IRRIGAZINE #83

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Este ano decidimos estampar em nossas edições os irrigantes e os sensacionais produtos da irrigação nacional. Nesta edição é a vez do “cara do melão irrigado”, Luiz Roberto Barcelos, este paulista que foi plantar melão no Nordeste e hoje é o maior exportador desta fruta. Também produz outras frutas e até trigo, em uma experiência inédita no sertão nordestino. Barcelos concedeu uma entrevista exclusiva à repórter Bruna Fernandes Bonin.

A Embrapa e o Ibraflor firmaram uma parceria para a criação do selo azul para o setor de plantas e flores ornamentais. O selo azul visa a implantação de protocolos e de critérios técnicos para o uso eficiente da água. Esta é uma importante iniciativa, ainda mais se pensarmos em um plano mais abrangente para a certificação dos projetos de irrigação do país, conforme já está previsto na Política Nacional de Irrigação - Lei no. 12.787 de 11/01/2013. Leia a matéria completa no caderno de notícias.

José Luiz Viana do Couto, volta nesta edição com um artigo muito importante sobre falhas em barragens de terra, muito comuns em todo o país. Estas barragens requerem manutenção constante para evitar erosão e infiltração que podem causar sérios danos em caso de rompimento.

José Giacoia Neto, detalha o que é e a importância do conceito da janela de irrigação em paisagismo e gramados esportivos. Em agricultura este conceito é bem conhecido para aproveitar os horários de tarifa de energia reduzida. Porém, em paisagismo as variáveis são maiores, então vai lá conferir.

Boa leitura!

DENIZART VIDIGAL

Diretor

DIREÇÃO

Denizart Pirotello Vidigal denizart@irrigazine.com.br

JORNALISTA

Bruna Fernandes Bonin MTB 81204/SP

COLABORAÇÃO

José Luiz Viana do Couto José Giacoia Neto

EDITORAÇÃO E CAPA

André Feitosa

PRODUÇÃO/PROJETO GRÁFICO

Interação - Comunicação e Design

FOTOS

Divulgação| Arquivos Pessoais Assessoria de Imprensa/Netafim

Renan Diniz

REVISÃO

Denizart Vidigal Barufe

CONTATO

Comercial e Editora AGROS Ltda.

Fone: (17) 3046-3204 comercial@irrigazine.com.br

ASSINATURAS

Débora Pirotello Vidigal revista@irrigazine.com.br Acesse irrigazine na internet: www.irrigazine.com.br

A Revista Irrigazine não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados o pelas opiniões emitidas pelos entrevistados, fontes e dos anúncios publicitários.

“Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o SENHOR teu Deus é contigo, por onde quer que andares.”

Josué 1:9

04 Agosto | 2023 Editorial

Netafim e Citrosuco lançam pioneiro sistema de irrigação por assinatura no Brasil

A Citrosuco, uma das principais produtoras de suco de laranja e ingredientes, uniu forças com a Netafim, líder em soluções de irrigação, para revolucionar seu sistema de irrigação.

Entrevista

O Cara do melão irrigado

O produtor rural Luiz Roberto Barcelos, tem inúmeras lembranças do momento em que provou um melão pela primeira vez.

Era um garoto de cinco anos, residindo com sua família no interior de São Paulo.

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Falhas em barragens de terra para irrigação

O que é janela de irrigação em paisagismo e gramados esportivos

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Agosto | 2023 23
07 Agosto | 2023

Embrapa e GIFC discutem sistema irrigado e sustentabilidade da cana-de-açúcar

O Grupo de Irrigação e Fertirrigação de Cana-de-açúcar (GIFC), em parceria com a Embrapa Meio Ambiente, realiza em 19 de outubro de 2023 em Jaguariúna, SP, o Encontro “Sistema Irrigado e a Sustentabilidade na Produção da Canade-Açúcar”. As vagas são limitadas e as inscrições vão até 31 de agosto (1º lote) e a partir de 1º de setembro começam as vendas do 2º lote. De acordo com os organizadores, o evento será um encontro técnico pioneiro e de alto nível para debater as conquistas, inovações, desafios e oportunidades de aprimoramento da eficiência ambiental das usinas por meio da inserção do sistema irrigado em uma fração de suas áreas.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Vinicius Bufon, a produtividade e a eficiência ambiental recordes dessa safra, resultado da excepcional e rara distribuição de chuva, mostram com muita clareza que a água é o fator que mais tem restringido a produtividade e eficiência ambiental dos canaviais brasileiros.

“Existe uma qualidade agronômica e ambiental represada, reprimida, escondida pelo déficit hídrico. Quando melhora um pouco a distribuição de chuva, esse potencial aparece. Por essa razão, estratégias de adoção racional e eficiente da irrigação em uma parte dos canaviais tem avançado rapidamente como ferramenta fundamental para mitigar a susceptibilidade das usinas às mudanças climáticas e secas, quebras de safra e oscilação de moagem”, explica o pesquisador.

