Jornal da Praia | 0514 | 02.02.2018

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QUINZENA

02 A 15.02.2018 Diretor: Sebastião Lima Diretor-Adjunto: Francisco Ferreira

Nº: 514 | Ano: XXXV | 2018.02.02 | € 1,00

QUINZENÁRIO ILHÉU - RUA CIDADE DE ARTESIA - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA - ILHA TERCEIRA - AÇORES

www.jornaldapraia.com

DANÇAS E BAILINHOS

AGUARDAM CLASSIFICAÇÃO COMO PATRIMÓNIO IMATERIAL Governo dos Açores submeteu pedido em fevereiro de 2016. Dezoito meses depois, deputado social-democrata, António Ventura, interpela ministro da Cultura, sobre ponte de situação.

LIVRO INFANTIL

“O GU E A TITA AJUDAM A AVÓ RITA” DESTAQUE | P. 8, 9 E 10

Esta classificação, poderá contribuir para uma eventual isenção das taxas de direitos de autor. Presidente da CMPV, estabeleceu espaço de conversações com a SPA de modo a agilizar o procedimento de autorização pelo uso de obras protegidas. ATUALIDADE | P. 5

ESTUDO DA ANACOM CONCLUI QUE A TELEVISÃO DIGITAL TERRESTRE TEM FICADO AQUÉM DAS EXPETATIVAS E ALERTA PARA CONFLITOS DE INTERESSES DA MEO

TECNOLOGIA | P. 7

A FLAUTA MÁGICA... PARA BONS ENTENDEDORES “A pessoa simples acredita em tudo, mas quem é prudente está sempre prevenido”. Por: José Ventura OPINIÃO | P. 12 PUB

O CARNAVAL DA TERCEIRA

OS NOSSOS CANAIS

Como sempre, a ilha redonda prepara-se já para o rodopiar frenético à volta dos salões na grande e muito animada festa do entrudo.

Quando quero saber qual a ‘temperatura’ sócio cultural da Terceira vou ao VITEC.

Hoje, já não é preciso o ratão para a crítica mordaz e contundente. Eles abundam por todo o lado...

Quando me interessa conhecer a nossa ilha ‘profunda’ sigo para KANAL DAS DOZE.

Por: António Neves Leal

Por: João Rego

OPINIÃO | P. 13

OPINIÃO | P. 14


JP | CANTO DO TEREZINHA & CONTO

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EMPRESA REGIONAL DOS CORREIOS Excerto de um diálogo ouvido no canto do Terezinha propriamente dito: – Eh huome, prónde é que vais? – A S. Miguel!! – Tás tolo ó quê? E o que que vais lá fazer? Comprar ananás? – Home não. Vou levantar uma encomenda ós correios de Ponta Delgada. – Tu não és bem descrete. Agora, já se viu ir a S. Miguel levantar uma encomenda quando tens aqui uns correios.

– Tu é que não és bem descrete. Antão nã sabes que os Correios mandarem fechar todos os correios de todas as ilhas menos os de Ponta Delgada? Tu nã te lembras que o Passos Coelho vendeu os correios? E agora os novos donos fazem um manguito ó pessoal e a gente que se amanhe. Esta conversa ouviu-a um agente do Canto do Terezinha que também desconhecia a situação. Por isso, logo entrou em contacto com um membro do governo regio-

nal seu conhecido, por sinal da Praia da Vitória. E ficou a saber que, por pressão de todos os membros do governo oriundos de todas as ilhas, menos a de S. Miguel, o executivo está a pensar na criação de uma empresa regional de correios. Ponto assente, desde já, é que a sede dessa empresa será em... (Canto do Terezinha oferecerá uma filhós de forno a quem NÃO adivinhar)

CONTO INSULAR (I)

O MEDO DO DESCONHECIMENTO Por: Emanuel Areias João da Paz era um miúdo com uma rotina definida, que seguia à risca, entre a escola, casa e as explicações de Geografia. Não tinha grande inteligência, mas não lhe faltava perspicácia, e uma capacidade de questionar temível para qualquer professor ou adulto. Estava no quinto ano e não gostava de fazer nada o que os jovens da sua idade faziam. Todas as noites, antes de dormir, denotava uma ansiedade tremenda, que lhe fazia adormecer apenas nas longas horas da madrugada. Ele e a família moravam na ilha mais pequena do arquipélago, mas não era por isso que deixava de ansiar conhecer o mundo que ouvia na televisão. Todos dias, depois da escola, via o telejornal na RTP e reparava que não fazia parte do país que a televisão mostrava. Nunca era mencionado o arquipélago dos Açores, muito menos a pequena ilha que lhe dava a terra nos quais os seus pés assentavam. À primeira notícia, fechava os olhos e só ouvia o que o pivot dizia. Para ele o desconhecimento era o seu nome do meio e sempre pensara que o Corvo era a sua pátria, embora quase nada conhecesse sobre o lugar que o vira nascer. O João da Paz tinha idade para ser um jovem despreocupado, sem que a vida lhe desse ânsias a mais do que apenas o medo de partir o cão de louça que a avó tinha na entrada da sala de estar. Porém, a ansiedade das noites começava a preocupar os pais. Não descansavam e viam o filho numa aflição tremenda, sempre que escutava o telejornal das sete da tarde na RTP. A ansiedade atingiu um nível

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maior quando o João teve que fazer uma ficha de trabalho de Geografia sobre bacias hidrográficas, rios e afluentes e as serras de Portugal. A mãe não lhe entendia, tamanho era o desespero que o rapaz brotava pelos poros, quando olhava para o mapa de Portugal. A progenitora acompanhou-a no trabalho de casa e puseram-se a estudar as definições que a professora Zulmira tinha pedido que pesquisassem. O Corvo apesar de ser uma ilha ridiculamente pequena tinha acesso ao mundo, quer fosse pelo aeródromo que recebia forasteiros, quer fosse pela internet ou televisão. Todos os anos a ilha recebia alguns professores continentais que durante aquele ano letivo lecionavam na Escola Básica e Secundária Mouzinho da Silveira. Digo continentais porque os professores ilhéus que lá chegavam, quase que sofriam da mesma ansiedade que o pequeno João sentia durante a noite, depois de assistir ao telejornal, embora não soubessem o motivo. No dicionário que tinham recuperado do sótão sujo e cheio de pó, que o avô tinha deixado como herança, analisavam atentamente o alfabeto de modo a alcançar a letra A, depois a B e por fim a R. A criança e a mãe procuravam as palavras que a professora tinha pedido, de modo a puderem concluir a ficha que agoniava João da Paz. Bacia Hidrográfica – (geologia) depressão de um terreno ocupado por um rio e pelos seus afluentes. No mesmo instante que leu a definição de bacia hidrográfica, o rapaz soltou um gemido. A mãe calou-o

com um abanão e exigiu que não parecesse tolo. Depois de passar para a folha do caderno diário a definição de bacia hidrográfica, foram em busca do que seria um rio. Rio – grande curso de água natural, quase sempre oriunda das montanhas, que recebe no trajeto águas de regatos e ribeiros, e desagua em outro curso de água, num lago ou mar. João da Paz voltou a gemer, mas desta vez longamente, como se se tratasse de alguma reprimenda do pai num dia em que se tivesse portado mal ou então de um puxão de orelhas da avó, por ter quase partido o cão de louça. A mãe não entendia os gemidos e já associava aquela atitude à ansiedade das noites. Pensava para si que o problema era a professora de Geografia. Logo de seguida, questionava-se: o que tem o telejornal a ver com a professora de Geografia? Se o João parecia estar num labirinto de dúvidas e de medos próprios da idade, a mãe não estava menos nervosa pela situação esquisita do filho. Continuaram, no entanto, em busca da última definição que a professora Zulmira exigira. Agora era a vez de definir afluente. Afluente – rio ou riacho que desagua em outro maior; rios e cursos de água menores que desaguam em rios principais. O jovem lançou um choro exageradamente estranho aos olhos da mãe, que sem saber o que fazer ou o que dizer, fechou o dicionário com estrondo e virou a ficha de trabalho ao contrário. João da Paz calou-se imediatamente, fazendo justiça àquilo que a mãe acabara de fazer. A mãe

desnorteada aconselhou o filho a descansar e que no dia seguinte terminariam a ficha de Geografia. Entretanto, João foi para a cama na tentativa de adormecer ao som do silêncio da noite, depois de um dia cansativo e de atração pelo medo do desconhecimento. Ele nunca soubera o que era uma bacia hidrográfica, um rio ou um afluente. Quando andava na rua principal do Corvo nunca vira aquilo que o dicionário apontara como um “grande curso de água natural” e que o noticiário às vezes falava. Ele nunca vira porque os olhos fechavam-se com medo. O rapaz tinha mais medo ainda porque não sabia nada da sua própria terra, que ele considerava uma pátria. Ele não conhecia o seu mundo exterior e o seu próprio mundo era desconhecido. Como iria ter uma mente capaz de interiorizar tudo aquilo que era para ser sabido sobre o seu país, se nunca tinha sabido o que era a sua ilha? No dia seguinte, a mãe colocou-se na frente de João e fizeram a ficha. Em vários momentos, a mãe começava a ficar ansiosa como o filho por ouvir falar em coisas que nunca tivera oportunidade de ver ou sequer saber que existiam. O Continente era uma ilusão para os corvinos, tal como o Corvo era uma ilusão para os continentais. Por acréscimo, os rios e as serras de Portugal Continental eram ofensivos ao parco conhecimento que aqueles ilhéus tinham da sua própria terra, porque eram obrigados a saber mais do mundo que nunca conheceram, do que do mundo onde sempre tinham vivido. (Continua na página 14)

