IRRIGAZINE #88

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Uma agenda de eventos para enriquecer o futuro da irrigação

Com muito entusiasmo acompanhamos os eventos relacionados a irrigação. Estes eventos são oportunidades únicas para a troca de conhecimentos, desenvolvimento de competências e fortalecimento de redes de contatos que impulsionam a inovação e sustentabilidade na agricultura irrigada. Siga aqui e atualize sua agenda.

Começamos com a FIIB 2025 - Feira Internacional da Irrigação Brasil, que já tem data fixada para 19 a 21 de agosto do ano que vem. Realizada em Campinas, esta feira internacional será um ponto de encontro para fabricantes, distribuidores, produtores e acadêmicos.

A Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem (ABID) está com uma agenda repleta de atividades para os próximos meses, todas voltadas para o aperfeiçoamento técnico e a capacitação dos profissionais da área:

- Curso de Softwares para Dimensionamento de Sistemas de Irrigação por Aspersão e Localizada, em Botucatu, SP.

- Curso de Formação de Montadores de Irrigação, em Campinas.

- Curso de Dimensionamento de Irrigação Localizada com Efluentes, também em Campinas.

- 33ª Edição do CONIRD - Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem com o tema: “A Era da Inovação na Agricultura Irrigada Sustentável”, em Petrolina, PE. Ainda tem o Irrigashow, organizado pela Associação do Sudoeste Paulista de Irrigantes e Plantio na Palha (ASPIPP), em Campos de Holambra, Paranapanema, SP.

A participação nestes eventos é fundamental para que possamos enfrentar os desafios atuais e futuros da irrigação no Brasil. Convidamos todos os nossos leitores a se envolverem ativamente nessa agenda e a contribuírem para o desenvolvimento de uma agricultura irrigada cada vez mais sustentável e eficiente.

Nosso entrevistado é Bernhard Leisler Kiep, gerente geral da Bermad Brasil e diretor da Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho), tem uma carreira marcada por uma profunda ligação com o agronegócio, em especial na área de irrigação. Em junho de 2024, ele assumiu a presidência da Aliança Internacional do Milho (Maizall). Acompanhe a conversa que ele teve com a jornalista Bruna Fernandes Bonim.

Nesta edição, veja também os artigos técnicos:

- Luiz Dimenstein, “Manejo de pH em agricultura irrigada”.

- José Giacoia Neto retoma o tema de gramados em campos de futebol, dando continuidade ao artigo publicado na edição 84, “Irrigação para gramados de estádios de futebol, grama natural - Parte II”.

- Daniel Pedroso, “Os efeitos da irrigação no cenário canavieiro para a safra 2024/2025”.

Boa leitura!

DIREÇÃO

Denizart Pirotello Vidigal denizart@irrigazine.com.br

JORNALISTA

Bruna Fernandes Bonin MTB 81204/SP

COLABORAÇÃO

Luiz Dimenstein

Daniel B. Pedroso

José Giacoia Neto

EDITORAÇÃO E CAPA

André Feitosa

PRODUÇÃO/ PROJETO GRÁFICO

Interação - Comunicação e Design

FOTOS

Embrapa/Meio Ambiente | Divulgação: Senninger - AbramilhoGAFFFF | Hydra Irrigações

REVISÃO

Denizart Vidigal Barufe

CONTATO

Comercial e Editora AGROS Ltda. comercial@irrigazine.com.br

ASSINATURAS

Débora Pirotello Vidigal WhatsApp: (17) 99612-1224 revista@irrigazine.com.br Acesse irrigazine na internet: www.irrigazine.com.br

A Revista Irrigazine não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados o pelas opiniões emitidas pelos entrevistados, fontes e dos anúncios publicitários.

“Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o SENHOR teu Deus é contigo, por onde quer que andares.” Josué 1:9

Embrapa: Nova técnica de irrigação de cana promete melhorar resiliência climática

Pesquisadores da Embrapa desenvolveram uma metodologia inovadora de parâmetros, coeficientes e estratégias para a irrigação sustentável e eficiente de cana-de-açúcar no Cerrado, chamada Protocolo BRCana

Senninger Irrigation anuncia novo

Diretor de Vendas Internacionais e redefine estratégia global

A Senninger Irrigation anunciou uma importante mudança em sua equipe de vendas internacionais, reafirmando seu compromisso em expandir sua presença global no setor de irrigação agrícola

Os efeitos da irrigação no cenário canavieiro para a safra 2024/2025

Manejo de pH em agricultura irrigada

Irrigação para estádios de futebol, grama natural - Parte II

Governo de Minas aprova lei que permitirá expansão das áreas irrigadas

No dia 26 de julho, o Governo de Minas sancionou a Lei N° 24.931, que institui a Política Estadual da Agricultura Irrigada Sustentável, uma tecnologia crucial para garantir a produtividade em áreas com dificuldades de armazenamento de água e captação de águas subterrâneas.

Com essa lei, a expectativa é que a área de agricultura irrigada no estado, atualmente em torno de 15%, aumente de forma sustentável para aproximadamente 40% a 50%.

A nova legislação permitirá que a infraestrutura de irrigação seja considerada de utilidade pública, o que deve elevar a produtividade nas áreas já cultivadas. Segundo Thales Fernandes, Secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a medida poderá viabilizar até três safras em uma mesma área, colocando o estado em uma posição diferenciada na produção sem necessidade de desmatamento ou limpeza de novas áreas de mata nativa, reduzindo a pressão sobre os recursos hídricos subterrâneos e facilitando a recarga dos aquíferos.

A política pública, reconhecida como uma das mais modernas do país, propõe mecanismos para incentivar a elaboração de planos setoriais que contemplem cada região do estado, além de implantar projetos de agricultura irrigada públicos, privados e mistos. Há também a possibilidade de concessão e delegação da operação desses projetos públicos, com a intenção de modernizar e expandir a infraestrutura de irrigação no estado.

