O VAI E VEM DO TARIFAÇO DE TRUMP E AS IMPLICAÇÕES PARA O AFTERMARKET BRASILEIRO
Mesmo com o recuo nas tarifas para autopeças, a instabilidade reforça a necessidade de repensar a cadeia de fornecimento brasileira.
HÁ 18 ANOS LEVANDO INFORMAÇÃO DE QUALIDADE À REPOSIÇÃO AUTOMOTIVA
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TARIFAÇO DOS EUA AGITA O MERCADO AUTOMOTIVO BRASILEIRO
Começamos esta edição com um dos temas mais comentados das últimas semanas: o “tarifaço” de 50% anunciado por Donald Trump para importações brasileiras, inicialmente previsto para 1º de agosto e adiado para 6/8. A medida veio acompanhada de uma isenção para cerca de 700 produtos, entre eles autopeças e pneus. Vale lembrar: os Estados Unidos são hoje o segundo maior destino das autopeças brasileiras, com exportações estimadas em US$1,4 bilhão em 2024, e o principal mercado para pneus, concentrando 35,3% das vendas externas no primeiro semestre.
Importantes entidades como Sindipeças e ANIP já alertam para prejuízos significativos, risco de demissões e perda de competitividade. Especialistas também apontam para possíveis disputas jurídicas, redução de mercado ante a países com tarifas menores e a urgência de diversificar destinos, fortalecendo acordos comerciais. Em um cenário como esse, a internacionalização exige profissionais do aftermarket com sólida experiência técnica, domínio regulatório e visão global.
No varejo de autopeças, a contratação assertiva tornou-se fator estratégico diante da escassez de mão de obra qualificada e da crescente demanda por profissionais técnicos, consultivos e digitais. Consultorias como a Peça Certa vêm se destacando ao oferecer processos seletivos ágeis, triagem eficiente e redução do tempo de vagas abertas — entregando economia e produtividade para as empresas.
Em 23 de julho, visitamos a fábrica da Mobensani, em Guarulhos (SP). Com mais de seis décadas de história, um portfólio de 2.500 itens e produção anual de 25 milhões de peças, a empresa — sob a liderança de Amir, Simone e Suzane de Azevedo — investe em inovação, governança e protagonismo feminino, mirando expansão, tecnologia e novos mercados internacionais.
Também registramos a ação da Urba e Brosol, que, em 28 de junho, reuniu cerca de 60 reparadores e destacou o papel crescente das mulheres na gestão e operação de oficinas. No mesmo espírito de integração e desenvolvimento, o 2º Congresso Estar Auto, realizado na FIESP, promoveu debates sobre saúde mental e bemestar no setor.
Nas colunas desta edição, Nonô Figueiredo reforça que antecipar, adaptar e decidir rápido é vital para o sucesso nos negócios; Jô traz os bastidores da primeira corrida noturna de caminhões da história, realizada em Cascavel (PR); e Carla Nórcia apresenta a recém-criada AMMA — Associação Brasileira das Mulheres do Mercado Automotivo, lançada em abril de 2025 durante a Automec.
Forte abraço e até o próximo mês!
O EDITOR
DEPTO DE ARTE: Gerente de Produção e Arte/Proj. Gráfico - Fabio Ladeira/ fabio@balcaoautomotivo.com
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A ZF reportou vendas de €19,7 bi no 1º semestre de 2025 e aumento na margem EBIT ajustada para 4,4%. Apesar da queda na receita, fluxo de caixa e rentabilidade evoluíram com medidas de reestruturação e foco em competitividade. O grupo fortalece áreas estratégicas e revê estruturas e portfólio. A força de trabalho global foi reduzida em mais de 11 mil FTEs. A empresa também apresentará inovações como o Chassis 2.0 na IAA Mobility, em setembro.
CORTECO REFORÇA LINHA PARA MOTOS
Atendendo a diversas marcas e modelos, a Corteco, marca do Grupo Freudenberg, amplia o portfólio de peças para motocicletas. Entre os destaques estão retentores de bengala, virabrequim, pinhão, embreagem e válvula. Com tecnologia alemã e foco em desempenho e durabilidade, a empresa reafirma seu compromisso com a qualidade. Mais em www.corteco.com.br ou pelo WhatsApp (11) 95033-8809.
EATON DIVULGA RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE 2024
A Eaton apresenta seu Relatório de Sustentabilidade 2024, com avanços em metas sociais e ambientais. O destaque é a redução de 35% nas emissões de gases de efeito estufa desde 2018. Alinhada aos ODS da ONU, a empresa investiu US$ 1,7 bi em P&D de soluções sustentáveis, alcançou 76% das vendas com produtos sustentáveis e ampliou ações de impacto positivo. O relatório completo está disponível no site da Eaton.
DANA AMPLIA LINHA SPICER COM 27 NOVAS
A Dana expande o portfólio Spicer com 27 novas aplicações de juntas homocinéticas e tripeças para veículos leves e utilitários comerciais. Os lançamentos atendem a modelos da Hyundai, GM, Peugeot, Toyota e Fiat, reforçando o compromisso da marca com qualidade, cobertura e agilidade na reposição. Os itens já estão disponíveis na rede de distribuição e no catálogo digital. A Spicer consolida sua presença também no segmento de passeio, com suporte técnico e canais especializados.
ZEN CELEBRA UM ANO SOB GESTÃO DE WILSON BRICIO
Com foco em excelência e inovação, o CEO Wilson Bricio completa um ano à frente da ZEN. Nesse período, a companhia inaugurou nova unidade fabril, avançou em processos internos e recebeu reconhecimento internacional da Denso Japão. Sediada em Brusque (SC), a ZEN projeta expansão para novos mercados e aposta em transformação cultural, desenvolvimento de lideranças e presença global para consolidar sua posição no setor da mobilidade.
FIQUEPORDENTRO
FRAS-LE LANÇA SAPATAS DE FREIO PARA FIAT E CITROËN
Com novas sapatas de freio para os modelos Fiat Fastback, Pulse, Abarth, Mobi e Citroën C3 Aircross, a Fras-le amplia seu portfólio. Desenvolvidos com tecnologia de ponta, os lançamentos oferecem alto desempenho, durabilidade e baixo nível de ruído. Com pintura anticorrosiva e material de fricção de alta resistência, reforçam o compromisso da marca com segurança e qualidade. Mais detalhes estão disponíveis na plataforma Auto Experts.
NITERRA
Toshitaka Honda (foto) é o novo presidente da Niterra do Brasil, com mandato de cinco anos. Com trajetória sólida na matriz japonesa, ele compartilha a liderança com Eduardo Tsukahara, nomeado diretor co-presidente. Tsukahara tem ampla experiência na companhia e formação em engenharia, finanças e governança. Juntos, os executivos têm a missão de fortalecer a posição da Niterra no País, com foco em inovação, excelência e sustentabilidade no setor da mobilidade.
SCHAEFFLER ANUNCIA LANÇAMENTOS PARA LINHAS LEVE E PESADA
A Schaeffler, por meio da divisão VLS, apresenta novos produtos das marcas LuK, INA e FAG para aplicações nas linhas leve, comercial leve e pesada. Entre os destaques, estão os rolamentos de roda FAG Geração 2 e 3, kits de embreagem LuK RepSet e RepSet 2CT, além de componentes para câmbios ZF na linha pesada. Os lançamentos reforçam o compromisso da Schaeffler com inovação e cobertura ampla para o mercado de reposição automotiva.
FORTBRAS INAUGURA CD DE PNEUS NO ESPÍRITO SANTO
Em junho, a Fortbras inaugurou seu novo Centro de Distribuição de Pneus em Serra (ES). Com 18 mil m² e capacidade para 50 mil pneus da linha pesada, o espaço reforça a logística da companhia e o abastecimento de suas 250 lojas, atacado e e-commerce. “Esse investimento fortalece nossa operação e mostra confiança no crescimento do setor”, afirma Rogério Azevedo, diretor de Supply Chain. A iniciativa integra a
WEGA MOTORS INAUGURA FILIAIS NO MÉXICO E PANAMÁ
Com novas filiais no México e Panamá, a Wega Motors amplia sua presença internacional. Com capacidade para atender a mais de 7 milhões de peças, a expansão fortalece a logística e o suporte técnico na América Latina. A iniciativa reforça o compromisso da marca com qualidade, inovação e proximidade com clientes e parceiros. Fundada em 1969, a Wega segue como referência em filtros e peças automotivas no Brasil, Argentina e agora em novos mercados.
FIQUEPORDENTROPESADOS
CUMMINS APRESENTA EIXO DE 38 TONELADAS E INAUGURA
NOVA FASE EM APLICAÇÕES OFF-HIGHWAY SEVERAS
A Cummins Brasil lançou o eixo tandem MT 38-610, voltado para aplicações severas em mineração, com capacidade de 38 toneladas por conjunto e PBC de até 150 toneladas. Desenvolvido com apoio global e mais de 80% dos testes no Brasil, o modelo combina robustez, alta durabilidade e conteúdo local elevado. Produzido em Osasco (SP), traz inovações como fixação reforçada e três opções de redução, ampliando a versatilidade para operações off-highway.
RIO AMPLIA PRESENÇA NO SETOR DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS E PROJETA
A Riosulense, referência em peças automotivas na América Latina, expande sua presença no setor agrícola, cuja participação nos negócios passará de 9% em 2025 para 14% até 2026. O crescimento será impulsionado por novos projetos, investimentos em automação, células robotizadas e usinagem de última geração. Com mais de 200 itens no portfólio agro, a empresa atua no Brasil e no exterior, atendendo a marcas globais e nacionais, e aposta no potencial do agronegócio para acelerar sua expansão.
ÔNIBUS ELÉTRICOS TÊM FORTE
CRESCIMENTO NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2025
No 1º semestre de 2025, o Brasil registrou recorde de 306 ônibus elétricos emplacados, alta de 141% sobre 2024. São Paulo lidera com 275 unidades (90% do total), impulsionada por leis municipais de descarbonização e proibição de novos veículos a diesel desde 2022. Outras cidades paulistas e capitais do País avançam, mas em menor escala. O crescimento é favorecido por políticas públicas e incentivos, embora enfrente desafios de financiamento e infraestrutlura.
KNORR-BREMSE NOMEIA RAFAEL PELIZZARI COMO NOVO DIRETOR GERAL PARA A AMÉRICA
DO SUL
Rafael Pelizzari (foto) é o novo diretor Geral da Knorr-Bremse na América do Sul, assumindo a missão de fortalecer a presença da multinacional alemã nos mercados de veículos comerciais e ferroviários. Com sólida experiência global no setor de mobilidade e trajetória iniciada na empresa em 2003, Pelizzari já atuou no Brasil, China, Alemanha e Índia. Seu foco será impulsionar inovação, sustentabilidade e eficiência, sucedendo Oliver Erxleben, que deixa o cargo após quase 30 anos de contribuição ao Grupo.
