DESAFIOS DO ESPORTE LOCAL: COTIDIANO E SUPERAÇÃO DE ATLETAS
Boletim Informativo - Esportes
Produzidos por alunos da Faculdade Canção Nova
Editorial
Os esportes fazem parte do dia a dia de muitas pessoas e atualmente são importantes, não apenas pelos benefícios à saúde física e mental, mas também por funcionarem como mecanismo de inclusão social. A prática esportiva e o lazer são fatores de desenvolvimento humano, pois contribuem na formação das pessoas e na melhoria da qualidade de vida.
Apesar da relevância para a sociedade, fora dos grandes centros urbanos, praticantes de esportes precisam enfrentar a falta de reconhecimento e apoio, além dos desafios diários.
Este boletim foi criado por três alunos do curso de Jornalismo da Faculdade Canção Nova, durante o segundo semestre de 2022. Tratase de um veículo de comunicação que visa trazer ao conhecimento dos leitores e moradores da cidade informações sobre o esporte e seus desdobramentos. Pretende também gerar interesse na população local
acerca dessa temática. Aqui você conhecerá a realidade de atletas de Cachoeira Paulista - SP, que mesmo em meio às dificuldades se destacam e seguem esperançosos. Além disso, serão apresentadas competições esportivas populares na região e ações sociais incentivadoras do esporte e do lazer.
Esperamos contribuir para o desenvolvimento de uma nova
perspectiva a respeito das práticas esportivas que comumente sofrem com a falta de visibilidade e para a formação de cidadãos que reconhecem, apoiam e se interessam pelo esporte e pelos atletas que os representam.
Desejamos a todos uma ótima leitura!
Expediente
Faculdade Canção Nova
Dezembro - 2022
Boletim Informativo Laboratorial produzido pelos alunos do 2
Período de Jornalismo
Textos: Matheus Duarte
Letícia Ferreira e Gabriela Moreira
Projeto gráfico e diagramação: Matheus Duarte
fotografias: Matheus Duarte, Leticia ferreira e gabriela Moreira
Disciplina Veículo: Produção
Textual em Jornalismo
(Prof Ioná Piva Rangel)
Disciplinas Suportes:
Fotojornalismo (Prof William Brazil)
Planejamento e Editoração
(Prof Darwin Mota)
Contatos: coordjor@fcn.edu.br
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Projeto social incentiva prática de esporte entre moradores de Cachoeira Paulista
Escoladefutebolpermiteinserçãodepessoasnomundodosesportes
MatériaporGabrielaAraújo
O projeto social nasce de uma ideia de transformar a realidade de vida de outras pessoas, na qual não possuem privilégios e estão em condições de vulnerabilidade social, econômica e/ou cultural. No meio social está inserido o futebol, o esporte atrai diariamente crianças, jovens, adultos e a terceira idade.
Ademir Lima, 58, fundou em 1990 o projeto social Alegria do Povo, uma escola de futebol no município de Cachoeira Paulista, interior
cedeu a quadra da escola Emeef Prof. Otton Fernandes Barbosa, que continua sendo o local principal dos treinos.
O estudante Pedro Matusalém, 18, é aluno do Alegria do Povo. Conheceu o projeto por amigos e se interessou pelo futebol, que já estava presente em sua vida desde a infância. “Foi uma das coisas mais importantes da minha infância, pois logo quando entrei conheci muitas crianças e jovens, todos foram
Os treinos acontecem toda semana na escola Emeef Prof. Otton Fernandes Barbosa, das 19h30 às 20h30. Já aos sábados, começam às 8h00 e terminam às 9h00. Para participar dos treinos, que são totalmente gratuitos e divididos por categorias, a inscrição precisa ser realizada com antecedência para que no ato da matrícula o responsável ou aluno maior de idade preencha uma ficha com seus dados.
Futebol em Números
de São Paulo, o projeto atua sem fins lucrativos. Acolhe 156 atletas atualmente, sendo 13 meninas e 143 meninos, de 4 a 60 anos.
O fundador informou que mais da metade dos alunos do projeto já passaram ou estão passando por um momento de vulnerabilidade.“Eu sempre via os meninos nas esquinas, não tinham uma distração e nem condições de pagar uma escolinha de futebol, a partir disso reuni o tanto que pude”, relatou Ademir. Inicialmente os treinos aconteciam em um campo no bairro CDHU, mas depois da repercussão, a prefeitura
muito receptivos comigo”, afirmou Pedro.