O Conselho Estadual de Política Agrícola (CEPA), vinculado à Secretaria de Agricultura, será responsável pelo planejamento, aprovação e deliberação das ações. Com a participação da sociedade civil e do setor produtivo, o CEPA garantirá um processo decisório participativo e uma melhor distribuição das ações no território. A lei também visa resolver conflitos sobre o uso da água, assegurando a disponibilidade hídrica para todos por meio da reservação e perenização dos cursos d’água.

Estratégias para maximizar a irrigação em cultivos durante o inverno

A situação hídrica no Espírito Santo tem se mostrado particularmente desafiadora. A Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) declarou Estado de Atenção devido à falta de chuvas e à estiagem dos últimos meses, que reduziram as vazões nos principais rios e demais cursos d’água. A Resolução 002/2024, publicada no Diário Oficial do Estado no dia 16 de julho, traz recomendações para o uso racional da água.

Entre as medidas propostas pela Agerh estão a redução do consumo, a reutilização da água sempre que possível e a manutenção de equipamentos e instalações para evitar desperdícios. Aos usuários e empreendedores agrícolas, a recomendação é adotar um manejo adequado da irrigação, visando ao uso racional da água.

No contexto agrícola, a gestão eficiente da água durante o inverno é crucial para enfrentar os desafios climáticos e garantir a saúde das culturas. Durante essa estação, caracterizada por temperaturas mais amenas e noites longas, as plantas tendem a ter uma menor atividade fisiológica, o que reduz significativamente o consumo de água e se faz necessário medidas de controle.

“É essencial ajustar o fornecimento de água às necessidades reais das culturas. Não atender adequadamente essa demanda pode resultar em desperdício de um recurso tão escasso”, explica o engenheiro agrônomo Elídio Torezani. Mas, afinal, diante desse cenário, como é possível otimizar o uso da água no inverno? Confira as dicas do engenheiro agrônomo Elídio Torezani para uma gestão hídrica eficiente.

Sistema de irrigação

A escolha do sistema de irrigação é fundamental para garantir a eficiência no uso da água. Segundo Torezani, o gotejamento é o sistema mais indicado. Esse sistema fornece água diretamente às raízes das plantas, reduzindo as perdas por evaporação. Além disso, sistemas de irrigação eficientes não apenas conservam a água, mas também promovem uma agricultura mais sustentável.

“A irrigação por aspersão, por exemplo, pode resultar em perdas significativas de água, especialmente em dias com vento e baixa umidade. Então, optar por um sistema de alta eficiência é ainda mais importante no inverno, quando os níveis de água estão baixos devido à falta de chuva”, complementa o engenheiro.

Com a situação hídrica crítica no Espírito Santo, os agricultores utilizam estratégias otimizar o uso da água durante a estação mais fria do ano | Foto: Hydra Irrigações

Monitoramento

Para poupar água, também é necessário monitorar as necessidades hídricas das plantas. “Métodos como tensiometria e sensores de umidade do solo são muito eficientes”, afirma Torezani. Ambas tecnologias permitem que os agricultores verifiquem em tempo real as condições de umidade do solo, garantindo uma aplicação precisa onde a água é mais necessária. Adotar essas estratégias é, ao mesmo tempo, evitar desperdícios, já que se ajusta a irrigação conforme a demanda das plantas.

Manejo do solo

Práticas de manejo do solo também são cruciais para a

retenção de água no inverno. “Para otimizar esse recurso, tudo começa na implantação da lavoura com plantios em nível e a manutenção da cobertura nativa controlada como forma de não competir com a cultura principal. Indo além, é importante observar a incidência de ventos de forte intensidade que são bastantes nocivos para as plantas”, enumera Elídio.

Outra orientação importante, conforme explica o agrônomo, é adotar o uso de cobertura morta, porque retém a umidade no solo, reduz a evaporação e diminui o impacto da chuva forte, evitando erosões. “Infelizmente, muitas pessoas, buscando facilidade de mecanização, ignoram conceitos básicos e primários de conservação do solo. Por isso, ao seguir essas dicas, é possível manter o solo vivo e produtivo”, alerta Torezani.

Ministro da agricultura nomeia novo secretário de inovação

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, escolheu Eduardo Bastos para substituir Renata Miranda na Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo (SDI) do Ministério. O nome de Bastos está atualmente em análise na Casa Civil.

Bastos, agrônomo e referência no mercado de carbono no Brasil, é vinculado à Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e atualmente preside a Câmara Temática de Agrocarbono Sustentável do Ministério da Agricultura. Este fórum, criado no final do ano passado, centraliza as discussões sobre sustentabilidade na agropecuária e a

integração do setor no mercado de emissões e sequestro de carbono, abordando temas como taxonomia sustentável, rastreabilidade, certificação e investimentos.

Eduardo Bastos também possui vasta experiência em conselhos e comitês sobre clima e sustentabilidade. Ele foi responsável pela criação do programa ProCarbono da Bayer e liderou a MyCarbon, da Minerva.

A escolha de Bastos é vista como uma excelente decisão para o setor de irrigação.

Embrapa: Nova técnica de irrigação de cana promete melhorar resiliência climática

Pesquisadores da Embrapa desenvolveram uma metodologia inovadora de parâmetros, coeficientes e estratégias para a irrigação sustentável e eficiente de cana-de-açúcar no Cerrado, chamada Protocolo BRCana.

Essa abordagem tem como objetivo aumentar a produção, reduzir custos e mitigar os efeitos do déficit hídrico intensificado pelas mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que diminui a necessidade de terra e água, resultando em uma menor pegada hídrica em comparação com métodos tradicionais de sequeiro.

