OJB EDIÇÃO 25 - ANO 2025

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ÓRGÃO OFICIAL DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA FUNDADO EM 1901

Reflexão

Geração Z

Artigo mostra como a Educação Cristã pode responder aos anseios dessa geração

Notícias do Brasil Batista

118 anos

Conheça a história e origem da Convenção Batista Brasileira (CBB)

Notícias do Brasil Batista Fé para Hoje

Lançamento

Pr. Diogo Carvalho lança livro “Verner Grinberg: o Diácono que voava” em Monte Verde - MG

Como?

Texto fala sobre quem Deus é, como Ele ama e como devemos responder a esse amor

EDITORIAL

118 anos da Convenção Batista Brasileira

Ao celebrar 118 anos de história, a Convenção Batista Brasileira (CBB) reafirma sua identidade, missão e compromisso com os princípios que a sustentaram desde sua fundação, em 1907. Mais de um século depois, o espírito que uniu os pioneiros da fé Batista no Brasil ainda ecoa com força e atualidade.

Na primeira Assembleia da CBB, os temas que predominavam davam o tom de um movimento profundamente enraizado na Palavra e voltado para a transformação de vidas: Missões, educação cristã, educações teológica e ministerial, educação formal – transformação social, comunicação, oração e disseminação na Palavra de Deus eram os temas predominantes no ambiente

da primeira Assembleia da Convenção Batista Brasileira.

Essa declaração não é apenas uma lembrança histórica, ela é um chamado contínuo. Cada elemento citado carrega um valor que norteou as decisões e os passos da Convenção ao longo de sua trajetória. Missões não eram apenas ações pontuais, mas o coração de um povo comprometido em levar o Evangelho a todas as nações. A educação cristã e teológica, por sua vez, formava alicerces sólidos para líderes e Igrejas, preparando homens e mulheres para viver e proclamar o Reino de Deus com discernimento, sabedoria e paixão.

Ao tratar da educação formal e sua ligação direta com a transformação social, a CBB demonstrava um olhar

engajado com a realidade brasileira. Reconhecendo que o Evangelho impacta todas as dimensões da vida, a Convenção sempre viu a educação como uma ferramenta de evangelização, libertação, justiça e desenvolvimento humano.

Além disso, desde os primeiros momentos, a comunicação e a oração eram vistas como indispensáveis. A comunicação, como meio de edificação e expansão da visão, e a oração, como dependência total de Deus em cada passo da caminhada. E sobre tudo isso, a disseminação da Palavra de Deus permanecia como centro e finalidade de toda ação.

Hoje, ao olharmos para trás com gratidão e para frente com esperança, somos desafiados a manter vivo

o mesmo espírito que moveu aqueles irmãos e irmãs em 1907. Os desafios mudaram, os contextos são outros, mas a missão permanece.

A CBB completa 118 anos com a convicção de que fidelidade à Palavra, compromisso com a missão e serviço à sociedade continuam sendo os pilares de uma Igreja relevante, transformadora e alinhada com o coração de Deus.

Que os próximos anos sejam marcados por renovação, unidade e ousadia — sempre fundamentados naquele propósito original que, há mais de um século, inspirou os Batistas brasileiros a se unirem em torno de uma grande obra.

Vamos avançar, pois, juntos, somos melhores! n

O JORNAL BATISTA

Órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso.

Fundado em 10.01.1901

INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189

PUBLICAÇÃO DO CONSELHO GERAL DA CBB

FUNDADOR

W.E. Entzminger

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A direção é responsável, perante a lei, por todos os textos publicados. Perante a denominação Batista, as colaborações assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do Jornal.

DIRETORES HISTÓRICOS

W.E. Entzminger, fundador (1901 a 1919); A.B. Detter (1904 e 1907); S.L. Watson (1920 a 1925); Theodoro Rodrigues Teixeira (1925 a 1940); Moisés Silveira (1940 a 1946);

Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002)

INTERINOS HISTÓRICOS

Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923).

ARTE: Oliverartelucas

IMPRESSÃO: Editora Esquema Ltda A TRIBUNA

BILHETE DE SOROCABA

Somos gratos a Deus pelos inimigos de Jesus durante seu ministério terreno. Muitos deles confrontaram o Mestre com perguntas e ataques maliciosos. Jesus nunca fugiu dos confrontos com seus inimigos. Isto gerou verdades maravilhosas para o viver de todos os cristãos. As respostas oferecidas por Jesus continuam a oferecer inspiração aos verdadeiros salvos, que desejam viver a pureza do Evangelho. Inimigos, às vezes, se transformam em bênçãos em nosso viver prático. São os inimigos gratuitos que nos estimulam a um viver de oração. Assim, cumpriremos a recomendação de Jesus, exarada em Mateus 5.44. Enquanto oramos pelos inimigos gratuitos que Satanás coloca em nosso caminhar diário, somos inundados pelo amor revelado por Deus e pela misericórdia divina ao pecador perdido. Deus continua amando o pecador perdido e desafia-nos a amá-lo também. Não é fácil, mas é possível quando influenciados pela graça divina. A ação do Espírito Santo em nosso caminhar diário leva-nos a seguir o exemplo de Estevão, em Atos 7.60: “Senhor Jesus, não lhes

imputes este pecado”. Só o salvo redimido pelo sangue de Jesus consegue dizer tais palavras. Ao provar do perdão gracioso que emana do Calvário, somos levados a perdoar também. É o desafio do verdadeiro cristianismo, tão carente atualmente.

Jesus foi confrontado pelos saduceus acerca da Lei do Levirato, exarada por Moisés em Deuteronômio 25.5-6.

A Lei era simples e de fácil execução. Ao morrer o esposo, seu cunhado mais próximo deveria assumir o papel de marido da viúva e suscitar filhos ao irmão falecido. Claro que o irmão do defunto poderia se recusar, por razões pessoais, como ocorreu no caso de Boaz e o remidor. A Bíblia não revela o nome do remidor de Noemi. Apenas conta a história do processo em que o remidor desistia da sua função e a outorgava a outro mais achegado. O costume do remidor desistente era tirar as sandálias e entregá-las a seu companheiro. Dessa ação surgiu em Israel o ditado “descalçado” — aquele remidor que desistia da sua função.

A Bíblia é rica em detalhes sobre a vida e os costumes dos israelitas. A maioria dos salvos desconhece essas verdades e perde a oportunidade de crescer espiritualmente. Os estudos

Deus dos vivos

bíblicos, normalmente, insistem nas cartas paulinas e não oferecem aos salvos o desafio de conhecer em profundidade as verdades bíblicas.

Os saduceus que confrontaram Jesus com a história surreal de sete irmãos casados com uma única mulher não criam na inspiração bíblica, muito menos no que Moisés escreveu sobre a Lei do Levirato. Desejavam apenas agredir o Mestre com suas estórias inventadas, mas não conseguiram êxito. Somos gratos a esses inimigos do Mestre, que em sua maldade nos deixaram preciosas lições. Não fossem os inimigos de Jesus, não teríamos lições preciosas para o nosso viver cristão. Inimigos, às vezes, são bênçãos em nosso caminhar diário. Nunca despreze um inimigo — seja ele um amigo que nos traiu ou um inimigo verdadeiro. Precisamos aprender a conviver com os inimigos que aparecem em nosso viver cristão. Jesus aproveitou a ofensiva dos saduceus para deixar-nos uma preciosa lição sobre a morte e os mortos. A morte é fruto do pecado, mas não tem poder de nos afastar de Deus. Jesus cita a experiência de Moisés junto à sarça ardente, quando o Senhor diz: “Eu sou o Senhor, Deus de Abraão, de

Isaque e Deus de Jacó.” Para Deus, ambos os patriarcas estavam vivos. Diz o texto de Êxodo 3.6: “Disse Deus a Moisés: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó.” A citação divina refere-se a pessoas que estavam vivas, e Jesus conclui: “Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para Ele vivem todos.” A morte tem domínio apenas sobre o nosso corpo físico, mas não domina sobre a nossa alma. Após a morte, estaremos na presença de Cristo, usufruindo do Seu amor e graça. Em plena consciência, adoraremos ao Senhor que nos resgatou da perdição eterna. Não há sono da alma, tampouco o aguardar no túmulo a volta do Senhor. O nosso corpo se desfará e verá a corrupção, mas o espírito retornará à comunhão com o Pai, que vivo está. Esta foi a oração de Estevão ao morrer: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito” (Atos 7.59b). O espírito de Estevão não foi ao purgatório para pagar pelos pecados cometidos — foi diretamente à presença de Jesus Cristo. Isto ocorrerá com todos aqueles que um dia confessaram Jesus Cristo como seu Salvador pessoal. Esta verdade traz ao coração do salvo crescente gratidão. n

Igreja não é ONG?

Cleberson Williams estudante de Teologia no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil; membro da Igreja Batista Bandeirante - SP

A confusão entre Igrejas e organizações não governamentais (ONG’s) é comum, mas juridicamente incorreta. Embora ambas possam desenvolver ações sociais, suas naturezas jurídicas e finalidades são distintas. Enquanto as ONG’s fazem parte do Terceiro Setor e atuam em áreas como educação, saúde e assistência, as Igrejas são reconhecidas como organizações religiosas, com base na liberdade de crença e em dispositivos legais específicos. Compreender essa diferença é fundamental para evitar interpretações equivocadas e garantir o respeito às particularidades de cada tipo de entidade. Para entender melhor essa distinção, é importante considerar como a sociedade se organiza juridicamente. Tradicionalmente, ela é dividida em três setores: o primeiro setor refere-se ao Estado e sua função pública, o segundo compreende o mercado privado, formado por empresas com fins lucrativos, e o Terceiro Setor engloba instituições sem fins lucrativos que atuam como parceiras ou complementares ao Estado. Nesse cenário, as Igrejas não se enquadram como integrantes do Terceiro Setor, pois sua atuação está centrada na fé, na espiritualidade e na promoção de valores religiosos, não apenas na execução de serviços sociais.