Por conta da repercussão e pelas doações, o projeto, atualmente, tem condições de fornecer uniformes para os alunos. “Antes, os alunos participavam dos torneios com camisetas de propaganda política, pois era o que tínhamos de doação”, ressaltou Ademir. Após muito trabalho, o time participa de diversos torneios e segue conquistando prêmios no Vale do Paraíba, aumentando o reconhecimento dos atletas.
De acordo com dados do IBGE, a pesquisa realizada em Maio de 2017 apontou o futebol como a modalidade esportiva mais praticada no Brasil, com 15,3 milhões de pessoas, equivalente a 39,3% dos 38,8 milhões de praticantes de esportes. A pesquisa também aponta que em relação ao nível de instrução, o percentual cresce conforme a escolaridade: 17,3% das pessoas que não tinham instrução, 36,6% das que tinham ensino fundamental completo, 43,0 das que tinham médio completo e 56,7% das com superior completo praticaram esporte ou atividade física
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Carência de incentivo desafia atletas de pequenas cidades
Além da luta para superar seus próprios limites, a falta de reconecimento e visibilidade aumenta dificuldades de esportistas foradegrandescentrosurbanos
TextoporLetíciaFerreira
Correr contra o tempo e superar as adversidades. É com essa missão que Jônatas Sousa, de 34 anos, popularmente conhecido na cidade de Cachoeira Paulista-SP como “Canudinho”, desafia a si mesmo todos os dias.
O atleta conta que a corrida faz parte de sua vida desde a infância, quando já acompanhava as conquistas e progressos dos primos em competições esportivas. Entretanto, Jônatas é apenas mais um dos muitos jovens de cidades pequenas que precisam transpor as dificuldades que não dependem somente do esforço individual.
Apesar de ter alcançado o pódio diversas vezes, em competições locais, o corredor falou sobre os momentos em que além de lutar para manter a constância, levou o esporte adiante exclusivamente por amor, sem nenhum tipo de retorno financeiro.
“Não é fácil, você tem que treinar debaixo de sol e chuva e eu poderia ter mais recursos. Hoje tenho um patrocinador, e foi até engraçado,
porque eu pedi patrocínio e ele falou que me patrocinaria se eu ganhasse a Corrida do Mirante. Eu me desafiei e consegui.”.
No Brasil, 750 milhões de reais são investidos nos esportes olímpicos e paralímpicos, através do tripé formado pela Lei das Loterias, Bolsa Atleta e Lei de Incentivo ao Esporte, conforme divulgou o Governo Federal em 2021. Entretanto, observa-se que a realidade esportiva no país é marcada não exatamente pela falta de recursos, mas sim pela falta de investimento na base (o desenvolvimento de novos atletas). Com leis que garantem verbas do setor diretamente relacionadas com os esportes de alto rendimento, a distribuição é feita de maneira desigual e o dinheiro dificilmente flui para longe dos grandes centros urbanos.
Mesmo com todas as dificuldades, Jônatas ainda diz que é uma satisfação correr. “Eu quero passar isso para os jovens hoje, quero passar isso para as crianças. Hoje eu treino meu filho, treino a minha filha e eu
gosto que as pessoas se despertem para o esporte, para a saúde e para o bem-estar. É uma modalidade que requer muito. Então, a gente tem que motivar a prática do esporte.”
O Secretário Municipal da Juventude, Esportes e Lazer de Cachoeira Paulista e atual professor de Jiu-Jitsu, Juan Carlo Silva, de 39 anos, afirmou que não existe nenhum tipo de suporte financeiro para os atletas, por parte da Prefeitura e que a mesma é quem menos tem recursos para isso, portanto, considera tal cobrança sobre o órgão desleal. Ainda assim, apesar de priorizarem as necessidades da saúde e da educação, auxiliam atletas da cidade, que solicitam transporte quando há eventos e competições, com os carros da prefeitura local.
Juan Carlo reconheceu o atletismo como o esporte que mais carece de apoio e organização e mencionou projetos que prometem envolver e gerar interesse dos atletas a partir de competições, visando também atrair investimento, de recursos e tempo dos profissionais da área.
