Jornal da Praia | 0508 | 10.11.2017

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Diretor: Sebastião Lima Diretor-Adjunto: Francisco Ferreira

Nº: 508 | Ano: XXXV | 2017.11.10 | € 1,00

QUINZENÁRIO ILHÉU - RUA CIDADE DE ARTESIA - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA - ILHA TERCEIRA - AÇORES

MERCADO MUNICIPAL DA PRAIA DA VITÓRIA

ECOS DE VIDAS ESQUECIDAS

EM MURMÚRIOS DE SILÊNCIO

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DE SAÍDA, ROBERTO MONTEIRO, APELA A VOZ

FORTE E FIRME NA DEFESA DO CONCELHO

Naquele sábado, a “praça” deveria estar a borbulhar de vida, mas o que se escuta, é o silêncio de um mercado esquecido. Subitamente, ganha vida! Entra um grupo de turistas espanhóis.

DESTAQUE | P. 8 E 9

GESTÃO AUTÁRQUICA

HUMANISTA, PRÓXIMA E SOLIDÁRIA As “vertentes humana e solidária” serão os princípios norteadores da gestão autárquica da Praia da Vitória no próximo quadriénio, assegurou Tibério Dinis, no discurso de tomada de posse.

AUTARQUIA | P. 7 PUB

NO CONCELHO | P. 3

PRAIA OUTONO VIVO

MAIOR EVENTO CULTURAL DA REGIÃO Decorre na Praia da Vitória, a 12.ª edição do “Outono Vivo”, que num maré de cultura que invade a cidade, apresenta-se como o maior evento cultural do arquipélago, congregando a melhor Feira do Livro dos Açores.

EVENTO | P. 4


JP | CANTO DO TEREZINHA

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O FIM DO MUNDO Foi um caso sério. O pânico chegou a instalar-se em algumas pessoas. Apesar de ter havido anúncio do que iria acontecer, o pessoal, farto de ser enganado, não ligou nenhuma. Foi assim que uns pensaram que era o início da terceira guerra mundial; outros, que era uma réplica da batalha de 11 de Agosto de 1829; outros, ainda, que eram os ingleses outra vez, mas agora na Praia, ao contrário da sua chegada em 1943. Até os afetos à FLA consideraram que se tratava de um ato de au-

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FICHA TÉCNICA

têntico colonialismo ao saberem da presidente do Chefe Supremo das Forças Armadas de Portugal. O certo era que o cenário metia medo: a ampla baía da Praia da Vitória, cheia de barcos de guerra, era palco de um formidável exercício militar! Ainda bem que nesse dia não havia toiros no areal.

PROPRIETÁRIO: Grupo de Amigos da Praia da Vitória (Associação Cultural sem fins lucrativos NIF: 512014914) Fundado em 26 de Março de 1982

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A CASPA E OS FAMOSOS

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O departamento de investigação científica de O Canto do Terezinha encomendou um estudo para detetar a relação entre a fama dos jogadores de futebol e o aparecimento de caspa nos seus coiros cabeludos. É intrigante que quando um jogador de futebol atinge um alto patamar de fama logo aparece em anúncios que promovem os ‘champôs’ que garantem eliminar aquela deselegante condição do cabelo. É que, se usam o produto é porque têm

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DESENHO NO CABEÇALHO: Ramiro Botelho

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caspa. Esta é que é a verdade verdadeira e indesmentível, veja- -se pelo lado que se queira ver. Antigamente, os jogadores mais famosos das equipas do Ramo Grande (SCP,UDP e SCV), nunca, jamais, em tempo algum, apresentavam o mais mínimo sinal de caspa. Nem os famosos nem os demais.

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JP | NO CONCELHO

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DE SAÍDA DA PRESIDÊNCIA DA CMPV, ROBERTO MONTEIRO APELA

VOZ FORTE E FIRME NA DEFESA DO CONCELHO Em conferência de imprensa de balanço dos seus 3 mandatos, Roberto Monteiro, não deixou de apresentar a sua visão sobre os desafios futuros do concelho do seu coração.

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a sua última conferência de imprensa enquanto presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória, Roberto Monteiro, fez um balanço dos seus três mandatos, num projeto de desenvolvimento que afirmou orientar-se por três grandes eixos, “Visão, Coração

e Inovação”. A visão, de perceber as enormes lacunas do concelho e providenciar infraestruturas capazes de responder ao enorme desequilíbrio que encontrou entre o espaço urbano e o mundo rural. O coração, de criar

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ROBERTO MONTEIRO deixa visão sobre os desafios futuros do Concelho do seu coração. um projeto em que as pessoas fossem vistas na sua dimensão humana e não apenas como meros números estatísticos, assento em políticas sociais inclusivas e destinadas sobretudo às crianças, jovens e idosos. A inovação, resultado do seu próprio ADN e consubstanciadas em inúmeros projetos, tais como a certificação dos serviços camarários e a implementação do Regulamento Municipal de Qualidade. Advertindo desde logo que não pretende condicionar nem imiscuir-se nas decisões do próximo executivo, não deixou no entanto, de apresentar a sua visão sobre os desafios futuros do concelho. “Este Concelho, infelizmente, não tem lobbies, não tem ‘opinion makers’, não tem um conjunto de vozes que, no seu todo, pressionam os vários setores e poderes a decidir em seu favor”, afirmou Roberto Monteiro, reclamando para a necessidade de uma voz forte e firme na defesa dos legítimos interesses do concelho, acrescentando “por isso, cabe também à Autarquia assumir e promover essa voz”. Em concreto e a curto prazo, o presidente fala na necessidade urgente de reivindicar permanentemente junto dos governos dos Açores e do país a implementação das medidas incluídas no PREIT (Plano de Revitalização Económica da Ilha Terceira): a descontaminação, o ecossistema de empreendedorismo previsto para as instalações abandonadas no perímetro da Base, a valorização do porto comercial, do aeroporto e do molhe norte na baía da Praia; a revitalização do comércio local do Concelho e a instalação do Tribunal do Trabalho, Família e Menores. Segundo o autarca estes “são projetos previstos e que, em concreto, ajudam na redinamização económica deste Concelho”. No que diz respeito à dinamização económica do concelho, Roberto Monteiro adiantou que é preciso valorizar as infraestruturas logísticas,

como o porto comercial cuja gestão deve ser concessionada a privados, como o molhe norte onde deve ser instalado o cais de cruzeiros da ilha, como o reforço da componente civil do aeroporto das Lajes. Apontou também a valorização de competências dos recursos humanos locais, a captação de investimento externo, a valorização dos recursos estratégicos, assim como a valorização do comércio local e das empresas. “São vetores essenciais nessa estratégia de dinamização económica. Muito fizemos nestes anos neste particular, mas há ainda muito que é preciso fazer”, afirmou. Apontou também o apoio social e a mitigação das desigualdades como outro dos pontos essenciais numa estratégia de desenvolvimento para o futuro. “Toda a estrutura de apoio social e de mitigação das desigualdades deve continuar a ser adaptada às novas realidades e necessidades, para que continuemos a dar as melhores respostas a quem mais necessita, para que todos tenham as mesmas oportunidades”, sublinhou. Finalmente elencou como pilar estratégico uma administração municipal equilibrada financeiramente, eficiente, moderna, ágil e eficaz. “É preciso continuar os processos de modernização administrativa e de adaptação às novas tecnologias; é importante consolidar programas de literacia digital na comunidade; reforçar os programas formativos e de rentabilização das infraestruturas municipais. No fundo, continuar a fazermos mais e melhor – muitas vezes com menos – pelo bem desta comunidade”, argumentou. A conferência de imprensa ocorreu na última sexta-feira antes da tomada de posse do novo executivo, a 23 de outubro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, onde o ainda presidente anunciou aos jornalistas que irá retomar o seu mandato de deputado na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, pelo menos, até ao final do ano. JP/Foto: Rui Sousa•


JP | EVENTO

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“PRAIA OUTONO VIVO” ACOLHE A

MAIOR FEIRA DO LIVRO DOS AÇORES Com a chegada do outono, a cultura invade a Praia da Vitória em mais uma edição do “Outono Vivo”.

