O Carreteiro 552

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CONECTIVIDADE

ocarreteiro.com.br 1Distribuição gratuita para motoristas de caminhão 552DESDE 1970 TRANSPORTANDO INFORMAÇÃO | www.ocarreteiro.com.br | ano 52 | Nº AROCS NA OPERAÇÃO ALUGA-SE CAMINHÕES Pesadão da Mercedes-Benz mostra força e eficiência na mineração VW disponibiliza contrato de locação de caminhões da marca para transportadores
Aumento de eficiência e fretes são vantagens da tecnologia para os autônomos Apesar dos desafios, participação de mulheres no setor de transporte está crescendo AUXÍLIO-MOTORISTA BENEFÍCIO AJUDA NA MANUTENÇÃO DO CAMINHÃO A HORA DELAS

CAMINHO SEM VOLTA

A

DANIELA GIOPATO

evolução vivenciada pelo setor de transporte rodoviário de cargas provocou várias mudanças de comportamento e conceito. Hoje, um jovem que deseja ser motorista de caminhão, por exemplo, tem que se especializar e passar por treinamento antes de efetivamente conseguir uma oportunidade dentro de uma transportadora. Isso porque os caminhões não são mais os mesmos. A tecnologia embarcada exige um profissional mais qualificado. E dentro dessa evolução, o conceito sobre a mulher não conseguir dar conta de certas atividades dentro do setor também caiu por terra. Com todas as facilidades proporcionadas pelas tecnologias, o sexo feminino pode sim ocupar qualquer cargo que desejar. As empresas que já se renderam à mão de obra feminina em cargos antes ocupados quase exclusivamente pelos homens, se mostram bastante satisfeitas. Entre os benefícios relatados estão o maior cuidado com o caminhão, cautela no volante e redução de acidente e do valor do seguro do veículo. Os relatos incluem ainda relação mais cortês com os clientes e busca de crescimento profissional. É claro que a igualdade dentro do setor ainda está longe de fazer parte da realidade das mulheres, pois ainda existem empresas que contratam o profissional baseado no gênero e não no comprometimento e competência.

Pesa também contra a mulher as dificuldades enfrentadas por falta de infraestrutura adequada nas estradas e até mesmo dentro de transportadoras despreparadas para empregá-las. Mesmo diante de tantas barreiras, a participação delas no transporte é um caminho sem volta; e mesmo seguindo a passos lentos se encontra em uma curva ascendente. Inciativas e movimentos têm contribuído para levar mais consciência às empresas e, principalmente, encorajar as mulheres a seguirem o seu sonho. Muitas que enfrentaram preconceitos e já superaram os desafios, ocupam hoje lugar de destaque na direção de um caminhão ou em outros cargos dentro de grandes transportadoras. E, essa determinação, tem sido motivo de incentivo para que o preconceito em relação à competência seja aos poucos superados dando lugar para a admiração e o respeito.

ocarreteiro.com.br 3 EDITORIAL
Editora
SUMÁRIO 26 MULHERES Mulheres contam como enfrentaram os desafios para conquistar o seu espaço 48 MERCEDES-BENZ AROCS Eficiência é o ponto forte do modelo

REVISTA

DESDE 1970 TRANSPORTANDO INFORMAÇÃO

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SEÇÕES 06 Notícias | 62 Classificados | 64 Mercado | 66 Na Mão Certa 14 ENTREVISTA DAF comemora recorde de vendas e fala de expectativa de crescimento de mais de 30% 18 AUXÍLIO-MOTORISTA Benefício é usado para colocar em dia manutenção do caminhão ED. Nº 552 • SETEMBRO/2022 34 CONECTIVIDADE Tecnologia ajuda autônomo a aumentar a rentabilidade 38 PROJETO MULHERES Iniciativas ajudam no ingresso de mulheres no setor 54 ALUGUEL DE CAMINHÕES Programa oferece locação para 30 e 60 meses 56 LEI
Atuações por descumprimento da lei triplicou em 2022 60 APP DIESEL 360 Plataforma de busca de produtos e serviços para caminhão

RECICLAGEM

A Renault Trucks anunciou a instalação de uma Fábrica de Peças Usadas para o reaproveitamento de componentes como motor, caixa de câmbio, cabine, tanque de combustível, para-choques e defletores, entre outros itens. Parte do Grupo Volvo Trucks, a montadora francesa já possui uma operação de remanufatura de caminhões usados, pela qual atualiza veículos de acordo com seus processos industriais. Para a empresa, a unidade de peças usadas será um passo natural de sua política de economia circular, a qual tem como finalidade criar um padrão sustentável de consumo e produção, considerando conserto, reaproveitamento, reciclagem e redução do desperdício, bem como preservação do meio ambiente. Segundo a Renault Trucks, os componentes identificados como adequados ao reaproveitamento serão destinados à reutilização em veículos reciclados, enquanto as partes consideradas inadequadas ao uso irão para a fundição e utilizadas na fabricação

de caminhões novos. A iniciativa da montadora, de aproveitar peças usadas e de matérias primas recuperadas de seus caminhões, contou com apoio de estudo preliminar de viabilidade realizado em 2020. O trabalho teve participação da Agência Francesa de Meio Ambiente e Gestão de Energia (ADEME) e da Indra Automobile Recycling, empresa especializada em reciclagem de veículos em fim de vida. Os componentes de veículos desmontados pela Indra serão enviados a lojas de peças online da Renault Trucks e rede de concessionários, para serem comercializadas ao lado componentes novos. Antes de serem disponibilizadas para a venda, as peças passarão por verificação, limpeza e rotulação para fins de listagem e rastreabilidade e terão o rótulo “ Peças usadas pela Renault Trucks”. A empresa investe há cinco anos em economia circular com a tripla abordagem de regenerar, reaproveitar e reciclar caminhões usados.

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Fotos DIVULGAÇÃO

BAÚ SUSTENTÁVEL

A 4Truck implementos rodoviários desenvolveu um baú sustentável para atender o Rally da Educação, iniciativa social desenvolvida durante e em paralelo a competição Rally dos Sertões, com o objetivo de incentivar a educação, conectar comunidades regiões mais distantes e carentes do Brasil. Entre outras atividades, a ação teve como meta facilitar o acesso de crianças e adolescentes a tecnologias. Montado sobre o chassi de um caminhão Volkswagen Delivery 11.180 4x4, o baú foi desenvolvido em parceria com as empresas Voltaico Soluções em Energia Renovável e a Serrana Solar. Os destaques principais do baú estão nas placas fotovoltaicas montadas em

seu teto para absorver energia solar e transformá-la em eletricidade. As placas garantiram energia para uma geladeira portátil de 31 litros, iluminação externa do baú com dois holofotes de 30W LED, alimentação de parafusadeiras, furadeiras para montagem e desmontagem da estrutura de palco, e iluminação da tenda com 12 lâmpadas de 5W LED. O sistema proporcionou energia também para a alimentação de 3 laptops, pistola de cola quente e iluminação com 6 lâmpadas 5W LED da oficina educacional. Na edição desse ano o Rally dos Sertões largou de Foz do Iguaçu/PR dia 26 de agosto e percorreu mais de 10 mil km pelas cinco regiões do País. A chegada aconteceu em Salinas/PA no dia 10 de setembro.

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MÉDIO MOVIDO A BATERIA

Depois do caminhão leve elétrico iEV1200T, nas versões com PBT de 7,5 toneladas (4 T de carga líquida) e de 8,5 toneladas (4,98T de carga líquida), a JAC Motors trouxe para o Brasil o JAC E-JT 125, com terceiro eixo. Trata-se do primeiro caminhão médio da marca chinesa no mercado brasileiro. Apresentado

ao mercado na segunda quinzena de agosto, o veículo é tracionado por um motor elétrico que gera o equivalente a 235cv de potência e 1.050 Nm de torque máximo. Com PBT de 12,5 toneladas, tem capacidade para o transporte de 8,6 T de carga líquida e sua bateria garante autonomia entre 160 e 250km.

PESADOS ELÉTRICOS EM SÉRIE

No início de setembro a Volvo anunciou a produção em série dos caminhões elétricos FH, FM e FMX, com capacidade para 44 toneladas de PBTC. Apresentados ao mercado há menos de dois anos, os veículos serão produzidos na mesma linha dos modelos a diesel na fábrica de Tuve, em Gotemburgo/Suéca. O presidente

da Volvo Trucks, Roger Alm, disse que a empresa já vendeu mais de 2.600 unidades a bateria, das quais 1000 são modelos pesados. “Esperamos que os volumes aumentem de modo significativo nos próximos anos. Até 2030, pelo menos 50% dos caminhões que vendemos globalmente deverão ser elétricos”, comentou o executivo.

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MOTORISTAS NOS EUA

o interessado já tenha uma oferta de emprego para o qual não haja profissionais qualificados disponíveis nos EUA. Segundo a advogada, estimativas de 2019 da American Trucking Associations apontavam à época a necessidade de 60

Atualmente existem disponíveis nos Estados Unidos cerca de 280 mil vistos de residência permanente País (Green Card na categoria EB-3) para motoristas de

pormenores, tanto para o interessado no visto quanto para o empregador. Além disso, o período do processo para obtenção do Green Card leva cerca de 18 meses e há detalhes fundamentais para que o pedido seja atendido.

mil motoristas, com previsão de aumentar para 100 mil até 2023. Ainda de acordo com Liz Dell’Home, em dezembro de 2021 o site Hiring Drivers Now, plataforma

CENTRO DE TREINAMENTO

O Centro de Treinamento da MercedesBenz está comemorando 40 anos de atividades. Localizado na planta de Campinas, o espaço com cerca de 600 cursos para equipes de Vendas e Pós-Venda da Rede de Concessionários e da Fábrica. Também são oferecidos cursos em parceria com entidades que buscam capacitação de motoristas, técnicos de oficina e gestores de clientes da marca. A unidade mantém sinergia com a matriz na Alemanha e atua com foco também na América Latina e outros mercados. Segundo a MercedesBenz do Brasil, desde o início das operações, em 1982, já foram registradas mais 440 mil participações em treinamentos, sendo cerca de 12.500 somente em 2021 no formato de ensino à distância (EAD) devido à pandemia. André Wulfhorst, gerente sênior de Desenvolvimento e Treinamento da Rede de Concessionários de Veículos

Comerciais da Mercedes-Benz do Brasil, disse que a pandemia provocou em 2020 o lançamento do Plano de Aceleração da Transformação Digital, iniciativa que, segundo, ele contribuiu para o contato à distância com os profissionais da rede e mantendo-os atualizados e especializados sem a necessidade de deslocamento. No primeiro ano da pandemia, foram registrados mais de 10.000 participantes nos treinamentos EAD. Segundo Wulfhorst, hoje dos 600 títulos de treinamentos oferecidos pelo Centro de Treinamento cerca de 230 já estão no formato EAD. “Isso envolveu mais do que a digitalização dos materiais de treinamento, mas sim uma transformação completa dos cursos usando a metodologia do ensino à distância", disse. Recriamos também a plataforma de cadastro e de interação dos treinandos com a ferramenta”, completou.

