Jornal da Praia | 0504 | 15.09.2017

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Diretor: Sebastião Lima Diretor-Adjunto: Francisco Ferreira

Nº: 504 | Ano: XXXV | 2017.09.15 | € 1,00

QUINZENÁRIO ILHÉU - RUA CIDADE DE ARTESIA - 9760-586 PRAIA DA VITÓRIA - ILHA TERCEIRA - AÇORES

FESTAS DA PRAIA

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ANTÓNIO NEVES LEAL FILÓLOGO E ESCRITOR, AUTOR DE “VARANDA DE PARIS”

SENSACIONAL FEIRA TAURINA

TAUROMAQUIA | P. 3

DUQUES DE BRAGANÇA VISITAM TERCEIRA Jantar organizado pela Real Associação da Ilha Terceira, reuniu cerca de 6 dezenas de monarcas terceirenses. Dom Duarte, no uso da palavra, sublinhou que as verdadeiras democracias são monarquias, nas quais o nível de vida das populações é muito superior ao das outras nações não monarcas.

ENTREVISTA DESTAQUE | P. 7

MONARQUIA | P. 5

PEDRO DE MERELIM VIDA E OBRA

FUTEBOL VETERANOS

TORNEIO FESTAS DA PRAIA

Num ambiente de confraternização e amizade, o torneio contou com a presença de veteranos do Sport Club Praiense, Sport Clube “Os Leões”, Juventude Desportiva Lajense e Grupo Desportivo Unidos do Cano da cidade de Guimarães. Por: Jácome de Bruges Bettencourt OPINIÃO | P. 13 PUB

DESPORTO | P. 14


JP | CANTO DO TEREZINHA & CARTOON

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AZUL & COR-DE-ROSA Soube-se um dia destes que uma Editora do Porto tirou do mercado cadernos de exercícios porque uns eram destinados a meninos e outros a meninas, e então a geringonça e o governo por ela suportado disse que era discriminatório, que não podia ser. Bom, e a editora que precisa vender livros e não quer problemas com o governo (os açorianos estão a perceber o que Canto do Terezinha quer dizer, não estão?... Assim como assim não é coisa muito nova, pois não?), lá resmungou mas fez o que a Censura mandou.

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FICHA TÉCNICA

Perante este atentado – cor-de-rosa ao azul ou azul ao cor-de-rosa – reunimos de emergência a comissão para a igualdade e ficámos escandalizados com as discriminações que andam por aí! Pois

PROPRIETÁRIO: Grupo de Amigos da Praia da Vitória (Associação Cultural sem fins lucrativos NIF: 512014914) Fundado em 26 de Março de 1982

não é que as lojas de pronto a vestir têm indicações e zonas de roupa para homem e para mulher? E os provadores também são separados? E os estabelecimentos públicos e as próprias câmaras municipais têm sanitários, WC ou quartos de banho públicos separados para uns e outras? Que é isso? No séc XXI e na república mais progressiva da europa e arredores em que até assaltar e roubar armas e explosivos em quarteis não tem importância nenhuma? Acabem já com essa pouca vergonha nas barbas da autoridade: Quartos de banho públicos comuns e vai tudo a monte! Mai nada!

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JP | TAUROMAQUIA

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FESTAS DA PRAIA 2017

SENSACIONAL FEIRA TAURINA

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m corrida de concursos de ganadarias, na primeira corrida das Festas da Praia, os cavaleiros esmeraram-se em lides unanimemente reconhecidas de grande gabarito. Destaca-se João Moura Jr com uma prestação de enorme pundonor, a arrebatar, muito justamente, o prémio para a melhor lide. Diligente, João Pamplona apresentou-se de forma satisfatória não defraudando os aficionados. Por sua vez, Luís Rouxinol Jr, com o à vontade que se lhe reconhece, saiu airosamente da arena da Monumental de Angra. Os exemplares da ganadaria Eng. Luís Rocha apresentaram-se bravos e nobres, principalmente o primeiro da sorte. Já o segundo, revelou-se mais preso às tábuas, porventura fruto da adaptação aos baldios terceirenses que os deixaram um pouco “falto de carnes”. Da ganadaria de Silva Herculano, apresentaram-se dois exemplares de ótimo porte, mas algo reservados, não deixando de cumprir é certo, porém modestos nas investidas. Da Casa Agrícola José Albino Fernandes vieram exemplares de excelente apresentação. O primeiro da lide ganhou justamente os dois prémios em disputa, enquan-

to o segundo mostrou-se impetuoso e com génio.

Os três grupos de forcados, Arronches, São Mansos e Ramo Grande, mostraram valentia e executaram pegas de muito mérito. Venceu os do Ramo Grande, graças a uma soberba pega de Manuel Pires que arrebatou o público que se levantou em aclamação e que certamente ficará na história da tauromaquia terceirense. A segunda corrida da Feira Taurina das Festas da Praia, comemorativa do 10.º aniversário do Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande (GFARG), decorreu ao mais alto nível, a começar pela presença dos aficionados que lotaram três quartos da Monumental Praça de Toiros da Ilha Terceira. Em tarde de corrida à portuguesa, os cavaleiros, autênticos mestres no toureio equestre, brindaram os

aficionados com lides verdadeiramente espetaculares. Luís Rouxinol, empenhado, protagonizou uma lide valorosa que agradou por completo. O terceirense, Tiago Pamplona, brilhou com um toureio comunicativo, primoroso e redondo. João Moura Jr, rubricou a sua melhor atuação de sempre nesta ilha, num toureio frontal com ladeamentos empolgantes, revelador da raça que é característica da escola “Mourista”.

cados. A troca de jalecas – ao quinto da tarde – entre Filipe Pires e Manuel Pires foi simbólica e emotiva, apresentando-se risonha pela renovação de valores do grupo e pela certeza da continuidade assegurada por um forcado de excecional talento, como

Do curro vieram exemplares com ferros da prestigiada ganadaria continental de Herds Dr. António Silva, bem apresentados, voluntariosos, nobres e bravos, colaborando nas lides e proporcionando um espetáculo de impetuosa dignidade, como há anos não se via nesta “terra dos bravos”. Inteiramente justa, a volta à arena da representante da ganadaria, Sofia Silva Lapa. As pegas em exclusivo a cargo do GFARG apresentaram-se ao mais alto nível, confirmando os pergaminhos que deste 2007 e há 10 anos esta parte tem sido apanágio deste grupo fundado na fresca e laboriosa freguesia da Agualva, terra materna de cerca uma dezena de grandes for-

demonstrou, nas pegas da Feira Taurina das Festas da Praia. Filipe Pires, homem ponderado e de afável trato, passou testemunho com elegância e nobreza própria de quem cumpriu exemplarmente o seu dever. Silveirinha/JP•

TERRA DOS BRAVOS Por: Miguel Alvarenga

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ecarreguei baterias na maravilhosa a acolhedora Terra dos Bravos, a minha amada Ilha Terceira - e voltei. Já com saudades. Estive ali pela primeira vez há exatamente trinta anos, também nas Festas da Praia da Vitória, quando as corridas se efetuavam numa praça portátil instalada junto ao campo de futebol e que nesse ano de 1987 contaram com cartéis também de luxo, como os deste ano, então compostos pelos cavaleiros Paulo Caetano, João Carlos Pamplona e Luís Rouxinol (que dias antes recebera a sua alternativa em Santarém) e pelos matadores espanhóis Dâmaso González e “Niño de la Capea” e o então promissor novilheiro luso Manuel Moreno. Pegavam os Forcados Lusitanos, comandados pelo meu amigo Francisco Costa e também os da Tertúlia Terceirense, que estavam no seu início. Levei uma tareia de um toiro com perto de 700 quilos numa tourada à corda no areal da Praia da Vitória - que muitos ainda hoje recordam

e eu, obviamente, nunca mais esqueci...Voltei e fartei-me de voltar à Terceira, não apenas para assistir às corridas da Praia e às Sanjoaninas em Angra, mas também para cantar o Fado, com o Gonçalo da Câmara Pereira, uma vez no Clube Praiense e outra no Teatro Angrense, em Angra

do Heroísmo, onde apresentámos em duas noites o fantástico espectáculo “Fado é Vida”, integrado também, entre outros, pelo Eduardo Falcão, o José da Câmara, a Francisca Câmara Pereira, o Rui Neiva Correia, a Mané Telles da Gama e os nossos saudosos guitarristas e amigos Manuel Cardoso e Aurélio Nabais.

Na Ilha Terceira fiz e mantenho, graças a Deus, grandes amizades. Emocionei-me agora ao encontrar as duas filhas do meu querido e sempre lembrado amigo Ricardo Jorge Mendes Rosa, respeitado crítico taurino, escritor e antigo cavaleiro amador, um Senhor que sabia de toiros como poucos e era um primor de educação, à antiga. Uma figura exemplar. Revi bons amigos, como Carlos João Ávila (que recentemente se retirou da função de director de corrida, que exerceu anos a fio com uma competência e uma aficion invulgares); como Valdemar Barcelos e João Parreira, que faziam, juntamente com os amigos Almerindo e Auledo, parte da comissão das corridas da Praia quando há trinta anos ali me estreei; como António Pontes, que foi empresário e grande dinamizador da Monumental de Angra; como João Carlos Pamplona, respeitado cavaleiro terceirense, pai dos jovens Tiago e João, seus dignos sucessores; como o eterno Silveirinha, um ícone da Praia da Vitória, a simplicidade em pessoa, cordial, amigo de seu amigo, com veia para a escrita e colabo-

rador não só do “Jornal da Praia” como da revista “Festa na Ilha”; como o Carlos Alberto Moniz, velho amigo de muitos anos, com quem tive um agradável jantar na “Adega” de São Mateus, saboreando as lapas, as cracas e os cavacos superiormente preparados pelo José Maria, proprietário do afamado restaurante e um aficionado de gema. E tantos, tantos mais. Já estou de volta a Lisboa e já tenho o coração e a alma cheios de saudades da Terceira. Onde desta vez conheci Manuel Pires, um dos grandes forcados nacionais, o novo cabo dos Amadores do Ramo Grande, grande e dedicado organizador das corridas das Festas da Praia, duas corridas magníficas e que ficam na memória, para sempre, de quem as viu. À Terceira voltarei! Sempre! A Terra dos Bravos é a minha Ilha! A minha Praia! Texto originalmente publicado no blog “Farpas” a 09 de agosto de 2017.