RANDONCORP INTEGRA O RANKING DAS DEZ EMPRESAS MAIS INOVADORAS DO SUL DO BRASIL
A Randoncorp está entre as 10 empresas mais inovadoras do Sul do Brasil no ranking Campeãs da Inovação 2025, promovido pelo Grupo Amanhã e IXL Center (EUA). Na 10ª posição entre 80 empresas, destacou-se com o case AT4T, tecnologia autônoma para movimentação em ambientes controlados. Em 2024, investiu mais de R$ 200 milhões em PD&I, equivalente a 2% da receita. A DB, do ecossistema Randoncorp, também figura no ranking, na 66ª colocação.
TARIFAÇO DOS EUA CAUSA ALERTA GLOBAL NO AFTERMARKET
Ainda que o governo norte-americano tenha recuado o tarifaço para alguns produtos brasileiros, dentre eles, autopeças e pneus, a instabilidade provocada abre caminho para repensar a cadeia global
Por: Karin Fuchs | Foto(s): Divulgação
Previstas para entrarem em vigor em 1º de agosto, as tarifas de 50% (o tarifaço) para as importações de produtos brasileiros pelos Estados Unidos foram adiadas para o dia 6 de agosto. Além do adiamento, pelo decreto assinado pelo presidente Donald Trump, no dia 30 de julho, cerca de 700 produtos ficaram isentos do tarifaço. Dentre eles, autopeças e pneus. Os Estados Unidos é o segundo mercado que mais importa autopeças do Brasil. Em 2024, os embarques totalizaram US$ 1,4 bilhão, representando 17,5% do total de autopeças, atrás apenas da Argentina, com 34,6%.
Antes do decreto assinado por Trump, as entrevistas já tinham sido realizadas para esta matéria. Os participantes comentaram os impactos da medida para o setor, os possíveis desmembramentos e os caminhos que as indústrias de autopeças poderiam seguir para manterem a competitividade.
Junto a 17 representantes executivos de diferentes segmentos, Edison da Matta, diretor de Fiscal, Tributário e Jurídico da Abipeças e do Sindipeças, participou da primeira reunião do comitê de urgência criado pelo Governo Federal, no dia 15 de julho, para discutirem medidas de proteção ao Brasil, na primeira reunião. “O Sindipeças reforçou a importância de se manter o diálogo. Alertou ainda que as autopeças exportadas são específicas para os veículos fabricados nos Estados Unidos,
“ ...uma tarifa de 50% traria prejuízos para os dois mercados e afetaria todas as empresas. Em especial, aquelas que investiram em linhas de produção no Brasil com exportação predominante para os Estados Unidos”.
Rodrigo Navarro, CEO da ANIP, Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos
portanto, não há possibilidade de direcionar essas exportações a outro mercado”, relatou.
Se a medida aceleraria a relocalização industrial e o redesenho das cadeias de fornecimento, Motta respondeu que ainda não era possível definir exatamente quais seriam as mudanças no comércio global. “Mas, temos de permanecer atentos às oportunidades. O setor de autopeças já exporta para mais de 180 países, com a vantagem de ter cadeia
completa, disponível para fabricação de autopeças. Portanto, tem capacidade de expandir suas exportações”, afirmou.
Posicionamento da ANIP
Rodrigo Navarro, CEO da ANIP, Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos, foi enfático ao dizer que uma tarifa de 50% traria prejuízos para os dois mercados e afetaria todas as empresas. “Em especial, aquelas que investiram em linhas de produção no Brasil com exportação predominante para os Estados Unidos”, sintetizou.
Desde que foi anunciado o tarifaço, a ANIP atuou em várias frentes: em rodadas de conversas com representantes do Governo Federal, mantiveram reuniões com os governadores de São Paulo e Bahia, e passaram a integrar um grupo de trabalho para fornecer informações que o governo necessita para negociar com o governo estadunidense. Em um primeiro momento, a ANIP defendeu a proposta da CNI (Confederação Nacional da Indústria) pela prorrogação da nova tarifa por 90 dias para que haja tempo para o diálogo
Edison da Matta, diretor de Fiscal, Tributário e Jurídico da Abipeças e do Sindipeças
entre os dois países.
Segundo Navarro, “os Estados Unidos são um destino importante e um dos canais que as fabricantes de pneus no Brasil têm para escoar a produção dada à dificuldade do mercado interno, especialmente em um cenário de competição muitas vezes injusta com relação à importação”. E os números comprovam. No ano passado, as indústrias instaladas no Brasil exportaram 9,5 milhões de pneus, correspondendo a 20% do total das vendas do setor. Os Estados Unidos foram o principal destino dos embarques, com 2,6 milhões de unidades (33,2% do volume exportado).
Neste ano, de janeiro a junho, as exportações somaram 22% das vendas da indústria, totalizando 5,5 milhões de unidades. Somente os Estados Unidos responderam por 35,3% dos embarques (1,9 milhão de unidades). “O aumento das tarifas sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos traz grande preocupação para o setor. Os volumes de exportações equivalem à produção de uma fábrica de médio porte de pneus de passeio e de carga. Esse tarifaço pode gerar desabastecimento e inflação no mercado estadunidense ao criar um cenário de instabilidade e insegurança, o que é ruim para todos”, lamentou.
Além de reflexos imediatos em projetos que foram pensados. “Tendo os Estados Unidos como principal alvo no ritmo de linhas de produção, o que pode desencadear em demissões, diminuição da produção e até mesmo o risco de fechamento de fábricas. Atualmente, os associados da ANIP, que representa a indústria de pneus no Brasil, contemplam 11 fabricantes e 21 unidades fabris, localizadas em 7 estados do País. O setor gera aproximadamente 32 mil
empregos diretos e mais de 500 mil indiretos”, especificou.
No curto prazo, Navarro falou que o objetivo é evitar que essa sobretaxa se consolide. “Estamos dialogando com todos os interlocutores-chave envolvidos nesse tema para fortalecer as iniciativas de diálogo com o governo norte-americano. Buscamos a possibilidade de obter uma solução baseada no diálogo e em dados, principalmente, para mostrar que o impacto não será somente para o Brasil”. Ele disse também que não é possível desviar a produção de forma instantânea. “Pois há a necessidade de homologação do produto para comercializálo em cada localidade”, concluiu.
Mercado estratégico
Os Estados Unidos são um mercado importante para o setor de autopeças como um todo e, naturalmente, também fazem parte da estratégia da ZEN, conforme dito pelo CEO da ZEN, Wilson Bricio. “A ZEN já possui um centro de distribuição nos Estados Unidos, que é parte fundamental da nossa estratégia de proximidade com os clientes. A operação local nos permite responder com agilidade às demandas do mercado, seguir entregando valor com excelência e reforça nosso compromisso com a qualidade e a continuidade no fornecimento”, afirmou.
Entre os principais produtos exportados para os Estados Unidos estão polias e impulsores. “São itens nos quais a ZEN possui grande expertise técnica e reconhecida competitividade”, acrescentou. Bricio ressaltou que mudanças tarifárias sempre exigem atenção e adaptação por parte das indústrias exportadoras e que ainda era cedo para medir os impactos concretos. “Mas é natural que
um cenário de instabilidade gere ajustes nas cadeias globais de fornecimento. O setor como um todo precisará acompanhar atentamente os desdobramentos e buscar soluções que minimizem os impactos para os clientes e para a operação”, enfatizou.
Bricio disse também que eles estão sempre atentos às movimentações do mercado e buscando manter a flexibilidade da operação. “Temos investido em estruturação de parcerias, além de contar com centros de distribuição fora do Brasil, o que nos permite manter o atendimento aos clientes com consistência e eficiência. As decisões são sempre pautadas em uma análise estratégica de médio e longo prazos”, afirmou.
Segundo ele, momentos de instabilidade podem ser desafiadores, mas também abrem espaço para inovação e reposicionamento estratégico. “Na ZEN, acreditamos que excelência, qualidade e compromisso com o cliente são diferenciais que transcendem barreiras comerciais. São nesses momentos que reforçamos nossa busca por inovação, eficiência e novas oportunidades de crescimento”.
Para finalizar, o executivo relatou o quanto profissionais com experiência em aftermarket são essenciais na expansão internacional. “Conhecimento técnico, visão sistêmica da cadeia de suprimentos e entendimento profundo das dinâmicas do mercado original e aftermarket são diferenciais que sustentam a expansão internacional. Essa combinação de competência técnica, visão logística e inteligência comercial nos permite entrar em novos mercados com consistência, agilidade e credibilidade. São esses perfis que transformam estratégia em execução global”, concluiu.
Gerente de Marketing da DRiV, Daniella Pascarelli, tem uma visão similar. “Além de uma sólida formação técnica e visão de negócios, as empresas tendem a valorizar ainda mais profissionais com experiência internacional. Esse perfil já é bastante procurado no aftermarket e será cada vez mais estratégico diante do novo cenário global. A familiaridade com mercados estrangeiros, aliada à capacidade de adaptação e entendimento das demandas regionais, torna esses profissionais essenciais para identificar oportunidades, estabelecer parcerias e viabilizar operações
Rodrigo Navarro, CEO da ANIP, Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos
Wilson Bricio, CEO da ZEN
em novos países. Essa movimentação deve se intensificar como resposta a pressões comerciais e tarifárias”, previu.
Ela também falou que o Brasil está plenamente inserido nas cadeias globais de suprimentos e produção. “Nesse contexto, participar ativamente do mercado internacional não é uma escolha, é uma questão de competitividade e sobrevivência. A instabilidade cambial e as tensões comerciais podem ser gatilhos para acelerar investimentos em inovação, eficiência e diferenciação, assegurando a relevância da indústria nacional. Empresas que buscam presença global devem transformar essas incertezas em impulso estratégico, adotando soluções tecnológicas, ampliando sua capacidade de adaptação e desenvolvendo produtos com valor agregado para diversos mercados”, concluiu.
Imposição unilateral
Para a Dra. Mary Elbe Queiroz, advogada tributarista, sócia do Queiroz Advogados e presidente do Cenapret (Centro Nacional para a Prevenção e Resolução de Conflitos Tributários), a imposição unilateral de tarifas pelos Estados Unidos expõe o Brasil a riscos jurídicos sérios. “Empresas brasileiras podem enfrentar insegurança contratual, aumento repentino de custos e quebra de acordos comerciais. Caso o Brasil reaja fora do escopo multilateral, corre o risco de sofrer sanções ou abrir precedentes negativos em outras relações bilaterais”, explicou.
Segundo ela, o impacto não é só econômico, mas também jurídico. “Litígios internacionais, questionamentos sobre retaliações e erosão da confiança em tratados são consequências reais. A resposta brasileira precisa ser técnica, fundamentada e articulada com os canais formais de comércio internacional. A chave é negociação como os outros países estão fazendo. Negociação requer concessões dos dois lados”, finalizou.