“O esporte que é a menina dos meus olhos, que tem que investir mais energia, tempo e dinheiro é o atletismo. Por quê? Dentro do atletismo você consegue oferecer modalidades para mais biotipos. Ele consegue levar atividade física para mais tipos de pessoas.”, disse o secretário.
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O atleta e organizador dos Jogos Abertos de Cachoeira Paulista, Juan Pablo, apelidado de Chileno, já está há 2 anos difundindo a prática de diferentes modalidades esportivas olímpicas, inclusive o atletismo. A pedido da prefeitura de Cachoeira Paulista-SP, criou o Jacap Run, corridas de rua feitas com cronometragem eletrônica,
Jacap Run
número de peito e chip. Nesse ano de 2022, o evento tem data marcada para o dia 06 de novembro e reunirá em torno de 200 atletas, do Vale do Paraíba, estado do Rio de Janeiro e até de Minas Gerais. Apesar das expectativas quanto ao número de participantes, Chileno afirma “não é uma coisa certa, por causa de custo, né? Eles correm em vários lugares e
hoje a inscrição de uma corrida não é tão barata assim.”
Quanto às premiações, todos os corredores recebem uma medalha de participação, mas não há nenhum tipo de prêmio em dinheiro. Os melhores colocados ganham troféus, em todas as categorias, divididas por idade e gênero.
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25ª edição do JACAP incentiva idosos à prática de esportes
EventoemCachoeiraPaulistapromovetorneiosdevôleiejogosdemesaparaterceiraidade
No dia 13 de novembro, os Jogos Abertos de Cachoeira Paulista — também conhecidos como JACAP —iniciaram a sua 25ª edição. Esta competição incentiva a participação de moradores dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. Para atletas acima de 60 anos existe a modalidade JACAP Melhor Idade, as disputas concentram-se em vôlei
adaptado, buraco, dominó e jogos de malha para homens e mulheres. O evento principal para os idosos é o vôlei adaptado, atraindo competidores de toda região por conta da modalidade. O voleibol adaptado contém regras diferentes. Entre estas estão os requisitos em relação à bola e toques que cada equipe deve implementar. O esporte
exige que as equipes toquem a bola duas a três vezes antes de passá-la para o outro lado da quadra. Eles também podem jogar, empurrar ou correr a bola com a mão sem pular. Além disso, jogar bola com as duas mãos ou qualquer parte do corpo é estritamente proibido para evitar enterradas.
O vôlei faz sucesso entre os idosos, e a modalidade existe graças ao apelo da mãe de Chileno, o organizador. “ A garra deles é algo muito legal, a forma em que eles se ajudam. Espero chegar nessa idade e conseguir fazer a mesma coisa. Além da experiência de vida que eles têm, é muito legal ver a entrega deles no jogo”, diz Chileno.
O esporte na vida desses atletas contribui para uma vida mais alegre e saudável. Exalando felicidade e energia, esses idosos dão um show de carisma e competitividade em quadra. Benedita, mais conhecida como “Bene”, participa do time de vôlei adaptado da prefeitura de São José do Campos e conta um pouco como é ser uma atleta da terceira
idade: “Já faz doze anos desde que eu entrei nesse mundo. O esporte é a melhor coisa que existe, deveria estar na vida das pessoas assim quando crianças. É por conta do esporte que a gente se sente mais jovem, tem mais alegria de viver e energia para fazer as coisas.”
O torneio para os idosos teve início no dia 19 de novembro. As modalidades de mesa e a primeira fase do vôlei feminino foram sediadas na Etec Prof. Marcos Uchoas, enquanto as partidas de vôlei masculino e final do feminino foram realizadas na Quadra Coberta de Cachoeira Paulista. Os jogos foram abertos ao público e tiveram início às 9:00.
O sedentarismo para os idosos é um risco podendo gerar consequências negativas na saúde, segundo especialistas. A Organização Mundial da Saúde afirma que idosos inativos são mais propensos a desenvolver doenças crônicas. Além disso, os idosos que não praticam nenhuma atividade física aumentam em 30% a probabilidade de incapacitação do que aqueles que o fazem.
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TextoporMatheusDuarte