Edição 81 março 2020

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www.revista100porcentocaipira.com.br Brasil, março de 2020 - Ano 8 - Nº 81 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Banco Mundial de Sementes conta com a contribuição brasileira para garantir a alimentação mundial no futuro

A Embrapa envia para Noruega mais de 3.000 materiais genéticos do seu acervo para a “Arca de Noé Botânica” REVISTA 100% CAIPIRA |


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São Paulo conquista segunda certificação em leite orgânico de búfalas

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Logística e transporte: Conservação de estradas melhora escoamento da produção agropecuária em Lambari

Fruticultura: Paraná tem novas cultivares de acerola

Certificação:

Governo:

MP DO AGRO: Câmara aprova proposta que altera regras do crédito rural

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Artigo:

Banco Mundial de Sementes conta com a contribuição brasileira


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Café:

O caminho mais curto para conhecer e produzir um café especial

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Meio ambiente:

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Análise de mercado: Enchente em SP eleva preços em Cuiabá

Políticas de precificação de carbono não garantem o cumprimento do Acordo Frigoríficos e abatedouros:

Abate técnico prova potencial do gado Nelore selecionado a pasto

Receitas Caipiras: Bolinho de mandioca com carne seca REVISTA 100% CAIPIRA |

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FRUTICULTURA

Paraná tem novas cultivares de acerola Brasil,março de 2020 Ano 8 - Nº 81 Distribuição Gratuita

EXPEDIENTE

Revista 100% AGRO CAIPIRA www.revista100porcentocaipira.com.br

A acerola é produzida em cerca de 30 municípios e a produção é de 3,6 mil toneladas A apresentação de quatro novas cultivares de acerola é um dos destaques do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater no Show Rural deste ano. São materiais para o mercado de fruta fresca, de polpa congelada e, ainda, para extração de vitamina C pela indústria farmacêutica. O evento de lançamento está programado para quinta-feira (6), às 11 horas, com presença do secretário de Agricultura e Abastecimento, Norberto Anacleto Ortigara. “Elas suprem a demanda de cultivares adequadas às condições do Paraná. Há muitos materiais no mercado, mas desenvolvidos para o Nordeste brasileiro, a maior região produtora do país”, explica o pesquisador Pedro Martins Auler. A acerola é produzida comercialmente em cerca de 30 municípios. Cruzeiro do Oeste, Japurá, Marilena, Nova Tebas e Pérola são os principais produtores. A produção, cerca de 3,6 mil toneladas, é direcionada principalmente ao processamento de polpa e, em menor escala, para o mercado de vitamina C. Auler aponta também a importância do cultivo em pequenas áreas, encontrado em mais de 228 municípios. “A produção para o consumo doméstico melhora a dieta da população”, ressalta. 6 | REVISTA 100% CAIPIRA

Ainda na fruticultura, a instituição mostra uma coleção de citros indicados para o Paraná. Também apresenta informações técnicas atualizadas sobre o combate ao huanglongbing (HLB), ou greening, doença que causa grande preocupação, e prejuízos, aos produtores de citros. No caso do maracujá, os pesquisadores apresentam o modelo de produção para áreas onde ocorre o vírus do endurecimento dos frutos – doença que atinge as principais áreas de produção no Estado. Maçã e ameixa são outras propostas para diversificação da propriedade, com a apresentação das macieiras Eva e Julieta e das ameixeiras Reubennel, FLA-3 e FLA-8, todas em avaliação na região Oeste. Para interessados em produzir uva, é possível conhecer a cultivar Isabel e três técnicas para condução – espaldeira tradicional, espaldeira duplo descendente e o método dupla cortina de geneva (GDC). A espaldeira também é utilizada para a produção da amora-preta. Dessa espécie, estão no Show Rural as cultivares Brazos, Comanche e Tupy, igualmente em estudos para cultivo no Oeste Fonte: IAPAR do Paraná.

