Celebrando o Dia Nacional da Agricultura Irrigada e seu impacto no desenvolvimento sustentável
Em 15 de junho, o Brasil celebra o Dia Nacional da Agricultura Irrigada, uma conquista para nosso setor e muito devemos ao pesquisador da Embrapa Cerrados, Lineu Neiva Rodrigues, o mentor e principal articulador desta comemoração. Por este motivo reproduzimos aqui um recente artigo de sua autoria, “A agricultura irrigada no contexto dos objetivos de desenvolvimento sustentável.
A agricultura irrigada é vital para aumentar a produtividade agrícola, permitindo que os agricultores cultivem mais de uma safra por ano e reduzindo a vulnerabilidade às variações climáticas. Em um país com dimensões continentais e diversidade climática como o Brasil, a irrigação é uma ferramenta essencial para garantir a regularidade na produção de alimentos, contribuindo significativamente para a segurança alimentar nacional e global.
Segundo o artigo, a irrigação contribui diretamente para vários Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. Por exemplo, ao permitir uma produção agrícola mais eficiente e sustentável, a irrigação apoia o ODS 2, que visa acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e promover a agricultura sustentável. Além disso, práticas de irrigação bem planejadas e executadas ajudam na conservação da água e na melhoria da qualidade do solo, alinhando-se ao ODS 6, que trata da disponibilidade e gestão sustentável da água. Leia mais sobre a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU nesta edição.
Veja também os artigos;
- Luiz Dimenstein, Rachadura de frutos em citros, como controlar distúrbios fisiológicos através da fertirrigação.
- Ruy Padula, Integração Lavoura Pecuária (ILP) com irrigação o resultado é muito melhor.
- José Giacoia Neto traz a terceira e última parte de seu artigo sobre “Operação e gerenciamento remoto de sistemas de irrigação”, discorrendo sobre os principais periféricos e acessórios para automação de sistemas de irrigação.
Boa leitura!
DENIZART VIDIGAL
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JORNALISTA
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04 Junho | 2024 Editorial
Menor
crescimento da área irrigada no Brasil em 2023 reflete desafios do setor de irrigação
A Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação (CSEI) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) divulgou recentemente um levantamento detalhado sobre a evolução da área irrigada no Brasil em 2023
Nova linha de tubos para irrigação Viqua traz uma revolução para o setor
A jornalista da revista Irrigazine, Bruna Fernandes, teve a oportunidade de entrevistar Pablo Moreno, Gerente Nacional de Irrigação da Viqua, para discutir os impactos da aquisição da Viqua pelo Grupo Krona e o lançamento da nova linha de tubos de PVC da empresa.
Rachadura de frutos em citros
A agricultura irrigada no contexto dos objetivos de desenvolvimento sustentável Operação e gerenciamento remoto de sistemas de irrigação - Parte III
05 Índice 06 Agenda 08 Conta Gotas Reportagem 14 Notícias 10 Artigos
18 22 Junho | 2024 28
06 Junho | 2024
Netafim e Nater Coop se unem para impulsionar a sustentabilidade na agricultura através da irrigação por gotejamento
A Netafim, empresa especializada em soluções de irrigação, anunciou uma nova parceria estratégica com a Nater Coop, uma das maiores cooperativas do Brasil, atuante no Espírito Santo e no leste de Minas Gerais. A colaboração visa difundir a irrigação por gotejamento, fortalecendo a infraestrutura e a tecnologia disponíveis aos cooperados da Nater Coop, promovendo melhorias no atendimento e impulsionando a sustentabilidade na agricultura.
Segundo Elon Svicero, Diretor Comercial da Netafim, “Essa colaboração facilitará o acesso dos cooperados a tecnologias de irrigação de última geração, permitindo que produzam mais com menos recursos. Os produtores poderão investir em soluções inovadoras de irrigação por gotejamento, proporcionando maior eficiência hídrica e melhorando a produtividade de forma sustentável”.
Fundada em um kibbutz em Israel há quase 60 anos, a Netafim se estabeleceu como pioneira em soluções de irrigação e hoje atua em mais de 110 países. No Brasil há 30 anos, a empresa oferece um portfólio completo de produtos e soluções inovadoras que visam o uso eficiente da água, aumentando a produtividade agrícola e trazendo mais tranquilidade ao produtor rural. A Nater Coop, que investe significativamente em infraestrutura e tecnologia, busca aprimorar o atendimento aos seus cerca de 20.000
cooperados, que produzem culturas variadas como café, pimenta-do-reino, frutas e tomate.
Com esta aliança, a Netafim e a Nater Coop estão comprometidas em democratizar o acesso à tecnologia de gotejamento e micro aspersão, beneficiando uma ampla gama de produtores, independentemente de seu tamanho. A parceria proporcionará aos cooperados tecnologias avançadas de irrigação que garantem maior eficiência no uso da água e aumento da produtividade de forma sustentável, fortalecendo a cadeia produtiva agrícola.
Foto: Divulgação/Netafi m
Menor crescimento da área irrigada no Brasil em 2023 reflete desafios do setor de irrigação
A Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação (CSEI) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) divulgou recentemente um levantamento detalhado sobre a evolução da área irrigada no Brasil em 2023.
Os dados, obtidos por meio de uma sondagem setorial com empresas do setor, mostram um menor crescimento da área irrigada em 2023 em comparação com o ano anterior, na adoção de tecnologias de irrigação no país.
Segundo o relatório, o crescimento da área total irrigada diminuiu 6,65%, passando de 404.585 hectares em 2022 para 377.689 hectares em 2023. A maior queda foi observada na tecnologia de Pivô Central, com uma redução de 8,11%, seguida pela Irrigação Localizada e pelo Carretel, que caíram 4,75% e 1,25%, respectivamente.