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omo todos os anos a assinalar a entrada do outono, a cultura invade o coração da capital do Ramo Grande, com mais uma edição do “Praia Outono Vivo”, evento cultural, repartido entre o Auditório do Ramo Grande (ARG) e a Academia da Juventude e das Artes da Ilha Terceira (AJAIT), este ano, subordinado ao tema “Festa Redonda”, obra do mais emblemático e inspirador escritor praiense e dedicada ao povo da ilha. O vasto programa, entre exposições, concertos, lançamentos de livros e outras atividades culturais, de sedução a miúdos e graúdos decorre desde 27 de outubro e termina no próximo domingo, 12. Um dos pontos altos do “Outono Vivo” é sem dúvida a tradicional Feira do Livro, aberta todos os dias das 10h00 até 22h00 e mais tarde, 23h00, nas sextas, sábados e vésperas de feriados. A Feira do Livro do “Outono Vivo” reúne mais de 50 mil títulos e constitui uma autêntica perdição para os amantes de literatura e não só! A entrada, pela galeria da AJAIT, apresenta conceituadas fotografias da autoria de Jorge Monjardino. Intitulada “My Light”, a exposição mostra a arquitetura vanguardista do Museu Guggenheim de Nova Iorque

CARLOS LIMA é o responsável pela organização da feira do livro do “Outono Vivo”, que reúne mais de 50 mil títulos dos mais variados géneros. a preto e branco, vista sob um prisma artístico e inspirado. Naquele sábado, apesar de chuvoso há muita gente na AJAIT. Decorre no bar da academia a gravação do programa Atlântida da RTP-Açores. O ambiente é no entanto calmo, relaxado, “zen”. As pessoas vagueiam por entre grandes mesas cobertas

por livros, muitos livros, banhados numa luz suave. Livros novos que abordam todas as temáticas: literatura, obviamente, mas também religião, bricolage, culinária, história, psicologia... O espaço reservado aos livros infantis chama a nossa atenção pela qualidade da oferta. Ali, não encontramos adaptações medíocres dos filmes de animação dos estúdios Disney. Só qualidade, como os contos originais dos irmãos Grimm ou do Hans Christian Andersen. Edições bonitas e ilustradas que nos fazem querer voltar à infância. Uma bela surpresa! Habitualmente, as feiras do livro que há um pouco por todo o país – excecionando as principais, como as do Porto e de Lisboa, dececionam. Para atrair os visitantes com preços mais baixos, muitas vezes, só disponibilizam obras daquelas que ninguém já quer ler, poeirentas, que restaram esquecidas nos caixotes ou nas estantes dos livreiros. Não é o caso da Feira do Livro do Praia Outono Vivo, que propõe livros recentes dos melhores autores a preços

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bastante em conta, com reduções apreciáveis. Apetece ficar ali horas, reencontrar escritores que já conhecemos, que são como amigos, e descobrir outros, desfolhar os livros, ler uma frase ou outra, sonhar. E comprar! As tentações são tantas que saímos carregados de volumes, menos ricos de dinheiro mas pensando com deleite nas longas horas de prazer que a leitura nos vai proporcionar. Afirmamos categoricamente que esta é a maior Feira do Livro que existe nos Açores. Uma iniciativa que merece todo o nosso respeito. Porque a cultura será sempre a nossa maior riqueza, um passaporte para a vida e uma escapatória para os tempos grisalhos que estamos a viver, entre guerras, conflitos e crise económica. Desejamos uma longa vida ao “Outono Vivo”. Que haja mais para os anos a vir. E que se mantenha sempre o nível de qualidade que já constitui uma das suas marcas identitárias. Elvira Mende/JP/Fotos: Rui Sousa•


JP | TAUROMAQUIA

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EFEMÉRIDE

MEIO SÉCULO DA CASA AGRÍCOLA JOSÉ ALBINO FERNANDES A Casa Agrícola José Albino Fernandes, comemorou meio século de existência com um jantar e uma tourada à corda em Santa Luzia da Praia da Vitória, numa iniciativa de um grupo de aficionados liderados por Daniel Luz.

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Casa Agrícola José Albino Fernandes (CAJAF) completou no passado mês de outubro meio século de existência. A efeméride, foi assinalada com um jantar comemorativo no Salão de Festas de Santa Luzia a 13 de outubro e uma tourada à corda, inicialmente marcada para o dia seguinte, mas face aos efeitos meteorológicos provocado pela passagem do furacão de categoria 2 “Ophelia” ao largo do grupo oriental, a mesma foi adiada para o domingo, 15, precisamente, o último dia da época de touradas deste ano. Ambas as iniciativas foram da responsabilidade de um grupo de aficionados da ganadaria, liderados por Daniel Dinis da Rocha Luz e esposa. Ao jantar constituído por um rodízio de alcatras (regional, feijão, galinha e favas) acolheram várias dezenas de aficionados que lotaram por completo o Salão de Festas de Santa Luzia, e, muitos outros que pretendiam marcar presença, ficaram de fora por já não haver lugares. PUB

Antes da degustação das alcatras, Daniel Luz, subiu ao palco e explicou como surgiu a ideia de realizar o jantar bem como a tourada à corda comemorativa dos 50 anos da CAJAF, assim como as e as respetivas envolvências. Aproveitou ainda para agradecer a presença de todos e salientar o apoio e trabalho da esposa, que considerou elemento indispensável e fulcral para o êxito de ambas as iniciativas. De seguida subiu ao palco, Joaquim Pires, presidente da Assembleia Geral da Tertúlia Tauromáquica Praiense, que recuando à década de 30 do último século ao tempo do avô

da atual proprietária, José Dinis Fernandes, recordou as mais profundas origens de um projeto que se materializou no outono de 1967. Depois dissertou pelo longo caminho destes significativos 50 anos, sublinhando as etapas mais significativas de um projeto taurino que se afirma pela raça do seu gado bravo. Neste particular, referenciou com especial detalhe todo um percurso de construção de uma identidade taurina própria, assente na procura incessante de bravura, hoje, reconhecida e apreciada por um vasto número de aficionados. No uso da palavra, Fátima Albino, congratulou-se com as “Bodas

d’ouro” da sua ganadaria, agradecendo e louvando a iniciativa levada a cabo por Daniel Luz e esposa. Referenciou que a CAJAF é antes de mais e acima de tudo um projeto de enorme paixão, a paixão que herdou do seu pai, a mesma paixão que deseja perpetuar nas suas duas filhas, para que unidas possam continuar este emocionante sonho. Referiu ainda que só a paixão justifica este longo caminho de 50 anos, quantas vezes agreste e injusto, mas também, com justos e reconhecidos elogios, que reconfortando a alma iluminam e inspiram a caminhada rumo ao futuro. Finalizou fazendo um balanço da presente época de touradas à corda, onde destacou a corda de toiros como o 280, 385, 369, 409, 400, 264 e 425. Não deixou ainda de referir touradas, que para si são inesquecíveis e reveladoras da raça da CAJAF, como as touradas do Cabo Praia, Biscoitos, Altares e São Brás. No final dos discursos houve também ocasião para a troca de pequenas lembranças entre Daniel Luz e a ganadera Fátima Albino, além de simples mas sentidas homenagens aos pastores que por razões diversas abandonam este ano a atividade. O convívio vivido num ambiente de verdadeira tertúlia, prolongou-se com uma agradável cantoria nas vozes dos improvisadores José Santos, Vasco Daniel; e José Fernandes, José Esteves. As comemorações dos 50 anos da CAJAF culminaram no domingo, 15, com a realização de uma tourada à corda pelas 17 horas, com os toiros n.º 388, 406, 10 e 409 a desfilharem no arraial de Santa Luzia, naquela que foi a última tourada da época de touradas à corda de 2017. JP/Fotos: Rui Sousa•


JP | SAÚDE

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olerar a frustração, e aceitar as experiências e sentimentos desagradáveis que nos podem invadir corresponde à Aurélio Pamplona segunda medida (a.pamplona@sapo.pt) que podemos lançar mão quando ficamos cansados, stressados, aborrecidos, etc. Seja exemplo a enxurrada que invadiu a baixa de Lisboa, devido a uma forte tempestade ocorrida perto do final de 1967, de que a fotografia apresenta uma imagem terrificante duma rua encharcada. O que se pode concluir, nestes e noutros casos que nos podem afectar seriamente, é que “perder a cabeça” não ajuda nada. E por isso se recomenda calma, embora no caso presente, dada a extensão da calamidade envolvida, isso não fôsse fácil, mesmo lançando mão daqueles truques habitualmente recomendados de concentrar a atenção no respirar pelo nariz e serenamente tentar descontrair.

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Tolere desde tenra idade, aprender a tolerar os sentimentos desagradáveis. Como afirmam os mesmos autores, a capacidade de tolerar a frustração e o desconforto é fundamental para a saúde emocional. A elevada tolerância irá fazer com que se deixe de reagir fortemente às coisas de que se não gosta. E ajuda a enfrentar e resolver problemas, ao invés de evitá-los. Também permite ser capaz de tomar riscos e experimentar novas experiências, de que depende fre-

pendentemente de como os outros o vêem ou tratam; (3) ser capaz de trabalhar nas coisas que receia, e de se confrontar com elas, em vez de evitá-las; e (4) adoptar o princípio da preocupação racional na abordagem da vida e dos seus azares. Medo e desconforto são uma parte normal da vida. Revelam-se apenas irracionais quando o seu desencadeamento conduz à incapacidade, o que ocorre com maior probabilidade se a pessoa se queixa, e diz para si

A criança que recebe tudo o quer, no momento que reclama, sem o mínimo de esforço da sua parte, dificilmente vai reagir bem à frustração no futuro. E a mãe que faz todas as vontades à criança, que até se antecipa para a atender imediatamente, antes que ela tente fazer algo por si, possivelmente fá-la desenvolver uma fraca resistência à frustração. Crianças desse tipo provavelmente se tornaram adolescentes voluntariosos, rebeldes e, posteriormente, adultos infantilizados, com problemas de adaptação em diversas áreas (Netto, 2017). Esta educação diferencia-se pela negativa da daqueles pais que, durante anos, se esforçaram por criar uma filha capaz de motivar e inspirar os outros, e que Hulshoff (2017) retratou dizendo: «aquela garota, que acorda com propósito e intenção, que aparece e nunca desiste, que acredita que tudo é possível e está disposta a trabalhar para isso». Siga o exemplo.

