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Carência de incentivo desafia atletas de pequenas cidades

Além da luta para superar seus próprios limites, a falta de reconecimento e visibilidade aumenta dificuldades de esportistas foradegrandescentrosurbanos

TextoporLetíciaFerreira

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Correr contra o tempo e superar as adversidades. É com essa missão que Jônatas Sousa, de 34 anos, popularmente conhecido na cidade de Cachoeira Paulista-SP como “Canudinho”, desafia a si mesmo todos os dias.

O atleta conta que a corrida faz parte de sua vida desde a infância, quando já acompanhava as conquistas e progressos dos primos em competições esportivas. Entretanto, Jônatas é apenas mais um dos muitos jovens de cidades pequenas que precisam transpor as dificuldades que não dependem somente do esforço individual.

Apesar de ter alcançado o pódio diversas vezes, em competições locais, o corredor falou sobre os momentos em que além de lutar para manter a constância, levou o esporte adiante exclusivamente por amor, sem nenhum tipo de retorno financeiro.

“Não é fácil, você tem que treinar debaixo de sol e chuva e eu poderia ter mais recursos. Hoje tenho um patrocinador, e foi até engraçado, porque eu pedi patrocínio e ele falou que me patrocinaria se eu ganhasse a Corrida do Mirante. Eu me desafiei e consegui.”.

No Brasil, 750 milhões de reais são investidos nos esportes olímpicos e paralímpicos, através do tripé formado pela Lei das Loterias, Bolsa Atleta e Lei de Incentivo ao Esporte, conforme divulgou o Governo Federal em 2021. Entretanto, observa-se que a realidade esportiva no país é marcada não exatamente pela falta de recursos, mas sim pela falta de investimento na base (o desenvolvimento de novos atletas). Com leis que garantem verbas do setor diretamente relacionadas com os esportes de alto rendimento, a distribuição é feita de maneira desigual e o dinheiro dificilmente flui para longe dos grandes centros urbanos.

Mesmo com todas as dificuldades, Jônatas ainda diz que é uma satisfação correr. “Eu quero passar isso para os jovens hoje, quero passar isso para as crianças. Hoje eu treino meu filho, treino a minha filha e eu gosto que as pessoas se despertem para o esporte, para a saúde e para o bem-estar. É uma modalidade que requer muito. Então, a gente tem que motivar a prática do esporte.”

O Secretário Municipal da Juventude, Esportes e Lazer de Cachoeira Paulista e atual professor de Jiu-Jitsu, Juan Carlo Silva, de 39 anos, afirmou que não existe nenhum tipo de suporte financeiro para os atletas, por parte da Prefeitura e que a mesma é quem menos tem recursos para isso, portanto, considera tal cobrança sobre o órgão desleal. Ainda assim, apesar de priorizarem as necessidades da saúde e da educação, auxiliam atletas da cidade, que solicitam transporte quando há eventos e competições, com os carros da prefeitura local.

Juan Carlo reconheceu o atletismo como o esporte que mais carece de apoio e organização e mencionou projetos que prometem envolver e gerar interesse dos atletas a partir de competições, visando também atrair investimento, de recursos e tempo dos profissionais da área.

“O esporte que é a menina dos meus olhos, que tem que investir mais energia, tempo e dinheiro é o atletismo. Por quê? Dentro do atletismo você consegue oferecer modalidades para mais biotipos. Ele consegue levar atividade física para mais tipos de pessoas.”, disse o secretário.

O atleta e organizador dos Jogos Abertos de Cachoeira Paulista, Juan Pablo, apelidado de Chileno, já está há 2 anos difundindo a prática de diferentes modalidades esportivas olímpicas, inclusive o atletismo. A pedido da prefeitura de Cachoeira Paulista-SP, criou o Jacap Run, corridas de rua feitas com cronometragem eletrônica,

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