A metodologia de coleta de dados, revisada desde 2021, é baseada na comercialização de bens produzidos pelas empresas fabricantes, refletindo assim uma percepção de mercado mais precisa.
Apesar do menor crescimento, estima-se que 80% das vendas são destinadas a novas áreas de irrigação, o que indica um esforço contínuo na expansão das áreas irrigadas, mesmo diante dos desafios.
O relatório destaca ainda o “Atlas Irrigação: Uso da água
na agricultura irrigada” de 2021, publicado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), que aponta que o Brasil possui 8,2 milhões de hectares irrigados (dados de 2019), mas com potencial de atingir 13,7 milhões de hectares. Esse potencial é viável em áreas com clima, relevo, disponibilidade hídrica e infraestrutura adequadas.
Para alcançar esse potencial, a CSEI enfatiza a necessidade de políticas públicas alinhadas e contínuas, que garantam um planejamento adequado do investimento em tecnologias de irrigação.
Considerada a quarta revolução da agricultura, a tecnologia de irrigação é essencial para a otimização do uso da água e para a sustentabilidade do setor agrícola brasileiro.
Os dados apresentados pela CSEI/ABIMAQ evidenciam uma retração na expansão da área irrigada em 2023, refletindo desafios que o setor enfrenta. No entanto, o potencial de crescimento permanece significativo, e com o apoio de políticas públicas eficazes, a expectativa é de que o Brasil possa expandir sua área irrigada de forma expressiva nos próximos anos.
“Esperamos que os dados apresentados contribuam para enriquecer as análises sobre a evolução desta imprescindível tecnologia da irrigação”, concluiu Eduardo Navarro, Presidente da Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação da ABIMAQ.
10 Junho | 2024
Apesar do menor crescimento, 80% das vendas visam novas áreas, indicando esforço na expansão da irrigação | Foto: Divulgação
Lindsay Corporation anuncia acordo para aquisição da Pessl Instruments
A Lindsay Corporation, fabricante e distribuidora global de equipamentos e tecnologia de irrigação e infraestrutura, detentora das marcas Zimmatic™ e FieldNET™, anunciou um acordo significativo para a aquisição de 49,9% da Pessl Instruments, líder global em soluções tecnológicas agrícolas com sede na Áustria. Este movimento estratégico inclui uma opção de compra do restante da empresa no futuro, consolidando uma parceria promissora.
Integração estratégica e tecnológica
A Pessl Instruments é renomada pela sua marca Metos®, que oferece uma vasta gama de ferramentas de hardware e software IoT para agricultura de precisão. Seus produtos incluem estações meteorológicas, sondas de umidade do solo, armadilhas de monitoramento de insetos, câmeras de monitoramento de culturas, amostragem de solo e nutrientes, além de rastreadores de máquinas e ativos. Estes dispositivos fornecem dados em tempo real, fundamentais para a tomada de decisões assertivas na gestão agronômica.
Com mais de 80 mil dispositivos conectados globalmente e 50 mil clientes ativos utilizando a plataforma online FieldClimate, a Pessl Instruments tem uma presença robusta no mercado. A integração dos equipamentos da Metos com o sistema FieldNET® da Lindsay promete revolucionar a gestão de irrigação e o monitoramento agrícola, proporcionando uma solução integrada e altamente eficiente para agricultores em todo o mundo.
Expansão global e impacto no Brasil
Em entrevista exclusiva à Irrigazine durante a Agrishow, Gottfried Pessl, CEO da Pessl Instruments, detalhou a estrutura global da empresa, que conta com 15 subsidiárias e mais de 200 distribuidores operando em mais de 85 países.
A Pessl mantém fábricas na Áustria, Turquia, Austrália, EUA e Brasil (Itajaí). Ele ressaltou que 90% das atividades da Metos estão concentradas no agronegócio, neste sentido, o Brasil é apontado como o principal mercado para a Pessl Instruments devido à sua forte produção agropecuária.
Mas a tecnologia também se aplica a projetos urbanos, nas cidades inteligentes, a Metos Brasil já instalou uma estação
meteorológica no Allianz Parque, em São Paulo, para monitorar o clima do estádio com precisão, utilizando a tecnologia iMetos®.
Conclusão da transação
A aquisição está prevista para ser concluída no segundo semestre do ano fiscal de 2024, sujeita às condições habituais de fechamento, incluindo aprovações regulatórias. Esta aliança estratégica entre a Lindsay Corporation e a Pessl Instruments representa um marco importante no avanço das tecnologias agrícolas e na promoção de práticas agrícolas sustentáveis e eficientes.
Com esta aquisição, a Lindsay Corporation fortalece sua posição de liderança no mercado de tecnologia de irrigação, enquanto a Pessl Instruments amplia seu alcance global, proporcionando inovações que atendem às necessidades críticas do setor agrícola moderno. Esta parceria promete não apenas impulsionar a eficiência e a produtividade agrícola, mas também contribuir para a sustentabilidade e a segurança alimentar global.
Gottfried Pessl, CEO da Pessl Instruments
11 Junho | 2024
Especialista da Netafim analisa o mercado e destaca benefícios da irrigação por gotejamento na citricultura
A citricultura brasileira enfrenta desafios significativos, mas a adoção da irrigação por gotejamento surge como uma solução promissora para aumentar a produtividade e a qualidade dos frutos. Segundo Wagner Suavinha, Especialista Agronômico de Citros da Netafim, essa tecnologia tem proporcionado resultados impressionantes nas plantações.
