Revista Famasul - Edição 04

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As estratégias do agro diante dos efeitos do fenômeno climático

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As estratégias do agro diante dos do climático

As estratégias do agro diante dos efeitos do fenômeno climático

 Segurança no Campo com Patrulha Rural e Deleagro

 Segurança no Campo com Patrulha Rural e Deleagro

 Dedo de Prosa: João Martins, presidente da CNA

 Dedo de Prosa: João Martins, presidente da CNA

Ano 1 - Nº 4 - junho a agosto 2023

PIONEIRISMO DO AGRO QUE SERVE DE EXEMPLO AO MUNDO

ARevista Famasul chega a sua 4ª Edição. Em nossas versões impressa e digital você vai encontrar muito conteúdo e informação sobre o agronegócio e a atuação do Sistema Famasul. Foram três meses coletando entrevistas, fotos, acompanhando eventos para compartilhar com a população os destaques do agro em Mato Grosso do Sul.

Nesta edição vamos trazer a comemoração de um ano da implementação do conceito ESG pelo Sistema Famasul. Nossa instituição dá o exemplo e demonstra pioneirismo nos últimos 12 meses com a ampliação das práticas sustentáveis em todas as suas áreas de atuação, dentro e fora da porteira.

O Prêmio Agrociência da Famasul chega a sua 4ª edição neste ano após o grande sucesso entre os acadêmicos e orientadores nas últimas edições. Em 2023 teremos um grande reforço com a parceria firmada com a Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul).

Falando em inovação e tecnologia, no primeiro semestre tivemos alguns eventos e feiras voltados para essa vertente. E o Sistema Famasul esteve presente e foi parceiro dessas iniciativas como foi na Tecnoagro e ShowTec.

MARCELO BERTONI

Presidente do Sistema Famasul

NOSSA INSTITUIÇÃO

DÁ O EXEMPLO

E DEMONSTRA

PIONEIRISMO NOS

ÚLTIMOS 12 MESES

COM A AMPLIAÇÃO DAS

PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS

O clima é condição decisiva no agro. Nesta edição da Revista Famasul traremos uma análise de meteorologistas e especialistas do setor que preveem mudanças no tempo para os próximos meses com a passagem do fenômeno El Niño.

Mercado de trabalho e oportunidades. Em duas matérias você verá como o agro é um celeiro de oportunidades e vagas de trabalho e como o Senar/MS pode te auxiliar em cursos e capacitações presenciais e no ensino à distância, para que aproveite esse leque na geração de empregos. Fique ligado!

Neste ano a Embrapa completa 50 anos e Mato Grosso do Sul tem o privilégio de ter três bases da instituição de pesquisa. Responsável pela evolução da agropecuária de todo Brasil, fez com que saíssemos de importador de alimentos para exportador.

E na nossa série de entrevistas ‘Dedo de Prosa’, o produtor rural e presidente da CNA, João Martins, que possui mais de 50 anos de atuação profissional no agro brasileiro, bate um papo imperdível.

Recomendamos a leitura para quem é do agro, quem tem interesse pelo agro e quem pensa em fazer parte desse setor tão importante para a economia brasileira.

Boa leitura!

JUNHO A AGOSTO 2023 • REVISTA FAMASUL • 3
” Editorial
EM TODAS AS SUAS ÁREAS DE ATUAÇÃO, DENTRO E FORA DA PORTEIRA.

Presidente: Marcelo Bertoni

Vice-Presidente: Mauricio Koji Saito

Diretor Secretário: Claudio George Mendonça

- Diretor Tesoureiro: Frederico Borges Stella

- 2º Secretário: Fábio Olegário Caminha - 3º

Secretário: Massao Ohata - 2º Tesoureiro:

André Cardinal Quintino - 3ª Tesoureira: Stéphanie Ferreira Vicente

CONSELHO DE VICE-PRESIDENTES

Antônio de Moraes Ribeiro Neto - Antonio

Silvério de Souza - Dario Antonio Gomes Silva

- Manoel Agripino Cecílio de Lima - Luciano

Aguilar Rodrigues Leite - Leandro Mello Acioly

26

Agronews

Assistência Técnica e Gerencial

Assistência Técnica e Gerencial

- Rodrigo Ângelo Lorenzetti - Alexandre de Paula Junqueira Netto - Roberto Gonçalves de Andrade Filho

MEMBROS SUPLENTES DA DIRETORIA

Um ano de ESG no Sistema Famasul

Um ano de ESG no Sistema Famasul

Dedo de Prosa

17 Entrevista com o presidente da CNA, João Martins

Mercado

5 - Prêmio Agrociência chega à quarta edição

Inova Agro

6 - Jubileu de ouro da Embrapa

8 - Feiras tecnológicas movimentam o agronegócio de MS

Meio Ambiente

8 - Paisagens Rurais garante mais renda e produtividade

Clima

10 - El Niño afeta o clima no mundo e o agro

Roda de Tereré

12 - Campo mais seguro com Patrulha Rural e Deleagro

15 - Agro é celeiro de trabalho e empregos

Porteira do Conhecimento

17 - EaD ganha espaço entre capacitações do Senar/MS

Tendências e mercado

20 - Veja as mais recentes tendências e cotações do mercado

Projetos Especiais

28 - Parceria com AACC contra o câncer infantojuvenil

30 Agro Agenda

36 Famasul em Ação

Agro Doc

38 O agro por quem faz o agro!

Paulo Renato Stefanello - Janes Bernardino

Honório Lyrio - Alessandro Oliva CoelhoYoshihiro Hakamada - Bedson Bezerra de Oliveira - Lucicleiton Cirino da Rocha - Hilies de Oliveira - Durval Ferreira Filho - Vilson Mateus

Brusamarello - Valter Dala Valle - Florindo Cavalli

Neto - Herminio Pitão - Severino José da Fonseca

- Antonio Gisuatto - Edson Bastos - Romeu

Barbosa de Souza - Hudson Amorim de Oliveira

MEMBROS DO CONSELHO FISCAL

Efetivos: Jefferson Doretto de SouzaHenrique Mitsuo Vargas Ezoe - Telma Menezes de Araújo - Suplentes: Jesus Cleto TavaresDeny Meirelles Nociti - Fábio Carvalho Macedo

MEMBROS DO CONSELHO DE REPRESENTANTES (CNA)

Efetivo: Marcelo Bertoni - Mauricio Koji Saito

- Suplentes: José Vanil de Oliveira GuerraAntonio Ferreira dos Reis

SENAR/MS - Administração Regional do Estado de Mato Grosso do Sul - Conselho

Administrativo - Dirigente: Marcelo Bertoni

| Membros titulares: José Pereira da Silva | Marcio Margatto Nunes | Valdinir Nobre de Oliveira | Daniel Kluppel Carrara | Suplentes:

Mauricio Koji Saito | Janes Bernardino | Honório Lyrio | Thaís Carbonaro Faleiros Zenatti | Maria Helena dos Santos Dourado Neves | Luciano Muzzi Mendes | Conselho Fiscal: Paulo César Bózoli | João Batista da Silva | José Martins da Silva | Suplentes: Rafael Nunes Gratão | Moacir Reis | Orélio Maciel Gonçalves | Superintendência: Lucas Duriguetto Galvan

REVISTA FAMASUL

Gerente de Comunicação, Marketing e Eventos: Anahi Gurgel | Coordenação de Comunicação: Camilla Jovê | Coordenação de Marketing: Flávio Gutierrez | Coordenação de Eventos: Larissa Siufi | Equipe de Comunicação: Vitor Ilis | Ellen Albuquerque | João Carlos Castro | Leandro Abreu | José Pereira | Michelle Machado Estagiários: Gabriel Garcia | Giovanna Welter | Redação, revisão, projeto gráfico, edição e diagramação: A2L Comunicação | Fotos da edição: Assessoria de Comunicação do Sistema Famasul | Freepik

Casa Rural: Sede da Famasul e do Senar/MS

Rua Marcino dos Santos, 401 - Cachoeira IICampo Grande/MS

Famasul - Tel.: (67) 3320-9700

Site: portal.sistemafamasul.com.br

Senar/MS - Tel.: (67) 3320-6900

Site: senarms.org.br

Sumário/ 4 • REVISTA FAMASUL • JUNHO A AGOSTO 2023
Expediente IC ONS & SOCIAL MEDIA L OGOS FOR BUSINESS C ARD /SistemaFamasul IC ONS & SOCIAL MEDIA L OGOS FOR BUSINESS C ARD IC ONS & SOCIAL MEDIA L OGOS FOR BUSINESS /sistemafamasul /sistemafamasul

Prêmio Agrociência chega à 4ª edição com parceria da Fundect e nova categoria: Ensino Técnico

Prêmio Agrociência chega à 4ª edição com parceria da Fundect e nova categoria: Ensino Técnico

O Prêmio Agrociência da Famasul chega à quarta edição em 2023. Consolidado como uma das principais ferramentas de estímulo à produção científica para o meio rural, a iniciativa ganha a parceria da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul).

O projeto amplia sua abrangência. “Este ano, além da Graduação e Pós-Graduação, também podem participar os alunos dos cursos técnicos e tecnólogos, na categoria Ensino Técnico. Em 2022, tivemos seis instituições de ensino participando. Com mais uma categoria, a expectativa é receber cerca de 50 trabalhos, de dez instituições”, aponta a analista técnica do Sistema Famasul, Regiane Miranda.

Ela diz que a premiação cumpre um importante papel, auxiliar na incorporação das demandas reais dos produtores rurais à pesquisa. “Cada vez mais estudantes e pesquisadores entendem que é importante mostrar para os produtores e a sociedade que os estudos realizados são essenciais para melhorar a produção e a qualidade de vida de quem mora e trabalha no campo”.

Aluna de Medicina Veterinária na UCDB, Fernanda

Lopes de Souza, venceu o prêmio em 2022, na categoria Graduação, com o projeto: “Inclusão de probióticos na piscicultura para estímulo à resposta imune inata e ao enriquecimento fisiológico”.

“Quando recebi o e-mail dizendo que estava classificada fiquei muito surpresa. Logo fui contar para toda a minha família e orientadora. Todos ficaram bem empolgados. A experiência foi incrível, eu aprendi muito. Com a orientação da professora Milena Wolff conseguimos ter sucesso. Sou muito grata à Famasul pela oportunidade e à professora que abraçou a ideia e me apoiou”.

Outra vencedora que ressalta a iniciativa é Ana Paula Aparecida Wisenfad dos Reis, aluna do mestrado de Zootecnia da UFGD. Ela ganhou na categoria Pós-Graduação, com o estudo: “Inclusão de prebióticos, probióticos e ácidos orgânicos na dieta da tilápia-do-nilo”.

