Jornal da Praia | 0513 | 19.01.2018

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QUINZENA

19.01 A 01.02.2018 Diretor: Sebastião Lima Diretor-Adjunto: Francisco Ferreira

Nº: 513 | Ano: XXXV | 2018.01.19 | € 1,00

QUINZENÁRIO ILHÉU - RUA CIDADE DE ARTESIA - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA - ILHA TERCEIRA - AÇORES

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CENTRO FUNERÁRIO DE

SANTA CRUZ CONTINUA POR INAUGURAR

TOURADAS À CORDA: GRUPO DE JURADOS

ELEGE OS MELHORES DO ANO ESTUDO REVELA RECEIOS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM REPORTAR REAÇÕES ADVERSAS DOS MEDICAMENTOS TAUROMAQUIA | P. 3

ATUALIDADE | P. 10

SAÚDE | P. 7

NA PRAIA DA VITÓRIA

VEREADORES DO PSD DEFENDEM PLANO DE AVALIAÇÃO DE RISCO NO CONCELHO | P. 5

CATEQUESE DE SANTA LUZIA

ENTREGA CINQUENTA PRESENTES A JOVENS CARENCIADOS

SOLIDARIEDADE | P. 11 PUB

REUNIÃO BILATERAL

AUTARQUIA SUBLINHA DESRESPEITO INSTITUCIONAL REGIÃO | P. 9


JP | CANTO TEREZINHA

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MIOPIA JUDICIAL?

É comum dizer-se que “a justiça é cega”. Com esta expressão, encerramos toda a nossa confiança num sistema judicial, que num estado de direito democrático, como o nosso, em nome do povo, administra a justiça, independentemente do poder económico, estatuto social, ideologia política, credo religioso, raça ou orientação sexual dos seus intervenientes. É portanto, um garante das nossas liberdades e garantias enquanto cidadãos. Canto do Terezinha (CT), todavia, interroga-se sobre o verdadeiro significado atribuído à expressão à luz de um Estado que nos últimos tempos, vem sucessivamente falhando naquelas que são as suas princi-

pais funções: garantir a Segurança, administrar a Justiça e promover o bem-estar Económico e Social. Centrando-nos na Justiça, as mais recentes revelações, nomeadamente as feitas pelo jornalismo de investigação da TVI – cada vez mais importante e necessário, nestes tempos de assessorias de Imprensa – através da reportagem “Os segredos dos Deuses”, vem revelar uma cegueira do sistema judicial português que nos deve deixar, no mínimo, perplexos.

de miopia. De facto, não há quem passe no Largo Conde da Praia da Vitória, que não se aperceba de um belo edifício – é verdade, – mas muito mal tratado e a reclamar há muito, por uns “baldinhos” de tinta – tal é o estado de vergonhosa degradação da pintura. CT está no entanto confiante. É que recentemente abriu uma ótica um pouco mais abaixo, e assim, quem de direito possa finalmente passar a ver melhor, e pôr cobro a tal “vergonha”. O edifício agradece, a Justiça exige-o.

Mas se a nível nacional é cegueira processual, ignorando-se denúncias devidamente outorgadas, na Praia da Vitória, trata-se

FICHA TÉCNICA PROPRIETÁRIO: Grupo de Amigos da Praia (Associação Cultural sem fins lucrativos NIF: 512014914), Fundado em 26 de Março de 1982 REGISTO NO ICS: 108635 FUNDAÇÃO: 29 de Abríl de 1982 ENDEREÇO POSTAL: Rua Cidade de Artesia, Santa Cruz, Apartado 45 - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA, Ilha Terceira - Açores - Portugal TEL: 295 704 888 DIRETOR: Sebastião Lima (diretor@jornaldapraia.com) DIRETOR ADJUNTO: Francisco Jorge Ferreira ANTIGOS DIRETORES: João Ornelas do Rêgo; Paulina Oliveira; Cota Moniz CHEFE DE REDAÇÃO: Sebastião Lima COORDENADOR DE EDIÇÃO: Francisco Soares (editor@jornaldapraia.com) REDAÇÃO/EDIÇÃO: Grupo de Amigos da Praia (noticias@jornaldapraia.com; desporto@jornaldapraia.com); Elvira Mendes; Rui Sousa JP - ONLINE: Francisco Soares (multimedia@jornaldapraia.com) COLABORADORES: António Neves Leal; Aurélio Pamplona; Emanuel Areias; Francisco Miguel Nogueira; Francisco Silveirinha; José H. Silveira de Brito; José Ventura; Rodrigo Pereira PAGINAÇÃO: Francisco Soares DESENHO NO CABEÇALHO: Ramiro Botelho ADMINISTRAÇÃO José Miguel Silva (administracao@jornaldapraia.com) SECRETARIADO E PUBLICIDADE: Eulália Leal (publicidade@jornaldapraia.com) LOGÍSTICA: Jorge Borba IMPRESSÃO: Funchalense - Empresa Gráfica, S.A. - Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, 50 Morelena - 2715-029 PÊRO PINHEIRO ASSINATURAS: 15,00 EUR / Ano - Taxa Paga - Praia da Vitória - Região Autónoma dos Açores TIRAGEM POR EDIÇÃO: 1 500 Exemplares DEPÓSITO LEGAL: DL N.º 403003/15 ESTATUTO EDITORIAL: Disponível na internet em www.jornaldapraia.com NOTA EDITORIAL: As opiniões expressas em artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do jornal e do seu diretor.

Taxa Paga – AVENÇA Publicações periódicas Praia da Vitória


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TAUROMAQUIA | JP

ÉPOCA DE TOURADAS À CORDA 2017

GANADARIA EZEQUIEL RODRIGUES ARRECADA TÍTULO DE TOIRO MAIS REGULAR DO ANO Touro n.º 348 de Ezequiel Rodrigues sucede a exmplar n.º 280 da Casa Agrícola José Albino Fernandes no título de touro mais regular do ano.

T

erminada em outubro passado mais uma época de touradas à corda na ilha Terceira e à semelhança da tradição dos últimos anos, um grupo de anónimo jurados, elege o touro mais regular da época,

o “puro” com melhor prestação, a melhor tarde de touros do ano e ainda os exemplares que longo do ano deram as melhores cordas. Profundos aficionados da tauro-

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TOURO MAIS REGULAR DO ANO Exemplar n.º 348 da ganadaria Herdeiros de Ezequiel Rodrigues. maquia, para este grupo, outras motivações não lhes movem a não ser a promoção e engrandecimento da cultura tauromáquica, uma tradição secular, profundamente enraizada no povo desta ilha de Jesus Cristo. E é este enorme amor aos touros que lhes leva, ano após ano a percorrer, de maio a outubro, os mais diversos arraiais que de norte a sul, de este a

n.º 487 deste quinzenário, o prémio foi atribuído ao touro n.º 280 da Casa Agrícola José Albino Fernandes. Os mesmos jurados, consideraram que de todos os touros que em 2017 deram cordas pela primeira vez – os chamados “puros” – aquele que mais impressionou foi o exemplar n.º 94 com ferros de Rego Botelho. No

MELHOR “PURO” DO ANO Exemplar n.º 94 com ferros de Rego Botelho. oeste animam as tardes desta ilha. Atentos aos mais ínfimos detalhes de cada lide, anotam características como a nobreza das investidas, o porte nas arrancadas e a raça da bravura, conhecedores que são da técnica taurina num arraial do povo, como são as touradas à corda na ilha Terceira. Em 2017, este grupo de experientes jurados atribuiu o título de touro mais regular do ano, ao touro n.º 348 com ferros de Herdeiros de Ezequiel Rodrigues. No espaço de três anos, é a segunda vez que esta prestigiada ganadaria arrebata este título, já que em 2015, foi o touro n.º 23, a receber tão honrosa distinção. No ano de 2016, como noticiada na edição

que diz respeito à melhor tourada à corda do ano, o galardão foi entregue à tourada realizada no Caminho do Concelho, a 18 de setembro, na freguesia dos Biscoitos, com touros da ganadaria Casa Agrícola José Albino Fernandes. Na categoria de “Melhores Cordas” os jurados distinguiram os seguintes touros: Da ganadaria de António Lúcio, 134; da Casa Agrícola José Albino Fernandes, 280, 369 e 385; de Eliseu Gomes, 15; dos Herdeiros de Ezequiel Rodrigues, 26; de Humberto Filipe, 232 e 258, de João Quinteiro Pai, 38 e finalmente com símbolo de Rego Botelho, o touro n.º 30. JP/Fotos: O Bravo/André Monteiro•


JP | EFEMÉRIDE

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PORTOS BRASILEIROS – O FIM DO MONOPÓLIO (1808) HISTORIADOR: FRANCISCO MIGUEL NOGUEIRIA

A abertura dos portos brasileiros contribuíram para o desenvolvimento económico, cultural e social do Brasil, que deixou de ser colónia.