Competitividade
Na avaliação de Gabriel Del Bello fundador e CEO da Gold Traduções, um dos principais players de apoio técnico-documental para negócios que operam com importação e exportação, o tarifaço impactaria diretamente a competitividade e os produtos brasileiros perderiam espaço por se tornarem menos
atraentes financeiramente. “Muitas empresas, inclusive do setor automotivo, que dependiam desse fluxo para manter margens saudáveis, estão repensando rotas de exportação, redirecionando cargas para mercados externos alternativos ou expandindo presença local. Além disso, há o surgimento de novas exigências de conformidade documental e regulatória, o que exige uma estrutura muito mais profissionalizada na parte de documentação e certificação de produtos”, explicou.
André Charone, contador, professor universitário e mestre em Negócios Internacionais pela Must University (FlóridaEUA), analisou que o produto brasileiro mais caro ao mercado americano pode levar importadores e montadoras dos Estados Unidos a buscar alternativas mais baratas. “Como fornecedores do México, que têm acordos comerciais preferenciais com os Estados Unidos, ou até da Ásia. Isso pode resultar na redução de pedidos, cancelamento de contratos ou renegociação com margens menores para as empresas brasileiras”,
especificou.
Charone disse também que a indústria de autopeças opera em uma cadeia altamente integrada e sensível a custo. “Então, qualquer alteração tarifária mexe diretamente na lógica de fornecimento. O risco não é apenas perder volume de vendas, mas também sair da cadeia global de valor de grandes grupos automotivos. Outro ponto é que muitas dessas empresas trabalham com planejamento de médio e longo prazos, e uma ruptura tarifária pode forçar a relocalização de operações, revisão de contratos e até congelamento de investimentos no setor exportador. Portanto, o tarifaço afeta diretamente não só a balança comercial, mas também emprego, arrecadação e o papel do Brasil na indústria automotiva global”, enfatizou.
Eduardo Berbigier, advogado Tributarista, CEO do Berbigier Sociedade de Advogados e membro dos Comitês Jurídico e Tributário da Sociedade Rural Brasileira, também falou sobre redução de competitividade. “O aumento de tarifas sobre produtos importados pelos Estados Unidos tende a reduzir a competitividade das autopeças brasileiras naquele mercado, encarecendo o produto e tornando-o menos atrativo ante a concorrentes locais ou de países com acordos comerciais mais favoráveis. Além disso, há impacto direto na previsibilidade dos contratos, no planejamento de produção e na estrutura logística das exportadoras, que passam a enfrentar margens comprimidas e riscos cambiais acentuados”, relatou.
Para João Victor da Silva, economista e analista de mercado da Orsitec, as exportações de autopeças para os Estados Unidos ficariam inviabilizadas com a imposição de uma tarifa de 50%. “Isso porque o governo americano vem aplicando tarifas diferentes para diferentes países. Por exemplo, já firmou acordos com a Indonésia, Japão, Filipinas e com o Reino Unido, e está prestes a fechar um com a Índia. Os países que obtiverem tarifas mais baixas provavelmente terão um avanço nas exportações para os Estados Unidos. Portanto, não se trata apenas da inviabilidade imposta pela tarifa de 50%, mas também de um jogo relativo de tarifas”, explicou.
Ainda de acordo com ele, “os países que tiverem tarifas menores terão acesso mais facilitado ao mercado americano, pois
Daniella Pascarelli, gerente de Marketing da DRiV
Dra. Mary Elbe Queiroz, advogada tributarista, sócia do Queiroz Advogados e presidente do Cenapret
apresentarão um custo mais baixo nas mercadorias. Isso terá um impacto muito forte no setor de autopeças do Brasil. Em primeiro lugar, porque a cadeia de suprimentos global leva tempo para ser organizada. Já existe uma lista de fornecedores e distribuidores das empresas brasileiras, o que torna muito difícil encontrar novos clientes de forma rápida. É claro que, em longo prazo, o Brasil pode abrir novos mercados. A China é um bom exemplo, onde o setor automotivo, especialmente o de veículos elétricos, vem crescendo com força e representa um mercado que o Brasil pode explorar numa visão de médio e longo prazos. Mas, no curto prazo, o impacto seria muito forte”, frisou.
Presença nos Estados Unidos
A seguir, os entrevistados avaliaram as vantagens de estabelecer presença física no Estados Unidos, seja com filiais, parcerias ou representação local. Começando por Berbigier, “estabelecer presença física pode ser uma estratégia para mitigar os efeitos
tarifários e ampliar a inserção no mercado norte-americano. Filiais ou centros de distribuição permitem internalizar a operação, reduzindo custos logísticos e eventualmente contornando tarifas aplicadas sobre produtos acabados. Parcerias locais também facilitam o acesso a canais de distribuição, aumentam a confiabilidade comercial e melhoram a compreensão de requisitos técnicos, regulatórios e culturais do mercado”, explicou.
Para Charone, a principal vantagem é deixar de ser exportadora e passa a ser considerada como parte da cadeia produtiva interna dos EUA. “Com isso, ela escapa das tarifas de importação e mantém acesso direto ao mercado americano com custos mais competitivos. Além disso, ter presença local facilita logística, relacionamento com montadoras e grandes distribuidores, e até o acesso a financiamentos e incentivos regionais dentro dos Estados Unidos, que muitas vezes oferecem benefícios para atrair investimento estrangeiro. Outro ponto importante é a agilidade na entrega. Agora, claro, essa decisão envolve custo, análise tributária e estrutura jurídica, além de ser prejudicial para a economia brasileira, já que teremos uma grande evasão de recursos, investimentos e talentos”, ponderou.
Na avaliação de Silva, “uma estratégia bastante clara da administração Trump, mencionada tanto pelo presidente quanto pelo secretário de Comércio, Howard Lutnick, é que quem estiver nos Estados Unidos receberá total apoio para instalar suas operações. Fala-se, por exemplo, em licenciamento acelerado e, claro, no fato de que a empresa que se instala no país passa a operar dentro do maior mercado consumidor do mundo. Essa é, portanto, a grande vantagem de estar nos Estados Unidos hoje: escapar das tarifas e ter um acesso cada vez mais direto a esse mercado”.
André Charone, contador, professor universitário e mestre em Negócios Internacionais pela Must University (Flórida-EUA)
Por outro lado, Silva enumerou os aspectos negativos dos Estados Unidos pelo alto custo de produção e de infraestrutura. “Do ponto de vista produtivo, os custos são mais elevados porque o país enfrenta uma grande escassez de mão de obra, situação agravada pelo endurecimento da política migratória americana. Os salários reais estão crescendo fortemente, e o custo da mão de obra se tornou um problema relevante para as empresas”, explicou.
Quanto à infraestrutura, ele disse que países como a China desenvolveram uma estrutura logística e um know-how industrial que os Estados Unidos, atualmente, não possuem. Segundo ele, “o país vem passando por um processo de desindustrialização desde a década de 1980. As empresas americanas já não detêm o mesmo domínio sobre processos produtivos, nem contam com infraestrutura portuária, rodoviária e ferroviária tão eficiente quanto à da China, por exemplo”, afirmou.
Há também a limitação energética. “A produção de energia elétrica está estagnada há décadas nos Estados Unidos. Enquanto isso, na China, a expansão da geração elétrica ocorre de forma muito mais acelerada. Assim, para sustentar um aumento significativo
Todas as Quintas às 17h
Gabriel Del Bello, fundador e CEO da Gold Traduções
da produção industrial, os Estados Unidos também precisariam investir na ampliação de sua capacidade energética”, analisou Silva.
Para Bello, estabelecer uma presença local permite maior previsibilidade, até certo ponto, nos custos e um alinhamento mais próximo com o mercado americano. “As empresas ganham em agilidade no fornecimento, conhecem melhor as normas técnicas e de homologação locais, e conseguem atender com mais precisão demandas do aftermarket. Porém, o cenário atual é muito incerto: realocar estruturas de produção e distribuição leva tempo e investimento. Duas coisas difíceis de determinar em meio às incertezas. Do ponto de vista documental, a operação local simplifica muitos trâmites alfandegários e reduz riscos relacionados à conformidade, que hoje são fiscalizados com ainda mais rigor pelas autoridades americanas”, comentou.
Expertise na internacionalização
De maneira unânime, os entrevistados destacaram o papel fundamental dos profissionais com expertise no aftermarket para a internacionalização ou expansão no exterior. Segundo Silva, “engenheiros, gestores de supply chain e executivos comerciais vão ser figuras essenciais para a expansão no exterior, porque, justamente como venho afirmando continuamente, existe uma limitação de mão de obra nos Estados Unidos. Muitos setores industriais americanos se extinguiram nas últimas três ou quatro décadas. Então, hoje, os Estados Unidos não possuem o mesmo knowhow industrial de outros países. Trazer esse conhecimento que esses players importantes possuem no Brasil será fundamental para estabelecer a operação nos Estados Unidos, pois eles detêm o conhecimento da produção, e dificilmente se encontrará, atualmente, mão de obra suficiente para atuar nas áreas em que têm expertise”, comentou.
Silva disse também que para estar posicionado para uma expansão no exterior, é importante que esses engenheiros e executivos busquem aperfeiçoamento profissional. “Em termos de idioma, além de conhecerem as diferentes práticas comerciais, tributárias, a gestão de compliance e a regulação existente nos Estados Unidos, que são bem diferentes das do Brasil. Dessa forma, para alcançar sucesso nas operações nos Estados Unidos, não basta apenas trazer o conhecimento
Eduardo Berbigier, advogado
Tributarista e CEO do Berbigier Sociedade de Advogados
adquirido no Brasil, mas também é essencial aprender como funciona o mercado americano e entender as particularidades da gestão empresarial no país, que são bastante distintas das brasileiras”, afirmou.
Charone enfatizou que se trata de profissionais fundamentais porque conhecem a operação na prática. “Engenheiros e gestores de supply chain entendem os gargalos produtivos, os custos logísticos e as exigências técnicas que podem fazer toda a diferença na hora de adaptar um produto ao mercado externo. Já os executivos comerciais com experiência em aftermarket conhecem o comportamento do cliente final, os canais de distribuição e as margens do pós-venda, que são informações cruciais para desenhar uma estratégia de entrada mais assertiva”, especificou.
Ainda de acordo com ele, “quando a empresa decide se internacionalizar, ela não precisa apenas vender lá fora. Ela precisa entregar valor com eficiência, respeitando prazos, normas e expectativas de outro mercado. E são esses profissionais que conseguem fazer a ponte entre o que a empresa faz bem aqui dentro e o que será exigido lá fora”, sintetizou.
Na avaliação de Bello, “engenheiros e gestores experientes entendem como adaptar processos e produtos aos padrões de exigência internacionais. Além disso, executivos com bagagem no aftermarket sabem como o comportamento do consumidor muda de país para país, o que é essencial na hora de construir propostas comerciais sólidas. Eles também tendem a ter conhecimento prévio sobre acordos logísticos, certificações técnicas e compliance documental, o que
torna o processo de internacionalização muito mais eficiente”, explicou.