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AGRICULTURA DE PRECISÃO

Uso de drones nas lavouras será regulamentado pelo MAPA

A utilização de drones de pequeno porte para pulverizar lavouras no Brasil deverá ser regulamentada ainda no início deste ano

Fonte: Agrolink

A informação é do Sindicato Nacional da Aviação Agrícola (Sindag). O presidente da entidade, Thiago Magalhães Silva, disse que a expectativa é de que o texto da Instrução Normativa (IN) dos drones entre em consulta pública nos próximos dias e, “se tudo correr bem, a norma deve ser publicada em março”. O Sindag participa, desde 2019, do processo de normatização dos drones pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), junto à fiscais federais e outros especialistas do setor. No momento, o departamento jurídico do Mapa analisa a IN, que deverá incluir os veículos com até 25 quilos – Classe III, na regulamentação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). As demais categorias – Classe I, Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPAs) com mais de 150 quilos, e Classe II, acima de 25 e até 150 quilos, continuarão seguindo a IN 02, de 2008, que dita as regras para aviões e

helicópteros agrícolas. Além disso, todos os operadores de drones de pulverização (pessoas físicas ou jurídicas) deverão ter registro junto ao Mapa. Alguns itens da IN 02 continuarão valendo também para os drones menores. É o caso, por exemplo, da exigência de um engenheiro agrônomo responsável pelas operações e um técnico agrícola com curso de executor em aviação agrícola que acompanha as missões em campo. “Os operadores de drones também terão de fazer relatórios técnicos de cada operação, assim como ocorre com os aviões agrícolas. Esses relatórios deverão ser guardados por no mínimo dois anos à disposição de eventuais fiscalizações”, disse Silva. “Percebemos os drones como uma ferramenta com potencial muito grande para aumento da capacidade operacional e até diversificação das operações das próprias empresas aero agrícolas. Tanto que, em 2017 o Sindag se tornou a primeira entidade aero

agrícola no mundo a ter uma empresa de drones em seu quadro de associadas”. Silva afirmou que, apesar da baixa capacidade de carga, os aparelhos remotos são bastante úteis no trato das lavouras. Ele citou como exemplo as ações de arremates em pulverizações feitas em áreas maiores, mas com alguns pontos ambientalmente sensíveis ou com obstáculos para o uso de aviões. O presidente do Sindag destacou ainda outra funcionalidade dos drones – a geração de imagens multiespectrais. “Por enquanto, é o grande nicho desses veículos na agricultura”, disse. “Tanto para gerar diagnósticos, indicando pontos onde é preciso haver uma intervenção pontual com nutrientes, para eliminar pragas, entre outros serviços, como a contagem de plantas sadias para a obtenção de uma estimativa precisa de safra, importante, por exemplo, para seguradoras ou quem opera em mercado futuro”. REVISTA 100% CAIPIRA |

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ARTIGO

Banco Mundial de Sementes brasileira para garantir a ali

A Embrapa envia para Noruega mais de para a “Arca de

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s conta com a contribuição imentação mundial no futuro

e 3.000 materiais genéticos do seu acervo e Noé Botânica”

Por: Eduardo Reis

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eu nome original em norueguês é: Svalbard Seed Va u l t , S i l o G l o b a l de Sementes Svalbard e no Brasil popularmente chamado de B anco Mundi a l de sementes, trata-se de um gigantesco silo para sementes construído em 2008 nas proximidades de Longyearbyen, no arquipélago de Svalbard, a cerca de 1.300 km / 180 mi ao sul do pólo norte. A obra custou aproximadamente US$ 8,8 milhões na época e foi financiada inteiramente pelo governo norueguês. S e g u n d o o s ite Wi k ip é d i a : O armazenamento de sementes no cofre é gratuito para os usuários finais. A Noruega e 10 | REVISTA 100% CAIPIRA

a C r o p Tr u s t p a g a m o s c u s t o s operacionais. O financiament o p r i m á r i o p a r a a Tr u s t v e m de organizações como a Fundação Bill & Melinda Gates e de vários governos em todo o mundo. História O Nordic Gene Bank (NGB) armazena, desde 1984, o germoplasma de plantas nórdicas através de sementes congeladas numa mina de car vão abandonada em Svalbard. Em janeiro de 2008, o Nordic Gene Bank fundiu-se com outros dois grupos nórdicos de conservação para formar a NordGen. O silo foi oficialmente inaugurado em 26 de fevereiro de 2008, embora as