Essa especificidade é reconhecida formalmente pelo ordenamento jurídico brasileiro. O Código Civil, por meio da Lei nº 10.406/2002, em seu art. 44, inciso IV, classifica as organizações religiosas como uma categoria distinta de pessoa jurídica. O parágrafo 1º do mesmo artigo garante ampla liberdade para sua criação, organização e funcionamento, sem qualquer interferência estatal. Essa autonomia jurídica é respaldada pela Constituição Federal, no art. 5º, inciso VI, que assegura o livre exercício dos cultos religiosos e a proteção de seus locais de celebração.

As implicações dessa autonomia se refletem também no campo normativo e tributário. Enquanto as ONG’s são regidas por dispositivos específicos, como o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (Lei nº 13.019/2014), as Igrejas seguem seus próprios estatutos e orientações internas, muitas vezes baseadas em normas doutrinárias. No aspecto fiscal, a Constituição Federal, em seu art. 150, inciso VI, alínea “b”, assegura imunidade tributária a templos de qualquer culto, independentemente da realização de atividades sociais. Já as ONGs dependem de certificações formais, como a Certificação de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS) e a qualificação como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, para obter benefícios fiscais.

É importante reconhecer que, apesar de sua missão principal ser religiosa, muitas Igrejas desenvolvem ações sociais relevantes, como escolas, hos-

pastor & professor de Psicologia

Nada pode nos separar de Deus

“Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 8.39).

A carta aos romanos, escrita pelo apóstolo Paulo, é a revelação do eterno poder reconciliador de Cristo Jesus, nosso Senhor: “Em todo o universo não há nada que possa nos separar do amor de Deus, que

pitais e programas de assistência a pessoas em situação de vulnerabilidade. No entanto, quando optam por atuar nesse campo, é comum que criem entidades jurídicas específicas para administrar esses projetos, como associações ou fundações. Essa separação permite preservar a natureza religiosa da Igreja e atender de forma adequada às exigências legais do terceiro setor.

Fica evidente que Igrejas e ONG’s possuem naturezas jurídicas distin-

é nosso por meio de Cristo Jesus, o nosso Senhor” (Rm 8.39).

Ao introduzir assim o problema da maldição do pecado, na discussão da obra redentora de Jesus Cristo, o nosso Criador nos revela a garantia espiritual que o Senhor nos oferece quanto à bênção de ter comunhão com Ele por toda a eternidade: “A erva seca, a flor cai, mas a Palavra do nosso Deus dura para sempre” (Is 40.7-8).

tas. As Igrejas existem com base em princípios de fé e liberdade religiosa, amparadas pela Constituição e pelo Código Civil, enquanto as ONG’s surgem de uma lógica associativa voltada à ação social organizada. Embora possam cooperar em diversas causas e iniciativas, suas identidades legais não se confundem. Reconhecer e respeitar essas diferenças é essencial para garantir a legitimidade de suas atuações e a correta aplicação das normas que as regem. n

Criação e redenção: a história de um amor incondicional

Rômulo Jorge de Souza Santos seminarista no Seminário Teológico Batista de Niterói; membro na Igreja Batista em Venda da Cruz - São Gonçalo - RJ

Começa assim a história da humanidade: ao criar a fauna e a flora com características e espécies próprias, Deus decidiu fazer o homem (termo usado para referir-se ao ser humano, de acordo com o texto de Gênesis 1.27, onde se lê: “macho e fêmea os criou” ou “homem e mulher os criou” — sendo esta última a melhor opção), à sua imagem e semelhança (Gênesis 1.26), dotando o homem de características divinas. Dentre essas características, está a capacidade de relacionar-se com seu Criador. Em Gênesis, lemos que, diariamente, Deus ia ao encontro do homem para estar com ele — algo que não acontecia com nenhuma outra de suas criações.

Após formar o homem, Deus o coloca em um jardim no Éden, onde ele recebe diversas instruções, dentre elas uma única proibição da parte do Senhor: não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal — em outras palavras, do certo e do errado. É neste jardim que acontece a primeira tentativa de distanciar o homem do seu Criador, tentativa essa que foi bem-sucedida. A mulher, criada da própria costela do homem para estar ao seu lado, se deixa convencer pelas palavras mentirosas da serpente e, desobedecendo à palavra de Deus, come do fruto que o Senhor havia proibido. Depois de comê-lo, a mulher compartilha com o homem, que também aceita tomar dele.

Ao ir encontrar-se com o homem como de costume, ouvindo que o Senhor o chamou, o homem se esconde do Senhor — não por causa da sua desobediência, mas por estar nu (Gê-

nesis 3.10). Questionado por Deus se havia provado do fruto proibido, o homem admite seu erro, mas transfere a culpa para a mulher, e a mulher, por sua vez, para a serpente. Então, o Criador se dirige à serpente, amaldiçoa-a e declara uma palavra profética de inimizade entre ela e a mulher, e da derrota da sua semente para a semente da mulher (Gênesis 3.14-15); fala à mulher, a corrige e castiga (Gênesis 3.16); corrige o homem e o castiga, amaldiçoando a terra que antes lhe produzia com fartura e sem qualquer trabalho (Gênesis 3.17-19). Aqui pode-se perceber a grandeza do amor de Deus para com o homem: a serpente é amaldiçoada, a terra é amaldiçoada em sua produção, dificultando a subsistência do homem — mas o homem e a mulher foram poupados da maldição divina, embora não da correção do Criador.

Então, Deus retira o casal do jar-

dim — um lugar de provisão divina abastada, comunhão irrestrita com o Criador, paz indescritível. O pecado fez separação entre o homem e Deus. Durante os muitos anos que se seguiram, homens de Deus foram usados para retransmitir as palavras de Gênesis sobre a semente da mulher, ainda que usando adjetivos e nomes diferentes. Segundo alguns estudiosos, existem mais de 400 promessas messiânicas no Antigo Testamento. Essa semente veio, e seu nome é Jesus. Sua vida fala tão alto quanto sua morte, no processo de restaurar a comunhão entre o homem e Deus. O livre acesso ao Criador foi restabelecido. Todo aquele que crê que Ele é o Enviado de Deus não é mais dominado pelo pecado. Estes são libertos do poder do pecado e são livres. Ele disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14.6). n

Olavo Fe ijó

Refletindo acerca do ministério pastoral

No mês de junho, no segundo domingo, é celebrado o Dia do Pastor Batista. Essa data é uma oportunidade de homenagear aqueles que dedicam suas vidas ao ministério pastoral, guiando, ensinando e servindo às suas comunidades com amor e dedicação. Mas, afinal, o que faz de um pastor alguém digno de tal título? E quais são as características que definem um verdadeiro servo de Deus? Quem é o pastor digno de ser chamado assim?

Um pastor digno de seu chamado demonstra, em sua vida e ministério, características que refletem o caráter de Cristo e o compromisso com o serviço ao próximo. Richard Baxter (1989), no livro intitulado “O Pastor Aprovado” , enfatiza que “o caráter do pastor deve estar fundamentado na dedicação plena a Deus e na motivação de promover a salvação do Seu povo”. A integridade espiritual e o compromisso com os valores divinos são essenciais para exercer um ministério eficaz e autêntico. Essa dedicação não apenas molda a conduta do pastor, mas também reforça sua autoridade espiritual, inspirando confiança e respeito entre os fiéis. Assim, a ênfase de Baxter reforça a ideia de que um verdadeiro pastor deve priorizar sua relação com Deus e a missão de salvar vidas, demonstrando uma vida de exemplo e devoção sincera. A obra ministerial não deve jamais ser motivada por interesses pessoais ou pela busca de lucro próprio. Em vez disso, o ministério deve ser realizado com um coração puro, buscando somente a glória de Deus e o bem espiritual daqueles a quem serve. Essa perspectiva reforça a importância da integridade e do compromisso sincero na atuação pastoral, lembrando que o verdadeiro serviço ministerial é uma vocação sagrada, orientada exclusivamente para o serviço a Deus e à salvação das pessoas.

Atualmente, é evidente que muitos pastores têm se deixado dispersar pelas demandas secundárias da Igreja, como tarefas administrativas, eventos sociais e atividades de manutenção, muitas vezes em detrimento do verdadeiro propósito de sua missão: liderar a igreja na formação de uma comunidade de discípulos de Jesus e promover a multiplicação de novos discípulos para o Reino. Essa dispersão pode fazê-los perder o foco principal, que é pregar o evangelho, discipular pessoas e ampliar o impacto do Reino de Deus na sociedade. Quando o compromisso com tarefas secundárias se sobrepõe à missão central, a essência do ministério é comprometida, e a igreja corre o risco de se tornar apenas uma instituição social formal, esquecendo-se de sua verdadeira vocação de transformar vidas por meio do discipulado cristão.

Segundo Brian Croft (2021), “um pastor não é chamado para realizar programas para as multidões; também não é chamado para fazer tudo e tentar agradar a todos”. O pastor cuidará do rebanho de Deus que lhe foi confiado até a vinda do Pastor Supremo. Um líder espiritual não deve se dedicar apenas à organização de eventos em grande escala ou tentar satisfazer todas as expectativas ao seu redor. Sua principal responsabilidade é zelar pelo bem-estar daqueles que lhe foram confiados, atuando com dedicação e fidelidade até o momento em que o Pastor Supremo retorne. O foco está na atenção ao rebanho, promovendo seu crescimento espiritual e proteção, em vez de buscar reconhecimento ou agradar a todos os indivíduos. É cuidar diligentemente do rebanho de Deus que lhe foi confiado. Essa responsabilidade exige dedicação, fidelidade e foco na nutrição espiritual do povo de Deus.

Deus é aquele que chama indivíduos ao ministério pastoral, conferindo-lhes uma missão sagrada e delineando os detalhes desse chamado

de forma clara e inequívoca na Bíblia. Ao longo das Escrituras, podemos encontrar inúmeros exemplos e orientações que revelam como Deus escolhe e prepara os pastores para liderar o Seu povo com zelo, amor e dedicação.