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RECEITA DE SUCESSO

No final de agosto a DAF come morou o recorde vendas de ca minhões pesados e atingiu o li ceniamento de 4.177 unidades em 2022, volume 16,4% superior às 3.590 alcan çadas nos primeiros oito meses do ano passado. Neste mesmo comparativo, a Volkswagen avançou 21,4% e a Volvo 8,3%, enquanto Iveco, Mercedes-Benz e Scania sofreram retração. no mercado geral, o segmento de pesados caiu 6% entre janeiro e agosto desse ano, redu ção causada principalmente pela falta de componentes, problema que atin giu todos os fabricantes do setor, po rém com diferentes intensidades. Segundo Luis Gambim, diretor co mercial da DAF Caminhões, a montadora foi menos afetada pela falta de peças porque o Grupo Paccar, do qual faz parte, possui acordos globais com fornece dores estratégicos que ajudam a redu zir o impacto da falta de componentes na linha de produção. Apesar de as pre visões do setor indicarem que o proble

ma ainda deve se estender pelo primei ro semestre de 2023, o executivo afir mou que a expectativa da marca é de crescimento em torno de 30% até o fi nal de desse ano.

Gambim está à frente da direto ria comercial da empresa desde 2015, e desde então tem visto os números da marca só crescerem ano a ano. Na sua avaliação, o bom desempenho se de ve ao plano de negócios traçado ainda em 2011 ao estabelecer uma meta para a rede de concessionários, junto com a construção da fábrica em Ponta Gros sa/PR, tudo realizado em dois anos.

“A DAF segue os planos estratégi cos anunciados no Brasil e isso contri bui para seu sucesso, além dos lançamentos de produtos de qualidade e do crescimento sustentável”, afirmou. Na entrevista a seguir, o executivo afirma, entre outras citações, que a chegada ao mercado do novo DAF com sua tecno logia marcou uma nova fase da marca no mercado brasileiro.

Estamos dentro da projeção do início do ano, de crescer em torno de 30% comparado a 2021 e superando o desempenho do mercado de caminhões

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ENTREVISTA

REVISTA O CARRETEIRO – Entre janeiro e agosto foram licenciados 4.310 caminhões DAF, dos quais 4.177 são pesados e 133 se mipesados. Esses números estão dentro das previsões da empresa para 2022? Que resul tado você imagina para a marca esse ano e sobre as pré-compras, elas estão acontecendo dentro do previsto?

LUIS GAMBIM - Estamos dentro da pro jeção do início do ano, de crescer em tor no de 30% comparado a 2021 e superan do o desempenho do mercado de cami nhões. Segundo a Anfavea, a previsão é de 146 mil veículos pesados (caminhões e ônibus) emplacados em 2022, dos quais 129 mil serão caminhões. Esse vo

lume é semelhante ao de 2021, de 128,7 mil. Com relação a pré-compra, podemos observar um aquecimento do mercado, com demandas grandes de negócios pa ra serem concretizados. Os clientes co meçaram a despertar para o movimento de pré-compra. Prova disso são os resul tados das vendas de agosto, um recorde para a DAF.

O CARRETEIRO – Como estão as vendas desse ano para clientes que já tinham cami nhões DAF e transportadores que fizeram a primeira compra da marca?

GAMBIM - Temos uma taxa de cresci mento de 30% de novos clientes. Uma

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Fotos DIVULGAÇÃO

das razões deste crescimento é termos entrado para um novo segmento no iní cio deste ano, com o lançamento do No vo DAF CF semipesado rígido com motor PACCAR GR-7, de 6.7 litros.

O CARRETEIRO – Diante das taxas de juros, mais o aumento de preços que virá em razão da fase Euro 6, como você imagina o mercado de caminhões em 2023?

GAMBIM - Tendo em vista a manuten ção da taxa de juros em níveis altos, o que não é bom para o cliente do setor de transportes, estamos trabalhando com uma previsão de queda na faixa de 6% no início do ano. Atrelado a isso temos o aumento do preço do caminhão Euro 6. Por isso, acreditamos que deve se con firmar uma queda no mercado em 2023.

O CARRETEIRO - Você considera o DAF XF lançado no segundo semestre de 2020 um divisor de águas da atuação da marca no País; e também que o avanço para ofertar produtos nivelados aos de tradicionais con correntes no mercado brasileiro tenha con

tribuído para o crescimento da marca mer cado brasileiro?

GAMBIM - Sim, certamente contribuiu. O novo DAF XF representa a renova ção da nossa linha de produtos. O mo tor PACCAR MX-13 passou por diversas melhorias e foram agregadas tecnolo gias como o downspeed e o multitor que. Aliado a transmissões otimizadas, eixos traseiros de elevada eficiência e uma melhor aerodinâmica, o DAF XF oferece até 14% de economia no con sumo de combustível, sendo sim um di visor de águas para o crescimento da marca. A tecnologia embutida, direta mente aliada à maior economia e mais segurança, a robustez, acabamento premium e o conforto tornam o DAF XF um dos favoritos dos motoristas.

O CARRETEIRO - Até julho foram licenciados 108 caminhões da linha CF semipesados em um segmento que absorveu pouco mais de 18 mil unidades nos primeiros sete meses do ano. Tratando-se de um produto bem tra balhado e competitivo, o que faltou para as

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ENTREVISTA
O pós-vendas é prioridade para nós na DAF, na parte de capacitação dos nossos profissionais da área técnica e na expansão da rede, para que o cliente possa ter maior satisfação com a nossa marca

vendas do modelo terem sido maiores?

GAMBIM - Com o lançamento do Novo DAF CF semipesado rígido entramos em um segmento não explorado antes por nós. Nosso compromisso com este lan çamento e com o segmento é de longo prazo e focamos na qualidade das ven das. Conforme dissemos na época, ape sar de ter sido lançado em janeiro estava em nossos planos começar a produção maior a partir de abril, com previsão de produzir 200 caminhões até junho deste ano, para estarem disponíveis aos clien tes nas concessionárias e disponíveis pa ra o primeiro contato. Estamos atuando com o modelo nas versões 6x2 e 8x2, no segmento premium, e nossa expectativa é ter um avanço grande no segundo se mestre neste segmento.

O CARRETEIRO - Como você avalia a eficiência da rede e dos serviços pós-vendas desta cados pela montadora também como fato res responsáveis pelo crescimento da marca no mercado brasileiro?

GAMBIM - O pós-vendas é prioridade

para nós na DAF. Houve um aumento da estrutura e dos planos de manuten ção da marca. Em função da nossa atual frota circulante, o pós-venda passou a ser prioritário na parte de capacitação dos nossos profissionais da área técni ca e na expansão da rede, para que o cliente possa ter maior satisfação com nossa marca.

O CARRETEIRO - Atualmente a rede é for mada por quantas concessionárias e qual é a meta da DAF para os próximos anos. Ou seja, quais regiões do Brasil precisam ainda serem mais exploradas pela marca, inclusi ve com instalação de novas concessionárias?

GAMBIM – Atualmente temos 52 conces sionárias no País e a previsão é de abrir mos mais 8, chegando a 60 unidades até o final do ano. Hoje a DAF já possui co bertura em 100% do território nacional, todas as regiões estão sendo exploradas neste momento e estamos trabalhando na capilaridade para atender o segmen to semipesado, que demanda um traba lho mais próximo do cliente..

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BENEFÍCIO PALI

18 Fotos SHUTTERSTOCK/SIDNEY DE ALMEIDA e ARQUIVO PESSOAL PROFISSÃO

ATIVO

Apesar do auxílio caminhoneiro não resolver de forma eficiente o problema do autônomo em relação aos prejuízos causados pela alta do diesel e o baixo valor de frete, os profissionais contemplados com o benefício afirmam que o dinheiro chegou em boa hora, pois está sendo usado para a compra de pneus e colocar em dia a manutenção do caminhão

O auxílio caminhoneiro começou a ser pago para mais de 190 mil profissionais, conforme dados do Ministério do Trabalho e da Previ dência. Para poder ter acesso ao benefí cio o profissional deve estar devidamen te cadastrado no Registro Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (RN TRC) e com a Carteira Nacional de Habi litação (CNH) e o CPF válidos. Não é pre ciso nenhum comprovante de compra de óleo diesel para ter ireito e o benefício é depositado diretamente para o trans portador autônomo, independentemen te do número de caminhões que possuir. O principal objetivo dessa ação é tentar amenizar os efeitos negativos provoca dos pelas constantes altas de preço do diesel, as quais o acumulado entre junho de 2021 e julho de 2022 atingiu 52,69%.

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Para Marlon Maues, da CNTA, o valor do auxilio não é muito significativo para o caminhoneiro que percorre longas distâncias

Mas até que ponto o benefício real mente vai ajudar o autônomo a enfren tar a crise econômica na profissão, resul tada de aumentos dos insumos e do bai xo valor de fretes? Para Marlon Maues, executivo da Confederação Nacional do Transportador Autônomo (CNTA), todo o auxílio é bem-vindo. Porém, quando se leva em consideração a realidade do ca minhoneiro autônomo, o valor mensal de R$ 1.000,00 pago pelo governo passa a ser apenas uma solução paliativa.

“Vamos pegar o exemplo de um ca minhoneiro que tem um caminhão com capacidade para 400 litros de diesel e autonomia de 1,5 km por litro. Estamos falando de 600km de autonomia, um pouco mais que a distância entre São Paulo e Curitiba, ou São Paulo e Rio de Janeiro. Para quem percorre longas dis tâncias, o valor não é muito significativo. Se falarmos de compra de pneus, esse valor é 50% do preço de um pneu novo. Dependendo do caminhão, pode chegar a 20 unidades. Por esse motivo o valor dessa parcela é irrisório diante da neces sidade real do autônomo”, explicou.

Marlon ressalta que a Confederação defende a ideia de mudanças estruturais para tirar o caminhoneiro de uma situa ção de hipossuficiência e colocá-lo como um “nano empresário” do seu negócio. “De dentro da cabine o caminhoneiro faz a gestão dos seus recursos seja de recei ta ou de despesas com cuidados com o meio ambiente e segurança para prestar um bom serviço”, explicou.

