Jornal da Praia | 0511 | 22.12.2018

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QUINZENA

22.12 A 04.01.2018 Diretor: Sebastião Lima Diretor-Adjunto: Francisco Ferreira

Nº: 511 | Ano: XXXV | 2017.12.22 | € 1,00

QUINZENÁRIO ILHÉU - RUA CIDADE DE ARTESIA - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA - ILHA TERCEIRA - AÇORES

NESTE NATAL

PORTO MARTINS INOVA COM PRESÉPIO EM FIBRAS VEGETAIS

www.jornaldapraia.com

PENSAR O TURISMO O turismo não é o D. Sebastião da economia insular nem é a última esperança para os açorianos. Por: Emanuel Areias OPINIÃO | P. 3

INTENSIFICAR O INTERCÂMBIO INSULAR

O intercâmbio cultural é a forma de convivência e de respeito pelo valor e diferença dos outros. Só teremos uma verdadeira região quando a comunidade de interesses estiver acima e além de egoísmos mesquinhos e estéreis que entravam o verdadeiro progresso. Por: António Neves Leal

DESTAQUE | P. 8 E 9

LUÍS MONIZ, EX-PRESIDENTE DA CRT-FEUSAÇORES

“A SOLUÇÃO DA BASE DAS LAJES É POLÍTICA” ENTREVISTA | P. 7

OPINIÃO | P. 13

GALA DA TAUROMAQUIA

PROMOÇÃO DA CULTURA TAURINA E NOITE DE HOMENAGENS Com sala cheia, a Tertúlia Tauromáquica Praiense realizou a 02 de dezembro, na Academia de Juventude e das Artes da Ilha Terceira, a II Gala da Tauromaquia. Num ambiente de verdadeira tertúlia, respirando-se “afición” por todo o lado, enalteceu-se a “festa brava” e prestou-se homenagem a destacadas figuras do panorama taurino insular. A rematar uma noite absolutamente inolvidável, ouviu-se fado. TAUROMAQUIA | P. 5

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JP | CANTO DO TEREZINHA & AGRADECIMENTO

2017.12.22

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O 51º ESTADO Parece que os Estados Unidos da América do Norte vão ter, finalmente, mais um ‘State’. Desta vez é que se vai pôr termo a uma longa discussão centrada na atribuição do estatuto de um quinquagésimo estado às várias ‘possessões’ (colónias?) dos U.S.A, a saber: Puerto Rico, Guam, Northern Marianas Islands, Us Virgin Islands, American Samoa e mais 9 pequenas ilhas, das quais uma é um simples ‘atoll’. (O número nove é apenas uma coincidência. Não sejam mal pensantes). Entrou recentemente na discussão o Reino Unido a propósito da sua saída da União Europeia! Oh my God!

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DESENHO NO CABEÇALHO: Ramiro Botelho

SECRETARIA E PUBLICIDADE:

A inclusão do símbolo nacional israelita na ‘Stars and Stripes’ nem oferece qualquer problema por tratar-se, também de um estrela. Só difere no número de pontas, que são seis, enquanto as estrelas americanas têm menos uma. Mas no conjunto das que irão ser 51 estrelas quem vai notar uma ponta a mais? Só mesmos palestinos.

Mas, não. Canto do Terezinha, que tem cor-

A TODOS VÓS O NOSSO MUITO OBRIGADO!

C

om a edição de hoje, n.º 511, o Jornal da Praia completa mais um ano editorial, apesar de todas as dificuldades que lhe são reconhecidas e que invariavelmente se colocam a cada quinzena, quando é preciso lançar mais um número nas bancas, neste que é o único projeto de comunicação social que verdadeiramente apresenta uma identidade praiense.

-nos perspetivar o novo ano que aí vem, por constituir face aos recursos e meios disponíveis, uma eterna luta pela sobrevivência, é, sobretudo altura de dirigir um reconhecido e sonoro “OBRIGADO” a quem direta ou indiretamente contribui para a nossa existência.

Neste ano de 2017, em contagem decrescente para o final, apesar de todas as vicissitudes é de sublinhar o facto de este quinzenário ter cumprido com a regularidade originária, e de 15 em 15 dias aparecer nas bancas para dar voz, à nossa, vossa, Praia da Vitória. Foram 24 edições, em que unicamente comprometidos com a verdade, o rigor e o pluralismo, que nos orientou nos últimos 35 anos, ecoamos o meio que tantos nos orgulha e o sentir deste nosso povo, lavando-o mais longe, da ilha à região do país ao mundo.

ADMINISTRAÇÃO José Miguel Silva | administracao@jornaldapraia.com

respondentes em todo o mundo, está em condições de informar que o próximo Estado a juntar-se aos 50 será... and the winner is.... (toca a caixa: trraaaan. tan, tan, tan) Israel.

Terminado que está mais um ano de notável sobrevivência e recusando-

Em primeiro lugar aos LEITORES e ASSINANTES, razão de ser deste projeto e essência do mesmo, para os quais, damos a cada quinzena, o melhor de nós próprios. De seguida, aos DIRIGENTES, Sebastião Lima, diretor, Francisco Ferreira, sub-diretor e José Miguel Silva, administrador,

peças chaves e indispensáveis de todo este projeto. Mas também aos que administrativamente e logisticamente se apresentam fundamentais, o Jorge Borges e a Eulália Leal. Um jornal vive dos seus colaboradores, e nas nossas páginas, esta realidade é por demais evidente. Aos residentes, António Neves Leal, Aurélio Pamplona, Emanuel Areias, Francisco Miguel Nogueira, João Rego, José Ventura, Rodrigo Pereira, Silveira de Brito e Silveirinha, juntam-se outros mais esporádicos, como o Diogo Silva, Jácome de Bruges, JEgardo Vieira, Libânio Silva, Nuno Silveira, Paulo Santos, Pedro Lopes, Rui Nogueira e provavelmente alguns outros que a memória neste momento me atraiçoa. A todos eles, o nosso OBRIGADO. “At last but not least”, à Elvira Mendes nos textos e ao Rui Sousa nas fotos, o meu muito OBRIGADO, pela vossa competência e essencialmente, pela fidelidade do vosso companheirismo ao longo destas jornadas. O Coordenador de Edição Francisco Soares •

Eulália Leal - publicidade@jornaldapraia.com

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Jorge Borba

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JP | OPINIÃO

2017.12.22

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PENSAR O TURISMO O turismo não é o D. Sebastião da economia insular nem é a última esperança para os açorianos.

Emanuel Areias

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epois das eleições autárquicas, os novos inquilinos das juntas de freguesia da ilha

Terceira falaram sobre quais serão as suas prioridades para o mandato. Na grande maioria dos casos, há um padrão estabelecido de qual é a grande prioridade dos presidentes de junta: o turismo. Esse padrão é facilmente reconhecido com afirmações do tipo: “aponta o turismo como uma das prioridades”, “ver crescer o turismo”, “aposta no turismo” ou “atenta ao crescimento do turismo”. É de salutar o reconhecimento do turismo como um dos motores de desenvolvimento das cidades e fregue-

sias do nosso arquipélago, porém há que ser um pouco realista e atento. O turismo não é o D. Sebastião da economia insular nem é a última esperança para os açorianos. Aliás, torna-se um pouco ridículo, ir ao sabor de tendências. Urge, isso sim, pensar a longo prazo no desenvolvimento das nossas ilhas, numa perspetiva integrada e equilibrada, sem priorizar apenas o que agora está na moda. Aos Açores não deve interessar um turismo de massas nem um turismo desligado da nossa realidade.

podemos ter, por exemplo, numa igreja ou num museu, pela garantia de preservação da qualidade do ambiente ou pela formação de recursos humanos capazes de servirem os turistas. Esse é o trabalho prioritário. Começar a construir uma casa pelo teto dá mau resultado. Não se pode querer expandir o turismo, quando ele não tem bases para ser sustentável.

Às freguesias rurais da Terceira não interessa que o turismo seja a prioridade porque isso é totalmente errado. Interessa que seja um complemento às atividades tradicionais, como a pecuária ou agricultura. Quando se fixa as atenções numa tendência, sem noção dos seus limites de expansão, o resulto é quase sempre negativo. Devem atentar sobretudo, e alguns presidentes de junta também o dizem, na fixação de pessoas nas suas freguesias e na melhoria das suas condições de vida.

Há mais quatro coisas a serem feitas na Terceira, na minha modesta e sincera opinião, que deixo para reflexão futura: em primeiro lugar, criar um verdadeiro Plano Intermunicipal de longo alcance que estruture e organize o turismo; em segundo lugar, que esse plano seja o reflexo de uma união entre as duas cidades da Terceira, para a concretização de ideias e projetos turísticos em benefício do todo que é a ilha (somos apenas 56 mil pessoas!); em terceiro lugar, haver um empenho suplementar na preservação do património histórico da ilha; e em quarto lugar, aliar, inevitavelmente, o turismo à cultura, porque são áreas complementares.

Para recebermos bem quem vem de fora, temos de preparar a nossa casa. Temos de fazer um trabalho que passe pela valorização dos nossos espaços e da nossa gente, de modo a que o turismo não venha prejudicar a harmonia da nossa terra. Valorização que passa: pela noção da capacidade de pessoas que

Não se pode querer um Cais de Cruzeiros, seja na Praia, seja em Angra, sem antes fazer a valorização do meio e as quatro coisas que disse no parágrafo anterior. Não se pode querer erguer mais obra, sem antes pensar de forma empenhada no que queremos para o turismo da ilha e dos Açores em geral. •


JP | EFEMÉRIDE

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O INÍCIO DO POVOAMENTO DA ILHA TERCEIRA (DE JESUS CRISTO) HISTORIADOR: FRANCISCO MIGUEL NOGUEIRIA

A 2 de março de 1450, o Infante D. Henrique doava a capitania da Terceira (na época Ilha de Jesus Cristo) ao flamengo Jácome de Bruges, que se tornou assim no 1º Capitão-Donatário da Ilha.Cerca de 10 meses depois da doação, o Capitão Jácome de Bruges chegava à Terceira com dois navios, transportando vacas, porcos, ovelhas e cabras, que depois lançou nas terras recém-povoadas. Jácome de Bruges voltou ao Continente para aí procurar famílias para o povoamento da sua capitania. Vieram sobretudo gentes de Guimarães, de Aveiro, de Lagos, do concelho de Vieira e do Porto..