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VESTÍGIOS DA NOSSA HISTÓRIA: ERMIDA DA SENHORA DA GRAÇA HISTORIADOR: FRANCISCO MIGUEL NOGUEIRIA

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Não foi um trabalho fácil fazer a recolha de informação da História da Ermida da Senhora da Graça, na Vila de São Sebastião, pois está cheia de estórias da História que confundem lendas com realidade. Contudo, é esta riqueza entre a realidade factual e a memória oral coletiva que deu interesse e força a este meu artigo. A nossa História é rica em lendas, são elas que dão a Portugal muito da força e garra que os primeiros portugueses tiveram ao fundar este país, assim aconteceu o mesmo com os nossos egrégios avós ao povoar esta Ilha. A 2 de março de 1450, o Infante D. Henrique doava a capitania da Terceira (na época Ilha de Jesus Cristo) ao flamengo Jácome de Bruges, que se tornou assim no 1º Capitão-Donatário da Ilha. Era o início do povoamento da Terceira. Na Carta de Doação, o Infante outorgava a capitania a Jácome de Bruges para que “ele a povoe de qualquer gente que lhe aprouver, que seja de fé católica e santa de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Segundo Gervásio Lima, a 1 de janeiro de 1451, 10 meses depois da doação, o Capitão Jácome de Bruges chegava à Terceira com dois navios. De Guimarães, de Aveiro, de Lagos, do concelho de Vieira e do Porto, acompanharam o Capitão Bruges, os nobres senadores: João Bernardes, Gonçalo Anes da Fonseca, João da Ponte, João Leonardes e João Coelho, estes últimos importantes na História desta ermida. Além desses, vieram alguns frades franciscanos, como Frei João da Ribeira, trabalhadores e artífices, que, acampando no Vale do Paúl ou Planície dos 5 picos, chamaram a este sítio Sant’Ana da Porta Alegre ou do Porto Alegre, onde edificaram os primeiros abrigos e erigiram o 1º templo com a imagem de Sant’Ana que os acompanhara ao longo da viagem. A construção da Ermida de Sant’Ana 1454. Um ano depois começava a construção da Matriz de São Sebastião. A Ermida da Senhora da Graça deve ter começado a sua construção logo após 1455. Pelo mesmo tempo estabeleceu-se no Arrabalde da vila de S. Sebastião, João Leonardes, um dos 5 senadores trazidos por Bruges, casado com Catarina rodrigues Dias, de quem teve muitos filhos, parece que tomou ali a sua primeira casa. Também João da Ponte, outro companheiro do capitão Bruges, fez assento no Arrabalde, e teve larga descendência. Já de João Coelho, outro companheiro de Bruges, sabe-se que tomou a sua casa no PUB

Porto Judeu, desde o Vale até ao varadouro dos barcos, avançando acima das Ladeiras, e foi este o 1º terreno que nesta ilha tomou, e o único que passou aos seus descendentes. E neste sítio se aposentou com grosso tráfico de lavoura até que, sendo dividida a ilha em duas capitanias, por desgostos que teve com João Vaz Corte-Real, o 1º capitão de Angra, se viu obrigado a ausentar-se, deixando a terra aos filhos. Os primeiros povoadores começaram os trabalhos agrícolas, preparando-se para a cultura dos cereais e do pastel, o qual desde foi logo semeado, o melhor que pudesse ser, para mandar a Flandres. Nesta altura a Duquesa de Borgonha, que tinha a Flandres como capital, era portuguesa, D. Isabel de Portugal, irmão do Infante D. Henrique. D. Isabel casou-se com Filipe, O Bom, Duque da Borgonha e Conde da Flandres, com quem foi feliz. Já em Flandres, quando soube que se preparava a colonização dos Açores, D. Isabel insistiu com os irmãos para que aceitassem colonos flamengos. Tratou diretamente da escolha de colonos. Tornou-se assim responsável pelo povoamento das ilhas. Jácome de Bruges foi escolhido por ela e o pastel era algo que eles compravam e precisavam e assim começou a produzir-se este tipo de planta tintureira para exportar. Era preciso fazer o dinheiro entrar na Ilha. Vamos agora entrar na parte das histórias e lendas da Ermida da Senhora da Graça, que são tão fascinantes e ricas. Segundo uma das lendas, há muitos séculos atrás, alguns marinheiros castelhanos vindos duma das suas atribuladas viagens, desembarcaram pelo Porto Martins, precisavam de mantimentos. Estavam desejosos de encontrar alimentos e água que os pudesse saciar. Estavam esgotados. Ao chegarem à Terceira, começaram logo à procura de comida e de água para matarem a sede. Mas não a encontraram e, ao verem um campo semeado de tremoço com as vagens verdes e tenras, começaram a apanhá-las e a comê-las rapidamente, tal era a fome e a sede. Um deles, estranhando o gosto, exclamou: — Oh! Bela favita, mas ela é um pouco amarguita! - Estavam no Arrabalde, em S. Sebastião. Embora já tivessem comido algumas vagens de tremoço, continuavam com sede. Olharam em volta e não encontraram poço nenhum. Desesperados, ergueram as mãos aos céus e pediram então a Nossa Senhora que lhes deparasse uma fonte, prometendo que haviam de construir uma ermida a Nossa Senhora das Graças em louvor pela “graça” alcançada. Imediatamente a água começou a brotar e os marinheiros mataram a sede e curaram-se de muitas doenças. E como prometeram, ali se levantou, anos mais tarde, uma ermida. Quanto à realidade desta lenda, sim era possível os espanhóis terem desem-

barcado cá, mesmo que fossemos território português, porque as caravelas paravam aqui para abastecer. Apesar de ser lenda, pode ter algum fundo de verdade. Outra das lendas, a mais conhecida, e aquela que terá mais fundo de verdade histórica, diz que após o desembarque nas imediações do Porto Novo, por ali haver uma pequena ribeira e vindo nesta expedição o conhecido frei João de Deus, fora ele que achara a fonte da Graça, a água que matava a sede dos marinheiros. Estávamos a 2 de fevereiro, Dia da Nossa Senhora da Graça. E assim Frei João passou a ser Frei João da Ribeira e a Ribeira passou a chamar-se de Frei João. E por este rico presente que lhe fizera a Mãe de Deus, Frei João celebrara ali a 1ª missa. E naquele lugar que passou a ser de veneração religiosa, construiu-se a Ermida da Senhora da Graça, a Virgem Maria que lhes tinha concedido a graça, a senhora da graça, que já era de grande veneração naquele tempo. A água da fonte, por se pensar que tinha virtude, passou a chamar-se de Água Santa de Nossa Senhora das Graças e mereceu o nome porque, não só saciou e curou os ditos marinheiros, mas, durante muitos anos, muitos terceirenses. Dizia-se que curava sete moléstias e vinha gente de freguesias distantes para levar a água que curaria as suas doenças. O que podemos dizer do meio destas estórias é que segundo se julga, esta Ermida foi mandada edificar por Frei João da Ribeira. Os primeiros mordomos da Ermida foram Fernão Afonso até 1536 e Gonçalo Anes até 1552. Mesmo que haja quem defenda que a Ermida foi construída em 1568 por João Fernandes dos Ferrais e sua mulher, o que não acredito, pois os documentos provam que é anterior a isso. Acredito pois que a família Fernandes dos Ferrais tenha ajudado nalguma obra e na manutenção da Ermida, podendo ter sido, naquele século XVII, uma espécie de patronos. O Orago de Nossa Senhora da Graça era bastante venerado, vindo pessoas de toda a Ilha. Nos inícios do século XVII, a 24 de maio de 1614, o nordeste da Terceira sofreu um terramoto, que destruiu a Praia e abalou São Sebastião, na chamada 1ª Caída da Praia. Votou a Câmara sebastianense fazer no dia 24 de maio, aniversário do sismo, uma procissão como as de El-Rei (neste tempo era o último rei espanhol que governou Portugal, Filipe IV de Espanha, III de Portugal), e com efeito assim se praticou por mais de um século, mesmo depois da Restauração da Independência em 1640 e a saída dos espanhóis do Monte Brasil a 6 de março de 1642. Durante este período, o grande mordomo desta Ermida foi o Capitão Manuel Martins Fanais, que, em 1643, a restaurou, paramen-

tou, acrescentando o púlpito e amurou o adro. Nesta época, construiu-se um excelente retábulo e o magnífico sacrário que hoje se encontra na Igreja Matriz. O Capitão Manuel Martins Fenais foi mordomo até 1650. O século XVIII foi calmo para esta ermida. Depois das revoluções liberais e do papel da Ilha e dos fortes como baluartes da salvação nacional, entre 1828 a 1834, a Ermida de Nossa Senhora da Graça caiu em esquecimento, vítima dos tempos que se viviam. Por quase 20 anos, esta Ermida teve fechada ao culto, até que o padre José Ferreira Drummond, tio e padrinho do nosso ilustríssimo Francisco Ferreira Drummond, um hábil organista, que maior influência exerceu na formação espiritual de Francisco, de quem foi o 1º mestre, introduziu na Ermida os melhoramentos necessários com a contribuição de generosas dádivas. Não podemos esquecer que naquele tempo a família Drummond estava então intimamente ligada ao magistério primário e à governação da Vila de São Sebastião por várias décadas. A ermida da Senhora da Graça renascia de novo. A graça da Ermida estava de novo visível. Já no século XX, em 1950, a Ermida sofreu novas obras de beneficiação, pois o altar carecia de ser substituído, bem como o púlpito. A Sacristia estava em ruínas e as portas encontravam-se desconjuntadas, tendo-se formado uma comissão presidida pelo Padre Joaquim Esteves para restaurar este templo. Renovava-se para um novo ciclo. Hoje em dia, a Junta de Freguesia concluiu novas obras de beneficiação que deram uma nova vida a esta Ermida. A Ermida da Senhora da Graça tem uma só porta com uma janela mais acima e na frente está o adro, que é de diminutas dimensões vedado por um muro. Na parte interior, encontra-se o altar com o seu retábulo em arco, onde estão as imagens do orago, de Santa Luzia e de São Brás. O chão é todo lajeado a cantaria. A festa em honra da Senhora da Graça é festejada a 2 de fevereiro. A Ermida da Senhora da Graça continua a ser o retrato vivo da relação entre Frei João da Ribeira e a Terceira, a sua religiosidade e a sua crença naquela graça que recebeu. Envolta em mistérios e lendas, a História da Ermida da Nossa Senhora da Graça mostra-nos a importância de preservar o património e a memória do nosso passado, mostrando-nos o percurso feito pelos nossos antepassados aos chegarem a esta terra e a sua força e garra para criar condições para que se vivesse e apreciasse a vida na Terceira.


JP | MONARQUIA / OPINIÃO

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DUQUES DE BRAGANÇA VISITAM TERCEIRA

om Duarte Pio e Dona Isabel de Herédia estiveram entre 23 e 25 de agosto, em visita particular à ilha Terceira, sendo a primeira vez que a Duquesa de Bragança visitou esta ilha, ficando bem impressionada com a cidade de Angra do Heroísmo, pelo impecável traçado das ruas, arquitetura das suas casas, incluindo o seu cromatismo, os monumentos e a riqueza interior das igrejas, como o Santuário de Nossa Senhora da Conceição que visitou a convite do respetivo Reitor, cónego Francisco Dolores Monteiro Borges de Medeiros. No princípio da tarde do dia 24, estiveram de visita ao mais belo palácio municipal açoriano, onde foram

recebidos pelo presidente da câmara, Professor Doutor José Gabriel do Álamo Meneses, que lhes mostrou o edifício, onde houve, também, troca de lembranças. Ao princípio do mesmo dia, a empresa SAILTOURS, detentora de embarcações turísticas, que é propriedade de uma família local de tradições monárquicas, ofereceu a Suas Altezas Reais um passeio marítimo, num dos seus veleiros Bavaria, o “Bóreas I”, que foi muito apreciado, pois o tempo e o mar estavam propícios e o skipper Alexandre de Bruges Bettencourt e mulher, sabem sempre cativar os utentes, cumulando-os de agradáveis atenções, no cenário paradisíaco que envolve os ilhéus

das Cabras. A Real Associação da ilha Terceira, da presidência de Fernando Gastão Sieuve de Meneses, organizou um jantar, que teve lugar no restaurante Q.B., Solar da Quinta dos Fournier, ao Caminho do Meio de São Carlos, em cuja ementa houve o cuidado de se apresentarem produtos açorianos de qualidade, em que participaram cerca de 60 pessoas. Entre os presentes, viam-se monárquicos dos dois concelhos da ilha. A Praia da Vitória esteve representada por Francisco Jorge Ferreira, Francisco Silveirinha e Luís Filipe Cota Bettencourt Moniz Barreto, que aliás em 1995, integraram um grupo que,

pelo casamento real ofereceram uma coroa, em prata, do Divino Espírito Santo a suas Altezas. De Angra do Heroísmo, estiveram presentes alguns dos fundadores da Real, como Valdemar Mota, Jácome de Bruges Bettencourt, Rev. João Maria Mendes, D. Maria Serafina de Meneses Simões, Rev. Vasco Parreira, Jorge Forjaz, Rev. Francisco Dolores, Fernando e Carlos Sieuve e Francisco Ferreira, entre outros apoiantes monárquicos. Via-se ainda na mesa da presidência, Dom António de Sousa Braga, Bispo Emérito de Angra. Dom Duarte de Bragança no uso da palavra demonstrou a satisfação de mais uma vez visitar a Terceira, a (Continua na última página)

USEIROS E VEZEIROS Diz-se de quem é reincidente em determinado comportamento ou na prática de alguma coisa

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olitico e, ministro dos negócios estrangeiros do governo português, o sr. Augusto Santos Silva é “habitué” em José Ventura (*) levar ao Political Trade Market para negociar, aquilo que, nem a ele, nem ao seu patrão pertence. Depois de nos ter feito um “manguito” no processo de descontaminação do solo circundante à Base das Lages apoiado incondicionalmente pelo seu homólogo, o inadaptado ministro do ambiente que mostrou completo desconhecimento do processo em referência.

e, conforme suas declarações à saída do mesmo, referiu que Portugal está a apresentar novo projecto aos EUA relacionado com a segurança no Atlântico, “cujos detalhes não são ainda conhecidos”. Acrescentando ainda, que o governo continua a “procurar fazer das Lajes e da ilha Terceira, uma localização muito favorável para o desenvolvimento da cooperação cientifico-tecnológica em torno dos oceanos, do clima e da energia”. Entretanto entre as intenções do governo português e, a votação do Senado norte-americano quanto ao orçamento do custo de transformar a Base das Lajes num campo para exercícios de guerra aéreos e subaquáticos, continuamos assistindo embasbacados, ao referido “bailinho”.