Referências: Ao ser-se acometido por estes azares há sempre maneira de “dar a volta por cima”, de tentar, na impossibilidade de reprimir as emoções, e esquecer o momento, aprender a aceitar os desconfortos causados, e a desagradabilidade das frustrações sentidas, em vez de as interpretar como terríveis e insuportáveis. Fundamental também é, por um lado, aumentar a nossa tolerância às situações que estão na sua origem, e por outro, passar a deliberadamente a enfrentá-las, em vez de as evitar (Froggatt & Lakeman, 1998). Ninguém pode pensar que é capaz de se sentir bem toda a vida e em todos os momentos. Daqui a importância de,

quentemente o progresso. Aliás o crescimento duma tolerância adequada à frustração é uma característica normal do desenvolvimento cognitivo e afectivo. E para superar o receio dos seus próprios sentimentos, e especificamente o medo de acontecimentos e de circunstâncias específicas como as acima relatadas, os mesmos autores estabelecem os seguintes objectivos: (1) aprender a aceitar o desconforto como algo que pode ser desagradável, agradável ou intolerável; (2) aprender a aceitar-se, inde-

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CENTRO COMERCIAL DA PRAIA Rua de Jesus

Segunda a Sábado das 7h às 21h

próprio que é incapaz de suportá-los. Claro que ninguém gosta de incómodos. Mas quem julga que o pode evitar a todo o custo não chega a lado nenhum. Entretanto a capacidade de lidar com a frustração começa na infância, quando o pai e/ou a mãe dos “meninos” são capazes de lhes moldar o comportamento, com boa vontade e carinho. Com boa vontade e carinho, mas sem cair no exagero de se antecipar a todas as suas exigências, e de obedecer escrupulosamente às rebeldias ou comportamentos voluntariosos.

Froggatt, W. & Lakeman, R. (1998). Understanding and changing self - defeating beliefs. Salvado em 01 Mai. de Fonte: Self-defeating belief. Tema: Programme; Website: http://www.testandcalc.com/ Self_Defeating_Beliefs/indexf2.asp. Hulshoff M. H. (2017). Salvado em 03 Mai. de Fonte: Publicações. Tema: Be that girl! Website: www.facebook.com/gettingfitwithgrannyhicks/photos/a.651412967158 0.1073741828.651366841576192/10461506 85431137/?type=3&theater. Netto, M. T. (2017). Salvado em 01 Mai. de Fonte: Artigos de Psicologia. Tema: Frustração. Website: https://artigosdepsicologia.wordpress.com/2008/09/28/ frustracao/#more-89. Foto: Autor Desconhecido•


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TIBÉRIO DINIS, PROMETE GESTÃO AUTÁRQUICA

HUMANISTA, PRÓXIMA E SOLIDÁRIA Nos próximos quatro anos, o modelo de gestão da autarquia praiense, será norteado pelas “vertentes humana e solidária”, afirmou Tibério Dinis, no seu primeiro discurso enquanto presidente da Câmara.

O

s novos órgãos da autarquia praiense, resultantes das eleições autárquicas do primeiro dia de outubro, assumiram oficialmente funções a 23 de outubro, em cerimónia solene, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, abrilhantada pela Sociedade Filarmónica Recreio Lajense. Decorrente da lei das autarquias locais, a Câmara Municipal da Praia da Vitória é constituída por um presidente e 6 vereadores, 3 deles a tempo inteiro. Tibério Dinis é o novo presidente da câmara, responsável pelas áreas da Cidadania, Planeamento Estratégico de Investimentos, Desenvolvimento e Coesão Rural e Relações Externas. Carlos Armando Costa, assume a vice-presidência tendo a seu cargo os pelouros da Cultura e Educação, Obras e Património Municipal e Proteção Civil. Paula Ramos, é a vereadora com responsabilidade nos domínios da Solidariedade Social, Modernização Administrativa, Território, Urbanismo e Regeneração Urbana e Ambiente, finalmente e no que diz respeito aos vereadores com pelouro, Tiago Ormonde, é novo responsável pelos dossiers da Economia e Turismo, Inovação, Finanças e Desporto. Tomaram ainda posse como vereadores sem pelouro, Rita Borges, Cláudia Martins e Ruí Espínola, os úlPUB

CÂMARA MUNICIPAL DA RAIA DA VITÓRIA Sessão solene de instalação dos órgãos da autarquia no Salão Nobre dos Paços do Concelho. timos dois eleitos pelo PSD. Tibério Dinis, no seu primeiro discurso enquanto presidente, defendeu que o humanismo, a proximidade com as pessoas e instituições do Concelho e a solidariedade serão as linhas mestras do modelo de gestão a seguir pelo novo executivo municipal. “O futuro do nosso Concelho passa por uma maior proximidade entre os órgãos autárquicos e os muníci-

pes. A comunidade praiense tem de ter uma voz ativa, cooperando com a Câmara Municipal na criação de medidas que promovam o desenvolvimento socioeconómico da Praia da Vitória”, afirmou. “As vertentes humana e solidária norteiam este mandato, que começa hoje. As pessoas devem olhar para o Município como um parceiro ativo e constante, com quem podem contar nos momentos difíceis. Unidos conseguiremos obter bons resultados e

fazer deste Concelho um lugar melhor para viver”, destacou o edil. “As áreas do Turismo, Educação, Desporto e Solidariedade Social constituem as grandes prioridades do nosso Executivo. Pretendemos reforçar também o apoio à criação de empresas, promoção de emprego sustentável e desenvolvimento de investimentos estruturantes para o Concelho, assim como concretizar iniciativas que aumentem a qualidade de vida dos munícipes, com especial enfoque nas crianças, jovens, idosos e cidadãos com necessidades especiais”, acrescentou. “Outra das nossas preocupações consiste no reforço da cooperação com as Juntas de Freguesia e demais entidades. Hoje daremos início a um quadriénio de trabalho conjunto em prol de cada freguesia, da Vila, da Cidade e do Concelho, defendendo sempre a nossa terra e as nossas gentes”, frisou. Nesta sua primeira intervenção enquanto presidente, não deixou de referir o trabalho realizado pelo presidente cessante, Roberto Monteiro, revelando imensa gratidão pelo seu legado cívico e político. “Coração, visão e inovação foram o mote do maior empreendimento na vida das pessoas a que a Praia da Vitória já assistiu. Presidente, conselheiro e amigo, com a sua forma de ser e coração de ouro, Roberto Monteiro marcou as nossas vidas. A Praia da Vitória está eternamente grata”, exaltou. GP-MPV/JP•


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MERCADO MUNICIPAL DA PRAIA DA VITÓRIA

ECOS DE VIDAS EQUECIDAS EM Normalmente num sábado de manhã, nos países ocidentais, os mercados fervilham de pessoas que fazendo compras aproveitam para sociabilizar. Na praça, ouve-se o silêncio de um mercado esquecido.

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ábado de manhã. São 11 horas. O céu está incerto. Há sol, mas fica de vez em quando tapado por nuvens espessas. – Será que vai chover? A temperatura contínua amena, apesar do céu ameaçador. Apetece ir fazer umas compras à praça, tomar um café e por a conversa em dia, ler o jornal, porque não comprar umas flores para decorar o pátio ou o jardim? Os comerciantes da praça – o Mercado Municipal da Praia da Vitória, pelo menos aqueles cujas lojas estão ainda abertas, parecem preocupados com a meteorologia. E com razão: quando chove, o espaço, no entanto semicoberto, fica rapidamente inundado. Lurdes Branco, a dona do “Café da Praça”, bem tenta alertar as autoridades competentes, publicando fotos dos danos na internet sem nunca receber resposta. Que chova lá dentro, até pode ser bom para as plantas do florista, mas não assim tanto para a esplanada do simpático espaço de restauração. Naquele sábado, a clientela não abunda. Normalmente, em todos os países, pelo menos os ocidentais, a praça, ao fim de semana, costuma ser o ponto de encontro favorito das populações. As pessoas, normalmente de folga, aproveitam aquele momento privilegiado para fazer as compras, sociabilizar, etc. Há uns velhotes sentados nos bancos públicos. Alguns parecem dormir. Não compram nada, não tomam café. De vez em quando, lá abrem um olho para ver o que se passa.... O mercado municipal deveria estar a borbulhar de vida, naquele dia, mas não se passa nada. Rapidamente, PUB

bem antes das 13 horas, o talho fecha as portas, seguramente por falta de freguesia. A peixaria ainda resiste, assim como as duas frutarias. São 12 horas e 30. A praça, subitamente, enche-se de gente! Acaba de chegar um grupo de turistas espa-

também, está fechada. Obviamente, comentam a beleza das hortênsias, mas o florista também desistiu e foi – com toda a razão – almoçar a casa. Perguntamos ao guia turístico da “Aguiatur”, João Lemos, se a presença dos viajantes espanhóis na praça se devia a uma iniciativa própria destes ou se fazia parte de algum roteiro. O jovem responde-nos que, de facto, a visita do mercado está incluída numa rota, a da Praia da Vitória, entre monumentos históricos, arqui-