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á exatos 210 anos, a 28 de janeiro de 1808, o Príncipe Regente D. João (futuro D. João VI) promulgava o Decreto de Abertura dos Portos brasileiros às Nações Amigas. Este pequeno gesto abriria uma nova fase para o Brasil, que foi ganhando autonomia dentro do próprio Reino de Portugal. Esta situação desembocaria na criação de um Brasil independente. Nos inícios do século XIX, a França Napoleónica controlava grande parte do continente europeu. Napoleão queria fechar os portos continentais à Inglaterra e decretou o Bloqueio Continental, contudo Portugal não “aderiu”, por vários motivos, entre eles, a multissecular aliança com os ingleses, a pressão marítima que estes faziam e a uma certa “indecisão” de D. João, Príncipe regente de Portugal (sua mãe, a Rainha D. Maria I enlouquecera), futuro D. João VI. Napoleão, após pressão junto da Coroa portuguesa, sem grandes efeitos, mandou invadir Portugal. Com Junot ao comando das tropas, iniciaram-se as Invasões Francesas de Portugal. D. João, a família real e a corte, começaram a preparar a sua saída de Portugal. Defendia-se, então, que era necessário proteger a Monarquia legítima do país, nem que se tivesse de fazer uma “retirada estratégica”, apoiada pela Inglaterra. A 29 de novembro de 1807, com Junot às portas de Lisboa, a frota da corte portuguesa partia de Belém para o Brasil, escoltada por navios ingleses e, no dia seguinte, os franceses chegavam à capital. Junot e as suas tropas dirigiram-se ainda ao PUB

Forte de S. Julião da Barra e dispararam sobre a frota, mas sem sucesso, por isso, ficaram a “ver navios”, expressão que ainda hoje se utiliza. A frota portuguesa era comandada por Manuel da Cunha Sotto-Maior e compunha-se de 8 naus, 3 brigues, 1 escuna e 1 charrua, com cerca de 15 000 pessoas. Para salvaguarda da integridade da família real e da linhagem, em caso de ataque, os seus membros foram embarcados em diferentes naus. A população portuguesa só teve conhecimento da saída da família real através de um documento de D. João, no qual, decretara que na ausência do monarca, o país seria governado por um Conselho de Regência, presidido por D. Pedro de Lancastre da Silveira Castelo Branco Sá e Meneses, Marquês de Abrantes. A família real levou consigo um espólio de riquezas incalculável, entre elas, uma pepita de ouro, que as tropas francesas tinham ordens para saquear, mas que, felizmente, estava protegida, no camarote de D. João. Apesar disso, muitos bens, ficaram no cais de Belém, sendo roubados, mas os cerca de 60 000 volumes, encaixotados, da Biblioteca Real da Ajuda, que ficaram em terra, seriam posteriormente enviados para o Brasil. Após o reconhecimento da Independência do Brasil, em 1825, a Biblioteca passou a fazer parte da Biblioteca do Império brasileiro, reconhecida pela Convenção Adicional ao Tratado de Amizade e Aliança firmado entre os dois países. Portugal, por esta perda, foi indemnizado em oitocentos contos de réis, mas a enorme riqueza cultural portuguesa ficou para sempre no Brasil. A corte portuguesa viajou por cerca de 2 meses, enfrentando as refeições racionadas, as condições sanitárias precárias e o calor que se fazia

na zona dos trópicos. O escorbuto (falta de vitamina C) e outras doenças típicas das viagens longas de mar ceifaram a vida de muitas pessoas. A frota chegou à Baía a 22 de janeiro de 1808 e, no dia seguinte, desembarcaram em terras brasileiras. No final da viagem, uma enorme infestação de piolhos obrigou a todos a raspar a cabeça, por isso, aquando do desembarque, Carlota Joaquina, esposa de D. João, e suas filhas tinham turbantes rústicos enrolados na cabeça para disfarçar. As damas da sociedade baiana pensaram ser uma moda europeia e aderiram com tal entusiasmo, que até hoje as baianas usam o turbante no seu figurino. Uns dias depois, a 28 de janeiro, a promulgação do decreto de abertura dos portos brasileiros marcava o fim do exclusivo comercial (o Brasil só comprava produtos e vendia matérias-primas à sua metrópole). O decreto atendia às necessidades da Corte portuguesa, que não podia enviar os produtos brasileiros para Lisboa e precisava de recursos para modernizar o Brasil. A abertura dos portos permitia que as outras nações adquirissem diretamente no Brasil produtos coloniais, como o açúcar, o algodão ou o tabaco. O Brasil passou a importar mercadorias europeias, sobretudo da Inglaterra, a nação mais beneficiada com o fim do monopólio comercial. As trocas comerciais floresceram nos portos brasileiros de Belém, São Luís, Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Em pouco tempo, a vida das cidades brasileiras sofreu rápidas transformações. Muitos comerciantes europeus instalaram-se no Brasil. A facilidade de obter produtos europeus modificou os hábitos da população, os mais ricos começaram a vestir-se à moda europeia e a comprar artigos raros e de luxo, como

os cristais, os perfumes, os talheres, as louças, os sabonetes, as escovas ou os pentes). A Corte portuguesa instalou-se no Rio de Janeiro, a cidade que mais se desenvolveu neste período. O Rio de Janeiro ganhou novo aspeto, com a urbanização promovida na época como um princípio da industrialização, além da criação e desenvolvimento da imprensa no Brasil. Promoveu-se a implantação de teatros e bibliotecas, do Jardim Botânico, da Casa da Moeda e da Academia Militar. Em Espanha, D. Violante foi encerrada em dois mosteiros, em Cadiz e Jaem e posteriormente obrigada a casar a 1 de abril de 1585 com Simão de Sousa de Távora, voltando a Portugal. Morreu em Lisboa a 17 de novembro de 1599. Os seus bens vinculados foram herdados por Manuel do Canto de Castro, neto de António Pires do Canto, irmão de seu pai, assim nasceu, segundo as crónicas, a Caza maior das ilhas. Os restantes bens foram entregues à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e a várias outras instituições pias. A abertura dos portos brasileiros contribuíram para o desenvolvimento económico, cultural e social do Brasil, que deixou de ser colónia. A 16 de dezembro de 1815 nascia o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. As transformações causadas pela abertura dos portos representaram um grande passo para a emancipação política do Brasil, pois assim as forças sociais que conduziriam o processo de independência estavam economicamente fortalecidas. Atualmente, é necessário incentivar à compra de produtos locais, a Terceira em geral e a Praia da Vitória em particular, precisam que se aposte no mercado local, que se incite a que se compre e venda os produtos frescos da nossa terras, que se valorize o que se produz na Ilha, pois só assim conseguiremos o nosso reequilíbrio económico-social. A crise não deve ser desculpa para não apostarmos nos produtos locais. A união de todos, num objetivo comum de tirar o concelho praiense da crise em que caiu, faz a força de um pequeno “Grande” povo terceirense que tem de lutar pelo que é o melhor para si. •


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NO CONCELHO | JP

VEREADORES DO PSD DEFENDEM PLANO DE AVALIAÇÃO DE RISCO Os vereadores do Partido Social Democrata da Câmara Municipal da Praia da Vitória, iniciaram um périplo pelas freguesias praienses, tendo em vista identificarem em cada uma das freguesia, os principais focos de risco face a eventuais intempéries, agora que estamos no inverno e a possibilidade de surgirem serem cada vez maiores.

O

s vereadores do PSD na Câmara Municipal da Praia da Vitória iniciaram, com o novo ano, um périplo pelas freguesias do Concelho, para “tomar conhecimento dos potenciais focos de risco identificados nas últimas intempéries, iniciativa que é o primeiro passo de um plano de avaliação e intervenção naqueles locais, tão necessário no nosso concelho”, defende Rui Espínola.

O social democrata avança que “as últimas chuvadas avisaram-nos de que o inverno está aí e nem tudo está preparado para o receber na Praia da Vitória, pois existem ribeiras por limpar e outras por fundear. Há terrenos e casas com serventia para ribeiras, onde vivem famílias que, em caso de maior precipitação, estão em situação de risco. O município tem de ter um Plano de intervenção que tenha em conta essa realidade”, reiterou.

“A nossa proposta, que já foi aprovada por unanimidade na última reunião de Câmara, é que este plano

contemple a sinalização e identificação desses locais, num levantamento que deve ser feito por técnicos especializados do município, em conjunto com os presidentes de junta e populações locais”, explicou.

rios para uma intervenção eficaz. Se no final destes 4 anos, 80% desse Plano estiver implementado, e os restantes locais pelo menos identificados, ficamos muito satisfeitos”, defendeu Rui Espínola.