O BRCana recomenda um método combinado de manejo da irrigação de cana-de-açúcar, utilizando dados climáticos como base e incorporando informações sobre a umidade do solo e sensoriamento da planta. Esse protocolo também oferece parâmetros personalizados que melhoram a eficiência no uso da água e a rentabilidade da produção de cana no Cerrado, especialmente durante as fases de crescimento e maturação.

De acordo com Vinicius Bufon, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, o BRCana representa um avanço técnico significativo, proporcionando um sistema de produção irrigado no Cerrado que maximiza a produtividade e a eficiência no uso da terra e da água. “O BRCana rompe barreiras de produtividade e longevidade, além de melhorar a eficiência no uso dos recursos naturais”, explica Bufon.

Nas últimas décadas, a produção de cana-de-açúcar passou por grandes transformações, mas um pacote tecnológico completo para a produção irrigada ainda não havia sido desenvolvido. Bufon ressalta que a tecnologia BRCana estabelece níveis de uso de água que promovem uma maior eficiência e sustentabilidade, juntamente com instruções detalhadas para o manejo da irrigação. Além disso, o BRCana reduz a vulnerabilidade às secas mais frequentes e intensas causadas pelas mudanças climáticas globais. Embora tenha sido desenvolvido no Cerrado, o protocolo também pode ser aplicado em outros biomas e países produtores de canade-açúcar.

Pacote tecnológico define níveis de uso de água para cana-de-açúcar e oferece orientações detalhadas de manejo. Foto: Embrapa/Meio Ambiente

Impactos da produção irrigada

A crise climática, com secas mais frequentes e intensas, aumenta os riscos para a segurança alimentar. Políticas nacionais e internacionais identificam a produção irrigada como uma ferramenta essencial para mitigar as mudanças climáticas e garantir a segurança alimentar.

Bufon demonstrou como a produção irrigada pode mitigar as mudanças climáticas e aumentar a eficiência ambiental da produção sucroenergética, utilizando a irrigação como estratégia de adaptação. Ele enfatiza que não é necessário irrigar a maior parte das áreas, nem adotar irrigação plena. A irrigação de salvamento, que atende de 3% a 4% da demanda hídrica da cultura, e a irrigação deficitária, que atende de 15% a 35%, são estratégias viáveis.

Benefícios econômicos e ambientais

Bufon apresentou dois cenários de adaptação climática em uma usina na região de Ribeirão Preto, SP. No primeiro cenário, 32% da área da usina seriam irrigados, com 5% de irrigação deficitária e 27% de irrigação de salvamento. No segundo cenário, 45% da área seria irrigada, com 8%

de irrigação deficitária e 37% de irrigação de salvamento.

No primeiro cenário, a eficiência no uso da terra aumentaria em 10%, resultando em uma economia de R$ 26 milhões por ano. No segundo cenário, a eficiência aumentaria em 20%, com uma economia de R$ 42 milhões. A produtividade média da usina aumentaria 3,9% no primeiro cenário e 4,2% no segundo, enquanto a longevidade do canavial aumentaria 15% e 21%, respectivamente.

Comparações e Conclusões

Bufon destacou que, se a usina optasse por expandir novas áreas em vez de investir na irrigação, seriam necessários 6.900 hectares adicionais no primeiro cenário e 9.900 hectares no segundo, com custos de formação de canavial de R$ 110 milhões e R$ 158 milhões, respectivamente. Essa expansão horizontal resultaria em perdas de eficiência e aumento da demanda por insumos e combustível.

Para que a técnica agropecuária seja sustentável e eficiente, Bufon salienta a importância de adotar corretamente os parâmetros e estratégias, além de um arcabouço regulatório e de gestão para o uso racional dos recursos hídricos.

Senninger Irrigation anuncia novo Diretor de Vendas Internacionais e redefine estratégia global

A Senninger Irrigation anunciou uma importante mudança em sua equipe de vendas internacionais, reafirmando seu compromisso em expandir sua presença global no setor de irrigação agrícola. A empresa, reconhecida pela inovação e eficiência no manejo de água, nomeou Marcus Schmidt como o novo Diretor de Vendas Internacionais, em um movimento estratégico que promete fortalecer ainda mais a sua posição no mercado mundial.

Marcus Schmidt assume liderança internacional

Marcus Schmidt, engenheiro agrícola com mestrado em Engenharia de Irrigação e Drenagem, integra a equipe da Senninger desde 2016. Durante sua trajetória, Marcus liderou com sucesso as operações da empresa no Brasil, onde foi fundamental para consolidar a presença da Senninger no mercado de sistemas de irrigação de pivô central e aspersão convencional. Sua atuação também foi crucial para a introdução de produtos da Hunter Industries na área de paisagismo.

Sob sua liderança, a Senninger Brasil não apenas aprimorou a qualidade e a eficiência dos sistemas de irrigação, como também fortaleceu iniciativas educacionais, capacitando distribuidores e fabricantes em práticas de irrigação que economizam água e energia. Agora, como Diretor de Vendas Internacionais, Marcus terá a missão de replicar seu sucesso em escala global,

liderando uma equipe dedicada a compartilhar conhecimento e a formar profissionais comprometidos com a excelência na gestão da aplicação de água na agricultura.

Marcus expressou entusiasmo ao assumir o novo desafio e destacou seu objetivo de posicionar a Senninger como líder global em sistemas de irrigação eficientes, promovendo práticas sustentáveis que beneficiem tanto os clientes quanto o meio ambiente.

Pablo Herrera: um legado de excelência

A transição também marca um momento de homenagem a Pablo Herrera, uma figura central na história das vendas internacionais da Senninger. Com mais de 40 anos de experiência, Pablo foi responsável por transformar o departamento de vendas internacionais, ampliando o alcance da empresa de 2 para mais de 80 países. Seu trabalho pioneiro em irrigação de sub copa e soluções personalizadas para culturas tropicais deixou um legado indelével na empresa.