MERCADO MUNICIPAL subitamente, ganha vida! Chega um grupo de turistas espanhóis. nhóis acompanhados por um guia da “Aguiatur”. As pessoas vagueiam pelas sete lojas, curiosas e interessadas por tudo o que veem. Ficam espantadas com o tamanho das moreias, na peixaria. Cirandam entre os caixotes de frutas e de legumes com um leve sorriso. Atraídos pelo cheiro das bananas regionais, entram nas lojas para comprar algumas. E deixam-se seduzir por uns bolos lêvedos também. Curiosos, espreitam pela porta da Cooperativa de Artesanato que apresenta, na montra coisas típicas da terra. Infelizmente, a loja – essa

tetónicos e belezas naturais, como o vasto areal. João Lemos comenta: “Os nossos clientes gostam de produtos típicos, naturais e genuínos. O local mais indicado para encontrá-los é, sem dúvida, a praça. Por isso incluímos o mercado municipal da Praia nos nossos roteiros”. De facto. Então, porque será que os próprios habitantes da cidade abandonaram o costume de ali se abastecerem? A resposta parece óbvia: as duas grandes superfícies, alimentares e não só, Guarita e Continente, estão quase sempre de portas abertas e fora

de horas na maior parte do tempo. Como vendem muito, conseguem também preços mais competitivos, impossíveis de praticar por comerciantes tradicionais. Felizmente, ainda existe uma pequena mão fechada de fiéis clientes que prescindem de preços mais baixos para gozar o ambiente tradicional da praça. 13h00. Os turistas espanhóis deixam o mercado municipal com rumo ao pequeno mas bonito jardim que lhe faz frente, deixando o local novamente adormecido e silencioso. Chega um casal de turistas continentais que veio visitar familiares residentes na ilha. Costumam vir quase todos os dias à praça na hora do almoço. Apreciam a simpatia e os dotes culinários de Lurdes Branco, responsável pelo “Café da Praça”, o agradável espaço de restauração que lá existe. A patroa não está de momento, mas o companheiro, o João, recebe os clientes com amabilidade. Pretendem comida para levar. Apetece um bife de vaca à senhora. O “Café da Praça” costuma usar ingredientes fresquíssimos nos seus pratos do dia, comprando-os no momento, nas lojas vizinhas. O João dirige-se imediatamente para o talho, que encontra fechado. Ligeiramente aborrecido, olha para o relógio de pulso e resolve sair para comprar o bife noutro estabelecimento da cidade. No regresso, para numa das frutarias do mercado e compra uns vegetais. Os clientes partem visivelmente satisfeitos, com um “Até amanhã”. Chega a Lurdes. Explica-nos que a praça costuma ser um ponto de encontro predileto para os estrangeiros – residentes e de passagem, na Terceira. De facto, na esplanada, ouvem-se quase todos os dias idiomas como o inglês, o francês, o alemão, o flamengo e até russo. Fala-se de


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M MURMÚRIOS DE SILÊNCIO navegação à vela, da atualidade, fazem-se amizades novas, trocam-se sorrisos, internacionais. E também se ouvem sotaques portugueses de todo o tipo. Todavia, até estes últimos, alguns, desistiram quando foi colocado um sinal impedindo a entrada a animais de estimação, nomeadamente, cães. A Lurdes e o João transgridem um bocadinho a proibição e fecham amigavelmente os olhos sobre a presença dos amigos patudos, assim como os restantes colegas comerciantes. Os clientes habituais já

parece reparar no sinal que, além da presença de cães também interdita o estacionamento. Além do ar se tornar ali irrespirável, veículos de grandes dimensões também ocultam a entrada do local a quem ainda não o conhece. Questionada sobre o assunto, Lurdes Branco refere que “o estacionamento complicado e caro, no centro da cidade, parece ser um ponto muito negativo para a clientela, que prefere os supermercados por não ter de se preocupar com o assunto”. Mas sublinha também que

MERCADO MUNICIPAL turistas espanhóis, curiosos, espreitam os artigos típicos, mas a loja está fechada. sabem, mas os outros, de passagem, não. Não entram. Dirigem-se, ao calhas, para outras esplanadas mais tolerantes. Mas essa não é a única razão pela qual os praienses e os turistas abandonarem o mercado aos poucos. É frequente ver gente a mudar de passeio ou a contornar o local por causa de camiões e carrinhas de descarga, estacionados mesmo à porta, nomeadamente por causa dos gases dos tubos de escape. Ninguém quer que o cão – ou pior ainda – o bebé sentado de carrinho, os inale. Poderia tratar-se de veículos que abastecem a praça, mas não. Ninguém PUB

“o problema não se coloca no sábado à tarde, momento em que o estacionamento se torna gratuito”. Mas não é lá muita agradável, até quando estamos dentro do mercado, termos a vista tapada por carrinhas de descarga e inalarmos aqueles cheiros quando estamos agradavelmente sentados a tomar uma bebida na esplanada do “Café da Praça”. Ainda recentemente, o florista tinha a sua loja na Rua de Jesus. Como Lurdes Branco, antigamente gerente do espaço “O 5º Toiro”, também na Praia da Vitoria, mudou-se para o Mercado, esperando provavelmente mudanças positivas para o negócio.

Num contexto de crise económica, a compra de flores e de plantas passa para o segundo plano, não sendo estas, um bem de primeira necessidade. Normalmente, comprar flores é um ato impulsivo. A montra, a visão dos “bouquets” e dos arranjos florais é que determina a compra. Mas se a loja estiver escondida e resguardada num local pouco visível e convidativo, essa regra não funciona. “Almoçar fora também já não é uma prioridade”, acrescenta Lurdes Branco. Durante a semana, mesmo

seu espaço de restauração mudou, adaptando-se à posteriori a todo o tipo de gostos e de clientela, por falta de procura do conceito “saudável” que pretendia. Foram muitas as promessas aliciantes feitas aos comerciantes que se mantém ali firmes apesar das dificuldades com as quais se deparam no dia-a-dia. Inundações e outros danos provocados pela nossa meteorologia caprichosa, falta de visibilidade e de reconhecimento, não só pela parte

MERCADO MUNICIPAL as baguetes do “Café da Praça” levam jovens estudantes ao mercado durante a semana. assim, mantem uma clientela de “habitués”. Um jovem casal de americanos que não se quer dar ao trabalho de cozinhar em casa, adolescentes que frequentam o liceu Vitorino Nemésio e gostam das baguetes estaladiças acabadinhas de sair do forno, “amigos” que apreciam a qualidade e a simpatia do atendimento dos comerciantes da praça, esses mesmos que conhecem todos os clientes pelo primeiro nome e até pela alcunha. De início, numa preocupação de combinar com as frutarias típicas, Lurdes Branco, propunha saladas e pratos saudáveis, inclusivamente vegetarianos. Entretanto, o menu do

das autoridades competentes como também pela parte dos habitantes da Praia da Vitória. Até agora, ninguém tem a chave para solucionar a equação. Os problemas que enfrentem as pessoas que são a cara do Mercado Municipal são nossos também. A praça deve continuar a existir como um dos corações da nossa cidade. É preciso devolver-lhe a dimensão popular e genuína que a deveria caracterizar. Para nós, como marco da nossa identidade. Mas também como cartaz típico e turístico para quem nos visita. Elvira Mendes/JP•


JP | DESPORTO

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“AZORES TRIATHLON” FAZ REGRESSAR TRIATLO À PRAIA Pioneira, a Praia da Vitória realizou em 1991 a primeira prova de Triatlo dos Açores. Vinte e seis anos depois, a 1.º edição do AZORES TRIATHLON assinala o regresso da modalidade à cidade.

N

uma iniciativa do Clube de Triatlo da Praia da Vitória em parceria com a empresa Azores Sports Leader sediada na Praia Links, a Praia da Vitória acolheu a 07 de outubro, a 1.º edição do AZORES TRIATHLON, nas distâncias de 1,9 Km de Natação + 90 Km de Ciclismo + 21,1 Km de Corrida, com a participação de vários triatletas provenientes de 10 nacionalidades diferentes. A prova marcou o regresso do Triatlo à Praia da Vitória, depois de em 1991 a Praia da Vitória ter sido pioneira nos Açores ao realizar uma prova de Triatlo, pelas mãos de Rui Borba. Segundo a organização, o AZORES TRIATHLON foi pensado com o obejtivo de sinalizar junto dos participantes a Praia da Vitória como local de eleição para a prática do triatlo ao mais alto nível, quer para treinar quer para competir, com o intuito de trazer periodicamente e num futuro próximo para o concelho atletas internacionais que ajudem a dinamizar a economia local nomeadamente a hotelaria e a restauração. O grande vencedor do AZORES TRIATHLON com o tempo final de 4h 17m 16s foi o suíco Adrian Haller de 28 anos de idade que dominou a prova do princípio ao fim, impondo-se ao seu compatriota Samuel Hürzeler (curiosamente o seu treinador e um atleta com larga experiência nos triatlos de longa distância) e tendo relegado para a 3ª posição o britânico Michael Lavender. Na 4ª posição terminou o atleta alemão Christian Altstadt seguido dos italianos Andrea Recagno e Alessio Rispoli e do espanhol Victor González. O melhor português foi André Jesus do Clube Oriental de Lisboa que terminou na 8ª posição da geral e o melhor atleta açoreano foi Nuno Botelho da associação de Nadadores Salvadores dos Açores que obteve a 9ª posição da geral.