Desafios da Citricultura
A citricultura global enfrenta problemas críticos, como o Greening, uma doença devastadora causada pela bactéria *Candidatus Liberibacter spp.* e disseminada pelo psilídeo *Diaphorina citri*. “Os estoques não estão se suprindo por conta do Greening na Flórida, isso já vem se arrastando já há alguns anos”, comenta Suavinha. No Brasil, a situação é agravada por condições climáticas adversas e há presença do Greening nas regiões Centro-Sul de São Paulo, resultando em uma queda de 24% na produção de citros em 2023.
Irrigação por gotejamento: uma resposta eficaz
Em meio a esse cenário desafiador, a irrigação por gotejamento se destaca como uma tecnologia promissora essencial. “Estamos notando uma alta procura por projetos de irrigação. A adoção de sistemas de irrigação modernos e tecnificados é crucial para superar os desafios climáticos e fitossanitários, especialmente em novas áreas de cultivo como Mato Grosso do Sul, Triângulo Mineiro, Goiás e regiões da Bahia”, afirma Suavinha.
A eficiência do gotejamento se reflete diretamente na produtividade e na qualidade dos frutos. “O levantamento do ano passado apontava em média cerca de 30% mais fruta na planta irrigada em relação as cultivadas em sequeiro. Mas existem casos de aumentos de até 65% mais frutos em algumas regiões. Além disso, os frutos das plantas irrigadas são maiores, o que pode aumentar ainda mais a produtividade total”, explica Suavinha.
Benefícios adicionais da irrigação
Outro ponto relevante é a fertirrigação, uma técnica que combina fertilização e irrigação, aumentando a eficiência do uso dos nutrientes. “Estamos notando também uma procura pelo aumento dos sistemas de irrigação com fertirrigação”, diz Suavinha, ressaltando a aceitação crescente de tecnologias de monitoramento da água e da irrigação entre os produtores.
A adoção da irrigação por gotejamento representa uma estratégia eficaz para enfrentar os desafios da citricultura. Com frutos maiores e aumentos significativos na produtividade, essa tecnologia se consolida como uma aliada indispensável para os citricultores, garantindo um futuro mais sustentável e lucrativo para o setor. A Netafim, pioneira em soluções de irrigação por gotejamento, tem desempenhado um papel vital na disseminação dessas tecnologias no Brasil. Fundada há quase 60 anos em Israel, a empresa chegou ao país na década de 1990, oferecendo um portfólio completo de produtos inovadores que visam aumentar a produtividade e a eficiência no uso da água.
12 Junho | 2024
Agricultura brasileira busca na irrigação a solução para instabilidade climática
Nos últimos anos, a instabilidade climática tem evidenciado a necessidade urgente de uma gestão eficiente dos recursos hídricos. O setor suco energético, por exemplo, sofreu significativamente com a seca nas últimas safras, resultando em queda de produtividade nos canaviais. Em resposta, três estados brasileiros – Paraná, São Paulo e Mato Grosso – têm priorizado soluções para mitigar os impactos climáticos em suas lavouras, destacando-se as tecnologias de irrigação como principal ferramenta.
Ações em São Paulo
Em São Paulo, as frequentes estiagens têm causado prejuízos bilionários aos produtores. O governo estadual, representado pelo Secretário de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai, lançou um ambicioso plano de irrigação com a meta de aumentar a área irrigada em mais de 2 milhões de hectares até 2030. Atualmente, apenas 6% da área de plantio é irrigada, mas a meta é atingir 15%.
“A ampliação da área irrigada é essencial para garantir a segurança hídrica e alimentar do estado”, disse Guilherme Piai. “Estamos trabalhando em conjunto com diversas entidades para desenvolver um plano de ação que envolva investimentos em tecnologia e infraestrutura.”
Potencial do Mato Grosso
Mato Grosso, com o maior potencial de crescimento na agricultura irrigada do Brasil, está focado em práticas sustentáveis que abrangem aspectos econômicos, sociais e ambientais. Atualmente, apenas 178 mil hectares são irrigados, mas o estado tem potencial para expandir para até 3,9 milhões de hectares, conforme estudo recente. “O potencial de Mato Grosso é gigantesco”, destacou um representante do governo estadual. “Com políticas públicas adequadas e investimentos em tecnologia de irrigação, podemos transformar a agricultura do estado e aumentar significativamente nossa produtividade.”
Iniciativas no Paraná
No Paraná, conhecido por sua diversidade agrícola, menos de 2% dos quase 15 milhões de hectares de terras agrícolas
são irrigados. O estado vê na irrigação uma solução para melhorar a produtividade de culturas como soja, milho, cevada, feijão, mandioca, erva-mate, triticale e centeio. “O Paraná tem um enorme potencial agrícola que ainda não foi plenamente explorado devido à falta de irrigação”, afirmou um porta-voz da Secretaria de Agricultura. “Investir em tecnologias de irrigação é crucial para aumentar a produtividade e garantir a segurança alimentar do estado.”
O Papel da CSEI e Renai
Eduardo Navarro, Presidente da Câmara Setorial de Equipamentos para Irrigação (CSEI) e vice-presidente da Lindsay Corporation, destaca os benefícios desse interesse crescente pela irrigação. “A busca por mais informações sobre irrigação cresceu principalmente devido às quebras de produtividade. A utilização de pivôs é uma excelente solução para proteger a produtividade, funcionando como um seguro”, afirmou. “Nós, da CSEI e da Rede Nacional da Agricultura Irrigada (Renai), estamos empenhados em apoiar essa iniciativa.”
Navarro acrescenta que a colaboração entre governo, setor privado e instituições de pesquisa é fundamental para o sucesso desses projetos. “Somente com um esforço conjunto poderemos superar os desafios climáticos e garantir a sustentabilidade da agricultura brasileira.”