Bufon destaca ainda que, além de verticalizar a produção, aumentar a longevidade e derrubar custos por tonelada, a irrigação tem contribuído para reduzir a pressão por expansão horizontal e desmatamento (efeito poupa-terra), aumentar a eficiência de uso de água, reduzir a pegada hídrica e a pegada de carbono, aumentando a eficiência ambiental da produção sucroenergética brasileira.

Para inscrições acesse www.embrapa.br/cursos-e-eventos

Agricultura irrigada e o desenvolvimento do Vale do Rio São Francisco

Em meio aos efeitos visíveis das mudanças climáticas que impactam a produção agrícola, a agricultura irrigada se destaca como peça fundamental para garantir uma produção sustentável em regiões afetadas pela seca, como a bacia do Rio São Francisco. O Vale do Rio São Francisco, antes conhecido por sua estiagem, transformou-se em um polo de fruticultura irrigada, aumentando a produtividade em até três vezes em comparação com áreas de sequeiro. Isso foi viabilizado por projetos de irrigação e o uso das águas do rio, convertendo paisagens áridas em terras agrícolas prósperas.

A fruticultura na região impulsiona a economia local, atraindo investimentos e gerando lucro para os municípios envolvidos. Isso proporcionou uma mudança significativa na vida dos produtores, que agora dependem principalmente da produção de frutas para sua renda. A exportação de uvas e mangas tem ganhado destaque nos últimos anos, com a região sendo responsável por uma grande parcela das exportações dessas frutas.

A agricultura irrigada permitiu diversificar a produção

agrícola, introduzindo frutas não tradicionais na região, como uva, manga, goiaba, melancia e pera. Isso resultou em mais empregos e renda para os agricultores locais, fortalecimento das cadeias produtivas e melhoria da qualidade dos produtos.

Os projetos de irrigação da Codevasf na bacia do Rio São Francisco geraram significativo valor bruto de produção e tonelagem de itens agrícolas, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico das regiões envolvidas e gerando empregos. A expansão planejada da área irrigada através de projetos como Baixio de Irecê, Jequitaí, Iuiú, Santa Brígida e Tapera Carneiro reflete a busca contínua por um aumento produtivo responsável.

Além da agricultura, a Codevasf também enfoca a revitalização ambiental e sustentável, promovendo a mecanização da produção agrícola, o repovoamento de espécies nativas na bacia do São Francisco e a revitalização de nascentes. Seus esforços visam o desenvolvimento regional e a redução das desigualdades em uma ampla área de atuação abrangendo numerosos municípios do Brasil.

08 Agosto | 2023

Netafim e Citrosuco lançam pioneiro sistema de irrigação por assinatura no Brasil

A Citrosuco, uma das principais produtoras de suco de laranja e ingredientes, uniu forças com a Netafim, líder em soluções de irrigação, para revolucionar seu sistema de irrigação. O novo projeto, inaugurado em julho, adotou o conceito de irrigação por assinatura e já está operando em três propriedades da Citrosuco em Barretos (SP), Altair (SP) e Boa Esperança do Sul (SP), abrangendo uma extensa área de 3.567 hectares dedicados ao cultivo de citros.

A abordagem de Irrigação por assinatura é uma oferta inovadora da Netafim Services, na qual a empresa projeta, instala, opera e mantém o sistema de irrigação da propriedade. Isso libera os clientes da necessidade de adquirir o sistema ou manter uma equipe para sua operação, permitindo que aproveitem os benefícios da irrigação por gotejamento, como aumento da produtividade, gestão eficiente dos recursos hídricos, estabilidade na produção e resistência às intempéries.

Ricardo Almeida, CEO Mercosul da Netafim, destaca que este é o primeiro projeto desse tipo no Brasil. “O Netafim Services por assinatura oferece aos clientes a vantagem de planejar a expansão dos pomares de forma mais ágil, visto que o investimento é direcionado para a operação do sistema, em vez do ativo. Essa mudança de modelo traz ganhos financeiros e operacionais, fomentando um crescimento sustentável”, ressalta Ricardo.

Por meio da tecnologia de irrigação por gotejamento da Netafim, a Citrosuco pode alcançar uma eficiência na aplicação de água de até 95%, proporcionando uma

distribuição precisa diretamente às raízes das plantas. Essa abordagem precisa e controlada resulta em maior produtividade nas plantações de citros, gerando uma colheita mais abundante e de alta qualidade, o que contribui significativamente para o sucesso da empresa no mercado. Tomás Balistiero, COO da Citrosuco, enfatiza que a adoção da irrigação por gotejamento é um passo natural na evolução dos processos da empresa e na modernização do setor, alinhado à estratégia de negócios sustentáveis da Citrosuco. Ele destaca que essa parceria estratégica permite à empresa estar na vanguarda, adotando tecnologias avançadas de irrigação, promovendo eficiência, resiliência climática e qualidade do produto.

A abordagem de Irrigação por assinatura não se limita a culturas específicas. Enquanto o primeiro projeto abrangeu amplamente o cultivo de citros, um segundo projeto destinado ao cultivo de cana-de-açúcar está programado para iniciar em 2024. Além disso, a Netafim está em negociações avançadas para implementar projetos semelhantes voltados para culturas de grãos no centrooeste do Brasil.