Agentes Transitários - Carga Aérea e Marítima - Recolhas - Entregas - Grupagens e Completos |

A assistir à prova sem poder competir por lesão esteve o triatleta Sérgio Marques (Vice-Campeão da Europa de Triatlo de Longa Distância em 2016) que viu a namorada Vanessa Pereira, Pentacampeã Nacional de Triatlo de Longa Distância, impor-se à canadiana Sylvie Dansereau e à portuguesa Ana Lopes do Sporting Clube de Portugal. A triatleta Vanessa Pereira obteve o tempo final de 5h30m34s A prova foi ainda disputada na vertente de estafetas cabendo o lugar mais alto do pódio à equipa militar da Marinha – CEFA com os atletas Miguel Carneiro (natação), Jorge Duarte (ciclismo) e Bruno Maia (atletismo). Na 2ª posição terminou a equipa do Clube Desportivo ACM com os atletas Rui Costa (fez o percurso de Natação e o do ciclismo) e Cláudio Cardoso (corrida) tendo o pódio sido fechado com a equipa do Clube de Triatlo da Praia da Vitória com os atletas Manuel Alves (natação), Alberto Godinho (ciclismo) e Carlos Ferreira (corrida). Refira-se que Manuel Alves, o jovem nadador da Praia da Vitória de apenas 15 anos de idade, foi o único atleta que nadou sem fato isotérmico tendo tido uma excelente prestação na natação. Apesar do elevado grau de dificuldade da prova, nomeadamente no que diz respeito ao percurso do ciclismo, todos os triatletas que alinharam à partida terminaram a prova o que não é muito usual neste tipo de eventos. Alguns atletas tiveram avarias no ciclismo, que regra geral ditam a desistência, mas ninguém quis perder a oportunidade de fazer parte da história dos atletas que terminaram a 1ª edição do AZORES TRIATHLON. No final da prova o feedback transmitido pelos participantes à organização, vieram a confirmar a excelente aposta que o evento irá representar no futuro, uma vez que vários atletas manifestaram a inteção de voltar em breve à ilha Terceira para treinar e organizar campos de treino com outros compatriotas seus. Na calha já está a 2.ª edição do AZORES TRIATHLON a realizar em 2018 e sobre a qual em breve sairão novidades. CTPV/JP/Fotos: CTPV•

Telefone 295 543 501


JP | IGREJA

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ORGANIZAÇÃO DIOCESANA

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PONTIFICADOS

RENASCEU A OUVIDORIA DA PRAIA DA VITÓRIA

A PARTIR DE 1800

PIO Barnabé Chiaramonti (1800-1823) LEÃO XII Annibale dela Genga (1823-1829)

Morreu subitamente a Ouvidoria da ilha Terceira e com ela, vítima da mesma miopia pastoral, moreu também a Zona Pastoral do Ramo Grande.

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o dia 11 de Setembro morreu subitamente a Ouvidoria da ilha Terceira, com óbito confirmado por decreto. Vítima da mesma miopia pastoral morreu também, de forma desastrada, a “Zona Pastoral do Ramo Grande”, uma esperança com quase duas décadas. Não tivesse sofrido crises sucessivas de “asfixia”, comprovada por factos, e teria uma vida bem mais longa.

Ouvidor (ou coordenador) o padre Emanuel Valadão Vaz, com reconhecida maturidade, bem preparado por muitos anos de assistência nacional aos Movimentos de Pastoral Operária (com que nunca atinamos…) e também coordenador nacional do Prado, um movimento notável de espiritualidade e formação de padres para a missão. É o atual pároco da Vila Nova.

Concedamos que “de todos os males o menor” porque renasce a Ouvidoria da Praia da Vitória com um número funcional de paróquias e respetivos párocos. Sempre é bom recordar que a Ouvidoria ainda é uma unidade pastoral supra paroquial, não necessariamente como réplica jurídica de uma qualquer circunscrição civil.

“Fora do pacote”, porque abandonado sem horizonte temporal como pároco de Santa Cruz e Casa da Ribeira, faço notar que a Ouvidoria da Praia conta com um excelente conjunto de párocos, relativamente novos e qualificados para servir as paróquias que se seguem: Fonte do Bastardo e Porto Martins, (padre José Júlio Mendes Rocha); Cabo da Praia, (padre Abel Ricardo Aguiar Toste); Santa Luzia e Santa Rita, (padre Marcos Henrique Pereira Mi-

Descendo ao concreto, a Ouvidoria da Praia da Vitória ganha como PUB

randa); Fontinhas e Agualva, (padre Moisés do Couto Rocha); São Brás, (padre Abílio de Morais); São Miguel Arcanjo – Lajes, (padre Luís Carlos Vieira da Silva); Biscoitos e Quatro Ribeiras, (padre Carlos Alberto de Miranda Cabral); e Santa Cruz – Praia da Vitória, (padre Abel Noia).

PIO VIII Franceso Castighioni (1829-1830) GREGÓRIO XVI Bastolomeu Alberto Cappelari (1830-1846) PIO IX João Batista Mastai-Ferreti (1846-1878) LEÃO XII Joaquim Pecci (1878-1903) S. PIO X

Reunimos pela primeira vez no dia 11 de Outubro, com a figura inspiradora do Santo Papa João XXIII, e começamos a traçar a lápis uma identidade pastoral para a Ouvidoria agora restaurada.

José Sarto (1903-1914) BENTO XV Giacome dela Chiesa (1914-1922) PIO XI Aquiles Ratti (1922-1939) PIO XII Eugénio Pacelli (1939-1958)

Que também os cristãos leigos se deixem envolver para não ficarmos, uma vez mais, “armadilhados” numa mera teia de estruturas desfasadas da vida. O trabalho pastoral a realizar é imenso para que estas comunidades não se afundem num marasmo de banalidades irrelevantes.

JOÃO XXIII Angelo Ronealli (1958-1963) PAULO VI João Batista Montini (1963-1978) JOÃO PAULO I Albino Luciani (1978- período de um mês) JOÃO PAULO II Karol Woijtyla (1978-2005) BENTO XVI

Abel Noia

Joseph Ratzinger (2005-2013) FRANCISCO

NE: Texto publicado no Boletim Paroquial “Caminho” n.º 167 de 01 de novembro de 2017

Joseph Bergliolo (2013 até ao presente)

Francisco Ribeiro NE: Quadro publicado no Boletim Paroquial

“Caminho” n.º 167 de 01 de novembro de 2017


JP | EDITORIAL & OPINIÃO

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INDEPENDÊNCIAS

E DITORIAL

Catalunha – Açores e, por aí fora... “Quem se consagra a servir, serve para viver honrando a vida em qualquer posição”.

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O país continua a arder

P

ortugal Continental continua a arder, e a saída para combater esta tragédia dos fogos florestais tornou-se num nó górdio com todo o sofrimento atroz para as populações que perderam os seus bens e haveres e muitos a própria vida – mais de 100 mortos – em pouco tempo, ficando as populações desoladas pela falta de protecção do Estado Português que infelizmente há várias décadas tem falhado e não tirou consequências de forma a evitar tais catástrofes, nomeadamente a partir dos incêndios Pedrogão Grande que sucederam há quatro meses. É verdade que o verão de 2017 foi dos mais secos desde que existem registos, tendo os fogos florestais por incúria das entidades governamentais em obter soluções práticas e eficazes, devastando de forma radical a floresta portuguesa e consumindo as chamas vidas e aldeias. Há varias décadas que os sucessivos governos da republica, não conseguem proteger a “todos e o que é de todos” secundarizando a política sobre as florestas, mas se as políticas sobre o ordenamento florestal tivessem sido levadas a peito de acordo com os modelos utilizados para o combate ao deficit e a ajuda à banca, não tínhamos certamente o país a arder, evitando-se o sofrimento que as vitimas dos incêndios padecem. Revalorizar a floresta e perceber quais as espécies a preservar, que dão garantias da sua sustentabilidade é um enorme desafio que será prioritário para o Estado combater estas tragédias, abandonando-se a péssima política florestal abraçada pelos sucessivos governos do pós 25 de Abril que culminou nesta ferida grave que ainda permanece aberta e que urge sarar. Mais prevenção, melhores meios e melhores técnicos qualificados no combate aos incêndios florestais, escolhendo-se as pessoas com mais capacidade para esta luta, num século envolvido em tantas incertezas em que a prioridade não seja dada ao simples lucro, mas à construção de uma sociedade mais humana e mais protegida, terminando-se com a partidocracia tachista utilizada infelizmente pelos partidos do arco da governação, que culminou neste flagelo ígneo que agonizou todo o país, porque a “ignorância é uma fogueira que devora o homem” e porque as populações rurais são frágeis e tantas vezes abandonadas e esquecidas pelo Terreiro do Paço, terá que se inverter todo este negro cenário. Não pode repetir-se a situação caótica que assolou ultimamente o país, dando-se prioridade à luta para preservar a floresta, as aldeias rurais e suas populações, promovendo-se o seu bem-estar, traduzindo-se em benefícios para o público e criando vantagens para um desenvolvimento sustentável e evolutivo do meio rural que a todos deve envolver. O Diretor, Sebastião Lima diretor@jornaldapraia.com

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notícia de um referendo à independência da Catalunha marcado para o passado dia 1 do corrente mês pelo próprio Parlamento Catalão, foi como um José Ventura* estimulante moral para quem, como nós, tem o desejo de ver os Açores reconhecidos como um novo país e, não negam a divisa alistada no Brazão de Armas dos Açores como reza carta escrita no distante 13 de Fevereiro de 1582 onde, Ciprião de Figueiredo afirmava ao usurpador de então Filipe II de Espanha, que, “Antes morrer livres do que em paz sujeitos” recusando assim, a sujeição da Ilha Terceira em troca de várias pechinchas/benesses.