Vem mais uma vez, o MNEP oferecer aos EUA, depois dos mesmos, terem mandado os Açores às malvas tal como, o “Gigolô” que se serviu de uma amante que conspurcou durante anos e, por interesses pessoais a despreza deixando-a sem meios de subsistência e, não bastasse, atingida por uma infecção bacteriana grave e dispendiosa no seu tratamento.

Aplausos!…… mas, há sempre um mas. Que é feito dos poderes institucionais eleitos democraticamente pelo Povo açoriano? A sua Assembleia Legislativa, o seu Governo, as Organizações Politicas e Sociais? Não será que têm no seu conjunto o direito de se pronunciarem sobre este e outros temas que toca ao futuro das nossas ilhas e das suas populações.

Tem sido um “bailinho” no qual, os seus intervenientes, ainda não acertaram com o passo. O seu “mote”? “Lajes e a contaminação dos solos e aquíferos” - efeitos do estacionamento das forças dos EUA na base aérea nº 4. - Quem paga a descontaminação depois do abandono da base: – A Administração americana? O governo português? Ou, os Açores ocupados? Quando a esta questão, Portugal joga com os seus interesses, deixando os Açores de lado, sem exigirem de modo firme que o tal “abusador” referido no nosso 4º parágrafo, se responsabilize pelos danos que deixou no seu ninho de “prazeres”. O senhor Santos Silva em encontro tido em Washington com o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson

Responda-nos quem de direito. Também Useira e Vezeira temos a “charmosa” Ana Paula Victorino. ministra do Mar, armada em “oceânide” (ninfa oceânica), que procura já à algum tempo a supremacia sobre o futuro do Mar dos Açores ou seja, o espaço oceânico considerado como a sua zona económica exclusiva na mira do colonialismo a que estamos sujeitos. Teimosamente, impõe o poder centralista de Lisboa, através dos seus mediáticos executantes, tentar pesquisar e negociar com terceiros aquilo que nos é mais sagrado, o Mar e essas ilhas que tanto amamos, “As Ilhas de Bruma”. Já a sua antecessora, Assunção Cristas bastante se interessou pela gestão do Mar sempre a favor do “nacional”.

Entre os dias 5 e 9 de Junho p.p. a ONU realizou na sua sede em Nova Iorque a Conferência sobre os Oceanos. Evento que reuniu os principais chefes de Estado e de Governo do mundo, bem assim, representantes de organizações que cuidam do tema, para apoiar a implementação do Objectivo de Desenvolvimento Sustentável 14: conservar e utilizar de forma sustentável os oceanos, os mares e os recursos marinhos para o seu desenvolvimento. As Nações Unidas acreditam que a conferência elevou a consciência global sobre problemas dos mares que vão desde a poluição marinha até a pesca ilegal e indiscriminada, a acidificação dos oceanos e a falta de governança do alto-mar. “Participantes dos Estados-membros, ONGs, sociedade civil, sector privado, comunidade científica e académica dedicaram-se a uma ampla discussão, compartilharam conhecimentos de última geração e informações mais recentes sobre ciência e desafios marinhos”. O documento final foi acompanhado de cerca de 1,3 mil compromissos de diversos segmentos – governos, sociedade civil, empresas, centros de pesquisa e organismos internacionais, entre outros –, marcando um avanço na abordagem global da gestão e conservação dos oceanos. Desconhecemos quem acompanhou a senhora ministra à Conferência sobre assunto de tanto interesse para humanidade, “Oceanos” constituídos no seu todo pelos Mares representando o dos Açores, um dos três activos, ainda pertence na contabilidade do Portugal de hoje. Estamos certos que a sua representação foi simplesmente ignorada. Na “Conferência sobre os Oceanos”, estiveram presentes e participaram países insulares. Nauru, o menor estado-membro das Nações

Unidas, com apenas 10 mil habitantes, esteve na mesma representado. Dos 51 pequenos estados e territórios insulares em desenvolvimento, reconhecidos pelo Departamento das Nações Unidas para Assuntos Económicos e Sociais (UNDESA), 38 países são reconhecidos como membros das Nações Unidas. – “Quero formalmente anunciar que Portugal se oferece para receber a próxima conferência dos oceanos da ONU, em 2020, na mesma base e com os mesmos objectivos vertidos para esta conferência”, que: - “Fazemos esta oferta como contribuição para, e em linha com o acompanhamento e o processo de revisão da Agenda 2030, sob acompanhamento e supervisão do fórum político de alto nível”. Declarou a senhora ministra no seu discurso proferido no encerramento da Conferência. Agradecemos a informação e, perguntamos: - Será que a senhora ministra também já resolveu que, a oferta feita será o território dos Açores. Serão excluídos os seus representantes legais como fez Paulo Portas. em relação à reunião com o presidente chinês Xi Jinping ignorando o Presidente do Governo Açoriano e, os nossos Símbolos? “Adaptarmo-nos às exigências do trabalho a realizar, sem perder altura no ideal superior que abraçamos, é a norma de triunfo em nossas obrigações”. E a nossa obrigação. É… PS: Entregue por Portugal nas Nações Unidas em 2009, a proposta de submissão para aumentar o território marítimo vai finalmente ser avaliada. Consta que o processo tem sido acompanhado por um representante dos Açores. Voltaremos ao assunto… (*) Por opção, o autor não respeita o acordo ortográfico. •


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o Cantinho do Psicólogo 170

As Surpresas das Caminhadas

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u a n d o fazemos caminhadas podemos ter belas surpresas, nomeadamente da paisagem que, pela sua beleza é susceptível de aleAurélio Pamplona grar o corpo e a (a.pamplona@sapo.pt) alma, como a fotografia apresenta um bom exemplo. Mas também podemos ser surpreendidos de forma desagradável, se não formos capazes de caminhar com as devidas precauções. Igualmente ao longo da vida acontecem muitas surpresas: boas, ruins, inesperadas... E, como defendeu Hugo (2017), «temos que estar preparados para reagir a cada uma». Por isso recomenda que, quer se chore ou rie, se faça caretas, se pule, dance, cante ou corra, se seja capaz de apreciar cada momento da vida, como se fosse único e especial. Não se deve buscar a felicidade muito longe, visto a mesma pode estar mais perto de nós do que se imagina.. A felicidade não existe para aqueles que sofrem de dissonias (i. e., anomalias na quantidade, qualidade ou horário do sono), de que são exemplo os que sofrem de insónia crónica, porque dormem pouco, ou de hipersónia, por dormirem demais, os que são acometidos de episódios irresistíveis de sono, de alterações do ciclo ou das fases do sono, ou ainda para aqueles que para ultrapassar estes problemas são incapazes de recorrer a ajuda profissional. Estas situações não se resolvem por si próprio, e repete-se, a acumulação de horas de sono é altamente prejudicial à pessoa e afecta o próprio viver.

São como o stress, tema que se espera abordar brevemente nas suas múltiplas frentes, em especial, o que fazer para o ultrapassar ou dominar. E abordaremos prioritariamente este tema porque, como todos sabemos, muitas vezes é ele que nos arruína a vida nas mais variadas situações, só e quase exclusivamente porque nos falta preparação para o dominar.

de dormir surgida inesperadamente, em qualquer ocasião ou lugar; (3) sonambulismo (i. e., incidentes de actividade motora complexa, como deambular pela casa a dormir em sono profundo); (4) síndrome das pernas inquietas (i. e., aparecimento de sensações desagradáveis nas pernas, que é aliviada quando se mexem os membros inferiores; (5) sonilóquio (i. e., falar a dormir); (6) pesa-

ciam-se mutuamente, porque um mau dia dará uma má noite, e vice-versa, e portanto não desespere, tudo tem solução e se resolve»; (2) a hipersónia - «a hipersónia recorrente é uma doença completa»; (3) a apneia: - «se sofre de apneia, trate-se antes que seja tarde demais»; (4) a narcolepsia – «se sofre de narcolepsia, não se deixe passar por dorminhoco ou preguiçoso visto poder tratar-se e melhorar a sua qualidade de vida»; (5) a síndrome das pernas inquietas – «se as suas pernas não param, ou se têm dores ou sensações estranhas no adormecer e tudo melhora quando se mexe, trate-se não sofra em vão». Em termos gerais, o muito que há a fazer para a pessoa se sentir bem, e ter boas noites de sono, relaciona-se com dois temas fundamentais. Primeiro: ser capaz de enfrentar as situações de stress, e de as alterar no sentido de as mesmas não lhe serem prejudiciais. Segundo, e em caso de continuar a sentir-se afectado pelas agruras da vida, ser capaz de aprender e aplicar-se no relaxamento, na meditação, na consciencialização e na atenção plena, de forma a minorar toda a problemática que ainda o possa afligir. Daqui nasceu o tema a que vamos dedicar os próximos Cantinhos. Siga-nos.

A felicidade e o próprio bem-estar não existem também para aqueles que sofrem de outras perturbações, doenças de sono, ou de parassónias (i. e., alterações fisiológicas ou comportamentais associadas ao sono) como: (1) apneia (i. e., paragem respiratória temporária durante o sono, frequentemente associada a ressonar forte); (2) narcolepsia (i. e., aparecimento da necessidade imperiosa

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delos e terrores nocturnos; (7) urinar na cama; (8) bruxismo (i. e., ranger os dentes); e (9) outras. Não sendo possível esclarecer toda esta problemática optou-se por referir o que Paiva (2008), uma autoridade sobre a problemática do sono, sintetiza num dos seus livros em relação a alguns dos temas referidos sobre: (1) a insónia - «o dia e a noite influen-

Referências: Hugo, V (2017). Surpresas da Vida. Salvado em 04 Abr. Fonte: Pensador. Tema: Frases › Autores › Victor Hugo (1885 -1885). Website: https://www.pensador. com/frases_sobre_surpresas/7/. Paiva, (2008). Bom sono, boa vida. Alfragide: Oficina do Livro – Soc. Editorial, Lda.