14 Junho | 2024
São Paulo, Paraná e Mato Grosso buscam ampliar áreas irrigadas para reduzir impactos climáticos na produção | Foto: Divulgação
Nova linha de tubos para irrigação Viqua traz uma revolução para o setor
A jornalista da revista Irrigazine, Bruna Fernandes, teve a oportunidade de entrevistar Pablo Moreno, Gerente Nacional de Irrigação da Viqua, para discutir os impactos da aquisição da Viqua pelo Grupo Krona e o lançamento da nova linha de tubos de PVC da empresa. Essa entrevista revela insights valiosos sobre como essa inovação está moldando o cenário da agricultura irrigada brasileira.
Desde a aquisição da Viqua pelo Grupo Krona em 2023, o impacto foi imediatamente perceptível. Pablo Moreno enfatiza que houve um aumento notável na capacidade produtiva da Viqua, resultando em um portfólio expandido que agora oferece soluções completas em PVC para irrigação. Isso representa um passo importante para atender às crescentes demandas do mercado agrícola brasileiro.
“O impacto positivo de fazer parte do Grupo Krona foi imediato para a Viqua. Houve um aumento considerável em nossa capacidade produtiva, já percebida e muito bem recebida pelo mercado. Outro destaque é o aumento do portfólio, com dois lançamentos importantes, a linha Agro em 2023 e agora a linha Tubos. Com isso avançamos muito no sentido de entregar uma solução completa do PVC para irrigação”, explica Moreno.
Uma das maiores vantagens dessa aquisição foi a rápida integração das equipes da Viqua e da Krona, combinando suas experiências para fornecer um serviço ainda melhor aos clientes. Moreno destaca que essa união resultou em uma sinergia comercial intensa e produtiva, onde a expertise da Viqua em irrigação agora representa também a marca Krona nesse mercado.
“O desafio foi justamente unir experiências para potencializar o que de melhor cada time tem a oferecer. E isso foi muito rápido. Cito o exemplo da sinergia comercial muito intensa e produtiva que conseguimos, em que o time de especialistas de irrigação da Viqua passa a representar também a marca Krona nesse mercado. Todos ganham com essa iniciativa”, comenta Moreno sobre os desafios e benefícios da aquisição.
Com a ampliação do portfólio e a sinergia entre as equipes, os clientes podem esperar uma melhoria significativa nos níveis de serviço e prazos de entrega. Essas mudanças têm impacto direto no relacionamento com os clientes, que têm respondido positivamente a essa evolução.
*Por Bruna Fernandes
“Entre os diversos benefícios da aquisição, vale ressaltar também nosso nível de serviço e prazo de entrega, que deram um salto de qualidade. Todas essas mudanças somadas têm reflexos significativos no relacionamento com os clientes, que respondem positivamente ao nosso movimento”, destaca Pablo sobre as mudanças para os clientes após a aquisição.
O lançamento da linha de tubos de PVC para irrigação durante a 29ª edição da Hortitec, um dos maiores eventos do setor, é um marco importante para a Viqua. Com uma expectativa de reunir 32 mil visitantes e movimentar R$ 450 milhões, a Hortitec oferece o cenário ideal para apresentar essa inovação ao mercado.
Luciana Nunes, Diretora Comercial e Marketing da Viqua, ressalta a importância estratégica desse lançamento para o crescimento contínuo da empresa. Ela destaca que essa nova linha de produtos reforça o posicionamento da Viqua como líder em produtos de PVC para irrigação, oferecendo uma solução completa para revendas, projetistas e produtores rurais.
Além da linha de tubos de PVC, a Viqua também está investindo em outros lançamentos para 2024. Isso inclui uma linha galvanizada para atender às necessidades do mercado de irrigação, expandindo ainda mais sua gama de produtos e soluções para os clientes.
Pablo Moreno conclui destacando o compromisso da Viqua em proporcionar suporte técnico e atendimento personalizado aos clientes. “Estamos preparados para oferecer suporte técnico e atendimento personalizado aos nossos clientes, com uma rede de representantes especializados cobrindo todo o território nacional”, afirma. Com isso, a Viqua-Krona reafirma seu papel como líder inovadora no setor de irrigação agrícola no Brasil.
16 Junho | 2024
Pablo Moreno, Gerente Nacional de Irrigação da Viqua
Rachadura de frutos em citros
Luiz Dimenstein | luiz.dimenstein@fertirrigar.com FERTIRRIGAR
Ajustes via fertirrigação do balanço na solução do solo entre os três principais cátions Ca++, K+ e Mg++ e suas contribuições na salinidade medida pela Condutividade Elétrica (CE)
Em cultivo de citros irrigado o balanço na solução do solo entre os três principais cátions é a chave de controle de muitos distúrbios fisiológicos e para otimização do desempenho do potencial de produtividade.
As fases fenológicas são fundamentais para a melhor distribuição dos 3 principais cátions na solução do solo.
- Vegetativa - 50% Ca++, 25% K+ e 25% Mg++
- Floração - 40% Ca++, 40% K+ e 20% Mg++
- Enchimento de frutos - 25% Ca++, 60% K+ e 15% Mg++
- Maturação - 10% Ca++, 85% K+ e 5% Mg++
Como manipular via fertirrigações essas concentrações desses três cátions na salinidade total medida pela condutividade elétrica (CE) na solução do solo?
A CE mede números de Equivalentes Químicos (Eqs) e 1 Eq saliniza na CE 0,1 mS/cm.
Eq = peso molecular dividido pela valência, considerando que Cálcio e para Magnésio são bivalentes enquanto Potássio é monovalente e podemos considerar as concentrações em ppm.
- Eq de Ca++ = 40/2 = 20 ppm.
- Eq de K+ = 39/1 = 39 ppm.