FICHA TÉCNICA PROPRIETÁRIO: Grupo de Amigos da Praia (Associação Cultural sem fins lucrativos NIF: 512014914), Fundado em 26 de Março de 1982 REGISTO NO ICS: 108635 FUNDAÇÃO: 29 de Abríl de 1982 ENDEREÇO POSTAL: Rua Cidade de Artesia, Santa Cruz, Apartado 45 - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA, Ilha Terceira - Açores - Portugal TEL: 295 704 888 DIRETOR: Sebastião Lima (diretor@jornaldapraia.com) DIRETOR ADJUNTO: Francisco Jorge Ferreira ANTIGOS DIRETORES: João Ornelas do Rêgo; Paulina Oliveira; Cota Moniz CHEFE DE REDAÇÃO: Sebastião Lima COORDENADOR DE EDIÇÃO: Francisco Soares, CO-1656 (editor@jornaldapraia.com) REDAÇÃO/EDIÇÃO: Grupo de Amigos da Praia (noticias@jornaldapraia.com; desporto@jornaldapraia.com); Elvira Mendes; Rui Sousa JP - ONLINE: Francisco Soares (multimedia@jornaldapraia.com) COLABORADORES: António Neves Leal; Aurélio Pamplona; Emanuel Areias; Francisco Miguel Nogueira; Francisco Silveirinha; José H. S. Brito; José Ventura; Nuno Silveira; Rodrigo Pereira PAGINAÇÃO: Francisco Soares DESENHO NO CABEÇALHO: Ramiro Botelho ADMINISTRAÇÃO José Miguel Silva (administracao@jornaldapraia.com) SECRETARIADO E PUBLICIDADE: Eulália Leal (publicidade@jornaldapraia.com) LOGÍSTICA: Jorge Borba IMPRESSÃO: Funchalense - Empresa Gráfica, S.A. - Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, 50 Morelena - 2715-029 PÊRO PINHEIRO ASSINATURAS: 15,00 EUR / Ano - Taxa Paga - Praia da Vitória - Região Autónoma dos Açores TIRAGEM POR EDIÇÃO: 1 500 Exemplares DEPÓSITO LEGAL: DL N.º 403003/15 ESTATUTO EDITORIAL: Disponível na internet em www.jornaldapraia.com NOTA EDITORIAL: As opiniões expressas em artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do jornal e do seu diretor.

Taxa Paga – AVENÇA Publicações periódicas Praia da Vitória


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PUBLIREPORTAGEM | JP

GEOPREDIAL® – SERVIÇO DE DELIMITAÇÃO PRECISA DE PROPRIEDADES O novo serviço Geopredial® centraliza numa única plataforma diversos tipos de informação, possibilitando o seu cruzamento com outras entidades, resultando numa imagem única e integrada de cada propriedade cadastrada, de fácil acesso e com toda a informação relevante.

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serviço Geopredial® é um serviço desenvolvido pela OSAE - Ordem dos Solicitadores e dos Agentes de Execução e tem por objetivo permitir que ciPUB

dadãos, empresas e autarquias obtenham uma delimitação precisa da sua propriedade (de forma rápida, segura e económica) com recurso às mais recentes tecnologias de georre-

pecífica que é obrigatória para os solicitadores que pretendam integrar o projeto. Deverão ser salientadas também as apertadas regras de fiscalização e as frequentes auditorias.

ferenciação. De forma muito resumida, o GeoPredial® consiste na elaboração de um auto de constatação pelo solicitador. Isso obrigará à deslocação ao prédio, deslocação essa que deverá ser acompanhada pelo requerente e, sempre que possível, pelos proprietários confinantes, arrendatários, ou outros interessados que possam contribuir para a recolha de informações relevantes. O auto de constatação será, posteriormente, publicado numa plataforma informática, capaz de centralizar e assegurar a integridade e publicidade dos dados recolhidos, os quais são depositados na plataforma informática de depósito e registo de atos eletrónicos. Esta plataforma centralizará diversos tipos de informação. Desde logo, contaremos com informação documental (informação predial e matricial), com informações concretas sobre a situação do prédio, elementos caracterizadores da propriedade, tais como construções, muros, marcos, minas, servidões, e ainda com as informações geográficas referentes aos limites. Para além de todos estes dados, possibilita-se o cruzamento de informações georreferenciadas provenientes de outras entidades, tais como planos diretores municipais, reserva agrícola e servidões administrativas. Isto significa que, num só local, passa a ser possível ter uma “imagem” única e integrada da propriedade, a qual resulta do cruzamento de dados oriundos de diferentes fontes. Permite visualizar todos os seus bens imóveis, através da identificação clara e inequívoca dos prédios, concentrando num único ponto as diversas informações que são relevantes para a identificação de um prédio (planta, informação matricial, informação registral, licenças, etc.) e imprimir, em qualquer momento o seu processo, bem como diversas plantas do prédio. O rigor da informação recolhida fica assegurado graças a um conjunto de opções feitas ao longo da edificação do projeto. Além disso, em termos técnicos e jurídicos, os solicitadores são, desde tempos imemoriais, os principais intervenientes na resolução dos problemas relacionados com a propriedade. A qualidade da recolha dos dados no terreno é garantida, por um lado, pela utilização das mais modernas tecnologias no que diz respeito aos equipamentos, e, por outro, pela formação es-

Cédula: 4026 Nome profissional: Paulo F. Cabral de Sousa Comarca: Angra do Heroísmo Morada: Rua Dr. Anibal Bettencourt, Nº 242 - 2º Piso AF Código postal: 9700-240 Localidade: ANGRA DO HEROÍSMO

Cédula: 7700 Nome profissional: Marcelino Costa Santos Comarca: Açores Morada: Rua da Fonte, nº 33 Código postal: 9700-622 Localidade: VILA DE S. SEBASTIÃO

Na ilha Terceira, o serviço Geopredial® são prestados pelos solicitadores profissionais Paulo F. Cabral de Sousa, cédula 4026 e por Marcelino Costa Santos, cédula 7700. Mais informações sobre o serviço Geopredial® poderão ser consultadas na página online: http://www. solicitador.org/GeoPredial/per.html. Em http://www.solicitador.org/GeoPredial/inscritos.html poderá consultar a listagem dos Solicitadores aptos a realizar o serviço Geopredial®.


JP | EFEMÉRIDE

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O PADRE ANTÓNIO VIEIRA E O CULTO DO ROSÁRIO NA TERCEIRA HISTORIADOR: FRANCISCO MIGUEL NOGUEIRIA

Iniciou na Terceira a devoção do terço que, pela primeira vez, foi cantado na Igreja da Boa Nova, em Angra. Nos dias seguintes, muitos padres da Ilha pediram ao Padre António Vieira para pregar nas suas Igrejas.

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á exatos 410 anos, a 6 de fevereiro de 1608, nascia o Padre António Vieira, em Lisboa. O Padre António Vieira foi um religioso, escritor, filósofo e orador da Companhia de Jesus. Tornou-se uma das mais influentes personalidades do séc. XVII, destacando-se como missionário no Brasil. O Padre António Vieira passou pelos Açores e deixou por cá a devoção ao terço.

tura, conseguissem escapar daquela tempestade. E assim foi. No momento do naufrágio, um dos corsários holandeses que andava pelos mares dos Açores, recolheu os náufragos a bordo, pilharam o que puderam do navio já quase naufragado e desembarcaram os portugueses sãos e salvos na Graciosa após os terem despojado de todos os seus pertences pessoais.

Com uma forte consciência social, o Padre António Vieira teve um papel de destaque na defesa dos direitos dos povos indígenas, combatendo a sua exploração e escravatura, mas não deixando de os evangelizar. Chamavam-no de “Paiaçu” (Grande Padre/Pai, em tupi), em sinal de respeito e afeição por ele. Em 1654, logo depois de proferir o célebre Sermão de Santo António aos Peixes em São Luís, no estado do Maranhão, o Padre decidiu que era o momento certo para voltar a Lisboa. Ao lado de 2 companheiros, partiu a bordo de um navio da Companhia Geral, com vista a apresentar à regente D. Luísa de Gusmão (em nome do seu filho D. Afonso VI) uma reclamação pelos maus-tratos aos índios.

Depois de 2 meses, o Padre António Vieira passou à Terceira, procurando arranjar uma embarcação para que todos os seus companheiros chegassem a Lisboa. O Padre António Vieira permaneceu na Ilha durante mais algum tempo, ficando instalado no Colégio dos Jesuítas, em Angra. Iniciou na Terceira a devoção do terço que, pela primeira vez, foi cantado na Igreja da Boa Nova, em Angra. Nos dias seguintes, muitos padres da Ilha pediram ao Padre António Vieira para pregar nas suas Igrejas. Ficou conhecido o sermão que apresentou na Igreja da Sé, sede da Igreja açoriana, a 7 de outubro, dia da Festa da Senhora do Rosário. A Sé de Angra estava cheia de gente para ouvir o conhecido Padre António Vieira. O rosário passou a ser rezado e venerado pelos terceirenses.

Durante a viagem, perto do Corvo, uma tempestade abalou o barco, e perante a agitação das pessoas, o Padre terá dito: “Anjos da guarda das almas do Maranhão lembrai-vos que vai este navio buscar o remédio e salvação delas. Fazei agora o que podeis e deveis, não a nós, que o não merecemos, mas àquelas tão desamparadas almas, que tendes a vosso cargo; olhai que aqui se perdem connosco”. Fez todos prometerem que iam rezar um terço todos os dias se, porvenPUB

Uma semana depois, Vieira passou a São Miguel, onde proferiu o Sermão de Santa Teresa. A 24 de outubro de 1654, embarcou a bordo de um navio inglês rumo a Lisboa. Esta viagem final, também cheia de peripécias, levou o Padre António Vieira finalmente à capital portuguesa, onde finalmente pôde falar e reclamar da forma como os índios eram tratados. Assim, é graças a este nau-

frágio que a devoção do terço começou em terras açorianas. O Padre António Vieira defendeu também os judeus, sobretudo a abolição da distinção entre cristãos-novos e cristãos-velhos e criticou severamente a conduta e vida de muitos dos sacerdotes da sua época e a própria Inquisição, acabando por ser preso por esta de fevereiro de 1663

recebida pela Inquisição. Depois de algum tempo em Roma, Vieira conseguiu a isenção “perpetuamente da jurisdição inquisitorial”. Ficava assim explícito que poderia pregar sobre o que quisesse, embora estivesse sujeito às regras da sua Ordem, os Jesuítas. Neste período, ganhou grande prestígio em Roma, chegando a aprender italiano e assim poder proferir os seus sermões. Chegou a apresentar um Sermão ao Colégio dos Cardeais. A 22 de maio de 1670, partiu de Roma. Quando em 1671, houve uma nova ordem para a expulsão dos judeus, o António Vieira ficou do lado dos judeus, sendo visto com desconfiança pela Coroa Portuguesa. Em 1681, cansado da Corte Portuguesa, regressou ao Brasil, onde se dedicou à compilação de muito do seu trabalho. As obras do Padre António Vieira começaram a ser publicadas na Europa, onde foram elogiadas até pelo Santo Ofício. Em 1694, já não conseguia escrever pelo seu próprio punho. Morreu a 18 de julho de 1697, na Baía.