“Vencer me surpreendeu muito porque a intenção era participar com um projeto que mostrasse a importância dos aditivos e como a pesquisa contribui para o desenvolvimento da cadeia produtiva da piscicultura. É uma experiência incrível ter uma pesquisa reconhecida por uma instituição como o Sistema Famasul, que é referência no estado”.

Agronews
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Inova Agro jubileu de ouro

Responsável pela evolução agropecuária do Brasil, Embrapa completa 50 anos de ouro

Aprincipal instituição de pesquisa agropecuária nacional, a Embrapa, completa em 2023, 50 anos. Os chefes-gerais das três unidades instaladas em Mato Grosso do Sul: Antonio Nascimento Ferreira Rosa, da Gado de Corte, em Campo Grande; Harley Nonato de Oliveira, da Agropecuária Oeste, em Doura dos e Suzana Maria de Salis, da Pantanal, em Corumbá, contam como a instituição mudou a história da atividade no Brasil e a trajetória do próprio país. “Até a década de 70 do século passado, o Brasil não produzia alimento sequer para o seu próprio povo. Com exceção de partes das regiões sul e sudeste, com solos de boa qualidade e onde era possível cultivos com técnicas adaptadas de países temperados, não se dispunha de tecnologia adequada para o restante do país”, aponta Antonio Rosa.

A necessidade da modernização da produção, exigiu a criação de uma instituição que fosse capaz de gerar conhecimentos e inovações para impulsionar a agropecuária nacional. Assim nasceu em 1973 a Embrapa. Desde o início, sua atuação foi baseada na ciência aplicada, com foco em sistemas de produção, e na criação de unidades cobrindo

Responsável pela evolução agropecuária do Brasil, Embrapa completa 50 anos

todo o território nacional, de acordo com a vocação de cada região. São 43 unidades e mais uma no Distrito Federal. “A Embrapa desempenhou um papel crucial nesse avanço [do agro nacional]... Podemos destacar três conjuntos de conhecimentos que impulsionaram essa evolução. O primeiro foi a capacidade de transformar áreas de solos ácidos e baixa fertilidade, em particular nos Cerrados, em solos férteis e produtivos. Houve um esforço para tropicalizar e adaptar plantas e animais de diferentes partes do mundo aos biomas brasileiros. Contribuiu ainda para o desenvolvimento de práticas conservacionistas e sustentáveis inovadoras, incluindo sistemas integrados e a fixação biológica de nitrogênio”, destaca Harley.

Com as pesquisas, o país assegurou o abastecimento do mercado interno, reduziu os custos dos alimentos e o excedente da produção passou a ser vendido externamente. O Brasil se transformou em um dos maiores exportadores mundiais de produtos agrícolas como soja em grão e farelos, carnes (bovina, suína e de aves), produtos florestais, cereais, açúcar e etanol, entre outros.

Harley Nonato de Oliveira, chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste
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“Atendendo a sua missão, que é viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agricultura em benefício da sociedade brasileira, a Embrapa tem contribuído com muitas soluções tecnológicas”, ressalta Suzana.

Em relação a Mato Grosso do Sul, os gestores contam como as unidades ajudaram o estado a desenvolver todo o potencial. “O maior desafio para o estado foi incorporar o Cerrado ao processo produtivo e melhorar a produtividade das terras agricultáveis do bioma Mata Atlântica. Também realizamos trabalhos nas áreas de qualidade da carne, segurança alimentar e bem-estar animal, com respeito às normas ambientais e sociais. Mais recentemente, muita ênfase foi dada ao desenvolvimento dos protocolos Carne Carbono Neutro e de Baixo Carbono, que contribuem para a imagem da carne bovina brasileira como um produto saudável, seguro e de qualidade”, indicou o chefe-geral da Embrapa Gado de Corte.

Já a chefe-geral da Embrapa Pantanal evidenciou o trabalho voltado a sustentabilidade. “A unidade tem atuação em todo o bioma e no seu entorno, pesquisando sobre agricultura familiar,

pesca, bioeconomia e comunidades tradicionais, mas principalmente em relação aos desafios da pecuária sustentável. Buscamos primeiro conhecer o bioma, levantando informações científicas sobre clima, solo, fauna, flora e impactos ambientais. E a partir do avanço desse conhecimento, seguiu para o desafio de adaptar, desenvolver soluções tecnologias e práticas de manejo a fim de transferir esse conhecimento na busca pelo aumento da produtividade de forma ordenada e sustentável. A unidade também contribui com notas técnicas robustas que apoiam tomadores de decisão na formulação de políticas públicas e linhas de financiamento que visam contribuir com o desenvolvimento sustentável da região”, explicou.

O chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste chama a atenção para o esforço no desenvolvimento de sistemas de produção mais adequados para a realidade do estado, o

que demandou estudos para correção da acidez dos solos, melhoramento genético e na adaptação de culturas às condições edafoclimáticas locais, sazonalidade na oferta de pastagens, qualidade e sanidade da bovinocultura de corte, elaboração do zoneamento agrícola de risco, desenvolvimento de técnicas de manejo fitossanitário das culturas, fixação biológica de nitrogênio e produção em áreas de expansão recentes, que possuem solos arenosos, frágeis e de baixa fertilidade.

Os chefes-gerais também citaram os desafios para impulsionar ainda mais o setor no estado. Para Antonio Rosa, é buscar melhorar a qualidade da carne, o que envolve questões como segurança alimentar, controle sanitário dos animais e rastreabilidade do campo à indústria. Já Suzana diz que a meta é desenvolver soluções tecnológicas específicas e sustentáveis para cada cadeia produtiva, levando em consideração os aspectos social, econômico e ambiental. Harley, realça a importância do uso do conhecimento desenvolvido pelas Embrapas em sistemas, práticas e processos conservacionistas, e ainda a necessidade de uma maior integração e colaboração entre as instituições do setor.

Suzana Maria de Salis, chefe-geral da Embrapa Pantanal
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Antonio do Nascimento Ferreira Rosa, chefe-geral da Embrapa Gado de Corte

Inova Agro

COM APOIO DO SISTEMA FAMASUL, FEIRAS TECNOLÓGICAS MOVIMENTAM O AGRONEGÓCIO

Atecnologia tem sido essencial para o desenvolvimento do agronegócio. Com apoio do Sistema Famasul, as feiras levam inovação e conhecimento aos produtores rurais de Mato Grosso do Sul. O chamado Agro 4.0 é uma realidade no estado. No primeiro semestre de 2023, dois eventos promovidos por instituições de pesquisa do interior do estado movimentaram o setor:

TECNOAGRO 2023

Em três dias de evento, a 25ª edição da Tecnoagro (Feira de Tecnologias para Agropecuária) atraiu mais de nove mil pessoas em busca de conhecimento, entre produtores rurais, gestores, colaboradores, expositores e universitários. O evento contou ainda com a comercialização de máquinas, insumos, equipamentos, e outras inovações para o aumento da eficiência no campo.

A feira tecnológica, que é promovida pela Fundação Chapadão com apoio do Sistema Famasul, aconteceu entre os dias 14 e 16 de março, em Chapadão do Sul. A agenda anual apresenta serviços ligados ao setor agropecuário, inovações tecnológicas, sistemas de produção, palestras técnicas e resultados de pesquisas que contribuem para a sustentabilidade do segmento.

O evento contou com 105 expositores, entre eles o Senar/ MS e o Sistema Famasul, e 180 marcas participantes.

SHOWTEC 2023

Em Maracaju, a 26ª edição do Showtec movimentou R$ 600 milhões em negócios durante três dias. Com a presença de mais de 25 mil pessoas, a feira foi uma oportunidade

para os produtores conhecerem mais de 500 novidades tecnológicas voltadas para o campo.

O Sistema Famasul esteve presente com ações no estande institucional do Senar/MS, e técnicos de campo à disposição para orientações aos produtores e demais visitantes. Entre as novidades, foram exibidas dezenas de variedades de soja e centenas de híbridos de milho, que oferecem desde controle mais eficiente de pragas até maior produtividade.

O evento é realizado pela Fundação MS e promovido pelo Sistema Famasul, Sistema OCB/MS (Organização das Cooperativas Brasileiras) e Aprosoja/ MS (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul).

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Frederico Borges Stella, diretor-tesoureiro do Sistema Famasul

Meio Ambiente

PAISAGENS RURAIS

PAISAGENS RURAIS

Desde 2021, produtores rurais de Mato Grosso do Sul contam com o Projeto Paisagens Rurais, financiado com recursos do Programa de Investimento Florestal (FIP). A iniciativa, gerenciada pelo Banco Mundial em vários estados brasileiros, aposta na conservação, manejo e recuperação ambiental produtiva para garantir maior sustentabilidade, produtividade e renda.

O projeto tem como foco a gestão integrada do Cerrado, dando suporte técnico aos produtores rurais para recuperar e conservar a vegetação de áreas degradadas, além de incentivar a adoção de tecnologias de baixa emissão de carbono.

O coordenador técnico do Paisagens Rurais em Mato Grosso do Sul, Fabiano Pessatti, explica que as regiões escolhidas para o projeto apresentavam um índice considerável de pastagens degradadas e passivos ambientais. A ideia é ir até estes locais e reativar os sonhos dos produtores.

“A baixa produtividade impacta diretamente na saúde financeira das propriedades, trazendo cada vez menos capacidade de investimentos e manutenção do solo. Por isso a importância da adesão às tecnologias ABC, pois auxiliam no aumento de produtividade, rentabilidade e sustentabilidade. Não tem como separarmos a evolução produtiva sem evoluirmos no manejo ambiental,

existe uma relação de dependência entre os dois”, comenta Pessatti.

O programa une conhecimento a prática colaborativa com os produtores. Pessatti explica que os técnicos vão às propriedades selecionadas e passam 24 meses trabalhando para que sejam mais produtivas, rentáveis e justas ambientalmente.

“Planejamos em conjunto com o produtor para que o sonho dele seja realizado, com recuperação de pastagens com calagem e adubação, reforma ou implantação de terraços; manejo de pastagens adequado para cada forrageira; adoção de Integração Lavoura-Pecuária ou Lavoura-Pecuária-Floresta; entre tantas outras ações”.

Reunindo sustentabilidade, tecnologia e conhecimento, o programa, por meio da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar/MS, já apresenta resultados animadores. O projeto atendeu mais de 280 produtores em 12 municípios.

