Revista Barão de Mauá n°6_dez2019

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ACompulsão Sexual é considerada um disturbio de saúde mental ADÊNIA BATISTA

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arados, pervertidos, ninfomaníacos e depravados. Esses são os rótulos que geralmente são usados para definir pessoas que apresentam sintomas da compulsão sexual. Esse assunto ainda é tratado como tabu, porém, esse transtorno atinge homens e mulheres de todas as idades. A necessidade de fantasiar a todo momento sobre sexo, é uma das caracteristicas da pessoa que sofre com a compulsão sexual, ou desejo sexual hiperativo,que acaba resultando em uma inquietude da pessoa. “Demorei muito para perceber o que realmente acontecia comigo. Nas conversas com amigos, fazia de tudo para que o papo fosse para o lado sexual. Eu me sentia mais seguro, mais tranquilo ao falar só disso.” relata E.S.R (39). Podemos dizer que fantasias são contruídas e alimentadas durante toda a vida. Isso permite evoluir e desenvolvimento da criatividade das pessoas. Para o Psicólogo especialista em terapia

de casal João Fornasieri, a fantasia está no pensamento abstrado do indivíduo “O sexo há muito vem sendo utilizado pelo homem como um elemento fundamental para que ele atue no meio em que se insere, de maneira mais elaborada e complexa.” E.S.R conta que nunca conseguiu chegar ao estágio de um relacionamento sério pois seus pensamentos eram sempre voltados ao sexo. Então logo após alcançar seu “objetivo” durante a conquista, se afasta da companheira sem nenhum pesar. “Na hora em que fico com uma mulher o pensamento é somente no sexo. Todos os impulsos, desejos e pensamentos levam à putaria. Sem me preocupar com o lugar, sem me importar com quem está em volta. Apenas quero saciar a minha vontade. Não há controle. É mais forte que tudo.” conta o jornalista. No ano passado, A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou oficialmente que pela Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, a compul-

são por sexo é um distúrbio de saúde mental. Também conhecido como conduta sexual compulsiva, o problema faz a pessoa falhar em controlar suas necessidades sexuais mas não remetemisso á saude mental.

COMO SURGE A COMPULSÃO SEXUAL?

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ão diversos os fatores que favorecem o surgimento da Compulsão Sexual. Por exemplo história familiar de compulsão sexual, dependência ao álcool ou dependência a drogas e outros comportamentos como; famílias com funcionamento problemático; experiências de contato sexual com adultos na infância. Para o Psicólogo especialista em Terapia de Casal João Fornasieri, esses fatores promovem desajustes psicológicos “ Acredita-se também que estejam associados a alterações

de neurotransmissores cerebrais. Tudo isso leva ao início do quadro de compulsão sexual no final da adolescência ou início da vida adulta.”Os pacientes que apresentam vício em sexo podem ter diferentes manifestações: o comportamento solitário, o consumo execisso de pornografia e masturbação; e aquele que foco tem busca incessante por parceiros. Vale a pena ainda ressalta que o comportamento sexual compulsivo pode prejudicar o cotidiano das pessoas. O jornalista E.S.R relata que depois de uma situação constrangedora no trabalho, decidiu procurar por ajuda: “ Um dia minha chefe que era casada, me chamou em sua sala para uma conversa. Quando entrei comecei a fantasiar uma cena de sexo selvagem com ela. Não consegui prestar atenção em absolutamente nada do que me dizia. Talvez pela minha inquietude e expressões faciais ela percebeu. Alguns dias depois, fui demitido. Ela usou outros argumentos para justificar a demissão mas eu sabia o motivo. Naquele momento entendi que precisava de ajuda”

A quantidade de atos ou fantasias sexuais não é o fator determinante para se determinar a normalidade da expressão sexual. “O que pode ser considerado normal é aquele que

está muito mais ligado à vivência da sexualidade de forma plena e prazerosa, sem experimentar conflitos e angústias emocionais”, complementa o psicólogo João Fornasieri.

TRATAMENTO

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médico Marco Scanavino, coordenador do Ambulatório de Impulso Sexual Excessivo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, orienta que o tratamento consiste em drogas antidepressivas inibidoras de serotonina. São utilizados esses medicamentos, pois,segundo o médico, cerca de 70% dos pacientes viciados em sexo também apresentam ansiedade e depressão, assim, as duas patologias são tratadas. Porém, para que a resposta ao tratamento seja melhor,”A psicoterapia precisa estar envolvida no tratamento, afirma Scanavino. Além disso, o médico garante que o tratamento tem resultados positivos e conta que, nos últimos anos, houve um grande aumento na procura por ajuda.

Foto: Adênia Batista

Quando a fantasia sexual se torna sua inimiga

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Foto: Adênia Batista

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