação da Câmara Municipal da Praia da Vitória, o presidente da Junta de Freguesia de Santa Cruz , a primeira directora musical do Orfeão e o provedor da Santa da Misericór-

dia, ambos elementos da comissão instaladora.

sos idiomas e com apreciável rigor linguístico.

Foi graças a essa comissão, reunida no dia 6 de março de 1993, que se fundou o Grupo Polifónico do Ramo Grande, numa terra com antiga, longa e rica história de ralizações musicais. Era constituída por D. Fátima Gonçalves, Dra. Luísa Alcobia, Dr. Cota Moniz, Pe.Dr. Costa Freitas e Francisco Ferreira.

O Orfeão vem marcando assinalável presença em muitas cerimónias que tem abrilhantado, tais como Encontros de Coros, efemérides importantes, festividades religiosas e profanas, Semanas Culturais, Congressos, etc.», como vem registado no meu livro (Sementeira de Sons, págs.191-192), publicado em 2006 e tão bem abrilhantado pelo nosso orfeão no dia do seu lançamento no Salão Nobre da Edilidade praiense.

Após a “certidão de nascimento” , assinada pelos cinco subscritores, iniciaram-se os trabalhos de selecção das vozes, seguidos de dois ensaios semanais que se efectuavam na Ermida dos Remédios, sede provisória do orfeão, durante quatro anos. «Com o o seu crescimento, os ensaios de conjunto passaram a ter lugar na Igreja do Santo Cristo, até que foi possível ocupar a primeira sede, com a compreensão e boa vontade de várias entidades, merecendo especial realce a Câmara Municipal da Praia da Vitória, a Junta e Paróquia de Santa Cruz, a Santa Casa da Misericórdia e o Lar D.Pedro V. O programa da primeira actuação, por ocasião das Festas maiores do Concelho, incluía uma Rapsódia Popular Portuguesa, vários temas de música açoriana e um espiritual negro. Desde então, o reportório continuou sempre muito variado no espaço e no tempo, utilizando diver-

A este respeito, a Presidente da Direcção, D. Duriana Meneses, enumerou no seu discurso várias participações e as localidades onde o orfeão se apresentou, tendo destacado as seguintes: Comemorações da elevação da Praia da Vitória a Cidade, Santa Maria da Feira (a primeira fora dos Açores), 500 Anos da elevação da Praia da Graciosa a Vila, Expo 98, Celebrações do meio milénio da fundação da Matriz das Velas, S. Jorge; Concertos pedagógicos em todas as freguesias do concelho praiense; Palácio da Independência de Portugal, em Lisboa e concertos em Aveiro, Estarreja, Vale de Cambra, Mira e Eirol, Bombarral, Alpiarça, Madeira, Resende, Espanha e Itália. Foi nas duas deslocações a este último país que o orfeão teve a sua grande consagração e se guindou (Continua na página seguinte)

A TAUROMAQUIA ANIMA A ILHA As corridas de toiros foram sempre festejos que se realizaram para comemorar datas solenes e também em benefícios dos mais necessitados. de aguerridos e garbossos toureiros do seu tempo. Eu próprio levo a presenciar há 60 anos tanto em corridas de toiros na praça, como no lindos arraiais terceirenses, e nas vizinhas ilhas de São Jorge e Graciosa.

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Silveirinha

s corridas de toiros foram sempre festejos que se realizaram para comemorar datas solenes e também em benefícios dos mais necessitados. Houve até épocas em que as touradas se deram no final de festas religiosas, como a Páscoa, dia do Corpo de Christi, procissões de São João, etc. Ainda hoje na Terceira as freguesias promovem depois das solenidades aos seus padroeiros, as famosas cantorias ao desafio, noites de fados – tudo o costumes nossos - incluindo as afamadas touradas à corda. Recordamos que todas estas tradições nos foram legadas pelos nossos maiores, como por exemplo o último Capitão-General Conde de Vila Flor, que residindo na Terceira no tempo das lutas liberais, foi admirável cavaleiro no conjunto