“Deve igualmente contemplar o tipo de intervenção necessária e o grau de urgência da mesma. E ainda identificar responsabilidades - se do município, das Obras Públicas ou da Secretaria do Ambiente - e começar a acionar os mecanismos necessá-

“Este pode, e deve ser, um complemento ao trabalho já efetuado aquando da elaboração do Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil”, acrescentou o social democrata.

O vereador do PSD afirmou ainda que “o executivo deve apostar numa postura preventiva, ao invés de remediar quando se depara com situações urgentes. No nosso entender, o município ganha a todos os níveis se assim for, não só garantido a segurança das populações, como prevenindo gastos futuros com imprevisibilidades”, disse.

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Os dois autarcas eleitos pelo PSD já visitaram as freguesias das Fontinhas, Biscoitos, Agualva, Porto Martins e estarão nos próximos dias no terreno, em contato com as restantes Juntas de Freguesia, para tomar conhecimento dos potenciais locais de risco que as mesmas já tenham identificado. GIPSD/JP•


JP | SAÚDE

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o Cantinho do Psicólogo 179

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unca é demais sublinhar que o stress se relaciona com uma reacção defensiva do organismo, face a perigos reais Aurélio Pamplona ou a situações em (a.pamplona@sapo.pt) que se pressinta que isso pode vir a ocorrer. Acrescente-se que a situação será prejucial quando resulta da impossibilidade de dominar uma condição palpável, e se traduz em dano, fracasso ou perigo para a pessoa. No entanto e de acordo com Rojo & Fernandez (1997), se a tensão resultante da condição for vencida ou canalizada, a sua ocorrência pode ser algo de construtivo e criativo. O dano surgirá em casos de stress insuportável, com alterações psíquicas e orgânicas, de que são exemplos as sensações de ansiedade, o medo excessivo, os sentimentos de culpa. Estes e outros sintomas configuram pois sinais de alerta a considerar, visto corresponderem a indicações de que algo está a funcionar mal na nossa capacidade de adaptação. Nascendo em parte a auto-eficácia daquilo que se faz dia a dia, não admira que esta oriente e regule habitualmente as acções futuras, em diversos campos. Por exemplo no campo da saúde a auto-eficácia tem-se mostrado como componente significativo de programas de auto-manejo da cessassão tabágica, do manejo da dor crónica, da domínio da asma e de outras problemáticas. Ou seja, os indivíduos com elevada auto-eficácia adquirem ou mantém com maior probabilidade comporta-

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Auto-Controlo mentos protectores da saúde (p. ex., o exercício), comportamentos de controlo (p. ex., manter o peso apropriado), ou parar um comportamento (como p. ex., de fumar). Embora haja muito que o indivíduo pode fazer para sair das situações de stress, nomeadamente recorrendo a apoio psicológico ou social, ou aos medicamentos, os autores referidos atrás defendem que «nenhum fárma-

co é eficaz se a pessoa em stress não modificar o ritmo de vida gerador da situação». Daqui a importãncia do que se tem dito e do muito que há a esclarecer. Por exemplo, embora o “rapaz” da fotografia tenha auto-eficácia, dado que consegue saltar bem dum sítio relativamente elevado, falta-lhe auto-controlo, na medida em que gosta de dar um certo espectáculo em situações que nem sempre são as mais adequadas, e com isso até se pode vir a magoar, exactamen-

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te por falta de controlo.

procurar conseguir.

Por tudo isto, e porque existe sempre uma certa relação entre algumas variáveis interessa consciencializarmo-nos de que, possuir auto-controlo, ou seja, enfrentar os problemas de forma disciplinada e organizada, esforçando-se por fazer bem as coisas que não estão feitas, ou que não estão bem feitas, corresponde à sétima medida que devemos tomar

Sobre estes pontos, um autor, Persaud (2005) afirma e esclarece, respectivamente, o seguinte: (1) a falta de auto-controlo está no centro de um grupo de doenças conhecidas por perturbações do controle de impulsos; (2) isto vai desde as pessoas incapazes de controlar o seu temperamento, até aquelas que não controlam o que bebem, comem, fumam, as drogas que ingerem e até o dinheiro que gastam. E esclarece que controlar não significa só aprender a deixar de fazer alguma coisa. Significa ser capaz de começar a fazer algo que se suspendeu, como trabalho, um projecto novo, a revisão para bom exame, ou a retoma de exercício regular.

para dominar o stress. A este respeito refira-se já que existem dois tipos de controlo: (1) o auto-controlo instantâneo, de que é exemplo aquele que recusa ir a um bar; e (2) o auto-controlo dicisional ou a longo prazo, característico daquele que continuamente recusa a oferta de bebidas, ou que até não olha para as garrafas, embora as tenha expostas à sua frente durante muito tempo. Naturalmene que o auto-controlo decisional é claramente o melhor que se pode

Comum a estes dois cenários, do parar ou começar algo, diga-se que um comportamento corrente necessita de ser suspenso, diminuído, ou substituído por outro quando causa sofrimento. E quando mudamos o comportamento de uma forma que gostamos estamos a exercer auto-controlo. Assim, ao suspender o gasto exagerado, abandonar a alimentação não saudável, e ao reiniciar a prática do exercício simplesmente porque gostamos, demonstramos auto-controlo. No entanto antes de iniciar o ganho de auto-controlo covém estarmos convencidos das nossas capacidades para fazer isso. Referências: Persaud, R. (2005). The Motivated Mind. London: Bantam Press. Rojo, E. V. & Fernandez, R. P. (1997). Os 100 mitos da Saúde. Lisboa: Dinalivro. Foto: Sepp Hasslberger•


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SAÚDE | JP

ESTUDO REVELA RECEIOS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM REPORTAR REAÇÕES ADVERSAS DOS MEDICAMENTOS Falta de tempo e receio de litígio explicam subnotificação dos profissionais de saúde às reações adversas dos medicamentos.

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falta de tempo e o medo de repercussões legais são apontadas como dois dos principais entraves à notificação de reações adversas a medicamentos por parte de profissionais de saúde em Portugal. Esta é uma das conclusões do estudo “Farmacovigilância na União Europeia: Implementação prática nos Estados Membros”, desenvolvido por Michael Kaeding, especialista em políticas europeias e professor na Universidade de Duisdburg-Essen, com o apoio da biofarmacêutica AbbVie. O estudo, que alerta para a subnotificação de reações adversas em Portugal, identifica as principais barreiras à notificação e apresenta ainda algumas recomendações. Falta de tempo - Um dos entraves à notificação identificados pela análise foi a falta de tempo dos profissionais de saúde, situação que os autores descrevem como particularmente crítica em meio hospitalar, onde médicos e enfermeiros estão sobrecarregados. Face a esta falta de recur-

sos, resultante dos sucessivos cortes orçamentais em consequência da crise, o estudo considera que são necessários mais meios financeiros para reduzir a carga de trabalho dos profissionais de saúde e, consequentemente, aumentar a possibilidade de notificação de reações adversas. Medo de repercussões legais - Mas existe também um receio repercussões legais entre os profissionais de saúde, como foi possível constatar nas entrevistas realizadas no âmbito deste trabalho. De acordo com os autores, mesmo que os profissionais de saúde estejam alerta para a importância de notificar as reações adversas e tenham tempo, podem ter receio de o fazer por questões legais. Para que os profissionais de saúde não tenham receio de notificar, o estudo recomenda algumas medidas, como o aconselhamento jurídico e o reforço da confidencialidade. Falta de sensibilização – A análise revela ainda que muitos profissionais

de saúde não estão sequer informados sobre a sua obrigação legal de notificar ou não estão sensibilizados para a importância de notificar todas as reações, e não apenas as graves ou inesperadas. Nesta matéria, o estudo recomenda a obrigatoriedade de aulas sobre a importância da farmacovigilância e a necessidade da notificação de reações adversas para todos os estudantes de Medicina e Farmácia. Os autores recomendam ainda formação adicional, mesmo após a universidade, para todos os profissionais de saúde e gestão hospitalar. No caso concreto dos medicamentos biológicos essa falta de sensibilização é ainda mais preocupante, constatam os autores do trabalho, salientando que muitos profissionais de saúde não estão alerta para a necessidade de reportar os números de lote, informação essencial para a rastreabilidade dos biológicos. Os autores defendem ainda a criação de regulamentação própria para os biológicos que, pelas suas características e pela complexidade do seu modo de desenvolvimento e produção, devem ser vistos como um desafio especial para a farmacovigilân-

cia. O estudo “Farmacovigilância na União Europeia: Implementação prática nos Estados Membros” foi liderado por Michael Kaeding, especialista em políticas europeias e professor na Universidade de Duisdburg-Essen, com o apoio da biofarmacêutica AbbVie.