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á exatos 567 anos, a 1 de janeiro de 1451, segundo Gervásio Lima, começava o povoamento da Ilha Terceira. A 2 de março de 1450, o Infante D. Henrique doava a capitania da Terceira (na época Ilha de Jesus Cristo) ao flamengo Jácome de Bruges, que se tornou assim no 1º Capitão-Donatário da Ilha. Cerca de 10 meses depois da doação, o Capitão Jácome de Bruges chegava à Terceira com dois navios, transportando vacas, porcos, ovelhas e cabras, que depois lançou nas terras recém-povoadas. Era o início do povoamento da Terceira. Existem várias teorias sobre por onde Jácome terá desembarcado, para uns nas Quatro Ribeiras, para outros no Porto Judeu, mas o que se pode concluir das fontes foi que Jácome e os seus homens exploraram as Quatro Ribeiras, depois um punhado deles desembarcou aí, Jácome e os restantes seguiram viagem, vendo as possibilidades do porto e terreno da Praia e da Baía das Mós, e finalmente entrado na Ilha pelo Porto Judeu. Houve assim 2 sítios de desembarque. Jácome de Bruges voltou ao Continente para aí procurar famílias para o povoamento da sua capitania. Vieram sobretudo gentes de Guimarães, de Aveiro, de Lagos, do concelho de Vieira e do Porto. Acompanharam ainda o Capitão Bruges alguns frades franciscanos, como Frei João da Ribeira, trabalhadores e artífices, que, acampando no Vale do Paul ou Planí-

cie dos 5 picos (São Sebastião), chamaram a este sítio Sant’Ana da Porta Alegre ou do Porto Alegre, onde edificaram os primeiros abrigos e erigiram o 1º templo (1454) com a imagem de Sant’Ana que os acompanhara ao longo da viagem. O povoamento ter-se-á alargado para outro local mais junto da costa, com mais abundância de água e de terreno fértil onde se começou a cultivar o pastel. Chamaram-lhe Ribeira de Frei João ou Lugar de Frei João, em homenagem ao Frei que desembarcou na Ilha, e aqui surgiu a Igreja de São Sebastião a partir de 1455. Os primeiros povoadores começaram os trabalhos agrícolas, preparando-se para a cultura dos cereais e do pastel, o qual desde foi logo semeado, o melhor que pudesse ser, para mandar a Flandres. Nesta altura a Duquesa de Borgonha, que tinha a Flandres como capital, era portuguesa, D. Isabel de Portugal, irmão do Infante D. Henrique. D. Isabel casou-se com Filipe, O Bom, Duque da Borgonha e Conde da Flandres, com quem foi feliz. Já em Flandres, quando soube que se preparava a colonização dos Açores, D. Isabel insistiu com os irmãos para que aceitassem colonos flamengos. Tratou diretamente da escolha de colonos. Tornou-se assim responsável pelo povoamento das ilhas. Jácome de Bruges foi escolhido por ela e o pastel era algo que eles compravam e precisavam e assim começou a produzir-se este tipo de planta tintureira para exportar. Era preciso fazer o dinheiro entrar

na Ilha. Bruges foi responsável pela criação, no atual lugar do Canto da Câmara, no Porto Martins, da 1ª Câmara da Ilha. Estes primeiros tempos foram marcados pela distribuição de terras e da exploração destas, que na região da Praia, eram mais produtivas. Em presença de tão prósperos resultados da cultura das terras, do clima, das providências governativas que permitiam a ocupação de terras e os crescentes lucros do comércio, começaram a concorrer povoadores de diferentes partes. Entre 1456 e 1474, o lugar da Praia era a sede da capitania da Terceira. Bruges tomou para si a planície do paul, bem como dos terrenos junto à Serra, a que chamou de São Tiago e dividiu alguns com seu loco-tenente, Diogo de Teive (situação que depois levaria a uma “guerra” entre os herdeiros de Jácome e de Teive pela posse das terra). Foi o responsável, entre outras obras, pela construção da Igreja de Santa Cruz, a Matriz da Praia. Álvaro Martins Homem, o 2º capitão donatário da Ilha, depois de ter fundado a Vila de Angra deu início a várias construções e obras, impulsionando o seu desenvolvimento. Devido a constantes desavenças internas, a Ilha foi dividida, em 1474, em duas capitanias, a de Angra, entregue a João Vaz Corte Real, e a da Praia, ao anterior Capitão-Donatário da Ilha, Álvaro Martins Homem. Este perdeu as benfeitorias de Angra

(casa, moinhos e terras), mas recebeu, por esse dano, uma indemnização do novo Capitão de Angra e, com isso, apostou no desenvolvimento da Praia, que acabou elevada a Vila em 1480. Angra fora elevada a Vila, 2 anos antes, em 1478. João Coelho, outro companheiro de Bruges, tomou a sua casa no Porto Judeu, desde o Vale até ao varadouro dos barcos, avançando acima das Ladeiras, e foi este o 1º terreno que nesta ilha tomou, e o único que passou aos seus descendentes. E neste sítio se aposentou com grosso tráfico de lavoura até que, sendo dividida a ilha em duas capitanias, por desgostos que teve com João Vaz Corte-Real, o 1º capitão de Angra, se viu obrigado a ausentar-se, deixando a terra aos filhos. Foi na Terceira, em Angra, que se estabeleceu a primeira cidade dos Açores e a sede da Diocese açoriana, com a criação do Bispado de Angra e Ilha dos Açores, em 1534. Ao olhar para os primeiros anos do povoamento terceirense, percebemos que o trabalho feito pelos nossos egrégios avós não foi fácil, mas a força e a garra com que se empenharam em povoar, arrotear e construir, foi algo trabalhoso e necessário. Hoje devemos inspirar-nos nesta convicção de fazer mais e melhor para que a nossa Praia da Vitória, a nossa Angra do Heroísmo, a nossa Terceira, consigam ultrapassar a crise e desenvolver-se em prol dos seus cidadãos, para o bem de todos nós.

informação atualizada diariamente em www.jornaldapraia.com PUB


JP | TAUROMAQUIA

2017.12.22

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II GALA DA TAUROMAQUIA DA TTP:

PROMOÇÃO DA CULTURA TAURINA E NOITE DE HOMENAGENS Numa noite de verdadeira tertúlia, respirando-se “afición”, sublimou-se a “festa brava”, homenagearam-se personalidades e ouviu-se bom fado.

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elo segundo ano consecutivo a Tertúlia Tauromáquica Praiense (TTP), desde março passado reconhecida como entidade de utilidade pública, pelo Governo Regional, levou a efeito a II Gala da Tauromaquia, evento social de promoção e divulgação da tradição taurina e de homenagem a destacadas figuras do universo tauromáquico. Naquela noite de sábado, 02 de dezembro, apesar do tempo frio e chuvoso, foram mais de centena e meia de pessoas que rumaram às instalações da Academia de Juventude e das Artes da ilha Terceira – decorada a preceito – para manifestar a sua afición pela “festa brava”. Tendo como anfitrião o conhecido jornalista Vasco Pernes, a Gala iniciou-se com um momento musical com António Isidro na guitarra portuguesa e José Manuel Veludo na viola, seguindo-se fado, primeiro com o dueto Vera Brasil e Guida Lima e depois com o fadista vindo do continente, Américo Pires, dando-se o mote para o que haveria de acontecer mais para o final da noite.

DISCURSOS Antes do jantar foi tempo de discursos. Francisco Godinho, mais conhecido por “Magalhães”, presidenPUB

te da direção da TTP, relembrou tal como o havia feito na Gala do ano anterior, a ambição de conseguir para a TTP uma sede condigna, que lhe permita realizar em melhores condições o seu trabalho em prol da tauromaquia e que potencie a angariação de novos sócios. Carlos Armando Costa, vice-presidente da autarquia praiense, realçou a grande tradição tauromáquica deste povo, que considerou ser parte integrante do seu próprio ADN. Destacou ainda o impacto das manifestações taurinas na economia da ilha e concelho, e por fim, lançou o desafio de transformar as touradas à corda num produto tu-

rístico. Por sua vez, Berto Messias, secretário regional da Presidência do Governo Regional, mostrou-se sensível à ambição de Francisco Godinho, assumindo o compromisso do Governo Regional de em conjunto com as demais entidades concelhias, encontrar uma nova sede, não só para a TTP mas também para o Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande (GFARG). Já Joaquim Pires, presidente da Assembleia Geral da TTP, falou após as homenagens e antes da noite de fados. Descreveu as envolvências da realização do evento e convidou as entidades oficiais presentes [Junta, Câmara e Gover-

no] a juntarem-se à TTP na defesa e promoção da cultura taurina.

HOMENAGENS Este ano, a TTP homenageou 5 figuras do panorama taurino açoriano, duas delas a título póstumo. A primeira homenagem da noite foi para o antigo capinha, Dimas Soares, que durante longos anos encantou arraias um pouco por todas as ilhas e mesmo fora delas, com o talento da sua arte de tourear. A distinção foi entregue pelo presidente da TTP, também ele um ex-capinha, Francisco Godinho. De seguida, foi homenageado Filipe Pires, na qualidade cabo fundador do GFARG e que recentemente trocou de jalecas com Manuel Pires, de quem recebeu o prémio, aquando da corrida do 10.º aniversário do GFARG. A título póstumo, Almerindo Costa foi homenageado por ter sido o primeiro presidente da TTP. O prémio foi recebido pela sua viúva e entregue por Carlos Armando Costa. Natural da Praia da Vitória, Mário Miguel, reconhecido cavaleiro e matadouro de touros, foi também agraciado. Por razões profissionais, impossibilitado de estar presente, o troféu foi recebido pelo pai, José Eduardo Silva, entregue pelo representante do Governo Regional, Berto Messias. A última distinção da noite, também a título póstumo, foi para Eziquiel Rodrigues, prestigiado ganadero desta ilha e fiel colaborador desde da primeira hora da TTP. Joaquim Pires entregou ao filho, José Manuel Rodrigues a respetiva condecoração. A II Gala da Tauromaquia da TTP finalizou com uma grandiosa noite de fados. JP•


JP | SAÚDE

2017.12.22

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o Cantinho do Psicólogo 177

Estime-se, Mas Não Só…

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Defendemos no ú l t i m o Cantinho que a melhoria da auto-estima corresponde à sexta medida que podíamos lançar mão para nos Aurélio Pamplona ajudar a afastar e a (a.pamplona@sapo.pt) lidar com o stress. Naturalmente que a auto-estima depende de diversos factores, entre os quais se indicam, o ambiente que nos cerca, nomeadamente a sua beleza, as variáveis já referidas como básicas para enfrentar o stress, e outras. Entretanto o fundamental consiste em compreender o que necessitamos de fazer para melhorar e garantir as capacidades de lidar com o desconforto que o stress causa. Estes aspectos tornam-se mais salientes porque existem pessoas que pouco fazem para se encontrarem nos caminhos por onde circulam, e por isso não se sentem orgulhosas, realizadas, respeitadas, capacitadas, enfim com auto-estima, o que lhes complica a vida. Daqui que Winch (2017) aponte cinco passos a seguir para se alimentar a nossa auto-estima. Esses passos são os seguintes: (1) evitar afirmações genéricas positivas que não possuam um grau de credibilidade aceitável, mesmo da própria pessoa; (2) identificar áreas de robustez ou competência em que se seja bom, se faça bem ou que as outras pessoas apreciem, e esforçar-se por caminhar na direcção dessa realização, mesmo de forma simples ou em pequenos avanços; (3) uma vez identificada uma área de competência encontrar formas de a demonstrar e de a pôr em prática; (4) aprender a tolerar comentários posi-

tivos de forma graciosa; e ainda (5) depois de exibir as suas capacidades, demonstrar que se sente bem com isso, orgulhoso, e satisfeito com os outros e consigo próprio. E o autor esclarece: (a) se desejamos sentirmo-nos bem acerca de nós próprios, com auto-estima, convém realizar coisas que nos façam sentir orgulhosos, realizados, apreciados, respeitados, habilitados, ou dar passos que demonstrem que estamos a avançar para atingir os nossos objectivos; (b) que a auto-estima não é