primeiras sementes tenham chegado um mês antes. Cinco por cento das sementes no cofre, cerca de 18.000 amostras com 500 sementes cada, vieram do Centre for Genetic Resources of the Netherlands ( C G N ) , p a r t e d a Un i v e r s i d a d e d e Wa g e n i n g e n , H o l a n d a . Construção O silo foi projetado pelo a r q u i t e t o P e t e r W. S o d e r m a n e construído no Monte Spitsein, em Svalbard, e é uma estrutura inteiramente subterrânea. O arquipélago de Svalbard situa-se a 1.000 km ao norte da Noruega continental, e foi escolhido por ser um lugar a salvo das possíveis alterações climáticas causa-


das pelo aquecimento global e/ou quaisquer outras causas. Em 19 de junho de 2006 os primeiros-ministros da Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca e Islândia participaram em uma cerimônia de i n í c i o d a s c o n s t r u ç õ e s , “c o l o c a n d o a p r i m e i r a p e d r a”. A s obras foram concluídas e o silo foi inaugurando em 26 de fevereiro de 2008. O silo tem capacidade para abrigar três milhões de sementes. O restante será preser vado através de coleções de plantas vivas ou em labor a t ó r i o . O “c o f r e” é a b e r t o ap enas quatro vezes p or ano. As câmaras estarão a −18°C, e se por alguma razão o sistema elétrico de refrigeração f a l h a r, o m o n t a n t e d e g e l o e

neve que naturalmente recobre o silo – o permafrost – manterá as sementes entre −4°C e −6°C. Ao longo da cobertura do silo e de sua fachada exposta existe uma instalação luminos a chamada Per p etua l Rep ercussion, realizada pela artista norueguesa Dyveke Sanne, que marca a localização do cofre à distância. Na Noruega, projetos financiados pelo governo que excedem certo orçamento devem conter uma o b r a d e a r t e . A KO R O ( Ku n s t i offentlige rom) agência governamental norueguesa responsável por administrar arte em lugares públicos, entrou em contato com a artista para instalar uma obra luminosa que ressaltasse a importância

Fonte: ABEEólica

e a beleza da aurora boreal. A cobertura e a entrada do cofre são cobertas por placas de aço inoxidável de alta reflexibilidade. No verão, a instalação reflete as luzes polares enquanto que, no inverno, uma rede de cerca de 200 cabos de fibra óptica dá à instalação uma cor esverdeada. E n e s t a “A r c a d e N o é B o t â n i c a” h á e s p é c i e s d e s e m e n tes do mundo todo e o Brasil também tem sua parcela de contribuição com o futuro da agronomia mundial com sementes recolhidas ao longo dos últimos 50 anos por vários agricultores de todos os cantos do Brasil. Segundo a Agência Brasil: A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, unidade REVISTA 100% CAIPIRA | 11


da Empres a Brasi leira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Brasília, para a Noruega, uma remessa com 3.438 amostras genéticas que farão parte do maior banco mundial de sementes, localizado na cidade de Long yearbyen, no arquipélago ártico de Svalbard. Elas foram transportadas pelos C orreios até Oslo, capital da Noruega, e seguiram até a ilha com a equip e do banco, onde foram depositadas em 25 de fe vereiro. A pesquisadora e supervisora de curadorias de germoplasma (material genético) da Embrapa, Rosa Lía Barbieri, representará o Brasil e acompanhará o depósito das 11 caixas que contêm as amostras. Representando as Américas, ela participará ainda da reunião do painel internacional que faz a validação e acompanhamento do trabalho do ban-