àquele que é, sem dúvida, um dos seus maiores feitos: a Convenção Europeia dos Direitos do Homem. A adesão à Convenção Europeia dos Direitos do Homem exprime e identifica um novo Portugal, livre da ditadura e da opressão, aberto ao respeito dos direitos fundamentais, imbuído de um novo sentido de respeito e dignificação dos direitos dos seus cidadãos. É, por isso, para nós, particularmente marcante celebrar três décadas de comunhão de valores entre Portugal e a Europa da democracia e dos direitos do homem”.

designação ou pelos seus objectivos programáticos, tenham índole ou âmbito regional. Contradizendo inequivocamente o teor do seu nº 1. “A liberdade de associação compreende o direito de constituir ou participar em associações e partidos políticos e de através deles concorrer democraticamente para a formação da vontade popular e a organização do poder político”.

Queremos aqui lembrar que foi o açoriano Medeiros Ferreira, ministro português dos Negócios Estrangeiros que em 1976 assinou a Convenção, um passo histórico aperfeiçoamento do Estado de Direito. (quiçá ainda Portugal não atingiu).

Do processo “Catalunha - Açores e, por aí fora...”

Acompanhamos mediaticamente o processo e, continuamos a fazê-lo, com o entusiasmo natural de quem sempre acreditou na Liberdade e, no que consta na “Convenção para a protecção dos Direitos do Homem e das liberdades fundamentais» Convenção que faz referência à Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pelas Nações Unidas em 10 de Dezembro de 1948.

“À data da assinatura da Convenção, Portugal tinha aprovado, há escassos meses, a sua Constituição, que iniciou, simbolicamente, a sua vigência no dia 25 de Abril de 1976. Uma Lei Fundamental que unanimemente era (e é) vista como uma Constituição generosa em sede de direitos fundamentais. (*) Uma Constituição que dispõe de um rol abrangente de direitos, liberdades e garantias e de direitos económicos, sociais e culturais, fazendo vingar, após quatro décadas de negação e repressão, as ideias de dignidade da pessoa humana, de soberania popular e de Estado de Direito”.

Na sessão comemorativa do 30º Aniversário da adesão de Portugal à Convenção Europeia dos Direitos do Homem decorrida no Supremo Tribunal de Justiça a10 de Novembro de 2008, referia o ministro da justiça de então, Alberto Bernardes Costa: “Só com o advento da Democracia em Portugal foi possível encetar o processo de adesão ao Conselho da Europa e simultaneamente, aderir

Passados que são, 41 anos da proclamação da Constituição que afirmam “generosa”, temos no seu Artigo 51.º “Associações e partidos políticos” nomeadamente no seu nº 4, a malfadada proibição de se poder constituir partidos que, pela sua

Conclusão, de um quadro tão bem elaborado, acabaram por lhe borrar a pintura.

Iremos continuar, pois, todo ele tem muito a explorar, no que respeita à posição de algumas organizações internacionais como, ONU, UE, posições de cidadania política, nomeadamente de Mr. Jean Claude Juncker, deputados do PE, e até com a Comissão para a Reforma da Autonomia que exclui o problema aqui referido dos partidos ditos de regionais. Da adesão e postura da sociedade civil (o povo) da juventude catalã em particular e, da pessoa de Carles Puigdmont que num acto de coragem e liderança, visitou num momento difícil em que houve violência traduzida em mais de 800 pessoas feridas, visitou a campa de Lluís Jover que foi presidente da Generalitat da Catalunha e, foi fuzilado pelas autoridades franquistas. (dos fracos não reza a história). Por opção, o autor não respeita o acordo ortográfico. (*)

FÉRIAS NOS AÇORES: AS SUPRESAS DO “AL” Vive-se na Terceira, uma euforia com o turismo, mas é preciso não esquecer que esta indústria exige confiança.

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ideia de ir com toda a família passar umas férias aos Açores tinha já uns anos, mas a sua concretização ia sendo adiada. Um ano não dava Silveira de Brito jeito porque havia um mestrado a terminar, no outro porque vinha um neto a caminho, noutro ainda porque não era possível conjugar os calendários de todos. Até que a meados de 2016, num dos nossos jantares de Sexta-feira, jantares que se prolongam em conversa até às tantas, se tomou a decisão de ir passar uma semana à Terceira, na primeira quinzena de Agosto de 2017. Toda a gente organizaria a vida de modo estar disponível para a viagem. Nós, a minha mulher e eu,

não tínhamos dificuldades de agenda, mas os três filhos e noras, com profissões diferentes, tinham que planear a vida. Para já os netos, que são pequenos, ainda estão na fase de total liberdade durante o mês de Agosto. Fomos conversando sobre a viagem, fui fazendo buscas na hotelaria tradicional, mas rapidamente cheguei à conclusão que seria preferível recorrer ao Alojamento Local (“AL”), porque íamos apanhar as Festas da Praia da Vitória. Para termos maior liberdade de escolha, resolvemos fazer as reservas com antecedência e, a 25 de Setembro de 2016, juntámo-nos todos para marcar viagens e reservar casas. Interessavam-nos voos directos Porto-Terceira, porque, com três

crianças e dois bebés, voar com escalas noutros aeroportos é muito incómodo. A primeira surpresa que tivemos foi constatar que só a Ryanair tinha voos directos a partir do Porto. Fizemos as reservas e passámos à procura de casas de AL, recorrendo ao Booking.com e airbnb.pt. Depois de vermos bastantes hipóteses, optámos por um apartamento na Rua em frente à Matriz (só nessa altura caí na conta que tem o nome de “Rua Mestre de Campo”) e outro no Rossio (também foi nesse dia que descobri que se chama “Rua Doutor Sousa Júnior”). Fizemos as reservas, recebemos rapidamente as confirmações e até me dei ao trabalho de telefonar para o meu “anfitrião”, porque gosto mais das coisas tratadas de viva voz. Que sim senhor, a reserva estava feita, podia ficar descansado. (continua na página seguinte)


JP | OPINIÃO

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CRÓNICA DO TEMPO QUE PASSA (XV)

OUTONO VIVO NUM MUNDO DE LIVROS LER É SABER E SENTIR MAIS

“Mais do que a frase publicitária ‘Ler é saber mais’, persistentemente difundida nos media, para mim o acto de ler é também sentir mais e viver ou reviver momentos de sonho e magia, como os que tenho vivenciado, pela vida fora, em tantas leituras”.

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ais uma vez, maravilhados nos perdemos por entre estes muitos milhares António Neves Leal de livros, mais de cinquenta mil de acordo com os responsáveis deste importantíssimo acontecimento, que já vai na sua 12ª edição. Nele temos o ensejo de desvendar títulos a remeter-nos para os mais diversos campos do conhecimento: das artes, ciências, tecnologias e, naturalmente, da literatura em sentido alargado (lato sensu) e restrito (stricto sensu). Quando em épocas de recessão económica as pessoas vivem alienadas, desesperadas ou perdidas em monótonos momentos de austeridade e défices rodopiantes e massacrantes, mais relevante se torna a procura de locais, onde a vida é mais bela e tem mais sabor, como este vasto espaço que nos acolhe, anualmente, para celebrar os livros, nossos amigos incondicionais e sempre disponíveis, e conhecer os seus autores. Mais do que a frase publicitária Ler é saber mais, persistentemente difundida nos media, para mim o acto de ler é também sentir mais e viver ou reviver momentos de sonho e magia, como os que tenho vivenciado, pela vida fora, em tantas leituras. Mas o livro desempenha muitas fun-

ções, segundo o género em que se fundamenta, isto é, obra de ficção ou de conhecimento, de evasão ou de carácter científico. O livro é hoje basilar para a transmissão e preservação dos conteúdos. A mundividência tradicional alicerçava-se apenas no binómio matéria-prima e energia. Nos nossos dias, há a considerar que já não é assim, passando aquele binómio a trinómio, com a entrada de um novo elemento, isto é, o conhecimento fornecido pelas revistas e livros científicos das várias especialidades.