Agora, Pablo assumirá a função de Consultor de Vendas Internacionais, continuando a oferecer seu conhecimento e experiência para apoiar as novas iniciativas e estratégias da Senninger.

Uma visão de futuro

Sob a liderança de Marcus Schmidt e com o apoio contínuo de Pablo Herrera, a Senninger Irrigation está preparada para enfrentar os desafios futuros e continuar sua trajetória de crescimento e inovação. O presidente da empresa, Steve Abernethy, expressou sua gratidão pela dedicação de Pablo e seu entusiasmo pela nova liderança de Marcus, que promete guiar a Senninger rumo à sua missão de fornecer soluções de irrigação eficientes e sustentáveis para agricultores em todo o mundo.

A Senninger permanece comprometida com a inovação e a excelência, garantindo que cada gota de água seja utilizada de forma eficaz, beneficiando os agricultores e profissionais que confiam em suas soluções. Com uma equipe que valoriza a honestidade, confiança, lealdade, respeito e trabalho em equipe, a empresa continua a se destacar no mercado global de irrigação agrícola.

Bernhard Kiep: inovação e irrigação no agro à frente da Abramilho

Bernhard Leisler Kiep, diretor da Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho), tem uma carreira marcada por uma profunda ligação com o agronegócio, em especial na área de irrigação. Em junho de 2024, ele assumiu a presidência da Aliança Internacional do Milho (Maizall) durante o Global Agribusiness Festival (GAFFFF) em São Paulo, onde também palestrou sobre geopolítica, segurança alimentar e comércio.

Com mais de 25 anos de experiência em agropecuária irrigada, Bernhard é um nome respeitado no setor, tanto no Brasil quanto internacionalmente.

Sua trajetória é marcada por um compromisso com a inovação e o desenvolvimento sustentável, refletido em suas atividades como gerente geral da Bermad Brasil. Investidor em diversas startups agro, Bernhard é reconhecido por sua atuação em transformação digital no setor.

Neste bate-papo com a Revista Irrigazine, ele compartilha suas visões sobre o futuro da irrigação no Brasil, os desafios e as oportunidades para o milho irrigado e os objetivos da sua presidência na Maizall e da Abramilho.

Confira

Irrigazine: Como enxerga a importância da colaboração entre Brasil, Estados Unidos e Argentina na Aliança Internacional do Milho (Maizall) para o desenvolvimento do setor agropecuário?

Bernhard Kiep: A aliança entre os três principais produtores de milho – Brasil, Estados Unidos e Argentina – é extremamente importante. Quando esses países se unem, conseguimos defender melhor nossa posição perante grandes organizações como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e individualmente com países importadores. Representamos mais de 70% do milho exportado no mundo, o que nos torna uma verdadeira potência global. Trabalhar juntos nos permite discutir e promover a biotecnologia e a qualidade do nosso produto de forma mais eficaz.

Irrigazine: Quais são os principais objetivos da sua presidência na Maizall e quais ações pretende implementar para atingi-los?

Bernhard Kiep: O principal objetivo da Maizall é ser um forte defensor da tecnologia, especialmente da biotecnologia, e do livre mercado. Acreditamos que, a longo prazo, a competitividade dos agricultores no mundo só será alcançada com mercados abertos, sem subsídios e proteções que acabam prejudicando a competitividade dos produtores. Vamos trabalhar para garantir que essas questões sejam discutidas e defendidas em todos os fóruns internacionais relevantes.

Irrigazine: Durante o GAFFFF, destacou a importância da união para a segurança alimentar global. Pode nos explicar como a Maizall pretende colaborar para garantir a segurança alimentar mundial?

Bernhard Kiep: A Maizall é uma aliança pró-tecnologia e pró-biotecnologia porque reconhecemos que a tecnologia é uma das principais ferramentas para produzir mais com menos. Nosso trabalho é alertar países e instituições que ser contra a tecnologia pode trazer sérias dificuldades para alimentar a população mundial. Com as mudanças

climáticas e outros desafios, é essencial que continuemos a defender o uso de tecnologias que ajudem a aumentar a produtividade e a sustentabilidade no campo.

Irrigazine: Quais são as estratégias específicas para promover a qualidade do milho brasileiro globalmente?

Bernhard Kiep: O agronegócio brasileiro precisa focar no aumento da produtividade sem a expansão de novas áreas plantadas. Podemos fazer isso através de inovações tecnológicas que melhorem nossas entregas e aumentem a confiabilidade dos nossos produtos no mercado internacional. É crucial que nos unamos, tanto produtores quanto representantes do governo, para fortalecer nossa imagem e garantir a qualidade dos nossos produtos exportados.

Irrigazine: Quais são os principais desafios de comunicação que o setor enfrenta e como eles podem ser superados?

Bernhard Kiep: A comunicação é um dos maiores desafios do agronegócio. Precisamos mostrar à sociedade civil, tanto no Brasil quanto no exterior, que nossa agricultura é não só sustentável, mas também uma das mais avançadas em termos de preservação ambiental. Os agricultores são os maiores defensores do meio ambiente, cuidando de suas propriedades e preservando florestas e recursos hídricos. Precisamos de uma comunicação clara e eficiente para que essa realidade seja reconhecida.

Irrigazine: Como a Maizall pretende incentivar o uso de tecnologias de irrigação eficientes entre os produtores de milho nos países membros?

Bernhard afirma que a Maizall e a Abramilho lutam pela irrigação | Foto: Divulgação Abramilho

Bernhard Kiep: A Abramilho e a Maizall reconhecem que as áreas irrigadas serão cada vez mais importantes para garantir a produção de milho em um cenário de mudanças climáticas. A irrigação, quando bem utilizada, não só aumenta a produtividade como também traz sustentabilidade ao meio ambiente. Há uma consciência crescente entre os agricultores sobre a importância de conservar suas áreas para garantir a produção de água e a sustentabilidade a longo prazo.