“Estamos conseguindo visualizar os resultados através do aumento de produtividade, rentabilidade e adequação ambiental, muitas propriedades estão alcançando estes objetivos antes mesmo de encerrar o atendimento. Já adotamos práticas de Agricultura de Baixo Carbono em 14.818 hectares e recuperamos 3.583 hectares de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente (APPs)”.

Aposta sustentável que garante mais renda e maior produtividade
Aposta sustentável que garante mais renda e maior produtividade

a força do

Aocorrência do El Niño, após vários anos de La Niña, já provoca mudanças climáticas em todo o mundo. Em razão do fenômeno, especialistas orientam os produtores rurais a redobrarem a atenção e aperfeiçoarem seus sistemas de monitoramento climático.

A mudança da La Niña para o El Niño aponta a possibilidade de inversão climática em diferentes regiões. Para os locais que estão vindo de um regime de mais chuva, a tendência é que enfrentem um período de seca, e vice e versa, como explica a especialista e técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Tamíris Azoia de Souza.

“Essa mudança traz como principal consequência uma inversão em relação às regiões que se tornam mais secas ou úmidas. Nos períodos de ocorrência de La Niña, o sul do país sofre com estiagens mais severas. Com a mudança para o El Niño a tendência é de que essas áreas recebam chuvas acima da média no verão, ou seja, tenham maior umidade em relação aos anos anteriores”.

A estiagem e a chuva em excesso prejudicam desde as atividades agrícolas até as pecuárias, por isso, a produção deve ser planejada ainda com mais atenção. “A precipitação determina a época de semeadura, e influencia diretamente na qualidade da produção agrícola. Nas

porções mais ao sul do país, por exemplo, o El Niño tende a favorecer as culturas de verão e prejudicar as de inverno, já que a tendência é de chuva acima da média no verão. Ainda assim, em excesso, a chuva, pode atrapalhar a colheita - impossibilitando ou mantendo a umidade muito acima do necessário -, os tratos culturais e aumentar a incidência de diversas doenças”, exemplifica Tamíris.

A meteorologista do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec), Valesca Rodrigues Fernandes, explica que o El Niño se dá através do aquecimento das águas do Oceano Pacífico, aumentando a incidência de calor e com maiores chances de chuva. Entretanto, pela localização geográfica, Mato Grosso do Sul poderá acabar sendo beneficiado com o fenômeno de forma indireta.

“Aqui no estado o impacto será indireto, o fenômeno é mais forte nas regiões Sul e Nordeste do país. Os dias serão mais quentes e mais chuvosos. Mato Grosso do Sul, por estar no meio do caminho, pode se beneficiar

Clima 10 • REVISTA FAMASUL • JUNHO A AGOSTO 2023

el niño

com o fenômeno climático, com um quadro mais confortável. Pode ser que não teremos frio extremo e menos seca entre julho e setembro”, prevê a meteorologista.

Estratégias de manejo adequado, manter-se atualizado às probabilidades climáticas e estar disposto às inovações tecnológicas são possibilidades para enfrentar esse período, aponta Tamiris.

“Com o sul do estado mais suscetível ao fenômeno, é importante que os produtores da região comecem a semeadura no início do período recomendado. Tem de deixar a estrutura para o plantio organizado e preparado com antecedência, realizando a regulagem, limpeza e reparos de máquinas agrícolas a tempo do início do plantio, caso adiante. Obedecer a rotação de culturas, escolher quando possível, variedades resistentes a doenças fúngicas, manter o cuidado com as adubações nitrogenadas de cobertura (pois podem ocorrer severas lixiviação se as chuvas forem intensas), evitar plantio em áreas com histórico de inundação, realizar a colheita tão logo os níveis de umidade estiverem adequados, e não deixar de adotar o sistema de plantio direto”, são algumas das orientações da técnica. Tanto Tamíris quanto a meteorologista do

Fenômeno provoca alterações climáticas globais e acaba afetando o agro também

Cemtec recomendam que os produtores do sul do estado tenham mais atenção aos reflexos do El Niño. Eles devem pensar o fenômeno climático com mais antecipação, a fim de evitar perdas e ter uma produção mais eficaz, atrelada ao regime de clima que estará vigente.

Seja em qual cidade for, as especificidades de Mato Grosso do Sul devem ser ponderadas. Por estar no meio do caminho entre as regiões do país que poderão sofrer mais com o El Niño, as possibilidades de adversidades climáticas no campo podem diminuir. Alessandro Coelho, presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Corguinho e Rochedo, se mostra otimista com o quadro.

“Temos que nos ater a Mato Grosso do Sul. Aqui no estado, temos visto com o La Niña, períodos longos de estiagem e altas temperaturas no verão, o que causa grandes prejuízos na estação, inclusive no Sul do estado. Agora, no El Niño vemos um volume de chuvas maior, que traz outros tipos de transtornos, porém, na questão de produtividade tem sido uma grande âncora. A produtividade vai vir com força e nós vamos ajudar o Brasil a produzir de forma mais eficiente”, comenta Coelho.

JUNHO A AGOSTO 2023 • REVISTA FAMASUL • 11

Roda de Tereré

CAMPO MAIS SEGURO

Oprograma “Campo Mais Seguro” completou, em março de 2023, um ano de implantação. Apesar de recente, a iniciativa do governo do estado já apresenta resultados muito positivos como, por exemplo, o aumento da confiança da população rural nos órgãos de segurança pública, especialmente da Polícia Militar, que atua nesta ação com a Patrulha Rural.

Essa credibilidade possibilitou que a demanda reprimida fosse atendida, resultando no incremento de ocorrências registradas. Além disso, viabilizou o desenvolvimento de um trabalho preventivo contra a criminalidade, por meio de ações ostensivas. Esse ambiente criado pelo programa ampliou a sensação de segurança para quem vive no campo.

“O produtor precisa de tranquilidade e segurança para continuar produzindo com excelência. São feitos investimentos altos nas propriedades, na compra de animais, maquinários modernos, fertilizantes, defensivos agrícolas, e tantas outras aquisições. Isso chama atenção dos criminosos, muitas vezes aumentando os casos

de roubos e furtos. Por esse motivo, é importante a criação do patrulhamento direcionado para a área rural. As equipes entendem a nossa realidade, conhecem a região de atuação, dão retorno mais ágil e eficaz quando acionadas”, destaca o presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni.

O coordenador geral de Policiamento Rural da PMMS, coronel Gilberto Gilmar Santana, também faz uma avaliação positiva. Ele explica que antes havia uma certa desconfiança da população do campo em relação ao trabalho policial e que mesmo com a incidência de crimes o número de registros era baixo, o que dificultava o mapeamento criminal para se fazer o direcionamento das ações policiais, mas que com o programa isso mudou. “Agora, a população rural sabe que pode contar com policiais militares que realizam rondas e visitas, eliminando a desconfiança de que o policiamento possa ser interrompido a qualquer momento”.

O trabalho da Patrulha é voltado para todos os moradores do campo, beneficiando desde aldeias indígenas, passando por assentamentos, pequenas,

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Patrulha Rural garante a segurança e tranquilidade para quem vive no campo

médias e grandes propriedades até chegar a distritos. Até meados de junho, o programa Patrulha Rural contava com aproximadamente 7.000 propriedades cadastradas.

Entre os atendidos está José Geraldo Lima, de Nova Andradina. “Esse trabalho veio de encontro aos anseios, aos nossos sonhos de muito tempo. Há muito que o produtor estava abandonado a sua própria sorte no campo... É um trabalho muito grande, ainda tem muita coisa a ser feita, e com a participação dos dirigentes, dos políticos e da classe produtora é para se perpetuar e melhorar. Posso dizer, finalmente, que temos uma sensação boa de segurança no campo”.

Para participar do programa, basta que o interessado entre em contato com a unidade da PM em sua cidade, distrito ou comunidade e acione a Patrulha Rural. Uma equipe vai fazer então uma visita comunitária, explicando de forma clara seu funcionamento e sua metodologia, sendo voltada para a prevenção de crimes.

O coordenador do programa “Campo Mais Seguro” detalha que equipes estão presentes em todas as sedes de batalhões e companhias em Campo Grande e no interior do estado, totalizando 33 municípios com unidades ativas. Somente este ano, a Patrulha Rural fez 10 mil ações ostensivas.

Desde sua criação, a unidade registra uma série de ações bem-sucedidas, como o socorro às vítimas de acidentes, atendimento a pessoas mordidas por animais peçonhentos, recuperação de veículos roubados e furtados, apreensão de drogas, desarticulação de uma quadrilha

que furtava GPS e prisão de suspeito de homicídio.

O presidente do Sistema Famasul diz que as avaliações que recebe sempre exaltam a Patrulha Rural. “Os produtores têm nos dado um feedback muito positivo de que as equipes da Polícia Militar estão de prontidão, fazendo rondas periódicas nas regiões e aumentando a sensação de segurança no campo”.

Santana ressalta que os integrantes da unidade recebem um treinamento diferenciado. “Os policiais participam do curso de capacitação em policiamento rural. Além disso, constantemente existe um calendário de visitas técnicas onde as ações ostensivas de segurança rural são confrontadas. É verificado se

os procedimentos estão seguindo a padronização ou se existem falhas. A coordenadoria de policiamento rural conta com uma Central de Monitoramento de Policiamento Rural (CPRE), que verifica todas as ocorrências e avalia as ações de policiamento estadual”.

Para auxiliar no trabalho da Patrulha Rural, Bertoni diz que a Famasul repassa informações sobre a unidade aos Sindicatos Rurais e produtores e auxilia na capacitação de policiais para a operação de drones. “Duas turmas já foram treinadas e uma terceira deve iniciar ainda neste ano. Ao fim, serão 36 policiais preparados para utilizar esses equipamentos, que representam uma ferramenta a mais nesse trabalho tão importante”.

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Roda de Tereré

RESOLUÇÃO RÁPIDA DE CRIMES LEVA A REDUÇÃO DE 46% NO NÚMERO DE OCORRÊNCIAS NO CAMPO

Com um trabalho eficiente de investigação, orientação preventiva e parcerias com produtores rurais, entidades do agro e órgãos de segurança estaduais e nacionais, a Delegacia Especializada de Combate a Crimes Rurais e Abigeato (Deleagro) vem conseguindo uma rápida resolução de casos, a desarticulação de quadrilhas e a prisão de suspeitos, o que está provocando uma redução drástica no nú mero de ocorrências no campo.

Os casos de abigeato, por exemplo, recuaram 29%, de 395, em 2021, para 283, em 2022. Os furtos de GPS, diminuíram de 27 ocorrências no ano passado, para somente 4, na parcial do primeiro semestre deste ano. O total de ocorrências caiu 46% no primeiro trimestre de 2023 frente ao mesmo intervalo de tempo de 2022, despencando de 77 para 42.