Na primeira carta de Pedro, capítulo 5, versículos 2 a 7, o apóstolo Pedro exorta os pastores/presbíteros a exercerem seu ministério com responsabilidade e sinceridade. Ele os incentiva a cuidar do rebanho de Deus, não por obrigação, mas voluntariamente, com alegria e zelo, sempre com o coração voltado para o bem-estar espiritual daqueles a quem foram confiados. Essa passagem reforça a ideia de que o verdadeiro pastoreio não se baseia em interesses pessoais ou em cargos de autoridade, mas na dedicação genuína ao cuidado das almas, seguindo o exemplo do próprio Cristo, o Supremo Pastor.

O verdadeiro chamado de um pastor vai muito além de uma “pseudo vocação” ou uma “profissão”; é uma missão que exige humildade, espontaneidade e zelo. Pastorear com humildade significa reconhecer que toda autoridade vem de Deus e que o líder espiritual deve servir com simplicidade, sem buscar privilégios ou glórias humanas. A espontaneidade no ministério revela-se na autenticidade e sinceridade com que o pastor se dedica ao seu rebanho, demonstrando amor verdadeiro e cuidado genuíno por cada pessoa. O zelo, por sua vez, manifesta-se na dedicação incansável em conduzir o povo de Deus ao caminho da verdade, na oração constante, no estudo diligente da Palavra e na disposição de apoiar e orientar com misericórdia e paciência. Tudo isso deve ser feito em nome do Supremo Pastor, Jesus Cristo, que é o modelo perfeito de liderança, amor, abnegação e sacrifício. O pastor que segue esse chamado atua como um instrumento nas mãos de Deus, refletindo o caráter de Cristo em suas ações e atitudes. Sua missão é cuidar

das ovelhas com zelo, humildade e espontaneidade, sempre lembrando que seu serviço é uma extensão do amor de Cristo por Sua Igreja. Portanto, o verdadeiro pastor não busca reconhecimento humano, mas a glória de Deus e a salvação das pessoas sob seus cuidados. Ele deve exercer seu ministério com integridade, fidelidade e dedicação, consciente de que seu chamado é uma vocação divina, uma responsabilidade sagrada que exige fé, coragem e amor incondicional. Assim, ao desempenhar seu papel com fidelidade, o pastor contribui para o crescimento espiritual do rebanho de Deus, promovendo um ambiente de paz e esperança, sempre guiado pelo exemplo de Jesus, o Bom Pastor.

Com base em tudo que foi refletido, o artigo conclui com a sábia orientação do professor Timothy Witmer (2024): “Sobretudo, o pastor deve dedicar-se ao ministério da palavra e da oração. O ministério do pastor para o rebanho deve se fundamentar nas Escrituras como autoridade ministerial e fonte ampla da verdade com o objetivo de alimentar, liderar e proteger as ovelhas. Os pastores em sentido individual e coletivo, também devem estar certos de entregar todo o cuidado do rebanho ao Senhor em oração. Somos completamente dependentes do Senhor para sermos eficientes ao lidarmos com as ovelhas dele para a sua glória”.

Bibliografia

Baxter, Richard. O Pastor Aprovado. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas. 1989.

BÍBLIA. Bíblia de Referência Thompson. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição revista e corrigida. São Paulo: Vida, 1995.

Brian Croft. O Ministério do Pastor. São Paulo: Editora Fiel. 2021. Witmer, Timothy. A liderança pastoral. São Paulo. Editora Vida Nova. 2024. n

Geração Z e o Evangelho: entre o caos e a missão, um coração em busca de sentido

Andreia Cristina Ramos educadora cristã

Extraído de www.oecbb.com.br

Nascida entre 1997 e 2012, a Geração Z é a primeira inteiramente digital. São os filhos da velocidade, da informação infinita e dos algoritmos personalizados. Cresceram em um mundo polarizado, com instabilidades emocionais e incertezas econômicas. Ao mesmo tempo, muitos têm demonstrado um resgate surpreendente de valores conservadores — como a importância da família, da fé e de princípios claros.

Há, porém, uma angústia que grita dentro de muitos deles: “Qual é o meu propósito?”. Quando a educação cristã responde a essa pergunta com a pessoa de Jesus, algo poderoso acontece: a geração mais conectada se torna a geração mais comprometida com a expansão do Reino de Deus.

No trabalho de Ezequiel Marques Barbosa, o autor reconhece que a Geração Z busca propósito, identidade e relacionamentos significativos, o que os torna particularmente sensíveis ao discipulado quando este é autêntico e relevante. Nesse contexto, ele aponta as organizações Mensageiras do Rei e Embaixadores do Rei como caminhos eficazes para alcançar o coração dessa geração. Esses ministérios oferecem experiências que unem ensino bíblico, prática missionária, mentoria intencional e senso de comunidade — elementos fundamentais para uma geração que deseja pertencer, servir e fazer diferença no mundo. Ele mostra que essas organizações promovem uma identidade espiritual sólida, ao ajudar os jovens a se reconhecerem como parte ativa do Reino de Deus. Além disso, desenvolvem neles um senso de missão, ao envolvê-los em práticas evangelísticas e de serviço. Esses espaços também oferecem vínculos comunitários saudáveis e uma formação integral, unindo valores bíblicos com ética, liderança e cidadania, de forma profundamente conectada com os anseios e o contexto cultural dessa geração.

As marcas da GERAÇÃO Z

Vivem em constante fluxo de informação, mas anseiam por verdade

Eles acessam milhares de conteúdos por dia, mas desconfiam das aparências. Procuram algo real, algo que não mude ao sabor das tendências.

Sofrem com ansiedade, solidão e instabilidade emocional

Apesar de hiper conectados, muitos se sentem profundamente soli-

tários. A insegurança em relação ao futuro os fragiliza, e a pressão pelo sucesso os desgasta.

Procuram identidade e pertencimento com intensidade

Em meio à fragmentação cultural, querem saber quem são. Buscam tribos, comunidades e causas que deem sentido à sua existência.

Começam a resgatar valores tradicionais

Há um crescente retorno ao cristianismo, à moral bíblica e à valorização da fé, sobretudo entre os que se decepcionaram com o vazio do relativismo.

Quando Jesus se torna o centro da geração

“Nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17.28).

A Geração Z precisa saber que sua identidade, valor e propósito não estão em números de seguidores, desempenho ou opiniões alheias, mas em Cristo. Quando Ele se torna o centro, a ansiedade é trocada por paz, o caos por

Caminhos para a educação cristã alcançar a GERAÇÃO Z

Ensinar com profundidade e autenticidade

“[…] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8.32).

Eles detectam o superficial rapidamente. A educação cristã precisa

apresentar uma fé profunda e real, baseada na Palavra, com espaço para o questionamento, a dúvida e a construção sólida da verdade.

Promover vivência prática da fé desde cedo

“Sede praticantes da palavra e não somente ouvintes,[…]” (Tiago 1.22).

Projetos de voluntariado, discipulados ativos, missões urbanas e ações sociais engajam o coração dessa geração. Eles querem viver a fé fora das paredes da Igreja.

Ajudar a formar uma identidade enraizada em Cristo

“Mas vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, […]” (I Pe 2.9);

Mais do que nunca, a Geração Z precisa descobrir quem são em Cristo. A educação cristã deve combater a confusão identitária com clareza, amor e firmeza bíblica.

Resgatar a disciplina espiritual como estilo de vida “Instrui a criança no caminho em que deve andar, e mesmo quando envelhecer não se desviará dele” (Pv 22.6).

Apesar de nativos digitais, muitos estão redescobrindo o valor da oração, da leitura bíblica e da comunhão verdadeira. É hora de mostrar que ser cristão não é moda — é compromisso com um estilo de vida radicalmente diferente.

Convidá-los para uma missão maior que eles mesmos “Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, […]” (Mateus 6.33). Essa geração quer mudar o mundo. A maior mudança é levar o mundo a conhecer Jesus. A educação cristã precisa apresentar a grande comissão como o projeto de vida mais relevante que alguém pode abraçar.

A Geração Z está em busca de algo eterno em meio ao passageiro. Quando encontra Jesus como resposta para seus anseios, transforma-se em uma geração missionária, fiel, intensa e influente.

A missão da educação cristã é ensinar com verdade, amar com paciência e discipular com intencionalidade. É fazer da Palavra de Deus o alicerce de uma nova geração que — ao contrário do que muitos dizem — não está perdida, mas está sendo preparada para um avivamento.

Uma vez mensageira do Rei, sempre mensageira do Rei Jesus Cristo!

Referência:

BARBOSA, Ezequiel Marques. O adolescente da Geração Z e o discipulado cristão. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Teologia) – Faculdade Batista Pioneira, Ijuí, RS, 2021. Disponível em: https:// www.batistapioneira.edu.br/wp-content/uploads/2022/08/TCC-Ezequiel-OK.pdf. Acesso em: 20 abr. 2025. n

Exposição Todos os Povos: a Trajetória da Evangelização Indígena no Brasil

Redação de Missões Nacionais

Em abril de 2025, foi lançada a exposição Todos os Povos, um tributo à obra de evangelização indígena no Brasil. Essa exposição destaca a rica história missionária entre os povos originários, homenageando os pioneiros que dedicaram suas vidas a levar o Evangelho às comunidades indígenas.

Desde sua fundação, em 1907, Missões Nacionais tem desempenhado um papel crucial na evangelização dos povos indígenas no Brasil. Nos primeiros anos, os esforços ficaram concentrados nas regiões remotas do país. Em 1910, a Convenção Batista Brasileira propôs o envio de missionários ao Espírito Santo e, cinco anos depois, o apelo missionário se voltou ao Ceará, onde os indígenas foram chamados de “verdadeiros brasileiros” pelo então Diretor-Executivo de Missões Nacionais, F. M. Edwards. Os esforços cresceram e, em 1918, a missão se concentrou nos vales do Tocantins e Araguaia, em Goiás. Em 1921, em um artigo para O Jornal Batista, Salomão Ginsburg defendeu a evangelização indígena como forma de libertação dos povos originários da opressão religiosa predominante. O impacto missionário aumentou com a atuação de Benedito Odilon Profeta na Ilha do Bananal - TO, levando Missões Nacionais a intensificar seus trabalhos entre os indígenas a partir de 1924

Em 1925, Manoel Gomes dos Santos foi designado como o primeiro missionário efetivo entre os indígenas do Rio Madeira. Já em 1926, o casal Zacarias e Noemi Campêlo iniciou uma jornada entre os Craôs, com apenas 14 dias após o casamento. A trajetória de Zacarias foi marcada por perdas significativas, incluindo o

falecimento de Noemi em 1928 e depois de sua segunda esposa, Orfisa Batista. Apesar das adversidades, ele permaneceu firme em seu propósito.