- Eq de Mg++ = 24/2 = 12 ppm.
Como exemplo em que na solução do solo tenha uma salinidade medida pela CE = 2 mS/cm = 20 Eqs totais. Se o cultivo estiver na fase de enchimento de frutas e desejamos ter os três cátions contribuindo na CE com a
seguinte distribuição de 25% Ca++, 60% K+ e 15% Mg++ teremos, então, 25% de Cálcio dentro de 20 Eqs são 5 Eqs que cada Eq = 20 ppm e x 5 Eqs somam 100 ppm de Cálcio.
Para os 60% de K+ dentro dos 20 Eqs serão 12 Eqs cada um, que vale 39 ppm que somam 39 x 12 = 468 ppm na solução do solo.
Finalmente para Mg 15% de 20 Eqs = 3 Eqs que cada um vale 12 e somam 36 ppm na solução do solo.
Se a CE for diferente como 2,5 mS/cm, serão então 25 Eqs e se mantém a proporção sugerida entre os cátions para a fase fenológica do cultivo.
Como medir a solução do solo?
O mais prático é usar os tubos de sucção à vácuo chamado de extratores de solução do solo para amostragens semanais e medir com kits rápidos cada nutriente além da CE e pH.
Kits rápidos para monitoramento da solução do solo
18 Junho | 2024
Kits diversos para monitoramento fácil e rápido dos nutrientes na solução do solo para N, P, K, Ca, Mg, S, Cl, Cu e Fe, além de CE e pH.
Como dosar fertilizantes solúveis via fertirrigação em ppm?
A forma mais simples é utilizar a “Regra de Ouro da Fertirrigação” baseada na premissa de que a proporção de 100g/m3 passa % para ppm. Ou seja, 100g de qualquer fertilizante solúvel ao aplicar via fertirrigação em cada 1m3 de água irrigada, faz a garantia em % informada na sacaria do fertilizante virar ppm.
Exemplo: fertilizante NPK 20-20-20 ao aplicar 100g para cada 1m3 de irrigação sairá no emissor, seja gotejo, microaspersor, pivô etc., a dose de 20 ppm de cada nutriente. Se duplicar a dose para 200g/m3, no emissor a aplicação dessa fertirrigação será de 40 ppm de cada nutriente daquele fertilizante e isso é proporcional para que cada um calcule a dose em ppm para qualquer fertilizante solúvel.
Se, por exemplo, para esse mesmo fertilizante 20-20-20 a intenção for injetar no sistema de rega 60 ppm de cada nutriente, então a aplicação será de 3x a “Regra de Ouro da Fertirrigação” para 300g/m3 e falta definir o volume de rega em m3 que nesse exemplo seria de 50m3/hectare e pode variar caso a caso, e assim 300g x 50m3 = 15kg do fertilizante 20-20-20 que fornecerá em ppm 60 de N, 60 de P2O5 e 60 de K2O.
Aplicações foliares para mitigar rachaduras em cultivo de sequeiro
Para mitigar rachaduras de frutos em citros com aplicações de fertilizantes foliares a melhor combinação é com mistura de Nitrato de Potássio + Nitrato de Magnésio + MKP. Usar a concentração de 0,5% para cada um desses fertilizantes solúveis (500g de cada fertilizante para cada 100 L de calda). Se o volume de calda for de 1000 L então nessa concentração de 0,5% serão 5 kg de cada fertilizante dentro do tanque de pulverização.
Sugere-se adicionar entre 10 ppm até 20 ppm de auxina no tanque de pulverização e isso reduz problemas de rachadura principalmente de citros sem irrigação, onde não há como manipular via fertirrigações as concentrações dos nutrientes na solução do solo.
20 Junho | 2024
Kit Cálcio
Kit Potássio
Kit Magnésio
Em
2015,
A agricultura irrigada no contexto dos objetivos de desenvolvimento sustentável
a Organização
das Nações Unidas (ONU), pensando nos próximos 15 anos e nos problemas mais críticos a serem enfrentados pela humanidade, lançou o desafio aos seus 193 Estadosmembros, incluindo o Brasil, de uma Agenda propositiva que pudesse potencializar o desenvolvimento sustentável e melhorar a vida das pessoas.
Nessa Agenda, denominada de Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, construída a partir de um processo participativo coordenado pela ONU, foram propostos 17 Objetivos, denominados de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Para acompanhar o cumprimento desses objetivos, foram propostas 169 metas associadas que são integradas e indivisíveis, de natureza global e universalmente aplicáveis, tendo em conta as diferentes realidades, capacidades e níveis de desenvolvimento nacionais e respeitando as políticas e prioridades de cada país.
Os ODS, em síntese, visam garantir os direitos humanos; erradicar a pobreza e a fome; garantir água, saneamento e energia para todos; oferecer saúde e educação de qualidade para todos; combater as desigualdades e as injustiças; promover a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres e meninas; enfrentar a degradação ambiental e as mudanças climáticas; proteger a biodiversidade; estimular o desenvolvimento sustentável; além de promover sociedades pacíficas e inclusivas até o ano de 2030.
Qual o papel da agricultura irrigada nessa Agenda tão desafiadora? A cada dia, o fortalecimento da agricultura irrigada se mostra um imperativo para a segurança na produção de alimentos, fibras e energia no mundo, e ela deve estar cada vez mais alinhada à política agrícola e ambiental dos países, bem como ser ambientalmente sustentável, economicamente viável e socialmente justa.
A agricultura irrigada traz benefícios diretos à produção de alimentos e benefícios indiretos em relação ao emprego, ao ambiente, à economia e à qualidade de vida das pessoas. Dessa forma, contribui direta ou indiretamente para vários ODS da Agenda 2030.