Segundo o delegado titular da Deleagro, Mateus Zampieri Nogueira, apesar de criada há menos de dois anos, a unidade já apresenta resultados significativos. “A aproximação com o produtor, com a Famasul e com os Sindicatos tem sido fundamental no trabalho e nos dá o retorno para aprimorarmos as ações e elencar as demandas mais urgentes, sempre com planejamento e antecedência. Temos ainda um caminho a ser trilhado, mas

os resultados já estão aparecendo”. Entre os casos emblemáticos solucionados, Zampieri cita a desarticulação de três quadrilhas. Uma que furtava aparelhos de GPS e que foi presa em uma ação com as polícias de Goiás e de São Paulo, além do Defron, PM e PRF em Mato Grosso do Sul. Outra especializada no furto de armas de fogo e munições de sede de propriedades rurais, em Miranda, e a terceira, voltada para o abigeato, que agia na região de Cassilândia.

Atuando na prevenção, a Deleagro lançou uma cartilha com dicas de segurança para o campo. Com linguagem acessível, apresenta recomendações voltadas para a sede da propriedade, para equipamentos, para contratação de funcionários e até para transações comerciais. O material está disponível no site da Polícia Civil ou pelo QR disponível nesta reportagem.

Para ampliar o trabalho da unidade, Zampieri diz que deve ser implementado ainda neste ano um projeto para capacitar policiais do interior para a investigação de crimes relacionados ao campo. “A ideia é qualificar dentro de cada regional uma equipe para o atendimento ao agro. Com conhecimento e know how, esses policiais vão ser as nossas mãos e braços lá”, explica.

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Mateus Zampieri Nogueira, delegado titular da Deleagro

celeiro de vagas de emprego

Agro é um campo de oportunidades no mercado de trabalho

Campo de oportunidades, o agronegócio em Mato Grosso do Sul segue se destacando no ranking de geração de empregos. Apenas em 2022, o setor foi responsável pela contratação de 85.296 mil pessoas, acumulando um saldo positivo de 7.263 vagas, entre contratações e demissões, segundo o Novo Caged. A variação relativa no ano foi de 9,31%, o segundo melhor desempenho entre todos os macrosetores da economia do estado.

As oportunidades de trabalho no agro acompanham a evolução tecnológica do segmento. À medida que o setor se moderniza, cresce a exigência por mão de obra ainda mais qualificada, preparada para obter o melhor desempenho com as novas ferramentas colocadas à disposição dos produtores. Exemplo disso, é que a produção florestal, uma das atividades mais tecnológicas da área, foi a que registrou o maior saldo positivo de contratações formais no ano passado, 3.876 vagas.

A diretora-técnica do Senar/MS, Mariana Urt, destaca que o trabalho do campo vai muito além das técnicas manuais, tem novo perfil com olhar inovador e familiaridade tecnológica que contribuem para a eficiência do agronegócio.

“Mato Grosso do Sul tem se destacado entre os maiores produtores e exportadores do agronegócio brasileiro. Essa pujança contribui para resultados tão positivos. Temos o maior número histórico de pessoas atuando na área. Em 2022, os setores que mais empregaram, segundo o Caged, foram a agricultura [soja e milho], pecuária de corte e produção florestal”.

Entre janeiro e maio deste ano, o saldo seguiu positivo nas contratações do agronegócio no estado. Entre admissões e desligamentos, Mato Grosso do Sul gerou 4.399 empregos. O número coloca o segmento como um dos principais geradores de oportunidade, junto ao setor de serviços e construção civil.

Mercado
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Mercado

Entre as áreas que mais contribuíram com a criação de novas vagas de trabalho, o destaque é para serviço de preparação de terreno, cultivo e colheita, com 1.154 postos de trabalho, o cultivo de cana-de-açú car, com 839, produção florestal com 549, atividade de apoio à agricultura com 370 e a criação de bovinos com 95 oportunidades de trabalho.

PERFIL DO TRABALHADOR

EM MS

O agronegócio em Mato Grosso do Sul se desenvolveu com o passar dos anos por meio de diversos elementos, como a abundância em recursos naturais, a capacitação técnica, o empreende dorismo e o desenvolvimento tecnológico.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que, referente à instrução dos trabalhadores rurais no estado, 54% concluíram o ensino fundamental, 33% concluíram o ensino médio; com ensino superior são 10%, com mestrado 0,17% e doutorado 0,10%.

Mariana Urt explica que o rendimento médio da agropecuária no estado é de R$ 3.195, valor abaixo apenas do rendimento da administração pública. “O valor dos rendimentos da agropecuária em Mato Grosso do Sul é 70% maior do que a média nacional, que é de R$1.854”.

CAPACITAÇÃO TÉCNICA

O Sistema Famasul, por meio do Senar/MS, atua de forma direta para preparar os trabalhadores para as novas demandas tecnológicas do agro. A diretora técnica explica que a entidade opera simultaneamente diversas frentes e está

constantemente atualizando conteúdo e disponibilizando novas ferramentas educacionais.

Mariana reitera que o Senar/MS oferece gratuitamente um portfólio com alto nível técnico e embasamento científico para que o profissional desenvolva da melhor forma possível sua atividade.

Neste ano, a expectativa é capacitar 56.260 pessoas na Formação Profissional Rural, 21.952 na Promoção Social e 200 alunos no Programa Jovem Aprendiz. Na modalidade de curso técnico, presencial e à distância, a entidade espera qualificar 774 pessoas.

“Não apenas capacitamos, como também ajudamos a conectar os profissionais e as vagas de emprego. Em 2022, lançamos o Famasul Conecta que faz a conexão de oportunidades de emprego e profissionais do agro.

Tudo isso mostra o empenho do Sistema Famasul em preparar os trabalhadores para as oportunidades e desafios do mercado em Mato Grosso do Sul”, esclarece Urt.

FAMASUL CONECTA

O Famasul Conecta é uma plataforma online de vagas que visa conectar empregadores do setor a candidatos em busca de oportunidades. A ferramenta permite que seja feita busca por colocação no mercado de trabalho e disponibilizar vagas de emprego no setor agropecuário.

Ao acessar o Famasul Conecta, o candidato ou empregador deve criar uma conta, registrar o currículo ou a vaga, navegar por vagas e “talentos disponíveis”, candidatar ou notificar um perfil para contratação. Além disso, a ferramenta oferece espaço para estagiários e inserção de cursos e agendas do Senar Mato Grosso do Sul. A página do Sistema Famasul tem um atalho para a ferramenta.

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Mariana Urt, diretoratécnica do Senar/MS

ao alcance de um

Senar/MS: o parceiro certo na hora de realizar sonhos, seja no EAD ou presencial

clique

clique

De forma clara, o Serviço de Aprendizagem Rural de Mato Grosso do Sul - Senar/MS tem um objetivo específico: transformar vidas. Seja com os cursos de Educação à Distância (EAD) ou os presenciais, a capacitação proporciona a ampliação de conhecimento para os produtores rurais e as famílias do campo. De norte a sul, leste e oeste, o impacto positivo reverbera no dia a dia daqueles que participam dos cursos profissionalizantes.

Com a pandemia, a atividade dos cursos à distância ganhou mais relevância e maior procura por profissionalização. O gerente da Unidade Educacional do Senar/MS, Lucas Garcia da Silva, evidencia que as práticas EAD estão em expansão. Ao longo do período em que a maioria das pessoas não podia sair de casa e conexão era feita apenas pelas telas dos computadores e celulares, o Senar/MS ampliou as estratégias digitais e despontou no cenário de capacitação EAD nas mais variadas práticas do agronegócio.

“A educação à distância já evidenciava franca expansão mesmo antes

da Pandemia, porém ganhou maior envergadura no período de isolamento por proporcionar conhecimento por meio de estratégias digitais, esse cenário não foi diferente no Senar/ MS. Mesmo tendo a prática como princípio metodológico norteador das ações educacionais, o programa prosseguiu em sua missão de disseminar conhecimento por meio de plataformas virtuais, disponibilizamos mais de 20 títulos em diversas áreas, todos gratuitos, com conteúdo técnico e abordagens dinâmicas e estimulantes. O Senar/MS já formou mais de 3800 participantes por meio dos cursos EAD”, contextualiza o gerente da Unidade Educacional do Senar/MS.

Em Mato Grosso do Sul, o Senar atua em duas vertentes de curso: os de Formação Profissional Rural e os de Promoção Social. Lucas explica que o primeiro tipo visa um processo educativo mais integrado, atrelando diferentes níveis e modalidades da educação às dimensões do trabalho, a fim de desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes para a vida

Porteira
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do Conhecimento

Porteira do Conhecimento

produtiva. Já os cursos de Promoção Social são elaborados em um conjunto de práticas educativas com enfoque em ampliar os conhecimentos, desenvolvimento de habilidades pessoais e sociais, favorecendo uma melhor qualidade de vida.

Nestas duas vertentes, a instituição oferece vários cursos que perpassam por 14 cadeias produtivas e promovem desenvolvimento e emancipação do público rural. Alguns dos cursos mais procurados em cada frente de ação:

Promoção Social:

• Artesanato Crochê em Barbante;

• Corte e Costura: Modelagem e confecção de peças;

• Relações interpessoais.

Formação Profissional Rural:

• Operação de Aeronave Remotamente Pilotada (Drone);

• Análise e Classificação de Grãos;

• Operador de Tratores com Grades Agrícolas.

PRESENCIAL OU À DISTÂNCIA, MUDANÇA DE VIDA É CERTEIRA

Lá do Sul do estado, com mais de 30 anos de dedicação à área de educação e com uma aposentadoria recém-iniciada. Assim que soube que ia se aposentar, Wanderléia Santussi, de 65 anos, foi tomada por um misto de emoções, a felicidade por chegar em um momento da vida tão sonhado, e a de tristeza, por pensar que ia ficar sem nenhuma atividade.

Filha de produtores rurais no ramo de vacas leiteiras, Wanderléia não quis crescer profissionalmente atrelada ao campo, busca independência alfabetizando boa parte das crianças de Eldorado (MS). A chave virou quando viu no ramo familiar uma oportunidade de se manter ativa.

“Assim que me aposentei da escola, comecei a mexer com leite. Não via minha vida sem algo para fazer. Eu não nasci para ficar parada”.

A mudança começou a partir de 2019. Mas a transformação não foi do dia para noite. O principal aliado para que Wanderléia conseguisse tocar o negócio foi o Senar/

MS. “Já tínhamos o negócio de leite, mas eu não sabia de nada sobre manejo de vaca, alimentação animal e as coisas específicas do ramo. Fui fazendo vários cursos e me aprofundando no conhecimento e isso ninguém tira”, expressa Wanderléia.