“Eu não vim para gostar. Eu vim para sofrer e dar minha vida por eles [os indígenas]. Eu vim para servir.” Zacarias Campêlo

Nas décadas de 1930 e 1940, Francisco Colares e Edith Bieri também se destacaram na missão, convictos da importância do ministério entre os indígenas. Mesmo após a morte de seu esposo, Edith cumpriu a promessa. Em 1958, o casal Guenther e Wanda Krieger iniciou o trabalho entre os Xerentes, destacando-se na tradução da Bíblia e na criação de materiais didáticos para as comunidades.

“Há no Brasil mais de 3 milhões de índios que clamam pelo Evangelho e pelo nosso amor. Multidões de multidões desejam ouvir as Boas Novas.” Francisco Colares

A expansão missionária ganhou novo impulso em 1977, quando a Convenção Batista Brasileira aprovou uma filosofia missionária com 14 focos de evangelização, incluindo tribos indígenas. Em 1984, Missões Nacionais estabeleceu o objetivo de alcançar uma nova tribo a cada ano, ampliando sua atuação entre os Kaingangs, Xerentes, Mundurukus e Funios. Nos anos seguintes, missionários como Guenther Krieger, Edith Bieri e Rinaldo de Mattos continuaram esse trabalho, promovendo a evangelização e a valorização cultural dos povos originários. Em 1994, Guenther Krieger concluiu o Dicionário Xerente-Português e Português-Xerente, devidamente registrado na Fundação Biblioteca Nacional,

aguardando oportunidade para publicação, enquanto Wanda Krieger confeccionou um hinário com 23 hinos em Xerente e alguns em Português.

“É muito importante escolher vocação, porque só se tem uma vida. É preciso saber como investi-la.” Guenther Krieger

Nos anos 2000, a obra continuou avançando e novas conquistas fortaleceram a missão indígena, para a glória de Deus. Em 2007, houve a tradução

do Novo Testamento para a língua Xerente. Em 2021, Eli Leão Catachunga, da etnia Ticuna, tornou-se o primeiro pastor batista indígena a obter um título de mestre em Educação, reforçando a importância da formação teológica e acadêmica para líderes indígenas. Em 2024, foi realizada a publicação de porções do Pentateuco na língua Xerente, concluindo o ministério do casal Guenther e Wanda Krieger, que continua por meio do casal Werner e Regiane Seitz, principalmente com o projeto de tradução da Bíblia.

Destaques Missionários

Benedito Odilon Profeta

Johann e Edith Bieri

Rinaldo e Gudrun de Matos

Francisco e Nair Colares

Zacarias e Noemi Campelo

Guenther e Wanda Krieger

Empreendeu uma viagem exploratória à Ilha do Bananal - TO, tornando-se o primeiro batista a ter contato com os Xerentes.

Atuaram no Tapajós - PA, com intensa atividade educacional e de assistência social entre os Mundurukus.

Trabalharam na tradução da Bíblia, na revisão da gramática Xerente e no ensino a professores de escolas indígenas, em Miracema do Norte - TO.

Se apresentaram para trabalhar com os índios na região do Tocantins. Francisco foi o fundador do atual Lar Batista David Gomes.

Embarcaram em uma viagem com destino aos indígenas Craôs, com uma dedicação que inspirou a muitos.

Se dedicaram à tradução da Bíblia, com a publicação do Novo Testamento e de porções do Pentateuco para a língua Xerente.

A história da evangelização indígena no Brasil é marcada por desafios, dedicação e conquistas. Localizada na sede de Missões Nacionais, na Tijuca, no Rio de Janeiro, a exposição Todos os Povos celebra esse chamado bíblico de alcançar todas as nações, línguas e tribos, destacando histórias de fé, perseverança e transformação que marcam a trajetória missionária entre os indígenas no Brasil. Venha se inspirar com essa história que reflete o amor de Deus por todos os povos e culturas! n

Convenção Batista Brasileira, há

118 anos anunciando o Amor Gracioso

Saiba como começou a história da CBB, em junho de 1907; conheça também alguns dos pioneiros.

presentes

Estevão Júlio jornalista na Convenção Batista Brasileira

No dia 22 de junho de 1907, uma segunda-feira, teve início, no antigo prédio do Aljube, em Salvador - BA, a primeira assembleia da Convenção Batista Brasileira. O momento foi marcado por solenidade e grande expectativa. Estavam presentes 43 mensageiros enviados por Igrejas e organizações Batistas, aos quais se juntaram mais dois posteriormente. O salão estava completamente lotado, com visitantes, autoridades e irmãos em pé junto às janelas e ao longo das paredes, tamanha era a importância do acontecimento.

Naquele tempo, os Batistas brasileiros somavam 4.200 membros organizados em 83 Igrejas. Durante essa primeira assembleia, foram aprovadas as primeiras providências organizacionais, incluindo a adoção de uma constituição provisória e a eleição da diretoria da nova Convenção. Foram eleitos: F. F. Soren como presidente; Joaquim Fernandes Lessa como 1º vice-presidente; João Borges da Rocha como 2º vice-presidente; Theodoro R. Teixeira como 1º secretário; Manoel Ignacio Sampaio como 2º secretário; e Z. C. Taylor como tesoureiro.

A temática predominante da assembleia foi Missões, mas outros assuntos centrais também foram abordados, como educação cristã, educação teológica e ministerial, educação formal voltada à transformação social, comunicação, oração e a disseminação da Palavra de Deus.

Diversas teses foram apresentadas ao longo dos dias de reunião, demonstrando a profundidade das reflexões daquele grupo pioneiro. Den-

tre elas, destacaram-se: “Influência político-social dos Batistas no Brasil”, de Dr. Alfredo Freire; “O Brasil como campo missionário”, do pastor Salo-

mão Luiz Ginsburg; “Evangelização interior”, de E. A. Jackson; “Pontos estratégicos de evangelização”, de O. P. Maddox; “Dever e privilégio de

contribuir”, de Joaquim Lessa; “Cortesia interdenominacional”, de A. L. Dunstan; “Literatura evangélica”, de Theodoro R. Teixeira; “Sistema educacional”, de W. H. Cannada; “Educação da mulher”, de Archiminia Barreto; “Serviço teológico e seminário”, de Dr. João W. Shepard; e “Sustento próprio”, de Z. C. Taylor. Foram criadas também as primeiras comissões da Convenção, contemplando as áreas de Constituição; Missões Nacionais e Evangelização; Educação; Escolas Dominicais; União da Mocidade Batista; Publicações e Literatura; Sociedades de Senhoras; Sociedades Juvenis; Missões Estrangeiras; e Estatística. Também foram organizadas as primeiras juntas: Evangelização Nacional, Missões Estrangeiras, União da Mocidade Batista, Educação e Seminário, Escolas Dominicais, Casa Publicadora e Administração do Seminário.

As atas da assembleia registram outros episódios marcantes. Joaquim Lessa propôs — e foi aprovado — que se lançasse em ata um voto de louvor e agradecimento aos implantadores do trabalho Batista no Brasil. Já o Dr. W. B. Bagby sugeriu que fosse aplicada uma multa de 5$000 para Missões Nacionais a qualquer delegado que não estivesse presente no recinto às 14h. A proposta foi aprovada. No entanto, como todos compareceram pontualmente, o presidente da sessão comentou, em tom bem-humorado, que isso poderia parecer falta de vontade em contribuir, e sugeriu que todos, mesmo sem culpa, pagassem a multa. A ideia foi acolhida com alegria, e mensageiros e amigos foram depositando espontaneamente quantias sobre a mesa, totalizando 125$000. Em outro momento de gratidão, Bagby

Mensageiros
na 1ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira, em junho de 1907, em Salvador - BA
Registro colorizado da 1ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira
Ata da 1ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira

NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

propôs — e foi aprovado — um voto de agradecimento aos irmãos baianos pela maneira afetuosa, gentil e cristã com que receberam os delegados da Convenção.

Participaram como mensageiros da 1ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira os seguintes irmãos e irmãs: Salomão Luiz Ginsburg, W. H. Cannada, Dr. João W. Shepard, Mme. S. L. Ginsburg, Arvilla H. Ginsburg, Pr. Pedro Falcão, Ludgero Barreto, Capitão Galvão, José Ferreira do Couto, Carlos Edington, Isaias C. de Carvalho, Manoel C. de Carvalho, Belino Antonio Gonçalves, Pr. Manoel Ignacio Sampaio, Mme. Luiza Sampaio, Pr. Alexandre de Freitas, Pr. E. A. Jackson, João Izidro, Pedro Pereira, Izidoro Pereira, Professor Alipio Doria, Pr. Z. C. Taylor, Henrique Nascimento Gonçalves, Pr. R. E. Pettigrew, D. L. Hamilton, Venceslau Baptista, Mme. Z. C. Taylor, Manoel Avelino de Souza, Pedro Borges D’Almeida, Pr. L. M. Reno, Mme. L. M. Reno, Francisco José da Silva, Pr. A. L. Dunstan, Joaquim Lessa, D. F. Crosland, F. F. Soren, Theodoro R. Teixeira, Mme. F. F. Soren, Pr. O. P. Maddox, A. B. Deter, Mme. A. B. Deter, J. V. Montenegro e Dr. W. B. Bagby. Esse encontro, realizado entre os dias 22 e 27 de junho de 1907, foi muito mais do que uma formalização institucional. Ele foi o marco de uma jornada missionária coletiva que até hoje influencia a caminhada dos Batistas brasileiros. Na simplicidade daquele início, em um prédio antigo e diante de desafios imensos, os mensageiros da fé deixaram um legado de compromisso, oração, trabalho e paixão pelo evangelho. O nascimento da Convenção Batista Brasileira foi também o nascimento de um sonho missionário, sustentado pela graça de Deus e pelo serviço fiel de seus pioneiros.

