OJB EDIÇÃO 29 - ANO 2025

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ÓRGÃO OFICIAL DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA FUNDADO EM 1901

Vivendo as Boas Novas

Austrália recebe 23o Congresso da Aliança Batista Mundial

Entre os dias 07 e 12 de julho, mais de 4.000 Batistas participaram do 23° Congresso da Aliança Batista Mundial, em Brisbane, na Austrália. Entre eles, líderes brasileiros, que atuaram em diversas palestras e foram eleitos para funções importantes. Leia a matéria completa na página 12.

Dia de O Jornal Batista

Hoje, 3° domingo de julho, é Dia de OJB; saiba por que ele tem duas datas no calendário da CBB

Nova Diretoria

Convenção Batista Carioca elege sua nova liderança na 121ª Assembleia Anual

UBLA in Brazil

União Batista Latino-Americana celebrará 50 anos com encontro no Rio de Janeiro

Uma “des-Graça”

Pr. Ailton Desidério alerta sobre as consequências da comparação entre pessoas

Notícias do Brasil Batista Notícias do Brasil Batista Notícias do Brasil Batista Saúde de Corpo e Alma

EDITORIAL

Vivendo e Compartilhando as Boas Novas

O tema do 23º Congresso da Aliança Batista Mundial, realizado em Brisbane, na Austrália, de 7 a 12 de julho, foi um chamado claro e atual: Vivendo as Boas Novas. Milhares de batistas de diversas partes do mundo se reuniram na Oceania em um tempo precioso de comunhão, capacitação e adoração, reafirmando o compromisso da família batista global com a proclamação do evangelho. Como esse é um evento que acontece apenas a cada cinco anos, não poderíamos deixar

de destacá-lo na capa desta edição. A cobertura completa está na página 12. E ao falarmos em compartilhar as Boas Novas, nos lembramos com gratidão da missão que O Jornal Batista cumpre desde 1901, e oficialmente como órgão da denominação desde 1909. Neste terceiro domingo de julho, celebramos o Dia de OJB, data que marca a importância histórica e espiritual deste semanário para a vida denominacional. Explicamos, na página 09, por que o jornal tem

duas datas comemorativas no nosso calendário.

Esta edição também traz reflexões relevantes nas colunas Dicas da Igreja Legal, Vida em Família e Saúde de Corpo e Alma, além das páginas dedicadas às nossas juntas missionárias e às Notícias do Brasil Batista, tudo preparado para edificar, informar e inspirar.

Queremos também deixar nossa gratidão a todos os missionários Batistas, que tiveram o seu dia comemo-

rado no segundo domingo de julho. A que atendem ao chamado do Senhor para esta obra tão desafiadora, mas, ao mesmo tempo, gratificante. Que os Batistas brasileiros continuem sustentando os seus missionários em oração e provendo o que for necessário para sua manutenção no campo e nos projetos. Desejamos a você uma boa leitura, abençoada por Deus. E que, em sua caminhada, você siga vivendo e compartilhando as Boas Novas de Salvação. n

O JORNAL BATISTA

Órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso.

Fundado em 10.01.1901

INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189

PUBLICAÇÃO DO CONSELHO GERAL DA CBB

FUNDADOR

W.E. Entzminger

PRESIDENTE Paschoal Piragine Jr.

DIRETOR GERAL Fernando Macedo Brandão

SECRETÁRIO DE REDAÇÃO

Estevão Júlio Cesario Roza

(Reg. Profissional - MTB 0040247/RJ)

CONSELHO EDITORIAL

Francisco Bonato Pereira; Guilherme Gimenez; Othon Ávila; Sandra Natividade

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Anúncios e assinaturas: jornalbatista@batistas.com Colaborações: decom@batistas.com

REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIA

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A direção é responsável, perante a lei, por todos os textos publicados. Perante a denominação Batista, as colaborações assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do Jornal.

DIRETORES HISTÓRICOS

W.E. Entzminger, fundador (1901 a 1919); A.B. Detter (1904 e 1907); S.L. Watson (1920 a 1925); Theodoro Rodrigues Teixeira (1925 a 1940); Moisés Silveira (1940 a 1946);

Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002)

INTERINOS HISTÓRICOS

Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923).

ARTE: Oliverartelucas

IMPRESSÃO: Editora Esquema Ltda A TRIBUNA

Como blindar a sua Igreja com um estatuto forte (V)

Elaborar o estatuto de uma organização religiosa nem sempre é tarefa fácil. A igreja pode até contratar os serviços do mais conceituado advogado, mas, se ele não for versado em Direito Eclesiástico ou Religioso, provavelmente o resultado não será o melhor. Eu ouso sugerir a contratação de alguém com reconhecida especialização, que milite em ambientes religiosos, que conheça as mais diferentes denominações com todas as suas particularidades, que possa por eclesiologia, doutrinas, práticas e costumes. É imprescindível o domínio da língua portuguesa em suas múltiplas facetas, especialmente ortografia, concordância, verbos. E a semântica... ah! Como é importante!

Por que estou entrando nessa seara? Porque um estatuto mal redigido pode colocar a igreja em risco. Um estatuto que não contemple os requisitos previstos em lei, ou mesmo

cláusulas ou artigos que julgo cruciais para que a igreja se blinde perante a lei, o fisco, os antirreligiosos, os imorais, os ideológicos e tudo mais que possa tirar o sossego dos dirigentes, é um risco que não se deve correr.

Se não me falha a memória, por exemplo, a cláusula de segurança patrimonial em face de divergência doutrinária é coisa relativamente nova em estatutos das igrejas filiadas à Convenção Batista Brasileira, criada em face do desconforto causado pelo Movimento G12. Virou praxe e deve ser preservada em todo e qualquer estatuto que se pretenda forte.

Outros artigos que requerem uma redação mais cuidadosa são:

1. Conteúdo discriminatório ou que fira o ordenamento jurídico : O fato de a lei prever que as organizações religiosas têm direito de autorregulamentação não significa que não é preciso haver limites. Cada palavra ou expressão precisa ser pensada.

Nesse sentido, o bom senso e o conhecimento semântico nunca serão demais.

2. Definição do perfil do membro: Toda igreja tem liberdade de definir em seu estatuto o perfil dos membros que deseja ter em seu rol. Não há nada de errado nisso, mas a adoção do Regimento Interno é essencial, porque ele vai abarcar aquelas particularidades que não cabem no estatuto. É o Regimento Interno que vai regular e interpretar o Estatuto. Como já disse em edições anteriores, enquanto cabe ao estatuto dizer “o que a igreja faz”, o Regimento Interno vai dizer “como ela faz”.

3. Compromisso dos membros nas redes sociais: Parece que houve um acordo coletivo para que os crentes se igualassem aos não crentes. A secularização invadiu a igreja de forma tal que se tornou comum crentes adotando posturas sociais contrárias

às recomendações bíblicas defendidas por nossas igrejas. Infelizmente, parece ter-se transformado em necessidade a publicação de tudo nas redes sociais, e o resultado tem sido desastroso.

Na próxima edição, trabalharei os pontos abaixo, sugerindo como tema “O que nenhum estatuto deve conter”:

a) Definição de prazo para reforma do estatuto;

b) Pastor como presidente, obrigatoriamente;

c) Artigos irreformáveis.

(Esta coluna é publicada aos primeiros e terceiros domingos de cada mês aqui n’O Jornal Batista).

Jonatas Nascimento, diácono. Coautor da obra Nova Cartilha da Igreja Legal. WhatsApp: (21) 99247-1227. E-mail: jonatasdesouzanascimento@gmail.com n

AMIGO mais chegado que um irmão...