Um dos pontos defendidos por ele, e,

que prejudica muito o ganho do autôno mo, é o impedimento de negociar o fre te direto com o embarcador, pois ao ser contratado por uma transportadora 30% do valor ficam com a empresa e ainda tem creditado PIS e COFINS por subcon tratarem serviço de transporte prestado por pessoa física, transportador autô nomo ou por pessoa jurídica transpor tadora optante pelo Simples Nacional. “Se essa negociação fosse sem interme diários, o carreteiro e o embarcador lu crariam mais. O ecossistema está doente e é preciso ações para melhorar de fato a rotina dos caminhoneiros, e não iniciati vas paliativas como o auxílio, disponibi lizado pelo governo apenas para pacifi car”, explicou.

Os caminhoneiros entendem que o auxílio também não resolve os gran des problemas da categoria como a alta constante do diesel, aumento dos cus tos do caminhão como pneus, manuten

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PROFISSÃO

O autônomo

Casemiro Wolski disse que o benefício chegou em boa hora, mas ainda não resolve o problema da categoria

ção e alimentação, mais a desvalorização do preço do frete. Todas essas questões vêm tirando o sono dos profissionais. Para driblar a situação, alguns diversifi caram o tipo de frete, enquanto outros trocaram as viagens longas por trechos mais curtos. Com o faturamento redu zido, os autônomos não conseguem se programar para investir no próprio ne gócio. Então, acreditam que mesmo não sendo a solução ideal, reconhecem que o benefício chegou em boa hora e que vai ajudar a pagar parte das despesas do ca

minhão e também das contas da casa. Casemiro Wolski Junior, de Palmei ra/PR, trabalha como autônomo desde 2008 e considera que o benefício che gou em boa hora, mas ainda é necessá rio muito ajuste para melhorar o dia a dia na estrada. "Eu estou recebendo o auxílio caminhoneiro, porém, não resolve o pro blema, porque o preço do diesel está um absurdo. Não me lembro de nenhum ou tro período que o diesel estivesse mais caro que a gasolina desde que comecei a trabalhar como autônomo. Mas não pos

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PROFISSÃO

Heleno Francisco financiou a compra de pneus para seu caminhão e disse que pagará as parcelas com o dinheiro que virá do benefício

Heleno Francisco financiou a compra de pneus para seu caminhão e disse que pagará as parcelas com o dinheiro que virá do benefício

so negar que o benefício vai nos ajudar. Eu já decidi o destino desse dinheiro, se rá todo investido no caminhão. Já com prei seis pneus novos e parcelei o valor”.

so negar que o benefício vai nos ajudar. Eu já decidi o destino desse dinheiro, se rá todo investido no caminhão. Já com prei seis pneus novos e parcelei o valor”.

Heleno Franciso da Silva Filho, 18 anos de estrada e seis como autônomo, é de Garanhuns/PE e diz que já teve outras fa ses ruins no transporte, mas ainda acre dita em melhora. “Na minha opinião, R$ 6 mil é uma boa ajuda, porém o certo seria baixar o preço do óleo diesel. Isso sim aju daria nós caminhoneiro e todos os brasi leiros”, opinou.

Heleno Franciso da Silva de estrada e seis como Garanhuns/PE e diz que ses ruins no transporte, dita em melhora. “Na minha mil é uma boa ajuda, porém baixar o preço do óleo diesel. daria nós caminhoneiro leiros”, opinou.

Porém, em sua opinião seria realmen te justo e eficiente ter o preço do die sel reduzido, valorização da mão de obra do caminhoneiro e um frete que acom panha a alta dos preços. “Caso nenhu ma medida efetiva seja realmente toma da, eu acredito que em um prazo de 10 a 15 anos o transportador autônomo po derá desaparecer. A falta de motorista já é uma realidade no Brasil e no mundo e isso tende a piorar", acredita.

Porém, em sua opinião seria realmen te justo e eficiente ter o preço do die sel reduzido, valorização da mão de obra do caminhoneiro e um frete que acom panha a alta dos preços. “Caso nenhu ma medida efetiva seja realmente toma da, eu acredito que em um prazo de 10 a 15 anos o transportador autônomo po derá desaparecer. A falta de motorista já é uma realidade no Brasil e no mundo e isso tende a piorar", acredita.

Com o benefício Heleno também pre tende investir no caminhão. “Comprei pneus e financiei. Com as parcelas do be nefício vou quitando os boletos. Afinal, esse dinheiro é para o nosso negócio, en tão não vou desviar para outras coisas. Agora é pedir saúde para continuar a lu ta. Nenhuma crise é para sempre, uma hora passa”, afirmou.

Nivaldo de Farias (QRA Pinóquio), 47 anos de idade, 29 de profissão, de

Com o benefício Heleno tende investir no caminhão. pneus e financiei. Com as nefício vou quitando os esse dinheiro é para o nosso tão não vou desviar para Agora é pedir saúde para ta. Nenhuma crise é para hora passa”, afirmou. Nivaldo de Farias 47 anos de idade, 29

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PROFISSÃO
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A situação não está fácil. Tudo que puder ajudar será bem-vindo, comentou Nivaldo de Farias

Maceió/AL, herdou a profissão do avô e do pai. "A vida do autônomo é difícil e a nossa luta foi sempre grande. Nun ca vi nada de bom acontecer para o ca minhoneiro, mas tudo que puder aju dar será bem-vindo. As coisas não es tão fáceis. Faço a rota Nordeste-São Paulo e recebo frete de R$ 23 mil reais, mas gasto R$ 16 mil com combustível. Sobra pouco para manter a manuten ção do caminhão e as nossas despe sas. Somos muito fragilizados e desva lorizados, como se não tivesse ninguém por nós. O que me sustenta até hoje é a paixão que tenho pela profissão. Peço a Deus saúde e ajuda a mim e a todos os colegas", concluiu.

Em relação ao uso do benefício, Mar lon Maues afirmou que a Confederação não tem um direcionamento único, mas

recomendação que o profissional ava lie o nível de prioridade da ação e faça uso desse recurso para minimizar as di ficuldades mais urgentes. “Uns podem estar com uma carência de auxílio mé dico, outros com necessidade dentro de casa com manutenção, por exemplo. Afi nal, esse recurso não é carimbado foi da do para o caminhoneiro e não necessa riamente para ser usado no seu negócio. Portanto, a única dica é que esse benefí cio seja aplicado aonde é mais emergen cial”, sugeriu.

VOCÊ ESTÁ APTO PARA RECEBER O AUXÍLIO? - A CNTA acaba de disponibi lizar no seu site (www.cnta.org.br) carti lha para sanar dúvidas do auxílio cami nhoneiro através de informações forne cidas pelo Ministério do Trabalho. Entre

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PROFISSÃO

as principais dúvidas que surgiram do auxílio caminhoneiro estão sobre quem tem o direito de receber o benefício, co mo saber quem está apto a receber e quem precisa fazer a autodeclaração.

CNTA chama atenção para que o caminhoneiro verifique se está em dia com todas as exigências para não ter problemas nos próximos recebimentos do benefício. A categoria MEI Caminho neiro poderá receber desde que cadas trado como Transportador Autônomo de Cargas no RNTR-C. O transportador que opta pelo MEI Caminhoneiro deve rá registrar-se no RNTRC na categoria “TAC - Transportador Autônomo de Car gas”, conforme o Art. 18-F da Lei com plementar n° 123/2006. Maiores infor mações podem ser obtidas no endereço eletrônico da ANTT https://portal.antt.

gov.br/rntrc

DE PAGAMENTO

O auxílio ao caminhoneiro será pago por meio de poupança social digital, cujo depósito é operacionalizado pela Caixa Econômica Federal por meio do aplica tivo "CAIXA Tem" acessado no endereço eletrônico https://www.caixa.gov.br/cai xatem/Paginas/default.aspx. Os valores não movimentados no prazo de 90 dias, contados da data de depósito, retorna rão para a União.

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Parcela Pagamento 1ª e 2ª 9 de agosto – 6 de setembro 3ª 24 de setembro 4ª 22 de outubro 5ª 26 de novembro 6ª 17 de dezembro
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O alto preço do diesel e os baixos valores do frete são os maiores problemas dos caminhoneiros autônomos

ELAS FAZEM A DIFERENÇA

Mulheres que atuam no setor de transporte rodoviário de cargas contam que enfrentaram preconceitos, falta de apoio de familiares e de amigos para atingir seus objetivos. Hoje suas trajetórias servem de inspiração e motivação para outras o que também desejam mostrar a competência e capacidade para ocupar vagas dominadas pelos homens

26 PROFISSÃO

Falar de mulheres ocupando diver sos tipos de cargos dentro do se tor de transporte rodoviário de cargas deixou de ser um assunto abor dado com ressalvas e preconceito. As oportunidades para o público feminino em áreas como oficina mecânica, logísti

ca, motorista e liderança em gestão são cada vez mais comuns. Muitas empresas já enxergaram o potencial de profissio nais do sexo feminino as preferem em certas funções por apresentarem vanta gens como aumento de produtividade, menor índice de retrabalho e redução de custos da operação. Dados do Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC),

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Fotos SHUTTERSTOCK e ARQUIVO PESSOAL DANIELA GIOPATO

órgão parceiro do Setcesp, mostram que somente no Estado de São Paulo a par ticipação feminina no TRC aumentou em 61% em 2021 em relação ao ano anterior.

Todo esse cenário positivo em rela ção a participação das mulheres no se tor é um fator que vem contribuindo pa ra encorajar outras a se candidatarem a vagas, que antes dominadas pelos ho mens, e realizarem o seu sonho. Algu mas que deram os primeiros passos no setor já estão escrevendo suas histórias, realizando seu trabalho e reforçando a ideia de que competência está relaciona da a habilidade e não ao sexo biológico.

Maria Joceana saiu da Bahia para fazer curso de motorista em São Paulo e hoje manobra carretas para carga e descarga em uma transportadora

É o caso da Maria Joceana de Jesus Neves, 46 anos, de Itamaraju, Sul da Bahia, cujo sonho era de ser caminho neira. Porém, morando em uma região de poucos recursos ela não conseguia enxergar de que maneira poderia alcan çar esse objetivo. Trabalhava em uma empresa que prestava serviço na área de saúde em uma tribo indígena, e sem pre que via caminhões com mulheres ao volante pensava se um dia iria conseguir seguir na profissão.

“Sem escola profissionalizante e nem locais para fazer um treinamento, minha cidade não tinha como me dar um su

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PROFISSÃO

porte. Então, como primeiro passo ven di a minha moto para pagar as despe sas da troca da minha CNH. Minha famí lia foi imediatamente contra, pois era o meu único meio de transporte. Fiz o cur so e decidi que era a hora de correr atras do meu sonho. Pedi demissão da empre sa e comecei a fazer buscas. Foi quan do eu ouvi falar da Fabet e me interes sei”, explicou.

Joceana conta que ligou na funda ção para obter mais informações e fez a inscrição quando soube da possibi lidade de tentar uma bolsa para o cur so de motorista. No dia seguinte foi sur

preendida com uma ligação dizendo que havia conseguido a bolsa oferecida por uma empresa que arcaria com os custos do curso, estadia e alimentação. Resta va a ela apenas custear sua viagem pa ra São Paulo.