Irrigazine: A posse na Abramilho representa um marco significativo em sua trajetória. Quais são suas expectativas e principais metas à frente dessa instituição de referência no setor agro?

Bernhard pontua que o objetivo principal é garantir que todos tenham acesso a alimentos nutritivos e de qualidade. Este é o propósito que está no coração do nosso setor | Foto: Divulgação/GAFFFF

Bernhard Kiep: A Abramilho é uma associação relativamente jovem, mas já desempenha um papel crucial na defesa dos interesses dos produtores de milho e sorgo. Alysson Paolinelli, uma figura inspiradora e referência no setor, deixou um legado que nos impulsiona a seguir fortalecendo a Abramilho como uma voz importante para a cadeia do milho no Brasil. Minha expectativa é continuar esse trabalho, buscando mais apoio dos agricultores e fortalecendo nossa posição tanto no Brasil quanto no exterior.

Irrigazine: Como a Maizall e a Abramilho estão se posicionando em relação à necessidade de políticas públicas que incentivem a adoção da irrigação no Brasil?

Bernhard Kiep: Estamos trabalhando ativamente para que os governos, tanto em nível federal quanto estadual, reconheçam a importância da irrigação para a sustentabilidade e a produtividade agrícola. A irrigação é uma solução viável para enfrentar as mudanças climáticas e garantir a segurança alimentar, mas precisa ser incentivada através de políticas públicas que facilitem o acesso a tecnologias e recursos hídricos. Precisamos de um marco regulatório que promova o uso racional da água, ao mesmo tempo em que incentiva os agricultores a adotarem práticas mais sustentáveis.

Irrigazine: A história da sua família na irrigação é muito rica, desde a fundação da primeira empresa de pivô no Brasil por seu pai até a atuação de seu filho no setor também. Como essa tradição influenciou sua visão sobre a importância da irrigação na agricultura?

Bernhard Kiep: A história da nossa família na irrigação é algo que me enche de orgulho. Meu pai acreditava na irrigação desde 1951, quando começou a importar os primeiros sistemas para o Brasil, e em 1954 iniciou a fabricação local. Ver meu filho continuar essa tradição é algo muito especial. A irrigação é uma paixão que passa de geração em geração em nossa família, e é gratificante ver como ela se tornou essencial para a agricultura moderna. Aqui no Brasil, temos um potencial enorme para expandir a irrigação de forma sustentável, e é isso que continuamos a buscar.

Os efeitos da irrigação no cenário canavieiro para a safra 2024/2025

O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, com cerca de 607 milhões de toneladas colhidas na safra 2023/2024, segundo levantamento de 2024 da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). No entanto, apesar da grande produção, o país possui uma baixa produtividade agrícola, com cerca de 73,61 ton/ha (CONAB 2024), abaixo inclusive de países com menor tradição canavieira como, por exemplo, a Colômbia, cuja produtividade média é de 93 ton/ha e produz apenas 23 milhões de toneladas.

Por localização, o Brasil é um país tropical e é caracterizado por chuvas e altas temperaturas. No entanto, normalmente nunca foi assim. Nos estados produtores de cana-de-açúcar, a estação climática é dividida em estações chuvosas e em períodos de estiagem que prevalecem por pelo menos cinco meses, como demonstrado na ilustração abaixo. Esse período de estiagem é necessário para a realização da colheita. No entanto, diminui nossa produtividade, principalmente no meio e final de safra, pois a cana-deaçúcar é produzida em no mínimo 12 meses e não apenas 5-6 meses. (Figura 01).

Citado por vários especialistas do setor, de todos os fatores de produção que contribuem com a produtividade da canade-açúcar, 50% é o clima, e como menos de 20% da área de cana-de-açúcar é irrigada com água, grande parte do sucesso da produção nacional fica à mercê das oscilações climáticas. O fator água fica tão evidente no ambiente produtivo da cultura que, na ilustração abaixo, pode-se observar a diferença da produtividade de cana-de-açúcar entre o seu potencial produtivo, sem déficit hídrico, e a média histórica da região, onde há a presença do déficit hídrico.

Figura 02. Diferença de produtividade “Yield gap” entre o potencial produtivo da cana-de-açúcar com a média produzida

Já superamos a metade do período de moagem para a região Centro-Sul e, em algumas regiões canavieiras, já há mais de 90 dias sem uma chuva de grandes proporções, e isso já é percebido visualmente em vários canaviais. Com certeza, diminuindo a produtividade média, como comumente ocorre (Figura 03), e provavelmente gerando muita “dor de cabeça” ao setor agrícola para abastecer as usinas e uma insegurança à indústria pela possibilidade de ficar com a moagem ociosa.

Figura 01. Precipitação mensal no Brasil ao decorrer dos meses
Fonte: Monteiro & Sentelhas, 2014

Fonte: Relatório Única 2024

Figura 03. Produtividade média de cana de açúcar no Brasil ao decorrer dos meses

Entretanto, usinas e produtores de cana-de-açúcar que investiram em irrigação, principalmente a irrigação por gotejamento, estão sentindo menos os efeitos da estiagem e demonstrando que é possível verticalizar a sua produtividade, mitigando os riscos dos efeitos climáticos.

Nas fotos abaixo, observamos, em várias regiões do país, empresas e empresários agrícolas que investiram na irrigação por gotejamento e já colhem resultados. Em alguns casos, com mais de 100% de aumento de produtividade.