a outubro de 1665, mas estes meses de encarceramento não o desmotivaram das suas crenças e defesa dos mais fracos. Em setembro de 1669, o Padre António Vieira partiu para Roma para promover a canonização de 40 jesuítas que tinham sido presos e martirizados nas Canárias por protestantes no ano de 1570. Além disso, o Padre António Vieira pretendia que a Santa Sé anulasse totalmente a sentença

Na literatura, os seus sermões possuem uma considerável importância no barroco brasileiro e português. Um dos seus textos que mais aprecio, O Sermão de Santo António aos Peixes, continua atualíssimo. Atualmente a defesa dos mais fracos e necessitados deve ser um objetivo de todos nós! Não devemos fechar os olhos àqueles que precisam de ajuda, que mesmo sem gritar, sem pedir auxílio, estão a sofrer. Temos de saber ser mais generosos! Também devemos ser mais humanos e procurar dar um pouco mais de nós aos outros. Não devemos deixar que a crise financeira se torne uma crise de valores! •

ERRATA: Por lapso, na ultima edição, o antepenúltimo parágrafo não fazia parte do texto. Aos leitores e ao autor, as nossas desculpas.


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ATUALIDADE | JP

DANÇAS E BAILINHOS DE CARNAVAL DA TERCEIRA

CONTINUAM SEM INSCRIÇÃO NO IVENTÁRIO DO PATRIMÓNIO CULTURAL IMATERIAL Pedido tem 18 meses e poderá contribuir para alterar o cenário de cobrança das taxas de direitos de autor.

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m junho de 2016, o Governo dos Açores através da Direção Regional da Cultura submeteu à Direção-Geral do Património Cultural, um pedido para a inscrição das Danças e Bailinhos do Carnaval da Ilha Terceira no Inventário do Património Cultural Imaterial. A questão foi abordada pelo deputado social-democrata na Assembleia da República, António Ventura, que criticou “a longa espera, que já vai em 18 meses”, para o Governo de António Costa, “se pronunciar sobre a inscrição das Danças e Bailinhos do Carnaval da Ilha Terceira no Inventário do Património Cultural Imaterial”. António Ventura, que falava no âmbito da audição regimental do Ministro da Cultura, Luís Castro Mendes, na Comissão da Cultura, no passado mês de janeiro, questionou o governante sobre o ponto de situação do pedido para que essa classificação avance: “é a terceira vez que questiono diretamente o ministro sobre este tema. E, pela terceira vez, o ministro reponde que está em análise”, disse. O social-democrata considera que 18 meses passados “já são tempo demais. Até parece que não querem atribuir a classificação”, acusou. Para António Ventura, o Carnaval PUB

DANÇAS E BAILINHOS DE CARNAVAL esperam há dezoito meses por decisão que as incluam no Inventário do Património Cultural Imaterial. da Ilha Terceira “constitui uma das formas mais peculiares de festejar o Carnaval em Portugal, não encontrando paralelo no nosso país”, sendo que, e afirmou-o em Comissão, “representa a maior manifestação de teatro popular de língua portuguesa realizada em todo o mundo”. O parlamentar acrescenta que a inscrição em causa ”se pode tornar

fundamental para uma eventual alteração, ou mesmo isenção, das taxas referentes aos direitos de autor” e, perante a situação, assume “o compromisso de acompanhar politicamente este processo, para que ele não continue esquecido”, concluiu.

DIREITOS DE AUTOR Por sua vez, o presidentde da Câ-

mara Municipal da Praia da Vitória (CMPV), Tibério Dinis, reuniu também em janeiro, com o administrador da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), Tozé Brito, o Diretor do Departamento Jurídico Carlos Madureira e o Diretor do Departamento de Execução Pública, Hernâni Lopes, tendo em vsta a abertura de um espaço de conversações de modo a agilizar o procedimento de autorização pelo uso de obras protegidas, assim como o processo de cobrança, numa perspetiva pedagógica e sem uma fiscalização coerciva este ano. Ainda assim, em 2018, o pagamento de direitos de autor ocorrerá obrigatoriamente nos espaços com bilheteira. “É uma decisão sensata, que reflete a aceitação dos argumentos apresentados, nomeadamente o impacto e dimensão desta tradição. A administração da SPA percebeu a nossa realidade”, adiantou o presidente da edilidade praiense. Do encontro entre Tibério Dinis e Tozé Brito saiu também a aceitação do convite, embora sujeita a viabilidade de agenda, formulado pelo presidente da CMPV, para que elementos da SPA visitem a ilha Terceira durante no Carnaval deste ano, por forma a conhecerem, pessoalmente, a dinâmica gerada por esta tradição, o seu impacto social e cultural e o seu funcionamento, de modo a encontrar-se uma solução equitativa para o Carnaval de 2019. JP/Foto: CMPV•


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o Cantinho do Psicólogo 180

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ão se pode progredir na vida ao sabor do acaso, senão o stress ainda seria maior. Origina-se aqui a necessidade de autocontrolo, noAurélio Pamplona meadamente por (a.pamplona@sapo.pt) ser um dos elementos essenciais da posse dum autoconceito saudável da vida. Os outros são, de acordo com Knaus (1994), para além da auto-estima, e da auto-eficácia já mencionadas, os seguintes,: (1) a tolerância à frustração, i. e., a disponibilidade para aceitar as experiências e sentimentos negativos, o que implica a capacidade para adiar a gratificação, e a interposição de razões e de controlo entre o impulso e a acção; (2) a auto-imagem, i. e., a imagem que se deseja projectar para os outros, e que corresponde ao que se acredita que eles pensam de nós; e (3) a auto-aceitação, i. e., a atitude de espírito que diz que, para o melhor ou para o pior, somos unicamente o que podemos ser. Estes seis elementos, em conjunção com outros atributos como os valores, aptidões, emoções, ilusões e crenças desenvolvem, segundo o autor o conceito que temos de nós, o autoconceito. E ao criação do autoconceito inicia-se com a consciência do que queremos desenvolver na vida, seguida por aquilo que se podia chamar de acção autocontrolada. O autocontrolo deve estar, portanto, subjacente à procura de informação, visto constituir o motivo central da nossa compreensão dos acontecimentos. Aliás a procura de autocontrolo corresponde a uma abordagem que deve ser feita de forma ordenada

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Equilíbrio e organizada, em relação aos problemas e desafios da vida, com persistência e à medida que se envelhece. Com persistência porque, como exemplificou Canfield & Switzer (2005): «A persistência é provavelmente a qualidade mais comum dos empreendedores de alto desempenho, que recusam simplesmente desistir. E quanto mais persistem mais oportunidades adquirem das coisas correrem a seu favor. Não interessa quanto as coisas parecem difíceis vis-

to que, quanto mais se persiste, mais sucesso provavelmente se obtém». Portanto, precisamos de ser persistentes, nomeadamente para conseguir em cada momento a garantia da obtenção do melhor autocontrolo, que permita estar em melhores condições para lidar com as situações, e consequentemente com o stress. E, à medida que se envelhece, porque o futuro acarreta habitualmente exigências que no passado não nos passavam pela cabeça. Posuir auto-

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Segunda a Sábado das 7h às 21h

controlo implica várias coisas aparentemente muito diferentes, como: ter um poder interior que garanta a força de vontade, e a capacidade para enfrentar problemas e situações difíceis, a par da competência para resistir às tentações, e ultrapassar as emoções negativas fortes que possam ser desencadeadas. E implica tentativas esforçadas para mudar comportamentos, sentimentos e objectivos, com vista a alcançar interesses, ou propósitos, a curto ou a longo prazo.

Podemos até necessitar de inibir um certo impulso (p. ex., inibir a ingestão de álcool), apesar do desejo de o consumir. Ou de iniciar um comportamento, como seja praticar exercício físico, apesar do impulso para evitar fazer isso. Ter autocontrolo significa que, por meio da manipulação de variáveis ambientais das quais o comportamento é função, o homem controla também parte de seu próprio comportamento. Em vez de responder aos seus impulsos imediatos, para garantir o autocontrolo

necessitamos de avaliar as acções alternativas, e de forma geral de evitar fazer coisas que posteriorrmente nos possamos arrepender (Skinner, 2000). Enfim, a dificuldade em se garantir o autocontrolo em variadas situações acarreta diversas conseqüências no futuro, constituindo-se como a explicação fácil para inúmeros problemas sociais, como a violência, as doenças, o uso de drogas, a preservação do meio ambiente, e das nossas fontes de energia, entre outras, e que naturalmente amplificam as situações de stress. Entretanto, recordemos que, a partir do Cantinho 173 referimos Sete Regras ou Medidas que necessitamos tomar, para ultrapassar em cada dia os problemas de stress. Mas se nos confronatrmos por exemplo com uma avestruz, que pode até atingir 2,5 metros de alturas, e 80 quilómetros de velocidade por hora, facilmente podemos concluir que necessitamos de garantir um certo equilìbrio, entre os estímulos e as respostas que lhes damos. Esperamos nos próximos Cantinhos esclarecer alguns desses equilíbrios, a começar pelo primeiro, o equilíbrio entre o lugar seguro, e ter alguma insegurança. Referências: Canfield, J. & Switzer, J. (2005). The success principles: How to get from where you are to where you want to be. New York: Harper Collins Publishers. Knaus, W. J. (1994). Change your life now: Powerful thechniques for positive change. New York: Harper Collins Publishers, Inc. Skinner, B. F. (2000). Ciência e comportamento humano. São Paulo: Martins Fontes. Foto: D. Ribeiro•


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TECNOLOGIA | JP

ESTUDO SOBRE TELEVISÃO DIGITAL TERRESTRE AFIRMA QUE

TDT TEM FICADO AQUÉM DAS EXPETATIVAS E ALERTA PARA CONFLITOS DE INTERESSES DA MEO O estudo revela-se ainda preocupado com o caminho seguido, que a manter-se, reduzirá a penetração da TDT e fará que sejam as populações do interior com menores recursos e apetetência tecnológica os seus utilizadores.