A introdução do conceito de “irrigação como um serviço” traz uma nova perspectiva ao mercado de irrigação no Brasil, oferecendo uma abordagem flexível e inovadora para os investimentos em irrigação. Isso impulsiona a eficiência, produtividade e sustentabilidade das lavouras. A Netafim continua empenhada em fornecer soluções de ponta, capacitando seus clientes a superar os desafios do setor e alcançar o sucesso em suas operações agrícolas.

fazendasinformações e foto: Assessoria de Imprensa/Netafim 09 Agosto | 2023
O projeto teve início em julho, visando alcançar um total de 3.567 hectares de citros através da ampliação de irrigação por gotejamento em suas

Crescimento da produção de abacate no Brasil é impulsionado por técnicas de irrigação

De acordo com dados do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o setor de abacate no Brasil passou por um notável crescimento, apresentando um aumento estimado de aproximadamente 38,59% entre os anos de 2017 e 2021. Atualmente, a área de cultivo abrange cerca de 18,1 mil hectares. O instituto também relata que a produtividade no último ano alcançou a marca de 301 mil toneladas de abacate, abrangendo tanto as variedades nacionais quanto o avocado, um parente próximo do abacate amplamente utilizado na culinária de nações hispânicas.

Ligia Carvalho, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Abacate, compartilha que, durante o período de janeiro a maio de 2023, aproximadamente 27,6 mil toneladas de abacate nacional e avocado foram comercializadas na Ceagesp, o principal centro de distribuição de frutas do país. Estima-se que essa cifra represente cerca de 25% da safra total do Brasil. Enquanto São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal lideram a produção, novas regiões, como o Ceará, estão emergindo como participantes significativos no mercado, aproveitando as janelas de entressafra dos principais produtores.

Um dos principais catalisadores desse crescimento é a aplicação da tecnologia de irrigação localizada. Segundo Carlos Barth, agrônomo da equipe de suporte técnico da empresa Rivulis, a qualidade dos frutos colhidos de plantas irrigadas

supera aquela dos não irrigados. Ele enfatiza a importância de integrar sistemas de irrigação e aplicação de fertilizantes, uma prática conhecida como fertirrigação, que não apenas reduz os custos, mas também otimiza o desempenho da planta. Barth destaca que essa abordagem pode resultar em aumentos de produtividade de até 30%.

Para o cultivo de abacates, Barth recomenda a combinação de microaspersores com sistemas de irrigação automatizados, juntamente com dispositivos de injeção de fertilizantes. Ele sugere que o gotejamento também é viável em solos de textura mais argilosa. O agrônomo enfatiza que a gestão adequada do fornecimento de água e nutrientes é essencial, e quando isso é alcançado, não apenas a planta produzirá frutos de alta qualidade, mas também haverá benefícios ambientais, como a redução da lixiviação de fertilizantes e a preservação do solo contra erosões causadas pela água de irrigação e tráfego de maquinário.

Na Fazenda Glória, situada em São Gotardo/MG, Ricardo Muraoka direciona cerca de 140 hectares para a produção de abacates. A colheita, que se estende de julho até o ano subsequente, gera uma produção média de 23 a 25 toneladas por ano. Felipe Santos, o agrônomo responsável pela operação, ressalta que a irrigação prolongada proporciona uma vantagem notável, permitindo que as frutas amadureçam por períodos mais longos nas árvores. Ele destaca a importância do ajuste sazonal da irrigação para apoiar o desenvolvimento das plantas durante a floração. “A irrigação é uma ferramenta crucial para maximizar a produção de abacates”, conclui Santos.

A fertirrigação tem o potencial de impulsionar a produtividade em até 30% | Foto: Divulgação

Selo Azul: Embrapa e Ibraflor celebram parceria para certificar a produção de flores e plantas

A Embrapa e o Ibraflor (Instituto Brasileiro de Floricultura) celebraram nesta quinta-feira (22) uma parceria que permitirá o desenvolvimento e a implementação de protocolos e de critérios técnicos para a introdução de um selo de uso eficiente da água para o setor de flores e plantas ornamentais: o Selo Azul. A cerimônia foi realizada durante a 28ª HORTITEC – Exposição Técnica de Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas Intensivas, que acontece de 21 a 23 de junho, em Holambra (SP).

“Dentre as formas de se buscar a eficiência de uso da água nos diversos setores da agricultura, como, por exemplo, o setor de flores, a certificação é uma das estratégias mais discutidas”, afirmou o pesquisador Lineu Neiva Rodrigues, chefe de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa Cerrados. Segundo ele, caberá à pesquisa definir os protocolos e critérios técnicos para o estabelecimento do processo de certificação. Nessa primeira etapa do trabalho estarão envolvidos somente o Ibraflor e a Embrapa. Posteriormente, haverá a participação de uma empresa certificadora.

“Diante do cenário de preocupação e da realidade que cerca o tema em todo o mundo, o Ibraflor pretende conscientizar os produtores sobre esse processo que, muito em breve, será exigido pelo mercado e sobre a necessidade do uso correto da água, um recurso finito, de forma racional, responsável e adequada”, afirmou a assessora técnica do Ibraflor, Ana Paula Leitão, uma das responsáveis pela coordenação do projeto ao lado de Fernando Ruiter, produtor de flores da região de Holambra e representante do Instituto na Rede Nacional da Agricultura Irrigada (Renai).