No triângulo mineiro, canavial de sequeiro a esquerda e canavial irrigador por gotejamento a direita, foto tirada em junho de 2024

Foto 02. No Oeste paulista, canavial de sequeiro a esquerda e canavial irrigado por gotejamento a direita, foto tirada em junho de 2024

No estado do Mato Grosso, cana de sequeiro ao lado esquerdo e cana irrigado por gotejamento ao lado direito, foto tirada em abril de 2024

No estado do Mato Grosso, cana de sequeiro ao lado esquerdo e cana irrigado por gotejamento ao lado direito, foto tirada em abril de 2024

Nas safras atuais, onde temos que ser cada vez mais competitivos em relação à produtividade e com isso vários outros atributos que estão ligados a ela, não existe mais espaço para erros. Se a tecnologia da irrigação existe, por que não adotá-la? Até quando seremos reféns da insegurança que o clima nos proporciona?

Sobre a Netafim

Fundada em um pequeno kibbutz em Israel há quase 60 anos, a Netafim é pioneira e líder mundial em soluções para irrigação. Com atuação em mais de 110 países, chegou ao Brasil na década de 1990, com um portfólio completo de produtos e soluções inovadoras de irrigação por gotejamento, que visam contribuir com o eficiente uso da água, aumentando a produtividade na agricultura e trazendo mais tranquilidade ao produtor rural.

Manejo de pH em agricultura irrigada

Primeiro vamos comentar sobre o Alumínio no solo. O ponto de neutralização do Alumínio é com pH > 5,7. A medida que o pH na solução do solo esteja < 5,7 a concentração de Alumínio livre na sua forma iônica de Al+++ fica presente e muito reativa causando reações de precipitação formando compostos insolúveis com os ânions que estejam na solução do solo e entre eles o que mais será prejudicado será o Fosfato que nessa faixa de pH está na sua forma dominante de H2PO4- que é conhecido como Ortofosfato e assim para cada mol de Alumínio são neutralizados 3 moles de Ortofosfatos e ficam insolúveis indisponíveis para absorção pelas raízes das plantas. Além dos Fosfatos, certamente outros ânions como Nitratos e Sulfatos também são reativos com Alumínio. Quando o pH na solução do solo é, todavia mais ácido com pH entre 4 e 5, além do Alumínio, teremos o Fosfato endo precipitado com outros cátions como Ferro e Manganês que nesses níveis de pH muito ácido deixam de ser micronutrientes úteis e se tornam abundantes até toxidez e contribuem para reagir com Fosfatos, tornando esses compostos insolúveis.

Quando se fala de solo que tenha tendências ácidas, precisamos entender o teor de argilas e tipos de argilas que influem diretamente na CTC (Capacidade de Troca de Cátions) e nesse caso, fontes de Cálcio e de Magnésio, têm com maior eficiência através de calagem e em menor eficiência através da gessagem, a capacidade de substituir outros cátions que estejam adsorvidos nas argilas do solo e nessa troca de cátions pode haver lixiviações e disponibilização de vários íons, mas em paralelo há aumentos dos níveis de pH. Isso dependerá das doses das calagens e da umidade do solo que para sequeiro dependerá das chuvas eventuais. Pela baixa solubilidade do calcário e do gesso, os efeitos podem demorar vários meses para correções de pH.

As calagens e gessagens terão baixo efeito em solos mais arenosos porque esses têm baixa CTC e assim as trocas catiônicas serão restritas ao teor de argila e da presença de coloides da matéria orgânica.

Manejo de pH em agricultura irrigada O cenário muda completamente em agricultura irrigada e mais ainda em irrigação localizada onde o pH no chamado bulbo molhado ou faixa úmida de solo pode ser facilmente manipulável através da escolha dos fertilizantes solúveis a usar via fertirrigação que podem ter diferentes tendências de pH, tanto para acidificar ou alcalinizar o bulbo molhado.

Além de considerar o pH inicial da água de irrigação que pode ter algum nível de “Dureza” que significa presença de Carbonatos e Bicarbonatos de Cálcio, Magnésio e de Sódio.

Na agricultura irrigada, as tradicionais análises de solo, não têm aplicabilidade para interpretação correta do nível de pH porque se tornam obsoletas e desatualizadas a cada turno de rega com ou sem fertirrigações aplicadas. Atualização do pH na solução do solo é a chave da escolha das fontes de fertilizantes solúveis para as fertirrigações seguintes e para isso se faz necessário coletar ao menos 2x por semana a solução do solo com os tubos Extratores de Solução do Solo (ESS) e medição de preferência com kits rápidos para identificar o pH que é uma medição dinâmica. Atualmente adota-se kit de pH de fita colorimétrica que é um teste estável e demora apenas 7 segundos para funcionar e dispensa a calibração que é um grande problema no manuseio dos pHmetros digitais. Veja ilustração abaixo.

Exemplo de escolhas de fertilizantes para fertirrigação com tendência ácida, caso o resultado do teste de pH apresente níveis com tendências alcalinas, as fontes de N a escolher devem ser amoniacais como Sulfato de Amônio que é mais agressivo para reduzir pH ou amídica como a Ureia que é um acidificante mais suave e cujo balanço de sua transformação no solo passa por amonificação e posterior nitrificação por ação de bactérias nitrificadoras e o balanço desse processo é de acidificação moderada. Por outro lado, aplicações dos Nitratos diretamente nessa forma têm tendências alcalinizantes.

O conjunto solo-água forma um certo nível de poder tampão que terá resistências a mudanças no pH em função das doses dos fertilizantes a aplicar via fertirrigações e cada caso terá doses a ajustar em um manejo dinâmico. Os fatores que aumentam o tampão são as argilas e tipos de argilas que influem na CTC, o teor de matéria orgânica que junto com as argilas formam os coloides que interagem

com os íons no solo e na solução do solo, o nível de Dureza da água de irrigação, a salinidade geral que é medida pela condutividade elétrica (CE) e os tipos de sais que compõem essa salinidade em que os diferentes íons reagem de modo diferente em função do próprio pH. As fontes de P solúveis adotadas em agricultura são em sua maioria ácidas como por exemplo Ácido Fosfórico, PeKacid, ValuCid, Ureia Fosfato, MAP Purificado e MKP. Há fontes de P solúveis e alcalinas que são pouco usadas na agricultura e são largamente usadas como conservantes e aditivos na indústria alimentícia e que são entre 3x e 5x mais caras do que os conhecidos fertilizantes fosfatados solúveis de tendências ácidas.