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co norueguês. A Embrapa selecionou 3.037 acessos de arroz, 87 de milho, 119 de ceb ola, 132 de pimentas Capsicum e de 63 Cucurbitáceas (abóboras, morangas, melão, p epino, maxixe, quino e melancia), que serão mantidas a uma temperatura entre 18 graus Celsius (°C) negativos e 20°C negativos. Acessos são amostras de sementes representativas de diferentes populações de uma mesma espécie. “Elas representam um pouco da diversidade da agricultura brasileira. É um pedacinho da Embrapa que está lá resguardado e é uma forma de garantir que esse material vai estar disponível para populaç ã o”, d i s s e R o s a , e m e n t r e v i s ta à Agência Brasil. Rosa explicou que esse material só poderá ser aberto pela própria Embrapa e é

como uma cópia de segurança para conservação a longo prazo das sementes, que já são armazenadas nos bancos brasileiros. Além do Brasil, pelo menos 30 países também depositarão suas sementes em Savalbard. A cerimônia deve contar com a presença da primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg. Essa é a terceira vez que o Brasil envia sementes a Svalbard. Em 2014 foram enviados pela Embrapa 514 acessos de feijão e em 2012, 264 de milho e 541 de arroz. A iniciativa é decorrente do acordo assinado entre a Embrapa e o Real Ministério de Agricultura e Alimentação da Noruega, em 2008. Banco brasileiro Para a pesquisadora Rosa Lía, a presença da Embrapa


no banco de Svalbard dá visibilidade ao Brasil no cenário internacional. “É estratégico para o Brasil essa participação, já que o Brasil tem um protagonismo no trabalho com recursos genético na América Latina, faz todo sentido que a gente mostre isso p a r a o m u n d o”, d i s s e . A Embrapa, em Brasília, também possui um banco genético com cerca de 130 mil amostras só de sementes, além de microrganismos e sêmen e embriões de animais, que formam o maior banco de recursos genético da América Latina e o quinto maior do mundo. A coleção ser ve, prioritariamente, apenas para a conser vação do material dos bancos ativos de outras unidades da empresa, nos quais é feito o trabalho de campo, que consiste em testar e pesquisar as propriedades, fazer o manejo dos recursos genéticos e multiplicar as amostras a se-

rem enviadas para bancos internacionais, pesquisadores e empresas solicitantes. “É o armazenamento da riqueza e biodiversidade do Brasil. É uma das formas de a gente garantir que a sociedade brasileira, no futuro, terá segurança alimentar É aqui que a agricultura, a pecuária e o setor florestal brasileiro virão buscar a variabilidade genética, se for o caso, para combater pragas e doenças que venham atacar a agricult u r a b r a s i l e i r a”, e x p l i c o u o presidente da Embrapa, Celso Moretti. Em 1995, por exemplo, indígenas da etnia krahôs, do To c a n t i n s , recorreram ao banco da Embrapa para recuperar sementes primitivas de milho e amendoim, pois não se adaptaram ao cultivo do milho híbrido comercial e já não possuíam mais a variedade local. A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia possui

também um sistema de informação para consulta pública, o Alelo, com o registro de tudo que está armazenado em seus bancos genéticos. Orgulho do Agro A edição de março de 2014 da Revista 100% Caipira divulgou a doação de feijão ao cof re com a matér ia: “C of re de sementes recebe Feijão do Brasil” este é só um dos motivos para termos ORGULHO do Agronegócio brasileiro e de sermos todos brasileiros. Haja vista que o agronegócio movimenta parcela significativa do PIB brasileiro, com aumento em quase todas as culturas e safras todos os anos e crescimento constante da confiança e exportação mundial. Podemos concluir que a fartura de variedades estará garantida por muitas gerações vindouras graças ao nosso agronegócio. REVISTA 100% CAIPIRA |13