Outra empreendedora que tirou o projeto do papal é a Lyara Morais Muniz. De Três Lagoas. Além de empreender no ramo rural, a produtora é influencer de plantas nas redes sociais. O Senar/MS chegou para Lyara em 2022. Amante das plantas, viu a oportunidade de aperfeiçoar os conhecimentos e se inscreveu em um curso de cactos, suculentas e rosas do deserto. Depois das aulas, foi o momento de colocar os conhecimentos em prática.

“Eu consegui aumentar ainda mais as minhas possibilidades. Comecei a espalhar o conhecimento para as minhas seguidoras. O curso foi de grande valia, ampliei meu conhecimento, consegui colocar tudo em prática. Esse é o melhor jeito de aprender”. Com mais de 150 mil seguidores em uma rede social, Lyara expandiu os negócios. “De tanto que deu certo nas

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redes sociais, com a @amigadasplantinhas, estou há quatro anos, agora tenho o meu espaço físico. Estamos caminhando para um espaço verde. Os conhecimentos me possibilitaram chegar neste momento de ter uma plataforma sólida mesmo com pouco tempo de criação. Os cursos me ajudaram muito, transformaram minha vida”.

EDUCAÇÃO: FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÃO

Após as histórias de Lyara e Wanderléia, o potencial de transformação do Senar/MS se apresenta de uma maneira mais nítida. A doutora e especialista em educação Ângela Maria Costa vê as práticas de profissionalização como oportunidades de tornarem a população mais competitiva no mercado de trabalho.

“As pessoas que aprenderam a juntar letras não são consideradas cidadãos. A alfabetização deve ser bem-feita. Tudo que se refere a educação continuada é excelente. Isso torna as pessoas mais competitivas no mercado. É uma forma de acessibilidade e oportunidade para que as pessoas entrem em vagas de emprego”, destaca a especialista.

O gerente da Unidade Educacional do Senar/MS, Lucas Garcia da Silva, vê essas mudanças na prática. O representante do programa afirma que a emancipação pessoal através do aperfeiçoamento profissional traz benefícios para toda a cadeia produtiva do

agronegócio, além das possibilidades pessoais de quem participa das capacitações.

“Nesse sentido a educação profissional desenvolvida e aplicada pelo Senar/MS, ganha ainda mais relevância por conseguir desenvolver conhecimento, habilidades e atitudes que se revertem em emancipação pessoal, aperfeiçoamento profissional, ampliação produtiva, qualificação técnica,

Lucas Garcia, gerente da Unidade Educacional do Senar/MS

expansão tecnológica e empreendedorismo de forma ampla, democrática e consistente em todo território do estado, dessa forma é possível identificar mudanças de realidades familiares e sociais por meio do crescimento econômico e do desenvolvimento local, ocasionados pela evolução no trabalho, do pequeno ao grande produtor, impactando positivamente da cidade ao campo”.

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Tendências de Mercado

Os analistas técnicos do Sistema Famasul retratam o panorama atual de produtos do agro e as tendências baseadas nos principais indicadores e propensões de mercado.

BOVINOCULTURA DE CORTE

Após um primeiro semestre desafiador a expectativa é de um cenário melhor na segunda metade do ano. A projeção é que a redução da oferta em razão da menor produção de animais a pasto e confinados, provoque um aumento no valor da arroba. As exportações devem seguir favoráveis, mas ainda abaixo de 2022. Em contrapartida, o mercado interno não indica incremento de consumo, mas se espera que a melhoria do ambiente econômico estimule as vendas.

AVICULTURA

SUINOCULTURA

BOVINOCULTURA DE LEITE

O cenário é muito favorável em 2023. O preço do frango no atacado está 15% acima do valor do ano passado. O abate está no mesmo patamar de 2022, garantindo que a demanda seja atendida sem gerar excedente que poderia pressionar os preços. As exportações seguem em bom ritmo, com valorização internacional, e o segmento foi incluído como prioritário para o crédito do FCO. Preocupa o mercado os casos de Influenza Aviária em aves silvestres no país.

Panorama otimista. A atividade foi incluída pelo governo do estado na lista de prioridades para obter recursos do FCO, e com a avicultura e irrigação, recebeu a destinação de R$ 300 milhões. O número de animais abatidos cresceu 6% no primeiro semestre e o preço do animal vivo subiu 4,5%. Houve aumento em receita e volume das exportações em comparação com 2022. A principal novidade é a abertura do México para a carne suína brasileira.

O atual momento do setor é incerto. Há fatos e perspectivas favoráveis para o desenvolvimento da atividade, como o preço do leite, que apresenta valorização de 15% frente a 2022, e a melhora na relação de troca com a mistura composta de milho e farelo de soja, indicando ganho para o produtor e sinalizando queda no custo de produção. Em contrapartida, o aumento das importações de lácteos, com preços competitivos, preocupa o segmento.

Mato Grosso do Sul registrou na safra 22/23 a maior produção de sua história, 15 milhões de toneladas. A produtividade média chegou a 62,44 sacas por hectare. A expectativa de uma grande produção mundial vem pressionando as cotações nos últimos meses, mas frustrações nas projeções em razão de eventos climáticos podem impactar nas lavouras norte-americanas, interferindo nos preços. SOJA

MILHO

A previsão é de que os produtores sul-mato-grossenses plantem 2,3 milhões de hectares com o cereal para a safra de inverno e atinjam uma produtividade média de 80 sacas por hectare, chegando ao volume de 11,2 milhões de toneladas. Terceiro maior exportador do grão, com uma participação de 12,5% no total do país, o estado acompanha com atenção a projeção de produção elevada entre os principais players globais: EUA, China e Brasil, o que deve ecoar nas cotações.

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JOÃO MARTINS

“O BRASIL PRECISA AUMENTAR OS

INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA PARA ACOMPANHAR O AUMENTO DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA”

João Martins da Silva é formado em Administração de Empresas e tem mais de 50 anos de atuação profissional no agro. A dedicação ao setor vem de família. Seu pai, na década de 1940, abatia bovinos para o abastecimento de Salvador (BA). Nos anos 1970, firmou-se como produtor de leite na fazenda Grande Vista, em Feira de Santana, interior baiano. Foi fundador e primeirotesoureiro da Central de Cooperativas de Leite da Bahia (CCLB) e ainda presidente interino da Associação Baiana de Criadores (ABAC). Na década de 1980, foi diretor e 1º vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (FAEB). Em 2000, reassumiu a presidência da instituição, em cargo que ocupou até 2018.

Desde 2012, vinha exercendo a 1ª vicepresidência da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), cargo que antecedeu a posição de presidente, que assumiu em 2015. Em 19 de setembro de 2017, foi eleito para presidir a entidade até 2021 e reeleito em 2021 para o quadriênio até 2025.

Nesta entrevista à Revista Famasul ele fala sobre alguns dos principais temas em debate pelo setor, como a reforma tributária, logística para o escoamento da produção, tensionamento no campo, exportações, influência do clima, tecnologia, remuneração dos produtos por serviços ambientais e visibilidade do agro.

Dedo de Prosa
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A CNA tem se mobilizado junto com outras instituições do setor produtivo para ampliar o debate sobre a Reforma Tributária. Quais as grandes bandeiras que o agro defende como propostas para o país?

Martins - A CNA trabalha na construção de uma reforma justa, que possibilite a simplificação do sistema sem aumentar a carga tributária dos setores da economia. Temos realizado estudos e discutido com os parlamentares os efeitos das PECs 45 e 110. Até o momento, tais propostas podem prejudicar os produtores rurais, tirar a competitividade do setor e elevar os preços dos alimentos para a sociedade. Por isso, estamos apresentando uma série de sugestões de aperfeiçoamento aos textos.

O agronegócio defende algumas premissas em relação ao tema, entre elas:

- A carga tributária setorial e global não deve aumentar; Estudo da CNA mostra que o agronegócio, em 2018, foi responsável por arrecadar o equivalente a 21,5% do total dos tributos recolhidos para os cofres públicos, o equivalente a R$ 489 bilhões. Esses dados corroboram a posição da CNA contra o aumento de impostos para o setor e para a população brasileira.

- Deve ser mantida a desoneração para os produtos da cesta básica; A desoneração de alimentos da cesta básica

permite que as famílias mais carentes consigam se alimentar sem comprometer parte importante de sua renda com o pagamento de tributos. Uma reforma que observe as particularidades do setor agropecuário, sem aumentar a carga tributária, é fundamental para ajudar no combate à fome e evitar impactos nos preços dos alimentos para a sociedade.

- Produtores rurais não devem ser contribuintes diretos do Imposto sobre Valor Agregado (IVA);

De acordo com o Censo Agropecuário, de 2017, 98,2% dos produtores rurais brasileiros estão estabelecidos como pessoa física. O fato de não serem contribuintes de PIS, Cofins, IPI, ISS e em grande parte do ICMS, não prejudica a apropriação de créditos presumidos por parte dos adquirentes da produção. A tributação proposta pelo IVA deve incidir sobre os produtos (exceto os da cesta básica e os insumos) e não necessariamente no contribuinte, portanto, as propostas de Reforma Tributária em discussão não devem incluir o produtor rural pessoa física como contribuinte.

- As propostas de alíquota única que estão no Congresso prejudicam o setor e a economia; O modelo de agregação de impostos por meio do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que consta em propostas que tramitam no Congresso Nacional, prejudica o setor agropecuário e a economia nacional. Prejudica ao

CRESCER AINDA

MAIS, GRAÇAS À CAPACIDADE EMPREENDEDORA DOS PRODUTORES RURAIS”

tributar com a mesma alíquota produtos supérfluos e alimentos. Países que se utilizam do IVA possuem alíquotas diferenciadas para o setor agropecuário e para os alimentos.

No ano passado, a CNA, as Federações estaduais da agricultura e os sindicatos rurais elaboraram o documento “O que esperamos dos próximos governantes”, que traz contribuições do agro não só para temas específicos do setor, mas de interesse geral. As novas considerações sobre Reforma Tributária podem ser acessadas no site da CNA: https://cnabrasil.org.br/storage/arquivos/ pdf/proximos_governantes_final.pdf

Ao mesmo tempo em que avança muito rapidamente no desenvolvimento de novas tecnologias para produzir com sustentabilidade e bate recordes de produtividade, o agro enfrenta um estrangulamento no país para escoar sua produção, seja nos modais rodoviário, ferroviário e hidroviário. Como superar esse quase apagão de logística e infraestrutura?

