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Numerado, não limitado


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O Alpine mais selvagem e exclusivo é um brinquedo divertido, apelativo, capaz de deixar o “piloto” com um sorriso de “orelha a orelha”. Uma edição numerada, mas não limitada, que a Carros & Motores foi conduzir no circuito de Jarama, em Madrid.


Um Alpine A110 R a custar 105.000 € pode parecer um exagero. E na cor Azul Racing Mate (disponível apenas nesta versão mais radical) são mais 6.000 €. Contas feitas, 111 mil euros, ou seja, mais caro do que qualquer Porsche Cayman (até à versão “S”).
A pergunta é inevitável: o que nos oferece a mais este Alpine face ao Porsche, por exemplo? Para início de prosa, é um automóvel mais exclusivo, do qual existirá de momento duas unidades em Portugal (já estão encomendadas). Depois, e aqui sim, é uma verdadeira peça de engenharia onde a marca desportiva da Renault colocou todo o seu “know-how” em várias vertentes.


RELAÇÃO PESO/POTÊNCIA

A primeira surpresa tem a ver com a potência, na medida em que o A110 R, apesar de ser o mais radical da gama, apresenta o mesmo 1.8 turbo de 300 CV (a caixa automática de dupla embraiagem e sete relações também é a mesma) do irmão A110 S. Porque é que não houve um incremento da potência? A resposta dos responsáveis da marca é clara: a prioridade foi outra. “Com mais cavalos iremos mais rápido em linha reta; se baixarmos o peso, vamos mais rápido sempre”. É sobre esta premissa que se produz esta nova versão do Alpine. E é isso mesmo que significa o “R” do seu apelido: radical. Tan-
Ficha T Cnica
ALPINE A110 R

TIPO DE MOTOR Gasolina, 4 cilindros em linha, turbo
CILINDRADA 1.798 cm3
POTÊNCIA 300 CV às 6.300 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 340 Nm entre as 2.400 e as 6.000 rpm
TRANSMISSÃO Traseira, caixa auto. 7 vel. (dupla embraiagem)
V. MÁXIMA 285 km/h
ACELERAÇÃO 3,9 s (0 a 100 km/h)
CONSUMO (WLTP) 6,7 l/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 (WLTP) 153 g/km (misto)



DIMENSÕES (C/L/A) 4.180 / 1.798 / 1.248 mm

PNEUS 215/40 R18 (fre.) 245/40 R18 (tras.)
PESO 1.082 kg
BAGAGEIRA 100 l (fr) + 96 l (tr)

PREÇO 105.000 €
LANÇAMENTO Janeiro de 2023 to na estética, que usa e abusa da fibra de carbono (até nas jantes, algo pouco comum no mercado), como no interior, com duas bacquets Sabelt Track com arneses de seis pontos (as únicas disponíveis). A utilização intensiva do carbono (capô, tejadilho, tampa traseira do motor, jantes, aileron, difusor, bancos, saias, splitter...) e outras modificações adicionais (como o escape impresso em 3D ou a antepara da cabina em alumínio) permitiram reduzir nada mais, nada menos, do que 34 kg face ao A110 S, e com isso baixar o peso na balança de 1.116 para 1.082 kg.
AO VIVO EM JARAMA
Perante isto, não é de estranhar que a condução do A110 R seja muito especial. Tirando os Lotus (há parceria entre as duas marcas), existem poucos desportivos que assu- mam um “corpo” tão esbelto. E isso notou-se precisamente quando pisámos o circuito de Jarama.

O traçado madrileno adapta-se na perfeição a este Alpine, com muitas curvas, técnico e sem retas excessivamente longas. O modo de condução ideal para circuito é o Track, no qual o painel de instrumentos apresenta uma aparência idêntica ao de um F1 e o protagonismo recai na relação de caixa engrenada e no conta-rotações. Aqui, o acionamento da caixa é manual-sequencial através de patilhas no volante (não passa para a relação acima quando chegamos ao corte, antes das 7.000 rpm) e temos à mercê uma barra de led´s para ajudar a determinar o momento ideal para fazer a passagem, enquanto o controlo de estabilidade desligável permite rodar a traseira.