CONHEÇA ALGUNS DOS PIONEIROS QUE ESTAVAM NA 1ª ASSEMBLEIA DA CBB

Zacarias Taylor

Nasceu em 1851, em Jackson, Mississippi (EUA). Durante a Guerra da Secessão, sua família perdeu todos os bens e se mudou para o Texas, em 1865. Ele ingressou na Universidade Batista de Waco em 1869, graduando-se em Bacharel em Artes. Posterior-

mente, formou-se Mestre em Teologia pela Universidade Batista de Baylor, em 1879. Após sua consagração ao ministério, assumiu o pastorado no Texas.

Seu contato com Hawthorne, agente da Convenção Batista do Sul, e a leitura do livro O Brasil e os Brasileiros, de Kidder, despertaram seu interesse pelo trabalho missionário, levando-o ao Seminário de Louisville.

Casou-se com Kate Stevens Crawford em 25 de dezembro de 1881 e, no início de 1882, partiram para o Brasil, onde se uniram aos missionários Anna e William Bagby em Santa Bárbara D’Oeste - SP.

Estudaram a língua portuguesa com Antônio Teixeira Albuquerque e, em agosto de 1882, seguiram para Salvador - BA, onde organizaram a Primeira Igreja Batista da Bahia em 15 de outubro de 1882.

Em 1885, Taylor batizou o primeiro Batista em Pernambuco, Wandrejaselo Mello Lins, e ajudou a organizar Igrejas em Maceió, Recife e Petrolina.

Fundou o jornal O Eco da Verdade em 1886, ativo até 1900. Após a morte de sua esposa Kate em 1892, casou-se com Laura Barton em 1895, missionária que havia servido na China e que fundou o Colégio Americano Egídio, posteriormente Colégio Batista Taylor Egídio. Taylor representou a Primeira Igreja Batista de Petrolina na Assembleia da Convenção Batista Brasileira em 1907.

Foi também escritor e tradutor, tendo traduzido A História dos Batistas, de Vedder. Faleceu em 1919, em Corpus Christi, Texas, juntamente com sua esposa Laura e uma filha, vítimas de um maremoto.

Salomão Ginsburg

Nasceu em 6 de agosto de 1867, em um povoado próximo de Suwalki, na Polônia sob domínio do Império Russo. Filho de pai judeu polonês e mãe judia alemã, foi levado aos seis anos para a casa dos avós maternos na Alemanha, onde estudou até os 14 anos. Enfrentou conflitos religiosos com o pai e fugiu de casa aos 15 anos, indo parar em Londres, onde se converteu ao cristianismo após ouvir uma pregação ao ar livre.

Foi rejeitado pela família, espan-

cado por parentes judeus e acolhido por uma hospedaria cristã. Estudou no Colégio da Bíblia e foi ordenado ao ministério em 1890. A convite de Sara Kalley, viúva do missionário congregacional Robert Kalley, veio ao Brasil. Após breve passagem por Portugal para aprender português, chegou ao Rio de Janeiro em junho de 1890. Atuou inicialmente entre os congregacionais, mas após debates com Zacarias Taylor, concluiu que o batismo bíblico era por imersão e foi batizado por Taylor, em Salvador, em dezembro de 1891. Logo após, foi consagrado ao ministério Batista. Tornou-se líder entre os Batistas e foi designado pastor auxiliar na Bahia. Em 1892, casou-se com Carrie Bishop, que faleceu no mesmo ano, vítima de febre amarela. Enlutado, mudou-se para o Rio e casou-se em 1893 com Emma Morton, com quem teve uma vida missionária intensa.

Ginsburg fundou igrejas em várias cidades fluminenses, incluindo Campos e São Fidélis, onde enfrentou perseguições e chegou a ser preso. Publicou o jornal As Boas Novas e organizou a Associação Batista do Brasil em 1894. Em 1900, passou a atuar em Pernambuco, onde organizou a União Batista Leão do Norte e publicou o jornal O Missionário. Presidiu concílios de consagração pastoral e fundou o Seminário Batista de Pernambuco, em 1902. Em 1907, participou da fundação da Convenção Batista Brasileira, sendo secretário da diretoria provisória. Continuou participando ativamente das assembleias da CBB e assumiu o pastorado da Primeira Igreja Batista da Bahia em 1909. Após viagens a Portugal, Inglaterra e EUA, retornou ao Brasil em 1913 para dirigir a Casa Publicadora Batista e O Jornal Batista. Faleceu em 1º de abril de 1927, em São Paulo.

A.B. Deter

Arthur Beriah Deter chegou ao Brasil em 1901 com sua esposa May, enviados pela Junta de Missões de Richmond. Atuaram inicialmente no Rio de Janeiro, administrando a Casa Publicadora Batista e O Jornal Batista. Participou da fundação da Convenção Batista Brasileira em 1907. Em 1924, construiu o templo da Primeira Igreja Batista de Curitiba e foi um dos fundadores do Seminário Batista Paranaense. Viveu 39 anos no Brasil, deixando grande legado à obra batista. Retornou aos EUA em 1940 e faleceu em 1945, em Dallas (Texas).

Nasceu em 1871, em São João da Barra - RJ. Converteu-se aos 21 anos após ouvir Salomão Ginsburg pregar ao ar livre, sendo discipulado por ele. Tornou-se pregador ativo no Norte Fluminense, mesmo sob perseguições. Em 1907, foi nomeado o primeiro Secretário Correspondente da Junta de Missões Nacionais, função hoje equivalente à de Diretor Executivo. Lançou um programa com foco na evangelização de indígenas e de regiões distantes, diretrizes que nortearam a Junta por décadas. Serviu como presidente da Convenção Batista Brasileira por duas vezes e da Convenção Batista Fluminense por 12 mandatos consecutivos. Faleceu em 22 de agosto de 1935, deixando legado importante à denominação.

Theodoro Rodrigues Teixeira

Theodoro Rodrigues Teixeira (1871–1950) foi uma das figuras mais influentes no meio Batista brasileiro, especialmente entre as décadas de 1920 e 1940. Embora não fosse pastor ordenado, seu papel dentro da denominação foi central e duradouro.

Nascido em Madri, na Espanha, em 1871, mudou-se ainda jovem para o Rio de Janeiro. A partir de 1901, esteve diretamente ligado a O Jornal Batista, órgão oficial da Convenção Batista Brasileira, trabalhando inicialmente sob a liderança de William Entzminger e, após sua morte em 1930, assumindo o cargo de editor-chefe.

Principais contribuições

Editor-chefe do Jornal Batista (1925–1940): desde 1925 até 1940 dirigiu a redação do periódico, mantendo a linha doutrinária e informativa dos Batistas no país.

Coluna “Perguntas e Respostas” (assinada TRT): sua coluna tornou-se referência para esclarecer dúvidas teológicas, bíblicas e práticas, ajudando a moldar a identidade e compreensão batista no Brasil

Diácono e líder denominacional: foi diácono da Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro e membro fundador da Segunda, atuando como importante laico articulador

Sua atuação consolidou O Jornal Batista como núcleo de formação doutrinária e unidade denominacional entre os Batistas de diferentes regiões do Brasil. Após sua aposentadoria, em 1940, a direção seguiu com Moisés Silveira e Almir Gonçalves.

Teixeira faleceu em abril de 1950, deixando legado marcante na imprensa e identidade batistas brasileiros. n

Joaquim Fernandes Lessa

Pr. Fernando Brandão recebe diretoresexecutivos recém-empossados na sede da CBB

Encontro foi marcado por momentos devocionais, apresentações institucionais e estratégicas.

Gerência de Comunicação da Convenção Batista Brasileira

Nos dias 10 e 11 de junho, a sede da Convenção Batista Brasileira (CBB), localizada no Centro Batista, na Tijuca – RJ, recebeu a visita dos novos executivos estaduais recentemente empossados: Pr. Roberto Santos (Convenção Batista do Planalto Central), Pr. Samuel Trindade (Convenção Batista de Pernambuco) e Pr. Tiago Lopes (Convenção Batista do Estado do Espírito Santo).

O encontro foi marcado por momentos devocionais, apresentações institucionais e estratégicas, além da troca de experiências com o Pr. Fernando Brandão, diretor-executivo da CBB, e outras lideranças denominacionais. Os executivos conheceram a estrutura organizacional da CBB e participaram de debates sobre desafios, metas e ações conjuntas para o fortalecimento das Convenções estaduais.

A programação incluiu ainda reflexões sobre liderança, apresentação de organizações como a JMM, JMN e os seminários, além de pautas do Conselho Geral e dos preparativos para a 105ª Semana Batista, em Salvador, Bahia.

Pastor Fernando Brandão, diretor-executivo da CBB, comentou que os dois dias do encontro foram um “tempo de comunhão, planejamento, alinhamento e sonhos com os novos diretores executivos das Convenções de Pernambuco, Espírito Santo e Planalto Central”.

O pastor Tiago Lopes, diretor-executivo da CBEES, disse estar “muito feliz pelo convite do pastor Fernan

Diretores-executivos compartilharam o que vivem em suas respectivas convenções estaduais

do Brandão para uma imersão de dois dias, conhecendo mais a sede da CBB”. Declarou também que viveu um “tempo especial de crescimento, aprendizado e muita comunhão, re

vendo amigos queridos e conhecendo gente nova, cheia do Espírito Santo e realizando a obra de Deus pelo Brasil”. Para o pastor Roberto Santos,

par de dois dias inteiros de reuniões com executivos estaduais, ouvindo e compartilhando vivências, sonhos e projetos, sob a condução de nosso anfitrião, pastor Fernando Brandão, foi de inestimável valia. Embora participante da vida denominacional desde os 15 anos, portanto, há 45 anos, ver as transformações e perceber o novo momento que nós Batistas atravessamos, renovou o ânimo e a disposição de participar com maior empenho e gratidão do que Deus tem feito no Planalto Central, no Brasil e no mundo. Espero que momentos como este se repitam”, comentou.