Foto: L. Pamplona•


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ENTREVISTA A ANTÓNIO NEVES LEAL AUTOR DE “VARANDA DE PARIS”

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ntónio Neves Leal, 74 anos, homem da literatura e da filologia românica, desde tenra idade se deslumbrou pela magia das palavras, destacando-se dos demais colegas de escola pelo brilhantismo das redações. A este gosto pela leitura e escrita não terá sido alheia a influência dos vários mestres que ao longo da sua formação foi encontrando, entre os quais, o expoente máximo da escrita insular, Vitorino Nemésio. Imigrado em França durante 5 anos, ao longo dos últimos 40 anos, publicou várias obras, a última precisamente intitulada “Varanda de Paris”, coletânea de crónicas publicadas no jornal “A União”, onde para além de patente todo o seu amor aos Açores, é abordado entre outros temas a “emigração”, fruto das suas vivências na “cidade das luzes”. Colaborou na revista “Atlântida” do Instituto Açoriano de Cultura e em vários jornais dos Açores, Madeira, continente português e das comunidades açorianas do Canadá, França e Alemanha. Durante cerca de 31 anos colaborou regularmente no jornal “A União” e desde 1990 vem colaborando no Jornal da Praia. Para além da escrita, participou ativamente na vida política, social e cultural da ilha, tendo sido em 1981, mandatário terceirense da candidatura do general Ramalho Eanes à Presidência da República, e em 1988, candidato nacional ao Parlamento Europeu, pelo Partido Socialista. Foi também durante 18 anos, coralista do Orfeão da Praia da Vitória. Jornal da Praia (JP) – O António é um homem da literatura e da filologia românica que, ao longo da sua vida, deu aulas, foi sindicalista, imigrante em França e escreveu muitas crónicas, quer para o saudoso jornal “A União”, quer mais recentemente para o “Jornal da Praia”. Indo um pouco às origens, diga-nos quando e como despertou para a escrita e qual a influência das suas diversas vivências neste percurso, hoje, de mais de 40 anos? António Neves Leal (ANL) – O meu gosto pela escrita remonta ao tempo da infância. Quando eu frequentava, nos anos 50, a escola primária, hoje o primeiro ciclo do ensino básico, surgiu-me o gosto pela leitura, estimulado pelo meu professor da 4ª classe, um jovem docente natural das Flores. A partir daí comecei a gostar muito de fazer redações sobre as coisas que observava e os temas mais diversos e próprios daquela idade. E assim passei a revelar um crescente interesse pela escrita e a ter um certo ascendente sobre os meus colegas na turma. Muito frequentemente era incumbido de algumas funções que me desagradavam, como distribuir reguadas aos com-

ANTÓNIO NEVES LEAL considera que hoje há “um uso e abuso de biografias, visando notoriedade fácil e efémera” . panheiros, quando estes cometiam erros no ditado. Naquele tempo havia uma pedagogia exigente e punitiva. O castigo era então bem aceite, fazendo parte das práticas de aprendizagem. Os próprios pais o recomendavam, quando fosse preciso. A régua, que sucedera à férula no ensino, não era para mim benquista, porque detestava distribuir palmatoadas na aula e depois, à saída das aulas, ter de encarar os amigos por esse motivo. Mas havia uma certa cumplicidade e benevolência entre nós, e o castigo acabava por ser suave e considerado quase uma brincadeira. Criava-se, no fim de contas, um espírito de competição sadia – emulação – entre os alunos, o que nos dias de hoje não seria recomendável. Era norma naquele tempo, os alunos que cometessem três erros, não irem prestar provas do primeiro ciclo do ensino básico – quarta classe – Daí o rigor exigido na aprendizagem da língua materna. No Seminário e na Escola Industrial e Comercial e posteriormente no Liceu e Escola do Magistério, esse gosto pela leitura e escrita foi sendo incrementado. Na Faculdade de Letras, esse pendor foi ainda mais acrescido com a sorte de ter dos mais reputados mestres: Jacinto Prado Coelho, Pe. Manuel Antunes, Lindley Cintra, Maria de Lourdes Belchior, Vitorino Nemésio e tantos outros, sem esquecer os três docentes de Língua e Cultura Francesa que me acompanharam durante o curso. Foi em parte graças a estes últimos e à professora de Literatura Francesa, Maria Alzira Seixo, que comecei a despertar e sentir esse gosto de ler e escrever numa nova língua, a qual para mim se tornou uma verdadeira paixão, e seria o detonador decisivo para a minha aventura pública da escrita.

Estava então em 1974, num curso de pos-graduação para professores estrangeiros, na Universidade de Poitiers, em La Rochelle, e um dia foi-nos proposto escrever um texto de tema livre. Eu, como insular que era, optei logo por fazer um texto de prosa poética, inspirado na ilha e a coisa saíu-me espontânea e bem escrita. Inesperadamente me vi catapultado para o patamar da pequena fama académica, com incumbência de ser porta-voz de duas centenas e meia de colegas vindos de vários países, e bolseiros, como eu, do governo francês. Depois vieram as saudações, os comentários públicos, e tive de fazer a publicação de um pequeno discurso de agradecimento e exaltação da cultura francesa, no Jornal “Sud-Ouest”, de Bordéus. No ano seguinte, fui logo concorrer, como leitor de Português, para vários países francófonos, sendo nomeado em 1975 para o Liceu Internacional de Saint-Germain-en-Laye, como professor e Diretor da Secção Portuguesa, mas assegurando a minha colocação no Liceu de Angra, como professor efetivo, não fosse o diabo tecê-las. Em 1976, outro momento marcante, após férias nos Açores, iniciei em “A União” a publicação da “Varanda de Paris”. Entretanto o apego e o amor à ilha, bem patentes nestas crónicas, foram mais fortes, e trocando a minha permanência parisiense e uma hipótese de ir para Colónia – Alemanha – prosseguir idêntico trabalho, como em Paris, tomei a decisão de regressar aos Açores. Devo confessar que isso não foi fácil e auscultei amigos, mas creio que até hoje, não tive muitos motivos para me arrepender. Sinto-me feliz por estar nos Açores e por ter dado alguns contributos para a divulgação do Arquipélago, durante estes 40

anos de atividade. E estar hoje aqui a dar esta entrevista ao Jornal da Praia, a que estou ligado desde 1990. JP – Recentemente, mais concretamente em junho, lançou a obra “Varanda de Paris”, que sucedeu ao livro biográfico lançado o ano passado “Pegadas de Uma Caminhada”, sobre o Padre Manuel Garcia da Silveira. Qual é o processo de criação que leva um autor passar de um registo biográfico a uma obra de cunho mais pessoal como é o caso de “Varanda de Paris”? ANL – Foi com alguma relutância que aceitei o convite de um antigo colega do Seminário de Angra para escrever a sua biografia e abordar a sua vasta obra em prol da arte sacra. Mas, com a sua insistência, acabei por anuir. Assim nasceu “Pegadas de uma caminhada”, lançado no ano passado. Eu antes já havia escrito duas outras biografias, género que muito me encanta desde a juventude. Todavia, para um autor é um trabalho difícil, que exige isenção e pesquisas aturadas, e muita delicadeza na sua feitura, sobretudo quando os biografados estão vivos e, mais ainda, residindo em meios pequenos, como os Açores. Aliás, aproveitei um dos momentos do lançamento da terceira biografia, na cidade da Horta, para frisar algumas dessas dificuldades e especificidades, na minha exposição sobre a evolução do conceito de biografia, numa perspetiva diacrónica, desde os tempos mais recuados até à atualidade. Sobre esta última, repito o que disse então no Faial. Hoje há um uso e abuso de biografias, visando notoriedade fácil e efémera. Além disso, um autor deseja sempre variar, superar barreiras e alargar horizontes, o que não se coaduna com (Continua na página seguinte)


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VARANDA DE PARIS É SEGUNDO O AUTOR “UM HINO DE AMOR AOS AÇO (Continuação da página anterior)

a uniformidade, a utilização e o estilo das obras construídas segundo os cânones ou regras de um só género. No caso presente, este livro visa retomar, agora, uma trajetória da escrita anterior, abandonada temporariamente por via de circunstâncias surgidas depois do meu retorno ao arquipélago, nomeadamente o período de preparação para a fundação do quinzenário “Directo”, que me obrigou, mais de quatro anos, a estar totalmente votado a essa causa. E também a posterior intervenção partidária no Partido Socialista, quer como Vogal da Assembleia Municipal de Angra, quer como candidato à Assembleia regional dos Açores, Assembleia da República e Parlamento Europeu, na lista de Maria de Lourdes Pintasilgo, em 1988. Após a minha desvinculação do PS, voltei à atividade política como candidato da ADA (Aliança Democrática dos Açores) e participei também nos Estados Gerais do PS, na área da Educação e Ensino, como acontecera anteriormente no tempo em que fui dirigente socialista. Este interregno na política partidária, embora ressentindo-se menos na forte colaboração jornalística, foi impeditivo da investigação e da criação ficcional. Quarenta anos decorridos, com o tempo a fugir vertiginosamente, não sei se vou a tempo de corrigir o rumo pretendido e voltar aos livros, que ficaram encalhados por entre escolhos e papéis, durante vários anos. JP – Centrando-nos em “Varanda de Paris”. Como surgiu a ideia do seu lançamento e que mensagens se pretende transmitir quando se publica uma coletânea de crónicas de jornais escritas há cerca de 40 anos, com temas e geografias tão diversas? PUB

ANL – A “Varanda de Paris” surgiu com uma tripla intenção: comemorar os 40 anos de escrita em jornais, revistas e livros; mostrar como era a vida nos Açores e Portugal, indicando algumas realizações daquele tempo; e, com base na documentação contida no livro, comparar o que foi feito ou não, nesses tempos turbulentos, com a nossa vivência hodierna. A obra retrata uma das épocas mais criativas e interessantes da nossa história, a partir de Paris e na ótica de um açoriano estando longe, mas vivendo atentamente as questões da terra mãe. É um hino de amor aos Açores e a Portugal, no qual desejo contribuir, com ideias e achegas, para a melhoria das condições de vida, não só dos portugueses radicados no estrangeiro, mas também daqueles que os esperam com saudade e ansiedade. Esta obra, portanto, não se compadece com tricas mesquinhas nem aproveitamentos partidários ou interpretações retorcidas. Para o compreender bem, tal como foi afirmado por Herculano Godinho, na sua magistral e perspicaz apresentação é preciso ler a introdução do autor. Coelho de Sousa, em carta que me endereçou, sintetiza quase tudo o que pretendi com esta reedição – “gratidão pelas tuas Varandas, donde não só se avista Paris e o mundo, como se aspira a brisa dos Açores, que não falta no teu empenho”. Obviamente que o leitor é livre de interpretar a obra com a sua sensibilidade e espírito crítico. Este não é, nem pode ser apanágio de críticos encartados que leem as obras com demasiada pressa, não atingindo, por vezes, o âmago das mesmas, nem a sua beleza estilística. Nestas crónicas abordei múltiplos temas, alguns deles inovadores nos Açores, como os da ecologia, da agricultura, do ensino, etc. Procurei

ANTÓNIO NEVES LEAL diz que “Varanda de Paris” é uma saudação

belas culturas do mundo, pelo seu carácter científica, artistico e civiz trazer à colação a forma como muitos deles estavam a ser encarados na Europa da CEE. E tentei alertar os nossos concidadãos para a sua utilidade, com vista ao progresso das populações.

Devo afirmar que alguns desses temas foram baseados em leituras de publicações científicas. Foi o caso de quatro crónicas dedicadas aos problemas agrícolas, muito importantes na vida de tantos açorianos.