As matérias-primas e as energias são esgotáveis e não duram sempre, quanto mais as utilizamos menos garantidas estão para o futuro. O conhecimento, ao contrário, é uma reserva em contínuo crescimento. Quanto mais o utilizamos mais nos apoderamos dele. Curiosamente, ao aumentarmos o manancial dos nossos conhecimentos, eles fazem-nos aceder a mais matérias-primas e a outras energias. As verbas investidas nas pesquisas são mais duradouras e protegem melhor a natureza, os nossos interesses humanos, bem como os dos

nossos descendentes, além de nos facultarem novas capacidades para criar novas teorias. Já na paideia dos gregos antigos se vislumbrava esse poder extrordinário de descobrir e inventar. Bastaria lembrar a investigação em termos psicológicos dos diversos comportamentos dos humanos utilizando a maiêutica socrática. Ao inventarem a pedagogia no momento da descoberta, prepararam a propagação da escrita e esta se transformou quando surgiu a imprensa. (Continua na prágina n.º 14)

FÉRIAS NOS AÇORES: AS SUPRESAS DO “AL” (continuação da página anterior)

Até que pelo Natal verifiquei, com surpresa, que estava redondamente enganado. Uma das noras, em cujo nome tinha ficado um dos apartamentos, ligou-me a informar que recebera um telefonema do gestor do apartamento a comunicar que a proprietária o tinha retirado do AL, e a prevenir que havia que encontrar uma solução. Perante isto, a minha nora respondeu ao sr. Alberto Melo, assim se chama o gestor, que me ia pedir para tratar do assunto, porque eu era terceirense e, portanto, com algum conhecimento do meio. Entrei em contacto com o sr. Melo e imediatamente percebi que estava a falar com alguém em quem se podia confiar. O senhor lá me pôs a par da situação: os americanos estavam de novo a alugar casas na Praia da Vitória e a proprietária queria aproveitar a oportunidade. Respondi que o apartamento estava na plataforma (como ainda hoje, 10 de Outubro, está) e que há compromissos que as pessoas assumem e têm de cumprir. Perante isto, o senhor deu-me o telemóvel da proprietária. Não vale

a pena reproduzir aqui a conversa havida, basta dizer isto: a senhora só conhece um valor: o do dinheiro. Depois de falar com os meus filhos, voltei ao sr. Melo e lá alugámos a casa de Santa Catarina, no Cabo da Praia. De sobreaviso, liguei ao meu “anfitrião” que me informou estar a tratar da legalização do apartamento do Rossio em termos de Alojamento Local; que tudo se ia resolver. No Natal, voltei à carga; a resposta foi: “se eu não lhe ligar até ao fim do ano é porque tudo está resolvido”. Não recebi nenhuma chamada até ao fim de Janeiro, altura em que, para me prevenir, telefonei de novo, e a resposta mudou: o processo de legalização era lento, pelo que não me garantia nada. Ou seja, mais uma vez estava perante alguém que me deixava pendurado e em quem não podia confiar. Voltei ao sr. Alberto Melo a pedir ajuda, entrei o contacto do sr. Carlos Oliveira e, com o auxílio dos dois, resolvi o assunto: alugámos uma casa no Cabo da Praia, a “Casa do sr. Alberto” e outra, no Porto Martins. E nada mais falhou quanto a alojamentos.

Aconteceu, contudo, uma coisa absolutamente caricata: no dia 15 de Agosto, último dia da nossa estadia, estava eu na Praia, numa esplanada em frente à actual sede da Delegação da RTPAçores, antiga escola onde fiz a Primária, e recebi no telemóvel um aviso da airbnb: “Avalie sua experiência com Joaquim” (nome fictício). Devia ter dito que foi péssima, mas nem me dei ao trabalho de responder. O que logo me ocorreu foi a necessidade de contar numa crónica estas minhas experiências, porque há que elogiar o que é bom e criticar o que está mal. Nos Açores, e não só, a crítica é muitas vezes confundida com a má-língua, mas as duas realidades são muito diferentes. A má-língua esgota-se em si mesma, enquanto a crítica visa a correcção de anomalias, erros, situações inadmissíveis. A impressão com que fiquei foi que nos Açores, concretamente na Terceira, o entusiasmo com o turismo é imenso, parece que as pessoas consideram que representa um novo ciclo económico para a Região; tivemos o trigo, o pastel, a laranja e agora o turismo. Não faço ideia se estamos

perante um novo ciclo, mas que os Açores estão a abarrotar de turistas, não há dúvida. Basta chegar ao Aeroporto das Lajes para perceber que a Ilha tem mais visitantes do que nunca. Nas festas concentram-se multidões e os restaurantes estão cheios. O meu amigo Mário Rego, um Guia turista de excepção, que encontrei por um feliz acaso, disse-me que já tinha apanhado filas de espera no Algar do Carvão. Vive-se, portanto, uma euforia com o turismo, mas é preciso não esquecer que esta indústria exige confiança e a experiência que tive com a primeira tentativa de reservar casa em Alojamento Local foi desastrosa neste capítulo. Depois de uma primeira experiência para esquecer no que respeita a Alojamento Local, encontrei os senhores Alberto Melo e Carlos Oliveira que se revelaram óptimos “anfitriões”, para utilizar a linguagem da plataforma Airbnb. O resto da viagem decorreu de um modo inesquecível, perdurará na memória da minha gente e será objecto de futuras crónicas. José Henrique Silveira de Brito . •


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O INDEPENDENTISMO AÇORIANO Não vou dar qualquer tipo de opinião sobre a Catalunha, mas circunscrever-me à “questão açoriana”, e o porquê do independentismo não se ter concretizado no nosso arquipélago.

A

gora que tanto se fala na Catalunha, relembrei um trabalho que fiz numa cadeira, Culturas de Protesto no século XX, sobre a Frente LiberEmanuel Areias tação dos Açores (FLA). Considerei, pois claro, a FLA uma cultura de protesto, e a minha análise, enquanto estudante açoriano de História, foi feita com alguma surpresa acerca dos factos conhecidos. Apesar de a bibliografia ser quase inexistente, existem fontes muito interessantes, nomeadamente telegramas, opiniões escritas sobre o período e notícias de jornais regionais. Não vou dar qualquer tipo de opinião sobre a Catalunha, mas circunscrever-me à “questão açoriana”, e o porquê do independentismo não se ter concretizado no nosso arquipélago. Irei servir-me da pesquisa que fiz para o trabalho académico, embora não vá apresentar uma argumentação tão extensa. Faço isto porque este é um dos temas mais cativantes na História açoriana recente, e é pouco o conhecimento geral sobre o mesmo. O meu trabalho teve como alicerce fundamental uma tese, que não tinha um caráter histórico, e que recentemente serviu de conteúdo a um livro publicado: “Uma neutralidade atenta”, de Berta Tavares. Antes de compreender o surgimento de um movimento separatista nos

Açores, há que entender todo um contexto histórico – o do 25 de Abril de 1974. Num artigo, “Os Açores e o 25 de Abril”, publicado no livro “Portugal e o Atlântico – 60 anos de Acordos dos Açores”, cujo autor é David Raby. Este afirma que no país inteiro assistia-se a “um processo de mudanças potencialmente revolucionárias”, no qual os Açores não eram exceção. Tal como diz Boaventura Sousa Santos, a partir do colapso do antigo regime, houve um “processo de reconstrução normativa e institucional que foi relativamente lento e muito desigual” nos diversos pontos do país, o que contribuiu para que nos Açores houvesse uma sensação de “vazio de poder.” Em virtude de todos os ímpetos revolucionários no país, e pelo forte anticomunismo e afeição ao catolicismo, características partilhadas pelos açorianos, surge um movimento açoriano, que se assume separatista, através de um discurso que afirma as diferenças das ilhas em relação ao todo nacional. Este movimento tenta ir ao encontro dos anseios da população, embora não vá conseguir agregar, em virtude da nova conjuntura política que acaba por surgir. O primeiro movimento chamava-se MAPA (Movimento para a Autodeterminação do Povo Açoriano), fundando a 7 de Maio de 1974, constituído pelas elites tradicionais da ilha de São Miguel. De salientar que este é um movimento muito localizado, característico essencialmente na ilha de São Miguel, onde as prin-

cipais manifestações separatistas se deram. A 8 de Abril de 1975, em Londres, o MAPA dá então origem à FLA, que assume “tendências mais violentas”, como diz Raby no seu artigo. Essas tendências passavam por destruir sedes dos partidos de esquerda ou até proceder à expulsão de militantes do PCP. Num comunicado da FLA, publicado no Jornal O Século, os separatistas afirmavam que a FLA surgia com intuito de “reforçar a luta.” O líder da FLA vai procurar junto da Administração norte-americana, ao mais baixo nível, apoios para a causa separatista. E há que dizer que os EUA estarão sempre muito atentos a todo o processo pós-revolução nos Açores, que em último caso, seria o garante de um bastião anticomunista, caso o comunismo triunfasse em Portugal Continental. É o 25 de Novembro de 1975 que marca o fim dos ímpetos independentistas nos Açores, sendo que a FLA passa a atuar na clandestinidade. Tal como é explicado no artigo, “Rutura simbólica e discurso separatista açoriano em 1974-1975”, de António Brandão Moniz, o 25 de Novembro marca “modificação do sistema de ação histórica”, e havendo uma mudança política nacional, esta acaba por desenvolver-se, igualmente, no plano regional. O movimento acaba por durar apenas “enquanto durou a crise institucional nacional.” Em virtude das conjunturas, o movimento separatista atuou, preenchendo uma lacuna, que acaba por ser preenchida com a “estruturação

de um Governo Regional “ e com o regime autonómico que acabou por ser estabelecido. É a conjuntura nacional, que muda a 25 de Novembro, e a falta de espaço para o discurso separatista, que faz a FLA se eclipsar do mapa. Conclui-se que o movimento separatista açoriano é um fenómeno particular, que correspondeu a um determinado quadro político e social e assumiu um discurso de conflito. A superação da crise revolucionária assume outro caminho, ou seja, não pela independência do arquipélago, mas pela “solução constitucional da autonomia que satisfaz as legítimas aspirações das ilhas.” É após 1976, com a implantação da autonomia política e com a estruturação do poder, com base na eleição de órgãos legislativos e executivos próprios que se inicia a “construção oficial e institucional de uma identidade cultural de âmbito regional”. Apesar de tudo, assumir a identidade regional é um processo difícil, pela insularidade e pela manutenção de fronteiras simbólicas e culturais entre ilhas. PS: Apesar de ser contra a independência dos Açores, acho que seria fundamental para o amadurecimento do nosso regime político, que partidos regionalistas tivessem a permissão de poderem entrar no Parlamento Regional.