O diretor-executivo da CBPE, pastor Samuel Trindade, também comentou a sua participação neste encontro. “Tive a oportunidade de viver uma imersão no compartilhamento da visão integrada de trabalho da Convenção Batista Brasileira, sob a liderança do diretor-executivo da CBB, o pastor Fernando Brandão, que nos conduziu a entender a importância de trabalharmos em unidade denominacional, estabelecendo pilares importantes para a excelência do trabalho Batista no Brasil. Para além desse momento, pude conhecer mais de perto, dois homens de Deus, (pastor Roberto Santos e pastor Tiagodo poderosamente nossa liderança

Pr. Fernando Brandão ao lado dos executivos estaduais e líderes da CBB
Pr. Fernando Brandão compartilhou informações sobre o Planejamento Estratégico da CBB
Durante os dois dias de encontro, executivos também conheceram plataforma utilizada pela CBB para gestão

118 anos com você conectando o mundo a Jesus

As grandes histórias começam com um passo de fé. E assim nasceu, em 1907, o trabalho missionário da Junta de Missões Mundiais, fruto da ousadia de brasileiros que creram que o “ide” de Jesus também dizia respeito à Igreja do Brasil.

No início do século XX, o mundo vivia transformações intensas, mas entre os Batistas brasileiros crescia um incômodo: por que não enviar também? Por que não levantar, aqui, uma obra missionária que cruzasse fronteiras e levasse o evangelho até os confins da Terra?

Foi esse impulso que deu origem à então Junta de Missões Estrangeiras, que iniciou suas atividades com oração, mobilização e poucos recursos, mas com fé abundante. O primeiro campo foi a Bolívia. Depois vieram outros. Vieram também os desafios: as diferenças culturais, os idiomas, os contextos de persegui -

ção. Mas cada obstáculo só fortaleceu o chamado.

Ao longo das décadas, a missão amadureceu. De um pequeno grupo em oração, passamos a ser uma força global. Hoje, Missões Mundiais atua em 97 países, com uma equipe formada por 2.450 missionários, entre brasileiros e da terra, espalhados em regiões estratégicas do mundo, muitas delas com pouco ou nenhum acesso ao Evangelho.

Esse avanço só foi possível porque Deus conectou pessoas. Conectou missionários dispostos a servir. Conectou adotantes fiéis, que sustentam a missão com generosidade. Conectou igrejas que enviam, pastores que mobilizam, promotores que semeiam visão. Conectou parceiros que caminham ao lado, intercessores que sustentam de joelhos, voluntários que vão com o coração aberto. Todos são essenciais. Todos fazem parte da rede que transforma o mundo com o amor de Cristo.

Hoje, celebramos os 118 anos reafirmando que missão se faz em comunidade

A Junta é, mais do que nunca, um elo entre a Igreja brasileira e os campos que clamam por esperança. Em 2025, avançamos em áreas estratégicas como evangelização de povos não alcançados, ação humanitária, plantação de Igrejas e formação de líderes locais. Projetos como o PEPE, o envio de bíblias, ações de desenvolvimento comunitário e educação bíblica continuam levando vida a quem mais precisa.

A cada ano, novos programas fortalecem esse movimento. A iniciativa Voluntários Sem Fronteiras amplia a possibilidade de envolvimento direto da Igreja com o campo, permitindo que pessoas de todas as idades e perfis levem seus dons e experiências para além das fronteiras geográficas. Já o programa Imersão – Escola de Missões oferece formação teológica e prá-

tica em contextos urbanos e pós-cristãos da Europa, preparando uma nova geração de líderes com visão global. Projetos como o NEXT e as ações em Cidades Estratégicas reforçam o compromisso da JMM com uma missão atualizada, enraizada nas Escrituras e atenta aos desafios contemporâneos. Essas iniciativas reafirmam um princípio: a missão é para todos. Para quem vai. Para quem sustenta. Para quem intercede. Para quem promove. Para quem ensina. Não há papel pequeno no Reino de Deus. Por isso, ao celebrarmos 118 anos de história, proclamamos com convicção: seguiremos com você, conectando o mundo a Jesus E a pergunta que guia os próximos passos permanece: o que acontece quando alguém se conecta com a missão? A resposta está nas vidas transformadas, nos povos alcançados, nas Igrejas plantadas. Está em cada oferta que atravessa fronteiras. Está em você. n

Pr. Diogo Carvalho conta história de diácono que acelerou a obra missionária em novo livro

Lançamento do livro aconteceu em Monte Verde, no Sul de Minas Gerais.

Estevão Júlio e Isabelle Godoy Gerência de Comunicação da Convenção Batista Brasileira

No dia 07 de junho, na Villa Leta, em Monte Verde - MG, foi realizado o lançamento do livro “Verner Grinberg: o Diácono que voava”, escrito pelo pastor Diogo Carvalho, gerente de Desenvolvimento da Junta de Missões Nacionais (JMN).

A obra conta a inspiradora história de Verner Grinberg, um diácono dedicado que serviu com humildade e fé, deixando um legado que ultrapassa as fronteiras da cidade que ajudou a fundar.

O evento reuniu jornalistas, empresários, parentes de Grinberg e outros fundadores de Monte Verde — um dos destinos turísticos mais procurados do Brasil — em um momento de gratidão e celebração.

Durante o lançamento, o pastor Diogo Carvalho destacou que toda a renda obtida com as vendas será destinada a Missões Nacionais, permitindo que o legado de Verner Grinberg continue abençoando a obra missionária.

Nós conversamos com o pastor Diogo Carvalho sobre o livro e seu processo de criação, objetivos e muito mais. Confira a entrevista.

O que despertou seu interesse na figura de Verner Grinberg durante a elaboração da série Vidas que inspiram?

Esse interesse veio ao editar o primeiro volume da série, sobre Lewis M. Bratcher, líder de Missões Nacionais nas décadas de 1920 a 1950. Ali, tive contato com o nome Verner Grinberg a primeira vez. Era um empresário e piloto de Minas Gerais que colocou seu avião particular à disposição do Dr. Bratcher para transportá-lo aos campos missionários no interior do país. Mais tarde, ao recordar a história da Operação Jesus Transforma, deparei-me novamente com Grinberg, como o piloto da viagem exploratória que Samuel Mitt, então líder da Junta, empreendeu na década de 1970 à região da Transamazônica. Então, tive uma pequena noção do tamanho da contribuição de Grinberg, com seu transporte aéreo, para a expansão da obra missionária no Brasil. Eu simplesmente tinha de estudar mais acerca dele.

Como foi o processo de pesquisa?

Quanto tempo durou até a finalização do livro?

Quando decidi escrever o livro, de fato, eu já tinha coletado alguns dados sobre Grinberg que apareciam na biografia do Bratcher e na revista A Pátria para Cristo. Segui vasculhando os números da revista de 1950 a 1980, em busca de novas informações. Cada

nova pista foi revelando caminhos empolgantes. Cheguei ao livro de Osvaldo Ronis sobre a imigração leta (Uma epopeia de fé), que menciona Grinberg e a trajetória de seus conterrâneos no Brasil. Outros livros também contribuíram, os quais aparecem na minha bibliografia. A internet também ajudou bastante. Por meio dela, descobri que Grinberg é conhecido como o fundador da aprazível Monte Verde, no Sul de Minas Gerais. Essa descoberta me levou a ir até lá, conhecer e entrevistar moradores que o conheceram, inclusive parte de sua família. Por fim, fiz contatos com Igrejas Batistas nas cidades por onde Grinberg passou em busca de documentos, no que fui sempre bem atendido. Essa jornada de pesquisa longa, mas prazerosa, durou seis meses, aproximadamente. Quando reuni material suficiente, gastei cerca de um mês para escrever o livro.

O que o levou a destacar o momento em que ele aprendeu a pilotar um avião para a missão?

No livro, contou como e por que Grinberg aprendeu a voar. Mas o que mais cativou meu coração foi notar o quanto ele acelerou a obra missionária nos dias de Bratcher pela disponibilização de seu avião e suas habilidades de piloto. Quem já leu “O apóstolo do sertão” tem uma noção do tamanho dos desafios que precisavam ser superados para percorrer os interiores do Brasil na primeira metade do século 20. Em certa viagem que durou seis meses, Bratcher usou trem, automóvel, cavalo, barco a remo e navio a vapor. Chegou em casa irreconhecível, de tão debilitado. Aí, de repente, aparece na história o dono de um avião particular disposto a carregar Bratcher ao norte do país para visitar os campos com uma mobilidade e velocidade nunca experimentadas e sem

Evento de lançamento reunindo jornalistas, empresários, familiares de Grinberg e fundadores de Monte Verde - MG

cobrar um centavo de combustível ou manutenção! É ou não é de emocionar?

Não é exagero dizer que, com seu avião, Grinberg mudou o ritmo da evangelização do Brasil.

De que forma você espera que a história de Verner Grinberg inspire diáconos, voluntários e missionários hoje?

Grinberg não era um missionário formalmente nomeado (embora, a certa altura, sua imensurável contribuição levou Missões Nacionais a honrarem-no, e à esposa, Emilia, como Missionários Honoríficos). Porém, como diácono e empresário, ele colocou tudo o que tinha a serviço de Deus e da causa missionária nacional e internacional. Foi um diácono na melhor acepção da palavra: viveu para servir. Minha esperança e oração é que, por meio de biografia de Verner Grinberg, muitos cristãos entendam que, independentemente da posição que ocupem na igreja e na sociedade, sempre haverá lugar para atuarem em favor de missões, desde que, assim como Grinberg, apresentem aquilo que têm nas mãos para Deus usar.

Qual foi a parte mais emocionante de escrever esse livro?