ABBVIE A AbbVie é uma empresa biofarmacêutica global, orientada para a investigação, empenhada no desenvolvimento de terapêuticas inovadoras avançadas que respondam a algumas das doenças mais complexas e graves a nível mundial. A missão da empresa é fazer uso da sua experiência, da dedicação dos seus colaboradores e da sua abordagem única à inovação para melhorar de forma significativa a oferta terapêutica em quatro áreas principais: imunologia, oncologia, virologia e neurociência. Os colaboradores da AbbVie trabalham diariamente em mais de 75 países para desenvolver soluções de saúde para pessoas em todo o mundo. AbbVie/JP•

GRIPE: FARMÁCIAS DISPENSAM MEIO MILHÃO DE VACINAS As farmácias em complemento ao Serviço Nacional de Saúde, disponibilizam vacinação contra a gripe, tendo registado uma procura, que a manter-se, ultrapassará o meio milhão de vacinas.

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om a chegada do mau tempo, são cada vez mais os portugueses que estão a vacinar-se

nas farmácias. As farmácias já dispensaram até

agora 478 mil vacinas contra a gripe. Com este nível de procura, vão seguramente ultrapassar o meio milhão

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de vacinas até ao final do ano.

“As pessoas devem vacinar-se já, porque nunca é tarde para prevenir. É expectável que o vírus seja mais agressivo este ano”, afirma Rute Horta, farmacêutica com 10 anos de experiência acumulada em campanhas de vacinação e atualmente diretora dos Serviços Farmacêuticos da Associação Nacional das Farmácias.

Em Portugal há 2.500 farmácias habilitadas a administrar a vacina contra a gripe. A vacinação evita mortes, diminui os riscos associados à doença e está indicada durante todo o Outono e Inverno. LPM Comunicação/JP•


JP | REGIÃO

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VASCO CORDEIRO ENTENDE QUE

BILATERAL PERMITIU COLOCAR PROCESSO DA DESCONTAMINAÇÃO NUMA NOVA FASE POLÍTICA E DIPLOMÁTICA O presidente dá ainda um prazo de seis meses ou a próxima reunião da Comissão Bilateral Permanente para avaliar se esta nova fase se materializa em resultados visíveis e concretos.

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Presidente do Governo, Vasco Cordeiro, afirmou à saída da reunião da Comissão Bilateral Permanente (CBP), que decorreu em dezembro, na capital portuguesa, que a reunião da CBP marca, do ponto de vista da atenção política e diplomática, uma nova fase em relação ao processo de descontaminação ambiental na ilha Terceira, mas alertou que esta abordagem não quer dizer que este assunto esteja resolvido. “Posso afirmar que, do ponto de vista da atenção política e diplomática para esta questão, considero que o assunto entrou numa nova fase. Mas o facto de ter entrado numa nova fase, não quer dizer que tenha chegado ao seu destino ou esteja resolvido”, disse Vasco Cordeiro. Em declarações aos jornalistas, o Presidente do Governo adiantou que a reunião da CBP entre Portugal e os Estados Unidos, que teve o processo das Base das Lajes como um dos pontos da sua agenda, marca, assim, uma nova abordagem, caracterizada como sendo de uma atenção renovada e reforçada ao assunto da descontaminação. Segundo disse, esta nova abordagem passa pela assunção de uma maior amplitude quanto às diversas vertentes deste assunto, considerando que o assunto não tem por critério apenas as questões de segurança e saúde pública, mas também as questões de qualidade ambienPUB

tal, assim como a assunção, embora não formalmente contabilizada, da necessidade de haver uma calendarização para a execução de medidas concretas e visíveis nesse domínio da descontaminação. “Efetivamente, é necessário que esta nova consciência para a importância essencial dessa matéria no âmbito da relação com os EUA, se traduza em três resultados práticos”, ao nível de medidas concretas e visíveis, não só de monitorização, mas, sobretudo, de efetiva descontaminação nos locais onde a contaminação está comprovada e em todos os outros onde venha, eventualmente, a estar, mas também de reforço dos mecanismos de informação e transparência públicas, quanto ao que está ou não a ser feito, segundo critérios técnicos e científicos e de um calendário exigente e realizável para evoluções visíveis notórias neste assunto, afirmou. De acordo com Vasco Cordeiro, depois desta reunião, da parte do Governo dos Açores, esse calendário é claro e está definido: seis meses ou a próxima reunião da CBP, consoante a que acontecer primeiro, será o calendário apropriado para se avaliar se esta nova abordagem se materializa em resultados visíveis e concretos. O Presidente do Governo recordou ainda que, após a reunião que antecedeu esta de Lisboa, e que se realizou a 11 de maio do corrente ano, em

Washington, teve oportunidade de dar conta da insatisfação do Governo dos Açores quanto à forma como essa reunião tinha ocorrido e quanto aos resultados que dela tinham saído. “Essa minha apreciação deveu-se à perceção muito nítida para mim, de que havíamos chegado a uma situação de impasse, em que as perspetivas de ambas as partes em relação à situação da descontaminação ambiental da ilha Terceira, quer em termos de âmbito, quer em termos de calendário, eram muito diferentes”, disse. “Após essa reunião, e ao longo dos últimos meses, desde logo da minha parte, desenvolvi um conjunto de diligências, quer a nível nacional, quer a nível externo, com o objetivo de voltar a colocar este assunto no plano correspondente ao facto de esta ser uma prioridade para o Governo dos Açores”, sublinhou Vasco Cordeiro, destacando, também, um conjunto de outras diligências que foram realizadas desde então.

Nesse sentido, apontou a reunião do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, com o Secretário de Estado norte-americano Rex Tillerson, no dia 27 de julho, a reunião do Ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, com o Secretário da Defesa norte-americano, James Mattis, no dia 12 de setembro, a entrada em funções do novo embaixador dos Estados Unidos da América em Lisboa, George Glass, a 25 de agosto e a entrada em funções do novo comandante do 65th Airbase Group, Coronel Peter Feng, a 16 de agosto, entre várias outras. “Interessa precisar que, muito embora algumas dessas diligências não fossem exclusivamente sobre a situação das Lajes, também sobre ela tiveram impacto”, disse Vasco Cordeiro, salientando que entre as duas reuniões da CBP foram, também, realizados e entregues os resultados de um conjunto variado de análises relativas aos dois locais cuja contaminação confirmada, inspira maior preocupação. GaCS/PC/JP•


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REGIÃO | JP

AUTARQUIA DA PRAIA REAGE EM COMUNICADO ÀS CONCLUSÕES DA 38.ª REUNIÃO DA COMISSÃO BILATERAL PERMANENTE No comunicado a Autarquia sublinha falta de respeito institucional do Ministério dos Negócios Estrangeiros e condena a ausência do ministro Augusto Santos Silva.

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a sequência das conclusões emitidas relativamente à abordagem aos dossiers pendentes com ligação à Base das Lajes, particularmente os processos de descontaminação dos solos em zonas circundantes à infraestrutura, da 38ª Reunião da Comissão Bilateral Permanente do Acordo de Cooperação e Defesa entre Portugal e os Estados Unidos, o Município da Praia da Vitória emitiu um comunicado onde considera pertinente: Sublinhar o desrespeito institucional do Ministério dos Negócios Estrangeiros para com a Autarquia pela recusa da presença do seu presidente neste encontro, tendo em conta o impacto quotidiano da presença norte-americana no Concelho e, sobretudo, a pertinência da questão da descontaminação para a salvaguarda da população e do ambiente locais, assim como o papel do Município como entidade gestora do abastecimento de água para consumo público; competências que lhe conferem uma visão de proximidade fundamental no desenho de ações conducentes à resolução dos problemas; Condenar a ausência do ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal da reunião da Comissão Bilateral, situação que o Município da Praia da Vitória entende como de desvalorização das matérias em discussão, assunto de elevada importância para a salvaguarda social e ambiental de uma parcela do território português; PUB