Entretanto existem investigadores que dizem que ter uma boa auto-estima não chega para fazer de nós líderes eficazes, amantes mais atraentes, ou pessoas capazes de levar uma vida mais saudável, ou até dar resposta a todos os problemas. E por isso apontam a auto-compaixão, a vontade olhar para seus próprios erros e deficiências, com bondade e compreensão, como um meio essencial para elevar os níveis de bem - estar pessoal, optimismo e felicidade, e diminuir os níveis de ansiedade ou de depressão.

rimentam auto-compaixão são mais propensas a ver as suas fraquezas como mutáveis (Halvorson, Froggatt & Lakeman (2017) visto que, em vez de as afastar das suas obrigações e dificuldades fá-las aumentar a motivação para melhorar o desempenho, e evitar que repitam no futuro os mesmos erros. Só por si o aumento da motivação conduz a uma melhor realização. O espírito de auto-compaixão pode ser capturado em expressões como dar uma pausa no trabalho, ou meter alguns dias de folga, mas não corresponde de forma nenhuma ao abandono, ou deixar de agir, visto que é fundamental não se desistir da acção, do esforço para os objectivos mais desafiadores, de chegar ao seu destino. Em síntese, a compaixão é algo que é a antíntese da crueldade, e deve começar na infância, com o apoio dos pais e da sociedade, pela ajuda na criação de uma mentalidade de realização segura, e de investimento no próprio e nos outros, de forma a alimentar o crescimento psicológico. Enfim, veja no próximo Cantinho outras medidas a considerar.

Referências: alimentada pela esperança, nem por falsas crenças, mas sim por experiências autênticas da prática, capacidades e merecida retro alimentação. Se algum destes pontos falha nas nossas vidas é necessário um exame de acção para traze-los às experiências diárias, demonstrando as capacidades, e as aberturas aos resultados positivos, tanto de nós como dos outros.

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CENTRO COMERCIAL DA PRAIA Rua de Jesus

Segunda a Sábado das 7h às 21h

As preocupações com as nossas ambições e realizações pessoais não nos podem levar a pensar, por um lado, que podemos ser transformados num arcanjo, capaz de resolver todos os problemas, e por outro que não nos devemos afastar da posição de Bierce (1911), que achava que o sucesso de cada um se constituía num «pecado imperdoável contra os próprios colegas». As pessoas que expe-

Bierce, A. (1911). Success. The Devil´s Dictionary. London: The Folio Society. Halvorson, H. G. (2012). Forget self-esteem: You need self compassion to succeed. Psychology Today. Winch, G. (2017). 5 Ways to boost your self-esteem and make it stick: Psychology Today.

Foto: A. Pamplona•


JP | ENTREVISTA

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AFIRMA LUÍS MONIZ, EX-PRESIDENTE DA CRT-FEUSAÇORES:

“A SOLUÇÃO DA BASE DAS LAJES É POLÍTICA” De saída da presidência da Comissão Representativa de Trabalhadores das Feusaçores, Luís Moniz, nesta entrevista, faz balanço do mandato. Considera que a CRT é vital na defesa dos interesses da força laboral e que o futuro da Base será sempre uma decisão política.

A

base das Lajes, apesar da redução brutal concretizada em 2015, permanece como a maior força laboral do concelho de Praia da Vitória, e, seguramente, uma das maiores da ilha Terceira e mesmo dos Açores, com todo o impacto direto e indireto que possa ter na economia concelhia e das ilhas. Por isso mesmo, no momento em que novos dirigentes assumem funções na Comissão de Trabalhadores, Jornal da Praia entendeu ser oportuno ouvir o ex-presidente, o praiense, Luís Moniz, sobre a temática. Jornal da Praia (JP) – Como analisa o papel e importância da Comissão Representativa de Trabalhadores (CRT) neste contexto complexo como é o da Base Lajes? Luís Moniz (LM) – Em primeiro lugar penso que é melhor relembrar 2011, há seis anos atrás, quando se adensam os rumores mais fundamentados sobre uma possível redução, que infelizmente veio de facto a acontecer. Nessa altura, e pelo impulso do João Ormonde, da Fátima Homem e do José Borges (ex-trabalhadores da base), foi possível começar o projecto para reactivar a CRT. Não deixa de ser curioso que estivemos 10 anos sem CRT e depois foram 2 listas a votos... Mas mais importante do que isso foi a magnífica mobilização, tendo havido mais de 90% de votantes. Porquê? Provavelmente porque muitos estavam com medo de ser despedidos, e outros, por estranho que pareça, estavam com medo de... não ser despedidos. Sim, porque convém relembrar que em 2012, quando se anunciou a redução, ela era para ser feita como manda o Regulamento do Trabalho, ou seja, os mais novos cujos postos de trabalho fossem afectados, é que iriam ser despedidos (e os outros poderiam ser “empurrados” com base na antiguidade). Depois estavam na disposição de chegar a acordo com os mais “velhos”, MAS queriam manter uma lista de imprescindiveis (posições chave) que não poderiam sair, na qual estavam, por exemplo, os bombeiros. Com muito, muito trabalho e persistência, lá se conseguiu que não ocorressem quaisquer despedimentos involuntários. Mas há mais! Como havia mais voluntários a rescindir do que postos de trabalho a abolir, e como se não bastasse, ainda se conseguiu que todos os voluntários, isto é, todos os que quiseram ir para casa, fossem indemnizados... Para chegar aqui foram precisas muitas horas, muito esforço e muitos cabelos brancos. Convém não esquecer que é também por causa disso que muitos de nós têm emprego, e é

por causa disso que abriram 70 vagas para o exterior, ou seja, 70 postos de trabalho para quem não era trabalhador da base; E é por causa disso que quase todos os trabalhadores da Base que quiseram são hoje bombeiros; E é por causa disso que 90% dos trabalhadores estão hoje melhor do que estavam há 2 anos, em virtude das consequentes promoções. Dito isto, penso que não é preciso mais para percebermos a importância da Comissão de Trabalhadores. JP – Quer concretizar outros casos onde a Comissão de Trabalhadores possa ter tido intervenção? LM – Com certeza. Foram vários os trabalhadores que não foram despedidos em processos disciplinares, e vários trabalhadores promovidos devido a reclamações apresentadas, e em ambos os casos com o apoio expresso da CRT. Conseguiu-se que cerca de uma duzia de trabalhadores, sem as necessárias qualificações de inglês, tivessem aulas e se mantivessem integrados no contingente laboral. Conseguiram-se horas de compensação para viagens de trabalho, e conseguiu-se a criação de um posto de trabalho civil dedicado à saúde no trabalho (que tanto nos preocupa), entre outras iniciativas. Mas sem fazer uma lista exaustiva penso que o mais importante é realçar que a CRT é vital para a defesa dos nossos interesses, sendo aliás a unica entidade que pode e deve representar a força laboral. A CRT é a voz dos trabalhadores! PUB

LUÍS MONIZ entende que a CRT é a única entidade que deve representar os trabalhadores. JP – No programa inicial, apresentado no ano passado, aquando da candidatura, enumeraram, salvo erro, dez principais objetivos. Que balanço faz? LM – Correto, foram dez principais objectivos, pois no dia-a-dia aparecem sempre outras questões a tratar e defender. Resumidamente, obteve-se a garantia de que são para manter 417 postos de trabalho Portugueses (infelizmente abaixo da proporção de 3 civis por cada militar inicialmente anunciada). Perdeu-se o acesso à loja (BX), o que de resto originou nova restruturação de trabalhadores, mas manteve-se acesso ao clube, lavandaria e ginásio, o que além do mais sustenta os respectivos postos de trabalho. Clarificou-se a questão dos civis locais poderem gerir mas não supervisionar milita-

res, e de que não está previsto no regulamento de trabalho a possibilidade de serviço de prevenção ou isenção de horário. Como já referi conseguiu-se a criação de um posto de trabalho responsável pela implementação de um programa de saúde ocupacional (apesar de ainda decorrerem conversações para clarificar qual a lei a aplicar), e implementou-se um processo de dias de compensação por tempo de descanso em viagens de trabalho. Submetemos recentemente um requerimento ao nosso empregador para correcção das tabelas salariais e implementação de um seguro de saude (fundamental numa altura em que se sabe das elevadíssimas taxas de cancro na Terceira). Por fim, e relativamente à relação com os trabalhadores, reali(Continua na página n.º 10)


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NO PORTO MARTINS

FIBRAS VEGETAIS DÃO ALMA A UM PR Neste Natal, a jovem freguesia do Porto Martins, surpreende com um presépio que se distingue pela originalidade dos materiais utilizados na sua construção e montagem.