“Sem pensar muito comprei a passa gem e agradeci a Deus por aquela opor tunidade. Somente depois contei para a família e mais uma vez não tive o apoio. Disseram que eu estava louca. Senti me do, afinal nunca havia viajado para uma cidade grande. Não sei como eu conse gui força e coragem, mas meu sonho falou mais alto e algo me dizia para con fiar”, contou.

Durante o período do curso Jocea na procurou se dedicar ao máximo pa ra conseguir bons resultados e ao lon go das aulas ela foi se destacando e evoluindo. O bom desempeno lhe ren deu uma oportunidade de trabalho na mesma empresa que a patrocinou. “Eu realmente havia conquistado o meu so nho. Meu único desafio nesse momen to foi ter de ficar longe da minha famí lia. A saudade era grande, mas não po deria perder aquela chance. Com apoio da empresa ela alugou uma casa próxi ma ao meu trabalho e foi se estabilizan do. “Hoje o meu trabalho é pegar as car retas, levar até o galpão e depois para o pátio e descarregar. Cinco meses depois consegui visitar a minha família que fi nalmente havia entendido a minha es colha e passou a se orgulhar e a me apoiar”, complementou.

A falta de infraestrutura e de ba nheiros para mulheres são dificuldades apontadas por Joceana, que ainda re presentam dificuldades para as mulhe res motoristas. Porém, ela tem opinião de que o preconceito diminuiu, porque os homens já entenderam que a mulher

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Shirley vendeu loja de roupa e fez curso na Fabet para ser motorista. Atualmente ela dirige caminhão da Braspress na coleta e entrega

pode estar aonde ela quiser. “Não existem dificuldades para mulher. Somos dedicadas e assim conseguimos tudo. As vezes as próprias mulheres colocam empecilhos. Hoje eu sei que sou exemplo de superação, e que algumas pessoas se identificam com a minha história. Então eu acredito que se uma mulher tem um sonho ela tem que correr atrás e não deixar ninguém a impeça”, sugeriu.

Shirley Fátima Lunca, de Maringá/PR, é filha e irmã de caminhoneiro e seu sobrinho é dono de frota de caminhão. Ela vendeu sua loja de roupa para pagar o curso de motorista oferecido pela Fabet

e tirou CNH na categoria E. Ela contou que viajava bastante com seus pais pelo Brasil quando era criança e aprendeu a amar a profissão. Seu pai faleceu em acidente quando ela tinha 10 anos. Mais tarde veio a se casar com uma pessoa de outra área; tiveram filhos e se separaram há seis anos. “Trabalhei 15 anos com moda, mas sempre tive vontade de ser motorista de caminhão,só que eu não ia atrás porque achava que não tinha mais idade para ingressar na profissão. Foi meu filho mais velho que me incentivou a ir atrás do meu sonho”, disse.

Após finalizar o curso na Fabet, a

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PROFISSÃO

Josivânia afirma que já teve de ficar em hotel por não poder entrar em empresa junto com o marido caminhoneiro

Braspress ofereceu oportunidade de trabalho para Shirley. Hoje ela faz coleta e entrega, porém já está sendo preparada para dirigir carreta, seu grande objetivo. “Já estou fazendo manobras com carreta dentro da empresa para que em breve ou possa viajar”, comemora. Shirley diz que seu único arrependimento foi de não ter seguido seu sonho antes.

E para as mulheres que, assim como ela querem ser motorista, ou ter qualquer outra profissão ligada ao transporte, Shirley tem um conselho. “A primeira oportunidade realmente é bastante complicada. As empresas ainda pre-

cisam estar dispostas incentivar o ingresso de mulheres sem prática na profissão; oferecer cursos e treinamentos. Mas se tiver um sonho é importante correr atrás sem ficar pensando muito. Parada é que não dá para ficar. Hoje eu sei que sou inspiração para muitas pois sou prova que quando queremos e vamos atrás não existe nada que nos impeça”, finalizou.

Apesar de não dirigir caminhão, Josivania Santos Batista, de Solânea/PB, é casada há dois anos com o caminhoneiro Hércules Lennon Silva de Carvalho, e viaja ao lado dele há um ano. Conheci-

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da como Cristal – assim como as demais esposas de caminhoneiros -, Josi expli ca que as dificuldades enfrentadas por ela são bem parecidas com as das cami nhoneiras. “A falta de infraestrutura pa ra mulheres na estrada é muito grande. Além disso, muitas empresas não per mitem a entrada das esposas, que são obrigadas a aguardar por horas do lado de fora. Uma vez cheguei a ficar em um hotel. Esse desrespeito acontece tam bém com os caminhoneiros, seja homem ou mulher”, lamenta.

Para Josivania, a esposa de caminho neiro tem um papel importante dentro do transporte, pois ela ajuda em algu mas atividades, sem contar na compa nhia diária. “Ele sempre me diz que se sente mais motivado por eu estar ao seu lado e consegue dividir os proble mas, as alegrias, as inseguranças e não se sente sozinho. Quando decidimos fi car juntos eu não tive dúvidas do que deveria fazer. Como a gente morava em cidades diferentes achei melhor lar gar o meu emprego e me dedicar à vida na estrada ao lado dele. Sempre gostei

Josivânia afirma que já teve de ficar em hotel por não poder entrar em empresa junto com o marido caminhoneiro

dessa profissão e estou podendo reali zar um sonho.

Mas Josivania faz um alerta para as mulheres que também tem vontade de ser uma Cristal e ajudar os maridos na profissão. “É importante estar prepara da para encarar os desafios e ter a cons ciência de que a vida na estrada real mente não é fácil”. Na sua opiniãom, as empresas poderaim mudar de postura e olhar com mais respeito para as esposas que acompanham os caminhoneiros. Diz também que o governo deveria melho rar a infraestrutura nas estradas.

Outra mulher que venceu o medo e o preconceito para atuar em uma área dominada pelos homens é a gerente de manutenção da Transportadora Miras sol, Naira Souza dos Santos, 40 anos de idade e 10 de profissão. Ela começou a atuar no setor de transporte no depar tamento de compras de uma transpor tadora. Depois foi promovida para a área de suprimentos e passou a conhe cer mais profundamente as peças de um caminhão, como motor, filtro, pneus e a saber mais sobre carretas.

“Para fazer meu trabalho com mais eficiência precisei me aprofundar. E quando surgiu a oportunidade de atuar na coordenação da área de manutenção, alguns colegas me incentivaram e con versaram com o gerente da transporta dora. Ele acreditou no meu potencial e em todo conhecimento que eu já havia adquirido em passagens por outros de partamentos. “Eu sabia exatamente as peças que precisavam ser trocadas e ti nha noção de todo o sistema”, lembrou.

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PROFISSÃO

Naira procurou conhecer profundamente peças de caminhão para se manter na área

Naira conta que agarrou a oportuni dade, mas na época seu pai não ficou sa tisfeito se tratar de um ambiente ocupa do em sua maioria por homens. Porém ele nunca a impediu de seguir na profis são e em pouco tempo entendeu a se riedade da empresa e também a compe tência da filha.

Outros desafios surgiram, mas ela diz que enfrentou apenas episódios de preconceito. “Quando eu assumi a li derança da manutenção, um mecânico questionou o meu conhecimento e o fa to de ser uma mulher no cargo. Mas, co mo estava bastante segura das minhas habilidades, eu ignorei e segui com o meu trabalho”, lembrou.

Atualmente Naira coordena a equipe de mecânicos e a parte administrativa de controle de manutenção. Ela direcio na o veículo que precisa fazer a manu tenção tanto preventiva quanto correti va e tem consciência de que o setor de mecânica é um ambiente de difícil aces so para a mulher, principalmente pela falta de informação.

Destaca que a automatização dos caminhões facilitou o acesso da mu lher à profissão de motorista e acredi ta que muitas não têm uma ideia mui to clara sobre isso, pois têm somente o conhecimento administrativo. “Por con ta da própria sociedade, quando se fala em transporte as mulheres acabam se li mitando a cargos administrativos. Exis te um leque de opções e diversidades de oportunidades, mas às vezes a empresa não abre essa porta e a mulher também prefere não se arriscar”, comentou.

Naira acredita que o primeiro passo para mulheres que estão pensando em se arriscar em setores dominados pelos homens é sair da zona de conforto e ir atrás de seus e objetivos. “Muitas pes soas vão tentar impedir, desmotivar, mas o importante é estar determinada sobre o que deseja fazer. Eu sempre pro curei me inteirar de tudo para poder ser competente dentro da minha atividade, sempre procurei também valorizar o tra balho em equipe e estar atenta a tudo ao meu redor”, concluiu.

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OPERAÇÃO MAIS EFICIENTE

Aconectividade chegou para faci litar o dia a dia de todos os pro fissionais do setor de transpor te, seja ele o empresário, transportador, embarcador ou o motorista, já que essa tecnologia permite o acompanhamento em tempo real de várias funções do ca minhão e da condução. No caso específi co do autônomo, as vantagens vão des de o aumento de eficiência à conquista de melhores oportunidades de frete e maior da segurança durante a operação.

Conectividade, palavra que já faz par

te do vocabulário de todos os profissio nais envolvidos no transporte rodoviá rio de cargas, é um sistema de gerencia mento que acompanha várias funções do caminhão e do modo de condução. Por esse motivo é uma ferramenta que contribui para o aumento da eficiência no transporte e melhora do gerencia mento da manutenção do veículo, além de contribuir para a redução de custos operacionais.

Um veículo conectado gera dados que ajudam a melhorar a produtivida de e a redução de custos com manuten ção e combustível. As informações apon tam também em tempo real o comporta

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DANIELA GIOPATO
TECNOLOGIA

Todo motorista de caminhão sabe dirigir, mas sempre há algo que pode ser melhorado para a redução de consumo de combustível, preservação de componentes do veículo e aumento da segurança. Esse suporte pode ser dado pela conectividade, ferramenta cada dia mais presente no setor de transporte rodoviário

mento do caminhão durante os trajetos e avisa sobre a manutenção preventiva evitando paradas não programadas. Os hábitos do motorista ao volante também são avaliados para melhorar seu desem penho principalmente sobre a redução de consumo de combustível e de preser vação dos componentes.

Ainda sobre a dirigibilidade, a conec tividade permite ao motorista ter aces so a relatórios que mostram seu desem penho, bem como quais os pontos pre cisam ser aprimorados no seu modo de dirigir. Se for o caso, ele é incentivado a buscar o aperfeiçoamento através de cursos, treinamentos, uma vez que ele

passa a enxergar as reais vantagens. O principal impacto de uma condução mais eficiente é a redução do combustível, se guida da economia de pneus e de freios entre outros componentes.