U

m estudo, divulgado na página de internet da Autoridade Nacional para as Comunicações (ANACOM), diz que a Televisão Digital Terrestre (TDT) tem ficado aquém das expetativas iniciais e alerta para conflitos de interesses da MEO, concluindo que, se o caminho atual for mantido, “a penetração irá continuar a decrescer e os utilizadores da TDT serão indubitavelmente as populações de menor rendimento disponível, do interior e com menos apetência tecnológica”. Por outro lado, acrescenta, “aumenta, sobretudo entre as novas gerações, a visualização de conteúdos através de outros meios (como a internet ou o móvel, em detrimento do tradicional aparelho de televisão, em casa) o que pode significar, nas novas gerações, uma redução do consumo através de pacotes”. O “Estudo sobre alargamento adicional da oferta de serviços de programas na TDT”, promovido pela ANACOM, sugere que a mobilidade “é outra das ofertas que podem ser desenvolvidas na plataforma da TDT”, embora possa trazer um “impacto significativo” em investimento na rede, caso se pretenda manter a cobertura semelhante à atual. “Em caso de se oferecer uma cobertura mais restrita para captar segmentos específicos de utilizadoPUB

res, o investimento pode ser mais moderado e compensador do ponto de vista de negócio”, sugere. O estudo diz ainda que a oferta de pacotes que combinem Tv + Internet (em parceria com operadores de banda larga) “pode ser atrativo para o mercado da TDT, indo buscar utilizadores à faixa de utilizadores do cabo que consomem os pacotes mais básicos”. “Por um lado, cada vez mais se está a optar pela visualização não linear de conteúdos, uma funcionalidade que a TDT em Portugal não apresenta de uma forma consistente e que as outras plataformas alternativas apresentam de uma forma massiva”, afirma o estudo, sugerindo que a Televisão Digital Terrestre “deveria equacionar a apresentação de uma oferta competitiva com a inclusão desta funcionalidade”. Quanto aos canais televisivos, o estudo refere que “a taxa de crescimento do share da RTP3 quando entrou na TDT pode ser um bom indício do interesse dos canais na plataforma”. Sublinha ainda que, “nas entrevistas realizadas, todos os operadores atualmente presentes na plataforma (RTP, SIC e TVI) demonstraram interesse na introdução de mais canais”.

Os autores do estudo lembram que a nível internacional foram identificadas novas ofertas de serviço, “baseadas em novos modelos de negócio de canais baseados em vendas, em entretenimento/jogos ou em publicidade, que muitas vezes sustentam operações de TDT e em que os canais tradicionais são remunerados (ou pagam valores reduzidos) para estarem presentes nessas plataformas e serem apenas “geradores” de tráfego”. Contudo, recordam, em termos do operador de TDT, “não parece possível que o atual detentor do DUF [Direito de Utilização das Frequências] tenha qualquer incentivo para o alargamento da oferta, a introdução de novos canais e serviços ou a valorização da plataforma no seu todo. Isto porque o modelo de negócio definido (em termos das regras de pricing) e o seu claro conflito de interesses (por ser também detentor de uma plataforma concorrente) assim o determinam”.

A este nível, o estudo diz que “deve ser ainda analisada e equacionada a implicação, em termos de conflitos de interesse, da MEO -- empresa titular do DUF -- ser a mesma (ou estar inserida no mesmo grupo de empresas) que um operador concorrente à TDT -- o operador de TV por cabo e satélite da MEO”. “Acresce a este facto que a MEO formalizou ainda uma oferta sobre o Grupo Media Capital, onde se encontra a TVI, um dos clientes do serviço do titular do DUF”, sublinha. Quanto aos poderes públicos (nos quais se podem incluir a ANACOM, a Entidade Reguladora para a Comunicação e os titulares do poder executivo) “denota-se uma clara vontade de avançar (...) para o alargamento da oferta e a introdução de novos serviços que potenciem o serviço da TDT e vão mais ao encontro das expetativas criadas por esta plataforma”. “No entanto, tudo isto é feito num cenário de contenção orçamental do nosso país, pelo que os valores disponíveis para investimento público não são significativos”, considera o estudo promovido pela ANACOM, sugerindo que “os valores provenientes da venda do dividendo digital 2, com a libertação das frequências da faixa dos 700 MHz para outras atividades” podem obviar a situação. Como opção para o futuro, o estudo sugere a alteração do modelo de negócio, permitindo uma clara separação entre a transmissão e a agregação de conteúdos. “O agregador de TDT deverá ser livre de escolher a rede em que irá operar (caso haja essa oferta no mercado) e concentrar-se no seu negócio core -- o desenvolvimento da plataforma, através de canais, novos serviços, funcionalidades adicionais e de uma cobertura do território e qualidade de serviço que possam ser competitivas com as outras plataformas de televisão”, acrescenta. Lusa/JP•


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DIVERTILÁXIA EDITA LIVRO INFANTIL

“O GU E A TITA AJUDAM A AVÓ RI Num misto de ficção e realidade , o livro narra o projeto “Vê o que a fast-food nos faz”, destinado a sensibilizar as crianças para a importância de uma alimentação saudável e premiado em concurso nacional.

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ecorreu no passado mês de janeiro, na Academia de Juventude e das Artes da ilha Terceira, a apresentação ao público do livro infantil “O Gu e a Tita ajudam a avó Rita”, editado pelo departamento editorial do colégio Divertiláxia, com sede na Praia da Vitória, escrito por Sónia Pimentel e com ilustrações de Elisabeth Ross. Natural da Praia da Vitória, freguesia de Santa Cruz, Sónia Pimentel, 36 anos, é licenciada pela Universidade dos Açores em Educação de Infância, na qual fez pós-graduação em Organização e Administração Escolar. Desde fevereiro de 2016, assumiu as funções de Diretora Técnica e Pedagógica da Divetiláxia, sendo atualmente a coordenadora de todos os projetos do colégio candidatos ao concurso nacional “Ciência na Escola” da fundação Ilídio Pinho. No presente ano letivo, coordena o projeto “Eco-escolas” e é a responsável pelos grupos dos 2 e 5 anos. Acumula experiência como formadora certificada pelo SNCP (na área de educação e tecnologias) e no Centro de Formação da Associação de Escolas das ilhas Terceira, São Jorge e Graciosa, nas áreas da educação, tecnologias da informação e comunicação, contabilidade e secretariado. Foi representante das educadoras do ensino particular e cooperativo das ilhas Terceira, São Jorge e Graciosa e orientadora de vários estágios de alunos dos cursos de Auxiliar de Ação Educativa, Animação Socioeducativa e Educação de Infância. À conversa com o Jornal da Praia, PUB

Sónia Pimental, começou por nos confessar que de inicio não estava “com muita vontade de escrever, mas perante a insistência dos corpos dirigentes da Divertiláxia, acabou por aceitar o desafio”. Embora tendo aceitado, na verdade não passou imediatamente à escrita, até que lhe foram indicados prazos para a conclusão. “Da segunda vez que me deram prazos, passei imediatamente à escrita e esta até foi, bastante rápida, já que o livro é baseado no trabalho prático realizado no âmbito do projeto”, disse à nossa reportagem. “O Gu e a Tita ajudam a avó Rita”, é o sexto volume da coleção “Educação para a Saúde” do colégio Divertiláxia. Embora o colégio trabalhe outras áreas como a inteligência emocional e a educação financeira, a preferência do departamento editorial recaiu sobre a área da saúde, preferência esta, a que não terá sido alheia o facto de o seu proprietário, Dr. Paisana Lopes, ser médico cardiologista e estar muito naturalmente familiarizado e desperto para importância de trabalhos ao nível da sensibilização e prevenção na área da saúde. Sobre o livro, Sónia Pimentel, diz tratar-se de um misto de ficção e realidade que narra o projeto “Vê o que a fast-food nos faz”, por ela idealizado, e candidato ao concurso nacional “Ciência na Escola”, da Fundação Ilídio Pinho, no qual, foi galardoado com o 3.º prémio referente ao escalão 1 (ensino pré-escolar e primeiro ciclo) no ano letivo 2014/2015. “Quando escrevi este livro já tínhamos

SÓNIA PIMENTEL é Educadora de Infância e Diretora Técnica e Ped coordenadora de todos os projetos do colégio candidatos ao conc apresentado a candidatura do projeto e inclusivamente já havíamos ganho o prémio que nos foi atribuído, e todo o livro é baseada nesse projeto em concreto”, afirma a escritora, adiantando, “neste tipo de projetos o ponto de partida consiste em dar resposta a uma questão levantada por uma criança”, mas neste particular, esta dúvida não foi realmente colocada, pelo que a autora socorrendo-se da sua experiência familiar e da relação dos seus filhos com o avós, deu asas à imaginação – parte

ficcionada – criando a dúvida do Gu em relação ao colesterol. “Daí para a frente, o que se faz no livro é narrar como o projeto decorreu e se desenvolveu. As experiências realizadas, a fundamentação apresentada, o passo a passo das pesquisas efetuadas, as idas à biblioteca, as consultas no Google, as atividades desenvolvidas, os materiais usados, assim como a utilização do kit da ciência”. Sónia Pimentel, destaca ainda o realismo das experiências efetuadas, para que as crianças vissem da forma mais real


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ITA” - ESTÓRIA DE UM PROJETO relativos à necessidade de uma alimentação saudável tendo em vista uma boa saúde, sendo para tal necessário evitar consumos excessivos de sal, açúcar e gorduras. Salientando que é muito importante trabalhar os conceitos associados a boas práticas alimentares nestas tenras idades “porque ficam na memória”, Sónia Pimentel, diz que se vê a assimilação dos conceitos e a preocupação com uma alimentação saudável nas festas de aniversário do colégio. “Quando uma das crianças exagera mais um pouco, são as outras que chamam atenção, dizendo, olha que isto faz mal e dizem inclusivamente aos adultos, pois é este o feed-back que tenho recebido dos pais”, exemplifica, acrescentando, “por vezes, até perguntam – mas se isto faz mal, porque está à venda – o que não deixa de ser uma pregunta não só pertinente, mas reveladora das capacidades intelectuais destas crianças que por vezes são subestimadas nas suas capacidades em trabalhos, alguns deles de psicólogos”.