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berto ao público desde do passado dia 08 de dezembro e patente até ao “Dia de Reis” (06 de janeiro), a freguesia do Porto Martins apresenta neste natal um presépio que se distingue pela criatividade dos materiais empregues na sua construção e montagem. Exposto na despensa do império local, em pleno largo da igreja, este inovador presépio, poderá ser visitado diariamente em dois períodos distintos: um diurno (das 14:00 às 18:00) e outro noturno (das 20:00 às 22:00). As entradas têm um custo mínimo e meramente simbólico de 1,00 euro por pessoa, podendo os visitantes, se assim o entenderam, contribuir com um mais para além daquele valor, já que a receita proveniente do mesmo reverte na íntegra para a igreja local, destinando-se a suportar as obras de restauração das carpintarias que urge fazer. É de salientar, por constituir também uma novidade em iniciativas do género, que todas as peças expostas estão disponíveis para venda, devendo os interessados indicar junto do “staff” organizativo as peças da sua preferência, que lhes serão entregues finalizado o período de exposição. O “sui generis” presépio construído à base de fibras de vegetais, é da responsabilidade de um grupo de cidadãos, liderados pela ex-presidente da junta de freguesia do Porto do Martins, Rita Branco e constituído por Deolinda Mendonça, Gracinda Paiva, Hermínia Ferrumpau, João Ourique, José Pereira, Laura Brasil, Lúcia Branco, Manuela Messias, Maria Alda Freitas, Maria Laura, Mercês Lourenço, Noémia Toste e Sandra Freitas. Em conjunto, este PUB

grupo de 14 elementos vem há mais de dois meses a trabalhar na materialização de tão arrojado projeto, nomeadamente construindo todas as figuras que dão cor a tão esplêndida criação. Mas para Rita Branco, o trabalho começou alguns meses antes, mais precisamente por altura do verão, quando foi recolhendo e armazenando muitos dos materiais agora usados, como é o caso, das hortênsias, que recolheu naquela altura deixando-as secar na garagem da sua moradia, para agora, dar vida às majestosas montanhas que aconchegam no sopé uma pitoresca freguesia, na qual, se desenrola toda a obra criativa. Na construção e montagem destes 17 metros quadrados de pura magia, os criadores – autênticos artesãos – utilizaram os mais diversos e surpreendentes materiais, num exercício que desafia a mais prodigiosa imaginação. Para além das hortênsias secas que juntando-se à flor de plátano que envolvem todo o presépio, numa imponente montanha, como atrás se referiu, o destaque vai todo para as folhas de milho, que são utilizadas na construção das mais de 100 figuras que o embelezam. Depois, há um conjunto de outros materiais cuidadosamente selecionados para aprimorar e dar realidade a tão sublimes criações, como as penas, usadas para ornamentar os chapéus das figuras femininas, a lã e penugem de milho para os cabelos, o sisal coberto de serradura tingida de verde na folhagem das árvores, as folhas de dragoeiro nos telhados, nas portas das casas e também nos baldes que estão nas mãos de algumas figuras, o arroz a revestir as ca-

PRESÉPIO EM FIBRAS VEGETAIS dezassete metros quadrados de p sas brancas, as sementes de papoilas nas casa pretas e também na igreja, feijões nos ressaltos das moradias, vimes a simular a lenha e tanto outros materiais como ramos de oliveira, rabo-de-gato seco e ervas daninhas que dão vida, encanto e cor a um presépio que verdadeiramente merece ser visto e apreciado. Numa representação tradicional, para além do quadro representativo da época aludindo ao nascimento do Criador, o presépio mostra segunda

adianta Rita Branco, à nossa reportagem, “a vivência de um povo”, retratando a vida quotidiana de uma simples freguesia, nas suas mais variadas dimensões, da laboral à social, da cultural à recreativa. Efetivamente, é possível apreciar quadros que invocam pescadores, agricultores e donas de casa nas suas labutas diárias, mas também aspetos sociais como um casamento, culturais como o folclore, religiosos como a procissão e claro os touros, não fosse esta uma freguesia desta ilha de bravos.


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RESÉPIO QUE DESAFIA A IMAGINAÇÃO a comissão do império solicitando a cedência da despensa para albergar o presépio. A recetividade foi a melhor e o espaço sem mais delongas foi cedido. Em contrapartida, comprometeu-se a entregar as receitas arrecadadas à respetiva comissão no sentido de colaborar nas despesas relativas à manutenção anual do mesmo. Mais tarde, veio a saber por amigos, que a comissão fabriqueira da igreja trabalhava na realização de eventos no sentido de arrecadar receitas para comparticipar nas obras de restauração das carpintarias. Consciente da urgência das obras e do seu elevado custo, colocou a questão à comissão do império, tendo a comissão prescindido das receitas a favor da igreja e assim como já mencionado, todos os valores arrecadados com as entradas e eventual venda de peças revertem para a comissão fabriqueira da igreja.

pura magia esperam por si no Porto Martins. Tudo isto num harmonioso enquadramento, que por certo prenderá por longos momentos o atento olhar dos visitantes, tal é a diversidade dos motivos apresentados e o detalhe de cada peça/figura/quadro. Questionada pela nossa reportagem sobre como surgiu a ideia de tão peculiar presépio, Rita Branco, afirmou tratar-se de um projeto antiga e que só não foi concretizada antes por manifesta falta de tempo, decorrente das múltiplas obrigações e afazeres inerentes à função de presidente de junta que até outubro último e por largos anos exerceu. PUB

Complementou dizendo que agora, dispondo de mais tempo livre, entendeu ser a altura ideal para avançar com sua concretização, indo também ao encontro do seu desejo de continuar a colaborar ativamente com a freguesia que a viu nascer e que tanto lhe orgulha, cooperando com as suas instituições que constituem uma marca identitária do seu povo, desta feita numa vertente mais cívica e social depois de a ter servido por muitos anos num cargo de natureza política. Dinâmica como é seu timbre, se pensou, de imediato agiu e contatou

De nome “Porto Martins – freguesia Natal”, o presépio foi assim batizado, conforme explica Rita Branco, porque desde há 5 anos a esta parte, a freguesia tem vivido de forma intensa a época natalícia. São famosos em toda a ilha os motivos natalícios exteriores expostos no largo da igreja, construídos com materiais reciclados, inúmeras vezes fotografados. “Este ano, para além destes mesmos motivos, no mesmo local, mais precisamente na despensa do império, temos um presépio interior, que reforça ainda mais a nossas propostas para que nos visitem por esta altura”, enquadrou a ex-presidente. Solicitamos a Rita Branco que explicasse aos nossos leitores, as razões pelas quais, vale a pena aqui se deslocarem e visitar o presépio agora exposto. Convicta, a mentora começou por afirmar, “desde logo pela causa”, acrescentando “é preciso não esquecer que todas as receitas revertem para as obras da nossa igreja e foi precisamente esta nobre

causa que juntou todo este grupo de pessoas da nossa comunidade a trabalharem de forma graciosa e em prejuízo das suas vidas privadas para a sua concretização”. Salientou ainda tratar-se de uma proposta completamente diferente em relação aos demais presépios que tradicionalmente são apresentados, pela inovação criativa dos materiais usados. Não deixou de referir a magnificência do efeito conseguido. “Houve muito cuidado na elaboração das peças e procuramos ser o mais primorosos possível em cada uma das figuras construídas – e se me é permito – penso que o resultado é muito positivo e um regalo para a vista”, afirmou com um sorriso de orgulhosa satisfação no rosto. Destacou ainda a vertente educativa do mesmo, “utilizamos um conjunto de materiais, todos ele gratuitos, e com paciência, arte e trabalho – muito trabalho – construímos algo muito bonito de se ver e apreciar”, enfatizou. Acrescentou componente ambiental do projeto, sustentando “durante os meus mandatos de presidente de junta, sempre tive uma grande preocupação com o ambiente, o trabalho desenvolvido permitiu-nos ao longo de 7 anos ostentar o titulo de ECO Freguesia e nos últimos três arrecadamos o galardão máximo – a excelência – e esta preocupação foi também transposta para este presépio, construído com materiais dados pela mãe natureza e sem quaisquer transformações poluidoras. Finalmente aludiu à vertente económica do projeto “este é um exemplo que se pode fazer muito, com muito pouco”, justificando “vivemos tempos difíceis, em que tudo é muito caro e os recursos financeiros são cade vez mais escassos, então com este projeto quisemos transmitir a mensagem que com imaginação e criatividade é possível fazer coisas absolutamente fantásticas com orçamentos escassos e limitados”, concluiu. JP/Fotos: Rui Sousa•


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LUÍS MONIZ, EX-PRESIDENTE DA CRT-FEUSAÇORES (Continuação da página n.º 7)

zámos uma reunião geral de trabalhadores, um inquérito aos mesmos e temos mantido um boletim informativo mensal. JP – Ao longo da sua participação na Comissão de Trabalhadores quais as principais dificuldades sentidas? LM – Antes de mais são de salientar as dificuldades nas reuniões mensais com o comando das FEUSACORES. Para terem uma ideia a CRT normalmente depara-se com uma equipa composta por comandantes, sargentos mais graduados, chefes de departamentos, recursos humanos, advogados, relações públicas e politicas, etc., mas reparem que nós somos apenas um grupo de trabalhadores sem apoio juridico que vai apresentar ou defender causas dos trabalhadores. Além disso, muitas vezes o assunto em causa ultrapassa o poder de decisão do comandante local, independentemente da boa vontade que tenha. A isto acresce a capacidade de argumentação tecnico-juridica para justificar a posição do comando, muitas vezes, contrariando aquilo que consideramos estar correcto. E no fim de contas o que deveria importar é se o trabalhador tem razão e não se a queixa está formalmente correcta. Isto leva-nos a outro problema. A análise de pareceres e queixas, por exemplo, é feita (e bem) convictamente pelas FEUSACORES, arranjando todos os possiveis argumentos para defender o seu ponto de vista. Do lado Português, ingenuamente, tenta-se fazer uma análise idónea e isenta da situação. Aliás a comissão laboral vê-se um pouco como juizes nestes diferendos. Na esmagadora maioria das vezes não existe equilibrio resultando em posições tendencialmente favoráveis ao empregador. Na opinião da CRT tanto o comando da Zona Aérea dos Açores (CZAA) como os representantes Portugueses, nas comissões bilateral e laboral, devem defender os argumentos que favoreçam a posição dos trabalhadores Portugueses, à semelhança do que fazem os EUA, gerando o necessário equilibrio e forçando entendimentos. Existe outra lógica neste pensamento: Os governantes nomeiam pessoas/técnicos para as comissões, mas quem elege os politicos somos nós, e lógicamente essas nomeaçoes devem ter em conta os justo interesses dos eleitores. Portanto, sendo nós eleitores, entendemos que eles devem defender em primeiro lugar os nossos interesses, mesmo que não gostem ou nem sempre concordem com eles. JP – Há algum tempo ouviu-se falar em pressões, especialmente a membros da comissão. Tem fundamento essas afirmações? LM – Não vejo a questão nesses termos. Haverá sempre fricções entre empregadores e funcionários, e neste caso particular ainda ampliadas pela diferença cultural. Na nossa perspectiva o problema reside no facto de