Subscrever a posição emitida pelo Presidente do Governo Regional dos Açores, particularmente os resultados práticos enumerados - medidas concretas e visíveis de monitorização e efetiva descontaminação; reforço dos mecanismos de informação e transparência públicas; e apresentação de um calendário exigente e realizável -, tendo em conta a mesma espelhar a posição do Município da Praia da Vitória relativamente à urgência de uma resposta clara e eficaz para o problema da contaminação dos solos em áreas circundantes à Base das Lajes; Reafirmar a segurança – comprovada pelo vasto quadro de análises – da água fornecida para consumo público no Concelho da Praia da Vitória; Informar os munícipes das ações do Município, nos próximos tempos, relativamente a esta matéria, nomeadamente: Continuar a monitorização especial nos furos do Juncal, Areeiro, Canada das Covas, Pico Celeiro e Barreiro, garantindo a máxima qualidade no abastecimento público de água no Concelho da Praia da Vitória; Manter como prioridade máxima a descontaminação dos solos nas áreas identificadas no Concelho, ou noutras que venham, cientifica e tecnicamente, a ser identificadas, colocando este assunto acima de qualquer outro relacionado com os Estados Unidos da América ou o Governo da República; Reforçar todos os canais diplomáticos ou de influência à disposição do Município, no sentido de garantir um quadro

alargado de apoio a um plano de descontaminação dos solos; Manter a reivindicação de presença do Município da Praia da Vitória nas reuniões da Comissão Bilateral ou noutros fóruns em que estas matérias sejam debatidas, até que o processo de descontaminação esteja concluído; Reforçar a disponibilidade do Município para receber todos e quaisquer alertas e contributos da sociedade civil relativamente a esta matéria, sem preconceitos ou pressupostos criados, nomeadamente, na identificação de locais ainda por comprovar a existência de contaminação. Sublinhar o papel do Presidente do Governo Regional dos Açores nestas matérias, particularmente, o relevo que lhe confere ao assumir pessoalmente a presença nas reuniões da Comissão Bilateral, espelhando com essa atitude a importância do assunto para a Região; Valorizar o empenho do Governo Regional dos Açores na resolução desta questão, em estreita cooperação com o Município da Praia da Vitória; Saudar a abertura do novo Embaixador dos Estados Unidos da América em Portugal para os problemas ambientais na Ilha Terceira decorrentes da presença militar norte-americana, manifestada quer nos encontros mantidos com o presidente da Autarquia, quer publicamente. Neste ponto, o Município memoriza a seguinte declaração, hoje publicada no jornal “Público”: «Quanto às Lajes, estamos apostados em encontrar soluções para os desafios que vão surgindo e, através da cooperação e das nossas fortes relações de trabalho com os governos de Portugal e dos Açores, estamos a fazer progressos. Para ser claro,

isso inclui preocupações ambientais levantadas pelos nossos parceiros portugueses, que estamos a abordar através da cooperação e do diálogo. (…) Estou confiante de que a lista dos restantes desafios continuará a diminuir através do trabalho árduo dos nossos técnicos». Saudar a nova abordagem do Coronel Peter P. Feng, novo comandante do destacamento norte-americano na Base das Lajes, para com os problemas ambientais da Ilha Terceira. Neste ponto, o Município deposita expetativa no seu currículo e formação técnica para a melhor condução do processo de descontaminação. O Município da Praia da Vitória entende, portanto, que se regista uma nova postura de vários intervenientes relativamente a esta matéria. Contudo, sublinha que a mesma ainda não se traduziu num plano claro e realizável de ações, o qual, na ótica da Autarquia, tem de surgir no primeiro semestre de 2018. O Município da Praia da Vitória apela a todos os agentes públicos e à sociedade civil a definição clara desta prioridade de ação, assim como, o devido fundamento nas declarações a produzir nesta matéria, de modo a que sejam fundamentadas cientifica e tecnicamente e não se criem cenários desfasados da realidade, com custos colaterais para a imagem e futuro da Praia da Vitória. Nesse sentido, o Município da Praia da Vitória manterá esta matéria como prioridade cimeira e utilizará todos os meios e recursos ao seu alcance até que sejam implementadas as medidas necessárias à resolução do problema. GPMPV/JP•


JP | ATUALIDADE

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CAPELA MORTUÁRIA DE SANTA CRUZ CONTINUA POR INAUGURAR Com inauguração prevista para 2016, os santa-cruzenses entraram em mais um ano sem Capela Mortuária.

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nunciada em fevereiro de 2016, a Capela Mortuária da freguesia de Santa Cruz e Crematório da ilha Terceira, embora em fase final de instalação, continua por inaugurar e os santa-cruzenses viraram mais um ano, sem que esta velha aspiração esteja concretizada. O projeto de construção da Capela Mortuária da freguesia de Santa Cruz e Crematório da ilha Terceira, foi apresentado pela primeira vez, a 09 de fevereiro de 2016, em conferência de imprensa conjunta, no salão nobre dos Paços do Concelho, na cidade da Praia da Vitória, pelo então presidente da autarquia praiense, Roberto Monteiro e o presidente da Junta de Freguesia de Santa Cruz (JFSC), à data, Carlos Armando Costa, hoje, vice-presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória (CMPV). Na ocasião, os responsáveis apontavam o arranque da obra para dali a dois meses, ou seja, em abril, e a conclusão para o final desse mesmo ano.

CAPELA MORTUÁRIA DE SANTA CRUZ E CREMATÓRIO DA ILHA TERCEIRA Projeto foi apresentado ao público em fevereiro de 2016. rem necessárias nas restantes ilhas do grupo central”.

clusivamente a constrangimentos relacionados com o fornecimento

As obras previstas para abril, todavia, só arrancaram seis meses depois, em outubro, devido a dificuldades burocráticas de natureza notarial, segundo esclarecimentos do presidente da JFSC, Carlos Armando Costa, ao Jornal da Praia (JP) e impressas na edição n.º 489, de 20 de janeiro de 2017. Nesta mesma edição, o autarca previa a conclusão da infraestrutura em estado totalmente funcional para o final do verão. A 21 de julho, na sequência das entrevistas levadas a cabo pelo JP aos presidentes de juntas de freguesia do concelho, indagamos o autarca sobre a data de inauguração da obra. “Esta obra tem estado a decorrer num ritmo espectável. Posso informar que a máquina para o crematório, adquirida em Itália, chega no final deste mês de julho e será instalada no início de agosto, prevendo-se que a obra fique concluída até final deste ano de 2017”, disse, acrescentando, “o projeto do Centro Funerário, comtempla uma capela mortuária com duas morgues e um crematório com capacidade para se servir toda a Ilha Terceira e as solicitações que fo-

CENTRO FUNERÁRIO DE SANTA CRUZ Aguarda chegada do mobiliário para ser inaugurado. Confrontado com nova derrapagem na data de inauguração pelo JP, António Borges, presidente da JFSC, esclareceu que o atraso deve-se ex-

do mobiliário destinado ao espaço. Adiantou que o concurso do mesmo já foi lançado e o material adjudicado, mas o concorrente vencedor encontra-se impossibilitado de pro-

ceder à entrega, devido a um período de férias do fabricante. Assegurou que o equipamento crematório encontra-se instalado e já foi tecnicamente testado, estando absolutamente operacional. Indicou que a instalação foi feita por um técnico credenciado vindo diretamente de Itália, o qual, foi acompanhado pelo operador do sistema, que para além da formação destinada à utilização do equipamento, ficou habilitado a resolver pequenas avarias. Terminou afirmando que é expectável que a inauguração possa ocorrer entre o final do mês de abril, início de maio. A Capela Mortuária da freguesia de Santa Cruz e Crematório da ilha Terceira é uma infraestrutura de 300 metros quadrados, constituída por três zonas centrais: Zona de permanência, que inclui a Capela e a Morgue, com capacidade para cerca de cento e cinquenta pessoas; Zona de Serviço, constituída pela sala de tanatopraxia (preparação de cadáver) e crematório; e Zona de descanso, direcionada aos familiares. Orçado em quatrocentos mil euros, o investimento resulta de uma parceria entre o Governo dos Açores, a CMPV e a JF SC. JP•

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SOLIDARIEDADE | JP

NO ÂMBITO DA INICIATIVA “PRENDA PARA JESUS”

CATEQUESE DE SANTA LUZIA ENTREGA CINQUENTA PRESENTES A JOVENS CARENCIADOS Iniciativa de solidariedade promove espírito de partilha e distribui sorrisos a crianças e jovens carenciados.

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Pelo segundo ano consecutivo a catequese da paróquia de Santa Luzia promoveu o evento “Prenda para Jesus” que angariou cerca de 50 presentes que reverteram para os jovens auxiliados pela Santa Casa da Misericórdia da Praia da Vitória. A ideia solidária desenvolve-se no seio do grupo de formação cristã onde cada catequisando e catequista embrulha uma roupa pessoal em bom estado ou um brinquedo, indica o género e idade para os quais o presente se aplica e entrega “a Jesus” na missa que encerra o primeiro período de catequese. Todas as crianças e jovens da catequese participaram nesta edição dando um pouco do que é seu aos mais carenciados. Para o grupo de catequistas “esta atividade é um ato simbólico, mas que ajuda a incutir o princípio da partilha e solidariedade junto dos mais jovens”, não esquecendo que “tem PUB

efeito na vida das crianças mais necessitadas”. Por sua vez, na entrega da meia centena de presentes solidários, o provedor da Santa Casa, Francisco Ferreira, agradeceu o ato da cate-

quese salientando que “esta [Santa Casa] é uma instituição que precisa das pessoas e só pode ajudar os que mais precisam se também for ajudada pelos que podem”.