O “Selo Azul” vai certificar os produtores de flores e plantas ornamentais que fazem o uso responsável da água em três categorias: Bronze (autodeclaratório) e Prata e Ouro (a pedido dos interessados). De acordo com o pesquisador Lineu Rodrigues, o setor da floricultura é totalmente dependente da irrigação. “Holambra é a região que mais produz flores no país e está localizada numa região onde as bacias hidrográficas já se encontram no seu limite da capacidade de suporte”, afirma.

Segundo ele, a agricultura de uma forma geral está cada vez

mais pressionada a aumentar a eficiência de uso de seus insumos e a agricultura irrigada, por sua vez, terá ainda o desafio de melhorar a eficiência de uso de dois insumos estratégicos para a sociedade: água e energia.

“A forma mais usual de mensurar a eficiência de uso da água na agricultura irrigada consiste em observar a razão entre a quantidade de água efetivamente utilizada pela cultura e a quantidade retirada da fonte hídrica. No âmbito mundial, essa eficiência média calculada dessa forma ainda é baixa. No Brasil está próxima a 60%”, afirmou o pesquisador.

De acordo com ele, nesse cenário, o Estado, suas instituições e seus agentes têm papel fundamental como indutores na promoção do uso eficiente da água na agricultura irrigada e na viabilização de uma produção sustentável. “A adoção de novas métricas, novos conceitos e soluções de gestão que fomentem a adoção de boas práticas para o setor de agricultura irrigada podem e devem ser guiadas por ações governamentais. Para isso, é primordial o estabelecimento de diretrizes para orientar o planejamento para tomadas de decisões adequadas”, afirmou.

Preocupação estratégica

A eficiência de irrigação é estratégica em várias questões relacionadas à sustentabilidade. Tal preocupação está destacada no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6, Meta 6.4: “Até 2030, aumentar substancialmente a eficiência de uso de água em todos os setores e garantir retiradas e fornecimento de água doce sustentáveis para lidar com a escassez de água e reduzir substancialmente o número de pessoas que sofrem com a sua insuficiência”.

Segundo Lineu Rodrigues, na prática, não existe um indicador universal que represente a eficiência em todos os seus pontos e escalas de análises. “A eficiência pode ser medida de várias formas e um critério utilizado em uma situação específica pode não ser adequado para outra. O sistema de mais alta eficiência pode não atender de forma adequada aos critérios ambientais e econômicos. Por exemplo, uma irrigação deficiente pode ser altamente eficiente no curto prazo, mas pode levar a problemas de salinização dos solos no longo prazo”, explicou.

Para ele, no entanto, dentre as formas de se buscar a eficiência de uso da água nos diversos setores da agricultura, como, por exemplo, o setor de flores, a certificação é uma das estratégias mais discutidas.

Juliana Caldas (MTb 4861/DF) | Embrapa Cerrados

Foto: Renan Diniz

O Cara do melão irrigado

O produtor rural Luiz Roberto Barcelos, tem inúmeras lembranças do momento em que provou um melão pela primeira vez. Era um garoto de cinco anos, residindo com sua família no interior de São Paulo. Ele recorda com entusiasmo: “Minha mãe trouxe para casa aquela esfera verde, o melão, e desde então fiquei encantado.”

Hoje, Barcelos ocupa o posto de principal produtor e exportador de melões no Brasil. Singularmente, é ele quem abastece grande parte do mercado europeu.

À frente da Agrícola Famosa, sua propriedade rural, Luiz Roberto Barcelos coordena a produção diária de mais de um milhão de melões, a maior parcela segue rumo a nações como Holanda e Reino Unido.

Além de liderar os negócios de melão, Luiz Roberto Barcelos também assume a presidência da Renai, a Rede Nacional da Agricultura Irrigada. Essa posição o levou a conceder uma entrevista à revista Irrigazine, evidenciando seu papel proeminente no setor agrícola.

14 Agosto | 2023
Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

Confira a entrevista:

Revista Irrigazine: Conte-nos um pouco sobre sua trajetória de vida até o momento. Quais experiências o trouxeram até aqui?

Luiz Roberto Barcelos: Minha trajetória tem raízes no interior de São Paulo, mais precisamente em Colina, uma região próxima a Ribeirão Preto. Após me formar em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), iniciei minha carreira como advogado. No entanto, um acontecimento inesperado direcionou meu caminho para a agricultura. Um cliente com dívidas em Mossoró, nordeste do Brasil, ofereceu uma fazenda como pagamento. Junto com meu diretor, decidimos aceitar a fazenda como pagamento e assumir a gestão dela.

Foi nesse momento que o cenário mudou completamente. Junto com meu sócio fundamos a Famosa em 1995. Iniciamos modestamente, plantando apenas 3 hectares de melão a cada 10 dias. Nossa atuação se limitava ao mercado interno devido às condições econômicas da época, com um dólar desvalorizado. Enquanto meu sócio cuidava das vendas em São Paulo, eu assumi a responsabilidade pelo plantio.