dagógica no colégio Divertiláxia desde fevereiro de 2016. É ainda a curso nacional “Ciência na Escola” da fundação Ilídio Pinho. possível as consequências de uma má alimentação. Nesse sentido, numa das diversas experiências práticas, simularam as veias com tubos de aquário, nas quais injetaram água com corante alimentar a fazer de sangue. As crianças puderam observar a circulação de sangue no seu estado normal. Depois, injetaram amido de milho e o sangue não só ficou mais grosso como apresentou-se com maiores dificuldades de circulação. As crianças perceberam assim, que daí poderiam surgir complicações. Explicaram então que se formavam placas de ateromas nas veias as quais originam os AVC(s), vulgarmente dePUB

signados de tromboses, que deixam partes do corpo paralisadas. Ao longo do projeto, as 15 crianças envolvidas, viveram-no intensamente, assegura Sónia Pimentel. “A dada altura, os conceitos começam a complicar-se, tal é a proliferação de termos técnicos com significados difíceis, pelo que a educadora sugere – se calhar vamos parar por aqui – mas o entusiasmo é tal que eles não querem e insistem em continuar”. Para além do entusiasmo, as crianças também adquiriram os conhecimentos que presidiram ao projeto,

O livro trata, como já se referiu, de um dos projetos do colégio Divertiláxia concorrentes ao concurso nacional “Ciência na Escola” da fundação Ilídio Pinho, mas para além deste projeto o colégio já candidatou muitos outros projetos, tendo inclusivamente já alcançado outros prémios. No primeiro ano de participação com o projeto “Genesis” obtiveram o 3.º prémio e no ano letivo passado com o projeto “SOS Agricultura - STOP aos pombos”, obtiveram uma menção honrosa. A educadora salienta a importância deste concurso pelo entusiamo e motivação que proporcionam às crianças face à eventualidade de serem premiadas, lamentando “verificar nos resultados da primeira fase do concurso, que são os únicos representantes da ilha Terceira e dos Açores”, o que lhe entristece por considerar a envolvência neste concurso de “qualquer coisa de verda-

deiramente espetacular”. Recorda ainda, que tomaram conhecimento do concurso através do Dr. Paisana Lopes, que por sua vez tomou conhecimento através de uma notícia de jornal e depois desafiou os docentes do colégio a participarem. “A princípio ficamos um pouco assustadas, afinal somos tão pequenos, como é que vamos concorrer com os grandes colégios?”, mas adianta, “perante a insistência do Dr. Paisana Lopes, que inclusivamente lançou uma ideia, avançámos com a candidatura através do projeto ‘Genesis’, no qual nós educadoras pusemos em prática as ideias do Dr. Paisana e, obtivemos o 3.º prémio”, disse orgulhosa. Assumindo-se satisfeita com a experiencia de escrever, diz que a plenitude do livro se alcança realizando as diversas experiências e atividades nele propostas, aconselhando os pais e encarregados de educação a replicarem com as crianças, tanto quanto possível, as diversas experiências lá apresentadas. “É importante realizar as experiências para efetivamente se perceber realmente o que ali está, caso contrario, apenas passa a perseverança, a elevada auto estima, a confiança e determinação do Gu em ajudar a avó Rita, que sendo relevante, não é o conteúdo central do livro”, adverte. O livro infantil “O Gu e a Tita ajundam a avó Rita”, tem um preço unitário de 12,00 euros e poderá ser adquirido diretamente na Divertiláxia. Em breve, resultante de uma parceria establecida com a Emater poderá também ser encontrado na rede de sumpermercados Guarita. Os volumes anteriores da coleção “Educação para a Saúde”, para além de disponíveis na Divertiláxia, poderão ser encontrados na Praia da Vitória, na Papelaria 96 e em Angra do Heroísmo, na papelaria do Adriano. JP•


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LIVRO INFANTIL “O GU E A TITA AJUDAM A AVÓ RITA” É

GUIA PARA EDUCADORES E ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO Obra permite-nos acompanhar o desenvolvimento holístico de competências associadas ao método científico.

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sta obra de Sónia Pimentel insere-se no âmbito da “Educação para a saúde”, resultado do trabalho desenvolvido por quatro turmas, entre os 2 e os 5 anos, do Colégio Divertiláxia. Num misto de ciência e conto, esta narrativa relata-nos a questão-problema que serve de ponto de partida para o desenvolvimento de um projeto com origem na preocupação de uma criança. Com uma excecional apresentação gráfica das figuras, da autoria de Elisabete Ross, o livro revela-nos o dia a dia de duas crianças que percorrem as páginas, colocando questões e convidando-nos a ser cúmplices de um processo espiral de investigação-ação. Deste modo, partilhamos com as personagens a produção gradual dos acontecimentos e das atividades, num desenvolvimento holístico de competências associadas ao método científico e a competências sociais (relembra-se a conversa final entre a avó e os netos quando estes a aconselham a comer menos bolos, pois desejam partilhar com ela muitos momentos e não a querem ver doente).. O Gu e a Tita, as personagens centrais desta história, cruzam-se com a verosimilhança de duas crianças “de carne e osso” que muitos conhecem. A preocupação com a saúde da avó Rita, outra das personagens da “vida real”, leva Gu a equacionar o conceito inerente ao termo “colesterol”. Descobrir o significado e as implicações desta palavra são, assim, os objetivos a seguir. Ao partilhar com a educadora Sónia a necessidade de saber mais sobre as consequências de determinados alimentos na vida de um adulto, a resposta dada transforma-se numa cuidada orientação pedagógica, ade-

PAULA COTTER CABRAL foi a apresentadora oficial do livro infanti editado pela Divertiláxia “O Gu e a Tita ajudam a avó Rita”. quada aos vários alunos, levando-os à descoberta, ao suscitar da curiosidade e a promover o gosto pela metodologia de projeto. O estímulo organizacional encontra-se bem patente na página 17, “Meninos, já pensaram na pergunta de partida? Façam a teia de conhecimentos. Vejam que caminhos podem seguir. É crucial perceber o que queremos saber. Uma boa pesquisa depende muito da pergunta de partida e das hipóteses que conseguimos levantar”. A obra, dividida em cinco capítulos, conduz os leitores no processo de elaboração, desenvolvimento e concretização do projeto, integrando as várias etapas como fruto de um trabalho minucioso e orientado para a efetiva aprendizagem global. Na verdade, a história do Gu e da Tita constitui-se, por isso, num guia para educadores e encarregados de educação com enfoque nas aprendizagens das crianças, despertando-as para o mundo que as rodeia. A par da narrativa centrada no Gu, na Tita e na avó Rita, surgem

indicações para o trabalho a aplicar etapa por etapa: a teia de ideias, os questionários, as sugestões de atividades, o alargamento do projeto a outras salas do colégio e a respetiva adequação pedagógica das tarefas e das ideias a desenvolver, de acordo com as diferentes faixas etárias. Encontramos, neste sentido, aqui presentes, a metodologia e os instrumentos utilizados, com a referência a fontes e a recursos digitais consultados, bem como a sua aplicabilidade em cada nível do ensino pré-escolar. A possibilidade de concorrer ao concurso “Ciência na Escola”, promovido pela Fundação Ilídio Pinho, foi também mote para a estruturação de todo o estudo sobre o tema proposto. Atividades como a montagem de uma roda dos alimentos, com elementos recolhidos por alunos e famílias; a criação de ementas saudáveis; as dramatizações sobre o sistema circulatório e sobre o aparelho digestivo; a elaboração de maquetes, resultados das experiências laboratoriais para conhecimento prático

dos constituintes da alimentaçã e do aparelho digestivo e das consequências de determinados alimentos no organismo humano, revelaram-se conteúdos essenciais numa abordagem prática. Este contexto apenas poderá resultar numa aprendizagem consistente e estimulante, tarefa difícil, mas concretizável como se comprova com este livro. Por vezes, o que nos parece demasiado ambicioso, revela-se alcançável porque: • alguém acredita na diferença; • alguém aposta nas metodologias diversificadas; • alguém, como a Sónia Pimentel, perspetiva e concretiza, com audacidade, com competência, com empenho e com sucesso, o futuro educativo das crianças que acompanha. NE: Texto da autoria da Dra. Paula Cotter Cabral, lido na cerimónia de apresentação ao público do livro infantil “O Gu e a Tita ajudam a avó Rita”.

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TRADIÇÃO | JP

MISSA NA IGREJA MATRIZ

ASSINALA FESTA DE SÃO SEBASTIÃO A celebração eucarística é realizada anualmente e resulta de um compromisso assumido em 1599.

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ecorreu no domingo, 21 de janeiro, na Igreja Matriz da Praia da Vitória, ao meio-dia, a tradicional celebração eucarística em honra de São Sebastião, levada a efeito pela Câmara Municipal da Praia da Vitória (CMPV) no seguimento de um compromisso assumido no longinquo ano de 1599. No final do século XVI, após uma grave epidemia de peste ter vitimado sete mil pessoas na ilha Terceira, a CMPV assumiu o compromisso de mandar celebrar anualmente uma eucaristia em louvor de São Sebastião (Santo Protetor dos leprosos). O voto estabelecido em 1599, foi renovado em 1962 e reconfirmado em 1973. O Dia de São Sebastião é assinalado anualmente no calendário litúrgico a 20 de janeiro. São Sebastião, apesar de cristão, foi um dedicado soldado do exército romano, tendo chegado a capitão da primeira corte da guarda pretoriana. Não descorando as suas obrigações militares, sempre que podia, visitava os cristãos PUB

encarcerados e ajudava e orava junto dos mais fracos, doentes e necessitados, sobretudo os leprosos que viviam nos arredores de Roma. Por esse facto, é considerado Santo pro-

tetor contra as doenças contagiosas. Todos os anos, o executivo municipal apoia a concretização desta celebração eucarística, dando assim

continuidade ao compromisso assumido. JP•


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E DITORIAL

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A FLAUTA MÁGICA….

PARA BONS ENTENDEDORES ….