Berbigier, por sua vez, disse que esses profissionais atuam como tradutores entre a capacidade técnica da indústria e as exigências dos mercados-alvo. E destacou: “muitas tarifas de importação mais pesadas incidem sobre produtos acabados e conjuntos completos, enquanto peças de reposição específicas (destinadas ao aftermarket) podem ter códigos tarifários diferenciados ou menor alíquota. Além disso, o aftermarket opera em ciclos mais curtos e com margens geralmente maiores, o que permite maior flexibilidade na formação de preços e adaptação ao câmbio”, expôs.
Em torno disso, Berbigier comentou que empresas brasileiras que já têm presença no mercado norte-americano de reposição ou que trabalham com redes de distribuição localizadas conseguem amortecer parte dos efeitos tarifários, mantendo fluxo de vendas estável mesmo diante de tensões comerciais. “Outra vantagem é que o consumidor final no aftermarket costuma ser mais sensível à disponibilidade e custo da peça do que à origem do produto (pela estrita necessidade), o que favorece players com boa logística, canais ágeis e um portfólio adaptado ao mercado local”, finalizou.
Crise gera oportunidade
E como toda crise gera oportunidade, para o mercado de reposição automotiva não seria diferente. Nas palavras de Charone, “a instabilidade cambial e as tensões comerciais expõem as fragilidades de empresas que dependem de poucos mercados ou operam com margens apertadas. Em vez de esperar o cenário melhorar, esse é o momento de acelerar a inovação em produtos, processos e modelos de negócio, buscando reduzir custos, ganhar eficiência e criar diferenciais que resistam às variações externas”, pontuou.
Charone falou também que a diversificação de mercados pode ser um escudo contra choques localizados. “Empresas que apostam na presença global e na diferenciação de portfólio não apenas sobrevivem a esses ciclos, mas muitas vezes crescem justamente por estarem preparadas. Como costumo dizer: não se trata de escapar da crise, mas de usar o momento para subir de nível”, enfatizou.
Para Berbigier, trata-se de uma questão pragmática com vislumbre muito simples na nossa realidade. “A volatilidade cambial e as tensões comerciais revelam a vulnerabilidade de estratégias excessivamente concentradas em poucos mercados. Empresas que usam esse cenário como gatilho estratégico tendem a investir mais em inovação (para agregar valor e fugir da guerra de preços), diferenciação (com foco em nichos menos sensíveis ao câmbio) e diversificação geográfica (para diluir riscos). A adversidade, quando bem administrada, força a indústria a ser mais eficiente, tecnológica e globalmente conectada”, ressaltou.
Na análise de Silva, a ilusão de proteção à indústria, em muitos casos, acabou tornando as indústrias brasileiras menos competitivas. “Com o avanço do protecionismo, principalmente nos Estados Unidos, mas também já como uma tendência observada em outros países, como na União Europeia, onde há uma forte política de proteção, o que acontece é que as empresas nesses mercados tendem a ficar paradas no tempo, pois deixam de estar expostas à competição internacional. De certa forma, o Brasil sofre desse problema, já que, desde a década de 1950, o País mantém um comércio internacional muito fechado. Essa ilusão de proteção à indústria, em muitos casos, acabou tornando as indústrias brasileiras menos competitivas”, comentou.
Ele acrescentou que quando não há exposição à concorrência internacional, não existe a mesma pressão para inovar, desenvolver novos produtos ou investir em pesquisa e desenvolvimento. “Assim, muitas empresas sobrevivem essencialmente devido à proteção estatal. Nesse ambiente, em que agora possivelmente as empresas americanas estarão ‘defendidas’ por políticas protecionistas, elas também podem perder competitividade ao longo do tempo. Já as empresas fora dos Estados Unidos, para conseguirem acessar esse mercado e disputarem espaço com outros players internacionais, precisarão investir fortemente em inovação e no desenvolvimento de novos produtos”.
O caminho, disse ele, “hoje com o avanço da inteligência artificial e outras inovações emergentes, é fundamental incorporar
essas tecnologias aos processos, tornando a produção mais eficiente. Muitas vezes, o aumento de custos provocado pelas tarifas pode ser compensado justamente com ganhos de eficiência no processo produtivo”, sintetizou.
Nas palavras de Bello, a instabilidade cambial e a tensão comercial funcionam como catalisadores. “Quando a previsibilidade diminui, a resposta inicial deve ser o aumento do valor agregado subjetivo para conquistar novos mercados. Empresas que investem em inovação e diferenciação conseguem justificar margens e conquistar novos mercados, mesmo em meio à instabilidade. A tensão comercial pode ser uma oportunidade para reposicionar o produto e até mesmo rever os destinos de exportação, adaptando o mix e a estratégia de entrada conforme a realidade de cada país, sempre com muita atenção às normas regulatórias, que são muitas vezes negligenciadas nesse processo”, expressou.
Novos parceiros
Para finalizar, os entrevistados deram dicas para as indústrias buscarem novos parceiros comerciais de outros países. Aqui, sintetizadas em tópicos:
• Fortalecer a qualificação da mão de obra: Contar com executivos e gestores, de forma geral, que dominem outros idiomas, tenham experiência internacional e conhecimento em administração internacional, e que estejam familiarizados com questões legais e tributárias.
• Mapear novos mercados com base
em acordos comerciais vigentes, como Mercosul, União Europeia ou mercados asiáticos; mapear mercados com acordos comerciais vantajosos para o Brasil.
• Realizar uma due diligence documental e regulatória. Começar por países com exigências compatíveis com as capacidades atuais da empresa e buscar apoio em câmaras de comércio, feiras internacionais e entidades de fomento à exportação, como a ApexBrasil. Um bom distribuidor ou agente local pode abrir portas e acelerar a entrada no mercado.
• Investir em inteligência de mercado e pesquisa de concorrência com atualização mais constante do que antes, dada à alta volatidade dos anúncios de tarifas e acordos ocorrendo diuturnamente entre os países que sofreram tarifas pelos Estados Unidos.
• Investir em inteligência comercial: Entender as exigências regulatórias, adaptar o produto ao gosto e padrão local, e, principalmente, estabelecer parceiros com presença e reputação no país-alvo.
• Focar no marketing sob estratégia de curto e médio prazos para ampliar a presença internacional é investir em SEO (Search Engine Optimization) e relacionamento digital com distribuidores. Isso inclui otimizar o site institucional para motores de busca internacionais (impulsionamento), conteúdo técnico de qualidade no idioma local, domínio por país e páginas rápidas e intuitivas.
• Invista na marca para que ela conquiste cada vez mais reconhecimento. Ter uma base diversificada de clientes é essencial para reduzir os riscos que essas empresas enfrentam, como é o caso recente do tarifaço.
• Garantir que toda a documentação, contratos, certificados técnicos e registros alfandegários esteja devidamente traduzida e adaptada, para evitar perdas de oportunidades por falhas de conformidade.
João Victor da Silva, economista e analista de mercado da Orsitec
AMMA: MULHERES GANHAM VOZ, ESPAÇO E PROTAGONISMO NO SETOR AUTOMOTIVO
Por: Carla Nórcia*
Apresença feminina no setor automotivo vem ganhando novos contornos. Seja na venda de peças, no relacionamento com o cliente, na oficina ou na representação técnica, cada vez mais mulheres assumem posições que antes eram invisibilizadas — ou até desencorajadas. É nesse contexto que surge a AMMA – Associação Brasileira das Mulheres do Mercado Automotivo, iniciativa que não apenas reconhece essas profissionais, mas oferece estrutura para que avancem.
Fundada em abril de 2025 durante a Automec, a AMMA nasce como um ecossistema de conexão, qualificação e visibilidade. Com ações que vão de cursos e mentorias a podcasts, eventos e parcerias com empresas, a associação reúne mulheres que atuam na reposição, na indústria, nas oficinas e, principalmente,
no atendimento ao cliente. Porque sim: o balcão também é delas.
Hoje, a AMMA já conta com uma comunidade ativa composta por cinco grupos no WhatsApp, que reúnem mulheres de diferentes regiões do Brasil. A associação já iniciou sua expansão para outros estados, levando oportunidades de formação, visibilidade e negócios para ainda mais profissionais do setor.
Por uma pequena taxa de associativismo, as associadas têm acesso a eventos online e presenciais, treinamentos técnicos e comportamentais, biblioteca digital, conteúdos exclusivos e descontos especiais nas parcerias firmadas pela entidade. Retorno real para quem busca crescer na carreira e encontrar uma rede de apoio para suas dúvidas.
A proposta da AMMA vai além da representatividade. A associação acredita que mais diversidade nos times significa mais empatia, mais inovação e melhores resultados para o setor. E esse é um movimento que interessa a todos — mulheres, homens, empresas e consumidores.
Para conhecer mais, participar ou indicar uma profissional, basta acessar www.ammaoficial.com.br.
O setor automotivo está em movimento — e elas também.
Carla Nórcia, Ceo da Insight Trade e presidente da AMMA
Urba e Brosol recebem grupo de reparadores com
foco
em inclusão e relacionamento
Encontro reuniu cerca de 60 profissionais, com destaque para a presença feminina nas oficinas, e reforçou o compromisso da empresa com a qualidade, proximidade com o aplicador e igualdade de oportunidades
o dia 28 de junho, a fábrica da Urba e Brosol recebeu cerca de 60 reparadores, com destaque para a presença feminina — mulheres que atuam na gestão e na operação de oficinas mecânicas — além de diversos mecânicos.
“Conheci esse grupo no dia 10 de junho, na premiação do Sindirepa, onde a Urba foi eleita melhor marca em bomba d’água e segunda colocada em bombas de combustível. Após o evento, fui abordado pela Graciane, Pink e Priscila — donas de oficinas — e, conversando sobre nossos produtos, fiz o convite. Elas organizaram tudo e nos visitaram. Também recebemos outro grupo de mecânicos de São Paulo no dia 9 de julho”, conta Olympio Piolla Jr., diretor Comercial da Urba e Brosol.
Segundo ele, receber aplicadores e reparadores na planta faz parte da cultura da empresa. “Sempre estivemos de portas abertas aos nossos parceiros. Quando mostramos nossa casa e nossos processos altamente modernos, todos ficam impressionados e veem como levamos a qualidade a sério. Temos recebido vários grupos e já fechamos agenda para os próximos meses”.
Durante a visita, os convidados conheceram todas as etapas do processo produtivo. “Apresentamos todos os setores: fundição de
alumínio, usinagem, produção de selos, laboratório, dinamômetros... Muitos se impressionaram, principalmente com o compromisso da empresa com a inclusão social, promovendo oportunidades iguais para todos”.
Além da linha de produção, houve espaço para interação com a equipe técnica. “Nosso time de engenharia fez uma apresentação reforçando tudo o que foi visto e destacando nosso propósito diário de buscar a excelência. Afinal, nossas peças fazem parte de veículos que carregam vidas”.
Para Piolla, o objetivo da visita foi múltiplo: educar, aproximar e fortalecer a relação com os reparadores. “Queremos mostrar como produzimos, garantir confiança e deixar claro que estamos ao lado deles. Contamos com assistência técnica e equipe de vendas em todo o Brasil”.