Rogério Araújo (Rofa) colaborador de OJB

Existe algo na vida de uma pessoa que é fundamental, já que, neste mundo, não vivemos sozinhos: a AMIZADE.

Ela pode ser risonha, esquisita, briguenta, enfim... de muitas formas, mas que, na hora H, está presente para ajudar e rodear de carinho o(a) amigo(a) em apuros.

Uma realidade bem nítida em nos-

sos dias é que muitos amigos são até mais próximos que certos familiares, já que estes se encontram em velórios, mas nem sempre em locais de maior alegria e em comunhão entre eles.

Provérbios 18.24 confirma essa verdade: “O homem de muitos amigos deve mostrar-se amigável, mas há um amigo mais chegado do que um irmão”. Deus mesmo poderia ser, sozinho, este “amigo perfeito”, mas preferiu criar e nos proporcionar as

O Dia de O Jornal Batista

pastor

& professor de Psicologia

A fé sem obras é morta

“Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta” (Tg 2.26).

A discussão bíblica sobre o poder da fé cristã resumiu seu debate à declaração: “A fé que não apresenta obras é morta em si mesma” (Tg 2.26). A Bíblia Sagrada afirma que o sentimento da fé deve ser acompanhado pelo nosso comportamento em sociedade. Para exemplificar essa declaração, o autor de Atos dos Apóstolos revelou a origem do apeli-

pessoas que nos fazem ter algo bem perto de nós: os nossos amigos!

O grande pensador e filósofo Sócrates disse, certa vez, que “O amigo deve ser como o dinheiro, cujo valor já conhecemos antes de termos neces-

do “cristão”: “Foi em Antioquia que, pela primeira vez, os seguidores de Jesus foram chamados de cristãos” (At 11.26).

Eventualmente, o adjetivo “cristão” foi perdendo seu significado negativo e passou a ser usado internacionalmente para identificar o grupo religioso com o maior índice de aceitação e prática de fé do planeta. Somos cristãos e, portanto, nossa fé deve ser manifestada em nossas ações, para que a sociedade veja as nossas boas obras e glorifiquem a Deus Pai!

sidade dele”. Pura e absoluta verdade! Seja um amigo mais chegado que um irmão e agradeça a Deus pela bênção concedida por Ele, por ter amigos e ser amigo: você faz bem a alguém que também te faz bem! n

O Dia de O Jornal Batista

Desde mil novecentos e um, uma grande conquista: Informações sobre pastores, diáconos e evangelistas;

Apresentando reportagens e grandes entrevistas.

Dominical é este periódico importante, Edificando os Batistas de forma tão relevante.

Orienta na sã doutrina, correta e inerrante.

Já são décadas de uma linda história.

O Jornal Batista traz à nossa memória, Recordando-nos nossa caminhada de vitória.

Nos formatos impresso ou virtual, tem uma grande trajetória, Auxiliando os Batistas de uma forma notória; Leitura que se faz útil e obrigatória.

Batistas brasileiros vamos valorizar

A ferramenta que temos para nos informar!

Tenhamos nosso Jornal impresso ou no celular:

Informações importantes, nele vamos encontrar

Sobre Assembleias, missões e novos campos pra alcançar.

Traz editorias e artigos de importância sem par,

Atualizando nossa história até o Senhor voltar. n

Olavo Fe ijó

Autoridade do professor em sala de aula: capacitado por Deus para a obra do ministério do ensino

Genivaldo Félix

pastor, educador cristão, escritor, reitor do Seminário Teológico Batista Goiano e membro da Primeira Igreja Batista em Goiânia - GO

“A ele anunciamos, aconselhando e ensinando todo homem com toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo” (Cl 1.28)

Este ensaio tem como objetivo compreender a autoridade do professor em sala de aula como elemento constitutivo de sua prática na escola bíblica, um espaço de aprendizagem das Escrituras. A autoridade é um atributo intrínseco ao papel do professor em sala de aula. A noção de autoridade do professor reconhece que Deus vem capacitando sua Igreja com poder, compaixão, graça e misericórdia, à luz da sua própria palavra.

Nas Escrituras há inúmeros exemplos de personagens bíblicos que o Espírito Santo usou com poder e autoridade vindos de Deus. A questão da autoridade está frequentemente

ligada à inspiração das Escrituras (Mateus 7.29). O próprio Jesus “ensinava como quem tem autoridade”. A autoridade do professor em sala de aula não se restringe apenas à sua capacidade pedagógica, mas também à total dependência do Espírito Santo para discernir, interpretar e aplicar as Escrituras à sua vida pessoal, espiritual e à dos aprendizes.

Considera-se que, ao indicar e eleger um corpo de professores para atuar na escola bíblica, a igreja reconhece que estes possuem vocação e dons espirituais para o magistério. Tal decisão qualifica o processo de ensino-aprendizagem e fortalece a regência do professor em sala de aula. A liderança da igreja não apenas estabelece critérios para constituir um corpo docente, mas também encontra nisso um motivo para interceder a Deus. Como alguém já disse: “A formação de uma comunidade é a obra intrincada, paciente e dolorosa do Espírito Santo.” O apóstolo Paulo orou pelos cristãos de Éfeso, para “[…] para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê o espírito de sabedoria

e de revelação no pleno conhecimento dele, sendo iluminados os olhos do vosso coração, para que saibais qual é a esperança do chamado que ele vos fez, quais são as riquezas da glória da sua herança nos santos e qual é a suprema grandeza do seu poder para conosco, os que cremos, segundo a atuação da força do seu poder, […]” (Ef 1.17-19).

É necessário dar sentido e significado à noção de autoridade do professor em sala de aula, a fim de mobilizar todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem na escola bíblica em torno de um propósito divino e humano. Nesse sentido, é importante distinguir entre significado e significante: enquanto o significado consiste nas palavras que usamos para expressar o que pretendemos comunicar, o significante é a mensagem em si — neste caso, o evangelho, as boas-novas.

A autoridade do professor em sala de aula na escola bíblica implica, entre outras variáveis, no exercício da liderança, na capacidade de tomar decisões, trabalhar em equipe e dialogar

com seus pares. Trata-se de qualificações essenciais e indispensáveis ao exercício da regência. Trata-se de uma autoridade fundamentada nas Escrituras, que visa à transformação de vidas.

Reconheço que conhecer as Escrituras com rigor e profundidade, bem como ter capacidade de leitura e interpretação exegética, é condição essencial para alcançar o reconhecimento da autoridade em sala de aula na escola bíblica. Percebe-se que o professor nem sempre tem noção de que Deus lhe confere um tipo específico de autoridade para exercer a missão de ensinar as Escrituras. Mas esse é um assunto para outro ensaio acadêmico.

Considerou-se, neste ensaio, que a autoridade do professor em sala de aula possui diferentes características inerentes ao seu papel na prática da escola bíblica. Ressaltou-se que essa autoridade somente poderá ser exercida na relação do professor com Deus e com o próximo, com aqueles sobre quem Deus lhe permite ser bênção. n

A Dedicatória do Ciro: a argamassa de um casamento

Um dia desses, enquanto comprava um saco de argamassa em uma loja de construção, deparei-me com uma pequena estante de madeira repleta de livros usados. Ali, descobri um belo projeto comunitário de incentivo à leitura, coordenado pela pedagoga Daniele Santos, na cidade onde moro, São Pedro da Aldeia - RJ.