AGRICULTURA FAMILIAR

Agricultora cria refrigerante de hibisco

A agricultora de CriciĂşma compartilha a receita 14 | REVISTA 100% CAIPIRA


Quando se pensa em hibisco a primeira imagem que se tem é a da flor muito utilizada em ornamentação. Mas as características alimentícias da planta garantem a presença dela em diferentes preparações culinárias. O refrigerante de hibisco é um exemplo e é a prova de que é possível agregar saúde e sabor à flor. E o melhor: transformar o chá amargo em uma bebida doce e funcional. Foi o que fez a agricultora de Criciúma Zenaide Mrotskoski: ela viu na flor não somente beleza, mas também as propriedades nutricionais que a planta possui. Zenaide conta que decidiu experimentar o chá de hibisco quando escutou na televisão que ele auxiliava no processo de emagrecimento. Mas o sabor a impediu de ver os resultados do chá dito emagrecedor, já que no primeiro gole achou o gosto ruim. E da experiência azeda surgiu a ideia de inovar aquela bebida e torná-la mais saborosa. “O chá não era bom, não consegui tomar. Fiquei com pena pois tinha sobrado tudo. Peguei o chá, deixei esfriar e resolvi fazer o refrigerante”, conta aos risos. O refrigerante com fermentação natural já era feito com laranja, maracujá e bergamota na propriedade da família Mrotskoski. Zenaide adaptou a receita para o chá do hibisco e o resultado foi um sucesso. O marido, a filha e até os vizinhos adoraram o sabor da preparação exótica. Apesar de não comercializar o refrigerante, Zenaide não descarta a ideia de que ele pode virar fonte de renda extra se caso for vendido. “Fazemos

só para os familiares, mas acreditamos que ele poderia ser vendido. Porém, como ele é 100% natural, teria que adaptar a receita para ter mais durabilidade”. Os ingredientes do refresco são poucos e a maneira de preparo é simples. Apenas com o chá feito das flores secas do hibisco e com o açúcar, que ajuda a quebrar o azedo da bebida e produz a fermentação natural, o refrigerante fica pronto. “A cor chama muita atenção, fica lindo. E a quantidade de açúcar utilizado é muito menor nesse refrigerante em comparação com a quantidade utilizada no artificial”, conta Zenaide. Receita compartilhada A extensionista da Epagri de Criciúma, Lidiane Camargo, foi uma das pessoas a saborear e se surpreender com o gosto do refresco de hibisco. A opção mais saudável para o refrigerante e a popularidade que a bebida estava ganhando fizeram com que a ela divulgasse a receita para mais agricultoras. “Eu e a Zenaide passamos a fazer uma oficina para compartilhar o produto e incentivar outras agricultoras a fazerem em casa também. A alimentação saudável ganha cada vez mais espaço e a ideia do refrigerante natural foi bem aceita por todos”, relata a extensionsita. A fama dos benefícios em relação às propriedades da planta é real, porém é preciso que ela seja usada com moderação e utilizada conjuntamente a uma alimentação equilibrada. “O hibisco tem propriedades antioxidantes e

pode auxiliar no emagrecimento se associado a hábitos de vida saudável. No entanto, há restrição para mulheres em idade fértil que pretendem engravidar. Mas não é método anticoncepcional”, explica a nutricionista Cristina Ramos Callegari, nutricionista extensionista da Epagri de Florianópolis. A alimentação saudável é um hábito que as pessoas têm buscado implementar em seu cotidiano. Segundo pesquisa divulgada em 2018 pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), 80% dos brasileiros procuram ter uma alimentação mais saudável. Os benefícios que uma alimentação equilibrada pode trazer são vários e vale a pena o esforço para inovar e introduzir novas receitas e alimentos nas refeições. Receita de refrigerante de hibisco 100g de hibisco seco (Hibiscus sabdariffa) 1 litro de água fervente 200g de açúcar para cada PET (na receita são usadas 10 garrafas) Modo de preparo: Colocar o hibisco na água fervente e fazer um chá. Deixar esfriar bem (preferencialmente até o dia seguinte), dividir o chá em 10 garrafas PET de dois litros e completar com água. Em cada garrafa acrescentar 200g de açúcar (o açúcar vai fermentar o líquido, então será necessário deixar dois dedos de espaço para a formação do gás). Mexer para a diluição do açúcar e deixar em local escuro e na horizontal. Após 15 dias o refrigerante está pronto para ser consumido.