De toda esta pujança da festa taurina ao longo destes anos, ficaram-me corridas que considero as melhores que vi, como um dia pelas Sanjoaninas na praça de São João um dos primeiros curros do ganadero Manuel de Almeira Jr. em 1968. E logo de seguida, também na praça de São João pelas festas da Cidade, como se chamavam do afamado ganadero José de Castro Parreira em 1971. Depois mais à frente assiti a uma corrida sensacional, a primeira corrida das primeiras festas da Praia da Vitória em praça desmontada com toiros do ganadero José Linhares da Silva Tomás, que nesse ano, importou ao ganadero continental José Infante da Câmara de 1978. Sempre neste meu conceito de ver toiros, passados uns anos, vi a corrida de toiros de inauguração da praça Ilha Terceira, dia também da alter-

nativa de João Carlos Pamplona, a primeira de um cavaleiro dos Açores, com toiros do ganadero Gaspar Baldaia. Essa corrida foi expectante e ocorreu em 1984. Outra corrida na praça da Terceira em Angra do Heroísmo, que ficou na retina de todos pelos excelentes toiros do Dr. Brito Pais, corrida estupenda e realizada no ano de 1998. Pouco depois houve a corrida dos irmãos Tostes, toda ela redonda pela apresentação, pelo bom comportamento de todos os toiros na arena de Angra, no ano de 2010.

Agora, refiro-me a uma mais recente, organizada pelas Festas da Praia da Vitória e comemorativa dos 10 anos de glória dos Forcados do Ramo Grande. Sensacional, quer pelos toureiros quer pela bravura dos toiros do Dr. António Silva Herd. Quer ainda pelo conjunto de todas as pegas de alto nível que nos ofereceram o valoroso grupo de Forcados do Ramo Grande, muito bem capitaniado pelo seu Cabo Manuel Pires, na arena de Angra, no ano de 2017. O mesmo se passou nas touradas à corda e diga-se em abono da ver-

dade que ainda estão iguais ou até superiores, dados os muitos passos que os capinhas dão a cada toiro. Vi o ano passado, 4 capinhas de guarda-sol em conjunto e simultânemanete na Vila de São Sebastião, um momento extraordinário de toiros com presença, bravos e nobres da ganadaria D. Fátima Fernandes, cada toiro deu 30 a 40 passos. Foi um momento inovidável da época de 2017. Por hora, vamos nos motivar todos para com a nossa presença abrilhantarmos os nossos arraiais, como outrora o nosso Povo sempre o fez na tourada à corda ou noutra festa taurina qualquer. Esta aficion é, em primeiro lugar, de nós e para nós terceirenses, mas também convidamos todos os que nos visitam a participar no nosso convívio como é timbre dos habitantes desta heróica terra dos bravos, assim reconhecida pelos nossos maiores que a honraram para sempre com títulos notáveis, pelo valor e seriedade em várias causas, demonstráveis pelo nosso povo que tem na alma o patriotismo português.


JP | OPINIÃO / CANTO TEREZINHA

2018.04.06

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ORFEÃO DA PRAIA NAS BODAS DE PRATA (Continuação da página anterior)

mais alto, ao participar no «7º Festival Internacional de Alta Pusteria», em 2004, na região paradisíaca do Sud Tirol (Alpes Italianos) , tendo sido o único coro das ilhas Atlânticas ali representado no meio dos cem coros aí congregados, totalizando mais de quatro mil pessoas, não incluindo os acompanhantes dos coralistas. Recorde-se que: « A sua fama estende-se a toda a Itália, mormente à parte norte e centro do país, as mais ricas e com grandes potencialidades turísticas.» (in Sementeira de Sons, pág.197).

«Às vezes pode parecer que cantar em coro é somente reunir algumas pessoas, aprender algumas melodias

vertem de uma forma descontraída e sem responsabilidades estéticas.

Duriana Meneses referiu ainda que, em 20 de junho de 1996, o 0rfeão foi distinguido pela CMPV, com a atribuição da medalha de valor cultural, tendo dois CD gravados. Actualmente, o Orfeão possui sede própria, cedida pela Câmara Municipal, sendo membro da Cooperativa Cultural. E posseguiu, tecendo algumas considerações sobre o cantar em coro que não é o que muita gente pensa, como se prova pela transcrição seguinte:

e depois executá-las de uma forma em que comecem mais ao menos todos ao mesmo tempo e igualmenta em relação ao final da execução. Isto poderá ser verdade quando em amigos as pessoas se encontram e se di-