Martins – O produtor rural é extremamente eficiente dentro de sua propriedade, mas enfrenta desafios, dificuldades e custos altos para escoar a sua produção. O Brasil precisa aumentar os investimentos em infraestrutura e logística para acompanhar o aumento da produção agropecuária.

” Dedo de Prosa 22 • REVISTA FAMASUL • JUNHO A AGOSTO 2023
“TEMOS POTENCIAL PARA
FOTOS: WENDERSON ARAUJO/CNA

A infraestrutura de transporte depende de planejamento de Estado e não de Governo, uma vez que os projetos exigem longo prazo de maturação (licenciamento e execução) e demandam tempo para a implantação que suplantam uma única gestão. É necessário aumentar a oferta de modos de transporte com maior capacidade de carga (ferrovias e hidrovias), de maneira a possibilitar redução dos custos de transporte. Para tanto, é fundamental disponibilizar à iniciativa privada projetos atrativos e seguros, proporcionando aporte de recursos em terminais portuários e de transbordos, embarcações, linhas férreas, vagões e armazéns, portos secos.

Tais ações visam o equilíbrio da matriz de transportes e a integração. Também geram oportunidades para que o produtor rural comercialize os produtos em período mais oportuno, resultando em redução dos custos de produção e, consequentemente, em alimentos mais baratos para a população brasileira.

O país enfrenta um tensionamento no campo, se agravando os conflitos com movimentos de trabalhadores rurais sem-terra e indígenas. Como a CNA tem atuado para assegurar a segurança jurídica ao produtor?

Martins – Não é possível que os produtores de alimentos do Brasil tenham que enfrentar, em 2023, esse tipo de situação que leva violência e insegurança jurídica ao campo. Invasão de propriedade é crime e deve ser combatida com a aplicação da lei, com a ação imediata das autoridades para garantir o estado democrático de direito. Em abril, diante de uma série de invasões e ameaças, a CNA protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de liminar para impedir invasões de propriedades rurais em todo o País. A CNA está atenta a essa questão e entende que o principal problema da reforma agrária, atualmente, é a falta de regularização fundiária dos assentamentos existentes. A Política Nacional da Reforma Agrária (PNRA) não deve se basear apenas na desapropriação de áreas para a criação de assentamentos, mas também nas outras etapas do processo, como melhoria na

infraestrutura, condições de financiamento e, principalmente, a emissão de títulos para o produtor rural trabalhar com segurança jurídica. Em relação à seleção de famílias, é preciso ter um processo com transparência, com publicidade e impessoalidade dos atos, além de isonomia na seleção de pretensos beneficiários.

A China é o grande parceiro comercial brasileiro, destino de parte significativa das commodities do país. Se por um lado, garante ao Brasil uma parcela importante em um dos maiores mercados consumidores do mundo, por outro, representa uma dependência às flutuações positivas e negativas deste importador. Como reduzir essa dependência sem impactar nos números de nossas exportações?

Martins - O Brasil é o terceiro maior exportador de alimentos do mundo e possui uma produção agropecuária altamente reconhecida, tanto é verdade que exportamos para mais de 200 países e territórios. É inegável nossa força exportadora e temos potencial para

crescer ainda mais graças a uma série de fatores, entre eles a capacidade empreendedora dos produtores rurais. Sabemos que, atualmente, as exportações brasileiras se concentram nos mercados de China, União Europeia e Estados Unidos, que representam, em conjunto, 54,6% das exportações do agronegócio do País, mas já se observa enorme crescimento de outros mercados. E a CNA atua de várias formas para ampliar os mercados e diversificar a pauta exportadora. Um dos projetos nesse sentido é o Agro.Br, desenvolvido em parceria com a Apex-Brasil, que trabalha junto a empreendedores rurais, principalmente os pequenos e os médios, para apresentar e levar seus produtos a novos clientes e a novas realidades. O Agro.Br trabalha em todo o processo, da identificação daqueles com potencial para exportar, preparação, capacitação até a parte de promoção comercial, como a ida em feiras e rodadas de negócios. A CNA também abriu escritórios em Xangai, Singapura e Dubai para estimular as exportações para regiões populosas e onde há uma forte demanda por alimentos.

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Dedo de Prosa

tem ampliado a oferta de cursos e vagas em sua rede, com currículos atualizados às inovações tecnológicas.

Já temos casos de produtores sendo remunerados pelo trabalho de conservação do meio ambiente, seja por meio de programas de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) ou pela venda de crédito de carbono. Na sua avaliação, quando efetivamente esse esforço do produtor representará uma importante fonte de renda para sua propriedade?

Apesar do esforço do produtor brasileiro para produzir com sustentabilidade, alterações globais estão afetando o clima. Fenômenos como La Niña e El Niño, cada vez mais, provocam eventos climáticos extremos, que afetam diretamente a produção agropecuária. Como o produtor brasileiro pode se preparar para enfrentar esse panorama?

Martins – Os esforços dos produtores rurais são extremamente relevantes, pois conciliam segurança alimentar e energética com soluções de redução e até captação do carbono da atmosfera, contribuindo para a redução da emissão de gases de efeito estufa (GEEs). A manutenção da vegetação nativa e a agricultura de baixa emissão de carbono (ABC) são reconhecidamente exemplos mundiais de produção sustentável. Alterações climáticas, a exemplo do ciclos de aquecimento e resfriamento da temperatura média das águas do Oceano Pacífico e seus efeitos, caraterísticas dos fenômenos El Niño e La Niña, tem causa e efeito mundiais e devem ser enfrentados de forma global. Apesar de contribuir com menos de 18,5% das emissões mundiais de GEEs, em contraste com a produção de energia, que emite 73%, o setor agropecuário tem o maior potencial de mitigar não somente as suas emissões, mas as emissões dos demais setores, uma vez que possui meios e tecnologias para isso. De outro lado, a agropecuária tropical brasileira desenvolveu-se baseada na adaptação e resiliência, transformando

desafios climáticos em oportunidade de desenvolvimento sustentável.

Nesse sentido, a agropecuária já encontra mecanismos de proteção aos eventos climáticos baseados nas mais modernas tecnologias, materiais genéticos adaptados e mais resistentes, suplementação de água por meio da irrigação, que garantem o controle dos efeitos das estiagens, reservação de água para períodos de déficit hídrico e uma assistência técnica voltada a uma produção segura. Cabe ressaltar que instrumentos como o seguro rural também são imprescindíveis à garantia da atividade.

O agro avança no uso de novas tecnologias. A mecanização e os recursos 4.0 já são uma realidade em várias propriedades. Entretanto, à medida que avança nesse aspecto, esbarra na falta de mão de obra qualificada. Como preparar o trabalhador do campo para esse novo contexto?

Martins - A tecnologia é e será fundamental para produtores e trabalhadores rurais. Contribui para o aumento da produtividade, para o melhor gerenciamento da propriedade, enfim, traz uma série de benefícios imediatos à atividade. Diante dessa realidade, a capacitação e o conhecimento são cada vez mais necessários. Essa é uma das prioridades do Sistema CNA/Senar ao promover cursos, capacitações e ao levar assistência técnica e gerencial para o campo. Atento às necessidades do setor que representa, o Senar

Martins - O produtor rural brasileiro cumpre o Código Florestal e investe em tecnologias de agricultura de baixo carbono. Precisamos que isso seja reconhecido, mensurado, monitorado e recompensado, não só de forma financeira, como também transformar-se em diferencial competitivo para os produtos agropecuários brasileiros.

O Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) tem como premissa ser uma transação voluntária na qual um serviço ambiental bem definido – ou uma forma de uso da terra que possa segurar esse serviço – é comprado por um comprador de pelo menos um provedor, sob a condição de que o provedor garanta a provisão desse serviço.

Com imenso potencial de aplicação no Brasil, a Lei 14.119, de 13 de janeiro de 2021, instituiu esse instrumento da política ambiental. No entanto, ainda não há clareza nas garantias necessárias à transação devido à ausência de um arcabouço legal para a sua inserção no orçamento federal; tampouco foram definidos os critérios de captação de recursos, de monitoramento dos benefícios ecossistêmicos, de valoração dos serviços prestados, de elegibilidade dos processos ecossistêmicos e das áreas prioritárias no recebimento dos recursos financeiros, além de outras questões.

Se quisermos avançar além dos efeitos das medidas baseadas na política de comando e controle, é consenso que outros instrumentos de política ambiental sejam incorporados ao ativo produtivo da propriedade rural para a não opção pelo uso alternativo do solo. Serviços ambientais como captura e retenção de carbono, manutenção da biodiversidade, proteção

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dos recursos hídricos e manutenção das belezas cênicas são funções já desenvolvidas pela propriedade rural. As propriedades rurais têm, por força de lei, a obrigação de manter suas áreas protegidas a título de Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL), imobilizando seu uso em até 80%. Responsáveis pela preservação dos recursos hídricos, da paisagem, da estabilidade geológica e da biodiversidade, facilitando o fluxo gênico de fauna e flora, protegendo o solo e assegurando o bem-estar das populações humanas, essas áreas de conservação não são elegíveis como prestadoras de serviços ambientais por não terem o requisito “adicionalidade”.

Nessa perspectiva, APP e RL são exigidos apenas no Brasil e não contribuem para a sustentabilidade econômica da propriedade. Assim, a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (PNPSA) tem por objetivo desmistificar, regulamentar e avaliar economicamente o PSA, buscando oferecer essa modalidade de remuneração ao produtor rural que se enquadre nela.

Já o futuro mercado de carbono, no âmbito do Acordo de Paris, depende de regras que promovam projetos geradores de créditos certificados de carbono no setor agropecuário para o atendimento do compromisso brasileiro (NDCs), mas que também, sejam viáveis para serem vendidos a outros países e setores para o cumprimento de metas de redução de emissões. O Brasil e seu setor agropecuário possuem um potencial de produção de créditos de carbono único no mundo, sendo um enorme provedor dessas soluções. O mecanismo de mercado, até o momento, provou-se insuficiente para alavancar demanda e oferta de créditos de carbono, o que resultou em um valor pago por tonelada de carbono insustentável para a atratividade do mercado. Com soluções baseadas em mitigação e adaptação reconhecidas, o Brasil possui mecanismos eficientes de geração de créditos certificados que reconheçam e remunerem suas ações. Precisaremos ficar atentos aos Planos Setoriais de Mitigação e às discussões do Projeto de Lei 528/2021, para que todo nosso potencial seja considerado no Futuro Mercado.