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ORES E A PORTUGAL” QUE RETRATA A ÉPOCA MAIS CRIATIVA DA NAÇÃO entre elas, a do Embaixador da França em Portugal, a do Prof. Doutor François Boulet, autor da grande história do Liceu Internacional, e a do meu colega atual Diretor da Secção Portuguesa. Infelizmente, é de estranhar não ter chegado nenhuma referência de entidades oficiais portuguesas, a quem foram enviados alguns exemplares do livro.

de agradecimento à França”, onde Paris é o “farol de uma das mais zacional”. Gostava também de salientar uma outra vertente do livro: das 52 fotos, vinte delas aproximadamente são sobre Paris, como farol de uma das mais belas culturas do mundo, pelo seu carácter científico, artístico e ciPUB

vilizacional. Neste particular, o meu livro pretende ser uma saudação de agradecimento à França. Isto mesmo está patente na forma como o livro foi recebido e as opiniões manifestadas,

JP – “Varanda de Paris” aborda entre outros temas a “emigração”. O próprio António em declarações ao jornalista Sidónio Bettencourt no programa “Atlântida” transmitido durante as Festas da Praia 2017, considerou este tema “uma vertente fulcral” do livro. Neste mundo atual, com as questões do terrorismo a serem por alguns setores associadas às políticas de emigração e migração, inclusivamente em França, e perante a posição da administração americana nesta matéria, que mensagem transmite este livro em relação a este assunto? ANL – Efetivamente, a emigração é uma vertente fulcral do livro. Nem podia deixar de o ser. Um dos meus compromissos, ao aceitar a minha nomeação para França, em 1975, pressupunha dar uma atenção especial à vasta comunidade portuguesa lá existente. Só na região parisiense ultrapassava 800 mil imigrantes. Nas minhas vindas a Portugal, frequentemente, frisei o facto de Paris ser a 2ª cidade lusófona do mundo, como Montréal era para França a 2ª francófona. E com esta comparação, lá fui conseguindo alguns apoios para as causas mais importantes a favor dos nossos concidadãos. O mesmo aconteceu numa entrevista que dei à Radio France Inter, num dos momentos altos para a promoção de Portugal e da Língua Portuguesa em França, sublinhando o in-

teresse dessa comparação para as línguas dos dois países. Isto veio a propósito da classificação de uma aluna da Secção Portuguesa do Liceu Internacional, que obteve o honroso 2º lugar na prestigiosa prova, a nível nacional, conhecida por “Concours Général”, que distingue os melhores alunos concorrentes dos liceus franceses. Procurei também trazer a público os problemas e facilidades do Acordo Luso-Francês de 1977, analisados em duas crónicas, onde afloro a necessidade de maior comunicação bilateral entre os portugueses de lá e de cá, um maior apoio ao ensino do Português aos imigrantes que quisessem regressar, e a situação das equivalências dos estudos. Estes e outros poblemas são traves-mestras do livro, que começa e acaba com referências à temática da emigração. A primeira crónica, “À Doce Terra Açoriana” e a última, “Emigrados, que regressso?” Como se depreende, a emigração/ imigração abordada neste livro, está baseada em documentos assinados pelos dois Estados, em que tudo obedece a exigências legais e a condições de reciprocidade. Hoje, a situação é muito diferente. A questão da insegurança, com as ondas de refugiados e oportunistas à mistura, altera tudo por completo. A França foi ao longo da sua história um país de grande acolhimento e destino para muitos povos, à semelhança de outros como os EUA, o Reino Unido, e a Alemanha. No hexágono francês há, legalmente, cerca de 10 por cento da população, oriunda dos países árabes e das antigas colónias africanas e da Indochina, o que representa mais de 6 milhões e meio de pessoas. A solução dramática dos refugiados não pode ser ignorada e é urgente que seja rapidamente regulada, não (Continua na página seguinte)


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ANTÓNIO NEVES LEAL ENTENDE QUE NÃO EXISTE LITERATURA REGION

ANTÓNIO NEVES LEAL sustenta que a melhor forma de valorizar a literatura insular é levá-la a um maior número de leitores possível “e para isso é fundamental a importância do mercado e da distribuição para os autores açorianos”. (Continuação da página anterior)

somente ao nível da Europa, mas à escala global. O mesmo se aplica à insegurança que se vive nos dias de hoje. O problema diz respeito a todos os países, e não a dois ou três. As opiniões das sociedades civis, os órgãos de comunicação e os programas do ensino, entre outros organismos, devem sensibilizar as pessoas e alertá-las para esses novos desafios. Apenas com a diplomacia lá não chegaremos, dada a magnitude dos problemas. A mensagem deste livro aponta para a necessidade de lutar em prol dos deserdados da sorte. É preciso, pois, criar condições de acolhimento justas e de reciprocidade. Para os que chegam e querem trabalhar e ter uma vida nova e para os que os vão receber. Os primeiros são merecedores desse apoio. E tanto os franceses como os portugueses têm vasta experiência neste domínio. Não se pode tolerar a entrada de oportunistas e bandoleiros disfarçados de refugiados, que vêm apenas semear violência e desordem. O problema da insegurança e dos refugiaPUB

dos tem de ser resolvido a montante e a jusante, isto é, tanto nos países de origem dos problemas como nos de acolhimento. É preciso ser solidário e assertivo nas posições a tomar. Não creio que do maior país de imigrantes do mundo, os EUA, com a política do seu actual presidente se possa exigir algo de benéfico. Os Açores, atendendo ao que tem sido feito aos repatriados, muito pouco ou nada têm a esperar, infelizmente. JP – Virando a conversa para uma dimensão regional, para o António, poder-se-á falar de uma literatura regional ou pelo contrário, estamos perante uma escrita que é eminentemente ilhéu, no sentido de cada autor estar circunscrito ao espaço da sua ilha? ANL – Para responder à sua pergunta, vou ser direto e claro sobre esta questão. Eu não gosto da designação de literatura regional. Acho que já se perdeu demasiado tempo a discutir sobre a existência ou não de uma literatura regional açoriana. Na minha longa intervenção, na BPARLSR de Angra, no dia 25 de maio, dedicado ao Autor Português, ficou patente, o que penso sobre este assunto.

Para mim, o que existe nos Açores é uma literatura portuguesa de expressão açoriana. Eu, que me perdoem a imodéstia, fui o primeiro estudante da Licenciatura de Filologia Românica a querer apresentar uma tese de licenciatura, então de cinco anos, sobre o açorianismo na obra de Vitorino Nemésio, orientada pelo eminente linguísta Lindley Cintra, professor da Faculdade de Letras de Lisboa. Ele ficou muito entusiasmado com o meu tema. Estávamos em 1970. Veio o 25 de Abril de 1974. As teses foram abolidas. Parei a investigação sobre o “Mau tempo no Canal”, já tendo a pesquisa cerca de cem páginas. A minha ida para França fez-me perder o exclusivo do tema, que mais tarde seria recuperado por um filólogo brasileiro. Isto para dizer que sei do que estou a falar. E por que razão aludi atrás, à obra nemesiana mais conhecida? Porque ela serve bem o meu ponto de vista. Eu penso que a melhor forma de valorizar a nossa insularidade e a literatura que aqui se faz, é levá-la ao maior número de leitores, isto é, dar-lhe um cunho universal, para que não fique acantonada apenas na ilha

ou no arquipélago, e para isso é fundamental a importância do mercado e da distribuição das obras para os autores açorianos. Para mim, o local e o universal não se opõem, interpenetram-se. O local está mais próximo, deixa as suas marcas e conhecemo-lo melhor. Por isso mesmo, é aquilo que dá mais trunfos – vantagens – ao criador da obra de arte – seja de literatura, pintura, escultura, música ou outra qualquer. A beleza e grandeza de uma obra não é consentânea com uma visão redutora, fechada, bairrista, rotulada ou catalogada com uma simples designação ou etiqueta. O que interessa, acima de tudo, é o valor intrínseco e artístico da obra, a sua profundidade e universalidade. É isto o que eu penso e defendo. No caso da “Varanda de Paris”, temos uma obra de um autor açoriano, com uma visão de abrangência regional. O livro alude a quase todas as ilhas, mostra fotos ilustrativas, sempre numa perspetiva de um arquipélago em busca de unidade e equilíbrio para o seu desenvolvimento. Isto foi escrito há 40 anos e mantenho a mesma posição, ainda hoje.


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NAL, MAS SIM “LITERATURA PORTUGUESA DE EXPRESSÃO AÇORIANA” Sobre isto podem ser lidas três crónicas com o título “Da universidade à harmonia açoriana”, nas pág. 69 a 85. Gostaria ainda de referir que a preparação e os lançamentos recentes de “Pegadas de uma caminhada” nas ilhas do grupo central: S. Jorge, Pico, Faial e Terceira, vieram reconfirmar a forte convicção e atualidade do meu pensamento. Amo profundamente a minha ilha, com provas dadas desde há muito. O meu coração palpita sempre que encontro alguém doutras ilhas, na Terceira ou noutra qualquer parte do mundo. Senti isso na França, Es-

panha, Canadá, Brasil, Cabo Verde. A maior riqueza desta dádiva da Natureza, os Açores, é a diversidade que deve ser mantida e respeitada, carinhosamente, neste maravilhoso caleidoscópio geográfico, humano, cultural e linguístico. Só assim vale a pena viver e sentiremos que formamos uma verdadeira região. JJP – Para terminar quais são os projetos para o futuro? ANL – Os projetos são muitos, mas manda a sabedoria e a curteza dos anos que me restam, ser comedido e estabelecer prioridades.

Neste momento, estou a compilar elementos para um livro de memórias sobre as minhas vivências passadas nos Açores, Continente e França, incluindo algumas ocorrências dos muitos países que tenho visitado. Espero publicá-lo dentro de dois anos. Se tiver saúde, lucidez e as musas me inspirarem. Gostaria muito de republicar algumas das “Varandas dos Açores”, insertas no Jornal da Praia, interessantes para o conhecimento da vida terceirense e açoriana dos anos 90 e seguintes, e alguns dos 112 artigos da série de “O meu Postal”, mais dirigida para o concelho angrense,

mas não só. Ainda teria muito gosto em trazer a público os meus editoriais do “Directo” dos quatro anos em que dirigi o jornal “sem medo”, como era conhecido. Na escrita de ficção, tenho intenção de publicar dois livros de contos: “Na rota da memória- quando os americanos chegaram à Terceira”; e “Cartas do meu torreão”. Um livro de poesia ”Poemas dispersos” e o “Diário de um professor”. Resta saber se terei tempo e alguns apoios para isso. JP / Fotos: Rui Sousa•

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JOAQUIM GOMES DA CUNHA (PEDRO DE MERELIM)

E DITORIAL

Jácome de Bruges Bettencourt

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Eleições Autárquicas

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á se respira num ambiente de plena campanha eleitorial para as eleições autarquicas agendadas para o dia 1 Outubro de 2017, e são frequentes as iniciativas dos partidos políticos - infelizmente de cariz nacional, pois a Constituição da Republíca Portuguesa proíbe a existência de partidos politicos regionais, ao invés do que sucede nos países do mundo mais evoluidos democrática e economicamente - a apelarem ao voto nas listas dos seus cadidatos, fazendo de tudo ao seu alcance para grangearem eleitores. São cerca de um milhar os candidatos que participam nas eleições autarquicas na Ilha Terceira, e estas eleições são aquelas em que os populares melhor se revêm, pois estão em causa a governação das freguesias e dos concelhos, por isso o povo entusiasma-se e empenha-se com mais persistência e actuação, por estar em causa o desenvolvimento das suas freguesias e concelhos. Os candidatos que forem eleitos para a governação ou oposição das autarquias locais, não devem tratar-se a si mesmos com consideração desmedida, salvaguardando os seus interesses pessoais e familiares, em detrimento dos verdadeiros interesses sociais, porque “homens sem coração sensível” não servem para ocupar cargos públicos e políticos. É facto notório que a forma de se governar mal, tem como causa essencial a falta de bons colaboradores e conselheiros, pois por vezes pode acontecer infelizmente ao politico eleito não se rodear dos mais dignos, dos mais capazes e dos mais beneméritos, porque estes não são parentes, não são amigos, não são recomendados, e assim ficam de fora, para prejuízos de tudo e de todos. Por isso resta-nos a esperança que os candidatos eleitos – para a governação ou para oposição dos poderes locais – estejam sempre inspirados no cumprimento do seu dever cívico, trilhando sempre os caminhos da verdade e do progresso, pois só assim se consegue chegar a metas justas. A democracia não é, nem pode ser sinónimo do exercicio de uma tirania partidária, e para quem chega ao poder não há caminhos feitos, mas, apenas caminhos a construir para o bem das comunidades.