Num Coro, para além de se aprender as melodias a executar, é necessário igualmente aprender a cantar, uma vez que ao constituir um Coro as pessoas assumem uma responsabilidade não só para consigo próprias,

como para com todos os outros que se juntaram a si para a constituição do Coro, e ainda para com a comunidade. Sendo um Coro um veículo de cultura, quem assume a responsabilidade de fazer parte desse colectivo, assume por si a responsabilidade de colaborar no desenvolvimento estético da colectividade e essa responsabilidade significa que deve proporcionar àqueles que o vão escutar a melhor execução possível das obras que fazem parte da cultura da Humanidade». («Notícias da ACAL», 3ª série nº74 de Abril 2003, texto distribuído aos orfeonistas pela primeira maestrina). Por fim, afirmou que a comemoração do 1º quarto de século de existência de uma associação é algo quase inédito pela sua raridade, e merece ser louvada e festejada. Desejou ao aniversariante as maiores prosperidades com muitos e bons anos, dizendo um bem-haja a todos pela sua ajuda. Seguiu-se depois a canção dos parabéns e a distribuição das fatias do bolo pelos presentes. Viva o Orfeão da Praia da Vitória!

TRÊS ILHAS PODERÃO MUDAR DE NOME Parece que alguém se sentiu incomodado com a visualização do monumento de Cristo Rei sito em Almada, margem esquerda do rio Tejo, argumentando que, tratando-se de um símbolo religioso, a sua existência contradiz a Constituição Portuguesa que declara o Estado como uma República laica. Se a argumentação progride e arrecada um consenso nacional poderemos, em breve, ter de proceder ao derrube de todos os monumentos e edifícios que simbolizem as confissões religiosas assenta-

das em Portugal. Ou seja, todas as igrejas, ermidas, capelas, sinagogas, mesquitas e outros edifícios destinados ao culto ou serviços religiosos, tudo arrasado. E mais: a toponímia, isto é, os nomes de lugares e de territórios geográficos, também terá de sofrer alterações : assim passaremos a ter a Ilha Maria, a Ilha Miguel e a Ilha Jorge. A Ilha Terceira já não poderá dizer que é de Jesus Cristo. E quanto a nomes de freguesias a coisa é mais complicada ainda. Por exemplo, a fre-

guesia de Santa Cruz da Praia da Vitória vai ter de arranjar um novo nome, porque não pode continuar nem santa nem com uma cruz. Outro caso interessante é o do Porto Judeu que tem de deixar de ser judeu. A Fonte do Bastardo está descansada, mas a freguesia de S. Sebastião terá de passar a ser só do Sebastião. Isto dá para passar um bom bocado com amigos a anotar todas as eventuais alterações por mor desta questão. Antes isso do que prestar atenção a notícias falsas...

NOVA GREVE DE FOME Quem se der ao desporto de parar no Canto do Terezinha arrisca-se a ouvir coisas disparatadas como esta: O político do Corvo que está/esteve em greve de fome, não contente com a perda

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de peso conseguida, vai avançar para nova greve de fome, desta feita para conseguir que o Governo Regional estabeleça uma rede de transporte escolar naquela ilha, à semelhança do que se passa com as demais.

Dada a natureza da reinvindicação, é provável que o político grevista acabe inclusive por definhar.


2018.04.06

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INFORMAÇÃO | JP MISSAS DOMINICAIS NO CONCELHO

SÁBADOS

FUTEBOL

CAMPEONATO DE PORTUGAL SÉRIE “D”

28.ª JORNADA | 08.04.2018 Caldas

-

Alcanenense

1º Dezembro

-

SC Praiense

Vilafranquense

-

Loures

Torreense

-

Pêro Pinheiro

Lusitânia

-

Guadalupe

Eléctrico

-

Sintrense

Mafra

-

Coruchense

Fátima

-

Sacavenense

29.ª JORNADA | 15.04.2018 Pêro Pinheiro

-

Caldas

Alcanenense

-

1º Dezembro

SC Praiense

-

Vilafranquense

DOMINGOS 08:30 09:00 10:00 10:00 10:00 10:30 10:30 10:30 11:00 11:00 11:00 11:00 11:00 11:00 12:00 12:00 12:00 12:00 12:00 12:15 12:30 13:00 19:00 19:00 20:00

Guadalupe

-

Torreense

Coruchense

-

Lusitânia

Sacavenense

-

Eléctrico

Sintrense

-

Mafra

Fátima

-

Loures

CAMPEONATO FUTEBOL DOS AÇORES II FASE GRUPO “A” - PROMOÇÃO

7.ª JORNADA | 08.04.2018 SC Angrense

-

CD Rabo Peixe

Marítimo Gra.

-

Prainha FC

8.ª JORNADA | 15.04.2018 CD Rabo Peixe

-

Marítimo Gra.