Recentemente foi desenvolvida uma nova formulação de pH neutro 7, para um fertilizante solúvel rico em PK (0045-45) em que metade do Fósforo é originado do MKP que tem ação tamponante para o pH e a outra metade é um Polyfosfato que após infiltrar no solo não será adsorvido pelas argilas e coloides, e após poucos dias será hidrolisado e disponibilizado para as raízes como Ortofosfato e esse é um grande avanço agronômico para eficiência de absorção do P em aplicações com pH neutro.

Esse novo fertilizante pode ser aplicado individualmente em doses suaves de cerca de 50g/m3 ao menos 3x por semana via fertirrigação. Assim que se por exemplo a lâmina de rega for de 6 mm = 60 m3 por hectare os 50g/m3 serão 50g x 60m3 = 3kg por aplicação e repetindo 3x por semana serão 9kg semanais e a conta mensal fica 9kg x 4 semanas = 36kg. Assim, dependendo do tempo de cultivo teremos uma fonte de P disponível ao longo de todo o ciclo de cultivo com esse nível de doses via fertirrigações. Isso dispensa o uso de adubação de fundação para qualquer cultivo irrigado evitando custos de uso de fertilizantes de baixa eficiência e toda a logística operacional.

Essa fonte de PK de pH neutro e com poder tampão poderá ser usado também na elaboração de formulações de NPK solúveis em que por sua mais elevada eficiência para P,

poderá ter entre 10% e 20% do blend com esse fertilizante e na mistura entrariam entre 80% e 90% de outras matérias primas solúveis com N, K e outros nutrientes que desejarem adicionar. A eficiência na disponibilidade de absorção dos fosfatos passa a ser uma questão de altas frequências de aplicações via fertirrigações em baixas concentrações desses fertilizantes solúveis, minimizando as perdas por imobilização e assim passam a ter um poder tampão menor devido as baixas doses, porém a custos muito mais baratos e fácil de alterações de doses quando monitoradas. Veja ilustração do kit rápido de fita colorimétrica para medir fosfatos na solução do solo

Entre as fontes de Potássio solúveis podemos afirmar que KCl tem pH próximo a 6,5 que é quase neutro e pouco influi no pH da solução do solo; Nitrato de Potássio é alcalinizante por causa do N na forma nítrica; a curiosidade é em relação ao Sulfato de Potássio conhecido como SOP, pode ter pH de diferentes níveis entre pH 3 até pH 9 e isso de acordo com os fabricantes que no processo de fabricação podem usar Ácido Sulfúrico em diferentes níveis e assim quando se exagera nesse ácido na fabricação o produto final SOP ficará ácido e vice-versa ao usar menos ácido.

Faixa mais larga indica maior solubilidade

Assim temos no mercado para SOP diferentes níveis de pH, porém com fraca ação sobre o pH final da solução do solo sem poder tampão. Outras fontes com K e que também têm P já foram citadas acima como MKP e PeKacid, ValuCid e Ureia Fosfato que são acidificantes fortes e tamponantes. Em menor escala para uso agrícola e que são alcalinizantes são Hidróxido de Potássio e Carbonato de Potássio. Solubilidade dos nutrientes em função do pH na solução do solo.

Quelatos e pH – a limitação de Ferro EDTA em meio alcalino. EDTA para outros cátions são estáveis em meio alcalino

O quelato mais popular EDTA tem faixa de estabilidade de pH bem ampla para todos os cátions com uma exceção para o elemento Ferro que acima de pH 7 se decompõe e por isso é comum outros quelantes que são mais estáveis em pH alcalino como EDDHA e HBED serem usados onde as águas de irrigação são alcalinas. Vale ressaltar que o mesmo EDTA para os outros cátions diferentes de Ferro, como Manganês, Cobre, Zinco Cálcio

* except at high Ca levels Fonte Nouryon

e Magnésio são estáveis em larga faixa de pH. Veja abaixo gráficos comparativos desses diferentes cátions para o quelante EDTA e gráfico apenas para Ferro com diferentes quelantes em que o Fe-EDTA é o mais sensível e se decompõe em pH alcalino como exceção.

Em resumo, o manejo nutricional para agricultura de sequeiro jamais deverá ser considerado em agricultura irrigada que tem versatilidades e agrotécnicas diferentes e muito mais eficientes. Dentro desse manejo, a chave da disponibilidade é poder manipular o pH na solução do solo. Medições dinâmicas e frequentes identificam as tendências que as diversas aplicações via fertirrigações possam influir no pH na solução do solo.

Por outro lado, a medição do pH no extrato saturado do solo é uma informação estática, comum na agricultura de sequeiro e torna-se obsoleta devido a velocidade de novas aplicações das fertirrigações que fazem do ambiente na faixa de solo umedecido pelas irrigações um turbilhão dinâmico com alterações que o monitoramento da solução do solo facilmente identifica e a melhor interpretação agronômica é utilizar o DELTA (∆) entre duas amostras em sequências de medições. Exemplo: se o pH na solução do solo na semana anterior mediu 6,5 e na semana seguinte pH 6,0 teremos um ∆ = -0,5 com tendência de acidificar.