“Prenda para Jesus” para tornar mais feliz o Natal de crianças e jovens carenciados.

Em 2018 voltar-se-á a entregar uma

Texto: Rodrigo Pereira Foto: Direitos Reservados


JP | EDITORIAL & OPINIÃO

E DITORIAL

Casaca vermelha ornada de branco algodão, barreta de igual cor e de borla ao lado, botas de cano, e sino na mão, e não esquecendo a farfalhuda barba banca, lá vai o José divertir miúdos e graúdos. jus de por em prática os ensinamentos de boa educação que a sua progenitora lhe transmitira, bem assim, a ousadia de fazer frente a quem o tentava destratar.

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É verdade inegável, que o nosso Juízo Local Cível tem sido exemplar, e modelo a seguir a nível regional e mesmo nacional, funcionando de tal forma bem, que deve ser motivo de orgulho para todos os praienses e mesmo todos os Terceirenses. Ao invés o edifício onde funciona o Tribunal da Praia, Domus Justitia é um desastre. Domus Justitia da Praia da Vitória, foi inaugurado no dia 18 de Fevereiro de 1991, pelo então Ministro da Justiça, Laborinho Lúcio, com pompa e circunstância, mas logo no principio surgiram problemas com graves infiltrações de águas pluviais, principalmente a partir do tecto, que só recentemente tiveram solução, mas imperfeita porque quando chove muito às vezes surgem algumas infiltrações de água através do telhado, mal projectado para o clima da nossa região, nem os técnicos que o elaboraram tiveram em conta qualquer estudo sobre os ventos predominantes, daí que só uma remodelação radical, resolveria o problema de foram eficaz e definitiva, o que se espera há muito tempo que o Ministério da Justiça ordene. Desde a inauguração do edifício onde funciona o tribunal, as paredes exteriores jamais viram tinta, o que é lamentável, o reboco das paredes exteriores está a degradar-se dia-a-dia, os limos e leivas proliferam de forma galopante invadindo todo o exterior do edifício e já não se distingue a tinta das paredes, em breve se não houver uma intervenção na manutenção do exterior do tribunal, o revestimento exterior irá passar a cair aos pedaços e será um caos. O Estado falhou, continua a falhar, não só nas catástrofes relativas aos incêndios que assolaram o país, mas também no furto de armamento bélico da Base de Tanques, na resolução da poluição dos solos e aquíferos da Ilha Terceira, nas recentes divulgações de adoções ilegais, mas também inúmeras vezes na conservação e manutenção dos edifícios públicos a seu cargo. (Continua na página 14)

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UMA ESTÓRIA DE NATAL! OU SOLIDARIEDADE…

Silêncios Reforma Judiciária, no que toca ao Tribunal da Praia da Vitória teve muitos aspectos positivos, a realçar a criação do Juízo Local Cível e do Juízo Local Criminal, que na verdade tornou o tribunal mais funcional, muito mais célere a nível processual de forma nunca antes vista.

2018.01.19

Episódios vários poderiam ser apresentados, mas, vamos em frente… José Ventura*

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osé cedo começou a sua vida profissional, mais propriamente no dia em que completou os seus 15 anos de idade e, depois de entrevista com uma entidade empregadora, às 10 horas da manhã, começou a trabalhar às 14 horas ou melhor, como por hábito dizer, duas horas da tarde. A meio do período entre a adolescência e a juventude, José já se via um homem de trabalho, sonhando poder dar à sua mãe e família em comum, uma melhor qualidade de vida económico e financeira. Do pai só tinha o nome. Não foi fácil a adaptação, assente no esforço da mãe, José frequentava o curso geral do comércio da então saudosa Escola Industrial e Comercial de Ponta Delgada. Essa sim, uma verdadeira incubadora de técnicos que muito deram a esta nossa terra. Mas não divaguemos e vamos à nossa estória de Natal ou Solidariedade conforme cada um dos leitores preferir. Referia no inicio do anterior parágrafo que a adaptação de José à nova vida não foi fácil, encontrava-se o mesmo, numa fase da sua existência que o fazia recordar quando, pela mão de sua mãe foi levado aos bancos da escola primária e à catequese. Agora, caminhava sozinho apenas acompanhado pela sua determinação em ser alguém útil à sociedade de que fazia parte. No seu tracto com os outros, fazia

José de mandarete em 1958 fez uma longa ascensão na empresa que se orgulhava de servir sendo que na altura de partir para o cumprimento do serviço militar, (1965) já tinha a confiança e a amizade dos seus patrões e colegas. Terminada que foi, a sua obrigatoriedade cívica/militar e porque já casado, procurou melhorar quer a sua vida profissional e sócio - económica. Entre os anos de 1970 a 1992, faz uma caminhada profissional em experiências enriquecedoras. Mas é precisamente nesse último ano, que se dá a estória que vos quero contar. José, é abordado pela entidade patronal para proceder a um pacto onde teria óptimos benefícios, desde a gestão de uma outra empresa, bem assim algumas benesses extras que não seriam de desperdiçar. José por diversas razões e pelos princípios de justiça e idoneidade que sempre defendia, não aceita a proposta. Conclusão: “se não és por mim, és contra mim”. Desfecho “está despedido”. Notificação: “a duas semanas do Natal”. Dada a Quadra Festiva, José nada diz à família e, põe pés ao caminho na procura não de um emprego, mas como sempre de seu timbre, de “trabalho”. As portas até eram muitas, mas, nem sempre se abriram e se, se entreabriam era para num esgar hipócrita, o contactado lamentar a impossibilidade de ajuda. Quis o destino que um amigo próximo sabendo a situação encaminhou José para um empresário que precisava de um figurante que fizesse de Pai Natal

para distribuição de publicidade em alguns estabelecimentos comerciais. De “mal a pior” Zé, aceitou a incumbência do OH! OH! OH! Casaca vermelha ornada de branco algodão, barreta de igual cor e de borla ao lado, botas de cano, e sino na mão, e não esquecendo a farfalhuda barba banca, lá vai o José divertir miúdos e graúdos. Divertido, o Zé Pai Natal ao ver a cara de espanto de alguns dos passantes na azáfama das compras ao olhá-lo e reconhecer o José dirigindo-lhe num sussurro um bom dia ou uma boa noite. Até houve um que, lamentando a situação, ofereceu ao Zé como o costumava tratar uma garrafa de espumante para celebrar o seu Natal. Ao segundo ou terceiro dia da animação festiva, José é abordado pelo dono do estabelecimento, palco do show natalício, que o reconhecendo o chama de parte, depois de uma breve conversa, diz-lhe para ir despir o traje natalício e apresentar-se no outro dia no seu escritório para começar a trabalhar com ele. José nunca mais o esquecerá, o seu nome é Luís Costa, um empresário dinâmico da nossa praça, um Homem com H maiúsculo, um homem solidário que o José, bem sabe não ter sido o único a receber do Luís tal gesto pedindo-me que lhe transmitisse em seu nome e da família aquele Natal de 1992 já tão distante, mas tão perto. Porque, todos os dias são Natal e em todos os dias podemos ser solidários. A todos os nossos leitores, amigos e menos amigos, faço votos para que, nunca tenham uma estória igual ou parecida para contar. Por opção, o autor não respeita o acordo ortográfico. (*)

NOTAS D’O RAPAZ DAS ILHAS (IV)

OS “ROCHAS” DA RUA DE JESUS No outro dia, antes de voltar a Lisboa senti saudades do ambiente dos “Rochas”, ou dito corretamente “Barbearia Rocha”, e de ir lá em pequeno com o meu avô cortar o cabelo – pente dois, na altura.

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Rodrigo Pereira ara se falar da nossa Praia é preciso referir a base das Lajes e agricultura, mas não

podemos esquecer o seu centro e o comércio que cá está e faz também parte da sua identidade. Ninguém pode dizer que é verdadeiramente praiense se, por exemplo, nunca entrou na “Loja do Coração de Jesus”, logo no início da Rua de Jesus, cortou o cabelo ou aparou a barba nos “Rochas”, tomou café no “Terezinha” ou comprou uma camisa da “Victor Emanuel” – que já não existe – no “Lopes”. Não pode de forma alguma.