GD Fontinhas

-

SC Angrense

GRUPO “B” - MANUTENÇÃO

7.ª JORNADA | 08.04.2018 CD São Roque

-

FC Vale Formoso

CU Micaelense

-

FC Flamengos

8.ª JORNADA | 15.04.2018 FC Vale Formoso

-

CU Micaelense

SC Vilanovense

-

CD São Roque

CAMPEONATO FUTEBOL DA ILHA TERCEIRA

HOJE (06/04)

- Lajes - Fontinhas (1) - Casa da Ribeira - Cabo da Praia - Matriz Sta. Cruz - Vila Nova - Fontinhas (2) - São Brás - Porto Martins - Sta Luzia, BNS Fátima - Quatro Ribeiras - Lajes - Agualva - Santa Rita - Fonte do Bastardo - Biscoitos, IC Maria (3) - Biscoitos - São Pedro (4) (1) Enquanto há catequese (2) Quando não há catequese (3) 1.º e 2.º sábados (4) 3.º e 4.º sábados 15:30 16:00 16:30 17:00 17:30 17:30 18:00 18:00 18:00 18:00 18:00 19:00 19:00 19:00 19:00 19:30 19:30

- São Brás - Vila Nova, ENS Ajuda - Lajes, Ermida Cabouco - Cabo da Praia (1) - Biscoitos, S Pedro - Agualva - Casa Ribeira (1) - Santa Rita - Lajes - São Brás - Cabo da Praia (2) - Porto Martins - Casa da Ribeira (2) - Biscoitos, IC Maria - Vila Nova - Fontinhas - Matriz Sta. Cruz (1) - Quatro Ribeiras - Sta Luzia - Fonte Bastardo - Matriz Sta. Cruz (2) - Lajes, ES Santiago - Lajes - Matriz Sta. Cruz (3) - Matriz Sta. Cruz (4)) (1) Missas com coroação (2) Missas sem coroação (3) De outubro a junho (4) De julho a setembro

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

HOJE (06/04)

SÁBADO (07/04)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

DOMINGO (08/04)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

SEGUNDA (09/04)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

TERÇA (10/04)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

QUARTA (11/04)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

QUINTA (12/04) CINEMA TOMB RAIDER Local: Auditório do Ramo Grande Hora: 21H00 (*) Classificação: M/12 (*) Sessão também no sábado.

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

DOMINGO (08/04)

SÁBADO (14/04)

SEXTA (13/04)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

CONCERTO ORQUESTRA JOVEM DOS CONSERVATÓRIOS OFICIAIS DE MÚSICA Local: Auditório do Ramo Grande Hora: 17H00

QUINTA (12/04)

-

Marítimos

Lajense

-

Boavista

São Mateus

-

Barreiro

-

São Mateus

Lajense

-

NSIT

Barreiro

-

Boavista

TERÇA (17/04)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

QUARTA (18/04)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

QUINTA (19/04)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

ASSINE

BISCOITOS Posto da Misericórdia ( 295 908 315 SEG a SEX: 09:00-13:00 / 13:00-18:00 SÁB: 09:00-12:00 / 13:00-17:00

CINEMA A MINHA VIDA DE COURGETTE Local: Auditório do Ramo Grande Hora: 21H00 Classificação: M/6

VILA DAS LAJES

SÁBADO (14/04)

VOLEIBOL

II DIVISÃO - II FASE SENIORES FEMININOS GRUPO “PRIMEIROS”

ASSINATURA ANUAL

8.ª JORNADA | 08.04.2018

15,00 EUR

ADRE Praiense

-

CD Aves

CD Aves

-

Esc. P. E. Lobato

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814 Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

18.ª JORNADA | 15.04.2018 Marítimos

DOMINGO (15/04)

SEGUNDA (16/04)

17.ª JORNADA | 08.04.2018 NSIT

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

assinaturas@jornaldapraia.com

DEBATE CONVERSAS ÀS 8: “INFLUÊNCIAS DAS REDES SOCIAIS NA EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS E JOVENS” Local: Academia de Juventude e das Artes da Ilha Terceira Hora: 20H00 Nota Editorial Esteja na nossa “Agenda Cultural”, envie toda a informação para: noticias@jornaldapraia.com.

Farmácia Andrade Rua Dr. Adriano Paim, 142-A ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-18:30 SÁB: 09:00-12:30

VILA NOVA Farmácia Andrade Caminho Abrigada ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-12:00 / 16:00-18:00 Farmácias de serviço na cidade da Praia da Vitória, atualizadas diáriamente, em: www.jornaldapraia.com


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