A decisão de manejo na escolha de quais fertilizantes usar para que a na solução do solo se mantenha o resultado do teste de pH dentro da faixa desejada ou imediatamente alterar os fertilizantes nas fertirrigações seguintes para correção desse pH e isso é dinâmico e fundamental. É a “antireceita de bolo” quando os ajustes são decisões agronômicas baseadas no ∆ identificado e assim evitam-se erros primários tão comuns nesse manejo que passa a ser fácil e prático, além de otimizar a nutrição em cultivos irrigados.

“Agronomia é uma intervenção direcionada e consciente na natureza visando otimização da produção agrícola dentro da melhor relação custo/benefício.” Luiz Dimenstein

Irrigação para estádios de futebol, grama natural - Parte II

Gerente Internacional de Negócios Américas, Rain Bird

1 - INTRODUÇÃO

Atendendo a demanda da continuação de nosso artigo sobre a irrigação de gramados naturais em estádios de futebol damos sequência ao nosso artigo.

Iremos detalhar a eleição e a especificação de produtos e acessórios para o sistema de irrigação de cada tipo de estádio.

2 – ASPERSORES ROTORES

Os aspersores mais adequados para campos de futebol são os aspersores rotores escamoteáveis.

Estes produtos são utilizados em campos esportivos desde 1990. No Brasil sua utilização iniciou em 1995 e, hoje, a maioria de nossos campos profissionais já possui irrigação profissional.

Os Aspersores Rotores possuem um mecanismo de rotação através de turbina de engrenagens. Ele possui ajuste de ângulo de acordo com a necessidade de cobertura. A regulagem pode ser ajustada em ângulos de 30 a 360o.

A faixa de pressão de funcionamento varia de 35 a 60 mca. Sendo que para campos oficiais a pressão remendada mínima é de 40 mca (mca = metros de coluna d’água).

Estes Rotores possuem de série válvula anti-dreno para impedir vazamentos e esvaziamento da tubulação após a operação do sistema. Alguns fabricantes possuem o sistema de “memória de arco”, que impede que o aspersor perca seu ângulo de ajuste quando intencionalmente ou não, seja manipulado por terceiros. Em outras palavras, trata-se de uma proteção contra vandalismo ou tentativa de mudar do ângulo de atuação original.

Um opcional na especificação de rotores para campos de futebol é a camisa de aço. Trata-se de um revestimento em aço do em volta do “pop-up” (parte interna do aspersor que se eleva).

A principal utilidade deste opcional é a proteção extra contra desgaste do “pop-up” devido à abrasão de areia entre o corpo do aspersor e o êmbolo de subida (“pop up”), a utilidade secundária também é para proteção contra vandalismo e impactos não intencionais no equipamento.

A camisa de aço não afeta em nada no desempenho do aspersor em termos de alcance, vazão ou pressão de trabalho, porém aumenta a vida útil do emissor em gramados esportivos e é o mais recomendado para estádios.

Fig. 1 – Foto de um rotor mostrando versão tradicional e versão com camisa de aço

Os rotores para estádios são chamados de rotores de longo alcance; seu raio de alcance varia entre 15 a 33 metros. Geralmente possuem entrada rosca fêmea de 1” e em alguns modelos rosca de 1-1/2”.

ACCESÓRIOS:

Existe um acessório de instalação que sua utilização gera muita discussão sobre a utilização ou não. Ele se chama Sod Cup. Que é como um vaso flexível que se planta grama e fica instalado em cima do Aspersor.

A FIFA e a UEFA (Federação Européia de Futebol), não fazem exigência em relação ao uso destes equipamentos para aspersores de diâmetro de “pop up” (pistão emergente do aspersor), menor que 5 cm.

Finalmente depois de vários anos de observação e pesquisa temos alguns resultados e conclusões.

- Se o aspersor tem menos de 5 cm de diâmetro de popup ele não necessita de sod-cup, porém recomendase que tenha uma altura de elevação de 12.5 cm ou 5 polegadas para atender a altura necessária e não interferir na distribuição de água do bocal.

- Se o aspersor possui a parte superior plana e tem mais de 5 cm de diâmetro do pop-up ele tem que necessariamente ser instalado com o sod-cup nos aspersores que estão no meio do gramado.

3. Imagem de acessório sod-cup

Fig. 4

Aspersor de parte superior plana com sod-cup instalado

Fig. 2 - Rotor de Longo alcance em ação
Fig.

2.1. INSTALAÇÃO DOS ASPERSORES ROTORES

A instalação da tubulação deve ser feita a pelo menos 35 cm de profundidade. Este item é de suma importância, pois a instalação rasa leva a danos constantes no sistema em face de tratos culturais como aeração mecânica que perfura todo o campo a uma profundidade média de 30 cm.

Os Aspersores devem ser instalados em média a 1,5 – 2, 0 cm de profundidade em relação à superfície do solo. A instalação desta forma visa não só proteger o sistema também como o jogador.

Os aspersores de longo alcance devem ser conectados à rede hidráulica através de um sistema flexível de PVC. Este sistema é chamado de “Swing Joint” que se trata de uma junta articulada dimensionada para este fim. Infelizmente, vemos no nosso mercado a utilização das soluções caseiras que apenas levam a desgaste com o cliente e o questionamento da eficiência do sistema devido à famosa “economia porca”.

Mas em estádios já se leva em consideração a especificação correta.

- Ilustração mostrando o rotor instalado no meio do gramado na profundidade correta e imagem do flexível “swing joint”

7. Aspersor instalado antes da cobertura de solo

com nível final topográfico da superfície

Em nossa próxima edição continuaremos a apresentar os produtos utilizados em irrigação de gramados naturais de estádios de futebol.

A profundidade de instalação pode ser calibrada por topografia considerando o nível final de superfície como está na imagem a seguir.

Fig.6
Fig. 5. Detalhe de Instalação correta de um aspersor rotor com swing joint
Fig.

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