Um mercado novo que se abre cria

novas oportunidades para todos os envolvidos. A CNA e as Federações defendem o melhor termo para o produtor rural. A garantia de exercer o imenso potencial de geração de créditos de carbono depende da ação institucional, para que as normas reconheçam,

“QUANTO MAIS A POPULAÇÃO CONHECER O ESFORÇO DOS PRODUTORES, MAIS VALOR SERÁ DADO A ESSE

valorizem e recompensem o produtor rural que investe numa economia cada vez menos carbonizante. O produtor já cumpre o Código Florestal e investe em Agricultura ABC+. O Sistema CNA atua no sentido de promover soluções para o crescimento da economia baseada em tecnologias limpas e solução para os demais segmentos econômicos que não conseguem alcançar o mesmo nível de reduções. É importante salientar que o mercado de carbono não comporá a renda principal do proprietário rural. Estes créditos serão ganhos adicionais àqueles que conseguirem implantar e ter transparência nas suas atividades produtivas associadas às tec-

nologias de mitigação e estocagem de carbono. O mercado de carbono é um meio e não um fim. Quando essa equação se mostrar favorável à ampliação da área protegida, associada a outros instrumentos como o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), Cotas de Reserva Ambiental (CRA), Redução de Emissões por Desmatamento Evitado (REED+) entre outros, poderemos ter a ampliação da área protegida.

O agro é a principal força motriz da economia brasileira. Mesmo assim, uma parcela importante da população brasileira desconhece ou tem uma visão equivocada do trabalho do produtor rural. Como a classe pode se comunicar melhor com a população?

Martins – O Sistema CNA/Senar sempre teve como uma de suas preocupações levar, da melhor forma possível, as informações corretas do agro, tanto para os produtores rurais quanto para a sociedade brasileira. Uma dessas iniciativas é a campanha nacional do Senar “Do pequeno ao grande. Do campo pra você”, veiculada nos principais veículos de comunicação e em pontos estratégicos do País. A campanha mostra uma série de exemplos de superação de produtores rurais nas nossas cinco regiões. Quanto mais a população conhecer o esforço dos produtores para levar alimentos às casas das pessoas, mais valor será dado a esse trabalho fundamental, que garante a segurança alimentar do Brasil e do mundo.

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TRABALHO

Assistência Técnica e Gerencial ano 1

Oconceito ESG vem ganhando cada vez mais espaço no setor produtivo mundial, e em Mato Grosso do Sul não é diferente. A sigla faz referência ao termo em inglês Environmental, Social and Governance, que em português se traduz por Ambiental, Social e Governança. Há mais de 12 meses, o Sistema Famasul foi pioneiro ao implantar o conceito no estado para ampliar as práticas sustentáveis na agropecuária.

ESG são diretrizes que disseminam informações e incentivam o desenvolvimento de iniciativas que atendem às exigências socioambientais e tendências de mercado. Entre elas, destacam-se os índices sobre recursos hídricos e emissão de carbono; leis trabalhistas e condições de saúde e segurança; transparência, ética e integridade nas instituições.

O consultor técnico do Senar/MS, Stephan Alexander da Silva Alencar, explica que a instituição implementou a metodologia do ESG em suas ações para colaboradores, prestadores de serviços e sindicatos rurais, além de lançar uma nova ação da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG – ESG) com o objetivo de disseminar informações, apoiar a melhoria contínua e incentivar os produtores a atuarem de forma sustentável.

“Os produtores rurais de Mato Grosso do Sul saem na frente com a implantação do ESG, não só em relação a outros estados, mas a outros países produtores. Atividades que visam somente o lucro, sem considerar os impactos que possuem sobre o meio ambiente e as pessoas envolvidas no processo, são consideradas insustentáveis. A aplicação do ESG visa uma atividade economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente adequada”.

Nos últimos 12 meses, a ATeG – ESG foi implantada em seis cadeias: apicultura, horticultura, piscicultura, bovinocultura de corte, bovinocultura de leite e ovinocultura. Ao todo, foram elaborados questionários para a aplicação em 1.308 propriedades rurais. Alencar destaca que a metodologia mostra como uma propriedade pode se portar em diferentes áreas de atuação para valorização do seu negócio.

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Sistema Famasul dá exemplo e completa um ano da implementação do ESG

“Os conceitos, quando aplicados de maneira correta, melhoram os resultados produtivos, financeiros e aumentam a sustentabilidade, garantindo a permanência da família por muito mais tempo na atividade. Nem todo investimento em ESG vai trazer lucro financeiro ao produtor rural, mas algumas aplicações, de forma direta ou indireta, impactam positivamente na comunidade ao redor”.

O consultor avalia como positivo o período de implementação da metodologia pelo Sistema Famasul. “No balanço desta atividade nos últimos doze meses, conseguimos iniciar este método, realizar a avaliação em parte das propriedades rurais atendidas, e traçar o cenário do conceito nas diferentes cadeias. Diversos produtores já aplicam ESG, mas o auxílio de um profissional com vivência no campo é importante, para que o processo seja mais adequado e efetivo”.

PRÁTICAS MAIS SUSTENTÁVEIS NO CAMPO

Com as práticas ESG, Rosa Lopes tem adotado métodos mais sustentáveis em sua propriedade. Nascida e criada na estância Chapecó, em Aquidauana, ela se dedica à produção de queijo. São 70 unidades por dia.

“Assumi os negócios do meu pai e aos poucos fomos crescendo, construímos uma cozinha maior, fui fazendo cursos e com técnicas as coisas vão melhorando. Fomos criados no Pantanal e o nosso carro-chefe é o queijo pantaneiro. Os nossos produtos são naturais e não têm nada de conservante”.

Após o início do programa ATeG ESG do Senar/MS, Rosa começou a adotar práticas mais conscientes em sua propriedade. A produtora destaca que entre as práticas sustentáveis de sua rotina de trabalho estão ações para evitar o desperdício de água, preservação de áreas verdes, reciclagem do lixo e o descarte correto dos resíduos da queijaria.

“Hoje tem um técnico do Senar/ MS que vem até a minha propriedade para uma consultoria. A partir do lixo orgânico eu faço adubo para o meu pomar, separo produtos para reciclagem, cuido da sa-

nidade dos meus animais e todos os meus funcionários são registrados”.

O diálogo é constante na consultoria oferecida pelo Senar/MS e a mudança no processo de gestão da propriedade foi nítida. “Eu sou apaixonada pela vida do campo é muito prazeroso o nosso trabalho.

O Senar/MS ensina desde como cuidar do bezerro, do descarte de resíduos até a organizar as despesas”.

O produtor rural interessado em conhecer e participar da ATeG, deve procurar o Sindicato Rural do seu município e solicitar o serviço.

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Stephan Alexander Alencar, consultor técnico do Senar

Projetos Especiais

saúde para todos

Senar/MS e AACC/MS firmam parceria para levar atendimento oncológico a crianças e adolescentes do meio rural

OSenar/MS e a Associação dos Amigos das Crianças com Câncer (AACC/MS) assinaram um termo de cooperação técnica para levar atendimento oncológico para crianças e adolescentes dentro do Programa Especial Saúde do Homem e da Mulher Rural, realizado pelo Senar/MS.

Com a parceria, crianças e adolescentes de 0 a 19 anos receberão atendimento médico nas ações do programa e os casos suspeitos de câncer infantojuvenil, serão encaminhados às unidades de saúde do estado.

O presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni, destaca que a ação fortalece a saúde no campo. “Saúde é prio-

ridade do Sistema Famasul. Nas ações de saúde desenvolvidas pelo Senar/MS, já oferecemos consultas e exames em ginecologia, urologia, dermatologia e oftalmologia. Agora, também contamos com um pediatra oncológico, reforçando nosso compromisso com a qualidade de vida e saúde da população do campo”.

Desde 2016, o Saúde do Homem e da Mulher Rural realizou mais de 30 mil atendimentos em 122 eventos. A primeira edição com a nova parceria foi promovida em Anastácio, em julho, com a participação da diretora-técnica do Sistema Famasul, Mariana Urt.

A previsão é que, a partir deste ano, a

parceria percorra 27 municípios e contemplando em média 20 atendimentos na especialidade de pediatria, e aproximadamente 540 pacientes.

DIAGNÓSTICO PRECOCE

De acordo com a presidente da AACC, Mirian Comparin Correa, a parceria deve intensificar a campanha contra o câncer infantojuvenil em Mato Grosso do Sul, além da identificação precoce da doença, o que aumenta as chances de cura.

“Esse projeto consegue chegar a lugares onde a AACC não consegue estar. A parceria pode trazer uma melhora nos índices de cura do câncer infantojuve-

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nil, uma vez que o diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de cura. A cooperação deve intensificar a campanha contra o câncer infantojuvenil, uma vez que toda a equipe do programa será capacitada para identificar os principais sintomas do câncer e principalmente como proceder”, diz a presidente da AACC.

O atendimento médico pediátrico oncológico será feito por profissionais credenciados pelo Senar/MS e integrará as ações de saúde desenvolvidas sempre aos sábados, em parceria com o Sindicato Rural e prefeituras dos municípios solicitantes.

Comparim detalha que os casos suspeitos de câncer infantojuvenil identificados nas ações do Senar/MS serão encaminhados para a AACC/MS, que dará seguimento aos tratamentos no Centro de Tratamento Onco Hematológico Infantil (CETOHI). “A associação deve oportunizar capacitações a toda equipe do Senar/MS voltada ao diagnóstico precoce do câncer em crianças e adolescentes, com o objetivo de formar o profissional para os principais sinais e sintomas da doença e suas especificidades, colocando-os como membros integrantes da rede de oncologia pediátrica”.

A presidente da AACC reitera que a parceria com o Sistema Famasul para ampliar o atendimento oncológico de crianças e adolescentes é muito gratificante. “Essa união é uma grande satisfação, por isso a expectativa é de melhorar o cenário da cura do câncer infantojuvenil em Mato Grosso do Sul. A nossa missão é o cuidado com as crianças e adolescentes com câncer,

ter essa identificação precoce já é um começo muito positivo na jornada pela cura, pois conseguiremos agilizar os encaminhamentos e encurtar os caminhos até o tratamento”, aponta.

Conforme o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer infantojuvenil é a primeira causa de óbitos entre crianças e jovens no país. A estimativa é que no triênio 2023/2025 ocorrerão, a cada ano, 7.930 novos casos de câncer em crianças e jovens de 0 a 19 anos de idade. A boa notícia é que, segundo o instituto, cerca de 80% dos pacientes acometidos pelo câncer infantojuvenil podem ser curados se diagnosticados precocemente e tratados devidamente. Quanto mais eficientemente e mais cedo os profissionais conseguirem detectar os sinais e sintomas do câncer

infantojuvenil, maiores serão as taxas de cura.