A ideia era simples e inspiradora: quem chegasse ali podia pegar os livros que desejasse, contanto que assumisse o compromisso de lê-los e, se quisesse, devolvê-los para que outras pessoas pudessem se beneficiar. Que iniciativa louvável da Daniele!

Eu, que não resisto a um bom livro, parei imediatamente e comecei a observar os títulos disponíveis. Encontrei excelentes exemplares, muitos deles ainda atuais no mercado. Um deles era o famoso “As Cinco Linguagens do Amor”, de Gary Chapman. Embora já o tivesse lido, decidi pegá-lo para

presentear um casal de amigos.

Antes de entregá-lo, porém, li a dedicatória que ali estava escrita. Ciro e Margarida (nomes alterados) haviam oferecido o livro ao casal Marcos e Juliana (nomes também alterados). A dedicatória dizia: “Hoje, com certeza, é um dia muito feliz para vocês. Desejamos que essa felicidade se estenda por toda a vida, e este livro poderá ajudá-los a conservá-la. Que Deus os abençoe. Com carinho. Ciro e Margarida.”

O livro havia sido presenteado em uma cidade do Espírito Santo, em 1º de setembro de 2007. Imediatamente, algumas perguntas me vieram à mente: será que aquele dia especial era o dia do casamento? Será que Marcos e Juliana leram, de fato, o livro? E, principalmente, como estão eles hoje?

O exemplar estava praticamente intacto, sem nenhuma anotação ou marcação de um pensamento importante, dando claros sinais de que, infelizmente, não havia sido lido. No

entanto, esse livro é um clássico que aborda, de forma simples e profunda, como os casais podem demonstrar amor e fortalecer seu relacionamento. As cinco linguagens identificadas por Gary Chapman são: Palavras de Afirmação, Tempo de Qualidade, Receber Presentes, Atos de Serviço e Toque Físico.

Gostaria, de coração, de conhecer tanto o casal que doou o livro quanto o casal que o recebeu. Especialmente Marcos e Juliana, e saber como estão hoje. Se o livro foi um presente de casamento, em breve eles celebrarão 20 anos de união, isso, é claro, se permaneceram casados. Se não, gostaria de entender as razões da separação e, quem sabe, perguntar-lhes se leram o livro. Se sim, se colocaram em prática os conselhos do autor. Se não, por que não há nenhum vestígio de leitura e por que o livro veio parar em São Pedro da Aldeia, distante 273 quilômetros da cidade onde foi presenteado.

Saí da loja de material de constru-

ção com o livro debaixo do braço e com todas essas reflexões na cabeça, e, claro, com o saco de argamassa também.

O livro de Gary Chapman , com seus conselhos sobre as linguagens do amor, é como essa argamassa para o relacionamento. Ele oferece os princípios e as práticas que ligam um coração ao outro, que preenchem as lacunas e que permitem que a estrutura do amor resista às intempéries. O fato de o livro de Marcos e Juliana estar intacto e não lido me fez pensar que, talvez, a “argamassa” essencial para a manutenção de seu matrimônio tenha permanecido dentro do saco, intocada. Que a ausência de vestígios de leitura seja um triste indicativo de uma união que, por falta de aplicação dos fundamentos, correu o risco de não se solidificar ou de se desfazer. n

Por: Gilson Bifano Diretor do Ministério OIKOS oikos@ministeriooikos.org.br

Do Rio de Janeiro para os rios da Amazônia, de Radical a pastor

Redação de Missões Nacionais

Jackson é um jovem da Primeira Igreja Batista no Andaraí - RJ, que atendeu ao chamado de Deus para deixar a agitada capital do estado rumo às comunidades ribeirinhas da Amazônia. “Eu era pré-adolescente quando percebi Deus falando ao meu coração por meio da letra de um hino baseado em Jeremias 1.5. Aquela mensagem ardeu em meu coração como nunca, mas respondi: ‘não’”, comenta Jackson.

O tempo passou, mas Deus continuava chamando. “Deus começou a colocar situações e circunstâncias diante de mim que me conduziram para onde Ele queria.” Em 2016, após enfrentar uma cirurgia, Deus falou mais uma vez. A partir dali, começou um tempo de amadurecimento, discipulado e preparo, com o apoio do pastor Osíris Marques, da PIB no Andaraí. “Aprendi a discipular, a compartilhar o plano de salvação, a visitar e a viver o discipulado fora das quatro paredes do templo”, conta.

Em 2020, ele teve certeza de seu chamado na conferência online Radical Tamo Junto. Em 1º de abril de 2021, foi enviado ao campo pela sua igreja, ingressando na turma 18 do Radical Amazônia. “Fui para a Amazônia porque entendi que era uma região em que ainda havia muitas vidas precisando ouvir o Evangelho.”

Jackson serviu em várias comunidades na Amazônia: Rondon 2 e Bairro da Paz, em Itacoatiara - AM; Membeca,

Conheça a história de Jackson Barros.

em Caapiranga - AM; Repartimento de Tuiué e Timbó, em ManacapuruAM. Foi no campo que ele conheceu a pessoa com quem quis dividir sua vida e missão! Em fevereiro de 2024, casou-se com a missionária Roseles Barros. Agora, aguardam ansiosos pela chegada de Liz, prevista para nascer em agosto.

No campo, vemos o agir de Deus nos detalhes: “Sempre sou marcado quando alguém expressa surpresa e alegria por estar aprendendo algo que nunca havia ouvido ou aprendido acerca das verdades do Evangelho e da Palavra”, conta. Jackson nem sempre quis ser pastor e teve dúvidas se deveria ou não seguir esse ministério, mas a vida prática no campo missionário o fez admitir que ele já estava pastoreando.

No dia 14 de junho de 2025, Jackson foi aprovado no concílio pastoral e foi ordenado como pastor Batista.

“Jamais me esquecerei de tudo o que foi vivido naquele dia, com a presença de tantos pastores batistas do Amazonas e demais regiões do Brasil. Quero continuar servindo e obedecendo ao chamado de Deus, crescendo no conhecimento da Palavra para alimensonho em campo é organizar as duas igrejas das plantações em que atuamos”, compartilha o pastor. Louvado seja o Senhor pela vida do missionário Pr. Jackson e por sua família! n

Batistas Sergipanos se reúnem para a 74ª Assembleia com foco na unidade

Encontro deste ano celebrou a história Batista no estado.

Fátima Santos

educadora religiosa, docente do Seminário Teológico Batista Sergipano e relatora da Comissão de Programação da 74ª Assembleia da Convenção Batista Sergipana

Nos dias, 19 a 21 de junho, as Igrejas locais fizeram uma pausa nas atividades eclesiásticas para que os Batistas sergipanos se reunissem no templo da Igreja Batista Restauração, em Aracaju - SE, para a 74ª Assembleia Anual da Convenção Batista Sergipana (CBS), com o tema “Somos um, celebrando a nossa história”.

Sob a presidência do pastor Carlos Rocha, o evento foi iniciado com a exibição do trailer de um documentário sobre o pioneirismo, consolidação e desafios de expansão do trabalho na região. O documentário relatou a migração de 11 membros da Primeira Igreja Batista de Penedo - AL para a capital do estado no início do século XX, o que contribuiu para a organização da Primeira Igreja Batista de Aracaju - SE e resultou na formação de diversas outras Igrejas e frentes missionárias no território.