Quando criança, habituaram-me e bem, à oferta de livros de “estórias” quer pelo Natal quer pelos aniversários. Entre aqueles que recordo, havia um muito interessante sob o título de “A Flauta Mágica”..

O STP e a FUP

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Filarmónica União Praiense (FUP) é a associação recreativa, cultural e musical com mais prestígio na cidade da Praia da Vitória, e foi fundada a 20 de Março de 1904, e desde a sua fundação teve sempre um papel notório na irradiação cultural das gentes da Praia da Vitória, e na época actual continua a preservar e a pôr em prática os seus nobres objectivos, na formação musical e na defesa e promoção da filarmonia. A FUP ao longo da sua centenária existência, muito tem partilhado com os Praienses na promoção cultural, no recreio dos seus associados, em desafios, sonhos e testemunhos, que a história da nossa terra regista e orgulha-se, nomeadamente pelo facto de ser a banda filarmónica onde o Professor Vitorino Nemésio, aquando da sua adolescência tocou caixa e por isso nos seus escritos manifesta ter mais orgulho na tarola/de que na lira de Petrarca. A Filarmónica União Praiense, na esteira dos seus preciosos objectivos teve a feliz iniciativa no dia 1 de Abril de 1922 de criar na então Vila da Praia da Vitória a Sociedade Salão Teatro Praiense (STP), que brevemente fará 96 anos. A FUP foi e é a suprema arquitecta do STP, e desde o início deste foi a sua maior acionista, mas como constava do pacto social do Salão Praiense ter muitas acções ou poucas acções, o acionista só tinha direito a um voto, e devido a esse facto foi a FUP desde o início afastada do directório do STP e lançada ao ostracismo. Em 2007 o STP reformulou os seus estatutos e transformou-se numa sociedade anónima, mas foi sol de pouca dura, devido a vicissitudes de vária ordem, o que levou o STP a tornar-se ingloriamente inactivo. Em Fevereiro de 2012 o STP por escritura publica torna-se numa associação recreativa e cultural, Associação Salão Teatro Praiense (ASTP), com fins culturais e sociais legítimos de “desenvolver projectos que potenciam o emprego, a competitividade, a solidariedade sustentável e a qualidade e excelência”, esta associação ficou sedeada na Academia da Juventude e das Artes da Ilha Terceira, na cidade da Praia da Vitória.

José Ventura*

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em o presente discurso, como reacção à notícia de primeira página intitulada “Todos contra os ratos” seguindo-se em reportagem também com titulo “Governo, câmaras, juntas de freguesia, privados e população arrancam em Março com o combate aos ratos em São Miguel” Não fosse o ataque dos simpáticos roedores a uma escola da nossa cidade de Ponta Delgada e continuaríamos a apreciar tais bichinhos a deambular por tudo o que é sitio à procura da sua subsistência através de assaltos não só nocturnos, mas também à luz do dia. Há muito que se ouve, se lê e se vê a denuncia da invasão de tais criaturas em várias circunstâncias, (no domínio público, nos pastos, nos estabelecimentos comerciais, em redor dos contentores do lixo, nos edifícios abandonados onde partilham o espaço com o vicio da droga ou com a desgraça da fome que também atinge seres humanos). Quando criança, habituaram-me e bem, à oferta de livros de “estórias” quer pelo Natal quer pelos aniversários. Entre aqueles que recordo, havia um muito interessante sob o título de “A Flauta Mágica”. Penso que da minha geração ainda muitos tem a recordação dessa estória, mas, não resisto para os que a desconheçam fazer um resumo da mesma que talvez leve a atender o “Para bons entendedores…” Aí vai: – Há muitíssimo tempo, numa prós-

Perante tal recompensa logo se apresentou ao “conselho” um desconhecido taciturno, alto e desengonçado flautista, que afirmou ser sua a recompensa pois naquela mesma noite não haveria um só rato na cidade. Dito e feito, começou a andar pelas ruas tocando a sua flauta da qual se ouvia uma maravilhosa melodia. Encantados os ratos, iam saindo de seus esconderijos seguindo hipnotizados, o flautista que não deixando de tocar, levou-os para longe e para junto de um rio caudaloso onde todos os ratos ao tentarem seguir o perito flautista, morreram afogados. Os habitantes da tal cidade em algures, , respirando aliviados de tão horrível prova, tranquilos e satisfeitos, voltaram aos seus prósperos negócios e despreocupada vida organizando para o efeito uma grande festa para celebrar o extermínio do bando de “ratazanas” que lhe tinham evadido a sua cidade. Dançaram e, saborearam excelente manjar, atá altas horas da madrugada. Ainda inebriados, pelos vapores da festança, apresentou-se-lhes o flautista a reclamar aos importantes da cidade, as cem moedas de ouro prometidas como recompensa pela “desratização”

efectuada. Porém livres do seu problema e cegos pelar sua avareza, sua superior prepotência, recusaram-lhe a recompensa argumentando que por tão pouca coisa como tocar uma flauta lhe pagariam tanto ouro. E, dito isso, os ditos honrados homens do Conselho da cidade, viraram-lhe as costas rindo-se do que por interesse de recompensa ou não, lhes tinha ajudado na dificuldade de governança. Terminada que foi, a sua obrigatoriedade cívica/militar e porque já casado, procurou melhorar quer a sua vida profissional e sócio - económica. Entre os anos de 1970 a 1992, faz uma caminhada profissional em experiências enriquecedoras. Mas é precisamente nesse último ano, que se dá a estória que vos quero contar. Desiludido ou quiçá furioso, ao ver a avareza e a ingratidão daquela “gentinha”, o flautista repetindo o que fizera no dia anterior, pegou na sua flauta tirando da mesma uma doce e vibrante melodia tocou uma doce melodia em tudo superior à anterior. Para pasmo das cidadãs e dos cidadãos (como agora, é hábito se dizer), em vez de ratos, seguiam-no as crianças da cidade que, arrebatadas pelo som maravilhoso da flauta do desconhecido taciturno, alto e desengonçado flautista, o seguiam alegremente, surdas aos pedidos e gritos de seus pais que, em vão, entre soluços de desespero, tentavam impedir que seguissem o flautista. De nada lhes serviram o clamor dirigido à sua descendência que seguia o som da Flauta Mágica levando-os para longe, tão longe que ninguém poderia supor onde, as crianças, como os ratos, nunca mais voltaram. Na cidade só ficaram a seus opulentos habitantes com seus bem repletos celeiros e bem cheias despensas, protegidas por suas sólidas muralhas (Continua na página 14)

DUARTE E HENRIQUE A História está sempre em aberto, mas é muito difícil afastar os mitos que se criaram por (vá lá saber-se) quem e com que finalidade.

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uarte e Henrique, dois irmãos que se destacaram numa família numerosa. Duarte, o mais velho, herdou dos pais uma grande quinta no oeste da península ibérica. Procurou desenvolver e aumentar os proventos da quinta herdada, dotada de grandes recursos marítimos.

Henrique, o mais irrequieto dos irmãos, teve uma ideia um pouco estapafúrdia: ir ‘adquirir’ uma quinta no norte de África. Pedro, o irmão (Continua na página 14) mais viajado, prudente e diplomata,

A ASTP, conta com vários parceiros e ou associados, por exemplo Estabelecimentos de Ensino, Asso-

pera cidade algures, aconteceu que uma manhã, quando seus habitantes saíram de suas casas, encontraram as ruas invadidas por milhares de ratos que iam devorando, insaciavelmente, o que bem guardado tinham grãos nos seus celeiros e imaginai, a comida de suas bem providas despensas. Ninguém conseguia imaginar a causa de tal invasão. e, ainda pior, não havia um iluminado que soubesse o que fazer para acabar com tal praga. Até os gatos fugiam. Ante a grave situação, os importantes da cidade, assistindo ao emagrecimento dos seus pertences pela voraz acção dos ratos, convocaram o “conselho” que deliberou compensar com 100 moedas de ouro, quem os livrasse de tal peste.

conhecedor do mundo, sempre discordou daquele empreendimento. Viria a confirmar-se que estava certo na sua avaliação.

Mas Henrique não deixava de fazer constantes birras, até que Duarte autorizou que se organizasse a expedição.

O comportamento deste irrequieto irmão já havia muito tempo que irritava o mais velho que, como gestor da fabulosa herança, não podia tolerar com os seus desmandos e caprichos. Por isso, Duarte chamou Henrique à realidade, repreendendo-o nestes termos: não basta viver em comer, dormir e ouvir missas.

E lá foram. A primeira parte da ‘aquisição’ da quinta marroquina concretizou-se com alguma facilidade, tendo os seus principais feitores sido ‘obrigados’ a ceder a propriedade. Este êxito subiu à cabeça do jovem Henrique, de tal maneira que resolveu, à revelia do espírito da expedição, juntar uns quantos compa(Continua na página seguinte)


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OPINIÃO | JP

CRÓNICA DO TEMPO QUE PASSA (XXI)

O CARNAVAL DA TERCEIRA Os terceirenses são imbatíveis na arte de festejar o Carnaval. A evasão é salutar, mas não nos devemos embriagar com as palavras e ditos picantes. A vida não é só divertimento e paródia. E quanto aos turistas não se tenha a ilusão que eles vibram como nós ao ver uma tourada à corda ou uma representação das nossas danças de entrudo.

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António Neves Leal

omo sempre, a ilha redonda prepara-se já para o rodopiar frenético à volta dos salões na grande e muito animada festa do entrudo. Mais uma vez, ela se torna num gigantesco palco por onde vai desfilar, durante três dias, a alegria, a sátira social, o riso permanente, com uma ou outra nota mais séria, a fazer lembrar a antiga tradição das nossas danças, quando actuavam nos terreiros ao ar livre ou junto das casas de alguns mais prezados.

Esta característica constitui os condimentos mais apetitosos para o gáudio do público. Eles acontecem no próprio momento em que os figurantes se deixam levar pela escorregadia piada ou pelo dito picaresco ou malicioso. Esses à-partes é que dão o tom cómico ou de chacota à representação, com a insistente utilização do calão, matizado por aquele sotaque terceirense inigualável qual diapasão indispensável à afinação da cantiga.

por muitas delas pautam-se por prejuízos e pela dificuldade crescente de formar comissões para a organização das mesmas. Isto é sentido pelos observadores mais atentos e não vale a pena escamotear a questão. E quanto aos turistas não se tenha a ilusão que eles vibram como nós ao ver uma tourada à corda ou uma representação das nossas danças de entrudo.