desde há alguns anos os civis Portugueses terem vindo a ocupar cada vez mais cargos de elevada responsabilidade, que por inerência também tem acesso a mais informações, deixando a pairar no ar a questão de potenciais conflitos de interesse. Esta mudança exige uma adaptação de todos, mas sinceramente, fora os casos em que os membros da CRT possam estar envolvidos, por exemplo como supervisores ou decisores, não vemos incompatibilidades. E nesses casos os envolvidos auto-excluem-se desses processos. Além disso, legalmente o regulamento de trabalho não distingue (e bem) quem pode ou não integrar a CRT. JP – Foram anunciadas, no passado dia 22 de novembro, eleições antecipadas para dezembro de 2017. Antecipadas porquê? LM – Recuando no tempo, há pouco mais de um ano, a CRT tinha um problema. O mandato estava a chegar ao fim sem perspectiva de candidaturas. No seio da comissão anterior tivemos de arranjar uma solução. Como tirei a palhinha mais curta (ou como dizemos cá, saiu-me a fava), elaborámos uma lista, em que me comprometia a liderar a comissão por um ano, fazendo uma transição progressiva, saindo após esse periodo. Infelizmente entre os membros que assumiriam esta responsabilidade existem problemas pessoais e de saude que os impedem de assegurar a dedicação necessária. Assim sendo, optou-se por convocar eleições antecipadas, dando voz aos trabalhadores e permitindo uma ampla renovação com a entrada de novas caras com a necessária disponibilidade. De certo modo, com quem entrar inicia-se um novo ciclo, com novas ideias, perspectivas e estratégias. JP – Então confirma que não se recandidata? LM – Confirmo. Confesso que não é fácil porque foram alguns anos e muitos cabelos brancos (eu sei que não se nota, mas estão por cá). Mas como nunca fui adepto de cargos ocupados demasiado tempo pelas mesmas pessoas está na altura de passar este cargo para outra pessoa. JP – Não receia deixar a CRT nas mãos erradas? LM – Nunca podemos ter medo do futuro. Espero que a CRT continue a funcionar bem e como um todo. Connosco o cargo de presidente equivalia mais a um coordenador e porta-voz, e todos tinham opinião e voto igual em todas as matérias. O que era discutido, as diferenças e as auto-criticas ficavam na sala. Engolindo mais ou menos sapos, a voz da CRT foi e deve ser sempre só uma. É cliché mas é verdade: A união faz a força! JP – Como vê o futuro da Base na atual conjuntura? LM – Apesar da posição geoestratégica dos Açores, reconhecida por todos, temos salientado que neste momento não existe nada

que sustente ou garanta os nosso postos de trabalho a médio/longo prazo. Na perspectiva desta CRT as movimentações que vêm ocorrendo desde há anos mostram uma desactivação contínua e planeada de serviços e infraestruturas que levarão inevitávelmente a uma retirada das FEUSACORES. Contínua, porque desde os anos 90 que se vem fechando serviços, infraestruturas, despedindo trabalhadores, reduzindo contigente, etc. Planeada, porque todos os passos que são dados têm um propósito, por exemplo na transferência de serviços para a Força Aérea Portuguesa (ex: serviços de apoio às operações na pista), ou implementação de serviços a funcionar autonomamente só com cidadãos Portugueses, o que poderá no futuro levar à transferência desses serviços para Portugal (é um 3 em 1, entrega-se a infraestrutura, os custos e o pessoal). Ainda planeada, porque sabemos que houve relatórios sobre as potencialidades das Lajes contendo informações incorrectas, apesar da afirmação de não quererem fazer mais reduções. Ora, isso não está assegurado por escrito em lado nenhum... Também em 2013 se anunciou publicamente um rácio de 3:1 e isso não aconteceu. Se acreditarmos na boa fé em principio correrá tudo bem. Mas se virmos pela perspectiva contrária poderá ser uma estratégia negocial para que Portugal mantenha uma atitude receptiva e aceite edificios e alterações (por exemplo dos acordos) sem pôr grande entraves, permitindo a preparação de uma futura e eventual retirada, o mais fácil e barato possivel. Depois temos a questão do lado Português. A Força Aérea Portuguesa tem vindo ao longo dos anos a reduzir sistemáticamente a sua presença e suas valências. A desactivação da esquadra de vôo foi o golpe final numa instalação que nem sei se legalmente de deve designar de “base aérea” (uma vez que nem tem meios aéreos permanentes), pois as aeronaves cá estacionadas são um mero Destacamento de outras bases do Continente Português. Os argumentos são normalmente os custos, nomeadamente os custos de manutenção das aeronaves. Bom, poderiamos contra-argumentar que ter uma base em Sintra, outra no Montijo, o Estado-Maior em Alfragide, o comando operacional no Monsanto, o hospital no Lumiar, tudo na zona de Lisboa e arredores, também é duvidosamente conveniente. Mas isso nem interessa porque as Forças Armadas estarão onde os decisores politicos decidirem e lhes derem fundos para tal. JP – Implicitamente está a afirmar que este é um problema político? LM – Sempre defendemos que a solução da Base das Lajes é politica. Os militares pura e simplesmente não querem vir para os Açores, tanto os Americanos como os Portugueses. Como não somos votantes Americanos não podemos exigir nada aos politicos dos EUA, mas podemos e devemos fazê-lo aos politicos Portugueses. Portugal tem de in-

vestir nesta Base de modo a garantir não só os nossos postos de trabalho como a economia local. Em ultima análise esta Base pertence à Força Aérea Portuguesa (e consequentemente ao Ministério da Defesa Nacional) e portanto a responsabilidade do que aconteceu (desde a contaminação à dependência económica) também é de quem permitiu, de modo que também tem ser o Estado Português a resolver os problemas desta Terra e dos seus cidadãos. Não podemos deixar passar “Air Centers” e Missões NATO para outros sitios quando a Base está moribunda. Não podemos ter medo de exigir soluções aos nossos politicos! JP – Traça um cenário negativista... LM – Bom, a boa notícia é que eu nunca fui conhecido por ser optimista, e portanto, o cenário pessimista que apresentei pode ter uma versão mais feliz. Apesar das apreensões que manifestei, acredito que se trabalharmos todos em conjunto, podemos perspectivar um futuro em que se dê o merecido valor à Base das Lajes, enquanto estrutura geoestratégica essencial para a segurança da Europa e dos próprios EUA, e em que venhamos todos trabalhar com compensações mais justas e sem a perspectiva de perdermos o emprego nos próximos anos. Muitos de nós sentem que os EUA tem um papel muito importante no mundo, na protecção dos valores e liberdades ocidentais, e nós temos a sorte de ser parte disso. Já lembrei isto há um ano: “Todos os dias a Força Aérea dos EUA exige de nós excelência em tudo o que fazemos (”excellence in all we do”) e a apontar alto (”aim high”). Só pedimos condições adequadas e estabilidade para continuar a fazer isso. JP – O Jornal da Praia deseja as maiores prosperidades à CRT, a bem dos trabalhadores e suas famílias, do concelho da Praia e dos Açores em geral. LM – Aproveito para fazer um breve reparo e uma nota final. Os trabalhadores nunca se podem esquecer das suas obrigações e deveres para com as FEUSACORES (que são um empregador exigente mas cumpridor), nem da sua responsabilidade em transmitir a imagem profissional, qualificada e competente desta força laboral e desta organização. Termino a realçar a importância da CRT. A comissão não toma decisões politicas em nome de Portugal, mas não tenham duvidas nenhumas que as influencia, pelo menos no que toca à matéria laboral, e da parte deste projecto temos humildemente o sentimento de dever cumprido, de que fizémos o nosso melhor em prol dos trabalhadores e das nossas familias. E é o que eu desejo que a CRT continue a fazer por muito tempo. E já agora, porque estamos em época Natalícia, faço votos de Boas Festas para todos, civis ou militares, em especial para todas as respectivas Famílias dalguma forma ligadas ao dia-a-dia da Base das Lajes. JP•

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JP | OPINIÃO

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NÃO HÁ ALMOÇOS GRÁTIS...NEM INDEPENDÊNCIAS Não se conhece nos anais da História Universal muitos casos em que a obtenção de independência tenha sido coisa fácil, sem custos elevados e sem perdas de vida.

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arece que o movimento independentista na Catalunha, que se reacendeu com os acontecimentos de 1 de outubro, assenta na perspetiva de que alguém, outros que não os próprios, pagará a fatura. Não se conhece nos anais da História Universal muitos casos em que a obtenção de independência tenha sido coisa fácil, sem custos elevados e sem perdas de vida. Recorde-se o caso da restauração da independência de Portugal iniciado no dia 1 de dezembro de 1640, em Lisboa, e apoiado pelo resto da nação, com relevo para o sucedido na Vila da Praia, na ilha Terceira, em março de 1641, só tendo tido o seu termo com o tratado de Lisboa, 28 anos depois. Quanto sofrimento, quantas vidas, quantas perdas económicas, quantos impostos para suportar a guerra contra Castela! Para conseguir apoio externo, uma princesa portuguesa casou com um monarca inglês. No dote da nubente foi-se Tanger e Bombaim, onde a Inglaterra constituiu uma importante colónia. Com um plano muito bem organizado (veio a saber-se depois), o movimento independentista catalão calendarizou uma ação que visava PUB

consultar a população através de um referendo. Tal ação acabou por decorrer em circunstâncias tais (quer determinadas pela própria logística adotada, quer pelas medidas implementadas pelo governo de Espanha) que veio a ser considerado, pelos próprios observadores contratados, como inválido. Mas, nem por isso os independentistas abandonaram o plano gizado, tendo declarado solenemente ‘urbi et orbi’ a independência da Catalunha que se constituía nesse ato, numa república. E levaram a cabo uma série de manifestações com o fito de consolidar o facto. Gerou-se, então, uma onda de simpatia em muitos países, sobretudo naqueles em que a temática não lhes é alheia, como é o caso de Portugal onde ainda reina um anti espanholismo, com fundamentos desde a instauração da nacionalidade. (A referência a «nuestros hermanos» é uma expressão carregada de ironia). Mas, eis que a força da lei leva o governo de Madrid a intervir na região autónoma da Catalunha e produz-se, então, uma série de acontecimentos, desde a carga policial para afastar os obstáculos à reposição da legalidade até ao abandono da frente de «batalha» dos mais altos representantes do governo catalão, deixando os de-

mais independentistas num terreno entretanto afetado por um descalabro económico e social. Perante as consequências penais que sobre eles vieram a pender, o discurso independentista foi-se amenizando, com um monumental recuo que se consubstancia na afirmação de que a DUI (declaração unilateral de independência) tinha sido meramente simbólica. Maior balde de água fria não podia ter havido, tanto para os catalães que tinham celebrado a DUI como para os simpatizantes da causa noutros países. Para muitos teve um certo sabor a traição. E tocou a não perder a face: marcadas as eleições para 21 de dezembro, aqueles de quem se tinha esperado que tivessem cortado com tudo o que os ligava a Madrid – incluindo assento no parlamento nacional espanhol – logo se foram perfilando nas listas eleitorais para disputar o poder do futuro governo catalão. A 1 de dezembro de 2017, a situação na Catalúnia carateriza-se pela ebulição própria de uma pré campanha nas vésperas do período oficial, fortemente polarizada pelo que possa vir a ser a decisão da justiça quanto aos políticos catalães em prisão preventiva, os quais já manifestaram

o desejo de participar no ato eleitoral. O facto mais importante será conhecer o resultado da voluntária apresentação perante a justiça do ex presidente do governo catalão, que, dessa forma, regressa ao campo de «batalha». É o político mais imprevisível do conjunto dos independentistas, alterando o seu ponto de análise a todo o momento. Com esta maneira de atuar, poderá ter caído em descrédito internacional (e mesmo na própria Catalunha), quando não num certo ridículo. No seio dos independentistas catalães há políticos com perfil mais idóneo. Parece concretizar-se a ideia de aproveitar estas eleições, saídas da aplicação da constituição espanhola, para delas fazer o referendo falhado em outubro. Seja qual for o resultado, a lei terá de continuar a ser respeitada. Alguns independentistas foram postos em liberdade com pagamento de fiança e depois de se comprometerem a defender a independência pelas vias legais. Ora, as vias legais apontam para a constituição, como não pode deixar de ser, e só a sua reforma poderia conduzir à possibilidade de obtenção de independência, total ou na forma de estado livre associado como pretende o País Basco. (Continua na página n.º 13)


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POR FAVOR… DEIXEM-ME GRITAR: “SERÁ QUE ESTAMOS TODOS CEGOS?”