Talvez por agora passar mais tempo fora, quando cá venho tenho optado por ir aos locais da minha infância e dado uns passeios a pé à noitinha pelo centro, onde me cruzo por vezes com o senhor Olivério que faz o mesmo, mas todos os dias. No outro dia, antes de voltar a Lisboa senti saudades do ambiente dos “Rochas”, ou dito corretamente “Barbearia Rocha”, e de ir lá em pequeno com o meu avô cortar o cabe(Continua na página seguinte)


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OPINIÃO | JP

CRÓNICA DO TEMPO QUE PASSA (XX)

OS ENSINAMENTO DA CATALUNHA (II) Nas lutas que ensanguentaram a Espanha, a Catalunha é o último bastião dos combativos republicanos. No dia 26 de Janeiro de 1938, Barcelona cai e o ditador, o general Francisco Franco, considera-se o vencedor.

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António Neves Leal

osto durante algum tempo em banho-maria, esse particularismo renasce a favor da crise do século XIX com os atentados em Barcelona, a partir de 1830, prolongando-se por dez anos, e com o desenvolvimento literário da língua catalã, cujas obras enchem os salões ou cenáculos e atingem o povo. Toda esta acção deve-se a uma burguesia totalmente diferente, na sua mentalidade e nas suas actividades, ao invés das do camponês e do fidalgo das províncias centrais. A fraqueza do Estado espanhol encoraja esse movimento particularista. Daí se justifica o papel desempenhado pela Catalunha na guerra civil: primeiro o levantamento de 1934, depois a resistência ao pronunciamento de 1936. Nas lutas que ensanguentaram a Espanha, a Catalunha é o último bastião dos combativos republicanos. No dia 26 de Janeiro de 1938, Barcelona cai e o ditador, o general Francisco Franco, considera-se o vencedor. Será que uma vez mais o particularismo catalão foi vencido? Em 1956 e seis anos mais tarde, rebentam greves que surpreendem pela sua

enorme coragem e durabilidade. Os incidentes multiplicam-se na Universidade de Barcelona e, na senda da fidelidade à sua tradição histórica, a Catalunha continua a inquietar o governo de Madrid. O que está, agora,mais uma vez, bem patente na atitude despótica de Mariano Rajoy, cujo comportamento foi já denunciado na primeira parte desta crónica. Com tal postura, indignou largamente a opinião pública democrática, apesar da indiferença, abulia ou cobardia da União Europeia, a qual desta vez meteu o fervor humanista na gaveta, por interesses ou receios de que movimentos separatistas viessem contagiar outras plagas, a norte e a sul, do Velho Continente. Os políticos europeus, principescamente pagos pelos impostos dos contribuintes para a defesa e consulta frequente dosproblemas dos seus representados, preferiram assistir, de varanda, ao desenrolar dos acontecimentos, alguns servindo-se mesmo de argumentos estafados e com loas à Constituição do Estado Espanhol, como se este tivesse o direito absoluto de não ouvir a opinião dos cidadãos que os elegeram. Estes últimos, hoje em dia, já não aceitam ser piões, fantoches ou súbditos como outrora. Exigem, sim mais respeito e diálogo e não sobranceria e dogmatismo, nos domínios não apenas político, económico e social, mas sobretudo naquilo que constitui a arquitectura ou essência dos povos—a sua língua, a sua cultura, as suas tradições e a sua história.

A Espanha, neste capítulo, não é um Estado paradigmático, não podendo, pois, servir de modelo. Primeiro, nela residem várias nações/ povos e não apenas uma, como fica provado pela existência de outras línguas para além do Castelhano, actualmente a língua oficial. Basta atravessar o território peninsular para sentir essas diferenças. Eu próprio pude constatar isso nas minhas idas e vindas de carro ou de comboio. Muitas vezes, eu falava em Castelhano com Galegos, Catalães e Bascos, mas era logo corrigido na sua língua, ou esclarecido dos motivos por que o faziam. Os mais velhos ainda se lembram dos conflitos, bombas e da luta armada mantida, durante décadas, pela ETA , o braço armado do País Basco e de dissensões na Galiza, bem como dos gritos estridentes, em triplicado quase sempre,« Buenos dios! Aqui Espanha, vuestros passaportes!», para que passageiros ensonados que seguiam para França no Sud-Express, rumo a Paris, não se esquecessem do país por onde estavam a passar. Também nós Portugueses e os Terceirenses, em especial, não esquecemos o que os castelhanos fizeram contra a independência de Portugal e também o que aconteceu na Terceira durante todo o domínio filipino de 1580 a 1640, nem das batalhas e escaramuças, travadas na Baía da Salga e na Baía das Mós, ambas no, então, concelho da Vila de S. Sebastião, entre 1581-1583. A resistência terceirense e o patriotismo a favor de D. António Prior do Crato, mani-

festado pelos dos três concelhos da ilha, incomodaram muito o monarca Filipe II, como se sabe.. Ora a atitude despótica do Sr. Mariano Rajoy e seus apaniguados mais radicais ( muito populares) não podia passar despercebida como dizíamos no começo, daí a incursão histórica que, por culpa dele, tive de fazer e chegar a esta conclusão: Raramente, «nuestros hermanos» souberam lidar, no passado, com os povos da antiga Hispânia, pela ausência de diálogo e pouca diplomacia, preferindo o uso da força bruta à justeza da razão. Felizmente, Portugal, graças ao empenho de um conde borgonhês, D. Henrique, teve melhor sorte na sua caminhada emancipadora. E se isto nos vem, agora, à mente, devemo-lo à conduta inquisitorial do presidente de um governo que espezinhou, sem pudor, o direito fundamental do povo catalão ( ou qualquer outro) de poder exprimir-se livremente, por referendo, sendo esta a forma mais democrática e antiga que se conhece de auscultar o sentir e a vontade de um povo. Não foi isso que, envergonhadamente, vimos acontecer em pleno século XXI, na Região Autónoma da Catalunha. Oxalá os recentes acontecimentos tenham servido de lição aos ditadores de todos os quadrantes, quando eles defendem, obstinadamente, que a Constituição espanhola, ou outra qualquer, deve estar acima da vontade dos povos, justificando-se assim o que é injustificável. •

NOTAS D’O RAPAZ DAS ILHAS (IV)

OS “ROCHAS” DA RUA DE JESUS -me o senhor Hernâni enquanto me passava a máquina em pente quatro. Foi inaugurada a 2 de janeiro de 1966 – 52 anos, portanto – por José e Manuel Rocha, da Fonte do Bastardo – o primeiro ainda se mantém lá com o sobrinho. Também o Duarte, há já alguns anos sozinho na Rua da Graça começou ali.

(Continuação da página anterior)

lo – pente dois, na altura. Lembro-me que costumávamos ir de manhã e nos, mais ou menos, vinte minutos que esperávamos pela vez ouvia a clientela e os barbeiros falarem das notícias da terra que estavam na ordem do dia ou pura e simplesmente de fulano que tinha morrido ou beltrano que tinha falido – é sabido que nos lugares pequenos é assim. Há uns bons anos que não ia lá. O espaço está exatamente igual e o ambiente também, mas talvez por ter ido da parte da tarde havia menos gente. Ainda assim, fiz por não fugir à tradição e puxei logo o derby Benfica/Sporting à baila, apostei num empate, os senhores Hernâni e José também – felizes, porque são portistas. Depois falamos da

barbearia, pedi informações para escrever este artigo, porque não tinha paciência para abrir o ano com

política e porque o espaço merece. “É a loja com a porta aberta há mais tempo na Rua de Jesus”, garantiu-

Na barbearia já muito americano já rapou a “gadelha” e português também, muito já viram aqueles barbeiros na rua principal, já muito debate sobre a cidade foi feito entre clientes, a Praia já ganhou muito com os “Rochas”. Agora está tudo, certamente, mais calmo, tal como em todo o comércio, mas melhores dias virão, porque se bem conheço os praienses não há tempestade que depois de passar não os faça tornar a Praia ainda melhor. •


JP | OPINIÃO

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HOSPITALIDADE E AUTOESTIMA Estas duas características - hospitalidade e boa autoestima - são alicerces do que somos. Nalgum momento podem ser negativas porque nos ferem o íntimo sem sabermos, em resultado da nossa insignificante desconfiança. conheceu para um jantar lá em casa ou para uma festa. Pode acabar por padecer pela sua abertura desmedida ao outro, que se aproveita. A hospitalidade no terceirense vagueia pelos caminhos da mente como se a maldade ou o aproveitamento não existissem.