O Diretor, Sebastião Lima diretor@jornaldapraia.com •

ede-me a Junta de Freguesia da Sé, para uma justíssima homenagem evocativa a Joaquim Gomes da Cunha (Pedro de Merelim), umas palavras sobre a sua vida e obra, não esquecendo que nesta freguesia, residiu, largas dezenas de anos, com a família na travessa de São João, numa das casas que foram do comerciante Manuel Gouveia e depois na rua Recreio dos Artistas, no número 48, que pertenceu ao médico António Rodrigues, e por último no número 27, que os seus familiares adquiriram após o sismo de oitenta. Joaquim Gomes da Cunha, nasceu a 11 do mês de julho do ano de mil novecentos e treze, no lugar de São Brás, freguesia de São Pedro de Merelim, Braga. Aliás o pseudónimo principal que escolheu para assinar os seus escritos advém da freguesia que o viu nascer. Era filho de António Correia da Cunha, professor primário, falecido quando ele contava três anos e pouco, e de Maria Gomes da Cunha, tendo também, sua mãe, deixado este mundo, não tinha o filho ainda nove anos. Era neto paterno de Bento José da Cunha e Joaquina Correia da Cunha, e materno de Manuel José da Cunha e Teresa Gomes. Uma infância infeliz, que o próprio referirá sobre a questão: “comi o pão que o Diabo amassou”. Fez os seus estudos secundários na Escola Comercial e Industrial Carlos Amarante em Braga, concluindo o respetivo curso que o ajudaria a abrir-lhe, mais tarde, as portas à classe de sargentos, primeiro como miliciano, seguindo, no quadro permanente, a carreira de sargento do exército. Assentou praça no R.I.1. (Lisboa), concluídos os 18 anos, a seu pedido, em 5 de março de 1931, ficando alguns anos em soldado e 1º cabo. Passou pela Escola de Tancos, frequentando o curso de gases, fumos e chamas. Tirou o 3º curso das Escolas Regimentais, em Lanceiros 2, como habilitação para 1º sargento, seguindo depois, em diligência para o Depósito Militar Colonial, aquartelado em Lisboa, na Junqueira. Quando, como furriel miliciano, servia em Infantaria 1, na Ajuda, é mandado para a ilha Terceira, em 23 de maio de 1941, integrado no Corpo Expedicionário Português, durante a Segunda Guerra Mundial, onde chega a 28 de maio seguinte, desembarcado do N/M “Carvalho Araújo” da Empresa Insulana de Navegação. As duas pessoas à chegada a Angra do Heroísmo, com quem contatou, o primeiro na rua da Sé, foi o senhor Amadeu Monjardino que lhe deu informações de como chegaria ao Castelo e já neste, o senhor coronel João Alpoim Borges do Canto, pessoas a quem sempre dedicou especial carinho e estima. Ingressou no Batalhão Indepen-

dente de Infantaria nº17, aquartelado no Castelo de São João Batista, como amanuense da secretaria. Aliás foi nesta unidade militar que serviu mais anos, bem assim no Distrito de Recrutamento e Mobilização nº17, fazendo a carreira normal de sargento, acrescida de três comissões no ultramar: Guiné, Moçambique e Angola (esta, simultaneamente com o seu genro), sem esquecer a mobilização na antiga Vila de São Sebastião, durante a Segunda Guerra Mundial. Na vida militar teve ainda uma passagem pelo Regimento de Infantaria nº7, Leiria, Depósito de Pólvoras, Sacavém, e Base Aérea nº4, nas Lajes, Terceira, para depois regressar ao BII nº17. A 5 de junho de 1943, casou-o o Padre Máximo, na Capela do Recolhimento das Mónicas, mesmo defronte da casa onde habitava a família da noiva, ou seja, na rua da Miragaia nº31, freguesia de Santa Luzia, com Albertina de Almeida Sousa, natural da Sé, conhecida modista, da popular família dos “Beirinha”. Era filha de José Joaquim de Sousa e de Angelina de Lurdes Almeida. A filha, seu enlevo, Maria de Fátima Almeida da Cunha, nasceu em Santa Luzia, na mencionada casa dos avós, a 29 de abril de 1944. Ficaria viúvo em 30 de março de 1981, em Angra, em consequência de uma trombose, ocorrida durante uma viagem aérea a caminho de Lisboa. Porém, Pedro de Merelim, não deixa de frisar que apesar de enveredar, penso que por segurança, pela senda das armas, a sua maior vocação era bem outra: o jornalismo para o que tinha especial “faro” e sabia escolher títulos. Efetivamente, torna-se conhecido, ainda na década de 40, pela permanente colaboração em jornais, sobretudo em “A União”, órgão da diocese, ao longo de cerca de quarenta anos, mas que se estende paralelamente, por meia centena de outros órgãos de comunicação social. Laborou mais de dois mil textos assinados, fora os anónimos, reportagens, locais, etc.. O pseudónimo Pedro de Merelim ganha assim notável crédito entre os leitores. Em “A União” deixa um rol de assuntos diversos, crónicas de viagens que realizou, quer nos Açores, na Madeira, em Lisboa, no Minho e em muitos outros lugares do continente, Espanha: Galiza, Burgos, Salamanca, Valladolid, Saragoça, Madrid, Vale-dos-Caídos, Escorial e Toledo; Andorra; França: Lurdes e Paris; E.U.A.; Canada; Israel; Roma e Vaticano; Cabo Verde; Guiné; São Tomé e Príncipe; Angola; Moçambique e África do Sul. Relativamente aos mais de cinquenta periódicos em que colabo-

rou, não foram só açorianos, continentais, americanos da diáspora, como da Guiné, conforme esta lista que segue, penso que ainda incompleta: Jornal do Exército (estreia), Voz de Belém, O Século, Portugal Madeira e Açores, Correio das Ilhas, Pátria Portuguesa, Mais Alto, O Primeiro de Janeiro (quase duas décadas), A Voz da Nazaré, Jornal do Comércio, Diário de Notícias, O Cávado, do Continente; Notícias da Guiné, de Bissau; Jornal de Fall River, dos E.U.A.; Madeira-Açores, do Funchal; Correio dos Açores, Diário dos Açores, de Ponta Delgada; O Dever, do Pico; O Telégrafo, Correio da Horta, do Faial; A Pátria, Diário Insular, Sport Clube Angrense, Jornal da Praia, Directo (número inaugural), Boletim Municipal “Angra do Heroísmo”. Teve responsabilidades redatoriais, em O Distrito, em o Sapador dirigido pelo sargento José Augusto Coutinho Jr. de que saíram pelo menos 7 ou 8 números entre 1942 e 43, Sentinelas do Atlântico, O Castelo (jornal mensal do BII nº17, cuja publicação teve inicio em 1 de outubro de 1965, mas que teve periodicidade irregular. Incluiu artigos de João Ilhéu, Rei Bori e Pedro de Merelim. Aqui publicou impressões de viagens que fez, incluindo uma a Torremolinos), revista Ilha Terceira, Ecos do Atlântico (Base Aérea nº4), Tradição Popular, Recreio dos Artistas (os dois últimos foram números únicos), e a já referida A União, praticamente ao longo dos 40 anos, já aludidos. É de mencionar, com destaque aqui, que Pedro de Merelim foi autor da frase “E Portugal já foi só aqui” publicada com impacto no número especial de A União em 1958, quando da visita do então Presidente da República, General Francisco Higino Craveiro Lopes. Destacamos a sua revista mensal ilustrada “Ilha Terceira” de que foi chefe de redação durante a sua existência, bem assim, o semanário “O Distrito”, publicações impressas em Angra, na tipografia Moderna, de José Cruz, depois do filho Jaime Cruz. Foi colaborador semanal de “O Primeiro de Janeiro” (de 1953 a 1972) do Porto, como correspondente, que o comtemplou com significativa lembrança. Igualmente de “O Século” e “Jornal do Comércio”, ambos de Lisboa. Chefiou o gabinete de notícias do Rádio Clube de Angra, e enquanto isso, diariamente da sua responsabilidade e autoria, apresentava uma nota de abertura, sobre aspetos da região. Foi responsável pelo gabinete de imprensa do Governo Regional dos Açores, bem assim, do Ministro da República para a Região Autónoma dos Açores. (Continua na página seguinte)


JP | OPINIÃO

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JOAQUIM GOMES DA CUNHA (PEDRO DE MERELIM)

Na revista Atlântida, do Instituto Açoriano da Cultura, de que foi sócio, em vários números, constam trabalhos seus, de que evidenciamos: Os Vátuas na ilha Terceira; À Memória de Ferreira Drummond; Figuras e Raças da Guiné; Emigração Açoriana para o Brasil e Nampula, a bela do norte.

de Ferreiros, Braga, onde residiam. Assim, “o anjo das minhas alegrias, cuja morte, me envolveu em tristeza perpétua”, faz a família regressar à ilha Terceira. Vai viver com o neto mais velho, já casado, e residente na Casa da Quinta Contente, da freguesia de São Mateus da Calheta, velha propriedade que havia pertencido desde os primórdios de 1500, aos Rodovalho e depois aos Bettencourt (dos Viscondes de Bettencourt), adquirida há cinco gerações pela família Contente, à qual, a mãe do genro pertenceu e foi herdeira da casa e ermida de São João Batista.

Em ata da reunião da mesa do Instituto Histórico da Ilha Terceira, de 28 de novembro de 1961, consta a sua eleição como sócio correspondente, assim como, do Dr. Feliciano Ramos.

Porém, longe do centro da cidade, da Biblioteca Pública e Arquivo, bem assim dos amigos mais próximos, para maior comodidade, resolve instalar-se num quarto particular do

(Continução da página anterior)

Serviu como correspondente local, as Agências noticiosas Associated Press e Lusitânia, até à extinção desta.

Foi Sócio Honorário das Sociedades Recreio dos Artistas e Fanfarra Operária Gago Coutinho e Sacadura Cabral. Em reunião da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, de 2 de julho de 1981, foi deliberado conceder-lhe a Cidadania Honorária. Ainda, por proposta da Comissão Municipal de Toponímia, em reuniões de 26 de abril e de 12 de novembro de 2010, é atribuído o nome Joaquim Gomes da Cunha “Pedro de Merelim”, a um arruamento na freguesia de Santa Luzia, deste concelho, em loteamento existente a poente da Ladeira Branca, conforme deliberação camarária do dia 8 e Edital nº33/2010 de 18 de novembro de 2010, assinado pela presidente da Câmara, Andreia Martins Cardoso da Costa. Em agosto de 1986, foi viver para Braga com a filha, professora do ensino primário, formada pela Escola do Magistério Primário de Angra do Heroísmo, o genro, Jorge Alfredo Contente Ferreira, funcionário dos serviços municipalizados de Angra (casados civilmente na C.R.C.A.H. a 6 de março de 1965 e canonicamente a 12 de dezembro de 1965 na igreja de São Mateus da Calheta. O noivo, nascido em São José de Ponta Delgada, a 14 de maio de 1944, era filho de Mateus Cardoso Ferreira, guarda-fiscal e de Angelina Lurdes Cardoso Contente) e os dois netos, Rui Manuel (nascido na freguesia da Sé, em 2 de novembro de 1966, casado na ermida de São João Batista, da Quinta do Terreiro ou dos Contentes em São Mateus da Calheta, a 3 de dezembro de 1995, com Carla Patrícia Borges Azevedo Contente Ferreira, que tiveram Diana Patrícia Azevedo Contente Ferreira, nascida em 1996, que o bisavô ainda conheceu) e Marco Paulo da Cunha Contente (nascido na freguesia N. S. da Conceição, a 26 de outubro de 1976, funcionário dos serviços municipalizados, casado a 9 de outubro de 1999, em São Mateus da Calheta, com Paula Alexandra Martins Silveira Contente). No entanto, Maria de Fátima morre a 22 de julho de 1992, na freguesia

Lar Residencial da Misericórdia de Angra, sito na rua da Carreira dos Cavalos, freguesia da Sé, onde vive até à sua morte, aos 88 anos, no dia 27 de novembro de 2001, sendo enterrado na Sepultura Nº116, da Primeira Secção, Parte Baixa, do Cemitério do Livramento, desta cidade. Não nos pudemos esquecer de que muitos dos militares que serviram no Castelo, estudaram e fixaram a sua história. Para além de Pedro Merelim (1913-2001), recordo, o sargento-ajudante José Rodrigues Ribeiro (Rei Bori) (1918-2001), o capitão Guilherme Spínola de Melo (1876-1947), o major Miguel Cristóvão de Araújo (1895-1962) e o tenente-coronel Frederico Lopes (João Ilhéu) (18961979), que deram importantes contributos, e na atualidade, o tenente-coronel Manuel Augusto Faria, com monumental obra, uma parte, como o Livro do Castelo, de parceria com Reis Leite. José Guilherme Reis Leite, autor da entrada sobre este autor, na Enciclopédia Açoriana, refere o fato de ter-se tornado conhecido não só pela colaboração em jornais, como pela investigação da história local, tendo publicado 28 títulos. Relativamente às obras que o autor deixou, reproduzimos uma rela-