E DITORIAL

(a propósito de uma visita)

A Verdade DÓI. A Dúvida CORRÓI . A Mentira DESTRÓI. (Renan Bride de Oliveira) da visita aos Açores anunciada para finais Outubro, para acompanhar a evolução dos acontecimentos que abalavam os portugueses num período tão difícil e traumático.

Natal

C

elebrando uma realidade notória, o Natal leva-nos a reflectir sobre a sua principal essência, ou seja “o verdadeiro Natal é o nascimento contínuo de Cristo na humanidade, tanto como na Páscoa a sua contínua crucificação e ressurreição em todos e em cada ser humano”. Será que o Natal tem sido vivido com base naquela verdadeira essência? Certamente que a resposta a esta pergunta é negativa, na verdade, olhamos à nossa volta e vemos cada vez mais proliferar o materialismo desenfreado, os homens arredaram Cristo da sua vida, e preferem estar mergulhados em guerras, ódios e invejas desastrosas radicalizadas em políticas internacionais onde faltam verdadeiros acordos, por exemplo nas políticas ambientais, no Estatuto Internacional de Jerusalém, nas armas nucleares, no combate ao terrorismo, à fome, na ajuda aos refugiados e nas leis laborais para porem termo à exploração do trabalho infantil, do trabalho escravo, etc. Ora, isto tudo gerou e gera caótica corrupção, guerras violetas que incendeiam o mundo, genocídios por motivos éticos, religiosos, culturais e racistas, porque independentemente destes vis acontecimentos “é no amor-doação que existe salvação” e a solução para os homens construírem um futuro melhor. Porque só o amor entre os homens, aliado da verdade é a arma mais eficaz para a construção da paz, porque o amor é antes de tudo uma decisão que deve ser explorada sem quaisquer barreiras, não só no Natal, mas durante todo o ano, a fim de sermos muito melhores na família, no trabalho, na sociedade, dando um contributo imprescindível para a construção de uma sociedade nova, mais rica, mais solidária, mais cordata e pacífica. Não basta reflectirmos nos moldes supra referidos, é necessário e urgente agirmos radicalmente de forma a obtermos bons resultados. Na época Natalícia, andamos todos preocupados em escolher e comprar presentes, em participar em jantares próprios desta época, e “atropelamos” a verdade com uma voracidade materialista e individualista nunca vista, esquecendo os que sofrem, as tragédias dos incêndios que devastaram Portugal Continental, vitimando vidas humanas e em pouco tempo terminaram com o trabalho de toda uma vida. O Natal é o tempo de nos preparamos para receber e retribuir amor, solidariedade e paz, pois será o melhor presente que se pode doar. O Diretor, Sebastião Lima diretor@jornaldapraia.com

N

José Ventura*

o rescaldo da visita oficial do presidente da República Portuguesa aos Açores, não poderia silenciar-me quanto ao que entendo ser significativo. Será que a visita de sua excelência, teve a ver com algo de positivo para os Açores e o seu Povo? Ou foi apenas mais uma saudosa tournée de turismo (selfies foram q.b.) aproveitada para encapotar da melhor forma algumas advertências disfarçadas em aconselhamentos de maneira seráfica sobre aquilo que no futuro Portugal tem em pensamento na utilização do seu último activo “patrimonial” ou, porque não ser verdadeiro e qualificar este último adjectivo de “colonial”? Que tivéssemos conhecimento aquando da viagem efectuada por S.Exa. entre os dias 1 e 6 de Junho, ficaram de fora São Miguel e Santa Maria, para viagem futura. Daquela visita e do seu programa abstenho-me de comentar aludindo apenas a deslocação a um miradouro na Ilha das Flores para avistar, o Ilhéu do Monchique, referido por S.Exa. como ponto mais ocidental de Portugal. Depois de uma viagem turística por sete ilhas, apraz registar como um dos órgãos de comunicação social, referiu o concluir da visita de S.Exa. titulando a noticia assim: “Marcelo termina visita aos Açores rodeado de queijo” no desenvolvimento da notícia, referia que Marcelo teria comentado durante a visita à unidade fabril Uniqueijo …”Neste momento sou muito feliz. Isto é acabar em grande, foi uma grande ideia” (…) “Adoro o queijo de São Jorge (...). A prova é que devia estar a descolar o avião e estou no meio dos queijos”, assegurando ser, já antes do vinho do Pico, “embaixador plenipotenciário há muito tempo” do queijo de São Jorge. Marcelo terminou este primeiro round da sua visita anunciado que, deveria deslocar-se às ilhas de São Miguel e de Santa Maria, no final de Outubro. Entretanto, a 17 de Junho de 2017, o fogo atinge Portugal e Marcelo põe em causa a sua segunda etapa

Entretanto, algo na vizinha Espanha deve ter feito o presidente da república portuguesa mudar de ideias e, cumprir a segunda etapa da sua visita aos Açores, sendo os dias escolhidos de 25 a 27 Outubro. À sua chegada a Santa Maria, declama que já estava com saudades da terra, afirmando “que é uma expressão que tem a ver com um primeiro historiador açoriano [Gaspar Frutuoso], uma figura muito importante e a primeira obra escrita sobre a geografia e a história dos Açores”, Desconhecerá S.Exa. que o ensino da nossa “História” está banido das nossas escolas? Estando de novo nos Açores, para visitar as ilhas de Santa Maria e de São Miguel, completando assim o périplo feito em Junho pelas outras sete ilhas do arquipélago. Tudo indicava até pelo programa da viagem que assim seria. Imprevistamente, o chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas, que se deslocava entre ilhas num avião C-295 da Força Aérea Portuguesa, deslocou-se à Terceira, para assistir a um exercício militar na Base das Lajes, na manhã do segundo dia (primeiro dia previsto para a visita a S. Miguel). Necessário era reforçar o anúncio de que o dia 10 de Junho em 2018, será comemorado nos Açores (afirmação de que aqui também é Portugal), mostrando a força e o poderio militar que, o mesmo dispõe no arquipélago, onde não permitem a nossa bandeira, igualar-se com a portuguesa nos seus quarteis e nos edifícios dos serviços da república. Aliás, já noutros textos fiz referência, à exposição mediática que as forças militares e paramilitares têm dado para vincar a sua presença local. Na Ilha do Arcanjo entre outras iniciativas, destacar a aula aberta na U.A. cujo tema não poderia ser outro que não fosse “O Atlântico” o Mar, o nosso Mar como activo a subtrair ao nosso Povo, para grandeza de um país de mão estendida à comiseração internacional, negociando o nosso Território a nossa posição geoestratégica e como tal, poderosa como geopolítica. Jantares no Palácio de Sant’Ana, com discursos de circunstância, uma reunião do Conselho Regional da Concertação Estratégica, na cidade de Lagoa. Na atenção

à economia, o chefe de Estado deu a sua atenção à agricultura e agro-indústria e ao turismo, independentemente da visita à fábrica da Unileite e a uma empresa de queijadas. Encontrou-se com representantes do turismo e com a Associação Agrícola de São Miguel. Diz o ditado popular que “com papas e bolos se enganam os tolos” Nas suas intervenções embora não excluindo a importância dos Açores, Realçou a importância da extensão da plataforma continental de Portugal esqueceu referir que a mesma em proporção engrandecerá também os Açores dando-nos mais força nas pretensões do Povo açoriano. Só agora diz ter descoberto a fronteira em espaço aéreo com o total de oito nações o que já sabíamos à muito e, cujo espaço aéreo só beneficia Portugal economicamente. Entre abraços e selfies Marcelo promete” puxar ao Açores” para onde? Para Lisboa? Na minha modéstia opinião, dispenso fazer parte do “Portugal apelidado de arquipelágico”. Os açorianos já estão habituados às advertências e aos recadinhos de animosidade por parte dos mais altos dignatários de Portugal, os seus presidentes da república nas pessoas de Jorge Sampaio “os Açores já têm autonomia quanto basta” e Cavaco Silva com o alerta aos portugueses quanto à pouca vergonha que era os açorianos serem considerados como Povo. Agora, temos Marcelo a não perdeu a ocasião para dizer preto no branco “o que está na Constituição, está bem”, que não estão reunidas condições para um acordo de revisão da constituição, que permita o aprofundamento da autonomia bem assim a criação de partidos regionais. A referência de “preto no branco” usado como modo de deixar tudo documentado por escrito, entenda-se, que dito à comunicação social fica escrito e gravado para memória futura. Porque palavras, leva-as o vento e S.Exa. sabe-o bem. A Lagoa das Sete Cidades, foi o último púlpito para o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa depois de um lanche partilhado com a população daquela freguesia, discurso do balanço desta segunda metade da sua deslocação aos Açores com sorrisos, e trejeitos de olhares ao presidente dos Açores Vasco Cordeiro. Marcelo afirma que “actuará” para ajudar os açorianos. Mas… há sempre um, mas. E é por este o, “mas” que pergunto: - “será que estamos todos cegos”. (Continua na página seguinte)


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2017.12.22

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CRÓNICA DO TEMPO QUE PASSA (XVIII)

INTENSIFICAR O INTERCÂMBIO INSULAR O intercâmbio cultural é a forma de convivência e de respeito pelo valor e diferença dos outros. Só teremos uma verdadeira região quando a comunidade de interesses estiver acima e além de egoísmos mesquinhos e estéreis que entravam o verdadeiro progresso.

António Neves Leal

D

esde algum tempo a esta parte que vimos observando significativas mutações no âmbito daquilo a que se convencionou designar por intercâmbio ou troca de conceitos, valores e tradições. Tais alterações do nosso tecido social derivam da assunção de princípios éticos e políticos privilegiando, cada vez mais, a abertura aos outros e a empatia tal como era concebida por karl Rogers. Felizmente, que o sentirmo-nos na pele do outro já não é tão utópico como era há duas décadas passadas, mas ainda existem muitas escolhos a dificultar o avanço para o diálogo de igual para igual. No caso das nossas ilhas, esse diálogo e consequente troca de experiências, realizações, maneiras de viver e sentir continuam a ser um imperativo que urge concretizar nas mais diversas vertentes de uma realidade com problemas específicos e cuja realização só será viável no reconhecimento e respeito do pluralismo multifacetado e caleidoscópico, carecterizador de uma realidade arquipelágica como a nossa.