Sobre o desempenho da empresa em 2025, ele afirma: “O primeiro semestre foi desafiador, com mudanças no mercado. Ajustamos nossas estratégias e saímos mais preparados para o segundo semestre”.
E os próximos meses trarão novidades. “Teremos mais de 40 lançamentos, ações voltadas aos aplicadores e continuidade das parcerias com autopeças e distribuidores. Estamos animados com o que vem pela frente”.
Olympio Piolla Jr., diretor Comercial da Urba e Brosol
Grupo de mecânicos de São Paulo em visita à empresa
UM BRAÇO PARA UMA CONTRATAÇÃO MAIS ASSERTIVA
A busca por empresas especializadas em recrutamento e seleção no setor de autopeças já é uma tendência consolidada, ajudando a minimizar também a escassez de mão de obra
Em um mercado em constante evolução com veículos mais tecnológicos e mais conectados, e com um consumidor cada vez mais adepto às ferramentas digitais, tudo isso tem exigido mais dos profissionais do varejo de autopeças. No processo seletivo, as consultorias especializadas têm tido um grande papel, principalmente, na maior assertividade no momento da contratação. Há também as que optam pelo recrutamento interno e/ou utilizam as terceirizadas para cargos mais específicos.
De acordo com Sandra Fiorentini, consultora Jurídica e de Negócios do Sebrae-SP, profissionais bem selecionados tendem a permanecer mais tempo na empresa, diminuindo custos com novos recrutamentos, treinamentos e a perda de produtividade. “O varejo de autopeças é um setor dinâmico, mas que enfrenta desafios crescentes, especialmente, no que tange à atração e retenção de talentos. Em um cenário de escassez de mão de obra qualificada e a necessidade de profissionais cada vez mais técnicos e digitais, contar com o apoio de consultorias de RH especializadas pode ser o diferencial para o sucesso”, afirmou.
Fundador da Peça Certa e especialista em Recrutamento e Seleção no Aftermarket Automotivo, Eliel Matos, falou sobre a economia direta e indireta ao contratar uma consultoria especializada como a Peça Certa. “Primeiro por contar com um time dedicado exclusivamente às contratações, por mais que algumas empresas contem com um time de RH interno, esse time não consegue se dedicar somente às vagas, geralmente atuam em diversas demandas
simultaneamente e as vagas podem ficar abertas mais tempo que o desejado. Como consultoria, eliminamos o tempo ocioso de vagas abertas, que normalmente gera perda de negócios e sobrecarga da equipe”, explicou.
Matos disse também que a estrutura da Peça Certa permite atender vários clientes simultaneamente. “Aproveitando melhor os candidatos entrevistados, um candidato (a) entrevistado para o varejo A e desconsiderado por qualquer motivo pode ser a “peça certa” para o varejo B. Outro ponto importante é a assertividade: realizamos entrevistas com muita gente e para todas as áreas da empresa. Às vezes, a “peça certa” se candidata na vaga errada. É aí que entra a nossa expertise de indicar o candidato (a) certo para a posição certa. Por meio da nossa triagem especializada, conseguimos direcioná-los para a posição correta, evitando novas demissões e custos de desligamento. Em resumo, investir em uma consultoria como a Peça Certa é, na prática, economizar tempo e dinheiro com contratações mais eficientes”, enfatizou.
Escassez de mão de obra
A consultoria especializada também é uma aliada para combater a escassez de mão de obra com inteligência de recrutamento, conforme explicou Matos. “Consultorias como a nossa atuam ativamente na formação de bancos de talentos, requalificação de perfis com potencial e na abordagem ativa de profissionais que não estão em busca ativa, mas que têm o perfil ideal. Além disso, ajudamos nossos clientes a definirem pacotes atrativos e estratégias de retenção para manter os melhores colaboradores em suas equipes”, afirmou.
Sandra Fiorentini, consultora Jurídica e de Negócios do Sebrae-SP
Sandra comentou que a escassez de mão de obra é um desafio crescente em todos os setores, principalmente, no de autopeças, que demanda profissionais com conhecimento técnico específico e, agora, com novas habilidades digitais. “A contratação de empresas especializadas em recrutamento e seleção pode contribuir significativamente para reverter esse cenário. Elas acessam redes e talentos que sua empresa talvez não conseguiria sozinha; ajuda a identificar e atrair talentos ocultos; a melhorar a marca empregadora; a posicionar sua empresa como um local desejável para se trabalhar, e podem auxiliar na criação de programas de estágio ou trainee, formando novos talentos para o setor”, especificou.
Novas exigências
Para Sandra, a transformação do perfil profissional é inegável. “Não basta mais ser um balconista. O mercado exige um profissional mais técnico, consultivo e digital, principalmente, com a indústria automotiva lançando veículos cada vez mais tecnológicos, híbridos, um computador sobre roda. Isso impacta diretamente as contratações, pois os requisitos das vagas se tornam mais complexos”, afirmou.
Matos contou que eles têm percebido um crescimento significativo na busca pelos serviços da Peça Certa por parte das autopeças que enfrentaram frustrações com contratações diretas, e citou: “Recentemente, contribuímos no processo de recrutamento e seleção de uma das principais redes de autopeças de São Paulo, a 7ª loja do Grupo Atlanta, na zona norte de São Paulo, inaugurada em tempo recorde (77 dias). A Peça Certa contribuiu indicando candidatos (as) que eram aprovados pelo time de RH em menos de 24h”.
Outro exemplo que ele deu foi do grupo Rainha Autopeças Distribuidora, com lojas em Goiás e no Mato Grosso, que contratou para a sua loja em Jataí (GO) um gerente geral bem qualificado e alinhado com a cultura da empresa em menos de 20 dias. “Poderíamos citar diversos outros exemplos, mas acreditamos que a Peça Certa para o seu negócio é aquela que está totalmente alinhada com a cultura da sua empresa. Não é somente alguém que conhece de peças automotivas, mas é alguém que possui valores em sintonia com os valores da sua empresa”, afirmou.
Sandra complementou dizendo que a busca por empresas especializadas em recrutamento e seleção no setor de autopeças já é uma tendência consolidada. “Empresas de todos os portes, inclusive as MPEs, estão percebendo que o custo-benefício de uma contratação assertiva supera em muito o de uma contratação malfeita”, sintetizou.
AutoZone Brasil
A AutoZone Brasil tem
interno e conta também com o apoio de consultorias especializadas. “A AutoZone Brasil desenvolveu um time de recrutadores internos com foco em nossa cultura e experiência prévia em loja, e tivemos muito sucesso em entregar um atendimento ao cliente UAU! Em algumas posições pontuais e críticas, contamos com o apoio de consultorias especializadas, desde o início da operação no Brasil, especialmente, para posições de liderança. Os nossos parceiros nos apoiam em trazer os talentos para garantir um processo mais estratégico e alinhado às necessidades do negócio”, especificou a diretora de RH, Luciana Wanke.
Segundo ela, “contar com uma consultoria especializada traz agilidade, assertividade e uma visão estratégica do mercado, o que é essencial em um ambiente competitivo como o varejo de autopeças. Além disso, a redução de rotatividade também é um benefício, já que os perfis são avaliados com maior profundidade, considerando cultura AutoZone, competências técnicas e aderência aos desafios da função”, afirmou.
Na AutoZone Brasil, já foram realizados diversos processos bemsucedidos para posições de liderança com o apoio de consultorias especializadas. “Um exemplo foi a contratação de líderes de áreas estratégicas, em que buscamos no mercado perfis com visão de negócio, experiência em varejo e liderança de times multidisciplinares. A parceria com consultorias garantiu uma seleção mais criteriosa e alinhada ao nosso plano de crescimento no Brasil”, citou.
Outro ponto mencionado por ela é o quanto as consultorias e empresas de RH ampliam o acesso a novas fontes de talentos, ajudando, assim, a reverter a escassez de mão de obra. “Além de ajudarem na identificação de perfis com potencial de desenvolvimento, mesmo que ainda não tenham experiência direta no setor. Elas também contribuem com diagnósticos mais precisos, benchmark de mercado e estratégias para atrair talentos que, de outra forma, poderiam não considerar o setor automotivo como opção de carreira”, comentou.
Luciana acrescentou que hoje eles buscam profissionais com uma atuação mais consultiva e orientada ao cliente, além de familiaridade com ferramentas digitais e indicadores de desempenho. “Isso muda tanto o perfil que procuramos quanto à forma de avaliá-lo, exigindo métodos mais sofisticados de seleção, o que reforça a importância de consultorias especializadas em determinadas posições. No setor de autopeças, o diferencial competitivo está nas pessoas. São elas que traduzem a qualidade dos nossos produtos em atendimento técnico, confiança e experiência para o cliente. Valorizamos muito a construção de um time diverso e capacitado, e investimos continuamente em formação e desenvolvimento para manter nosso padrão de excelência”, concluiu.
Eliel Matos, fundador da Peça Certa e especialista em Recrutamento e Seleção no Aftermarket Automotivo
Luciana Wanke, diretora de RH da AutoZone Brasil
Rainha Autopeças Distribuidora
Sócio e proprietário da Rainha Autopeças Distribuidora, Paulo Marcio da Silva Rainha, contou que no último ano eles contrataram uma consultoria especializada e quais foram os benefícios. “Investir em uma pessoa errada é tiro no pé. O impacto é total ao contratar uma empresa especializada, pois o profissional tem que ser técnico, consultivo, digital e ter comportamento. Sem inteligência e técnica na contratação é impossível a seleção”, defendeu.
Segundo ele, “o capital humano no varejo de autopeças é crucial. Pois, define a qualidade do atendimento, a capacidade de diagnosticar e solucionar problemas dos clientes, e a eficiência da gestão do negócio. Através da Eliel Matos Consultoria e Treinamentos já contratamos gerente de loja, caixa, entregadores e assistente administrativo com êxito. Utilizando técnica e ferramentas tivemos resultado positivo. Tem custo, mas esse custo é viável diante do custo invisível, que é contratar sem ferramentas, ter a despesa e continuar sem colaborador”.
Quanto à escassez de mão de obra no setor, Rainha citou um caminho. “Com programas de treinamento personalizados, parcerias com instituições de ensino para formação de novos talentos e a implementação de tecnologias que otimizem processos e reduzam a dependência de mão de obra”, finalizou.
Rocha Auto Peças
Desde 2023, a Rocha Auto Peças realiza a contratação de profissionais através de empresas terceirizadas de RH, inicialmente com a Gupy e desde o ano passado através da Sólides. As principais vantagens em contratar uma empresa terceirizada são: “a divulgação de vaga, triagem dos currículos, agendamento de entrevistas, feedbacks para os candidatos e teste de perfil comportamental. Com base nisso, podemos ter uma noção se o candidato se encaixa com a vaga”, pontuou Gabrielle Martins, assistente no RH.
Ela falou também que a empresa de RH contribui
para a triagem de candidatos. “Com habilidades que definimos otimizando nosso tempo com perfis que realmente podem se encaixar com a vaga, ajuda mapear planos de carreira e verificar a rotatividade e o que podemos melhorar na organização. Hoje a maioria das nossas contrações é feita por um sistema de RH, desde a publicação da vaga até a admissão”, afirmou.