Com a posse de informações sobre a condução, consumo e manutenção, en tre outros itens, o autônomo tem mais dados concretos para fazer a sua plani lha de custos e assim ter previsibilida de dos seus gastos e ganhos. Consegue também calcular melhor o frete e saber se o valor negociado para um determi nado trecho realmente vale a pena, para evitar prejuízos em viagens contratadas.

Outro ponto importante é a manu

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Fotos SHUTTERSTOCK

TECNOLOGIA

tenção preventiva programada, realiza da sem esperar uma peça quebrar ou até mesmo correr o risco de o caminhão fi car parado aguardando o reparo. Entre tanto, apesar de todos os benefícios, a conectividade é um serviço que muitos autônomos ainda não utilizam até por acreditar não entender sua utilidade, embora as vantagens vão desde a opor tunidade de conseguir melhores fretes até aumento da segurança.

O engenheiro Antonio Lauro Valdi via Neto, profissional especializado em transporte, ressalta que o modo de di rigir o caminhão é o fator que mais im pacta no consumo, podendo chegar a uma diferença de até 20%. "Motoristas que trocam a marcha no momento cor reto acabam freando menos, pois utili zam mais o freio motor. Por outro lado, manter o motor bem regulado, pneus calibrados e troca de óleo em dia tam bém contam muito”.

A falta de prudência na estrada é um dos grandes problemas relacionados à segurança viária, pois o comportamento

de quem está ao volante de um veículo de carga é fator decisivo para evitar ou provocar um acidente. A imprudência geralmente se manifesta na alta veloci dade e ultrapassagens em locais proibi dos (curvas, pontes e faixas contínuas) aumentando a insegurança e o número de ocorrências.

A segurança é comprometida tam bém pela falta de atenção durante a concução. Ela se dá não somente pela distração com outras coisas, como tam bém por cansaço e fadiga. Por isso não raramente um caminhão bate na trasei ra de outro ou sai da pista em locais on de as condições de segurança são boas. Por meio de recursos da conectivida de o motorista entende todas as vanta gens de manter uma boa dirigibilidade e automaticamente conseguir visualizar onde ele precisa melhorar para manter a eficiência. O resultado é um profissio nal preocupado em promover um trânsi to mais seguro e que contribui para a re dução do número de acidentes e de ou tras consequências negativas.

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Caminhão conectado gera dados que melhoram a produtividade e a redução de custos com manutenção e diesel

INFORMAÇÃO É O QUE MANTÉM

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Trucão com Pé na Estrada traz, a cada programa, novidades, dicas, lançamentos, informações, o dia a dia do trecho e o bom bate-papo de sempre.

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Iniciativas promovem discussões e ações para ampliar a presença feminina em mais funções no setor do transporte rodoviário de cargas, valorizam as profissionais que já atuam e ajudam transportadores a serem mais inclusivos adotando critérios mais justos no momento da contratação de profissionais, que levem em consideração comprometimento, talento, competência e não o gênero

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Aparticipação das mulheres no transporte rodoviário de cargas está crescendo de maneira gradual. Alguns números comprovam essa nova realidade e mostram haver uma tendência das grandes corporações em apostarem na adversidade e fazer escolhas com base no talento, comprometi-

mento e competência do candidato. Dados do Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC), órgão de pesquisa parceiro do Setcesp, mostrou que em 2021 aconteceram em São Paulo 32.094 contratações femininas para cargos no setor de transporte. O crescimento é 61% superior a 2020, especialmente nas áreas

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Fotos SHUTTERSTOCK e ARQUIVO PESSOAL DANIELA GIOPATO

PROFISSÃO

Para Ana Jarrouge, do Sest Senat, os desafios para as mulheres são muitos e passam por questões que envolvem infraestrutura e flexibilidade

administrativa e comercial, com representatividade feminina de 52% e 56% sobre a masculina, respectivamente. Já no setor operacional foram registradas 13.741 contratações femininas e 125 mil masculinas.

Desde 2015, o projeto do Sest Senat de Habilitação Profissional para o Transporte – Inserção de Novos Motoristas registrou a participação de 2.311 mulheres e em cinco anos a demanda cresceu 60,4% em cursos da instituição voltados para transporte de passageiros, produtos perigosos e escolar. Em 2019, os cursos mais procurados foram Cuida-

dos Especiais no Transporte de Escolares, Custos Operacionais do Transporte de Cargas e A Precificação no Transporte Rodoviário de Cargas.

Apesar do interesse feminino no setor de transporte rodoviário, o número de mulheres habilitadas com CNH para dirigir caminhão ainda é muito baixo em relação aos homens. Segundo a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), com dados de janeiro de 2022 do Registro Nacional de Carteira de Habilitação (Renach) foram registradas 4,39 milhões de CNHs para veículos pesados (caminhões e carretas), das quais 97,19% são para

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Curso de formação de mulheres e treinamento são algumas das apostas de empresas e instituições para valorizar e atrair mulheres para o setor

motoristas homens e apenas 2,81% para motoristas mulheres.

“O homem tem mais facilidade para se candidatar a qualquer vaga, mesmo quando está inseguro. Já a mulher precisa sentir segurança plena para se arriscar”, disse Ana Jarrouge, presidente executiva do Setcesp e idealizadora do Movimento Vez e Voz, ação que surgiu com o objetivo de valorizar as mulheres que já atuam no setor de transporte e atrair talentos para aumentar a participação feminina no setor. “É preciso acabar com esse paradigma e encorajar as mulheres a se candidatarem a qualquer vaga que

desejarem”, complementou.

Na sua avaliação existem dois setores dentro do TRC que apresentam escassez de mão de obra feminina e precisam ter a realidade mudada: o operacional (motorista, mecânico, analista e gerente de logística, conferente) e o C-Level, que engloba os cargos executivos). “Dentro do Movimento Vez e Voz entrevistamos mulheres que já atuam nessas funções e colocamos elas em destaque para se sentirem valorizadas e ao mesmo tempo encorajar e inspirar outras profissionais a enxergarem que realmente existe a possibilidade”.

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PROFISSÃO

Ebru Semizer, da Mercedes-Benz, acredita que movimentos como a Voz Delas contribuem para mudança positiva em relação a participação das mulheres no TRC

Caminhão A Voz Delas terá itens, nome e visual escolhidos por mulheres através de enquetes nas redes sociais da MercedesBenz e apresentado na Fenatran

Os desafios para as mulheres são muitos, e passam por questões que envolvem infraestrutura e flexibilidade. Ana Jarrouge afirma que as motoristas reclamam da falta de estrutura na estrada e nas empresas para as quais prestam serviços, sendo uma delas a falta de banheiro. Já nos cargos executivos a questão é a flexibilidade de jornada que esbarra em questões como a maternidade, por isso a necessidade de envolver as empresas nesse processo. “Estamos desenvolvendo um manual de boas práticas para orientar as empresas como se posicionam para atrair esse público e

mantê-las na atividade”, acrescentou.

Para Ana, essas ações são extremamente necessárias, pois o Brasil tem um mercado envelhecido e de carência de profissionais. Ela reforça que as mulheres apresentam um diferencial já percebido, principalmente quando se trata das motoristas. Disse que empresas relatam que elas contribuem para a redução do custo de manutenção, se envolvem menos em acidente, gostam de se capacitar e são mais atenciosas no trato com os clientes. “As empresas têm vagas abertas, mas dizem que não há candidatas. Temos que mostrar isso, que

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existem vagas e encorajá-las, pois esse é o caminho para tentarmos mudar essa realidade e atrair os talentos para o TRC”, concluiu.

Outra ação com o mesmo objetivo de ampliar a participação da mulher no TRC é o Movimento Voz Delas. Idealizado pela Mercedes-Benz, a iniciativa nasceu de uma demanda de mercado com base em relatos tanto de motoristas quanto de esposas sobre a falta de infraestrutura nas estradas. “Percebemos um número expressivo de mulheres que estavam passando por situações degradantes. Muitas vezes as esposas dos ca-

minhoneiros têm de aguardar do lado de fora da empresa, às vezes à noite, com filho no colo, enquanto o marido carrega ou descarrega o caminhão”, disse Ebru Semizer, gerente sênior de marketing comunicação & inteligência de mercado caminhões da Mercedes-Benz do Brasil.

No caso das mulheres motoristas, Ebru lembra que raramente elas encontram banheiro feminino para tomar um banho durante as viagens. “Foi com base nesses relatos que pensamos em criar um movimento para tentar mudar essa realidade e com isso trazer mais mulheres para o transporte”, explicou. Ela

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Para atrair mais mulheres para o quadro de funcionários, Tatiane Rabuske, da Ghelere, conta que a empresa fez diversas adaptações, inclusive na parte operacional

acrescentou que o primeiro passo, foi se aprofundar mais nessas questões para entender quais eram as principais barreiras que impediam uma mulher de tentar ser motorista ou até mesmo acompanhar o marido na estrada.

A partir da principal queixa das mulheres a Mercedes-Benz fez a parce-

ria para a reforma de posto de serviço em Goiânia/GO para servir de modelo de como deve funcionar um ponto de parada. “Colocamos uma lavanderia e banheiros higiênicos. O dono do posto registrou aumento de 10% no movimento constando que o investimento valeu a pena”, contou.

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PROFISSÃO

Para Ebru é muito importante levar essa questão para todas as empresas que fazem parte do processo de trans porte. “Esse é um dos objetivos do mo vimento, trazer essa consciência. Como uma das ações, as empresas que pos suem estrutura adequada para receber mulheres motoristas e cristais estão ga nhando selo apoiador do movimento. E, alguns parceiros estabelecem como con dição o transportador estar dentro des sas normas para serem contratados e as sim o movimento vai provocando um im pacto maior e trazendo bons resultados”

Dentro do portal do Movimento Voz Delas são disponibilizadas muitas infor mações para fazer as mulheres se senti rem mais valorizadas e se sentirem mais atraídas a participar do setor de trans porte rodoviário de cargas. Além de di cas o portal divulga vagas abertas para

facilitar a busca por uma oportunidade. Outra ação do movimento é a campanha Na direção do seu sonho, que ajudou no processo da CNH mulheres que queriam ser motoristas mas não tinham condi ções de fazer todo o processo.