Últimamente, esta espírito de solidariedade tem vindo a ser implementado aos mais diversos níveis: económico, artístico-cultural e mediático. E já que até agora muito se tem badalado sobre o turismo nos Açores, a propósito dos voos, a baixo preço, de e para a Terceira, parece-me oportuno fazer uma referência especial ao intercâmbio turístico e suas repercussões nas demais parcelas ao centro e a oeste do arquipélago açoriano, algumas delas cheias de potencilidades turísticas como a ilha do Pico, S. Jorge e Flores. O turismo não pode ter como única preocupação receber apenas muitos forasteiros, em detrimento dos passageiros açorianos, como tem sucedido a muitos entre os quais me incluo, com atrasos, prejuízos e aborrecimentos acrescidos. O movimento de passageiros inter-ilhas processa-se, todos os dias, e não pode ser prejudicado, quando não há ligações marítimas suficientes entre várias ilhas, como outrora acontecia. O turismo interno também é muito importante para o conhecimento de todos nós que aqui vivemos, trabalhamos e pagamos impostos. Quantos habitantes visitaram as nove ilhas ou metade delas? Muitos nunca saíram sequer da sua onde nasceram. Quantos deles foram já as Flores, a mais bela das pérolas dos Açores, e a Santa Maria, por onde despontámos para a história e começámos a nossa epopeia de povo ilhéu, implantado entre rochedos de inegável beleza e, tantas vezes, sacudidos por vagas, sismos, ventos e vulcões?

Infelizmente (e paradoxalmente), continua-se a saltitar de avião de ilha para ilha. Quem vem de longe terá desejo de visitar um arquipélago de avião, após ter feito uma longa viagem de mais de 1500 ou 3000 quilómetros, para depois ver quase só nevoeiro, como tantas vezes acontece? Em vez de se intensificar as trocas de mercadorias através da via marítima ou com recurso a um avião cargueiro, como foi já sugerido várias vezes pelo CDS-PP, considerados meios de transporte mais adequados à nossa idiossincrasia geográfica, teimosamente recusa-se uma dessas propostas, com os inevitáveis prejuízos para as economias de oito das nove ilhas e sua consequente desertificação, patente em cada dia que passa. Mais grave ainda é o tarifário praticado não só no transporte como nas operações portuárias de mercadorias, que diverge muito entre as ilhas. Tudo isto não facilita nem promove a mobilidade de pessoas e bens, provocando, ao invés, um maior isolamento, fechando-se cada ilha sobre si própria. Hoje, viajar nos Açores entre duas ilhas custa mais do que ir na SATA e na TAP para o Continente, não falando dos voos de companhias low- cost, ainda mais baratos, apesar das distâncias serem muito menores, quando comparadas com as que nos separam de Lisboa ou do Porto. Actualmente, as pessoas sentem cada vez maior necessidade de saír do

local, onde residem todo o ano, apesar do impacte dos media, especialmente a televisão, a rádio e a internet, na alteração dos hábitos de muitas pessoas. Mas mais importante que a oratória dos discursos dos eleitos políticos é a vontade e os meios postos na concretização do intercâmbio insular. E este para ser eficaz e enriquecedor tem de alicerçar-se, primeiramente na cultura e no que ela tem de mais profundo e genuíno, sem preconceitos de superioridade ou arrogância, bairrismos, nepotismos, nem tutelas censórias ou de cariz politico-partidário sobre os outros, que pensam pela sua cabeça e não cedem às ambições e um qualquer chefe. O intercâmbio é feito de cedências e em termos de reciprocidade. Ele deve ser bilateral ou multilateral, não havendo lugar para imposições autoritárias, perseguições, dogmatismos, facciosismos, muito menos obscurantismos, filhos da ignorância ou da má-fé. Será que passados tantos anos de regime autonómico, iremos continuar roídos por pequenos particularismos, invejas e mesquinhez bairrista, como temos assistido, a pretexto de um qualquer acontecimento ou inauguração? Quando é que esse joio será arrancado e começaremos a olhar para as nossas ilhas em termos de complementaridade e não com intuitos divisionistas de pendor colonialista e monopolista que tanto gostamos de exportar para o exterior, mas que raramente praticamos cá dentro do arquipélago? •

NÃO HÁ ALMOÇOS GRÁTIS...NEM INDEPENDÊNCIAS (Continuação da página n.º 11)

Mas a questão catalã não implica apenas a independência, também comporta a vertente republicana. E isso torna muito mais difícil a reforma da constituição. Por um lado, o sentimento republicano será maioritário em algumas das grandes cidades, mas no mundo rural predominará o apego à tradição monár-

quica. Por outro, apesar de o estado espanhol ser formado por «nacionalidades» nunca se deu um passo concreto para as suas definições e delimitações. Ao longo dos anos, os governos (de direita e de esquerda) de Espanha, depois da entrada em vigor da constituição em 1978, foram ‘negociando’ a tranquilidade catalã com uma série de ‘mimos’ orçamentais. Estas ‘almofadas’ acabaram

por permitir abusos em beneficio próprio, como é o caso que envolve Jordi Pujol i Soley (fundou o partido Convergència Democràtica de Catalunya, do qual foi o primeiro secretário, foi eleito presidente da Generalitat de Catalunha pela primeira vez a 24 de Abril de 1980, sendo reeleito consecutivamente em 1984, 1988, 1992, 1995 e 1999) e família indiciado pela justiça. Enfim. Malhas que o ‘po-

der’ tece. A invocação de direitos humanos, no que respeita à independência, não tem cabimento, porque seria necessário considerar a Catalunha como uma colónia. Também não se aplicaria ao caso dos Açores, da Madeira ou de outra qualquer região do território nacional. João Rego •

POR FAVOR… DEIXEM-ME GRITAR: “SERÁ QUE ESTAMOS TODOS CEGOS?” (Continuação da página anterior)

Sua excelência o presidente da república portuguesa visita os Açores na qualidade de (dizem todos os que pela condição passam) mas, ignora na mesma visita, tudo que diz respeito no arquipélago e que na Constituição que tanto defendem, está patente nos serviços do estado com excepção às estruturas militares cujo comando está entregue a “continentais”. Ignorou totalmente as estruturas da PSP, quer no que diz respeito às suas instalações, meios de locomoção ultimamente acudidas pelo

governo da dita Região Autónoma, e, ao défice de efectivos. Ignorou os estabelecimentos prisionais nomeadamente a cadeia de Ponta Delgada que tem sido autentica bola de ping pong em cujo processo a ministra da justiça tem sido hábil jogadora. Os tribunais onde se hasteia a bandeira portuguesa que luta com falta de magistrados e funcionários, ficaram em agenda. O serviço de alfandega idem, idem. A saúde e a divida do governo central, à (reforço o termo) “Região” é para ignorar. A solução que se começa a eternizar para a descontaminação dos solos e aquí-

feros da Base das Lajes e arredores com o desnorte de dois ministros o dos Negócios Estrangeiros e o do Ambiente. A RTP – Açores, que em assalto administrativo ficou ao serviço da RTP3, esquecendo Lisboa que a Televisão Açoriana desde o principio de sua existência demonstrou ser um órgão social sentida pelos açorianos como, “a nossa janela para o mundo” suportada na competência profissional de uma equipa de trabalhadores açorianos a quem desejo a mais rápida independência e liberdade do poder centralista português.

Será que têm os açorianos, perante um quadro de eminente descontrolo da acção politica no país de, continuar à espera de melhores condições do seu progenitor, (Portugal) para afirmar a sua maioridade e consequentemente a sua emancipação? Por favor, digam-me “será que estamos todos cegos, surdos e mudos?” Por opção, o autor não respeita o acordo ortográfico. (*)


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2017.12.22

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DE FÉRIAS NA TERCEIRA: O PROGRAMA DAS FESTAS A novidade que foi para mim a nova versão da Procissão dos Marítimos pareceu-me mais um equívoco do que uma novidade a saudar, o que leva a esta conclusão: não vai ser fácil “dar uma volta” ao programa das Festas da Praia da Vitória.

J. H. Silveira de Brito

E

m conversa com uma sobrinha, sobre a minha ida à Terceira neste ano de 2017, fiz-lhe notar que assistiria a parte das Festas da Praia da Vitória. Ela comentou que era coisa que não a atraia, porque os programas nos diversos anos eram muito iguais; em sua opinião, “precisavam de uma grande volta”. Concordei, porque efectivamente, olhando para os últimos anos, pouco tem mudado. Altearam-se alguns nomes, mas o modelo mantém-se. Dias depois, reflectindo sobre a observação da minha sobrinha, dei comigo a pensar que, pelo menos nos tempos mais próximos, será difícil introduzir grandes modificações. Quem andar pela Praia na primeira quinzena de Agosto constata serem os visitantes, na sua larguíssima maioria, terceirenses, fundamentalmente praienses da diáspora, pessoas que vivem nos Estado Unidos e no Canadá, alguns no Continente, que vão matar saudades da terra onde nasceram e se criaram; é o chamado, pelo que tenho lido, “Turismo da Saudade”, que a autarquia tem em grande conta, o que a leva a promover o programa das Festas pelas nossas comunidades residentes na América do Norte, por exemplo. As pessoas vão à procura do que viveram, mesmo que agora lhes seja apresentado como folclore que os jovens praienses de hoje não vivem nem suportaria viver. Quando em 2014 passei pela Praia durante as Festas, vi um cortejo etnográfico a passar na Praça Francisco Ornelas da Câmara, coisa bonita de se ver. Ainda este ano vi uma junta de bois raça Ramo Grande a puxar um carro; chamei a atenção da minha mulher para a altura dos bichos. Ora, se os visitantes das Festas da Praia são pessoas que saíram há 20, 30, 40 e mais anos, o que as chama são eventos que lhe despertem recordações de experiências vividas. Sendo PUB

esta a realidade, duas perguntas se colocam imediatamente: “será possível, a breve trecho, mudar o programa das Festas?” e “este «Turismo da Saudade» terá futuro?” Às duas respondo: por certo que não! E para chegar a esta conclusão basta estar atento a quem anda na Cidade durante as festas. Se olharmos para os turistas jovens, vê-se que ou foram muito pequenos para fora, ou já nasceram no Canadá ou Estados Unidos. Se observarmos o seu comportamento, nota-se que na sua maioria ficam espantados com o que os rodeia, sendo evidente que muito do que vêem pouco ou nada lhes diz; têm outra experiência de vida, e por isso outra mundividência, pertencem a outro mundo, pelo que, vendo as festas uma vez, dificilmente voltarão para as rever. Provavelmente voltarão, mas com objectivos muito diferentes, que aconselharão outras datas. Compreende-se, portanto, que para já a lógica dos programas das Festas da Praia seja a actual, mas espero bem que os responsáveis estejam conscientes do que acabo de dizer e sejam capazes de ir descobrindo novos caminhos, porque, se não me engano, o “Turismo da Saudade” tem os dias contados. Há que pensar noutros turistas! Sobre as possíveis novidades que o programa das Festas da Praia pode apresentar, este ano assisti a uma: no Domingo, dia 13, a “Procissão dos Marítimos seguida de Missa Campal”, como se dizia no programa. Para mim era novidade; nunca tinha assistido e a Procissão, tal como hoje se faz, nada tem a ver com a “Procissão dos Homens do Mar” da minha meninice. Naquele tempo, quase todos os barcos de pesca, varados na Avenida, eram devidamente engalanados e os andores percorriam-nos numa manifestação de fé e de pedido de protecção divina. A actual procissão, como o meu amigo Francisco Ferreira me tinha dito logo no ano em que esta inovação surgiu, parte em barcos do Porto de Pesca, e vai até à Marina; feito o desembarque, segue para a Praça Francisco Ornelas da Câmara, onde é celebrada missa campal. Quando a procissão chegou à Marina, já eu lá estava com os meus netos mais crescidos; estavam duas