Outra questão dita por Gabrielle é o perfil profissional exigido nos dias de hoje, mais técnico, consultivo e digital. “Isso tem impacto na seleção, pois têm que ser avaliadas as habilidades, incluindo perguntas resoluções de problemas, tomadas de decisões, testes. A importância do capital humano no varejo de autopeças está na qualidade no atendimento e conhecimento técnico do produto”, finalizou.
Grupo Perim
No Grupo Perim, todo o processo seletivo e de contratação é feito internamente. Na avaliação da gerente de Recursos Humanos, Mariza Roberto de Campos, “as vantagens de ter um time interno é que o time conhece o perfil Perim e do gestor, e conhece nosso negócio, agilizando e sendo mais assertivo nas contratações. A nossa meta mês é de 80% na redução da rotatividade e estamos atingindo nossa meta”, especificou.
Para uma contratação mais assertiva, eles utilizam várias ferramentas. “A garimpagem na Catho, Grupos de RH, Grupo de Vagas (divulgação do perfil das vagas, divulgação da vaga interna e indicação). Após a garimpagem, realizamos entrevistas online ou presencial com o time e após a pré-aprovação, entrevista com o gestor. Quando é técnico, buscamos o perfil e no recrutamento interno, a avaliação comportamental com o candidato”, disse.
Sobre a importância do capital humano no varejo de autopeças, Mariza foi enfática: “No nosso negócio, o capital humano representa 100%. Enfrentamos uma grande escassez de mão de obra e, sempre que possível, priorizamos o recrutamento interno, valorizando quem já está conosco”, destacou.
Paulo Márcio da Silva Rainha, sócio e proprietário da Rainha Autopeças Distribuidora
Gabrielle Martins, assistente de RH da Rocha Auto Peças
Fortbras
Na Fortbras, o recrutamento também é feito internamente. Segundo a diretora de Gente e Gestão, Ana Luiza Guimarães Brasil, “acreditamos que o recrutamento feito internamente, pelas lideranças ou pelo nosso time de RH, permite um alinhamento mais profundo com a cultura e os valores da empresa. Isso garante um fit cultural mais assertivo na busca pelos nossos profissionais. Esse modelo nos ajuda a identificar candidatos que não apenas possuem as competências técnicas necessárias, mas que também estejam alinhados com o nosso ambiente e estilo de trabalho”, afirmou.
Outras vantagens, citou ela, “nós ganhamos agilidade na identificação dos perfis ideais, temos mais rapidez no retorno aos candidatos, conseguimos priorizar as posições críticas com mais eficiência e, com isso, reduzimos a rotatividade. Outro ponto relevante é a economia gerada pela menor dependência de fornecedores externos”.
A principal plataforma de captação de candidatos utilizada na Fortbras é a Gupy, mas eles não se limitam a ela. “Temos parcerias com sindicatos, agências do trabalho, instituições de ensino, igrejas e outros canais. Como temos muitas vagas voltadas ao primeiro emprego, especialmente nas áreas de logística e administrativa, não exigimos experiência prévia. O que buscamos é atitude e potencial de desenvolvimento. Em todos os nossos processos seletivos, procuramos profissionais que tenham vontade de crescer e construir uma carreira com a gente. Além disso, utilizamos o PI (Predictive Index) como ferramenta de avaliação de perfil comportamental. Ele nos apoia a conectar as necessidades de cada posição com os perfis dos candidatos, garantindo mais precisão e qualidade na contratação”, afirmou.
Ana Luiza falou também que nos últimos tempos o nosso segmento passou por mudanças relevantes, o que trouxe novos desafios na busca por profissionais cada vez mais adaptáveis, multidisciplinares e com domínio de tecnologias, e que também tem sido observado um aumento da concorrência por talentos. “Os bons profissionais hoje escolhem onde querem trabalhar. É nesse cenário que iniciativas como um plano de carreira estruturado e oportunidades reais de crescimento interno fazem toda a diferença. Na Fortbras, contamos com uma Universidade Corporativa que promove o desenvolvimento contínuo de habilidades técnicas e comportamentais, fortalecendo a formação dos nossos
colaboradores e preparando-os para os desafios de um mercado em constante transformação”, informou.
Para finalizar, Ana Luiza disse que para a Fortbras o capital humano vai muito além de mão de obra. “É um ativo estratégico que impulsiona valor, diferenciação e crescimento. Acreditamos que só alcançamos o que temos hoje, mais de 250 lojas e a liderança do segmento, por causa da nossa gente. São as pessoas que nos movem e fazem tudo acontecer. Por trás de cada loja, cada atendimento e cada meta atingida, estão os nossos colaboradores. Hoje, somos mais de 5.300 pessoas que enfrentam desafios com coragem, propõem soluções e constroem, dia após dia, a Nação Fortbras”, concluiu.
Atlanta Auto Peças e Acessórios
Desde 2024, a Atlanta Auto Peças e Acessórios tem o apoio de uma consultoria especializada para a contratação de profissionais. “Recentemente, contratamos um colaborador no departamento de compras e a descrição da vaga requeria um profissional com muita experiência e estratégia, acredito que a facilidade e o alcance da consultoria conseguiram trazer esse talento até nós com muita eficiência e de forma que otimizasse o tempo do RH”, disse a gestora de RH, Tatiane Alencar Ferreira dos Santos.
Segundo ela, as principais vantagens são a eficiência, assertividade, acessos a redes de contatos de talentos qualificados, redução no custo e tempo para a empresa e a equipe do RH. E, também, com as novas exigências para os profissionais, mais técnico, consultivo e digital, “buscamos hoje no mercado profissionais com conhecimento técnico, que valorizem ouvir, entender e interpretar o cliente, que atuem de forma estratégica e analista. Esse novo perfil profissional demostrou necessidade de restruturação no processo seletivo por conta da dificuldade em encontrar esses profissionais”, explicou.
“Um perfil que requer atendimento diversificado, técnico e consultivo, redução de erros, agilidade e eficiência em reter o cliente trazendo credibilidade na fidelização do cliente”, pontuou Tatiane, acrescentado que a consultoria especializada também ajuda no gap de mão de obra no setor. “De forma estratégica e assertiva com diagnóstico preciso, otimização de tempo do RH, alcance de talentos por meio de parceiros e, assim, conseguirmos reduzir o turnover da empresa”, finalizou.
Mariza Roberto de Campos, gerente de Recursos Humanos do Grupo Perim
Tatiane Alencar Ferreira dos Santos, gestora de RH da Atlanta Auto Peças e Acessórios
Ana Luiza Guimarães Brasil, diretora de Gente e Gestão da Fortbras
* Piloto, profissional do automobilismo, fundador e diretor técnico-esportivo da Cobra Racing Team, atuante na TCR South America
CURVAS DE SUCESSO: ADAPTANDO-SE RÁPIDO
ÀS MUDANÇAS DO MERCADO
No automobilismo, antecipar a entrada em uma curva pode ser a diferença entre ganhar ou perder. O piloto não pensa no agora — o “agora” já passou. Enquanto faz uma curva, já está visualizando a próxima, avaliando o que funcionou na volta anterior e o que pode melhorar. Essa capacidade de antecipar, decidir rápido e agir é fundamental também no mundo dos negócios.
No mercado de autopeças, prever tendências e mudanças de cenário permite tomar decisões antes da concorrência. Assim como na pista, não basta esperar: é preciso antecipar e agir, escolhendo o melhor caminho, ajustando a velocidade e adaptando a estratégia conforme as condições mudam.
Estar atento aos sinais é vital. No automobilismo, uma simples mudança na temperatura do asfalto ou na aderência pode exigir frear antes ou acelerar mais cedo. No mundo corporativo, esses sinais podem ser mudanças tecnológicas, novas demandas dos clientes, variações econômicas ou problemas na cadeia de suprimentos. Ignorar esses indícios pode custar posições — ou até a corrida inteira.
Outro ponto-chave é não se apegar ao sucesso do passado. Ele
não garante o futuro. É preciso estudar tendências globais, buscar inovação e alinhar-se a práticas de sustentabilidade e governança que atraem investimentos e fortalecem a imagem da empresa.
Já enfrentei mudanças radicais na carreira. Quando iniciei, meu único objetivo era chegar à Fórmula 1. Mas percebi que insistir nesse foco poderia encerrar minha trajetória. Foi preciso redirecionar para outras categorias profissionais — nacionais e internacionais — que me permitiram viver do automobilismo. Uma decisão emocionalmente difícil, mas necessária para manter meu negócio vivo.
No fundo, líderes de verdade não apenas reagem: eles se posicionam à frente, engajam a equipe, transmitem propósito e mostram o valor de cada ação. Liderança não vem com o cargo, mas com a capacidade de inspirar, preparar e guiar o time para enfrentar mudanças com confiança e estratégia.
Seja na pista ou nos negócios, vencer exige três coisas: antecipação, adaptação e decisão. É assim que se conquista a curva perfeita e, no fim, a corrida.
C OLUNA DO JÔ
CORRIDA NOTURNA: BONITA NA TV, INTENSA NA PISTA
Aprimeira corrida noturna de caminhões da história aconteceu em Cascavel, no Autódromo Internacional Zilmar Beux, no dia 12 de julho de 2025, como parte da Copa Truck Petrobras. Achei a proposta super válida. É algo novo, diferente do que estamos acostumados, e a dinâmica da prova muda bastante, criando um clima especial para quem assiste.
Visualmente, o espetáculo impressiona — principalmente pelas câmeras. Mas do ponto de vista de quem está no volante, a sensação é outra.
A reta principal estava muito bem iluminada, dava até gosto de acelerar ali. O restante da pista tinha uma iluminação razoável — não perfeita, mas suficiente para guiar com segurança. Conseguíamos identificar bem os pontos de frenagem, as curvas e as tangências, o que já é meio caminho andado.
E o mais importante: praticamente não tivemos batidas. O respeito entre os pilotos foi grande. Todo mundo sabia que no dia seguinte tinha mais corrida, com warm-up logo cedo, às 8 da manhã. Qualquer impacto poderia comprometer o trabalho das equipes para deixar os caminhões prontos para o dia seguinte. Teve consciência, estratégia e cuidado.
Agora, falando a real: quem pode julgar melhor mesmo são os que assistiram de fora. Dentro da cabine, nossa percepção é muito limitada. Já corri bastante de kart à noite, e é bem diferente. No kart, a pista é menor, a iluminação é bem distribuída e a visão, mais ampla. No caminhão, parece
que você está num túnel escuro — a cabine é um ambiente fechado e isolado. A visibilidade muda muito.
Eu, sinceramente, prefiro correr durante o dia. A luz natural ajuda muito. Mas se a pista for bem iluminada, com estrutura que dispense até o uso dos faróis — que, aliás, atrapalharam mais do que ajudaram, especialmente nas câmeras —, dá pra pensar em mais corridas noturnas sim. Funcionou bem, foi diferente e trouxe algo novo, o que é sempre positivo.