A virada ocorreu com a virada do milênio, quando o dólar voltou a se valorizar. Atualmente, somos uma das principais referências globais na produção de melão. Cultivamos cerca de 8 mil hectares de melão com técnicas de irrigação, como o gotejo, adaptando-nos ao semiárido brasileiro, nas fronteiras do Rio Grande do Norte e Ceará. Além disso, expandimos nossa produção para estados como Pernambuco, Alagoas e o Piauí.

Revista Irrigazine: Quais técnicas de irrigação você utiliza especificamente para o cultivo do melão irrigado?

Luiz Roberto Barcelos: Nossa abordagem de irrigação é cuidadosamente projetada para otimizar a qualidade e a produtividade do melão, especialmente em nosso ambiente semiárido. Baseamos nosso sistema principalmente no gotejamento, uma técnica altamente eficaz que tem suas raízes na inovação agrícola de Israel. Esse método nos permite aplicar água diretamente nas raízes das plantas, maximizando a utilização e minimizando o desperdício.

Além disso, incorporamos a fertirrigação ao nosso processo. Essa estratégia consiste em fornecer água já enriquecida com os nutrientes necessários para o desenvolvimento saudável da planta. A composição desses nutrientes é ajustada de acordo com o estágio de crescimento das plantas, garantindo que elas recebam o suporte nutricional ideal ao longo do ciclo.

A singularidade da nossa região, caracterizada pela escassez hídrica, nos desafia a inovar na captação e uso da água. Contamos com dois tipos de poços: os rasos, com profundidades entre 100 e 150 metros, que contêm água salobra, e os poços profundos, que atingem até 700 metros de profundidade e fornecem água termal a 56 graus, rica em minerais.

Para otimizar ainda mais a eficiência, utilizamos uma cobertura plástica, conhecida como “mulching”, que é colocada sobre o solo. Essa prática contribui para minimizar a perda de água por evaporação e transpiração, garantindo que a água aplicada seja direcionada diretamente para as raízes das plantas.

Cada ciclo de cultivo, que dura cerca de 60 dias, começa com o cuidadoso cultivo das mudas em um viveiro. Após cerca de 10 dias, as mudas são transplantadas para o campo, onde são cultivadas com atenção até que, em aproximadamente 60 dias, a colheita seja realizada.

Revista Irrigazine: Gostaríamos de obter mais informações detalhadas sobre o cultivo do melão irrigado. Pode nos dar alguns detalhes?

Luiz Roberto Barcelos: No que diz respeito ao cultivo do melão, há uma série de considerações cuidadosas que permeiam todo o processo. Desde o início, focamos a questão sanitária como um dos pilares fundamentais. Isso envolve a implementação rigorosa de medidas para garantir que as frutas permaneçam saudáveis e livres de qualquer risco de contaminação. Um exemplo prático disso é a prática de colocar uma pequena bandeja sob cada fruta. Essa bandeja atua como uma barreira protetora, evitando que a fruta entre em contato direto com o solo. Dessa forma, conseguimos evitar marcas indesejadas na casca e garantir a integridade estética do produto.

Cada fruta que sai da nossa fazenda representa não

15 Agosto | 2023

apenas nossa marca, mas também a excelência do cultivo brasileiro.

No que se refere à frequência de plantio, adotamos uma abordagem estratégica para otimizar a produtividade e a saúde do solo. Geralmente, optamos por um plantio e meio por ano em cada área de cultivo. Essa abordagem visa evitar a exaustão do solo, garantindo que ele tenha tempo suficiente para se regenerar e se recuperar.

Quando optamos por repetir o plantio em uma área específica, respeitamos um intervalo mínimo de seis meses após a colheita anterior.

Revista Irrigazine: Quais dicas valiosas você poderia compartilhar com outros irrigantes que desejam melhorar seus cultivos?

Luiz Roberto Barcelos: É crucial investir em equipamentos e tecnologias de ponta que proporcionem um controle preciso sobre o fornecimento de água e nutrientes. Isso se aplica tanto à irrigação quanto à nutrição das plantas. Ao selecionar um sistema de irrigação, é fundamental escolher aquele que melhor se adequa ao tipo de cultura e às condições específicas de plantio. O foco na eficiência no uso da água e da energia também é vital. Buscar constantemente as opções mais avançadas e tecnológicas no mercado resultará em melhores resultados de produção.

O cultivo de melão irrigado enfrenta desafios únicos: Primeiramente, a qualidade da água pode ser um grande obstáculo, especialmente em regiões onde a água é salobra. O manejo cuidadoso é necessário para evitar danos ao solo e garantir a produtividade nas condições desafiadoras. Uma abordagem que adotamos é a combinação de águas menos salgadas com as mais doces, equilibrando os níveis de salinidade.

Outro desafio é o clima. Em áreas semiáridas onde a chuva é escassa, enfrentamos a necessidade de gerenciar adequadamente a irrigação para garantir o crescimento saudável das plantas. Nosso clima desafiador se transformou em uma oportunidade, permitindo que nosso cultivo de melão floresça em um ambiente semiárido.