As organizações missionárias União Feminina Missionária Batista de Sergipe (UFMBBSE) e União Missionária de Homens Batistas de Sergipe (UMHBSE) participaram da programação com o coro feminino (mulheres e meninas), depoimentos sobre o trabalho da missionária Zênia Birziniesk no Vale do Cotinguiba e testemunhos de Pollyana Góis Santos, líder estadual das Mensageiras do Rei, e do pastor Maurílio Mendes, representando a organização masculina e os Embaixadores do Rei. Eles abordaram o impacto das organizações nas suas formações pessoais e profissionais, além de incentivarem ao apoio e à implantação do trabalho infanto-juvenil nas Igrejas locais com base bíblica.

Durante a semana Batista, a carreta missionária da Junta de Missões Nacionais (JMN) realizou atendimentos à população local. As associações AIBACAP, AIBANORTE, AIBASUL e AIBASE participaram dos momentos

Oração pelos líderes Batistas Nova Diretoria eleita para o biênio 2025-2027

devocionais com música, coreografia e teatro, destacando o potencial evangelístico e artístico de qualidade, com o apoio da Associação de Músicos Batistas de Sergipe (AMBSE).

Na ministração da Palavra, o pastor Carlos Ruben, presidente da Convenção Batista Alagoana (CBAL), abordou o tema da assembleia de forma clara e desafiadora. O pastor Samuel Fernandes foi o mestre de cerimônia, enquanto o pastor Fabrício Freitas, diretor-executivo da JMN, destacou a importância da ação missionária junto aos brasileiros e apresentou os missionários presentes, encerrando com oração de gratidão.

Na última noite, a Juventude Batista Sergipana (JUBASE) reuniu jovens para celebrar e contou com a ministração da Palavra do jovem pastor egresso do seminário local, o Seminário Teológico Batista Sergipano (SETEBASE) Henrique Daniel, presidente da Primeira Igreja Batista em Colônia Treze, em Lagarto - SE, encerrando com a homenagem às Igrejas centenárias por sua coragem e perseverança: Primeira Igreja Batista de Aracaju (1913), Propriá (1923), Neópolis (1924) e Igreja Batista Brasileira (1925).

Foi possível ouvir relatos como o da missionária Lizeti Perruci (JMN) sobre o apoio recebido dos Batistas sergipanos durante seu período de doença, hospitalização e debilidade física. Ela mencionou que foi auxiliada por ações concretas e orações, o que permitiu sua recuperação e poder testemunhar do grandioso amor de Deus.

A Associação de Esposas de Pas tores Batistas de Sergipe (AEPBSE) foi a responsável pelo painel “A igreja como guardiã das novas gerações”, conduzido pela educadora Cristã Va léria Nascimento e pelos facilitadores pastores Marcos Cruz e Carlos Alberto Caralho, ambos da PIBA. Eles abor daram a evolução das gerações, as contribuições dos jovens durante a pandemia com o uso da tecnologia e a inserção dessa parcela da comu nidade na gestão das Igrejas locais.

Destaca-se a participação da Or dem dos Educadores Cristãos Batistas de Sergipe (OECBSE) na apresenta ção do painel “Igreja e Acessibilida de”, conduzido pela educadora Cristã Taciana Mangueira e as facilitadoras Brenda Belmira, terapeuta ocupacional, e a psicóloga Thailany Talyssa. Elas abordaram, de maneira técnica e objetiva, as diversas dificuldades relacionadas à acessibilidade e como as Igrejas podem acolher famílias com necessidades específicas. Além disso, houve a presença de intérpretes de LIBRAS nos cultos noturnos, ressaltando que não é necessário ter o público-alvo presente para que a Igreja desempenhe seu papel na vida das pessoas que precisam ser alcançadas pelo evangelho da graça de Cristo. Durante esta assembleia anual, foram implementadas inovações pela gestão encerrada em 21 de junho, como a atualização dos textos dos Estatutos e do Regimento Interno da CBS. Todas as ações desenvolvidas visaram destacar aos Batistas sergipanos que

o trabalho é significativo e contínuo, sendo realizado sob o princípio da unidade. A assembleia proporcionou um momento de união para discutir e planejar a continuidade da expansão

2027, “sem dúvidas a 74ª assembleia da nossa convenção Batista Sergipana foi uma benção. Momentos inspirativos e administrativos debaixo da orientação do Senhor. Foi notório a comunhão de cada mensageiro, principalmente da

mente, abrilhantando cada uma das cinco sessões. Particularmente, vejo o esforço e entusiasmo dos Batistas sergipanos em promover a unidade denominacional no estado e com isso acredito em um futuro brilhante”. “Assim como cada um de nós tem um corpo com muitos membros e esses membros não exercem todos a mesma função, assim também em Cristo nós, que somos muitos, formamos um corpo, e cada membro está ligado a todos os outros” (Rm 12.4-5). SOMOS UM!

Diretoria eleita para o biênio 2025-2027

Presidente: Pr. Maurilio Mendes; 1° vice-presidente: Pr. Carlos Alberto Jr; 2º vice-presidente : Pr. Christian Almeida;

1ª secretária: Cláudia Valéria;

2ª secretária: Marlúcia Silva

3° secretário: Rafael Belmon n

Momento de louvor e adoração
Tempo de deliberações na Assembleia
Momento cívico com o Hino Nacional Brasileiro e entrada das bandeiras

Por que O Jornal Batista tem duas datas no calendário da CBB?

Terceiro domingo de julho é Dia de O Jornal Batista.

Comunicação da Convenção Batista Brasileira

O calendário anual da Convenção Batista Brasileira reserva dois momentos especiais para celebrar a história e a importância de O Jornal Batista (OJB), veículo oficial de comunicação dos Batistas brasileiros. Essas datas, comemoradas em janeiro e julho, marcam marcos fundamentais da trajetória do periódico, que há mais de um século informa, inspira e conecta os batistas em todo o país.

10 de janeiro: nascimento de um legado

Em 10 de janeiro de 1901, foi publicada a primeira edição de O Jornal Batista. Produzido nos fundos do antigo templo da Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro, localizado na Rua de Sant’Anna, 77, o jornal nasceu como uma iniciativa visionária de comuni-

cação entre as Igrejas. Seu primeiro redator foi W.E. Entzminger, um dos pioneiros do movimento Batista no Brasil. Desde então, OJB tem sido um canal confiável de notícias, reflexões teológicas, testemunhos missionários e registro da caminhada das igrejas batistas.

3º domingo de julho: um compromisso com a missão

Durante a 3ª Assembleia da CBB, realizada em 1909, na cidade do Recife (PE), O Jornal Batista foi oficialmente reconhecido como órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. A partir dessa decisão histórica, foi instituído o 3º domingo de julho como uma data especial para que as Igrejas Batistas em todo o país orem por OJB, divulguem seu trabalho, ofertem em seu favor e incentivem novas assinaturas. É um momento de reafirmar o compromisso com a comunicação da

Terceiro domingo de julho

Primeira edição de OJB

fé e com a valorização dos meios de edificação espiritual e unidade entre os Batistas.

Essas duas datas nos convidam a olhar para o passado com gratidão e

para o futuro com esperança, reconhecendo a relevância de O Jornal Batista como parte viva da história da denominação. n

Órgão oficial da CBB

Primeira redação de OJB

Convenção Batista Carioca elege nova liderança em sua 121ª Assembleia Anual

Batistas cariocas também iniciaram a campanha de Missões Estaduais.

Sergio Almeida Comunicação da Convenção Batista Carioca

A 121ª Assembleia Anual da Convenção Batista Carioca (CBC), realizada na Primeira Igreja Batista de Campo Grande - RJ, de 19 a 21 de maio, foi um evento de grande relevância, marcando a eleição da nova diretoria para o biênio 2025-2027 e reafirmando o compromisso da CBC com o Evangelho e o serviço no Rio de Janeiro.