Ebru lembra que esses movimentos estão contribuindo para uma mudança bastante positiva em relação a partici pação das mulheres no TRC e ampliam essa consciência dentro das empresas. Além disso, as associações estão se jun tando à essa causa e existem cursos di recionados para as mulheres. Adiantou que será promovido na Fenatran um Fórum das Mulheres no Transporte, com todas as iniciativas que estão contri buindo para mudar essa realidade. “Va mos levar também para a Feira um cami nhão Mercedes-Benz feito por mulheres para mulheres. Vamos fazer barulho e

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Empresas dizem que mulheres buscam sempre se capacitar e atualizar

chamar atenção para que essa causa se ja vista e abraçada. É um movimento on de realmente queremos dar voz a elas”. Tatiane Rabuske, coordenadora de RH da transportadora Ghelere, aposta no treinamento de motoristas para va lorizar os profissionais e reduzir a rota tividade na empresa. Os cursos duram 20 dias e apenas após esse período os profissionais estão liberados para come çar. “Começamos no ano passado e de pois da contratação nesse modelo nos sa rotatividade diminuiu bastante”, dis se. Ela acrescentou que o treinamento de homens e mulheres, com ou sem ex

Na opinião de Salete Argenton, da Fabet, é preciso investimentos sérios e de oportunidades para as mulheres ingressarem no setor e mostrarem a sua competência

periência alguma, é realizado em cami nhão trucado.

Atualmente a transportadora atua com seis mulheres. “Como o nosso ob jetivo sempre foi ampliar a participação das mulheres em todas as áreas da nos sa empresa fomos nos adequando pa ra atrair essa mão de obra. No caso das motoristas, optamos em deixá-las tra balhar com os caminhões automatiza dos e em rotas mais curtas para ficarem afastadas dos filhos por grandes perío dos”, explicou. Em relação à falta de in fraestrutura nas rodovias, Tatiane afir mou que trabalha apenas com postos de grande porte e que ofereçam estrutura adequada para receber os motoristas da transportadora, sejam eles homens ou mulheres. Atualmente a Ghelere conti nua se adaptando para atrair mais mu lheres para trabalhar na empresa.

Há mais de um ano a Fabet vem for talecendo a inserção de motoristas no setor de transporte. De acordo com a gerente geral da Filial SP, Salete M. Ar genton, após mais de 12 meses de ações diversas, dezenas de mulheres forma das e atuando, o problema da falta de investimentos das empresas em prepa rar, formar, educar as mulheres para a atividade continua. “Precisamos urgen te de investimentos sérios e de oportu nidades para as mulheres ingressarem e mostrarem o seu talento e competência na arte de conduzir caminhões moder nos e tecnológicos, seja para operações urbanas, rodoviárias, off road ou inter nacional. Nossas ex-alunas estão espa

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lhadas pelo Brasil e pelos diversos perfis de transporte, comprovando a qualidade do seu trabalho”, relatou.

Salete explicou que a Fabet incluiu sempre mulheres em todos os seus cur sos, porém com baixíssima aderência. Em 2021, com a iniciativa da Mercedes Benz de criar o programa Voz Delas, a instituição decidiu construir um progra ma de formação voltado especialmente para o público feminino com temas téc nicos e fundamentais, como mecânica, direção econômica, tecnologias embar cadas e agregadas, legislação, seguran ça, pneus, prática supervisionada, entre outros.

Além de uma proposta pedagógica diferenciada, com especialistas de ca da área, Salete explica que é construí do um ambiente adequado, com equipe de acompanhamento durante o treina

mento, restaurante e alojamento pró prio, além de laboratórios de mecânica, pneus, rastreamento e veículos moder nos com tecnologia de ponta. Ao térmi no do curso tem o setor de egressos que indica para o mercado de trabalho.

O programa já formou centenas de mulheres desde a 1ª turma. Sale te acrescenta que a Fabet conta tam bém com apoio de empresas para que apadrinhar o programa para as mulhe res que desejam ingressar na profissão. Reforça que as empresas podem preen cher as vagas abertas para os milhares de veículos parados nos pátios das em presas, com profissionais competentes, seguras e eficientes, que cuidam da vi da, do trabalho e do cliente, além de se rem uma grande esperança para a redu ção dos acidentes e a tão sonhada hu manização do trânsito.

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Com iniciativa da Mercedes-Benz, a Fabet criou o programa de formação para mulheres

OPERAÇÃOÉ PROIBIDO PARAR

Fotos DIVULGAÇÃO FORA DE ESTRADA

Caminhão é feito para ficar o menor tempo possível parado, e quando se trata de operações fora de estrada a regra é mais rígida ainda. Em atividades onde é normal os veículos virarem 24 horas, como na mineração ou no pico da safra, o serviço de atendimento pós-venda prestado pela marca é elemento fundamental para a fidelização do cliente

JOÃO GERALDO

Na atividade de mineração, onde normalmente os caminhões rodam 24 horas e sete dias por semana, o serviço de atendimento eficiente do fabricante do veículo é elemento chave para a relação de fidelidade entre montadora e cliente. Em outras palavras, quem compra caminhão para operações fora de estrada quer o representante da fábrica sempre atento e por perto, ou de plantão, para que as paradas do veículo sejam apenas aquelas programadas.

Essa garantia de atenção para manter os veículos sempre com “saúde” levaram a Cattegran Granitos do Brasil a adquirir quatro caminhões Arocs 8X4 para o transporte de rochas. Localizada no município de Governador Linderberg, na região Norte do Espírito Santo,

a mineradora atua na extração de blocos de granito de uma jazida dentro de uma área de 25 hectares.

Com capacidade para produzir em média 400 blocos/mês, os quais pos teriormente a indústria setor transfor ma em placas para pisos, paredes etc, a empresa se destaca como a única do segmento que extrai com exclusivida de o granito Branco Siena, um dos mais requisitados para projetos comerciais, industriais e residenciais. Cada bloco mede aproximadamente de 2,90m de comprimento por 1,90m de altura, igual medida de largura pesando entre 30 e 32 toneladas. Essa carga é movimenta da na pedereira por caminhões Merce des-Benz Axor preparados para a movi mentação desse tipo de carga.

Já os Arocs foram adquiridos para ou-

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Os motoristas da empresa, Leandro Figueiredo e Mariano Cardoso, aprovaram a segurança, conforto e eficiência do Arocs

tro trabalho e chegaram à empresa em maio desse ano devidamente implementados com básculas especiais para o transporte de rochas e materiais retirados das pedreiras. Até então, esse trabalho era feito pelos Axor 4144 6×4. Vale a observação que aplicações como a mineração têm demanda anual estimada em cerca de mil caminhões. Embora o volume pareça pequeno perto do segmento rodoviário, trata-se de um nicho bastante atrativo para os fabricantes de caminhões pesados, a começar pelo valor dos veículos. No caso da Cattegran, cada Arocs pronto para o trabalho custou R$ 1,1 milhão.

Nessa operação os caminhões 8x4 descem em cavas com até 120m de profundidade e sobem com 50 toneladas de PBT por rampas de até 35 graus de inclinação. Uma operação bastante severa devido ao peso elevado, o tipo de terreno íngreme e também ao formato des-

te minério, conforme reforçou o CEO da Cattegran, Renan Catelan Filho. O exe cutivo contou que a opção pela aquisição do Arocs se deve ao suporte disponibilizado pela marca, pois a disponibilidade dos veículos representa tudo na sua atividade. Disse ainda que tanto o desempenho e performance do caminhão quanto o serviço de atendimento estão de acordo com suas expectativas. Os motoristas escalados para operar o Arocs também enalteceram as diferenças em trabalhar com o pesadão 8x4. Mariano Cardoso 38 anos de idade, já havia trabalhado em extração de granito com um Mercedes-Benz Axor 3340 de câmbio manual. “A diferença é muito grande. Esse caminhão transmite segurança e conforto. Ao final do expediente parece que você não fez nada durante o dia. É uma satisfação enorme quando a gente sai de um caminhão manual para um automatizado“, relatou.

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FORA DE ESTRADA

Os primeiros quatro Arocs foram adquiridos para o transporte de rochas não aproveitadas comercialmente

gueiredo Alves, 39 anos e 11 na profissão, trabalhava com caminhão rodoviário antes de entrar na Cattegran, há cerca de seis meses. Ele destacou o conforto e a segurança transmitida pelo veículo, citando também a altura em relaçao ao solo. “Para mim superou todas as expectativas que a gente espera de um caminhão fora de estrada. Não me canso e no final do dia estou ótimo”, afirmou.

A manutenção preditiva e preventiva, bem como a corretiva se for o caso, é de responsabilidade da Vitória Diesel,

Cardoso destacou também a redução de trepidação durante o carregamento, quando as pedras são despejadas na caçamba. “O caminhão balança e dentro da cabine a gente sente as pancadas, mas agora nem tanto. Não tem comparação. Trabalho 8 horas por dia e de manhã saio de casa com alegria para vir ao trabalho”, relatou.

motorista,

Fi-

de plantão na região, caminhão oficina e peças em estoque na própria mineradora, como conjuntos prontos de embreagem e de freio entre vários outros itens.

concessionária do Grupo Águia Branca encarregada pelo treinamento da equipe técnica, preparo e reparos nos veículosb bem como da conectividade. O diretor comercial da autorizada, Alberto Nascimento, reforçou que o objetivo é não deixar nenhum dos caminhões ficar parado por questões de manutenção. Para isso o suporte e o atendimento ao cliente são prestados por técnicos

“A presença da Vitória Diesel na oficina da Cattegran mostra o compromis so da Mercedes-Benz”, pontuou o diretor de Peças e Serviços ao Cliente da Mercedes-Benz do Brasil, Silvio Renan, ao reforçar que o objetivo da montadora é os clientes alcançarem mais disponibilidade, produtividade e rentabilidade com seus caminhões. “Onde quer que o

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O também
Leandro

Veículos trabalham

dia e noite na pedreira e só param conforme a programação de manutenção

cliente precise fábrica e a rede de concessionários estarão sempre ao seu lado para levar apoio e assistência técnica, mesmo nas condições severas off-road”, enfatizou Renan.

O executivo de serviços pós-vendas da Mercedes-Benz lembrou ainda que além de itens comuns à operação, como de freio e sensores, entre outros, para fazer o refinamento do setup do veículo, que o atendimento à Cattegran inclui óculos de Realidade Aumentada. Caso seja necessário, o equipamento possibilita a atuação à distância de um técnico da fábrica na resolução de algum problema com o veículo. “A introdução do Arocs no portifólio de produtos da montadora provocou o crescimento da oferta de soluções direcionadas ao atendimento vocacional para operações fora de estrada”, acrescentou Renan.

Segundo o diretor de Vendas e Marketing Caminhões da Mercedes

-Benz do Brasil, Jefferson Ferrarez, o Arocs já entregou redução de 15% no consumo de combustível em relação aos Axor na operação na Cattegran. Disse que houve ganhos também na velocidade média de operação, passando de 4 km/hora para 9 km/hora. Lembrou ainda que desde o lançamento do Arocs, em outubro de 2021, foram licenciadas mais de 200 unidades no País para diferentes clientes (Cattegran, Fagundes, G3, RD Mineração e Construção e SCL entre outras).