A capacitação da mão de obra também é importante. O cultivo de melão exige uma quantidade significativa de trabalho manual, e é essencial garantir que cada membro da equipe compreenda seu papel e contribuição para a produção. Investir em treinamento e conscientização é uma prática valiosa.

Por fim, infraestrutura adequada, como portos e estradas, é vital para a logística de escoamento da produção. Embora essa tenha sido uma área desafiadora no passado, ao longo do tempo, trabalhamos em parceria com as autoridades públicas para melhorar as

16 Agosto | 2023
Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

condições e facilitar o transporte de nossos produtos para o mercado.

Revista Irrigazine: Durante a produção do melão irrigado, quais desafios você encontrou e como os superou?

Luiz Roberto Barcelos: A energia é um grande desafio enfrentado. Você muitas vezes vai para alguns lugares que é ruim de energia, a qualidade da energia. Então você tem que realmente conversar com a distribuidora para que ela faça os investimentos necessários. E a parte de produção mesmo, como você é praticamente uma monocultura, saber como você consegue controlar as pragas, a parte adicional. Hoje cada vez mais utilizamos bioinsumos, menos químicos e mais biológicos. Tudo isso vem em prol de uma produção de melhor qualidade.

Revista Irrigazine: Sabemos que o cultivo de melão possui algumas particularidades. Poderia compartilhar conosco algumas curiosidades pouco conhecidas sobre a produção do melão?

Luiz Roberto Barcelos: Com a chuva, com a água, né? Isso ajuda a desenvolver muita bactéria, fungos, então é ruim para a planta. Então é uma grande peculiaridade, por isso nós estamos aqui no semiárido, porque ele é uma fruta que se desenvolve bem nessas condições secas. Ela é altamente demandante de mão de obra, praticamente uma pessoa por hectare, como eu já disse.

O melão, os historiadores relatam que ele é originário da Pérsia e tem mais de 3.500 anos, as histórias dos primeiros plantios de melão. Então é uma fruta que muitas vezes tem uma polêmica se ele é uma fruta ou ele é uma hortaliça. Tem alguns que dizem que é fruta, outros dizem que é hortaliça, mas isso é um produto que já faz parte do cardápio da humanidade há alguns

milênios e que tem realmente hoje o Brasil, é a fruta mais exportada do Brasil. Junto com a manga, o melão é a fruta mais exportada em termos proporcionais de produção nacional. Onde a fruta mais exportada, 50% da produção vai para exportação, segundo é a manga com apenas 15% da produção. Então, realmente é uma fruta que é muito apreciada, muito consumida na Europa. E temos aí dezenas de variedades diferentes de melão e ele tem um ciclo muito rápido, o que ajuda realmente.

Revista Irrigazine: Como tem sido a produtividade do melão irrigado? Poderia falar um pouco mais sobre os resultados alcançados?

Luiz Roberto Barcelos: Então, na produção dele exige pouco capital de giro, porque com 60 dias você já começa a produzir. A sociedade vem crescendo. Quando a gente começou há quase 30 anos, falava assim 15 toneladas por hectare, depois com muito custo chegou a 20, depois chegamos na casa dos 25 e hoje com toda a tecnologia que a gente tem, principalmente dos mil insumos, melhores genéticas de variedade de melão, com uma boa irrigação, sistemas mais eficientes, hoje a gente tem conseguido até 30 ou até mais. Chega até 35 dependendo da variedade de toneladas por hectare.

Então, hoje, realmente, a gente praticamente mais do que dobrou do que era 30 anos atrás na produtividade, isso trazendo muita tecnologia.

Revista Irrigazine: Quais são seus planos futuros para a produção de melão irrigado?

Luiz Roberto Barcelos: Continuaremos aprimorando nossas técnicas e tecnologias para aumentar a produtividade e qualidade. Nosso objetivo é manter o crescimento, aproveitando ao máximo a irrigação eficiente e a expertise acumulada ao longo dos anos.

18 Agosto | 2023

Falhas em barragens de terra para irrigação

Cerca da metade da água armazenada em barragens no Brasil, tem como destino a irrigação. De acordo com o Comitê Brasileiro de Barragens (2011) as primeiras barragens de terra no Brasil foram implantadas com a finalidade de usos múltiplos dos recursos hídricos. Foi na região Nordeste que as primeiras construções de barragens de terra foram realizadas, a partir de 1887, essas barragens tinham a finalidade de irrigação, abastecimento de água das cidades e pequenos núcleos populacionais.

Quanto à altura, as barragens podem ser classificadas por faixas, como mostra o Quadro abaixo:

transbordamentos (65%), erosão regressiva tubular (12%), deslizamento e instabilidade (12%), e outras causas (11%).

A erosão regressiva, que ocorre no interior do maciço, pode ser controlada com a construção de filtros, para interceptar a linha de saturação da água, rebaixando-a. Isso ocorre devido à maior permeabilidade do material de que é constituído o filtro. A Figura 1 mostra a sequência numérica da ação danosa da percolação em barragem de terra homogênea sem proteção.