CELEBRAÇÃO E ADORAÇÃO

A abertura, em 19 de maio, foi um momento de gratidão e celebração, com participações musicais e a men sagem do pastor José Maria de Souza, que viria a ser reeleito presidente. A receptividade da PIB de Campo Gran de - RJ foi amplamente elogiada, pro porcionando um ambiente propício para a comunhão.

TRANSPARÊNCIA E AÇÃO SOCIAL

Nos dias 20 e 21 de maio, a progra mação intensa incluiu a apresentação de relatórios que destacaram a trans parência e o compromisso social da CBC. Foram detalhadas as atividades do diretor Geral, do Conselho Geral de Administração e Finanças, e do Minis tério Social Batista Carioca, evidencian do o trabalho contínuo da Convenção em áreas administrativas e sociais. A assembleia também deu voz às diversas organizações Batistas cariocas, como a União Feminina Missionária, a Ordem dos Pastores, Músicos, Educadores Cristãos, Juventude, Adolescentes, Homens e Diáconos, sublinhando o trabalho incansável de cada grupo na expansão do Reino de Deus.

A NOVA LIDERANÇA DA CBC

Um dos pontos altos foi a eleição e posse da nova diretoria para 20252027, realizada na noite de 21 de maio. A cerimônia incluiu a posse da Diretoria Estatutária, do Conselho Fiscal, dos membros do Conselho Geral de Administração e Missões, e das Diretorias das Organizações e Redes Regionais.

A nova diretoria é composta por: Presidente: pastor José Maria de Souza (PIB da Barra da Tijuca);

dão, diretor-executivo da Convenção Batista Brasileira, e paschoal Piragine Jr., presidente da CBB, que guiaram os presentes a momentos de profunda adoração.

PARCERIAS ESTRATÉGICAS

A assembleia foi enriquecida pela presença dos pastores Fernando Bran-

Importantes parceiros e representantes de instituições, como a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), a

Ordem dos Pastores Batistas do Brasil (OPBB), a Junta de Missões Nacionais (JMN) e o Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (STBSB) estiveram na programação. A participação da Junta de Ação Social Batista (JASB) e do Lar Batista do Idoso ressaltou o compromisso da Convenção com o cuidado e o serviço ao próximo, destacando a relevância do trabalho social da denominação.

1º vice-presidente: pastor Sidney Esteves da Silva (IB Parque João Wesley);

2º vice-presidente : pastor Silvio Ferreira Alves (PIB Conjunto Campinho);

3º vice-presidente: pastor José Paulo Moura Antunes (PIB de Madureira);

1ª secretária : Letícia Santos de Paula (IB 4 de Julho);

2º secretário : pastor Melquisedeque Santos Silva (PIB da Barra da Tijuca);

3ª secretária: Letícia Belga da Costa Jesus (PIB de Madureira).

A expectativa é que essa nova liderança seja um instrumento para a direção da CBC, resultando em um período de abundantes frutos e conquistas, glorificando o nome do Senhor.

A 121ª Assembleia Anual da CBC terminou com a tradicional noite missionária, que incluiu testemunhos emocionantes e a abertura oficial da Campanha de Missões Rio 2025. A Convenção Batista Carioca reafirmou seu compromisso com a Grande Comissão, motivando cada Batista a espalhar a esperança de Jesus e levar “VIDA ABUNDANTE” a cada canto do Rio de Janeiro, mantendo a chama missionária acesa para alcançar mais vidas para Cristo. n

Pr. Paschoal Piragine Jr., presidente da CBB, conduziu momentos de profunda adoração
Posse da nova Diretoria para o biênio 2025-2027
Pr. Carlos Elias, pastor da Primeira Igreja Batista em Campo Grande - RJ
Pr. José Maria de Souza, presidente da Convenção Batista Carioca (CBC)

Ael e Bel Oliveira missionários de Missões Mundiais no Leste da Ásia

“Antes, como está escrito: Hão de vê-lo aqueles que não tiveram notícia dele, e compreendê-lo os que nada tinham ouvido a seu respeito” (Rm 15.21).

Um dos privilégios que temos é apoiar com cuidado, treinamento e recursos alguns obreiros locais que trabalham em regiões remotas entre povos não alcançados. Um deles é o jovem pastor Qin, um obreiro muito especial. Além de servir como missionário em uma região remota, o pastor Qin e sua família são parte do povo Yao, uma das minorias aqui do país. Isso significa que temos um missionário Yao alcançando seu próprio povo, alguém que conhece o dialeto, costumes, tradições e hábitos alimentares.

Em nosso último encontro de planejamento e acompanhamento de obreiros, recebemos as últimas notícias de como está o trabalho na região em que o pastor Qin mora e, dentre tantos detalhes, lutas, vitórias e desafios, percebemos que ele experimenta a provisão do Pai em diferentes áreas de sua vida. Meses atrás, ele recebeu uma notícia de última hora da administração da sua vila, de que a vila realizaria uma obra de emergência e, mesmo com o subsídio do governo local, cada pessoa deveria contribuir com um valor (uma espécie de rateio). O valor total para sua família era de 2.000 yuans (moeda local), mas o problema era que, àquela altura, eles não tinham mais do que 400 yuans à disposição. O prazo era o fim do mês e, como não havia o que fazer, o Pr. Qin entregou o desafio nas mãos do Senhor dos recursos e, mesmo com aquela apreensão no coração de quem sabe que a conta vai chegar, ele descansou em Deus.

Alguns dias depois, próximo ao dia do pagamento, Qin recebeu uma ligação de uma irmã que, há algum tempo, não falava com ele. Após perguntar como estava e ouvir do pastor Qin que estava tudo bem e que não precisava de nada, a irmã respondeu: “Que bom que nada falta e que vocês estão bem, mas eu liguei porque o Pai tocou no meu coração de presentear a sua família com uma oferta no valor de 2.000 yuans.” A boa promessa que encontramos em Mateus 6.33 foi cumprida mais uma vez em meio às remotas montanhas do povo Yao. Aleluia!

O segundo testemunho que o pastor Qin compartilhou é muito singelo. Em um certo domingo, ele levantou da cama sabendo que não seria um dia nada fácil. Náuseas, tontura e des-

Nas montanhas e vales do Leste da Ásia

conforto estomacal despertaram junto com ele naquela manhã. Imagina ter que ficar algumas horas liderando um grupo de pessoas com todos esses sintomas. E mais: ele não podia se dar ao luxo de cancelar a reunião ou ligar para alguém o substituir. Sendo assim, Qin dobrou os joelhos e pediu misericórdia ao Pai e, logo após dizer o amém, sentiu uma forte tontura e fraqueza, parecendo que a resposta do Pai naquele momento era: “Minha graça te basta.” Sem ter o que fazer, Qin se arrumou e foi para a casa onde a igreja se reunia. Assim que começou a reunião, convocou os irmãos para um momento de intercessão e, enquanto os irmãos oravam, ele teve que correr e se ajoelhar no banheiro, não para orar, mas para vomitar. Mais uma vez ele pediu misericórdia para seguir liderando a reunião e servir os irmãos presentes e, mais uma vez, ouviu: “A minha graça te basta.”