Filarmónicas a aguardar que se organizasse o cortejo. Não fui capaz de perceber de onde era a da frente, porque o miúdo porta-estandarte tinha enrolado a bandeira de tal modo que não se conseguia ler o nome da freguesia a que pertencia. A segunda era, por certo, das Fontinhas, porque os contrabaixos eram do modelo que sempre conheci naquela Filarmónica: a campânula do instrumento fica por cima da cabeça do executante. Ao longo do trajecto as bandas tocaram umas marchas muito afinadinhas que foi um consolo ouvir. Quanto a isto, nada a dizer; quando ao resto, algumas observações. Enquanto esperávamos, fui olhando para as pessoas que se iam incorporando na procissão levando a cruz processional, os andores, e as lanternas. Ao observar o modo como trajavam, fiquei um pouco perplexo. Bem sei que hoje as pessoas se vestem com grande informalidade, mas, como em tudo na vida, parece-me que há limites. Ninguém de bom senso vai de smoking ou vestido comprido para a praia, nem de fato de banho ou biquíni jantar a um restaurante digno desse nome. As pessoas iam vestidas de um modo informal, mas havia alguns casos que ultrapassavam o razoável. Para dar dois exemplos: o senhor que levada a cruz processional trajava uns calções de ganga e calçava umas sapatilhas, como se estivesse preparado para ir para uma esplanada à beira mar. Um dos que ia a um andor, vestia umas havaianas. Achei estranho que quem organizou a procissão não se tivesse lembrado de dizer aos que iriam levar os andores, lanternas e cruz processional para se vestirem a condizer com a solenidade em que iam participar. Dei comigo a pensar: que estranho! Nesta terra os cantadores das cantigas ao desafio, do Pezinho e das Velhas apresentam-se em palco de fato e gravata, e na Procissão dos Marítimos, levando a Cruz processional, as lanternas ou os andores há quem se apresente, bizarramente, de calções de ganga ou havaianas. Fui-me apressando com os netos para podermos ver melhor a procissão a subir para a Praça. A meio da Avenida apercebi-me que a Vereação da Câmara seguia atrás do Pálio,

o que me pareceu compreensível. É verdade que o Estado é laico, mas o povo não é. Os eleitos atingem o poder com os votos do povo, pelo que me parece natural que manifestem respeito e apreço por todos os eleitores e estejam presentes nas festas do povo. O que já não me parece aceitável é quando os políticos se incorporam numa procissão, manifestação da religiosidade popular, se comportam como se estivessem numa acção de campanha. Ora havia eleições autárquicas em Outubro, o que não ajudou a uma presença discreta de alguns membros da vereação. Chegados à Praça, havia umas cadeiras destinadas às autoridades camarárias, o que me pareceu natural. O que me causou algum espanto foi ver alguém distribuir garrafinhas de água aos membros da Vereação quando o celebrante começou a homilia. Olhando de cima das escadas do edifício da Câmara, e vendo o número de pessoas que participava na missa, perguntei-me porque carga de água tinham optado por uma missa campal; seria pelo espectáculo? A participar efectivamente na missa estariam umas 200 pessoas, que caberiam à vontade na Matriz, espaço que permitiria uma vivência da fé mais intensa do que aquela praça. Por exemplo não se veria, como presenciei, alguém entrar nos serviços de apoio às Festas, e, portanto, à procissão e missa, e sair de lá de copo de cerveja na mão, sacar de um cigarro e ir fumando e bebendo enquanto decorria o acto litúrgico. Enfim, nunca fui muito adepto de procissões. Com vários dos meus colegas do Seminário do Padre Damião (participávamos em todas as procissões da Praia, e eram muitas), sempre fiz uma apreciação muito crítica, dizendo que elas pareciam mais destinadas a arejar as imagens do que à vivência da fé. Em síntese: e voltando ao problema do Programa das Festas: a novidade que foi para mim a nova versão da Procissão dos Marítimos pareceu-me mais um equívoco do que uma novidade a saudar, o que leva a esta conclusão: não vai ser fácil “dar uma volta” ao programa das Festas da Praia da Vitória.


JP | POESIA / NATAL & INFORMAÇÃO

2017.12.22

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MISSAS DOMINICAIS

NATAL PERTUBDOR

NO CONCELHO

É o Natal a festa mais divulgada Cheia de luzes, cantos e muita côr. Compram-se prendas em sinal d’amor, E em família é noite de consoada. A tempo toda a casa é engalanada; Pinheiro de Natal decorador Envolve Presépio enternecedor, E toda a raça humana é irmanada. Que acontecimento mais controverso Teve a humanidade como herança; Dignou-se o Sempre-Eterno cá ter berço! Vinculando connosco extrema aliança, Aquele que não cabe no Universo Fez-se caber no corpo duma criança! Autor: Henrique Ferreira dos Santos

SÁBADOS

HOJE (22/12)

15:30 16:00 16:30 17:00 17:30 17:30 18:00 18:00 18:00 18:00 18:00 19:00 19:00 19:00 19:00 19:30 19:30

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

- Lajes - Fontinhas (1) - Casa da Ribeira - Cabo da Praia - Matriz Sta. Cruz - Vila Nova - Fontinhas (2) - São Brás - Porto Martins - Sta Luzia, BNS Fátima - Quatro Ribeiras - Lajes - Agualva - Santa Rita - Fonte do Bastardo - Biscoitos, IC Maria (3) - Biscoitos - São Pedro (4) (1) Enquanto há catequese (2) Quando não há catequese (3) 1.º e 2.º sábados (4) 3.º e 4.º sábados

HOJE (22/12)

CASA DO PAI NATAL A cidade da Praia da Vitória, transformou-se neste natal numa “Cidade Encantada”, acolhendo um conjunto de iniciativas que inspirando-se na fantasia, têm em vista, a trazer vida e movimento ao centro histórico, dinamizando o comércio local, numa altura tradicionalmente propícia à realização de compras.

No Largo da Luz, funciona desde 08 de dezembro um Mercado de Natal, composto essencialmente por diversas peças de artesanato, que valorizando esta arte e os respetivos artesãos, apresenta-se como uma proposta diferenciadora e genuinamente local. Das múltiplas iniciativas que constituem este ano a programação natalícia da autarquia, levada a cabo no âmbito do programa “vitória”, refira-se entre muitas outras propostas destinadas às crianças e repletas de magia como os desfiles, a “Casa do Pai Natal”, que desafiando a lenda e a geografia, se fixou na Praça Francisco Ornelas da Câmara, no edifício onde habitualmente funciona o secretariado das Festas da Praia. Nesta casa estão as cartas que as crianças do concelho foram deixando nos marcos de correio que em colaboração com as escolas foram colocados por todas as freguesias. A “Casa do Pai Natal” é visitável durante toda a quadra natalícia, que termina como sabemos, com a celebração do “Dia de Reis”, a 06 de janeiro. JP•

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

DOMINGO (24/12)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

SEGUNDA (25/12)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

SÁBADO (23/12)

DOMINGOS

- São Brás - Vila Nova, ENS Ajuda - Lajes, Ermida Cabouco - Cabo da Praia (1) - Biscoitos, S Pedro - Agualva - Casa Ribeira (1) - Santa Rita - Lajes - São Brás - Cabo da Praia (2) - Porto Martins - Casa da Ribeira (2) - Biscoitos, IC Maria - Vila Nova - Fontinhas - Matriz Sta. Cruz (1) - Quatro Ribeiras - Sta Luzia - Fonte Bastardo - Matriz Sta. Cruz (2) - Lajes, ES Santiago - Lajes - Matriz Sta. Cruz (3) - Matriz Sta. Cruz (4)) (1) Missas com coroação (2) Missas sem coroação (3) De outubro a junho (4) De julho a setembro

SÁBADO (23/12)

CONCERTO FILARMÓNICA SOCIEDADE RECREIO LAJENSE PARICIPAÇÃO DE JOSÉ MANUEL RAMINHOS SOLISTA DA BANDA DE ALCOCHETE Local: Auditório do Ramo Grande Hora: 21H00

08:30 09:00 10:00 10:00 10:00 10:30 10:30 10:30 11:00 11:00 11:00 11:00 11:00 11:00 12:00 12:00 12:00 12:00 12:00 12:15 12:30 13:00 19:00 19:00 20:00

TEATRO DE FANTOCHES “A HISTÓRIA DE NATAL” Local: Praça Francisco Ornelas da Câmara Hora: 16H00

TERÇA (26/12)

ANIMAÇÃO DE RUA JOÃO PEDRO SANTOS Local: Rua de Jesus Hora: Das 16H00 às 18H00

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

QUARTA (27/12)

QUINTA (28/12)

CINEMA A ESTRELA DE NATAL 2D Local: Centro Culural - Angra do Heroísmo Hora: 18H00

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

SEXTA (29/12)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

SÁBADO (30/12)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

DOMINGO (31/12)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

SEGUNDA (01/01)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

TERÇA (02/01)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

QUARTA (03/01)

ASSINE

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

QUINTA (04/05)

DOMINGO (24/12)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

ALDEIA DE NATAL Local: Praça Velha - AH Hora: Das 10H00 às 13H00

BISCOITOS

DOMINGO (31/12)

Posto da Misericórdia ( 295 908 315 SEG a SEX: 09:00-13:00 / 13:00-18:00 SÁB: 09:00-12:00 / 13:00-17:00

PASSAGEM DE ANO 2017/18 Local: Tenda da Marina Hora: 21H00

VILA DAS LAJES

REVELLION SCP 2017/18 Local: Sede do SCP Hora: 20H00

Farmácia Andrade Rua Dr. Adriano Paim, 142-A ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-18:30 SÁB: 09:00-12:30

VILA NOVA Farmácia Andrade Caminho Abrigada ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-12:00 / 16:00-18:00

ASSINATURA ANUAL 15,00 EUR assinaturas@jornaldapraia.com

Farmácias de serviço na cidade da Praia da Vitória, atualizadas diáriamente, em: www.jornaldapraia.com


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