Barragens de terra são obras construídas no talvegue de rios e córregos, usadas desde os primórdios da civilização, para armazenar água para: irrigação, abastecimento, regularização de vazão, contenção de rejeitos, geração de eletricidade, recreação e outros fins. São as mais comuns por sua simplicidade e custo (pois existem as barragens de alvenaria e de concreto).

Requerem manutenção contínua para evitar a erosão, o crescimento de árvores, sedimentação, infiltração e danos provocados por abalos sísmicos, chuvas e animais. O seu rompimento pode causar danos elevados, inclusive perdas de vida com as inundações. As principais causas de falhas nas barragens de terra no Brasil são os

20 Agosto | 2023
Engenheiro agrônomo, José Luiz Viana do Couto jviana7@gmail.com Figura 1

Tipos de barragens de terra

Existem basicamente três tipos, como mostra a Figura 2:

(areia, silte e argila) para a construção do maciço, mantas geotêxteis (em todos os dispositivos mostrados nas Figuras de barragens abaixo), brita nos filtros, PEAD (polietileno de alta densidade) nos tubos de drenagem e alvenaria ou concreto no vertedor.

Tipos de filtros e drenos

A Figura abaixo mostra os principais dispositivos usados no maciço da barragem de terra para protegê-lo:

1 - Filtro para abaixar o lençol freático;

2 - Dreno para escoar água infiltrada;

3 - Separação de solos diferentes;

4 - Reforço do talude para resistência;

5 - Proteção talude contra infiltração; e

6 - Controle da erosão do taludes (o de montante contra infiltração e o de jusante contra as chuvas).

Os principais tipos de filtros usados em barragens de terra são mostrados na Figura abaixo: o vertical (ou chaminé), horizontal e de pé (cor azul forte).

1) Homogêneas, com um único tipo de solo, de preferência impermeável;

2) Zoneada, com material permeável, mas com núcleo impermeável; e

3) Com membrana selante (de polietileno flexível), forrando toda a superfície do talude de montante, podendo assim o maciço ser construído de material permeável.

Todo solo apresenta algum grau de permeabilidade, que pode levar à infiltração, cuja taxa depende de vários fatores: textura do solo, tipo de fluido contido na barragem e da geometria da barragem (seção transversal).

Materiais de construção

Nas barragens de terra os materiais utilizados são: solo

21 Agosto | 2023
Figura 2

Estudo da percolação em barragem de terra

A planilha abaixo, apresenta cinco métodos para a estimativa da vazão de percolação em barragens.

22 Agosto | 2023

Engenheiro Agrícola, M.Sc. em Irrigação e Drenagem (UFV) e MBA em Gestão Comercial (FGV).

Gerente Internacional de Negócios Américas, Rain Bird

O que é janela de irrigação em paisagismo e gramados esportivos

Um conceito pouco conhecido em muitos países é a definição de Janela de Irrigação em paisagismo e gramados esportivos.

O conceito básico é simples de ser entendido e compreendido: número de horas necessárias para o sistema de irrigação aplicar a lâmina de irrigação necessária em uma área.

Em agricultura, desde a universidade aprendemos isso de uma maneira muito direta e lógica. Pois realmente é lógica. Também em agricultura aprendemos que o sistema tem que funcionar em um número de horas fora de horários de alta demanda de energia ou em horários de tarifa reduzida. Estas variáveis norteiam a Janela de Irrigação e variam de país para país e de região para região em todo mundo.

Porém, quando tratamos de paisagismo e gramados esportivos temos uma variação maior, pois existem muitas variáveis e parâmetros não fixos como por exemplo toda área pública tem que ser irrigada em X horas por definição do governo do estado Y.

Existem também as limitações de dias de irrigação. Em alguns estados dos Estado Unidos a água pressurizada atende algumas áreas urbanas em dias ímpares e outras áreas em dias pares. Esta é a razão que quase todos controladores eletrônicos possuem uma opção de programação de ciclo específico para dias ímpares e pares “Odd/Even”.

Um campo de golfe público tem como parâmetro que a irrigação ocorra em 6 horas de janela de irrigação. O importante é que em muitos locais os jogadores podem

começar a jogar as 6:00 am. Campos privados este número pode ser dilatado para até 14 horas, pois são poucos os dias e horas de jogo. Agora está crescendo os campos iluminados que em alguns dias pode ter jogadores até as duas da manhã consequentemente temos uma janela de irrigação ainda menor.

Em vários países da Europa e nos Estados Unidos a janela de irrigação para áreas públicas é de 8 horas por dia e tem que ser pela noite. Isso é normatizado e parte de especificação em licitação pública. Alguns estados e até mesmo especificamente algumas cidades possuem estes parâmetros já determinado nos cadernos de especificação de irrigação para tipos de áreas públicas (esportivos, recreação, apoio, etc.). O mesmo se passa para áreas comuns de condomínios, mesmo áreas privadas existem parâmetros e restrições de número de horas para utilização de água para irrigação não importando a fonte.

Centros de treinamento esportivos públicos ou privados e parques possuem uma janela de 8 a 5 horas, dependendo da utilização. Existem parques que estão abertos ao público desde 5:00 am até 12:00 am

O que mais importa é que a irrigação não funcione em horário de utilização da área. Além disso existem locais que usam água de reuso que não é recomendado que seja aspergida na atmosfera e não corra o risco de ser ingerida por seres humanos.