22 Junho | 2024
Lineu Neiva Rodrigues | Pesquisador da Embrapa Cerrados
Por aumentar a produtividade em até cinco vezes, dependendo da cultura, a agricultura irrigada contribui diretamente com o ODS de número 2, que visa acabar com a fome e dobrar a produtividade agrícola e a renda dos pequenos produtores de alimentos. Analisando o ODS 2, observa-se que as metas 2.3 e 2.4, que objetivam dobrar a produtividade agrícola e garantir sistemas sustentáveis de produção de alimentos até 2030, respectivamente, dificilmente serão cumpridas sem a contribuição da agricultura irrigada.
Uma das principais características da irrigação é reduzir a influência do clima na agricultura. Ao reduzir essa influência, ela traz estabilidade à produção de alimentos, cria oportunidades ao viabilizar a produção de certas culturas e contribui para que sejam produzidos alimentos de melhor qualidade. Nesse contexto, a agricultura irrigada, embora de forma indireta, contribui também para o cumprimento das metas 2.1 e 2.2 do ODS 2, que buscam erradicar a fome e garantir o acesso de todas as pessoas a alimentos seguros, nutritivos e suficientes durante todo o ano, bem como acabar com todas as formas de má-nutrição até 2030.
Uma das características mais interessantes da agricultura irrigada é a sua “efetividade”, pois ela viabiliza tanto a produção durante todo o ano como a produção de alimentos em regiões com baixa disponibilidade hídrica, possibilitando o desenvolvimento da agricultura em regiões onde não seria possível produzir. Com sua efetividade, ela viabiliza o desenvolvimento de regiões com baixo potencial agrícola, possibilitando a fixação do homem no campo, construindo economias locais
dinâmicas, sustentáveis, inovadoras e favorecendo o empreendedorismo, a criatividade e a inovação. Algumas culturas, como a fruticultura, onde a irrigação é essencial, pode criar mais de seis empregos por hectare – empregos duradouros e de qualidade que favorecem a mão de obra feminina, promovendo o empoderamento econômico das mulheres.
Com sua efetividade, a agricultura irrigada contribui com o ODS 1 (Erradicação da pobreza) e com o ODS 8 (Trabalho descente e crescimento econômico), principalmente para a meta 1 do ODS 1, que prevê erradicar, até 2030, a pobreza extrema para todas as pessoas, e a para as metas 8.1 e 8.6, que objetivam, respectivamente, sustentar o crescimento econômico per capita de acordo com as circunstâncias nacionais e reduzir substancialmente a proporção de jovens sem emprego, educação ou formação.
Ao intensificar a produção em uma mesma área, a agricultura irrigada é benéfica ao meio ambiente, contribuindo para reduzir as necessidades de desmatamento e a preservação da biodiversidade. A irrigação funciona como um seguro contra os períodos de incerteza hídrica, cada vez mais comuns. Na questão das mudanças climáticas, com potenciais impactos na temperatura e no regime de chuvas, a irrigação se apresenta como uma das principais tecnologias de adaptação, contribuindo para reduzir as incertezas do clima e trazendo estabilidade à produção. Contribui também com a mitigação das mudanças climáticas, uma vez que possibilita a exploração de mais de um cultivo anual, adicionando resíduos de matéria orgânica, além do
23 Junho | 2024
acúmulo de carbono no solo. Nesse contexto, a agricultura irrigada contribui com o ODS 13 (Ação contra a mudança global do clima), principalmente para a meta 13.1, que visa reforçar a resiliência e a capacidade de adaptação a riscos relacionados ao clima.
Também é importante observar a contribuição da agricultura irrigada em relação aos ODS 6 e 15, Água potável e saneamento e Vida Terrestre, respectivamente, sobretudo em relação às metas 4.4 (ODS 6) e 15.1 (ODS 15).
A meta 4.4 busca aumentar, até 2030, a eficiência do uso da água em todos os setores e assegurar retiradas sustentáveis e o abastecimento de água doce para enfrentar a escassez de água, bem como reduzir substancialmente o número de pessoas que sofrem com a escassez de água; já a meta 15.1 busca assegurar a conservação, recuperação e uso sustentável de ecossistemas terrestres e de água doce interiores. Nesses dois casos, para contribuir com esses objetivos, os sistemas de irrigação devem ser bem planejados e manejados para apresentar eficiências compatíveis com as tecnologias mais modernas. Sendo mais eficientes e utilizando uma menor quantidade de água, sem prejudicar a produção, liberam água para outros usos, contribuindo para reduzir as disputas hídricas. Sistemas com baixa eficiência de irrigação,
entretanto, têm efeito contrário, e comprometem o alcance dessa meta e de outros ODS que buscam melhorar a vida das pessoas.
Produzir alimento é o principal papel da agricultura irrigada. Ao cumprir o seu papel, ela traz desenvolvimento sustentável, empregos de qualidade e melhora a vida a vidas pessoas. Assim, o papel da agricultura irrigada para o cumprimento de metas previstas em pelo menos seis ODS da Agenda 2030 é claro. Tornar o cumprimento dessas metas factíveis é um desafio para a humanidade, que pode ser facilitado com o fortalecimento da agricultura irrigada, o que requer um planejamento estratégico e políticas que priorizem a disponibilidade de água e a energia com qualidade.
Entretanto, ainda persiste o desafio de se buscar integrar de forma efetiva e estratégica as políticas de segurança hídrica e alimentar de forma a assegurar estabilidade para a produção de alimentos. Para que o papel estratégico do Brasil no cumprimento dos ODS possa ser consolidado, é importante que os nossos agricultores tenham segurança hídrica e energética. Isto é, ao se pautar questões essenciais que envolvam os recursos hídricos e o desenvolvimento da energia no País, deve-se colocar nessa pauta, como política de estado e de maneira estratégica, a irrigação como a principal tecnologia para garantir estabilidade e sustentabilidade à produção de alimentos.