Acho que essa experiência pode servir de inspiração para outros autódromos. Se houver uma boa estrutura de iluminação, pode ser uma saída excelente, especialmente em regiões muito quentes. Porque, vamos falar a verdade: correr de caminhão no sol de meio-dia, com 40 graus no asfalto, ninguém merece. À noite, o motor ‘respira’ melhor, o piloto também. Só não pode faltar luz.
No fim, a experiência foi válida. Agora quero saber: quem assistiu, como foi? Curtiu? Porque, do lado de cá, foi diferente — e muito interessante.
3º EPISÓDIO DA SÉRIE
ALTA PERFORMANCE | COPA TRUCK
No estúdio: Silvio Rocha (Balcão Automotivo), os pilotos Jô Augusto e Paulo Salustiano, e, representando os patrocinadores, Wagner Fonseca (Modefer) e Ricardo Ribeiro (Ampri).
* Diretor Comercial da Odapel Distribuidora de Autopeças e piloto da Copa Truck
Comportamento
“A disciplina vence o talento quando o talento é indisciplinado”
por: Valtermário Rodrigues*
O DISCIPLINADO
“C
hegar ao seu destino”, tema do artigo publicado na edição anterior, requer disciplina. Disciplina, em seu sentido mais amplo, refere-se à capacidade de seguir regras, metas ou um plano, seja por meio de autocontrole ou seguindo instruções de outras pessoas. Envolve a prática de se manter focado e persistente mesmo diante de desafios, a fim de alcançar objetivos. A disciplina pode ser aplicada a diversas áreas da vida, desde a educação e o trabalho até relacionamentos pessoais e desenvolvimento individual.
A leitura de um livro, por exemplo, requer disciplina, afinal, eleva nosso nível pessoal e intelectual, expande conhecimento, enriquece o vocabulário, alivia o estresse, estimula o pensamento crítico, a empatia, a criatividade, e proporciona benefícios para a mente e para a alma. A propósito, no último dia 25/07, foi comemorado o dia do escritor, profissional que, por meio de sua escrita, pode despertar emoção e interesse do leitor, promover o hábito pela leitura e o senso crítico.
1. Disciplina x ansiedade
Vejo que já está lendo as páginas finais deste livro. Pode me emprestar?
Na verdade ainda vou ler o livro. Li somente o a introdução e, ansioso que sou, parti para ler a conclusão. Esqueci que uma boa leitura deve ser degustada capítulo a capítulo.
2. Disciplina x diversão
“Gostaria muito de ir com vocês, mas não posso”, respondeu Júlio aos amigos que conseguiram cortesias de ingressos para assistir a uma corrida da Stock Car. Estou focado nos estudos sobre legislação de trânsito, pois vou fazer a prova teórica na próxima semana. Muito bem! Respondeu um dos colegas de Júlio. Isso se chama disciplina. Abdicar de momentos de diversão e prazer em prol da realização de um objetivo.
3. Disciplina x planejamento
Parabéns! Esse planejamento está perfeito. Muito bem elaborado. Um planejamento feito há dois anos com etapas bem definidas e prazo a cumprir que venceu mês passado. Sim, verdade, no papel está tudo muito lindo, porém, por falta de disciplina, foco... não consegui cumprir com o prazo e, por conta disso, perdi uma excelente proposta de emprego.
4. Disciplina x trabalho em equipe
Um projeto em equipe requer disciplina e engajamento de todos os seus componentes, em prol de um mesmo objetivo. Uma meta de vendas estabelecida pela empresa não depende apenas do esforço de um ou dois vendedores. Todos os membros da equipe precisam estar engajados, com foco em seu objetivo pessoal, sem perder o objetivo geral.
Cabe ao gestor, ao líder da equipe, criar condições, estabelecer ferramentas, acompanhar os resultados, criar medidas de controle, motivar e engajar a equipe, premiar os resultados individuais acima do esperado, entender os motivos e ajudar os resultados individuais abaixo do esperado.
5. Disciplina x necessidade
Quanto esforço e disciplina em algo que sempre soube que você não se identifica tanto. Por que isso?
Preciso cumprir essa etapa de um projeto. Posso até não gostar tanto, mas para alcançar o sucesso e o objetivo cada etapa é muito importante.
Você, por exemplo, não gostava tanto de matemática. Uma disciplina necessária dentre tantas outras para conquistar o tão sonhado diploma. Estudou, se identificou e, hoje, gosta muito de matemática, afinal, números fazem parte de nosso dia a dia.
6. Indisciplina
Olá! Tudo bem? Há quanto tempo não nos encontramos. Conteme, resumidamente, sobre os seus projetos, após concluirmos a faculdade:
• Adquiriu a casa própria?
• Deu início à pós-graduação?
• Empreendeu em seu próprio negócio?
• Fez aquela viagem internacional de seus sonhos?
• Constituiu família?
Meu amigo, estou bastante atrasado para um compromisso. Bom te ver. Depois nos falamos. E dessa forma encerrou o assunto por se sentir desconfortável em dizer que deixou de concluir seus projetos por simples falta de disciplina, e nem deu oportunidade para o amigo lhe entregar um cartão de visita, pois, na condição de coach, poderia ajudá-lo a conquistar seus objetivos.
7. Disciplina x significado
Ao iniciar uma jornada sabendo o que exatamente isso representa em sua vida, qual valor ou princípio vai guiar suas escolhas; qual o propósito, qual o seu sonho, enfim, o que dá significado à vida de uma pessoa é aquilo que a motiva, a inspira, a faz sentir viva e realizada. Ao encontrar esse significado, com disciplina,
autoconhecimento e reflexão em uma jornada pessoal contínua, a busca por aquilo que realmente importa ganha sentido e direção.
A disciplina faz parte de todas as fases de nossas vidas
Quando criança, a disciplina ajuda no desenvolvimento do autocontrole, responsabilidade e habilidades sociais importantes, significa um processo de aprendizado sobre limites e consequências.
Na juventude, a disciplina contribui para o alcance dos objetivos e no desenvolvimento do nosso potencial e é muito importante para estabelecer rotinas, no gerenciamento do tempo, na superação da procrastinação e na construção de hábitos saudáveis.
Para os idosos, a disciplina é importante no sentido de criar hábitos saudáveis, que promovam o bem-estar físico e mental, sem deixar de manter a autonomia e a qualidade de vida. A qualidade do sono, a boa alimentação, a prática de exercícios e momentos de lazer ajudam, com base na definição de suas rotinas e horários, sem tirar totalmente a autonomia do idoso, contribui significativamente para um envelhecimento saudável.
8. Disciplina x obstáculos
Mesmo com toda disciplina, um projeto pode obter o maior sucesso, entretanto, precisamos imaginar três cenários possíveis, o cenário realista, o pessimista e o otimista. Precisamos sempre ter um plano B, uma carta na manga e atuar, com disciplina seja qual for o cenário que se apresente.
Manter a disciplina é, portanto, se dedicar ao cumprimento de determinada tarefa para o alcance de um objetivo final. Ter disciplina no trabalho, por exemplo, é fundamental para o bom desempenho de qualquer profissional.
O sucesso de determinada tarefa, por exemplo, é consequência da autodisciplina, essencial para a realização dos objetivos profissionais e pessoais, pois garante o cumprimento de todas as responsabilidades e compromissos.
Espero, caríssimo leitor, que mantenham ou estabeleçam uma disciplina, hábito pela leitura, importante para o nosso desenvolvimento pessoal e intelectual.
Para concluir, prometo manter a disciplina iniciada desde 2018 com a parceria firmada junto à Revista Balcão Automotivo e, consequentemente, trazer um bom tema para o artigo de número oitenta e três, na coluna comportamento.
Até a próxima edição!
Valtermário Rodrigues
MOBENSANI: DESTAQUE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA NO SETOR DE AUTOPEÇAS
Visita exclusiva à fábrica destaca inovação constante, expansão acelerada e o papel de liderança feminina no mercado automotivo
OBalcão Automotivo participou da visita guiada à fábrica da Mobensani, em 23 de julho, em Guarulhos (SP). Referência no mercado brasileiro de autopeças, a empresa cresceu 944% nos últimos 10 anos e produz cerca de 25 milhões de peças por ano em sua moderna planta industrial.
A visita permitiu conhecer o processo produtivo, os laboratórios de controle de qualidade e os planos de expansão. Conversamos com as lideranças da Mobensani: Amir C. de Azevedo (Presidente), Simone de Azevedo Franzo (CEO de Estratégias) e Suzane de Azevedo (CEO de Operações), que compartilharam sua visão sobre o presente e o futuro da empresa.
Aproximação estratégica
A iniciativa reforça o compromisso da Mobensani com a transparência, a aproximação da imprensa e o fortalecimento institucional do setor automotivo nacional — um segmento essencial para a mobilidade no Brasil, embora muitas vezes invisível para o consumidor final.
Simone saudou os convidados no início: “Estamos acostumados a receber clientes, pois o mercado de reposição é pura relação. Hoje, vocês, da imprensa, trazem um olhar diferente, e queremos ouvir o feedback de vocês. A Mobensani é 100% brasileira e, em todos os nossos eventos, cantamos o Hino Nacional — hoje não será diferente.
Mobensani
Jornalistas e profissionais da Mobensani, durante apresentação dos processos e produtos da empresa, ao lado de Simone de Azevedo
Em seguida, visitaremos a fábrica para que conheçam nosso trabalho de perto e possam fazer perguntas com uma visão completa. Será um momento enriquecedor”.
“É um momento histórico para a Mobensani receber vocês. Buscamos inovação e novas oportunidades, sempre com olhar voltado para o mundo. Já recebemos clientes, fornecedores, prefeitos, vizinhos, filhos de funcionários, mas hoje é diferente. Estamos fazendo história juntos,” acrescentou Suzane nas boas-vindas.
60 anos
Com 60 anos de atuação e um portfólio com 2.500 itens, a Mobensani é uma das indústrias de autopeças que mais crescem no País. Mantém estratégia de expansão física, modernização tecnológica e fortalecimento institucional, diferencial num cenário em que muitas empresas preferem importar a produzir internamente.
Investiu R$ 23 milhões em 2024 e prevê R$ 25 milhões para 2025 em tecnologia, automação e equipamentos. Um novo centro logístico será inaugurado no segundo semestre de 2026, ampliando o parque fabril que já ocupa 32 mil m².
Gestão familiar
Liderada por Amir e as filhas Simone e Suzane, a Mobensani é exemplo de gestão familiar profissionalizada, com foco em inovação, governança e inclusão. Simone é fundadora da AMMA (Associação das Mulheres do Mercado de Reposição), que promove o protagonismo feminino.
Suzane comentou: “Muitas vezes, empresa familiar é vista pejorativamente, mas mostramos o lado positivo: dificuldades existem, mas há um valor enorme em construir juntos. Trabalhamos ‘entre tapas e beijos’ — mas são mais beijos. É gratificante ver gerações unidas, inclusive nossos filhos, e perceber que estamos fazendo história”.