Depois que voltou à sala, e ainda passando muito mal, pastor Qin pensou em colocar um vídeo com alguma mensagem curta para os irmãos assistirem e encerrar a reunião em seguida; assim, ele não precisaria estar à frente. Enquanto preparava o vídeo, ele não sabia o motivo, mas

sentiu que, mesmo com a indisposição, deveria mudar os planos e pregar a mensagem naquela manhã. Decidido a seguir o que sentiu como orientação do Espírito Santo, Qin foi para um canto e fez mais uma oração pedindo graça para compartilhar a mensagem. Terminada a oração, foi ao púlpito e, quando tocou o móvel, sentiu um alívio imediato e, em alguns minutos, estava 100% saudável. Ele, então, não só compartilhou a mensagem como estendeu o tempo com um testemunho pessoal e convidou um irmão para dar seu testemunho pessoal. Qin finalizou seu testemunho dizendo que foi uma manhã maravilhosa e que toda a glória deveria ser dada ao Senhor da graça, que sempre é suficiente e surpreendente. Pastor Qin ainda compartilhou o testemunho de um outro irmão, que mora em uma vila bastante remota e que, por conta da falta de recursos e da distância, há algum tempo não vinha às reuniões de domingo. Pr. Qin decidiu fazer uma visita àquele irmão Yan (nome fictício) e, depois de 2h de viagem, montanha acima, encontrou o querido irmão que, imediatamente, preparou uma bela refeição para ele e passou a compartilhar o que vivia,

alegremente. Yan compartilhou que toda a sua casa servia ao Senhor e que nenhum membro de sua família nuclear servia a ídolos ou espíritos locais, como era o costume deles, e que isso foi obra da clara intervenção do Pai sobre a saúde de sua irmã. Após ser desenganada pelos médicos, que não conseguiam diagnosticar o que havia de errado com sua saúde, que ia de mal a pior, Yan colocou a vida de sua irmã diante do Pai e a desafiou a confiar na provisão dEle. A resposta do Senhor foi o restabelecimento por completo da saúde daquela jovem senhora, e a resposta dela e de sua família foi não só reconhecer o poder do Senhor, mas entregar suas vidas a Jesus.

Mesmo não estando na comunhão das reuniões de intercessão, louvor e estudo, ele manteve-se firme e presenciou o milagre da salvação do corpo e da alma de sua família, e mais uma vez o pastor Qin testemunhou do poder e milagre do Senhor, que segue transformando vidas no alto das montanhas e nos mais profundos vales! Muito obrigado por nos acompanhar, e que a bondade, ousadia e alegria do Espírito sejam sobre você e sobre os seus! n

“Vivendo as Boas Novas”: Aliança Batista Mundial realiza 23º Congresso na Austrália

Batistas brasileiros marcaram presença no evento e na programação.

Comunicação da Convenção Batista Brasileira

O 23º Congresso da Aliança Batista Mundial (BWA, na sigla em inglês) foi realizado de 07 a 12 de julho de 2025, reunindo Batistas de todo o mundo na cidade de Brisbane, Austrália. Com o tema “Living the Good News” (Vivendo as Boas Novas), e baseado na passagem de Lucas 4:18-19, o encontro celebra a unidade da família Batista global.

Abertura

A Celebração de Abertura, marcada por momentos de profunda adoração, contou com a preleção do Rev. Dr. Elijah Brown, Secretário-Geral e CEO da BWA, que falou sobre “Living the Good News as International Community” (Vivendo a Boa Nova como Comunidade Internacional). A mensagem mobilizou os participantes a se comprometerem com a missão global de levar as Boas Novas.

Cúpula de Mulheres Batistas

Realizada nos dias 07 e 08 de julho, a Cúpula de Mulheres reuniu representantes das sete uniões continentais femininas para momentos de adoração, capacitação e mobilização. O evento abordou temas urgentes relacionados às mulheres e reforçou os laços de solidariedade e missão global.

Cúpula de Liderança NxtGEN

Voltada para líderes entre 18 e 35 anos, a cúpula promoveu capacitação, conexão e troca de experiências entre jovens Batistas de diversos países, com foco no desenvolvimento pessoal e ministerial, nos dias 07 e 08 de julho.

Preletores Oficiais

Os preletores oficias do 23° Congresso das BWA foram: Rev. Dr. Elijah Brown (EUA); John Kim (Coreia); Dale Stephenson (Austrália); Jennifer Lau (Canadá); Kay Warren (EUA); Amanda Mukwashi (Reino Unido/Lesoto); Marsha Scipio (EUA); Kethoser (Aniu) Kevichusa (Índia) e Rev. Charlie Dates (EUA).

Além disso, o congresso contou com Estudos Bíblicos por idiomas, simpósios, sessões temáticas, grupos de afinidade e encontros regionais.

Participação Brasileira

A Convenção Batista Brasileira (CBB) esteve representada por diver-

sos líderes, incluindo o pastor Fernando Brandão, diretor-executivo da CBB; pastor Wander Gomes, líder da Igreja Batista do Recreio - RJ; pastor Fabrício Freitas, diretor-executivo da Junta de Missões Nacionais (JMN), pastor Diogo Carvalho, gerente de Desenvolvimento da JMN, entre outros. Representantes da Convenção Batista Nacional (CBN) e da Convenção das Igrejas Batistas Independentes (CIBI) também marcaram presença.

Os líderes brasileiros também estiveram nas sessões temáticas, chamadas de “Breakout Sessions” e falaram sobre os seguintes temas:

Fabrício Freitas - New Ways of Doing the Same Old Thing (Novas maneiras de fazer a mesma coisa de sempre);

Fabrício Freitas, Diogo Carvalho e Wander Gomes - Living the Good News (Vivendo as Boas Novas);

João Barreto Soares - Reaching Cities (Alcançando Cidades);

Fernando Brandão - Every Baptist a Missionary (Todo Batista é um missionário);

Diego Carvalho - Multiplying & Developing Disciples (Multiplicando e Desenvolvendo Discípulos).

Durante a celebração noturna de quinta-feira, pastor João Marcos Barret Soares, diretor-executivo da JMM, tomou posse como representante da América Latina na Comissão de No-

meação da Aliança, responsável por indicar líderes para cargos estratégicos em todo o movimento.

Momentos marcantes

• 10 de julho: A celebração da manhã contou com a mensagem do presidente da BWA, Tomás Mackey (2020–2025) , reforçando a missão conjunta da família batista. A Dra. Linda Livingstone, presidente da Baylor University (EUA), anunciou a criação de um centro de pós-graduação voltado ao estudo da vida, história e missão da BWA.

• Noite de 10 de julho: O orador Dale Stephenson desafiou os participantes com o tema “Discipulado Disruptivo”, convocando a um discipulado mais ousado e comprometido.

• 11 de julho: O dia foi marcado por um clamor global pelos cristãos perseguidos e pela pregação de Marsha Scipio, incentivando a comunidade a ser promotora de justiça no mundo.

• Entrada das bandeiras: O desfile das bandeiras durante a Celebração de Abertura foi um momento para declarar a glória de Deus entre as nações.

Novidades da Aliança Batista Mundial

• Novo Presidente da BWA: O pastor Karl Johnson (Jamaica) foi eleito

pelo Conselho Geral como novo presidente para o quinquênio 2025–2030. Além dele foram eleitos Lynn Green (Reino Unido) como vice-presidente e Jerry Carlisle (EUA) como presidente do Comitê de Curadores

• Pr. Fernando Brandão eleito Trustee : O pastor Fernando Brandão foi eleito membro do Comitê Executivo (Trustee) da BWA, com posse realizada em 10 de julho. O Comitê Executivo é o órgão gestor da Aliança;

• Novos membros: A BWA recebeu 17 novos parceiros durante a reunião do Conselho Geral, totalizando agora 283 organizações Batistas em 138 países e territórios. Destaque para os primeiros membros oriundos da Macedônia do Norte, Senegal, Samoa e Mongólia, além de novos integrantes da Índia, Ruanda, Angola e EUA, atuando em áreas como educação, missão, assistência humanitária, mídia e finanças.