Os terceirenses são imbatíveis na arte de festejar o Carnaval. A evasão é salutar, mas não nos devemos embriagar com as palavras e ditos picantes. A vida não é só divertimento e paródia. Não nos venham alguns com a tontaria dos parques de diversões e outras bazófias do estilo, nem com a fanática e ingénua sobrevalorização das touradas.

Gostamos de ir às sociedades filarmónicas das freguesias. Já a outros recintos com bilhetes pagos nem tanto. Não pelo preço cobrado, mas porque é uma grave deturpação do espírito que na origem presidiu a estas tão apreciadas manifestações de teatro popular, simples e, às vezes, muito improvisado.

Enquanto assim pensamos, distraindo-nos mais de metade do ano daquilo que é essencial, outros manhosamente se vão aproveitando da nossa ingenuidade pateta e enriquecem à nossa custa. Tudo isto não tem servido a economia da ilha como pensam alguns dos terceirenses mais aficionados ou entusiastas das festas. Os resultados obtidos

E nestas coisas é sempre bom e sensato evocar as lições ou sugestões dadas pelos úteis conhecimentos históricos, para não cairmos nos mesmos erros de outros povos que nos precederam, pagando um pesado preço pela nossa desatenção e infantilidade. O maior império da Antiguidade, o Império Romano, devia por-nos de sobreaviso, pois a condição humana muito pouco mudou nos séculos que nos separam dele. Nada nem ninguém consegue evitar o declínio fatal, quando um povo grande ou pequeno se anestesia pela euforia, deixando de pensar e agir. Os espectáculos de dar pão e promover divertimentos circenses, no Coliseu de Roma, há dois mil e tal anos, deveriam alertar-nos para os perigos e problemas do nosso presente muito sombrio, a apontar, inexoravelmente, para um futuro deveras preocupante, no contexto do arquipélago, do país e da União Europeia, se continuarmos a proceder como até agora.

Gostamos muito das tradições carnavalescas e da gastronomia que a elas está associada. São dias de folia contínua, para através da catarse lançarmos as agruras da vida para o olho da rua. Hoje sabe-se que rir muito faz bem e dá saúde. Isto não é treta, nem balela nenhuma. Está comprovado, cientificamente, há mais de quarenta anos.

Hoje, já não é preciso o ratão para a crítica mordaz e contundente. Eles abundam por todo o lado e muitas vezes nem é preciso sair de casa para presenciar as misérias e os abusos megalómanos de certos tipos sociais, herdados dos autos vicentinos e das cantigas de escárnio e maldizer. Nisso o português foi sempre pródigo e imaginativo.

bem, não trazem tantos proventos à economia como se julga, aqui nos Açores.

O mesmo sucedeu com outros impérios mais perto de nós como o império soviético, que abrangia doze furos horários, o francês, o inglês, o espanhol e o português. Os ventos da não justificam tudo.

Já acompanhei vários grupos de forasteiros e sei que o seu entusiasmo não é semelhante ao do nosso povo. E os cruzeiros, quem já os fez sabe

Nada é impossível, definitivo ou eterno. Com a determinação do povo é viável evitar os fatalismos e as dificuldades. Foto: CMPV•

DUARTE E HENRIQUE (Continuação da página anterior)

nheiros de aventuras e, assim como quem vai ali e já volta, zarparam para um burgo onde residiam outros feitores quinta marroquina. De tão louca era a aventura que se esqueceram de levar os apetrechos necessários para a concretizar. De sorte que a brincadeira acabou em desastre e tragédia familiar, pois que, no meio daquela henriquina trapalhada, houve que deixar um irmão como garantia de que se restituiria a propriedade aos seus legítimos detentores, de outro modo não teriam podido voltar a casa. Já de regresso à quinta ocidental na península, Henrique decidiu quedar-se pela costa sul, sentindo-se de tal maneira deprimido e envergonhado que se recusou a regressar ao ponto de partida com os demais e encarar o seu irmão mais velho. Quando recuperou o ânimo, voltou a assediar

Duarte, cujo bom coração e amor fraternal engendrou uma maneira de atribuir-lhe uma percentagem de todas as rendas provenientes das navegações que, então, já eram muito praticadas, quer por iniciativa privada, quer pela da feitoria geral da quinta. De resto, o próprio Henrique já promovia algumas dessas navegações à custa dos proventos de uma fundação chamada Opus Christi de que era seu gestor. Jamais, porém, viajou pelo mar alto. Este relato poderá levar alguns leitores a recordar o que aprenderam no compêndio de História de Portugal, sobretudo aqueles que tiveram possibilidades de frequentar o ensino oficial no tempo em que do currículo escolar fazia parte a disciplina de História. Notarão algumas discrepâncias com respeito à figura do príncipe D. Henrique que acabou por figurar no relato histórico ‘oficial’ como a figura central das

navegações portuguesas. A publicação de obras de investigadores que desmontam o mito e recolocam o príncipe no seu devido lugar já é de longa data, mas nunca conseguiu sequer lançar uma polémica. Parece que houve, e continua atuante, um grupo de pressão (loby) para jamais apear o príncipe D. Henrique do alto pedestal em que, talvez, não se justifique estar. A História está sempre em aberto, mas é muito difícil afastar os mitos que se criaram por (vá lá saber-se) quem e com que finalidade. Confrontar a figura deste irrequieto membro de uma grande geração com os dados contidos nas fontes em que os historiadores se devem basear é uma tarefa necessária mas, quiçá, insuficiente. É preciso uma divulgação dos trabalhos de investigação. É preciso que o ensino da História não se faça pelo tradicional método de transmissão de conhecimentos, antes

pela consulta das fontes. É preciso que essas fontes estejam acessíveis. Se não se puder alterar a metodologia vigente no ensino oficial, que se promovam congressos, seminários, colóquios, jornadas, etc. Há instituições que são vocacionadas para tal. Há, pelo menos, dois colaboradores do Jornal da Praia que devem ser chamados a esta tarefa de fomentar, propor, organizar e dinamizar um debate que levasse à instituição desses processos de abordagem da História de Portugal e, em particular, dos Açores: Francisco Miguel Nogueira e Emanuel Areias. A cidade da Praia da Vitória tem obrigação histórica de acarinhar e albergar qualquer iniciativa desta natureza. João Rego


JP | OPINIÃO & CONTO

2018.02.02

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OS NOSSOS CANAIS É através deles que se pode ter uma ideia da vitalidade sócio económica de cada comunidade.

Q

uando quero saber qual a ‘temperatura’ sócio cultural da Terceira vou ao VITEC. Quando me interessa conhecer a nossa ilha ‘profunda’ sigo para KANAL DAS DOZE. Estes são os principais canais privados de televisão que operam na Terceira. Não seguem o formato de programação seguido pelas operadoras de televisão pública e ou comerciais e requerem uma ligação via ‘internet’. Têm funcionado como EDITORIAL

uma muito satisfatória alternativa à emissão da TV-Açores. Apesar da pequena dimensão do meio social da nossa ilha, é impossível acompanhar o acontecer de cada freguesia e estes canais estão aí precisamente para nos facultarem uma amostra dos muitos e interessantes eventos ou atividades profissionais e ou artísticas. É através deles que se pode ter uma ideia da vitalidade sócio económica de cada comunidade.

Provavelmente será na diáspora açoriana que se dá mais valor às emissões destes canais. É fácil imaginar a importância da distância no apreço que os açorianos que vivem fora das ilhas têm por estes meios de comunicação social muito nossos. E mesmo os não açorianos que pretendam conhecer mais profundamente os Açores, suas gentes e seus modos de estar, só têm que visitar estes canais. O que a atividade informativa le-

vada a cabo pelos nossos canais significa e convém sublinhar é que os Terceirenses não ficaram à espera de que ‘alguém’ colmatasse as deficiências do serviço regional de televisão. Pegaram nas suas capacidades e aí estão os resultados. Por todas as ilhas se multiplicam estas iniciativas o que deve ser aplaudido. Aos seus responsáveis é devido um grande OBRIGADO. João Rego

O STP E A FUP (Continuação da página n.º 12)

ciação Alerta, AJITER, Lar D. Pedro V, Santa Casa da Misericórdia da Praia da Vitória, etc.

que a FUP, não entrou nesse clube de parceiros e ou associados, pois como acima ficou claramente demonstrado, e é facto notório a ASTP deve a sua origem indiscutivelmente à arrojada iniciativa da FUP.

É impossível compreender como é

Não restam quaisquer dúvidas, que foi um erro crasso não ter sido a Filarmónica da Praia da Vitória incorporada na Associação Salão Teatro Praiense, mas nunca é tarde para os órgãos directivos da ASTP poderem corrigir esta enorme injustiça, res-

taurando-se a verdade, revisitando-se o passado e fazendo-se justiça à FUP. O Diretor, Sebastião Lima diretor@jornaldapraia.com

A FLAUTA MÁGICA…. PARA BONS ENTENDEDORES …. (Continuação da página n.º 12)

nem um rato, nem uma criança.

nosso “todos contra os ratos”.

e um imenso manto de silêncio e tristeza.