“Aqui é uma fábrica-raiz. Cortamos o tubo, estampamos, produzimos alumínio... só não fabricamos saquinho plástico e rolamento — o resto é feito aqui. Com a entrada massiva de produtos importados, especialmente da China, muitos perguntam como sobrevivemos. O diferencial é a agilidade: somos rápidos para decidir, agir e corrigir. É assim que seguimos firmes e crescendo”, reforçou Simone.
Expansão contínua
No mercado de reposição, a Mobensani tem operação nacional que atende a distribuidores, atacadistas, lojistas e centros automotivos em todo o País.
Nos últimos 10 anos, cresceu 944%, com alta de 25% em 2024 e expectativa de 22% para 2025. Lança anualmente 130 a 140 novas peças, resultado de estudos técnicos, simulações digitais e testes rigorosos.
Simone compartilhou a expansão internacional: “Até dois anos atrás, não exportávamos nada. Hoje, exportações são quase 10% do faturamento, com atuação na América Latina e México. Temos negociações nos EUA e estamos preparando presença na Feira de Las Vegas”.
Amir, entre as filhas Simone e Suzane
Dependências da fábrica
Por: Karin Fuchs | Foto(s): Divulgação
OS MOVIMENTOS NO MERCADO DE VEÍCULOS NOVOS E USADOS
Anfavea refaz revisões para o término do ano, com a alta das exportações compensando o desempenho do mercado interno. No segmento de usados, a Fenauto mantém o que foi projetado inicialmente
m pouco tempo, o programa Carro Sustentável foi responsável pelo crescimento de 16,7% nas vendas de automóveis no varejo, nas três primeiras semanas seguintes que entrou em vigor, segundo a Anfavea. Pelas contas da Fenabrave, o aumento foi de 11,35% em julho sobre o mês anterior. Em vigor desde o dia 11 de julho deste ano, o programa isenta o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de veículos de entrada fabricados no Brasil, compactos com alta eficiência energética-ambiental.
São cinco marcas participantes do programa. Em julho deste ano, elas responderam por 95.305 unidades emplacadas, antes do decreto, em julho de 2024, os modelos dessas marcas que se encaixam no programa totalizaram 85.588 emplacamentos. “A nova política de IPI para automóveis impactou os preços dos veículos de entrada, o que estimulou a demanda já no mês da sua implementação e deve refletir nos emplacamentos do restante do ano, fazendo com que o setor mantenha o crescimento estimado pela Fenabrave, de 5%”, afirmou Arcelio Junior, presidente da Fenabrave.
Na avaliação de Igor Calvet, presidente da Anfavea, “programas de redução de imposto como este são bem-vindos pelo seu caráter ambiental, pelo maior acesso a modelos zero quilômetro e por movimentar a rede de concessionárias. Mas só melhorias na condição de crédito e a substituição de importações por produtos locais podem levar a um aquecimento mais acelerado das vendas dos nossos veículos e, por tabela, da produção”.
No geral, incluindo veículos leves e pesados, a Fenabrave registou 243.225 emplacamentos em julho, 14,25% acima do mês anterior e 0,8% a mais do que em julho de 2025. Leves e pesados participaram com 229.948 unidades,
13,75% acima do mês anterior, porém, abaixo das 227.265 unidades emplacadas em julho do ano passado. Caminhões e ônibus somaram 13.277 unidades em julho, resultado 23,70% superior ao mês anterior, mas abaixo das 14.039 unidades emplacadas no mês de julho de 2024. Vale destacar que julho teve três dias a mais do que no mês anterior.
Quando analisados os resultados do acumulado do ano, com um total de 1.441.977 de veículos leves e pesados emplacados, houve um avanço de 4,12% sobre janeiro a julho de 2024. Deste total, automóveis tiveram uma participação de 1.060.362 unidades, 3,27% acima do acumulado de 2024.
Eletrificados
Ainda que não sejam tão representativos no volume total de emplacamentos, os veículos eletrificados têm aumentado a sua participação. Pelos números da Anfavea, no mês de julho foram 25.100 automóveis e comerciais leves emplacados. A maior participação foi dos híbridos, com um total de 10.200 unidades. Juntos, eles responderam por 10,9% do total de emplacamentos de veículos leves, com uma presença cada vez mais relevante de veículos híbridos brasileiros. Já no acumulado do ano, cerca de 88 mil veículos chineses foram emplacados, 41,2% acima de janeiro a julho de 2024.
O balanço da Fenabrave demonstra que 101.645 automóveis e comerciais leves híbridos foram emplacados de janeiro a julho, 73,18% acima do mesmo período do ano passado, enquanto os leves elétricos puros somaram 37.536 unidades; uma expansão de 4,63% sobre o acumulado de 2024.
Desempenho dos pesados
No segmento de caminhões e ônibus, 13.277 unidades foram emplacadas em julho, 23,7% acima do mês anterior. Ambos tiveram resultados positivos no mês: caminhões, 10.524 unidades, alta de 25,66% sobre junho, e ônibus, 2.754 unidades, 16,74% a mais do que no mês anterior. “É um bom início de semestre (para caminhões), mas devemos
Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea
Arcelio Junior, presidente da Fenabrave
lembrar que o mercado permanece desafiado pelo crédito caro e pela cautela nos investimentos por parte de setores da economia”, ponderou o presidente da Fenabrave.
No acumulado do ano, o segmento de pesados computou 80.812 unidades emplacadas, pouco acima das 80.800 unidades no período de janeiro a julho de 2024. Enquanto caminhões tiveram de 3,85% na mesma base de comparação, com um total de 63.943 unidades, ônibus apresentaram uma expansão de 18%, somando 16.869 unidades, muito influenciado pelo programa Caminho da Escola.
Segundo análise de Arcelio Junior, “na primeira parte do ano, tivemos um volume total de emplacamentos (de ônibus) bastante superior aos volumes comparativos a 2024, em função do programa Caminho da Escola, mas esses volumes estão se esgotando ao longo dos meses, indicando queda no crescimento das vendas, conforme as projeções da Fenabrave, que apontam para um aumento de 6%”, afirmou.
Revisão das projeções
Pelo cenário macroeconômico, incluindo a elevação dos juros, e as medidas adotadas pelo governo Trump, entre outras variáveis macroeconômicas, a Anfavea refez as suas projeções para o final do ano. Por elas, as exportações, aquecidas, principalmente, para a Argentina, tendem a compensar os resultados das vendas internas.
Anteriormente, a expectativa era de um incremento de 6,3% nas vendas internas em relação a 2024, passando para 5%, ou um total de 2.765.000 milhões de emplacamentos no ano. Para as exportações, a expectativa de alta era de 7,5%, subindo para 38,4% sobre 2024, totalizando 551 mil unidades; a participação da Argentina nas exportações subiu de 35,1% no acumulado de 2024 para 58,9% neste ano.
Para a produção de veículos, as projeções se mantiveram em 7,8% neste ano sobre 2024, chegando a 2.749.00 unidades: 2.580.000 veículos leves e 168.600 pesados. No acumulado do ano foram 1.469.300 veículos produzidos, 1.372.330 leves e 97.100 pesados, 6,1% acima do mesmo período de 2024. “Apesar dos juros elevados e de um ingresso acima do razoável de produtos importados, precisamos continuar recuperando os volumes de produção, o que gera ganhos e empregos a toda a extensa cadeia automotiva”, ressaltou o presidente da Anfavea, Igor Calvet.
Recorde nas vendas de usados
O mês de julho foi recorde de vendas de veículos usados, desde que a Fenauto começou a tabular os dados do mercado. Com um total de 1.711.074 unidades transacionadas, o crescimento foi de 19,1% sobre junho e 16,6% acima de julho de 2024. No acumulado do ano, a entidade computa um crescimento de 14,2% em relação ao mesmo período do ano passado, soando 10.061.523 veículos comercializados, além de manter um novo patamar de vendas diárias, em torno de 75.000 veículos, o maior registrado até agora.
Segundo Enilson Sales, “o resultado é excepcional em vista das incertezas do mercado. Ainda temos uma expectativa positiva para o fechamento do ano com um bom resultado em torno de 16 milhões de veículos comercializados, mas isso depende muito do comportamento da economia e do crédito na praça. Estamos acompanhando esses fatores com muita atenção”, afirmou o presidente da Fenauto.
Enilson Sales, presidente da Fenauto
Pelo segundo ano consecutivo, o Congresso Estar Auto reuniu profissionais do setor automotivo em torno do tema saúde mental e bem-estar dos colaboradores. Para a idealizadora do evento, Vanessa Martins, psicoterapeuta comportamental, chief Happiness Officer, diretora do Sindirepa-SP e proprietária de oficina mecânica, esta edição foi um divisor de águas, pelo aumento do número de visitantes e a significativa participação masculina.
“O que é extraordinário num setor onde, historicamente, os homens não são incentivados a olhar para a própria saúde mental. Essa adesão mostra que há uma sede real por transformação emocional e por uma nova forma de liderança. Tivemos também um crescimento notável no número de patrocinadores, refletindo o interesse das empresas em apoiar uma agenda de bem-estar, inovação e cuidado genuíno com as pessoas”, afirmou Vanessa.
E não só os colaboradores foram pauta do congresso, como também os empreendedores. “Discutimos com profundidade a solidão e a solitude de quem empreende. Muitas falas abordaram essa travessia emocional de estar à frente de negócios, carregar decisões e, ainda assim, muitas vezes, sentir-se sozinha (o). Foi também um congresso de expansão:
2º CONGRESSO ESTAR AUTO REITERA
A IMPORTÂNCIA
DO BEM-ESTAR E SAÚDE MENTAL DOS
COLABORADORES
O evento também abordou temas relacionados à governança, liderança e empreendedorismo, com ênfase no papel de estar à frente de negócios
trouxemos reflexões sobre governança, felicidade no trabalho, conselhos estratégicos, gestão com visão de futuro e uso de inteligência artificial”, disse a idealizadora.
Nova Norma NR-01
Outro assunto no congresso foi a nova Norma NR-01, resolução que estabelece diretrizes sobre saúde mental nas empresas, em vigor em caráter educativo desde 1º de maio de 2025. “O consenso foi claro. Ela representa um avanço legal, mas o grande desafio está em transformar essa diretriz técnica em cultura viva dentro das empresas. Aplicar questionários não é suficiente. É preciso escuta, engajamento, plano de ação e compromisso emocional com a saúde de cada colaborador e do gestor/empresário”, pontuou Vanessa.
O 2º Congresso Estar Auto aconteceu na segunda quinzena de julho na FIESP. Comparada à 1ª edição, “o cuidado deixou de ser discurso e começou a se tornar prática. As empresas estão mais abertas, mais sensíveis, mais conscientes de que sem gente saudável, não há resultado que se sustente. Estamos construindo, tijolo por tijolo, uma nova cultura: onde felicidade é estratégia, bem-estar é prioridade e liderança é presença”, concluiu.