24 Junho | 2024
Integração Lavoura Pecuária (ILP) com irrigação o resultado é muito melhor
Ruy Padula, Gestor em fazendas
A propriedade rural é um ambiente de produção a céu aberto, independente se produzimos proteína animal ou vegetal, conhecemos as variáveis não controláveis do clima.
A agricultura e pastagens no Brasil são produzidas ainda com dependência das chuvas, é preciso contar com as boas condições climáticas para obter resultados satisfatórios.
Existe possibilidade de utilizarmos a tecnologia da irrigação e não contarmos com a sorte ou com esta combinação de fatores, podendo ter uma garantia de produção no quesito falta de água, mas ainda com riscos, exemplo muita chuva no período da colheita, as pastagens por serem perenes e os animais colherem independentes se o período esta chuvoso ou não ameniza os riscos.
Produtores vem consolidando a utilização da técnica
ILP em áreas irrigadas, aumentando número de animais por hectare chegando a 10 UA, dados do pesquisador da Embrapa Semi Árido, Dr. Luís Mauricio Cavalcanti, enquanto na agricultura ocorre dois fatores importantes aumento de produção e possibilidade de produzir fora do período de safra assim consegue agregar valores. Os produtores vêm descobrindo que este modelo de produção tem trazido resultados interessantes, mudando o caixa da propriedade para melhor.
Evidentemente que a produção mais intensiva, os investimentos também são mais altos.
Lembrando que a programação dentro do sistema de produção é fundamental, em ambos os seguimentos lavoura e pecuária, é necessário, programação, execução e resultados.
Sempre se oriente com especialista na área.
26 Junho | 2024
Operação e gerenciamento remoto de sistemas de irrigação - Parte III
José Giacoia Neto - Engenheiro Agrícola, M.Sc. em Irrigação e Drenagem (UFV) e MBA em Gestão Comercial (FGV).
Gerente Internacional de Negócios Américas, Rain Bird
Finalizando nosso assunto sobre operação e gerenciamento remoto em sistemas de irrigação. vamos apresentar e discorrer sobre os principais periféricos e acessórios para automação de sistemas de irrigação.
Os controles centrais podem incorporar vários e diferentes tipos de dispositivos de controle tais como estações meteorológicas, medidores e controladores de fluxo, medidores de chuva, sensores de chuva, sensores de vento e sensores de umidade do solo. Esses sensores monitoram condições no local e informam ao computador central. O controle central reage automaticamente se alguma condição no campo tem um desvio dos limites e parâmetros pré-definidos. Estes parâmetros são estabelecidos e programados de acordo com as características e necessidades de monitoramento e controles de cada projeto. .
Sensores:
Os sensores são (como o próprio nome diz), os sentidos de um projeto automatizado. Eles são usados para identificação do estado de uma variável, podendo ser esta variável uma grandeza física qualquer. Veja um exemplo de um sensor comum em um sistema de irrigação:
- Uma chave de bóia, ou um automático de nível que interrompe o funcionamento de um sistema de bombeamento ou de abastecimento. Trata-se apenas de um interruptor de eletricidade que pode monitorar tanto o nível inferior ou superior de um reservatório de água. O resultado obtido deste simples sensor é, automaticamente, cortar uma operação para evitar o transborde ou evitar que se inicie o bombeamento quando o reservatório estiver sem água.
Os sensores podem ser classificados de acordo a saída do sinal, podendo esta ser analógica ou digital.A diferença principal entre um sensor analógico e um digital é a resolução.
- Digitais ou discretos:
São informações em forma de pulsos elétricos “0” ou “1” não há um valor intermediário.
As saídas não são eletrônicas e sim mecânicas. O relê possui contatos, normalmente abertos (NA) e normalmente fechados (NF), o que nos disponibiliza uma independência quanto ao potencial da carga.
Os sensores Digitais são os mais comumente utilizados em agricultura e convivemos com eles em vários sistemas de irrigação relativamente simples. São divididos em dois tipos:
- Sensores de Pulso:
São sensores que traduzem e calibram sistemas em função dos pulsos que emitem. Estes pulsos podem ser “traduzidos”, pelos transmissores e os pulsos são interpretados pelo controle central.
Um pulso pode ser um litro, pode ser um metro ou pode ser qualquer outra grandeza que desejamos contabilizar, monitorar ou tomar decisões a partir de valores específicos.
Um sensor de pulso muito popular em irrigação são os sensores de fluxo ou de vazão. Conseguimos monitorar a vazão instantânea, contabilizar a vazão, registrar e tomar decisões a partir da calibração de um sistema.
Ou seja, um sensor de pulso de vazão acoplado em um sistema de controle central de irrigação pode registrar a vazão instantânea, registrar consumo de água e também detectar vazamentos.
Fig. 1 - Fotos de alguns transmissores de pulso
28 Junho | 2024
Dentro dos sensores de fluxo também temos divisões por tipo de sensores de fluxo que podemos ser digitais ou analógicos.
Os sensores de fluxo por pulso mecânico e pulso magnético são os mais utilizados na categoria de sensores digitais.
- Sensores On-Off (liga/desliga):
São sensores que funcionam em escalas estáticas de o sistema toma decisão em função de uma calibragem pré-determinada.
Quando o objetivo é interromper, desligar, suspender ou acionar um sistema a partir de uma situação predeterminada o ideal é utilizar este modelo. Um sensor On-Off muito popular em irrigação paisagística que, no meu ponto de vista, deveria ser também utilizado em agricultura é o sensor de chuvas. Nele calibramos uma lâmina mínima a partir do qual o sistema interrompe o sistema de irrigação.