Além disso a irrigação durante a noite possui os mesmos benefícios econômicos e fisiológicos para as plantas como na agricultura. Por exemplo: Em aspersão a perda de água por evaporação a noite é pelo menos 10% menor do que durante o dia.

23 Agosto | 2023

A definição da janela de irrigação é de extrema importância e é a variável que afeta diretamente a vazão de projeto, o diâmetro da tubulação principal, a quantidade de pontos de captação de água ou bombeamentos e potência elétrica instalada. Somado a isso a determinação precisa da lâmina de aplicação é a segunda variável.

Muitos projetos começam sem essa definição e os projetistas trabalham sem valores para janelas de irrigação, por não conhecerem os parâmetros de utilização, ou por não conscientizar o cliente ou mesmo apresentar alternativas para a tomada de decisão.

A janela de irrigação pode ser alterada de duas formas:

- Projeto de paisagismo com mais áreas com maciços de arbustos e árvores.

- Adoção de metodologias e novas tecnologias em irrigação subterrânea.

Os dois tipos de produtos que auxiliam em aumentar a janela de irrigação são:

1 – Sistema de Aeração e Irrigação para Árvores.

Este sistema permite também troca gasosa entre a região radicular e a atmosfera. Em áreas urbanas a compactação do solo é muito comum e as raízes não e aprofundam por causa da baixa disponibilidade de oxigênio e deixam as raízes rasas que geram uma planta sem estabilidade e mesmo rompem os passeios por buscarem água e ar.

O sistema de aeração e irrigação de raízes é composto de tubo perfurado cilíndrico com um emissor autocompensado na parte superior e possui diversos tamanhos de acordo com a profundidade do sistema radicular e porte de planta.

Este sistema junto com sistemas de irrigação de plantas individuais por emissores autocompensados permitem um dilatamento da janela de irrigação, indiretamente.

2 – Tubo Gotejador Subterrâneo

Outro produto que cresce muito sua utilização da irrigação é o tubo gotejador subterrâneo. A especificação de utilização em áreas de alto tráfego de pessoas.

24 Agosto | 2023
Fig. 1. Passeio sendo rompido por raiz da árvore Fig. 2. Árvore tombada após ventania por baixa estabilidade devido a raízes rasas Fig. 3. Corte visual demonstrando a instalação e formação de bulbo do sistema de irrigação profunda para árvores e arbustos.

A utilização deste produto também diminui o custo de manutenção e de troca de equipamentos em áreas públicas. O maior custo de operação e manutenção de um sistema de irrigação em áreas públicas é o vandalismo. É incidente em todo o planeta. E as áreas mais afetadas são onde está mais próxima de trânsito de pessoas. A adoção de gotejamento subterrâneo em áreas de alto tráfego não somente aumenta a possibilidade de uma maior janela de irrigação como também diminui o custo de troca de equipamentos furtados ou danificados por vandalismo em até 60%.

As áreas como pistas de corrida, ciclovias, passeios e próximo a áreas recreativas são instaladas com este

sistema. Além disso é instalado em uma faixa de 3 a 5 metros que se chama faixa de “segurança”, que depois desta área o sistema pode ser o que for mais adequado ao paisagismo.

Conclusão:

A janela de irrigação em paisagismo e gramados esportivas possuem parâmetros estabelecidos e normatizados para algumas aplicações em algumas regiões do mundo.

Para os sistemas de irrigação para áreas esportivas e privadas, existe uma flexibilidade e a definição deve ser feita junto ao usuário e de acordo com a utilização. O projetista deve possuir conhecimento suficiente para apresentar opções e as consequências em termos de orçamento e capacidade do sistema de irrigação.

A Janela de irrigação afeta diretamente o custo final do sistema para uma mesma lâmina de projeto. Diretamente conectado ao custo temos também um aumento inversamente proporcional de vazão instantânea, altura manométrica total e consequentemente a potência elétrica instalada. Ou seja, quanto menor a janela de irrigação maior custo do sistema e maior a potência instalada.

Fig. 4. Áreas de instalação de gotejamento enterrado em áreas públicas para redução de manutenção e vandalismos e consequente aumento da janela de irrigação.

Projetos de paisagismo com mais arbustos e árvores permitem uma dilatação da janela de irrigação bem como a utilização de métodos de irrigação subterrânea que podem funcionar sem risco aos usuários.

Bibliografia de Referência:

- https://www.golfcourseindustry.com/ article/gie-71111-water- window/

- IRRIGATION ASSOCIATION & AMERICAN SOCIETY OF IRRIGATION CONSULTANTS, 2014, Landscape Management Irrigation Best Practices, 2014, Authors: several.

- City of Santa Fe’s Water Conservation Office, Ramson, Daniel, Abril 2010: Landscape Irrigation Standards.

- Landscape Irrigation Scheduling and Water Management. The Irrigation Association, Falls Church,Virginia. http://www.irrigation.org/gov/pdf/IA_ BMP_APRIL_2005.pdf (15 October 2009).00

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