Que pergunta difícil! Vou separar duas coisas. A primeira foi sentir, em

cada história que li, o amor que Grinberg tinha por missões e pelos missionários que transportava. Ele não se via como parte importante na missão. Para ele, o mais valioso eram os missionários. Sua humildade servil era constrangedora. Em segundo lugar, algo recente, foi o acolhimento que recebi em Monte Verde no dia do lançamento do livro naquele lugar. Foi maravilhoso sentir-me abraçado por aquela cidade tão especial. Ali pude dar o testemunho do amor de Grinberg por Jesus e das marcas que ele deixou para além do Sul de Minas. Fica a dica: visitem Monte Verde!

Louvamos a Deus por esta história, que fortalece a visão missionária e o chamado ao serviço.

Se você quiser conhecer a biografia, acesse: www.livrariamissoesnacionais. org.br ou aponte seu telefone para o Qr Code.

Pr. Diogo Carvalho, gerente de Desenvolvimento da Junta de Missões Nacionais (JMN)
Diácono Verner Grinberg

NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

Associação Batista Caxiense promove unidade, fé e celebração durante

64ª Assembleia

Geral Ordinária

Organizações realizaram suas atividades em Igrejas Batistas do município.

Carlos Alberto dos Santos pastor presidente da Primeira Igreja Batista Universitária do Brasil, em Duque de Caxias - RJ; secretário Executivo da Associação Batista Caxiense

Com os corações cheios de gratidão, vivemos um dia memorável durante a 64ª Assembleia Geral Ordinária da Associação Batista Caxiense (ABC), realizada com entusiasmo e excelência nas dependências da Cidade Batista, em São Bento, Duque de Caxias - RJ.

Em um ambiente marcado por comunhão, celebração e edificação, recebemos autoridades do poder público, líderes denominacionais e membros de Igrejas Batistas de toda a cidade. Mais do que um evento, a Assembleia foi um verdadeiro mover de Deus entre o Seu povo.

Tradicionalmente realizada em três dias, a programação seguiu, como nos últimos anos, o formato concentrado em dois dias. As atividades começaram na sexta-feira, 6 de junho, com três plenárias simultâneas: a da Adiberj-Caxiense, na Terceira Igreja Batista em Gramacho; a da Jubac, na Primeira Igreja Batista em Parque

Momento de oração com os participantes

Fluminense; e a da OPBB-DC, na PIB em Pilar.

O sábado, 7 de junho, foi um dia extraordinário. A partir das 9h, a programação teve início com um emocionante momento cívico e a apresentação institucional da UFMBC. O ambiente foi preenchido por louvores impactantes, com apresentações do coral feminino, da coreografia das MR Caxiense, do coral masculino, do Coral Vozes de Sião (PIB em Parque Fluminense), do Coro Cantares (PIB Universitária do Brasil) e do Coral Madrigal Excelsior, que elevaram os corações em adoração.

As mensagens inspiradoras dos

Igrejas

pastores Diego Bravim, diretor-executivo da Convenção Batista Fluminense (CBF), e Rafael Antunes, presidente da Convenção Batista Fluminense (CBF), trouxeram direção, despertamento espiritual e fortalecimento da missão que une a Igreja.

O momento missionário, com a participação da Junta de Missões Mundiais (JMM) e de representações estaduais, reacendeu o fervor evangelístico, reforçando a urgência e a beleza de levar o Evangelho a todos os povos.

Entre os momentos mais emocionantes da Assembleia, destacaram-se as homenagens promovidas pela ABC. O irmão Elias Pessanha (in memoriam) foi lembrado com carinho, representado por seu filho, Marquinho Pessanha. Também foram homenageados, por suas contribuições relevantes, o professor Maurício Eugênio, o Dr. Marcionil Muniz e o Dr. Carlos Ampliato Cabral, superintendente de Fazendas de Duque de Caxias. Cada homenagem foi um tributo à dedicação, ao legado e ao amor pela obra do Senhor.

Outro ponto alto foi o lançamento do livro “A Igreja que Precisamos Ser”, de autoria do pastor Carlos dos

Santos. O autor foi homenageado pela Academia Brasileira Teológica de Letras (ABTL), representada pelo pastor Ailton Bezerra, e agraciado com o Prêmio Revelação na categoria Escritor, em reconhecimento às suas obras de impacto nacional que têm edificado a Igreja brasileira.

Destacamos também a expressiva mobilização da UFMBC Caxiense, cuja dedicação foi essencial para a organização e o êxito do evento.

Parabenizamos o presidente, diácono Daniel Eugênio, e toda sua equipe pela condução exemplar da assembleia, marcada pelo cuidado, excelência e compromisso com a unidade do Corpo de Cristo.

A cada Igreja, pastores e membros que participaram, o nosso sincero agradecimento. Que sigamos sendo referência da graça de Deus em Duque de Caxias, servindo com fidelidade, ousadia e amor.

Agradecemos ainda à Redes de Comunicação Nilson Fanini, representada por seu diretor-executivo, pastor Oseas Silva, pela cobertura jornalística do evento.

Somos um! Seguimos juntos, firmes em Cristo. n

Batistas do ABC Paulista recebem missionário de Moçambique

Missionário Márcio Miguel Moreira passou cerca de um mês no Brasil.

Wagner Fernandes

pastor, presidente da Igreja Batista

Jardim Portal II - SP

As Igrejas Batistas da Região do ABC, em São Paulo - SP, receberam, entre os dias 3 de maio e 7 de junho, o missionário Márcio Miguel Moreira, que trouxe seu impactante testemunho e pedidos de oração às nossas Igrejas.

Criado na região de Sofala, em Moçambique, onde cresceu num lar evangélico, recebeu forte influência na Palavra de Deus do avô pastor e do tio missionário para seguir na vocação que recebeu do Senhor.

Formado na área de técnica administrativa aduaneira, Márcio trabalhou também durante um grande período de mais de 10 anos em instituição social antes de largar tudo para aceitar o chamado do Senhor para a obra missionária.

Recebido pela Primeira Igreja Ba-

tista de São Caetano - SP durante este período de promoção missionária, o missionário Márcio, da Associação pró Evangelização de Crianças (APEC) teve a rica oportunidade de inspirar os Batistas de São Paulo e receber ajuda para completar seu sustento para as atividades no continente africano.

Além da Primeira Igreja Batista de São Caetano - SP, do pastor Sebastião Custódio de Oliveira Neto, o missioná rio Márcio esteve presente na Igreja Batista Jardim das Orquídeas - SP, liderada pelo pastor Marcelo Hermínio, na reunião da Ordem dos Pastores Batistas do ABC, realizada na Igreja Batista no Jardim do Lago - SP, do pastor Luís Antônio dos Santos, e ministrou ainda no interior do estado, na Primeira Igreja Batista em Miracatu - SP, no Vale do Ribeira.

Missionário sendo recebido na Primeira Igreja Batista de São Caetano - SP

evangélicas com materiais de apoio para reforçar a importância de trazer as crianças da comunidade para Cristo.

do Cariri.

Neste tempo de visita ao Brasil, os Batistas puderam conhecer seus desafios, entre eles a necessidade do Ensino da Palavra em sua região, a expansão de outras religiões na África e o grave problema de sequestro de crianças para comércio de órgãos, que tem afligido o país.

O missionário Márcio já está retornando a Moçambique, feliz com a recepção e apoio dos Batistas brasileiros. Para saber mais sobre seus pedidos de oração, mandar cartas missionárias e conhecer mais seu ministério no continente africano, entre em contato com o missionário pelo e-mail: marcioservo2@gmail.com

Em parceria com a esposa, missionária Suraia Amadi Moreira, o missionário tem desenvolvido o trabalho de evangelização e suporte às Igrejas

A Igreja Evangélica de Cristo, de onde Márcio e sua esposa são membros, recebe apoio de missionários Batistas brasileiros e sua formação teológica foi também com pastores Batistas brasileiros, que depois o trouxeram para o Seminário Batista

Que Deus siga abençoando a obra missionária ao redor do mundo bem como as parcerias em prol da evangelização mundial que têm sido abençoadoras como esta. Que os Batistas amem a cada dia mais a obra missionária. n

Eu de mim mesmo os amarei

Esta é a revelação do amor de Deus a Israel, povo pródigo, na sua restauração (Oséias 14.4). Que coisa extraordinária é o amor de Deus! (João 3.16) O Seu amor é incomparável e insubstituível. Na verdade, Deus é amor (1 João 4.8). É da Sua natureza amar. O amor de Deus é infinitamente maior do que o amor de mãe (Isaías 49.15). Nós amamos a Deus porque Ele nos amou primeiro, enviando o Seu Filho como propiciação pelos nossos pecados (1 João 4.10). Somos filhos de um Deus de amor.

Deus é a fonte do amor que tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta — o amor que jamais acaba (I Coríntios 13.4-8). O nosso maravilhoso Pai decidiu nos amar. O Seu amor nos alcançou em Cristo Jesus. Ele nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo (II Coríntios 5.18-20). A cada dia, Ele prova o Seu amor por nós, em que Cristo morreu em nosso lugar, sendo nós ainda pecadores (Romanos 5.8). Na parábola do filho pródigo em devassidão, temos o Pai pródigo em amor. O pai, cheio de amor, recebeu o filho maltrapilho, o vestiu com roupas limpas e belas, colocou o anel familiar

e deu festa. O amor de Deus não tem paralelo.

Todos os dias devemos decidir amar os nossos inimigos, bendizer os que nos maldizem e abençoar os que nos perseguem (Mateus 5.43-48). Somos filhos de um Deus que esbanja amor. É inadmissível um filho de Deus odiar, guardar ressentimento, reter amargura no coração. O amor verdadeiro é divino, abrangente, respeitoso, conciliador, terno, manso, humilde, mantém o autocontrole e promove a paz e a unidade. Quando há muito amor, há pouquíssima diferença. O amor abençoa, oferece, age com generosidade e solidariedade. O amor reparte, compartilha, interage e encoraja.

