NÚMERO 2 – MARÇO DE 2014
Revista
CORIFEU Distribuição gratuita
CORIFEU:
uma perspectiva do Direito Dese nvolvimento: Núcleo de Ética Jurídica (NEJ)
revistacorifeu.nej@gmail.com
Arché
José Manuel de Sacadura Rocha – NEJ
http://profsacadura.blogspot.com.br/
CINQUENTA ANOS DEPOIS
Cinquenta anos depois do golpe militar de 1964, o Brasil ainda sofre as consequências mais funestas de tão desastroso período em nossa história. Após as Reformas de Base promulgadas pelo governo democrático do presidente João Goulart, os militares apoiados pela velha elite brasileira desferiram um violento golpe em 1964, instalando
uma
das
mais
sangrentas
e
desumanas
ditaduras na América Latina e que o mundo jamais viu. Não se contentou em intervir autoritariamente no Estado democrático de direito, impondo a servidão ao Congresso e alterando arbitrariamente a Constituição com seus atos institucionais, como deu o aval e participou ativamente do sequestro, tortura, e assassínio de centenas de pessoas.
A repressão durante a ditadura militar
Ainda hoje estamos a entender o que aconteceu e a procurar por corpos desaparecidos e enterrados em dezenas de cemitérios clandestinos e valas a esmo por todo o Brasil.
seguida de morte”, termos em que não se abre inquérito para apurar a morte.
Os jovens mal conhecem essa parte tenebrosa
Reproduzimos aqui as palavras recentes da
medieval que enodoa nossa história. Muitos jovens ainda são obrigados a escutar dos mais velhos que naquele
ministra chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário: “Para quem
tempo existia menos violência e o Brasil viveu um “milagre
ainda insiste em reduzir a discussão sobre os direitos humanos, esclarecemos: a defesa da vida é o que nos
econômico”. Na verdade, o “milagre econômico” ainda o estamos a pagar às potências e organismos estrangeiros e
norteia. Não temos compromisso com assassinatos,
serviu apenas às elites de sempre, pouco preocupadas com o povo e mais com seus interesses. Quanto à violência,
tortura, sequestro, legados infelizes da ditadura. Essas práticas persistem porque a cultura autoritária ainda não
basta olhar para o que oficialmente e oficiosamente os
foi
sucessivos governos militares, sem o aval popular e desdenhosos da soberania e da cidadania, fizeram na
compreender que não deve prevalecer a Lei de Talião nem
calada da noite, à revelia da lei e sem o mínimo sentido de humanidade. A violência que nos aflige não é por falta da
todas as Cláudias, para todos os Amarildos e para todos os seres humanos” (veja na íntegra).
superada.
Será
superada
quando
a
população
os justiçamentos, mas sim os direitos humanos para
ditadura militar, mas resultado dela, quando, sobretudo, extinguiu-se no país a educação de qualidade, formadora de cidadãos conscientes e qualificados para o trabalho digno e para o exercício político de sua soberania. Infelizmente o golpe militar ainda nos tortura: milhares de brasileiros morrem vítimas das forças policiais sob a alegação de “autos de resistência” e “resistência
Veja mais no verso