O 24° Congresso da Aliança Batista Mundial será realizado em 2030. Como Batistas brasileiros estaremos juntos na 105ª Semana Batista, em janeiro de 2026, em Salvador - BA. Inscrições em www.bit.ly/semanabatista2026. E em abril do ano que vem, teremos o aniversário de 50 anos da União Batista Latino-Americana, que será comemorado no Rio de Janeiro. Mais informações na página 13. n

Líderes Batistas da CBB presentes no 23° Congresso da Aliança Batista Mundial, em Brisbane, Austrália
Nova liderança da Aliança Batista Mundial eleita para o período de 2025 a 2030
Batistas de todas as partes do mundo reunidos em Brisbane, Austrália, para adorar, celebrar e reafirmar seu compromisso de viver as Boas Novas em unidade

NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

União Batista Latino-Americana celebrará

50 anos com encontro no Rio de Janeiro

Evento reunirá líderes e membros Batistas de toda a América Latina.

Comunicação da Convenção Batista Brasileira

A União Batista Latino-Americana (UBLA) realizará, entre os dias 14 e 17 de abril de 2026, um grande encontro comemorativo pelos seus 50 anos de fundação. O evento acontecerá na Igreja Batista do Recreio, no Rio de Janeiro - RJ, e reunirá cerca de 2.000 participantes do Brasil e de diversos países da América Latina.

Com o tema “Legado – Luz para o Mundo, Esperança para as Nações... Que ilumine Gerações”, a celebração marca meio século de atuação da UBLA na promoção da cooperação entre Convenções, Uniões e Fraternidades Batistas de língua espanhola e portuguesa ao redor do mundo, com o propósito de contribuir para a expansão do evangelho.

A UBLA é uma das seis entidades

regionais que integram a Aliança Batista Mundial, fortalecendo a unidade e o testemunho da fé cristã evangélica no continente latino-americano e em outras regiões.

Convite dos Executivos

O pastor Parrish Jácome, diretor-executivo da UBLA, declarou: “Um convite muito especial para todo o povo brasileiro da Convenção Batista Brasileira. Em abril, reunião de celebração dos 50 anos da UBLA. Será no Rio de Janeiro. Nós teremos uma grande celebração”.

Pastor Fernando Brandão, diretor-executivo da CBB, também reforçou:

“A família Batista Latino-Americana se reunirá no Rio de Janeiro para celebrar 50 anos da UBLA. Família Batista Latino-Americana, estamos juntos e vamos avançar. Estamos juntos!”

Sobre a UBLA

A União Batista Latino-Americana (UBLA) é uma organização cristã evangélica que reúne e coordena as Convenções, Uniões e Fraternidades das Igrejas Batistas da América Latina, bem como suas comunidades de língua espanhola e portuguesa ao redor do mundo. Seu objetivo principal é promover a expansão do evangelho de Jesus Cristo.

Desde 1930, líderes e pastores da América Latina sonhavam com a união de todos os Batistas do continente para cumprir a Grande Comissão do nosso Senhor Jesus Cristo.

De 8 a 10 de setembro de 1976, na cidade de Cochabamba, Bolívia, delegados da Argentina, Brasil, Bolívia, Colômbia, Chile, Equador, Paraguai, Peru, México, Venezuela e também representantes da Missão Batista

Canadense, Junta de Missões de Richmond (EUA), Missão Batista Conservadora, Comissão de Missões Estrangeiras da Convenção Batista Brasileira e a Aliança Batista Mundial se reuniram. Quando procederam à votação, o voto foi unânime e a União Batista Latino-Americana (UBLA) foi constituída, sendo formada por todas as Convenções e uniões Batistas nacionais da América Latina e as juntas missionárias.

Desde então, a UBLA tem trabalhado para vincular os Batistas latino-americanos, promovendo o compartilhamento de experiências, recursos e estratégias com vistas à edificação e expansão do Reino de Deus

Para fazer a sua inscrição aponte a câmera do seu celular para o QR Code que está na imagem: https://www.e-inscricao.com/cbb/50anosubla n

Igreja! Não precisa ser perfeita, mas deve ser unida

aluno do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil; membro da Igreja Batista Bandeirante - SP

A Igreja, como corpo de Cristo, não é uma reunião de pessoas impecáveis, mas uma comunidade de redimidos em processo de transformação. Cada membro carrega suas falhas e limitações, mas também a marca da graça de Deus, que nos chama à santidade por meio de Cristo. Não é a perfeição que nos habilita a fazer parte da Igreja, mas a obra de redenção realizada por Jesus na cruz. A Igreja é santa não porque seus integrantes estejam livres de pecado, mas porque Cristo a santifica continuamente, purificando-a “pela lavagem da água, pela palavra”. Dessa forma, a perfeição não é condição de entrada na comunidade de fé, mas um alvo escatológico a ser plenamente alcançado na eternidade.

Desde o início da história cristã, a Igreja manifesta sua condição humana imperfeita. Pedro, por medo, negou Jesus; Paulo e Barnabé romperam a parceria após uma discussão; e as igrejas do Novo Testamento enfrentaram divisões, problemas morais e distorções doutrinárias. Mesmo assim, Cristo permaneceu fiel ao seu povo. Ele não abandona sua Igreja, pois a sustenta não pela virtude dos homens, mas pela sua própria graça, que se aperfeiçoa na fraqueza. Se dependesse da perfeição de seus membros, a Igreja já teria desaparecido há séculos. O que a mantém viva e atuante é a promessa de Jesus: “As portas do inferno não prevalecerão contra ela”, garantindo que, apesar das falhas humanas, o projeto de Deus não será frustrado.

Enquanto a perfeição é um alvo futuro, a unidade é uma exigência imediata. Jesus orou ao Pai, pedindo:

“Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste”. Essa unidade não se refere a estruturas organizacionais, mas a uma comunhão espiritual profunda, que ultrapassa tradições, culturas e divergências secundárias. Quando a Igreja se deixa dividir por disputas superficiais, perde a capacidade de testemunhar ao mundo o amor reconciliador de Cristo. Paulo, escrevendo aos coríntios, questionou: “Acaso Cristo está dividido?”, lembrando que a unidade não significa uniformidade absoluta, mas harmonia na diversidade, sob a centralidade de Cristo como cabeça. É nesse senso de harmonia que a Igreja encontra força para preservar “a unidade do Espírito no vínculo da paz”, condição indispensável para manter sua credibilidade e relevância diante do mundo. Para viver essa unidade mesmo em

Educação para a vida cristã: resgatando a essência do chamado

meio às imperfeições, são necessárias atitudes práticas e espirituais. Em primeiro lugar, humildade e perdão, pois todos somos falhos e dependentes da misericórdia divina. Depois, colocar o amor acima das diferenças. Também é fundamental manter o foco no essencial, sem permitir que questões periféricas ameacem a comunhão, pois o núcleo inegociável da fé é o Evangelho de Cristo. Seguir o exemplo de Jesus, orando constantemente pela unidade do povo de Deus, assim como Ele intercedeu.

A Igreja não será perfeita nesta era, mas pode e deve ser unida. Sua beleza reside não na ausência de erros, mas na força de permanecer unida apesar deles, revelando ao mundo o poder transformador do Evangelho. Que sejamos reconhecidos não pela perfeição, mas pelo amor mútuo, mostrando que, apesar das falhas, Cristo nos faz um só corpo. n

O chamado da Educação para a vida cristã

tar ao início. Recomeçar. Caminhar junto.