OUTONO VIVO NUM MUNDO DE LIVROS (Continuação da página n.º 13)

Igualmente ela mudou totalmente com as novas tecnologias, cujas descobertas são apenas uma variável entre outras. Desde alguns decénios, nós vivemos um período que tem certas semelhanças com a aurora dessa paideia grega que, no Renascimento, veria nascer com Guttenberg (século XV) a impressão e o posterior reino do livro. Com a revolução científica das últimas décadas, os homens ficaram a saber, nas pegadas do filósofo Pascal, por quem eram considerados meros grãos de poeira no universo, quão pouco eles sabiam do mundo. A descoberta dessa ignorância passou a ser no dizer de Yuval Noah Harari ( PUB

in Homo deus de l’avenir, pág.233), a maior descoberta científica e, assim, pensadores e cientistas passaram a ter mais motivos para pesquisar novos conhecimentos, o que abriu (abre) a via científica do progresso. É portanto o livro, este objecto básico e insubstituível do conhecimento, que celebramos, este ano, em mote de Festa Redonda (obra escrita, em verso, por Nemésio, dedicada à Ilha Terceira), nesta 12ª edição do Outono Vivo. Os visitantes desta enorme feira ficarão satisfeitos, com muitas razões para se considerarem felizardos por usufruírem, durante dezassete dias, desta portentosa biblioteca e poderem adquirir os livros do seu agrado, a preços convidativos.

Os nossos antepassados que sabiam ler (e não eram muitos) nunca conseguiram tantas possibilidades. Nem existiam feiras de livros, nem bibliotecas tão próximas dos leitores, exceptuando as itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, de que os mais velhos se lembrarão ainda. Eram outros tempos. Escasseavam o dinheiro e também as facilidades. Paradoxalmente, hoje, lê-se muito pouco, daí a importância que estes certames assumem para a promoção do livro que, nos Açores, sofre de vários constrangimentos: pequena dimensão do mercado, descontinuidade do território insular, problemas na distribuição e nos transportes, indiferença ou bairrismo de alguns li-

vreiros, especialmente em S. Miguel. Sei bem do que falo e também o sabem alguns amigos micaelenses que visitam a minha página do Facebook, etc. O panorama da leitura no arquipélago, apesar das campanhas feitas, é muito sombrio. Fora dos livros escolares, as percentagens dos leitores são muito baixas. O desaparecimento de vários títulos da imprensa regional, na Terceira, Faial, S. Jorge e Flores veio agravar, ainda mais, os índice de leitura, os quais há trinta anos rondavam 5 (cinco) por cento. Hoje, estarão, certamente, àquem dessa percentagem.


JP | INFORMAÇÃO

2017.11.10

| 15

AGENDA DESPORTIVA MISSAS DOMINICAIS NO CONCELHO

FUTEBOL CAMPEONATO DE PORTUGAL SÉRIE “D”

10.ª JORNADA | 12.11.2017 Lusitânia

-

SC Praiense

Torreense

-

Vilafranquense

Caldas

-

1º Dezembro

Mafra

-

Alcanenense

Eléctrico

-

Pêro Pinheiro

Sacavenense

-

Coruchense

Fátima

-

Guadalupe

Sintrense

-

Loures

CAMPEONATO FUTEBOL AÇORES

9.ª JORNADA | 12.11.2017 CU Micaelense

-

CD Rabo Peixe

São Roque

-

Prainha FC

Marítimo Gra.

-

SC Angrense

SC Vilanovense

-

GD Fontinhas

FC Flamengos

-

FC Vale Formoso

CAMPEONATO ILHA TERCEIRA

4.ª JORNADA | 12.11.2017 Marítimos

-

Barreiro

Lajense

-

São Mateus

NSIT

-

Boavista

TAÇA DE PORTUGAL 4.ª ELIMINATÓRIA | 19.11.2017 Santa Clara

-

Desp. Chaves

Sp. Ideal

-

Cova da Piedade

SC Praiense

-

Vilafranquense

CAMPEONATO FUTEBOL AÇORES

10.ª JORNADA | 19.11.2017 CD Rabo Peixe

Prainha FC

Marítimo Gra.

CU Micaelense GD Fontinhas

São Roque

SC Angrense

FC Flamengos

FC Vale Formoso

SC Vilanovense

CAMPEONATO ILHA TERCEIRA

SÁBADOS

HOJE (10/11)

15:30 16:00 16:30 17:00 17:30 17:30 18:00 18:00 18:00 18:00 18:00 19:00 19:00 19:00 19:00 19:30 19:30

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

- Lajes - Fontinhas (1) - Casa da Ribeira - Cabo da Praia - Matriz Sta. Cruz - Vila Nova - Fontinhas (2) - São Brás - Porto Martins - Sta Luzia, BNS Fátima - Quatro Ribeiras - Lajes - Agualva - Santa Rita - Fonte do Bastardo - Biscoitos, IC Maria (3) - Biscoitos - São Pedro (4) (1) Enquanto há catequese (2) Quando não há catequese (3) 1.º e 2.º sábados (4) 3.º e 4.º sábados

HOJE (10/11)

-

Marítimos

Barreiro

-

Lajense

São Mateus

-

NSIT

DOMINGO (12/11)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

SEGUNDA (13/11)

AÇÃO “WORK IN PROGRESS” IMPROVISAÇÕES COM POETAS, ARTISTAS PLÁSTICOS E MÚSICOS Local: Re.Act Studio - AJAIT Hora: 15H00 às 19H00 APRESENTAÇÃO DE LIVRO A REPARTIÇÃO PEDRO CHAGAS FREITAS Local: ARGl Hora: 20H30

08:30 09:00 10:00 10:00 10:00 10:30 10:30 10:30 11:00 11:00 11:00 11:00 11:00 11:00 12:00 12:00 12:00 12:00 12:15 12:15 12:30 13:00 19:00 19:00 20:00

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

QUARTA (15/11)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

SEXTA (17/11)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

SÁBADO (18/11)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

DOMINGO (19/11)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

SEGUNDA (20/11)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

TERÇA (21/11)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

QUARTA (22/11)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

QUINTA (23/11)

SÁBADO (11/11)

ASSINE

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

OUTONO VIVO 2017 WORKSHOP DE VIOLA DA TERRA “UMA PARTILHA MUSICAL” POR RAFAEL CARVALHO Local: AJAIT Hora: 14H30 às 17H00

BISCOITOS Posto da Misericórdia ( 295 908 315 SEG a SEX: 09:00-13:00 / 13:00-18:00 SÁB: 09:00-12:00 / 13:00-17:00

VILA DAS LAJES Farmácia Andrade Rua Dr. Adriano Paim, 142-A ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-18:30 SÁB: 09:00-12:30

CONCERTO BANDA “RAFAEL CARVALHO TRIO” CAROLINA CONSTÂNCIA (VILONIO),

ASSINATURA ANUAL 15,00 EUR •

TERÇA (14/11)

QUINTA (16/11)

LANÇAMENTO DE LIVRO VIAGEM PELA ESCURIDÃO FRANCISCO COTA FAGUNDES Local: Bar AJAIT Hora: 20H00

NOTA: Esteja na nossa agenda desportiva, envie toda a informação para desporto@jornaldapraia.com

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

ESPETÁCULO MIGUEL GAMEIRO & POLO NORTE Local: ARGl Hora: 22H00

5.ª JORNADA | 19.11.2017 Boavista

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

ATIVIDADE INFANTO-JUVENIL “FESTA REDONDA” Local: Bar da AJIT Hora: 10H00 às 13H30

DOMINGOS

- São Brás - Vila Nova, ENS Ajuda - Lajes, Ermida Cabouco - Cabo da Praia (1) - Biscoitos, S Pedro - Agualva - Casa Ribeira (1) - Santa Rita - Lajes - São Brás - Cabo da Praia (2) - Porto Martins - Casa da Ribeira (2) - Biscoitos, IC Maria - Vila Nova - Fontinhas - Matriz Sta. Cruz (1) - Quatro Ribeiras - Fonte Bastardo - Sta Luzia - Matriz Sta. Cruz (2) - Lajes, ES Santiago - Lajes - Matriz Sta. Cruz (3) - Matriz Sta. Cruz (4)) (1) Missas com coroação (2) Missas sem coroação (3) De outubro a junho (4) De julho a setembro

SÁBADO (11/11)

OUTONO VIVO 2017 FESTA REDONDA ABERTURA FEIRA DO LIVRO Local: AJAIT Hora: 10H00

assinaturas@jornaldapraia.com

VILA NOVA Farmácia Andrade

CÉSAR CARVALHO (VIOLÃO), RAFAEL CARVALHO (VIOLA DA TERRA) Local: Bar AJAIT Hora: 21H30

Caminho Abrigada ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-12:00 / 16:00-18:00

Farmácias de serviço na cidade da Praia da Vitória, atualizadas diáriamente, em: www.jornaldapraia.com


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