O

Emanuel Areias

povo terceirense tem uma noção de hospitalidade que excede os seus próprios limites. Não que isso seja mau, mas porque é diferente. O terceirense à deriva no desconhecido faz um amigo ao virar da esquina e abre a sua porta de casa sem hostilidades. Não espera muito tempo para dar o passo que contraria a desconfiança natural de quem não conhece em absoluto. Ao terceiro ou segundo dia de convívio noutro espaço que não o seu, já pensa em convidar as pessoas que

Enquanto fui estudante em Lisboa, tinha formas de hospitalidade que eram inatas ao meu comportamento social. Recebia amigos e amigos de amigos na minha casa sem que me fizesse grande confusão ou então dava tudo o que tinha àqueles que conhecia. Quando os meus pais me enviavam chocolates da Base ou qualquer coisa que fosse novidade disponibilizava totalmente aos meus amigos de fora, que não estavam habituados àquela hospitalidade extrema. A realidade deles obriga-os à desconfiança perene. Realizava os meus apontamentos

e dava-os sem quês nem porquês, ajudando nas horas de aflição todos os que precisassem. Nunca vi a competição ou a inveja como motor de nada, a não ser da tolice. Alguns surpreendiam-se com a tamanha bondade do açoriano. Aí o aproveitamento foi severo e alguns acabavam a fazer pouco do meu espírito hospitaleiro e amigo. Entre conversas sobre as nossas terras, chegava a convidá-los entusiasticamente para virem aos Açores. Teriam cama, mesa, guia turístico e festa. Era algo que não lhes fazia muito sentido, apesar de se maravilharem. Em alguns momentos percebia que eles se questionavam sobre toda aquela bondade. Não se sentiam na obrigação de retribuir.

placável. Tudo aquilo que é nosso é o melhor. As nossas touradas à corda são diferentes e são melhores, o nosso Carnaval é o “melhor do mundo”, como aliás se nota em muitos versos, temos paisagens deslumbrantes e não existem outras iguais no mundo, as nossas piscinas naturais são as melhores, a alcatra é o melhor prato de carne de sempre e as lapas um sonho do mar. Quando falamos no que é nosso, temos quase a obrigação de comparar ao “mundo”, mas sempre pela redução do mundo ao poucochinho, para o que é nosso ser superior. Estas duas características - hospitalidade e boa autoestima - são alicerces do que somos. Nalgum momento podem ser negativas porque nos ferem o íntimo sem sabermos, em resultado da nossa insignificante desconfiança.

Para além de hospitaleiros, nós terceirenses temos uma autoestima im-

EDITORIAL

SILÊNCIOS (Continuação da página n.º 12)

O Estado falha, e falha com frequência, aliás como defende o Dr. Marinho Pinto, que foi Bastonário da Ordem dos Advogados, porque se transformou numa eira onde alberga as elites partidárias (jobs for boys) dos partidos do arco da governação e seus afins, e por isso quando surgem questões cuja legitimidade cabe indubitavelmente ao Estado

resolver de forma equitativa e justa, paira o silêncio, a inércia, porque na verdade as próprias mentiras no mundo da política e por vezes da justiça “são feitas de silêncios”. A situação da Domus Justitia da Praia da Vitória está francamente a piorar, os praienses nunca pediram ao Governo da Republica para serem privilegiados, pedem somente que sejam tratados apenas com dignida-

de a que têm direito, e consagrado na Constituição da Republica. O Estado existe para servir o povo e quando os seus agentes actuam na defesa dos seus próprios interesses e das suas famílias geram-se nefastas situações que urge combater e ultrapassar. Onde estão os nossos políticos? Onde estão os nossos deputados

regionais e nacionais? Para denunciarem estas situações, contribuindo para pôr cobro a estas intoleráveis desgraças, porque se não actuarem como é seu dever o povo perde confiança no sistema democrático, político e judicial, como infelizmente vem acontecendo. O Diretor, Sebastião Lima diretor@jornaldapraia.com

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INFORMAÇÃO | JP MISSAS DOMINICAIS

AGENDA DESPORTIVA

NO CONCELHO

FUTSAL II DIVISÃO SENIORES MASCULINOS SÉRIE AÇORES

11.ª JORNADA | 20.01.2018 SC Barbarense

SC Lusitânia Matraquilhos FC

Minhocas

GD Fazendense

Norte Crescente

Achada FC

Casa da Ribeira

12.ª JORNADA | 27.01.2018 Matraquilhos FC

SC Lusitânia SC Barbarense

Achada FC

Casa da Ribeira

GD Fazendense

Norte Crescente

Minhocas

Lusitânia

-

Fátima

Mafra

-

Eléctrico

Caldas

-

Sintrense

1º Dezembro

-

Coruchense

SC Praiense

-

Pêro Pinheiro

Vilafranquense

-

Guadalupe

Loures

-

Alcanenense

18.ª JORNADA | 28.01.2018 Fátima

-

Torreense

Eléctrico

-

Lusitânia

Mafra

-

Loures

Sacavenense

-

Caldas

Sintrense

-

1º Dezembro

Guadalupe

-

SC Praiense

Coruchense

-

Vilafranquense

Pêro Pinheiro

-

Alcanenense

SÁBADO (20/01) FESTIVAL DE PETISCOS FUP Local: Academia de Juventude e das Artes da Ilha Terceira Hora: 20H00

CAMPEONATO FUTEBOL DOS AÇORES

17.ª JORNADA | 21.01.2018 -

CD Rabo Peixe

-

SC Angrense

SC Vilanovense

-

Prainha FC

Marítimo Gra.

-

FC Vale Formoso

FC Flamengos

-

GD Fontinhas

TERÇA (23/01)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

QUARTA (24/01)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

QUINTA (25/01)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

SEXTA (26/01)

CONCERTO FREDERICO MADEIRA & CONVIDADOS Local: Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo Hora: 21H30

-

Boavista

-

Barreiro

NSIT

-

São Mateus

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

SÁBADO (27/01)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

DOMINGO (28/01)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

SEGUNDA (29/01)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

TERÇA (30/01)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

QUARTA (31/01)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

QUINTA (01/02)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

BISCOITOS

SÁBADO (27/12)

Posto da Misericórdia ( 295 908 315 SEG a SEX: 09:00-13:00 / 13:00-18:00 SÁB: 09:00-12:00 / 13:00-17:00

CONCERTO ANTÓNIO BULCÃO - JUNTOS Violino: Manuel Rocha; Piano: Ricardo Dias; & Convidados Local: Foyer do Auditório Ramo Grande Hora: 21H30

VILA DAS LAJES Farmácia Andrade Rua Dr. Adriano Paim, 142-A ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-18:30 SÁB: 09:00-12:30

10.ª JORNADA | 21.01.2018 Lajense

DOMINGO (21/01)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

CAMPEONATO FUTEBOL DA ILHA TERCEIRA

Marítimos

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

SEGUNDA (22/01)

ASSINE

São Roque CU Micaelense

SÁBADO (20/01)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

08:30 09:00 10:00 10:00 10:00 10:30 10:30 10:30 11:00 11:00 11:00 11:00 11:00 11:00 12:00 12:00 12:00 12:00 12:00 12:15 12:30 13:00 19:00 19:00 20:00

17.ª JORNADA | 21.01.2018 Sacavenense

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

- Lajes - Fontinhas (1) - Casa da Ribeira - Cabo da Praia - Matriz Sta. Cruz - Vila Nova - Fontinhas (2) - São Brás - Porto Martins - Sta Luzia, BNS Fátima - Quatro Ribeiras - Lajes - Agualva - Santa Rita - Fonte do Bastardo - Biscoitos, IC Maria (3) - Biscoitos - São Pedro (4) (1) Enquanto há catequese (2) Quando não há catequese (3) 1.º e 2.º sábados (4) 3.º e 4.º sábados - São Brás - Vila Nova, ENS Ajuda - Lajes, Ermida Cabouco - Cabo da Praia (1) - Biscoitos, S Pedro - Agualva - Casa Ribeira (1) - Santa Rita - Lajes - São Brás - Cabo da Praia (2) - Porto Martins - Casa da Ribeira (2) - Biscoitos, IC Maria - Vila Nova - Fontinhas - Matriz Sta. Cruz (1) - Quatro Ribeiras - Sta Luzia - Fonte Bastardo - Matriz Sta. Cruz (2) - Lajes, ES Santiago - Lajes - Matriz Sta. Cruz (3) - Matriz Sta. Cruz (4)) (1) Missas com coroação (2) Missas sem coroação (3) De outubro a junho (4) De julho a setembro

CAMPEONATO DE PORTUGAL SÉRIE “D”

-

HOJE (19/01)

15:30 16:00 16:30 17:00 17:30 17:30 18:00 18:00 18:00 18:00 18:00 19:00 19:00 19:00 19:00 19:30 19:30

DOMINGOS

FUTEBOL

Torreense

SÁBADOS

VILA NOVA Farmácia Andrade Caminho Abrigada ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-12:00 / 16:00-18:00

ASSINATURA ANUAL

JP | AGENDA DESPORTIVA Esteja na nossa agenda desportiva, envie toda a informação para desporto@jornaldapraia.com

15,00 EUR assinaturas@jornaldapraia.com

Farmácias de serviço na cidade da Praia da Vitória, atualizadas diáriamente, em: www.jornaldapraia.com


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