A chave de bóia, citada anteriormente trata-se também de um sensor “on-off”. Outros exemplos de tomadas de decisão que podemos utilizar estes sensores são: Umidade relativa em estufas, temperatura, luminosidade, etc.
- Analógicos ou proporcionais:
Fig. 3O mais clássico dos sensores de on-off:
O Sensor de Chuvas
São usados para monitoração das variáveis de processo, são também chamados de transdutores, ou seja, convertem uma grandeza física em uma grandeza elétrica normalmente de 4 à 20mA.
Suponha um sensor analógico de temperatura.
Qualquer temperatura entre 20 graus centígrados e 90 graus centígrados é passível de ser mensurada por esse sensor analógico.
Já um sensor digital vai ter uma “resolução”. Ele vai ter uma capacidade limitada pela resolução de medir intervalos de temperatura. Suponha que um sensor tem resolução de 0,01 grau, isso significa que uma temperatura de 27,019239 vai ser medida por esse sensor ou como 27,01 ou como 27,02
Existem também sensores de fluxo analógicos como os magnéticos e os ultrassônicos
- Sensores de fluxo Magnéticos
A operação de um sensor de vazão magnético baseia-se na lei de Faraday, que afirma que a tensão induzida em qualquer condutor, enquanto este se move em ângulos retos por meio de um campo magnético, é proporcional à velocidade do condutor.
É amplamente aplicado na medição e controle de fluxo nas áreas de indústria química e petrolífera, indústria metalúrgica, água e águas residuais, agricultura e irrigação, fabricação de papel, alimentos e bebidas indústria e indústria farmacêutica, etc. Quando o fluido condutor flui através do tubo de medição do sensor, o sinal de tensão em proporção direta à velocidade média do fluxo do fluido será introduzido nos eletrodos. O sinal é amplificado e tratado pelo transmissor para realizar várias funções de exibição.
São informações em forma de um sinal elétrico proporcional à grandeza medida.
Fig. 2 – Exemplos de sensores de pulso mecânicos
Fig. 4. Imagem de um sensor de Fluxo Magnético
- Sensores de Fluxo Ultrassônicos
O sensor de fluxo ultrassônico usa ondas sonoras, transmitidas pela água em movimento no tubo de irrigação, para medir a velocidade do fluxo de água. Dois transmissores geram e recebem as ondas sonoras.
Os Sensores de fluxo ultrassônicos são ferramentas de alto desempenho projetadas para instalações de irrigação comercial onde é necessária a medição precisa de fluxo baixo e alto. Um único sensor lê vazões altas e muito baixas com maior precisão do que os sensores mecânicos, com +/- 2 % de leitura. Eles não têm partes móveis.
- Estação Meteorológica e Sensores Climáticos:
A estação meteorológica é um equipamento com vários sensores para medir pressão barométrica, precipitação (chuva) acumulada e precipitação instantânea (mm/h), temperatura do ar, temperatura do solo, umidade sobre as folhas, umidade relativa do ar, radiação solar, velocidade e direção do vento. Alguns desses dados são integrados para mostrar a evapotranspiração de referência (Etr) que permite estimar a quantidade de água usada pelas plantas. As informações do clima podem ser acessadas a cada minuto ou em diferentes intervalos.
Nos controles Centrais temos a grande vantagem da conexão direta da estação meteorológica e a leitura automática da ET e a reprogramação automática de toda a irrigação. Além disto, pode fazer o sistema reagir a eventos climáticos específicos como interromper irrigação em caso de ventos fortes ou aplicar lâminas suplementares de acordo com a mudança brusca ao longo do dia fazendo o acionamento de um programa suplementar para aplicar uma determinada lâmina de água.
Fig. 6 – Foto de uma Estação meteorológica
Além da estação podemos também ter as reações automáticas de sensores de acordo com variáveis climáticas unitárias como o vento, por exemplo.
Um anemômetro (típico sensor de pulso), instalado em um projeto pode fazer com que o sistema de irrigação tenha seu funcionamento suspenso para uma dada velocidade do vento.
Outro exemplo ainda mais inteligente, através da utilização de controle central, é o acionamento de um programa para controle de poeira em um confinamento de gado quando o vento atinge uma determinada velocidade e direção e o sistema aciona um programa suplementar antes que este vento cause poeira.
Um pluviômetro de pulso ou analógico, instalado em pontos específicos em grandes projetos permite que o sistema não acione áreas de projeto em que ocorram precipitação e mantenha a irrigação aplicando a lâmina medida pela estação em áreas onde não ocorreram a precipitação.
Ainda existe um sistema extraordinário que permite um microbalanço hídrico dentro do projeto. Ele anota a precipitação diminui da ET medida e aplica somente o restante para a área do projeto onde ocorreu a precipitação.
Explicando numericamente: Imagine que a estação meteorológica calcula a ET e programa o sistema para aplicar uma lâmina de 6 mm e ocorre uma precipitação de 2,5 mm em uma área do projeto onde instalamos o pluviômetro sensor. O pluviômetro mede a lâmina, o controle central registra faz o balanço e programa os setores para aplicar apenas o saldo restante da irrigação. Ou seja 6 – 2,5 mm = 4,5 mm.
Portanto mais uma vez mostramos a grande flexibilidade e confiabilidade que temos hoje em sistemas de automação por controle central. Fantástico não? Até a próxima!
30 Junho | 2024
Fig. 7 – Foto de um Sensor de Vento
Fig. 5. Imagem de sensor de fluxo ultrassônico
Fig. 8 – Foto de pluviômetro sensor