ção feita pelo próprio: • A Terceira ajoelhada aos pés da Virgem de Fátima, opúsculo. Crónica impressionista dedicada aos Terceirenses residentes na América do Norte. Publicada no “Diário de Notícias”, de New-Bedford, 31 páginas. Editada em Angra, pela Tipografia Moderna, com cinco mil exemplares, esgotada em escassos dias. • Subsídios para a História do Futebol da Ilha Terceira, opúsculo, 64 páginas, 1956, publicados na “União Desportiva”, em folhetim. • Asilo de Mendicidade, sumário histórico, no 1º Centenário da sua fundação, opúsculo, 17 páginas. Editado por aquele Estabelecimento, 1960. • Nota sobre os Conventos da Ilha Terceira, 3 volumes, de 259, 256 e 333 páginas. Publicado em folhetim em “A União”, em 1960, 1963, 1964. • Memória Histórica da Edificação dos Paços do Concelho, 1966, 2ª Edição, de 1972, 113 páginas; 3ª ed., 1984, 280 páginas, 38 fotos a preto e branco e 7 a cores. Expensas da Câmara. Ed. Comemorativa dos 150 anos, 2016, 565 páginas, imagens a cores. Pedro de Merelim Assunção Melo e João Dias Afonso. Prefácio João Maria Mendes e Posfácio Jácome de Bruges Bettencourt. • Os Hebraicos na Ilha Terceira, Ed. da Revista Atlântida, 1968, 170 páginas; 2ª edição, expensas próprias, 1995, 300 páginas e 24 ilustrações a preto e branco, além de 3 a cores. • Filarmónica Recreio dos Artistas, 1967, 103 páginas, ed. da Colectividade. • Memória sobre o Serviço de Incêndios, Ed. Associação de Bombeiros Voluntários, 1969, 78 páginas. • Caixa da Santa Casa da Misericórdia de Angra, 84 páginas, 1971, Ed. da própria Caixa da Santa Casa da Misericórdia. • Toiros e Toiradas na Ilha Terceira, 371 páginas, 1970, publicado em folhetim em “A União”, Ed. União Gráfica Angrense. • Rádio Clube de Angra, 192 páginas, 1972, Ed. do mesmo Emissor. • As 18 Paróquias de Angra, 1974, 874 páginas, Ed. da Câmara, 2ª Ed., 2017, em impressão, numa parceria do Município e o I.H.I.T. . • Fernando Pessoa e a Ilha Terceira, pré-publicação na Atlântida, nº8, 123 páginas, Ed. Ínsula. • A Laranja na Ilha Terceira, Ed. do autor, 1976, página 91, publicado em folhetim em “A União”. • Serviços Municipalizados de Angra, 1979, 201 páginas, Ed. dos próprios Serviços. • Freguesias da Praia, 2 volumes, 1883, 797 páginas, Ed. Direcção Regional de Orientação Pedagógica. • Tauromaquia Terceirense, 1986, 797 páginas, 91 fotos a preto e branco, além de 7 a cores, Ed. Delegação do Turismo de Angra. • Merelim (S. Pedro), 1989, 545 páginas, Ed. Junta de Freguesia. • Adenda à Monografia de Merelim (S. Pedro), 1995, 374 páginas, Ed. Junta de Freguesia respetiva. • AÇORIANOS/ Ministros de Estado, 1996, 88 páginas, Ed. do autor.

• JUSTIÇA DA NOITE, MEMÓRIAS PERDIDAS, edição 1997, esgotado em menos de uma semana. • As Sanjoaninas na Ilha de Jesus, 2000, 144 páginas, ed. da C.M.A.H. • Três Varões (figuras nacionais) que Angra Esqueceu, A.H. 2001, 122 páginas, Ed. do autor. EXTRAS: • Guia Turístico, 1948, Expensas da Agência Teles. • Memória Histórica do Salão Municipal, 1970, Expensas da Câmara. • Cooperativas que houve na Ilha Terceira. • Monografia da Agência Teles. • Regimento de Infantaria 8 – Monografia, 1990. Escreveram sobre Pedro de Merelim várias pessoas ligadas à cultura, quer para prefácios dos seus livros, quer sobre a sua produção autoral, como Artur da Cunha Oliveira, que foi diretor de “A União”, Prof. Doutor Moisés Amzalak, Presidente da Academia das Ciências de Lisboa, Ricardo Jorge Machado Mendes da Rosa, crítico tauromáquico do “Diário Insular”, Gervásio Luso de Sousa Martins, que foi diretor de “O Distrito”, advogado e conservador do Registo Civil, Alberto Borges dos Santos (Júlio d’Angra), professor do ensino secundário e colaborador, anos a fio, em “A União”, Dr. Francisco Carreiro da Costa, antigo diretor do “Diário dos Açores” e etnólogo, Luís Rafael Martins do Carmo, colaborador do Rádio Clube de Angra e professor de Latim e Grego, na Escola Secundária de Angra e Seminário Diocesano, António Neves Leal, que foi diretor de “Directo” e professor do ensino secundário, Valdemar Mota, empresário e colaborador de “A União”, cónego João Maria Mendes, autor do prefácio da última edição (2016) da “Memória Histórica da Edificação dos Paços do Concelho de Angra”, entre outros. Curiosamente, o In Memoriam, saído em “A União”, logo após a morte, foi redigido por ele próprio e enviado em carta fechada, ficando incumbido de a abrir, após o falecimento, o seu amigo Valdemar Mota, quando ainda estava em Braga, isto é, um mês depois do falecimento da Maria de Fátima. Foi daí que tirei parte do que fica aqui registado. À sua vida militar é parco em referências, tanto que, daqui a um mês penso ir ao Arquivo Histórico Militar em Santa Apolónia e a Chelas, para recolher mais alguma coisa. Ele merece ser recordado pelas suas importantes recolhas e consequente obra, numa altura de dificuldades, que só quem viveu à época, poderá dar valor. Privei com ele e conhecia-o desde sempre, como referi no posfácio da edição especial comemorativa dos 150 anos dos Paços do Concelho e dele tenho gratas recordações.


JP | DESPORTO

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TORNEIO DE VETERANOS DAS FESTAS DA PRAIA 2017

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ntegrado no programa das Festas da Praia 2017, decorreu no Campo Sintético do Estádio Municipal da Praia da Vitória, durante a manhã de 12 de agosto, um torneio de futebol no escalão de veteranos, que contou com a presença do SC Praiense, Juventude DL, SC “Os Leões” e GD Unidos do Cano, este último oriundo de Guimarães. Em manhã de reencontro de ve-

sendo realizado há cerca de 5 anos, e que ao longo destes anos, temos tido a felicidade de trazer sempre equipas de outras paragens”. Salientou que para além do desportivismo e convívio, apanágio do mesmo, esta é também “uma forma de promover junto dos forasteiros que vem aqui jogar não só as Festas da Praia, como também o nosso concelho e ilha, merecendo também por esta

num campo que considero bom e valeu sobretudo pelo convívio e amizades entre todos nós. Já há muito tempo que temos vindo a participar em torneios deste género e com as nossas idades o mais importante é mesmo o convívio e amizade que estas realizações nos permitem. A parte competitiva noutros tempos importante, agora, é absolutamente secundária”, disse.

“Quero dar os parabéns à equipa que veio de Guimarães e saudar a organização, pois este tipo de realizações são sempre de enaltecer e desejamos estar presentes para o ano, pois estes convívios são sempre extraordinários”, acrescentou. Da parte do GD Unidos do Cano, o responsável, Custódio Lobo, manifestou-se absolutamente rendido à hospitalidade do povo terceiren-

Joaquim Santos

Emanuel Soares

Daniel Pereira

Custódio Lobo

lhas amizades muitas delas nascidas no futebol, a competição é apenas pretexto para a confraternização. Não obstante, após a final saiu vencedor a equipa da cidade berço ao bater por 1-0 a Juventude DL. Nos jogos das meias-finais, o SC Praiense foi afastado pelo CD Unidos do Cano, enquanto a Juventude DL afastou o SC “Os Leões”, no desempate através da marcação de pontapés da marca de grande penalidade. No final do torneio, Joaquim Santos, responsável pela equipa de veteranos do SC Praiense e um dos mentores do mesmo, disse ao JP que “o torneio das Festas da Praia já vem

vertente, ser por todos nós acarinhado e apoiado”. Fez ainda questão de referenciar que a deslocação da formação de Guimarães “só foi possível devido ao envolvimento de todo o nosso grupo, que não se poupou a esforços e dessa maneira conseguimos reunir as condições necessárias para que esta deslocação fosse uma realidade”. Emanuel Soares, responsável pelos veteranos do SC “Os Leões”, realçou as boas condições do campo e destacou o convívio e amizade entre os participantes como o fator mais importante. “O torneio foi bastante agradável,

Também Daniel Pereira, responsável pela Juventude Desportiva Lajense, destacou a realização do torneio pela oportunidade de convívio e de reencontro com antigos colegas e amigos. “Este torneio foi uma excelente oportunidade para convivermos e rever colegas e amigos que já não vemos há muito tempo, como é o caso do pessoal dos Leões e até do Praiense. Todos nós jogamos futebol, mas depois, como é normal, cada um segue a sua vida e agora tivemos a possibilidade de nos reencontrar, o que repito, foi excelente”, afirmou.

se, ao encanto das festas e à beleza da ilha. Explicou que a vinda até à Terceira deveu-se “a contatos estabelecidos por um nosso colega de equipa que veio para cá dar aulas e entrou em contato com os veteranos de cá, surgindo a oportunidade da deslocação”. Apesar de vencedor do torneio, também desvalorizou a componente desportiva. ”Nos veteranos o mais importante é o convívio e a camaradagem que existe entre todos nós, como esta que estamos agora a viver com estes fantásticos grupos da ilha Terceira”, esclareceu. JP / Fotos: Rui Sousa•

BASQUETEBOL: ESCALÕES DE FORMAÇÃO

CDE “OS VITORINOS” MOVIMENTOU NA ÉPOCA DESPORTIVA 2016/17 CERCA DE 45 CRIANÇAS E JOVENS

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Clube Desportivo Escolar (CDE) “Os Vitorinos” prepara-se para mais uma época desportiva, onde tem sido presença regular nos escalões de formação do panorama basquetebolista da ilha e região.

quetebol” que ocorreu na cidade algarvia de Albufeira. Convocados também para o estágio inicial da seleção de ilha foram os atletas Afonso Marques e Gabriel Lima.

social e cívica dos atletas e na articulação entre família, escola e jogos, o clube tem vindo a trabalhar no sentido de garantir a continuidade da prática do basquetebol no concelho

mental dos seus praticantes, onde o atleta evolui não só individualmente, mas sobretudo em grupo, incentivando-se a interajuda e o espírito de equipa, indispensáveis no processo

No escalão de “SUB 16”, foram convocados para o estágio inicial da seleção de ilha, os atletas António Prenda, André Bettencourt, Pedro Nunes , Gonçalo Santos e Vasco Rocha, tendo Gonçalo Santos, António Prenda e Vasco Rocha passado ao lote final dos atletas convocados. Vasco Rocha participou ainda nas provas de Albufeira, desta feita, em representação da seleção dos Açores.

praiense, o que tem sido assegurado nos últimos dois anos graças à organização e apoio de um conjunto de pais.

de formação de crianças e jovens, preparando-os para enfrentar a sociedade com comportamentos e atitudes mais adequadas, constituindo uma ótima oportunidade de formação para crianças e jovens afastando-as do sedentarismo da tecnologia.