Noutra vertente, a configuração da suspensão (outra caraterística exclusiva que pode ser regulada de forma manual em 20 posições diferentes) deixa o A110 R com a menor altura ao solo possível (10 mm abaixo da de série, que já de si é 10 mm inferior à do A110 S). Comecemos a aventura em Jarama. Uma primeira volta para reconhecer o traçado e permitir que os pneus Michelin Pilot Sport Cup 2 semislicks ganhem a temperatura certa; dispomos de até 110 kg de apoio extra sobre o eixo traseiro face a um A110 convencional, e os travões, ainda que sejam os mesmos Brembo do S, beneficiam de 20% mais de caudal de refrigeração. Os pneus têm uma capacidade de tração tão grande que não deixam escapar uma grama de força na hora de colocar toda a potência no asfalto. Os 3,9 segundos na aceleração dos 0 aos 100 km/h dizem-nos que este Alpine é rápido e que na reta de Jarama acabamos por chegar muito depressa ao ponto que marca a referência de travagem. Os


Rumo Ao Futuro
Com uma história indissociável da competição, a Alpine revelou um concept que se inspira nesse passado para revelar o futuro. O Alpenglow, um monolugar conceptual com mais de 5 m de comprimento, mais de 2 m de largura e menos de 1 m de altura, serve de antecâmara para revelar os modelos vindouros em termos de estilo e de avanços tecnológicos. Numa fase em que a Alpine se prepara para transitar para a locomoção 100% elétrica, o Alpenglow exibe formas esculpidas à volta de… dois tanques de hidrogénio que, em vez de produzirem eletricidade a bordo com recurso a uma célula de combustível, alimentam o motor de combustão, que se encontra na traseira do concept, enquanto os depósitos que armazenam o hidrogénio a 700 bar ladeiam o condutor, sentado em posição central, qual piloto de Fórmula 1.
quilos a menos fazem-se notar até porque na volta seguinte já parecemos verdadeiros pilotos. Nas zonas mais lentas do início da volta, o A110 R mostra-se no seu habitat e responde como um relâmpago às mudanças de direção, apoiando-se com bastante segurança nas zonas mais exigentes. A travagem é sólida e a forma como roda a traseira nas curvas mais apertadas, sempre a grande velocidade, sobressai. A sensação generalizada que retiramos é a de que faz tudo bem e de forma simples. O downforce su- perior e o “grip” dos pneus Michelin conferem-lhe uma efetividade enorme e, na verdade, é preciso forçar muito para provocar sobreviragem. No final, todo esta torrente de sensações é envolvida por um som fantástico no interior (há mais 2 decibéis de ruído que no S) que acaba por unir piloto e máquina num só.


A utilização intensiva de carbono torna este Alpine idealmente leve para circuito.




Fora De Pista
Depois do circuito, um passeio no seu ambiente menos favorito, até porque o A110 R define-se como um carro de pista que se pode guiar em estrada. O “set up” de suspensão é firme, mas não excessivamente incómodo. O modo de condução normal e inclusive o Sport são mais do que suficien-


Entrar e sair não é dos exercícios mais difíceis, mas é preciso ter cuidado para não pisarmos as saias de carbono (têm inclusivamente uma nota em inglês que avisa “do not walk”) tes para uma condução divertida em zonas de curvas. Na realidade, este R não nos pareceu nada um automóvel apenas para pistas e “track days”, antes pelo contrário, “porta-se” muito bem em estrada. Contudo, tem alguns inconvenientes, como os cintos de seis pontos com arneses, que são um problema para colocar ou verificar o trânsito nos cruzamentos, onde precisamos de nos “levantar” do banco, e o facto de não possuir retrovisor central, o que acaba por dificultar algumas manobras.









Em suma, A110 R não é barato. Custa mais 20 mil euros que um S com a mesma potência, mas deu para entender que é um desportivo “gourmet”, com detalhes que os amantes dos automóveis vão valorizar. E convém não esquecer: o próximo A110 será, infelizmente, elétrico, pelo que comprar e guardar esta preciosidade, poderá ser um negócio de futuro... deveras especial.

Volvo Xc40 E C40 Recharge E Twin