Em uma dessas conversas de família, já no fim da noite, comecei a fazer várias perguntas a um tio muito querido, o pastor Irland Pereira de Azevedo. Entre os assuntos, perguntei como ele via, hoje, o papel da Educação Cristã. Com a serenidade e sabedoria de quem dedicou a vida ao ensino e ao pastoreio, ele me respondeu: “A educação cristã seria muito mais eficaz se fosse entendida como educação para a vida cristã”. Naquele instante, a frase fez todo o sentido para mim. Afinal, o nosso trabalho na Educação Cristã não é formar especialistas em teorias ou conhecedores de métodos. O propósito maior é formar discípulos de Jesus. Pessoas que aceitaram a Cristo como Salvador e agora caminham com o compromisso de viver para Ele — com valores, princípios e atitudes baseadas na Palavra de Deus.

Educar para a vida cristã nos leva a uma autêntica reavaliação: o que temos feito? Que frutos temos colhido?

Mais que isso: que frutos a Educação Cristã tem produzido em nós?

Temos visto, com pesar, muitos educadores cristãos desanimando, desviando-se da missão ou simplesmente reduzindo seu papel à transmissão de conteúdo. Mas fomos chamados para muito mais. Fomos chamados a ensinar com propósito, a viver com intenção e a formar vidas com base na verdade do Evangelho. Educar para a vida cristã exige que tenhamos um projeto de vida — um projeto que priorize pessoas. E isso envolve reconhecer que muitos alunos, sejam crianças, adolescentes ou adultos, ainda não compreendem plenamente aquilo que estamos tentando ensinar. Será necessário vol -

Retornando à essência

Estamos cercados por metodologias, recursos, tecnologias e teorias. Tudo isso pode ser útil. Mas não podemos ignorar um fato alarmante: o ensino da Palavra de Deus tem diminuído em profundidade e impacto.

Nas Escolas Bíblicas Dominicais, por exemplo, vemos a frequência diminuir e o interesse enfraquecer. E não porque faltem recursos modernos, mas porque, em muitos casos, perdemos o foco. A essência era simples e poderosa: ensinar a Bíblia. Não apenas seguir uma revista, nem depender de fórmulas prontas, mas levar o aluno até a Bíblia, e dali ajudá-lo a crescer, compreender e aplicar.

O resultado de uma educação para a vida cristã é um cristão autônomo, que sabe estudar as Escrituras por

si mesmo e que encontra nelas alimento para a sua jornada com Deus. Infelizmente, temos visto cada vez mais ouvintes passivos, incapazes de alimentar-se espiritualmente sem depender de outros.

Uma urgência: voltar ao propósito

Se quisermos ver transformação real, precisamos voltar ao propósito. Precisamos de educadores que não apenas ensinem, mas vivam o evangelho; que não apenas informem, mas formem cristãos.

Este é o tempo de recomeçar. De retomar o essencial. De renovar o nosso compromisso com a Palavra de Deus e com aqueles que nos foram confiados como alunos — talvez este seja o momento de reavaliar nossos caminhos, retornar ao propósito inicial e reconstruir uma educação que leve verdadeiramente à vida — à vida cristã. n

Vânia Santos de Paula extraído do site oecbb.com.br
Cleberson Williams dos Santos

SAÚDE DE CORPO E ALMA

A maldição da comparação

A comparação é um hábito profundamente enraizado em todos nós. Ela aparece nas situações mais simples do dia a dia: “O pedaço de bolo que você deu pra ele é maior que o meu”; “O carro que ele comprou é melhor que o meu”; “O casamento deles é melhor do que o nosso”; “Por que ele consegue e eu não consigo?”.

No encontro com colegas pastores, não é incomum ouvirmos: “Por que o meu ministério não tem um crescimento tão expressivo como o daquele outro colega?”. Essas comparações me remetem às conversas que nós, seminaristas do Seminário do Sul, tínhamos na famosa “praça da maledicência”, quando falávamos — inocentemente (risos) — sobre o “ministério glorioso” de alguns pastores da época, que, de certo modo, invejávamos.

A comparação é uma maldição porque, todas as vezes que nos comparamos com alguém, matamos algo de significativo e especial que existe dentro de nós. Deus não nos criou numa esteira de montagem de uma grande fábrica. Ele nos criou de modo

artesanal. Fez com as próprias mãos. O salmista disse: “Tu me criaste, no ventre da minha mãe me formaste. Por isso, eu te agradeço, porque me fizeste de um modo tão formidável que não consigo compreender. De uma coisa tenho certeza: tudo o que fazes é admirável” (Sl 139.13 - Bíblia Prazer da Palavra). Enfim, Deus não nos criou como soldadinhos de chumbo. Comparar-se com outras pessoas, ou com alguém em particular, é sinal de um coração tomado pela inveja. No livro Ser uma pessoa inteira, Anselm Grün afirma com precisão: “A inveja aparece sempre que me comparo com o outro” (2014, P. 79, Vozes). Quando essa comparação se torna constante, o sujeito perde a capacidade de valorizar quem ele é, e passa a viver atormentado pelo desejo de ser como o outro. Observamos isso na história de Caim. Ele não suportou ver a aceitação da oferta de Abel e, dominado pela inveja, matou seu irmão. Por que fez isso? Porque queria ser como Abel. O problema é que quem deseja ser como o outro vive fugindo de si mesmo. Esse foi o triste fim de Caim.

Comparar-se com o outro também é uma forma de fugir da responsabilidade de ser quem se é. Admirar e querer aprender com as pessoas é algo saudável. Ninguém cresce sozinho. Na vida, somos todos professores e alunos. E, se com humildade soubermos ouvir e compartilhar, ensinar e aprender, o lucro será certo. Mas desejar ser como essa ou aquela pessoa é uma distorção, uma negação de si mesmo. É uma irresponsabilidade, uma insanidade e, por que não dizer, um pecado, considerando as habilidades e potencialidades que Deus concedeu a cada um de nós de maneira única e personalizada (Mt 25.14,30).

A comparação aponta para uma baixa autoestima. Autoestima é a capacidade de reconhecermos o nosso próprio valor, com consciência dos nossos limites, sem depender da aprovação constante dos outros. Quando alguém diz: “Nunca serei tão bem-sucedido quanto ele”, está, sem perceber, anulando inúmeras possibilidades que possui — mas que, por conta da sua baixa autoestima, não consegue enxergar. Uma boa autoestima não elimina nossas imperfeições, mas nos

ajuda a conviver com elas sem nos sentirmos inferiores. Que estejamos sempre alertas quanto à maldição da comparação. O apóstolo Paulo, na segunda carta aos Coríntios, escreveu: “Porque não ousamos nos classificar ou comparar com alguns que louvam a si mesmos. Mas eles, medindo-se consigo mesmos e comparando-se consigo mesmos, revelam falta de entendimento” (II Co 10.12).

A comparação nasce de um coração inquieto, desconectado da Graça de Deus e ansioso por aceitação — o que é, no fundo, uma des-Graça: abrir mão da Graça. O Evangelho é um convite a abandonarmos a régua torta da comparação e vivermos a partir da identidade que temos em Cristo, onde somos amados e valorizados, não pelo desempenho, mas pela Graça. Não precisamos ser como ninguém. Precisamos apenas ser quem somos: obra única nas mãos de Deus. n

Ailton Gonçalves Desidério Pastor da PIB Lins - RJ Psicólogo clínico e palestrante Contato: desiderioailton@gmail.com

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