O vice-presidente de vendas, Marketing caminhões e Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, Roberto Leoncini, destacou que a parte mais fácil do negócio é entregar o caminhão, mas para mantê-lo é preciso a fábrica contar com o suporte da rede de concessionários. “Sem esse suporte se está fadado ao fracasso, porque na mineradora tudo é muito rápido; se o caminhão ficar dois ou três

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FORA DE ESTRADA

Os caminhões descem em cavas com até 120m de profundidade e sobem rampas de 35 graus com 50 toneladas

dias parado, na próxima troca é provável que vão lembrar e buscar outra solução”, comentou Leoncini.

O executivo complementou que o equipamento não pode falhar, e para não haver falhas o ideal é fazer a troca quando a peça atinge um certo número de horas. Destacou também a preocupação com segurança e respeito ao meio ambiente na mineração, além da cabeça voltada para a manutenção. “Na mineração o operador não quer fazer corretiva, ele quer preditiva e preventiva. É bem diferente do rodoviário, onde às vezes a gente vê que a troca acontece na hora de fazer a corretiva”, concluiu.

Embora a marca Mercedes esteja há gerações na família de Renan Filho, pois na década de 1960 seu avô trabalhava com caminhões da marca em operação de madeira, sem a confiança no atendimento do serviço de pós-venda a mineradora não teria investido mais de R$

4 milhões na aquisição dos caminhões Arocs. O valor inclui as básculas meia cana (sem campo morto) construída em aço Hardox, um tipo de material mais resistente apropriado para a mineração.

A atual frota da Cattegran conta com 25 caminhões: 17 são Mercedes-Benz, incluindo Actros rodoviários e Axor 4144 6×4 e são substituidos a cada quatro anos em média. Os quatro Arocs transportam rochas retiradas das jazidas e não aproveitadas por causa de manchas naturais que comprometem a qualidade da pedra. Cerca de 40% do grani to branco siena extraído pela Cattegran são descartados. Os blocos de granito são transportados pelos Axor, enquanto os Actros fazem entregas dos blocos no Estado do Espírito Santo. Renan Filho adiantou que pretende adquirir mais seis Arocs até o final de 2023 e já pensa também na adaptação do modelo para o transporte de blocos de granito.

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ALUGA-SE CAMINHÕES

A Volkswagen é a primeira montadora do País a contar com um programa de locação de caminhões para transportadores de todos os tipos e tamanhos. O serviço começou a operar com contratos de aluguel para 36 e 60 meses e disponibiliza somente veículos da marca.

JOÃO GERALDO

Se você é motorista e nunca alugou um caminhão não descarte es sa possibilidade, pois muita gente que anos atrás não imaginava usar es se expediente trabalha hoje com veículo alugado. Essa prática está cada vez mais comum no setor de transporte e atrain do grandes empresas a investirem no negócio. É o caso da Volkswagen Cami nhões e Ônibus, que acabou de lançar o serviço VW Truck Rental de aluguel de caminhão em parceria com o Volkswa gen Financial Services.

Em atividade desde o dia 25 de agos to, trata-se do primeiro serviço de as sinatura de caminhão no País ofereci do por uma montadora de veículos pe sados. Disponível para transportadores rodoviários de carga, pessoa física ou ju rídica e de diferentes tamanhos e por tes, os contratos de aluguel são dispo nibilizados em 36 e 60 meses, os mais procurados mercado. No entnato, exis

te a possibilidade da contratação da lo cação por prazo mais longo.

O serviço abrange todo o território nacional e disponibiliza somente cami nhões da marca Volkswagen e com pa cotes de serviços que incluem documen tação, IPVA e licenciamento, telemetria RIO, plano de manutenção, atendimento VW Total Prev e VW Total Prime. Nesta fase inicial, o VW Truck Rental está pre parado para atender clientes que bus cam caminhões Delivery 11.180, Conste llation 17.190 e 24.280, além dos cavalos mecânicos Constellation 28.420 e Me teor 28.420.

“Ao invés lançar uma gama de op ções escolhemos os modelos com os maiores volumes de vendas. A ideia e ser o menos customizável possível”, disse Ricardo Alouche, vice-presiden te de Vendas, Marketing e Serviços da Volkswagen Caminhões e Ônibus. Ain da de acordo com o executivo, a moda lidade de aluguel oferece vantagens co mo redução do custo de propriedade do

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caminhão ,além do transportador traba lhar com veículo novo e não precisar se preocupar com venda na hora da troca.

O programa começa a operar com 100 caminhões implementados com car roceria carga seca e baú, que são as con figurações mais utilizadas pelos clientes da marca. A frota de aluguel irá sendo aumentada conforme o desenvolvimen to do negócio. Nesta fase inicial calcula -se que mensalmente cada caminhão rodará entre 1.500 e 10 mil quilômetros.

“Não vendemos só caminhão e ôni bus, estamos na era de oferecer as con dições que mais se adequem às neces sidades de cada cliente; e agora temos caminhão por assinatura, uma tendência que chegou para ficar", destacou Alou che. Autônomos e pequenos empresá rios também estão no foco do serviço de aluguel, bem como a expectativa é que transportadores não habituados a com prar caminhões zero quilômetro sejam os clientes com maior potencial de uti lizar o serviço de locação.

PREÇO MENSAL DO ALUGUEL

4.619,00

5.869,00

24.280R$ 6.909,00

25.460R$ 15.179,00

15.999,00

A locação pode ser feita pelo site www.vwtruckrental.com.br ou qualquer uma das 150 concessionárias da rede Volskswagen Caminhões e Ônibus, onde os caminhões alugados também são re tirados já implementados. Todos são en tregues aos clientes com pacotes de ser viço oferecidos pela Volkswagen para os veículos de sua marca. A relação inclui seguro, sistema de telemetria RIO, pla no de manutenção, VW Total Prev e VW Total Prime), além de seguro, documen tação, IPVA, licenciamento já realizados e gestão de multas e IPVA. O atendimen to técnico aos veículos também será fei to pela rede Volkswagen.

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Fotos DIVULGAÇÃO e SHUTTERSTOCK
Delivery R$ 3.679,00 Delivery 11.180R$
Constellation 17.190 R$
Constellation
Constellation
Meteor R$

JORNADA PERIGOSA

A luta diária por maior renda está provocando aumento da jornada de trabalho dos motoristas. Somente no primeiro semestre desse ano, as autuações aplicadas pela Polícia Rodoviária Federal por descumprimento da Lei de Descanso aumentaram mais de três vezes em relação ao mesmo período de 2021

JOÃO GERALDO

Os acidentes envolvendo cami nhões infelizmente são ainda um grande problema de segu rança nas estradas do País, com altos números de registros de mortos, feridos e de perdas materiais. Para se ter ideia sobre a quantas andam as ocorrências, no ano passado somente nas estradas federais o total de sinistros envolvendo caminhões deixou 12.628 vítimas com ferimentos leves, 4770 graves e 2.521 fatais. Os dados estão no Anuário Es tatístico da Polícia Rodoviária Federal e

56 PROFISSÃO

apontam que nas ocorrências envolven do somente caminhões, 5.218 vítimas fi caram com ferimentos leves, 1.616 gra ves e 853 mortos.

Entre os principais fatores que que contribuem para a ocorrência de aci dentes, mesmo em trechos com boas condições de trafegabilidade, constam o cansaço e o sono. Ambos estão dire tamente ligados ao excesso de horas no volante sem paradas para descanso.

Na luta diária dos carreteiros, prin cipalmente para conseguir ganhar um pouco mais e compensar os baixos va lores do frete, principalmente a do mo torista autônomo, muita gente do tre

cho não tem feito sequer as paradas de 30 minutos a cada seis horas de direção determinadas pela Lei do Descanso.

A Lei diz que é proibido o motoris ta dirigir por mais de 5 horas sem inter rupção, e também que faça intervalos de 11 horas sem interrupção entre um dia e outro de trabalho, porém nem to dos os profissionais do volante seguem à risca a determinação legal como gos tariam. De acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal, no primeiro semes tre desse ano foram aplicadas 50.467 autuações por excesso de jornada. Esse número é 218% superior às 15.825 regis tradas no mesmo período de 2021.

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Fotos CLAITON DORNELLES/BBC FOTOGRAFIAS e ARQUIVO O CARRETEIRO

PROFISSÃO

Esse crescimento colossal das ocor rências aponta que o alto preço do die sel e o aumento da infração têm leva do os profissionais do volante a prolon garem a jornada de trabalho em busca de melhorar o ganho para pagar as con tas e conseguir sobreviver na atividade. O tempo de permanência no volante de alguns caminhoneiros supera 13 horas conforme apurou pesquisa da Confede ração Nacional dos Transportes (CNT). O diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Am metra), Alysson Coimbra, destacou que a alta do combustível acumulou em mé dia de quase 90% em dois anos, e pa ra conseguir um rendimento mínimo os caminhoneiros têm de trabalhar muito mais. “Isso impacta não só a saúde da categoria, mas coloca em risco à integri dade física de todos os demais usuários que circulam nas rodovias”, disse.

O executivo da Ammetra mencio nou ainda do alto custo de manutenção do caminhão como um dos fatores que também contribuem para o não cumpri mento da Lei do Descanso. Ele lembrou que o preço de pneus junto com o die sel são os insumos com maior incidência no custo da operação de transporte. “Se adicionarmos a inflação a essa equação veremos que o valor do auxílio cami nhoneiro concedido pelo governo fede ral somente até o mês de dezembro es tá longe de representar um alívio para o problema do custeio dos insumos e do combustível. Para reduzirmos as ocor rências de trânsito precisamos de po líticas públicas intersetoriais que estão diametralmente opostas às praticadas atualmente”, observou.

PREÇO ALTO - O excesso de horas ao volante do caminhão cobra um preço al

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Paradas de 30 minutos para descanso e intervalos de 11 horas sem interrupção contribuem para a redução de ocorrências nas rodovias

Falha humana é apontada como a maior responsável pela ocorrência de acidentes

to da saúde do carreteiro, provocando problemas como estresse, falta de des canso, sedentarismo, alimentação irre gular e solidão entre outros males. O di retor da Ammetra destaca ainda que o consumo de estimulantes e substâncias psicoativas para evitar o sono compro metem sentidos cruciais para uma dire ção segura. Acrescentou que o uso cau sa dependência e elevação continua da dose para se obter efeitos cada vez me nores e aumento das falhas humanas, as quais causam 90% dos sinistros de trânsito. “Os acidentes envolvendo ca minhões são potencialmente mais letais que os que envolvem apenas carros de

passeio”, complementou.