Na época desportiva 2016/17, o CDE “Os Vitorinos” apresentou-se em três escalões de formação: minis (dos 6 aos 12 anos), “SUB 14” e “SUB 16”, envolvendo cerca de 45 crianças e jovens da área concelhia da Praia da Vitória. O clube participou em provas sob a égide da Associação de Basquetebol da Ilha Terceira (ABIT), em encontros mensais do escalão de “minis” ministrados pelos diversos clubes da ilha, nos torneios de abertura e encerramento de época, Taça de Ilha, e nos Campeonatos de ilha nos escalões de “SUB 14” e “SUB 16”. Os atletas André Terra e Tiago Correia, representaram a seleção da ilha Terceira, tendo sido convocados para o estágio inicial da seleção dos Açores no escalão “SUB 14”, a qual, participou na “Grande Festa do Bas-

Fiel à sua matriz de clube escolar, assentos na formação desportiva,

Para além da participação nas diversas provas anuais, o clube levou a efeito na época passada, um “jantar de natal” que reuniu atletas e famílias e um piquenique de fim de época na Zona de Lazer de São Brás. O Basquetebol assume-se como um desporto completo, com benefícios evidentes para a saúde física e

O clube dispõe de uma página na rede social facebook, URL: www.facebook.com/CDE-Os-Vitorinos, onde poderá acompanhar de forma atualizada todo o trabalho desta coletividade e caso esteja interessado saber como inscrever o seu filho. JP •


JP | INFORMAÇÃO

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MISSAS DOMINICAIS NO CONCELHO

16 SET Amoreiras Santa Rita - Santa Cruz Tourada Tradicional Humberto Filipe 17:30 - 20:00 19 SET Largo Comendador Pamplona Porto Martins Vacada à Corda Ezequiel Rodrigues 17:30 - 20:00 20 SET Largo Comendador Pamplona Porto Martins Tourada Tradicional Ezequiel Rodrigues 17:30 - 20:00 21 SET Largo Comendador Pamplona Porto Martins Tourada Tradicional (com entrada de gado bravo) Casa Agrícola José Albino Fernandes 17:30 - 20:00 22 SET Canada do Serra Porto Martins Tourada Não Tradicional Ezequiel Rodrigues 17:30 - 20:00 23 SET Largo Comendador Pamplona Porto Martins Tourada Não Tradicional Humberto Filipe 17:30 - 20:00 Rua dos Boiões Biscoitos Tourada Não Tradicional José Gaspar Filho 17:30 - 20:00 24 SET Rua dos Boiões Biscoitos Tourada Tradicional Manuel João Rocha 17:30 - 20:00 27 SET Figueiras do Paím Santa Cruz Tourada Tradicional António Lúcio - Francisco Pereira 17:30 - 20:00 28 SET Figueiras do Paím Santa Cruz Tourada Tradicional CAJ Albino Fernandes - Rego Botelho 17:30 - 20:00

SÁBADOS

HOJE (15/09)

15:30 16:00 16:30 17:00 17:30 17:30 18:00 18:00 18:00 18:00 18:00 19:00 19:00 19:00 19:00 19:30 19:30

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

- Lajes - Fontinhas (1) - Casa da Ribeira - Cabo da Praia - Matriz Sta. Cruz - Vila Nova - Fontinhas (2) - São Brás - Porto Martins - Sta Luzia, BNS Fátima - Quatro Ribeiras - Lajes - Agualva - Santa Rita - Fonte do Bastardo - Biscoitos, IC Maria (3) - Biscoitos - São Pedro (4) (1) Enquanto há catequese (2) Quando não há catequese (3) 1.º e 2.º sábados (4) 3.º e 4.º sábados

HOJE (15/09)

SÁBADO (16/09)

DOMINGOS

- São Brás - Vila Nova, ENS Ajuda - Lajes, Ermida Cabouco - Cabo da Praia (1) - Biscoitos, S Pedro - Agualva - Casa Ribeira (1) - Santa Rita - Lajes - São Brás - Cabo da Praia (2) - Porto Martins - Casa da Ribeira (2) - Biscoitos, IC Maria - Vila Nova - Fontinhas - Matriz Sta. Cruz (1) - Quatro Ribeiras - Fonte Bastardo - Sta Luzia - Matriz Sta. Cruz (2) - Lajes, ES Santiago - Lajes - Matriz Sta. Cruz (3) - Matriz Sta. Cruz (4)) (1) Missas com coroação (2) Missas sem coroação (3) De outubro a junho (4) De julho a setembro

SÁBADO (16/09)

CONCERTO GENTE E TRADIÇÕES FILARMÓNICA RECREIO SANTA BÁRBARA Local: Pátio da Alfândega - A. Heroísmo Hora: 20H30 ANGRA EM FESTA FÁBIO OURIQUE E OS SOMBRAS DO FADO Local: Praça Velha - A. Heroísmo Hora: 22H00

08:30 09:00 10:00 10:00 10:00 10:30 10:30 10:30 11:00 11:00 11:00 11:00 11:00 11:00 12:00 12:00 12:00 12:00 12:15 12:15 12:30 13:00 19:00 19:30 20:00

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

SEGUNDA (18/09)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

TERÇA (19/09)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

DOMINGO (17/09)

SEXTA (22/09)

SEXTA-FEIRA (22/09)

DOMINGO (17/09)

CONCERTO GENTE E TRADIÇÕES FILARMÓNICA ESPÍRITO SANTO DA CASA DO POVO DE SÃO BARTOLOMEU Local: Largo Prior do Crato - A. Heroísmo Hora: 20H30 ANGRA EM FESTA TRIPLET BAND Local: Largo Prior do Crato - A. Heroísmo Hora: 22H00

CONCERTO GENTE E TRADIÇÕES FILARMÓNICA SOCIEDADE MUSICAL RECREIO DA TERRA CHÃ Local: Praça Velha - A. Heroísmo Hora: 20H30

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Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

FESTAS TRADICIONAIS PÉZINHO - IMPÉRIO DA CARIDADE Local: Figueiras do Paím - Santa Cruz Hora: 17H30 JANTAR DE SOPAS DO DIVINO ESPÍRITO SANTO - IMPÉRIO DA CARIDADE Local: Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários da Praia da Vitória Hora: 20H00 CONTATAR: Carlos Parreira: 915 022 070 Paula Sousa: 969 005 609 Paulo Rocha: 912 248 655 Adalberto Couto: 963 428 675

QUARTA (20/09)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

QUINTA (21/09)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905 Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

SÁBADO (23/09)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

DOMINGO (24/09)

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

SEGUNDA (25/09)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

TERÇA (26/09)

Farmácia Cabral Praça Francisco Ornelas da Camâra ( 295 512 814

QUARTA (27/089

Farmácia Silva Largo Conde da Praia da Vitória, 26 ( 295 512 905

QUINTA (28/09)

Farmácia da Misericórdia Avenida Paço do Milhafre, 18 ( 295 540 290

BISCOITOS Posto da Misericórdia ( 295 908 315 SEG a SEX: 09:00-13:00 / 13:00-18:00 SÁB: 09:00-12:00 / 13:00-17:00

VILA DAS LAJES Farmácia Andrade Rua Dr. Adriano Paim, 142-A ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-18:30 SÁB: 09:00-12:30

Pizzas; Hamburguers; Massas; Saladas; etc. Fazemos entregas ao domicilio, na Praia da Vitória e arredores (+2.00€)

VILA NOVA

Mudança de horário a partir de Abril

Farmácia Andrade

2.ª a 5.ª feira das 12H00 às 22H00 6ªs e Sábados das 12H00 às 22H30 Domingos das 18H00 às 22H00

Rua Serpa Pinto Nº 14 – Santa Cruz – Praia da Vitória Telf: 295 543 341 – TM 960 455 549

Nota Editorial Esteja na nossa “Agenda Cultural”, envie toda a informação para: noticias@jornaldapraia.com.

Caminho Abrigada ( 295 902 201 SEG a SEX: 09:00-12:00 / 16:00-18:00 Farmácias de serviço na cidade da Praia da Vitória, atualizadas diáriamente, em: www.jornaldapraia.com


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2017.09.15

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DUQUES DE BRAGRANÇA VISITAM TERCEIRA (Continuação da pagina n.º 5)

última foi há dois anos, reconhecendo que é a terra açoriana mais fiel aos ideais da realeza, como a história o demonstra e documenta. Sublinhou acentuadamente, o facto de as verdadeiras democracias da Europa serem monarquias, tendo esses países evidente qualidade ou nível de vida muito superior às outras nações. Citou, como exemplos, a Dinamarca, Noruega, Suécia, Inglaterra, Bélgica, Holanda e até a Espanha, que tem sabido resolver os seus problemas, respondendo aos verdadeiros anseios dos seus povos, ao invés do nosso país. Referiu igualmente, monarquias fora da Europa, como o Japão.

Dom Duarte evidenciando alegria, reviu amigos de longa data, conversando animadamente com os presentes, procurando inteirar-se dos problemas locais. Mostrou-se preocupado com a invasão das térmitas e consequente grave prejuízo que isso acarreta para a preservação do património local, público e privado, assunto que foi aliás abordado, na conversa com o presidente do município da primeira cidade portuguesa classificada pela UNESCO, Património Mundial da Humanidade (1983). O presidente da Real Associação da ilha Terceira, Fernando Sieuve de Meneses, afirmou que “a presença de Suas Altezas vem dar ânimo a quem defende os ideais monárquicos. O país devia ser representado PUB

por um rei e não por um presidente da república, que, naturalmente, defenderá os interesses dos partidos que lá o puseram.” Referiu ainda, que “em breve, a nossa Real terá novo elenco diretivo, formado maioritariamente por gente jovem, de quem se espera, uma maior dinâmica á frente dos seus destinos”.

Dona Isabel Inês de Castro Curvello de Herédia de Bragança, nascida em 1966, viveu entre Portugal e Angola até 1975, pois é filha de um arquiteto que trabalhou nessa antiga província. Estudou no Colégio das Doroteias. Nesse ano, a família muda-se para o Brasil, onde viveu 15 anos. Concluiu os seus estudos secundários em São Paulo, no colégio de São Luís, da Companhia de Jesus e licenciou-se em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1990), regressando a Portugal onde trabalhou, até 1995, na empresa financeira BMF – Sociedade de Gestão de Patrimónios, S.A.. Casou no Mosteiro dos Jerónimos, a 13 de maio de 1995, em cerimónia presidida pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, Dom António Ribeiro. É mãe de Dom Afonso de Santa Maria (n. em 1996), de Dona Maria Francisca Isabel (n. 1997) e de Dom Dinis de Santa Maria (n.1999). A Duquesa de Bragança patrocina, diversas instituições de caridade ligadas à ajuda de crianças desfavorecidas ou com doenças do tipo, trissomia 21, mongolismo e síndroma de Down. Sua Alteza Real, a Senhora Duquesa de Bragança é Grã-Mestre da Real

Ordem de Santa Isabel, Grã-Cruz da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, Dama Grã-Cruz de Honra e Devoção da Ordem Soberana e Militar de Malta, entre outras veneras. Curiosamente, Dona Isabel tinha à sua chegada algumas senhoras suas admirado- PUB ras e uma jovem, a lic. Benedita Martins, que fez questão em ir cumprimentá-la e conversaram animadamente. D. Luísa Alcobia Leal, antiga diretora do Conservatório Regional de Angra do Heroísmo e professora efetiva do ensino secundário, ofereceu aos Duques de Bragança, um CD de música clássica, com obras de canto e piano de F. Schubert e R. Shumann, em que intervém como apreciada cantora. Dona Isabel, após o jantar, conviveu com todos os presentes, que se renderam à sua simpatia. Declarou que, se Deus quiser, para o ano, estará aqui com os Filhos. O médico dentista Manuel Bettencourt, nascido na Graciosa, mas residente há muitos anos em São

José da Califórnia, que assistiu ao jantar, convidou Suas Altezas para, em próxima visita a São Francisco (Califórnia), ficarem em sua casa, apreciando a soberba vista para a baía de São Francisco. JBB•


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