SAÚDE NO CAMPO

O Sistema Famasul tem como prioridade cuidar da saúde das famílias do campo. Neste ano, a meta é continuar investindo em programas como o Saúde do Homem e da Mulher Rural e o Sorrindo no Campo.

O programa Sorrindo no Campo cuida da saúde bucal de quem vive no campo e leva atendimento odontológico para as famílias. Com início em 2023, de janeiro a julho, foram 18 eventos e mil participantes.

Os programas são realizados com o apoio de Sindicatos Rurais e Prefeituras Municipais. Para mais informações, procure o Sindicato Rural do seu município.

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Expocam gera resultados excelentes e supera expectativa dos organizadores

A Exposição Agropecuária de Camapuã (Expocam) de 2023 gerou excelentes resultados e superou todas as expectativas. A avaliação foi feita pelo presidente da Associação dos Criadores de Camapuã (Acricam), Paulo Valcania. A associação promoveu o evento em maio deste ano.

“Foi muito bom para a cidade em termos de negócios, de movimentação financeira. A exposição atingiu todos os nossos segmentos socioeconômicos, a população e o produtor rural”.

O Sindicato do Produtor Rural de Camapuã também participou da exposição. O presidente, Toninho Silvério, destacou a representatividade da feira agropecuária. “É de suma importância para nosso município e principalmente para o nosso setor, pois reúne informação, novidades e comercialização dos produtos, como o reconhecido bezerro que tornou nossa cidade a capital do bezerro de qualidade. Nós, como sindicato, seremos sempre parceiros de

Agripesi:

instituições como a Acricam, que desenvolvem e fomentam o setor. Esse também é nosso papel como representantes da agropecuária”, destacou.

Inovação tecnológica norteia programação

O Sindicato Rural de São Gabriel do Oeste com apoio da Famasul e do Senar/MS realizou em junho a 3ª edição da Feira Agropecuária do município (Agripesi). O evento aconteceu no Parque de Exposições Balduíno Maffissoni e trouxe na programação a inovação tecnológica.

O presidente do Sindicato Rural, Renê Miranda, enfatizou como a representatividade da Famasul tem transformado o cenário econômico e a visão estratégica da região.

“É de extrema importância a atuação do Sistema Famasul para o desenvolvimento do município, seja com as capacitações e Assistência Técnica e Gerencial do Senar/MS, seja na defesa dos produtores rurais, e no patrocínio de eventos como a Agripesi”, disse.

O presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni, destacou a importância do evento para toda região norte. “Percebemos o grande crescimento da Agripesi em cada edição. A feira já faz parte do calendário de São Gabriel do Oeste, e traz infraes-

trutura, tecnologia e conhecimento aos produtores rurais”. Em seus quatro dias, a feira apresentou soluções para propriedades agrícolas e inovações tecnológicas para diferentes cadeias produtivas como da avicultura, pecuária e suinocultura. Mais de 100 expositores participaram da iniciativa.

Agro Agenda 30 • REVISTA FAMASUL • JUNHO A AGOSTO 2023 CAMAPUÃ
SÃO GABRIEL DO OESTE

TRÊS LAGOAS

Expotrês reconecta população

ao agro e gera bons negócios para patrocinadores

A Exposição Agropecuária de Três Lagoas (Expotrês), promovida pelo Sindicato Rural do município, foi um grande sucesso.

“O maior destaque da feira foi a nossa volta às origens. Oferecemos a parte técnica aliada às atrações artísticas para aumentar a participação das pessoas dentro do parque. Como resultado, nossa população se reconectou ao agro. As crianças tiveram contato com os animais, com equipamentos e produtos do setor. Com isso, conseguimos reaproximar as pessoas do setor e, ao mesmo tempo, fazer com que os patrocinadores fizessem bons negócios”, apontou a vice-presidente do sindicato, Stéphanie Ferreira Vicente.

Expoagro tem recorde em negócios gerados

A 57ª Expoagro 2023 Dourados alcançou um volume recorde de R$ 948,7 milhões em negócios. A feira foi realizada de 12 a 21 de maio no Parque de Exposições João Humberto de Carvalho.

O montante representa um crescimento de 101% em relação à edição de 2022, quando foram computados R$ 470 milhões de negócios gerados com mais de 80 empresas participantes da Expoagro.

Durante 10 dias, mais de 80 mil pessoas entre produtores rurais, trabalhadores do agro, estudantes e a população em geral, acompanharam as atrações que contaram com eventos técnicos (palestras e simpósios), provas equestres, exposição de pequenos empreendedores e de entretenimento com parque de diversões, praça de alimentação e shows.

Para o presidente do Sindicato Rural de Dourados, Ângelo Ximenes, a feira cresce fortemente e apresenta cada vez mais novas tecnologias e soluções para todos os produtores rurais.

Ele destaca que, nesta edição, faltou espaço para abrigar expositores. “A procura foi grande.

Como a Expoagro é uma grande vitrine para o agronegócio, as empresas buscam o Sindicato Rural de forma bastante antecipada para participar do evento”, diz Ângelo Ximenes.

Expopar alia a tradição e inovação em sua 59ª edição

A 59ª edição da Exposição Agropecuária de Paranaíba (Expopar) aliou a tradição de um dos principais eventos agropecuários do Estado à inovação, ao apresentar novas tecnologias para o setor.

O presidente do Sindicato Rural do município, Fábio Macedo, apontou como um dos destaques do evento a parte técnica com extensa programação de palestras, Vitrine Tecnológica da Bovinocultura de Corte e mesa redonda.

“Foram seis leilões, sendo um de gado de leite, dois de corte, e três de touro, dos quais um de Nelore e outro de Canchim. A qualidade dos animais apresentados foi muito boa. Também tivemos crescimento no número de expositores”.

O presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni, participou da solenidade de abertura e destacou a evolução da Expopar a cada ano, com parceiros, maquinários e outros atrativos aos visitantes.

“É muito gratificante acompanhar uma feira que cresce a cada edição, sem perder as tradições. Sei

DOURADOS PARANAÍBA

o quanto é desafiador estar à frente de um evento como este, tão importante para o município”, ressaltou.

Nesta edição o evento homenageou produtores e personalidades da região: Antônio Eduardo Apreia, Omar Brito da Silveira e Dalva Castanheira. Junto com a Expopar foi realizada também a 19ª Expoleite.

Agro Agenda 32 • REVISTA FAMASUL • JUNHO A AGOSTO 2023

Agro Agenda

Chá das Mulheres destaca a liderança feminina no agro

O Sindicato Rural de Rio Brilhante promoveu, em junho, a 9ª edição do Chá das Mulheres. O tradicional evento teve o objetivo de valorizar o papel feminino no agronegócio e em outros setores produtivos. A direção do Sindicato aponta que a cada edição o sucesso se repete. Além de socializar e estimular o convívio, o Chá também possibilita um momento de reflexão sobre o papel da mulher no contexto da sociedade moderna, seja dentro ou fora do agro.

A organização é do Sindicato Rural com apoio do Senar/MS. A comissão organizadora é composta por mais de 10 mulheres, entre elas Fernanda Manfio (esposa do presidente Luciano Cargnin Manfio), Jucineia Lago (esposa do vice-presidente, Roberto Lago), e Volnete Inês Aléssio Matos, idealizadora do evento.

Durante o encontro, a coordenadora do Programa Empreendedor Rural (PER), Katiúscia Nasu, apresentou uma palestra sobre o programa Mulheres

em Campo do Senar/MS. A iniciativa tem o objetivo de desenvolver o empreendedorismo das mulheres na gestão dos negócios. Os conteúdos apresentados contribuem para que mulheres melhorem a administração da propriedade, seja como chefe de família ou auxiliando o marido e transformando a participação feminina em fator decisivo para o sucesso da empresa rural.

RIO BRILHANTE

Lideranças debatem economia e sustentabilidade durante Interagro em Campo Grande

O constante crescimento e desenvolvimento do agronegócio e as principais pautas do setor, foram temas debatidos no Interagro 2023, evento promovido pelo Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG) que contou com o apoio da Famasul e do Senar/MS.

Com presença de autoridades nacionais e locais, a programação trouxe assuntos como a Reforma Tributária e o Plano Safra 2023/2024. Um dos palestrantes foi o deputado federal Pedro Lupion (PP), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que participou do encontro por vídeo chamada, de Brasília.

Já na palestra “Plano Safra 2023/2024 – Perspectivas”, Bruno Lucchi, o diretor técnico da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), detalhou o panorama dos próximos passos da política pública

diante do cenário da produção brasileira. A 3ª edição consagrou o Interagro como um dos principais eventos do setor de Mato Grosso do Sul, com mais de 1,3 mil participantes nos três dias de evento.

GRANDE
CAMPO

Famasul em Ação

Entrega de medalhas do Departamento de Operações de Fronteira em Dourados

Agenda de alinhamento com o Comando Militar do Oeste

Lideranças em agenda sobre Reforma Tributária na FIEMS

Assinatura do Convênio do Famasul Vantagens com ABPO

Cerimônia de Posse do Comando Militar do Oeste

Diretor-tesoureiro da Famasul, Frederico Stella, em posse da Assembleia Legislativa

Diretor-tesoureiro, Frederico Stella, em posse na Jucems

Compromisso com o Ministério do Trabalho

Apresentação de demandas da Famasul ao Governo de MS na Expogrande

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1ª Etapa do Programa CNA Jovem
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Marcelo Bertoni em agenda da Fundação Instituto de Terras de SP Presidente da Famasul e Superintendente do Senar/MS em compromisso com a PRF Reunião da Comissão Assuntos Fundiários CNA em Brasília Marcelo Bertoni e presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Sérgio Fernandes Martins Superintendente do Senar/MS, Lucas Galvan, em Troca de Comando do CMO Inauguração do Estúdio Multimídia da Casa Rural com diretoria do Sistema Famasul e presidentes de sindicatos rurais Marcelo Bertoni em agenda com a Senadora Tereza Cristina Painel do Interagro 2023 em Campo Grande Estande do Senar/MS no Showtec 2023 em Maracaju Frederico Stella e Lucas Galvan em evento que celebra 1 ano do Governo de MS

Agro Doc

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Créditos: 1) Instrutora do Senar/MS, Jeisa Casotti, em Naviraí; 2) Foto áerea de propriedade em Nova Alvorada do Sul, por Cláudio Fonseca; 3) Stefani Kurose, em Aquidauana; 4) Daniele Coelho e Regiane Miranda, no município de Dourados; 5) Clovis Tolentino, na Tecnoagro em Chapadão do Sul; 6) Camilla Jovê, em Corumbá
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