“A pessoa simples acredita em tudo, mas quem é prudente está sempre prevenido” e, por tal, “para bom entendedor meia palavra basta” são muitos os intervenientes no

PS: Episódios reais (pragas de ratos, a “Cruzada das Crianças”) podem ter servido de origem para a lenda, mas sua longevidade se deve sem dúvida a sua lição moral nítida (castigo pelo

Naquela cidade “algures” e mais que se procure, nunca se encontra

não-pagamento de um acordo) – Braulio Tavares – Blogger e escritor brasileiro. Por opção, o autor não respeita o acordo ortográfico. (*)

0 MEDO DO DESCONHECIMENTO (Continuação da página 2)

Como açorianos de peito aberto que eram, sorriram os dois quando leram na folha, Serra da Estrela, porque sabiam que em comparação com o Pico, os Açores tinham algo mais grandioso e maior. Viam escrito no papel – Rio Zêzere, Rio Vouga, Rio Tejo, Rio Douro, Rio Sado, Rio Tua, Rio Lima e Rio Lis – e ficaram pasmados, a olhar um para o outro, se bem que o filho já bem menos ansioso porque já tinha sido compreendido, sem nada ter dito, pela mãe. Ambos, num sinal de pura incompreensão, franziram os olhos e questionaram-se ao mesmo tempo – porquê? Depois de acabarem a ficha de trabalho de Geografia, a disciplina a que João da Paz tinha 2 na pauta final, puseram-se a escutar o telejornal, de olhos fechados. Mais um dia, sem informações sobre o Corvo ou sequer os Açores como um todo. A mãe de João deitou-se na cama do filho e conversou com a criança, vislumbrando agora, todos os seus receios. Ela não compreendia o porquê do filho ser obrigado a saber tudo sobre o Continente distante e entendia que o filho tivesse medo de saber mais do que PUB

era longínquo, do que aquilo que lhe era próximo. Tanto João da Paz como a mãe, como todos os corvinos, precisavam fazer jus à pequena pátria que era o berço de todos eles. Primeiro precisavam saber cada pormenor que aquela pequena terra tinha, cada mito por descobrir e cada história por contar. Precisavam de não ter medo de conhecer para além daquilo que já conheciam, mas tinham de priorizar aquilo que era sua identidade mais próxima. Tinham de erguer o Corvo ao topo das suas prioridades e serem autênticos sábios sobre a história, a cultura e a sociedade do sítio que os tinha visto nascer. Depois tinham de conhecer aquilo que era conhecido por Açores. Em conjunto com todos os outros ilhéus deviam ter a missão de pôr de lado a ideia de pequenas pátrias, que cada ilha significava, e criar a unidade e a identidade açoriana, como meio de serem mais fortes no mundo. Só assim, depois desse esforço aguerrido, podiam enfrentar esse mundo desconhecido e feroz que era o Continente distante, que se impunha diariamente e fazia o jovem João da Paz ter medo do desconhecimento. Só assim João podia ver o

telejornal sem os olhos estarem tapados e com a certeza de que o espaço onde vivia era por ele conhecido e entendido. Compreendia-se o comportamento da criança. A culpa era das televisões imponentes, que ignoravam a noção de país e deixavam os ilhéus esquecidos por convicção. A culpa era dos pais do João que nunca tinham sentido a necessidade de compreenderem que viviam numa ilha, que estava dentro de um conjunto de ilhas, que estavam dentro de um “país”, e que deviam explicar essa hierarquia ao filho. A culpa era dos políticos nacionais que ignoravam o espaço insular, que parecia ser apenas o lugar onde se vão buscar os votos durante as eleições. A culpa era dos corvinos e dos açorianos que ainda não tinha cumprido a sua ilha e o seu arquipélago. Ainda não tinha cumprido a missão de se autoconhecerem. A culpa era dos professores nas escolas que conviviam bem com o conhecimento parcial e com o não ensinamento do que realmente é importante para a comunidade local. Bastou a ansiedade de uma criança por temer conhecer um mundo paralelo a mais do que o seu próprio mundo,

para se entender tudo isto. Bastou que uma criança fechasse os olhos e só escutasse o telejornal nacional, para se verificar que somos reduzidos ao esquecimento diariamente. O rapaz não sabia porque aprendia tudo sobre o Continente e nada sobre a sua terra. A partir da ficha de Geografia e do entendimento da mãe, começou a ler as cartas que o avô deixara para a posterioridade sobre o Corvo e os Açores. Começou a ler todos os livros sobre História dos Açores e a criar diferenças entre o mundo insular e o mundo continental. A partir do momento em que tirou tempo para se autodescobrir e autoconhecer, abriu os olhos e os ouvidos ao telejornal da noite e à disciplina de Geografia. João da Paz sabia que nada podia fazer para mudar a cobardia e a prepotência dos jornalistas do seu “país” nem o currículo escolar da disciplina, mas que agora podia olhar para esse amontoar de estupidez e de ignorância com olhos de quem era culto, atento e perspicaz, e conhecedor dos dois mundos. Porque ele conhecia a sua terra e o Continente distante. Os de lá só conheciam o seu mundo.


2018.02.02

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INFORMAÇÃO | JP

AGENDA DESPORTIVA MISSAS DOMINICAIS NO CONCELHO

FUTEBOL

CAMPEONATO DE PORTUGAL SÉRIE “D”

19.ª JORNADA | 04.02.2018 Caldas

-

Fátima

Torreense

-

Eléctrico

Lusitânia

-

Mafra

1º Dezembro

-

Sacavenense

Vilafranquense

-

Sintrense

Alcanenense

-

Guadalupe

SC Praiense

-

Coruchense

Loures

-

Pêro Pinheiro

20.ª JORNADA | 11.02.2018 Eléctrico

-

Caldas

Mafra

-

Torreense

Lusitânia

-

Loures

Fátima

-

1º Dezembro

Sacavenense

-

Vilafranquense

Coruchense

-

Alcanenense

Sintrense

-

SC Praiense

Guadalupe

-

Pêro Pinheiro

18.ª JORNADA | 04.02.2018 CD Rabo Peixe

-

CU Micaelense

Prainha FC

-

São Roque

SC Angrense

-

Marítimo Gra.

GD Fontinhas

-

SC Vilanovense

FC Vale Formoso

-

FC Flamengos

CAMPEONATO FUTEBOL DA ILHA TERCEIRA

11.ª JORNADA | 04.02.2018 NSIT

-

Barreiro

-

Marítimos

São Mateus

-

Boavista

HOJE (02/02)

- Lajes - Fontinhas (1) - Casa da Ribeira - Cabo da Praia - Matriz Sta. Cruz - Vila Nova - Fontinhas (2) - São Brás - Porto Martins - Sta Luzia, BNS Fátima - Quatro Ribeiras - Lajes - Agualva - Santa Rita - Fonte do Bastardo - Biscoitos, IC Maria (3) - Biscoitos - São Pedro (4) (1) Enquanto há catequese (2) Quando não há catequese (3) 1.º e 2.º sábados (4) 3.º e 4.º sábados 15:30 16:00 16:30 17:00 17:30 17:30 18:00 18:00 18:00 18:00 18:00 19:00 19:00 19:00 19:00 19:30 19:30

SÁBADO (10/02)

FUTSAL

II DIVISÃO SENIORES MASCULINOS SÉRIE AÇORES

13.ª JORNADA | 03.02.2018 Achada FC

-

SC Lusitânia

GD Fazendense

-

SC Barbarense

Minhocas

-

Casa da Ribeira

Norte Crescente

-

Matraquilhos FC

14.ª JORNADA | 10.02.2018 Matraquilhos FC

-

Achada FC

SC Lusitânia

-

GD Fazendense

SC Barbarense

-

Minhocas

Casa da Ribeira

-

Norte Crescente

- São Brás - Vila Nova, ENS Ajuda - Lajes, Ermida Cabouco - Cabo da Praia (1) - Biscoitos, S Pedro - Agualva - Casa Ribeira (1) - Santa Rita - Lajes - São Brás - Cabo da Praia (2) - Porto Martins - Casa da Ribeira (2) - Biscoitos, IC Maria - Vila Nova - Fontinhas - Matriz Sta. Cruz (1) - Quatro Ribeiras - Sta Luzia - Fonte Bastardo - Matriz Sta. Cruz (2) - Lajes, ES Santiago - Lajes - Matriz Sta. Cruz (3) - Matriz Sta. Cruz (4)) (1) Missas com coroação (2) Missas sem coroação (3) De outubro a junho (4) De julho a setembro

SÁBADO (03/02)

Local: Teatro Angrense Hora: 20H00

DOMINGO (04/02)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

SEGUNDA (05/02)

Local: Teatro Angrense Hora: 16H00

TERÇA (06/02)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814 Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

CARNAVAL 2018 Local: Auditório do Ramo Grande Hora: 17H00

QUARTA (07/02)

Local: Teatro Angrense Hora: 16H00

QUINTA (08/02)

TERÇA-FEIRA (13/02)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290 Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

CARNAVAL 2018 Local: Auditório do Ramo Grande Hora: 15H00

SEXTA (09/02)

Local: Teatro Angrense Hora: 16H00

SÁBADO (10/02)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905 Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

DOMINGO (11/02)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

SEGUNDA (12/02)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

TERÇA (13/02)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

QUARTA (14/02)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

QUINTA (15/02)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

ASSINE

BISCOITOS Posto da Misericórdia ( 295 908 315 SEG a SEX: 09:00-13:00 / 13:00-18:00 SÁB: 09:00-12:00 / 13:00-17:00

VOLEIBOL

II DIVISÃO SENIORES MASCULINOS SÉRIE AÇORES

VILA DAS LAJES Farmácia Andrade Rua Dr. Adriano Paim, 142-A ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-18:30 SÁB: 09:00-12:30

11.ª JORNADA | 03.02.2018 AA Alunos

-

CDE Topo

CD Ribeirense

-

CD Marienses

ADRE Praiense

-

CA Rabo Peixe

VILA NOVA

12.ª JORNADA | 04.02.2018

Farmácia Andrade

AA Alunos

-

CDE Topo

CD Ribeirense

-

CD Marienses

ADRE Praiense

-

CA Rabo Peixe

desporto@jornaldapraia.com

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

CARNAVAL 2018 Local: Auditório do Ramo Grande Hora: 15H00

SEGUNDA-FEIRA (12/02)

08:30 09:00 10:00 10:00 10:00 10:30 10:30 10:30 11:00 11:00 11:00 11:00 11:00 11:00 12:00 12:00 12:00 12:00 12:00 12:15 12:30 13:00 19:00 19:00 20:00

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

CARNAVAL 2018 Local: Auditório do Ramo Grande Hora: 20H00

DOMINGO (11/02)

DOMINGOS

CAMPEONATO FUTEBOL DOS AÇORES

Lajense

SÁBADOS

Caminho Abrigada ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-12:00 / 16:00-18:00

ASSINATURA ANUAL 15,00 EUR assinaturas@jornaldapraia.com

Nota Editorial Esteja na nossa “Agenda Cultural”, envie toda a informação para: noticias@jornaldapraia.com. •

Farmácias de serviço na cidade da Praia da Vitória, atualizadas diáriamente, em: www.jornaldapraia.com


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