É muito precioso sabermos que Deus, de Si mesmo, resolveu nos amar com um amor sem medida. Ele nos amou antes dos tempos eternos. Por nos amar, concedeu vida a cada um de nós. Em nos amar, criou e sustenta todas as coisas em Seu Filho Jesus Cristo (Colossenses 1.16,17). O amor de Deus é terapêutico, assertivo e proativo. O Deus de amor nos alcançou em nossa miséria. Estávamos mortos, e Ele nos fez reviver em Cristo Jesus. Estávamos perdidos, e fomos acha-

dos. Caídos, e Ele nos segurou com as Suas fortes mãos e nos levantou. Estávamos com fome e sede, e Ele nos deu de comer e beber. Ele nos encontrou feridos e sarou nossas feridas.

Temos um Deus que nos ama com um amor extraordinário. O amor de Deus é sublime, vigoroso, majestoso e infinitamente maior do que os nossos pecados. Fomos aceitos não porque tínhamos mérito, mas por causa da Sua graça revelada em Seu amor incondicional. O apóstolo João, considerado o apóstolo do amor, diz: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus, e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (I Jo 4.7,8).

Quando amamos, perdoamos os que nos ofendem. Quando amamos, reconhecemos as nossas falhas, limitações e incoerências. O amor de Deus, revelado nas Escrituras, nos confronta e nos motiva a amar incondicionalmente. Como diz Tozer: “As palavras ‘Deus é amor’ significam que o amor é um atributo (qualidade) essencial de Deus. É algo verdadeiro a respeito de Deus, mas não é Deus. O amor expressa algo que Deus é em

Seu ser unitário, assim como as palavras santidade, justiça, fidelidade e verdade O expressam. Pelo fato de ser imutável, Deus sempre age conforme é, e como é uma unidade, Ele jamais suspende um dos Seus atributos para exercitar outro [...]. A música é fonte e expressão de prazer, e o prazer mais puro e mais próximo de Deus é o prazer do amor. O inferno não tem alegria porque lá não há amor. O céu se enche de música porque é o lugar em que são abundantes os prazeres do amor santo”.

Como ensina João: “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor” (I Jo 4.18). No amor de Deus encontramos a segurança que precisamos todos os dias. O amor de Deus nos faz confiar e descansar. Na sua oração, Tozer declara: “Tu és em Ti mesmo a razão do amor com que somos amados. Ajuda-nos a crer na intensidade, na eternidade do amor que nos encontrou. E então, o amor lançará fora todo o medo, e nossos corações perturbados estarão em paz, não porque confiemos naquilo que somos, mas em quem Tu declaraste que és”. Amém. n

Therians e o relativismo ético total

OBSERVATÓRIO

O relativismo é tão antigo quanto a rebelião da humanidade no Éden e tem a ver com a estabelecimento da vontade como fonte de verdade ética a partir de cada pessoa.

Em primeiro lugar será necessário considerar que um dos atributos que Deus estabeleceu para a humanidade foi a liberdade. Fomos criados, portanto, para exercer a liberdade e isso implica diretamente no exercício de tomar decisões. Liberdade é intrínseca à natureza humana. Por outro lado, ainda que possuidores de liberdade, Deus não criou como seres autônomos, isto é, seres que têm suas próprias normas (autônomo vem do grego “auto” ou próprio + “nomos” lei ou norma).

Quando um engenheiro cria uma máquina estabelece as suas características, limitações e funcionamento. Um carro, por exemplo, tem características próprias; dependendo do modelo, funciona a álcool, gasolina, mas também pode ser flex, ou mesmo a diesel, ou ainda ser elétrico. O acelerador foi feito para acionar o movimento do carro, enquanto o freio para o paralisar. Isso pode ser chamado de “heteronomia” (do grego “hetero” outro + nomos), isto é, funciona a partir das normas ou princípios que outro estabeleceu.

Assim, ainda que, possuidor de liberdade, o ser humano não foi criado para ser autônomo, mas heterônomo, isto é, exercer a liberdade dentro dos princípios e especificações funcionais estabelecidas pelo Criador para toda a criação, incluindo o próprio ser humano.

Essa conexão entre liberdade e heteronomia faz parte do princípio matricial da criação para a humanidade, pois o atributo da liberdade não foi concedido aos animais, naturalmente instintivos, mas ao ser humano. Isso é um dos princípios fundamentais da cosmovisão cristã.

Assim, ao tomarem do fruto o conhecimento do bem e do mal, Adão e Eva declararam independência em relação aos princípios do Criador para a criação (Gênesis 3). Em outras palavras, desejaram por conta própria es-

tabelecer o referencial ético de certo e errado, ou bem e mal, para suas escolhas. Continuando a possuir o atributo da liberdade, mas agora buscando por si mesmos os referenciais de escolha entre o certo e o errado, sem necessitar buscar nos referenciais do Criador. Essa declaração de independência os levou a navegar fora da dependência do Criador no rumo da autonomia.

A história foi mostrando os nocivos e maléficos efeitos dessa declaração de independência contra o Criador e seu Plano da Criação, trazendo toda sorte de males para a criatura e criação. A redenção por meio de Jesus Cristo, vem trazer exatamente a resposta para a restauração de tudo. Então a cosmovisão cristã promove o retorno ao Éden antes da rebelião.

Com o tempo o ser humano vai se descobrindo como indivíduo, especialmente com o estímulo do Iluminismo, a ponto de agora a autonomia se multiplicar a cada indivíduo, surgindo assim, o que chamamos de relativismo, em que temos verdades individuais e, ao mesmo tempo, verdades plurais, para dar espaço para cada indivíduo possa ter a sua própria verdade.

Pura e simplesmente o relativismo é exatamente isso, em que o mundo passa a ser visto pela “lente” da cosmovisão, ou visão de mundo, de cada um. E cada um de nós é um mundo totalmente diferente, portanto teremos a visão do que é verdade multiplicada pela “mentalidade” de cada um de nós indivíduos. Em resumo, cada pessoa para a ser o legislador e juiz de sua própria vida para julgar se está correto ou não.

Com o avançar do tempo, a fonte da verdade vai navegando da razão para o interior de cada pessoa e, com a Pós-modernidade (prefiro Hipermodernidade, expressão de Gilles Lipovetsky), vem de seu próprio interior. Interessante é notar que a letra da música “Deixa a vida me levar”, do músico e compositor brasileiro Zeca Pagodinho, menciona “Fiz o que meu coração mandou, o coração mandou eu fiz...”, indicando exatamente isso, o interior da pessoa tem todos os elementos necessários para lhe dar referencial para escolher o que quiser e ninguém,

nesse sentido, pode colocar em dúvida as escolhas da pessoa.

Um dos pilares do pensamento do filósofo alemão Friedrich Nietzsche é o que ele chama de “vontade de potência” (Wille zur Macht) que seria como que um grande vulcão dentro da pessoa, que representaria como que uma força interna, um impulso irrefreável, uma natureza latente e inerente ao ser humano e inescapável que precisa ter espaço de manifestação na vida de cada um para que alcance o status de ser alguém além da naturalidade, um “além humano” (Übermensch), vivendo além do bem e do mal - próprio aqui de se fazer aqui referência à árvore do Éden à qual Adão e Eva não deveriam ter escolhido.

Assim, a filosofia de Nietzsche representa o governo total da autonomia humana no exercício do seu atributo da liberdade, por isso mesmo a sua filosofia prega a morte de Deus e surge o que chamamos na Filosofia de “desencantamento da humanidade e da natureza” em que já não há mais necessidade de Deus para trazer significação da vida.

Com a humanidade e a natureza desencantada a Modernidade traz a ciência e técnicas e depois a Hipermodernidade contemporânea que traz a paixão, a vontade de potência, a satisfação e bem estar imediatos (Gerhard Schulze), já não há mais necessidade de um deus transcendente, tornando a natureza abstrata e vazia para ser controlada pelo pensamento racional e pelas paixões humanas, que agora está se iludindo pelos encantamentos da Inteligência Artificial - a nova “esperança” para resolver todas as mazelas humanas e lhe trazer o paraíso perdido de volta em um sentimento de “paradise now” (paraíso agora).

Então, quando alguém quer expressar o que chama de autenticidade ao dizer, por exemplo, “você me magoou” ou “estou ofendido” e deseja que todos aceitem seu “estado dolorido” sem quaisquer reservas, está exercendo sua própria autonomia e agora ancorado em suas paixões relativistas que precisam ser respeitadas.

O mesmo quando alguém acorda de manhã e se identifica como um

cachorro, por exemplo, ou, sendo homem, se identifica como mulher, ou vice-versa, está exercendo sua autonomia, mesmo que sua identidade e natureza intrínseca nada tem a ver com seu sentimento líquido de identidade. Tudo é flutuante, tudo é líquido e depende do que cada um deseje sentir mobilizado pela sua paixão, pelo seu bem-estar próprio. Daqui temos, por exemplo, o surgimento dos “therians” que são pessoas que sentem ligação com algum animal e se identificam, se vestem, agem como esse animal identificado. A palavra “therian” vem de “Theria”, que é uma subclasse de mamíferos.

Um dos dilemas é a tentativa de se legitimar todas essas práticas por meio de regulações que vão tomando conta também de decisões especialmente judiciais e tornando a vida cada vez mais “esquisita” em que o “ser humano” está deixando de ser humano para se tornar um animal movido pelos instintos (como os animais que assim foram criados no ato do Criador) e não pelo seu neocórtex cerebral que é o que lhe dá condições instrumentais para o exercício da liberdade.

Em resumo, está havendo um processo de inversão radical, pois Deus criou o ser humano equipando-o com um sofisticado neocórtex cerebral para exercer a liberdade, tendo noção do significado da vida e da morte e aos animais, especialmente, com instintos de sobrevivência mobilizados essencialmente pelo cérebro reptiliano. Depois de todo esse tempo de rebelião e afastamento do Plano da Criação, pessoas estão se animalizando, deixando de lado sua própria natureza.

A desintegração da vida humana só pode ser curada pelas Boas Novas e pelo retorno ao Plano da Criação, que requer integral renovação da mente (Romanos 12.2).

Que assumamos o desafio que a missĭo Dei nos traz no cumprimento não apenas da missão da proclamação, mas também, da missão da presença com a nossa inserção na vida pública e no meio de um mundo que necessita de ver a luz e o tempero do sal, que são nossos papéis como cristãos (Mateus 5.13ss). n

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