Ainda de acordo com o especialis ta em medicina de trânsito, é extre mamente preocupante a aprovação de uma Medida Provisória do gover no que, dentre outras deliberações sus penderá a fiscalização de jornadas em alguns trechos de rodovias. Para Coim bra, o sistema nacional de trânsito está exaurido devido às inúmeras interven ções político-eleitorais enfrentadas pe lo governo. “Está na hora de parar de jogar para a plateia e trabalhar com res ponsabilidade pela preservação do bem mais preciosos que possuímos: nossas vidas”, finalizou.

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PARCEIRO DO MOTORISTA

JOÃO GERALDOApp diesel360 instalado no telefone celular indica ao motorista os locais mais próximos onde ele pode encontrar fornecedores de peças e serviços para o caminhão. Proposta da plataforma é facilitar a vida dos profissionais com informações que os ajudem ganhar segurança e tempo

Indicar ao motorista os locais onde ele encontra todo tipo de serviço e peças para o caminhão, tais como borra cheiro, moleiro, autopeças, recapadoras e mecânicos, entre outros, é a propos ta do app diesel360. Sem qualquer custo para o profissional do volante, a plata forma estreia com o cadastro de seis mil fornecedores de serviços e componen tes em todas as regiões do Brasil. A pla taforma pode ser acessada por telefo ne celular com sistema operacional An droid ou IOS.

60 LANÇAMENTO

Segundo um dos criadores e sócio do diesel360, Rodolfo Mansberger, o aplica tivo estabelece uma conexão entre em presas de peças e serviços de diferen tes tamanhos e portes, mas que possam prestar socorro ao caminhoneiro quando ele precisar. Além de lojas de autopeças, oficinas e diferentes tipos de serviços, também consta na lista de empresas re lacionadas no app as redes de concessio nários dos fabricantes de caminhão ins talados no Brasil.

Mansberger acrescenta que um im portante diferencial do diesel360 em re lação aos tradicionais sistemas de loca lização geográfica existentes no País é a lista de produtos e serviços corretivos e preventivos mais próximos de onde o caminhão estiver. “Para garantir mais a segurança ao caminhoneiro, todos os fornecedores cadastrados no app são previamente verificados e classificados por outros usuários. Além disso, o mo torista encontra as concessionários de todas as marcas de caminhão reunidas num só lugar”, complementou.

“O transporte rodoviário de carga é uma “operação de guerra”, na qual a es pera por socorro em qualquer trecho de rodovia pode significar a perda da carga, um assalto ou até mesmo maiores com plicações para a integridade do motorista”, observou Luciano Martins, também sócio do diesel360.

Martins lembra que o aplicativo reu ne também outras funções, pois oferece uma seção de conteúdo de notícias e in formações do setor do transporte rodo viário, com informações especificamen te de interesse do motorista, como con dição das estradas e interdições, entre outras. Há também uma página de clas sificados de venda de caminhões, tam bém isenta de qualquer custo.

Aplicativo diesel360 começou a operar com cadastro de seis mil fornecedores de peças e serviços em todo o País

O diesel360 traz ao mercado a expe riência de dois veteranos com longa da ta de atuação no transporte rodoviá rio de carga e no setor de manutenção de veículos pesados. São profissionais que conhecem as dificuldades enfren tadas principalmente pelos motoristas autônomos. “Estamos comprometidos em oferecer uma ferramenta que ajude os dois lados e também de disponibilize melhores condições aos caminhoneiros, por isso buscamos ativamente parceiros para isso”, concluiu Mansberger.

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Anuário de

Amigo motorista, mande sua mensagem para Revista O

Carreteiro por email: redacao@ocarreteiro. com.br pelo site: www.ocarreteiro.com.br pelo whatsapp: (11) 95428-8803 pelo facebook: facebook. com ocarreteiro. cartas: Rua Palacete dasÁguias,395 -Vila Alexandria - São Paulo SP - CEP 04635-021

VIAGEM À ALEMANHA

A Mercedes-Benz abriu inscrições para a terceira etapa do projeto “Estrelas das Estradas”, que oferece cursos e treinamentos gratuitos a motoristas de caminhão e futuros motoristas. São 15 módulos de conhecimento prático envolvendo equipamento, economia de combustível, gestão de pneus, entre outros temas. Quem mais se destacar concorre a uma viagem à Alemanha. O resultado será divulgado na Fenatran. Inscrições no site www.estrelasdasestradas. com.br.

62 CLASSIFICADOS
Caminhões 2022 Adquira pelo site ggmidia.com.br ou nas principais bancas!

MERCADO MEXICANO

No México, mais de 900 caminhões Volkswagen formam a frota do Grupo Modelo, dos quais 298 foram entregues esse ano. A empresa conta com diferentes veículos da marca VW para sua operação de distribuição de cervejas, como os Delivery 9.170 e 11.180 e Constellation 17.230 Robust e 24.280, estes equipados com carrocerias para 4, 6 8 e 10 paletes.

WHATSAPP

A Repom acaba de lançar a Quitação Digital, uma solução que possibilita ao motorista de caminhão a prestação de contas das viagens pelo WhatsApp. Outros serviços disponilizados pelo aplicativo são a validação cadastral, consulta de saldo de cartões e de contratos, além de antecipação de recebíveis, entre outras ações. A novidade é vinculada à EVA Repom, assistente virtual baseada em inteligência virtual que atende diariamente mais de 800 motoristas.

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se falam de mim pelas costas é porque estou na frente

VOLVO FH 540 SEGUE IMBATÍVEL

antes da pandemia o Volvo FH 540 tem se destacado como o caminhão vendido no mercado brasileiro entre todas as categorias. Em agosto continuou na frente com a marca de 811 unidades licenciadas e fechou os primeiros oito meses de 2022 com o acumulado de 5.381 veículos. O segundo modelo mais emplacado também foi da marca, o FH 460, com o registro de 603 unidades no período e 3.479 unidades no acumulado. Um destaque no mês é o DAF XF, o terceiro mais licenciado em agosto, porém na soma do ano o modelo fica com o segundo lugar com 4.011 unidades. Vale lembrar que a falta de componentes atingiu todas as montadoras, levando a redução da produção abaixo da demanda do mercado. A previsão é que o problema persista até julho de 2023, mas até a situação irá se regularizando aos poucos. A Scania, por exemplo, montadora mais atingida pelo problema, já voltou a produzir 100%.

MODELOS MAIS LICENCIADOS POR MARCA

EM AGOSTO/2022

POS. FABRICANTE QUANT. JAN/AGO

540

FH

DELIVERY

DELIVERY

CONST.

CONST.

2022

5.381

3.479

4.011

2.375

3.027

3.812

2.218

1.692

1.792

2.004

FABRICANTE QUANT. PARTIC.

29,19%

22.059 27,26,%

VOLVO 15.190 19,51%

7.323 9,05%

SCANIA 7.159 8,85%

DAF 4.310 5,33%

337 0,42%

170 0,21%

Com crescimento de 31,5% no número de licenciamentos, a Scania se destacou como a montadora cresceu de julho para agosto no segmento de pesados. O avanço se deu também com modelos semipesados, da marca, saltando de 01 unidade em julho para 15 em agosto.

64 MERCADO DE CAMINHÕES Foto : DIVULGAÇÃO
ACUMULADO
1º VOLVO FH
811
2º VOLVO
460 603
3º DAF XF 601
4º SCANIA R 450 535
5º VOLVO VM 270 430
6º VW
11.180 424
7º VW
9.170 408
8º SCANIA R 540 391
9º VW
17.190 334
10º VW
24.280 312
POS.
1º VW/MAN 23.622
2º MERCEDES-BENZ
4º IVECO
7º JAC
8º HYUNDAI
Fonte: FENABRAVE
Desde

LICENCIAMENTO 2022 JAN A AGOSTO

SEMILEVES

LEVES

VOLKSWAGEN

2.259

3.794

5.307

1.069

SEMIPESADOS

3.209

5.238

PESADOS

MERCEDES-BENZ

7.147

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UNIDADES AGO/2022 JUL/2022 JAN-AGO/2022 TOTAL DE CAMINHÕES 12.501 11.554 81.660
765 735 4.471 FCA (DODGE) 333 337 1.513 IVECO 95 97 735 MERCEDES-BENZ 232 201 1.697 VOLKSWAGEN 89 78 416 PEUGEOT/CITROËN 4 7 29/18 OUTROS FABRICANTES 7 6 48
1011 1.009 7.471 AGRALE 6 5 40 CAOA HYUNDAI 16 14 170 FORD 2 133 862
412 303
MERCEDES-BENZ 467 506
OUTROS FABRICANTES 6 44 330 MÉDIOS 836 841 7.219 AGRALE 1 0 10 FORD 1 2 7 IVECO 112 84 784 VOLKSWAGEN 630 631
MERCEDES-BENZ 89 115
OUTROS FABRICANTES 3 9 42
3.418 2.985 21.940 DAF 25 35 133 FORD 2 1 7 IVECO 578 365
VOLKSWAGEN 1.534 1.362 9.931 MERCEDES-BENZ 772 742
SCANIA 15 1 17 VOLVO 491 479 3.400 OUTROS FABRICANTES 1 0 5
6.471 5.984 40.559 DAF 616 604 4.177 FORD 0 0 6 IVECO 145 193 1.677 MAN/VOLKSWAGEN 833 747 5.706
1.455 1.611 9.457 SCANIA 1.521 1.157
VOLVO 1.897 1.671 12.386 OUTROS FABRICANTES 4 1 7 Fonte: ANFAVEA

MULHERES CARRETEIRAS: UMA NOVA REALIDADE

As mulheres vêm conquistando cada vez mais espaço nas es tradas brasileiras, mesmo as sim, infelizmente precisam ainda lidar com os desafios impostos pelo pre conceito e pela árdua rotina de uma profissional carreteira.

A quarta edição da pesquisa “O

Perfil do Caminhoneiro Brasileiro” de 2021, organizada pela Childhood Brasil em parceria com a Universida de Federal de Sergipe, aponta que há uma concentração maior de carretei ras em trechos mais curtos, urbanos ou intermunicipais. As profissionais relataram que se sentem bem aceitas na profissão, entretanto ainda há de safios para serem vencidos como as estruturas físicas em más condições dos locais de parada, principalmen te os banheiros - local em que elas se sentem mais desprotegidas.

Um dos destaques da pesquisa é que o público feminino é fortemente contra a exploração sexual envolven do crianças e adolescentes. E, ainda que as rotas e locais de parada sejam mais selecionados, seguros estrutu rados, as mulheres declararam que játer presenciado comércio do sexo.

De toda forma é importante pre parar as estradas para as mulheres carreteiras. A presença delas nesse mercado pode gerar mais conscien tização em relação à segurança, me lhoria dos pontos de parada e des canso mais adequados.

66 Para saber mais, acesse: Childhood Brasil – www.childhood.org.br Programa Na Mão Certa – www.namaocerta.org.br
Imagem SHUTTERSTOCK
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