Fonte: EPAGRI

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CERTIFICAÇÃO

São Paulo conquista segunda certificação em leite orgânico de búfalas Trabalho de orientação técnica da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, por meio de extensionistas que atuam na Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) Regional Itapetininga, foi primordial para que os produtores obtivessem a certificação Produtores da região de Itapetininga, no interior de São Paulo, conquistaram certificação para produzir o leite de búfala orgânico, o que poderá aumentar em até 50% o preço pago pelo litro de leite, além de ampliar a oferta de produtos ao consumidor paulista. O trabalho de orientação para converter a produção do leite convencional para orgânica é realizado desde março de 2018 por técnicos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) Regional Itapetininga. “Esta certificação é a segunda do Estado de São Paulo e a terceira do Brasil as outras propriedades certificadas ficam em Joanópolis (SP) e Valença (RJ)”, informa a zootecnista Ana Paula Roque, que atua na CDRS Regional Itapetininga e foi a responsável pelo acompanhamento técnico das propriedades e do processo. As duas propriedades certificadas estão localizadas no município de Sarapuí. São elas: o Sítio São José, do produtor Adriano José Nunes de Almeida, e Sítio Nossa Senhora Aparecida, de Antônio Bento da Silva. “Cada uma possui cerca de 60 hectares e em torno de 90 búfalas em lactação. Durante a conversão, o laticínio já se propôs a pagar 30% a mais pelo leite. Com a certificação, esse bônus

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Fonte: Assessoria de Comunicação Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo

passa para 50%”, explica Ana Paula, ressaltando que, as propriedades certificadas passaram por um rigoroso processo de acompanhamento técnico, documental e de inspeção. Diretor da CDRS Regional Itapetininga, Luiz Carlos de Carvalho Leitão, frisa que as propriedades certificadas são vinculadas à Cooperativa dos Produtores de Leite e Demais Produtos da Agricultura Familiar de Sarapuí e Região (Colaf), entidade que foi apoiada pelo Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável Microbacias II Acesso ao Mercado, executado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento, por meio da CDRS, com recursos de mais de R$ 980 mil, com contrapartida de 30% pelos produtores. “Estes recursos, sobre os quais os produtores afirmam que sozinhos não teriam condições de investir, foram utilizados na implantação de um entreposto de leite de búfala em terreno cedido pela prefeitura municipal, no qual estão sendo feitas as adequações finais propostas pelo Ministério da Agricultura para obtenção do selo do SIF - Sistema de Inspeção Federal. Outro apoio importante para os produtores foi a orientação técnica para melhoria da qualidade do leite de búfala, um dos quesitos fundamentais para obtenção da certificação. “O atendimento técnico

aos cooperados é realizado pela Casa da Agricultura municipalizada, juntamente com o corpo técnico da Regional de Itapetininga. Uma das ações é a análise mensal da qualidade do leite, em um projeto realizado em parceria com o Instituto de Zootecnia. Essas análises contribuíram para a melhoria da qualidade do leite produzido de forma convencional e também do leite orgânico, sendo balizadoras das orientações nas atividades de ordenha e higienização das instalações”, salienta Luiz Carlos. O trabalho de extensão rural Ana Paula conta que tudo começou em outubro de 2017, quando um laticínio de Valença (RJ) propôs a produtores da região pagar a mais pelo leite orgânico e apoiar o processo de conversão. Em abril de 2018, foi realizada uma capacitação aos produtores, para produção de leite orgânico, em uma parceria entre as Regionais da CDRS de Avaré e Itapetininga e a Diretoria de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente de Sarapuí, tendo como instrutor o eng. agr. de Avaré, Sérgio Augusto Martins Faria. Segundo ela, 15 produtores participaram de uma primeira reunião, após a citada capacitação. Desses, cinco se inte-


ressaram em iniciar o processo. “O laticínio se comprometeu a pagar o consultor para planejar o manejo e a visita da certificadora no primeiro ano”, lembra. Ao longo da transição, Ana Paula foi chamada para acompanhar. Em dezembro de 2018, Ana Paula levou os produtores à fazenda Recanto SS, do produtor Claudine Saldanha Júnior, em Itirapina, para conhecer o processo na prática. Futuro promissor

também buscou aperfeiçoar seus conhecimentos tanto para o desenvolvimento do trabalho técnico como documental exigido pela certificadora. “Aprendi sobre os aspectos conceituais da pecuária leiteira orgânica, tecnologias a serem utilizadas, homeopatia, tudo acompanhado de visitas práticas em propriedades orgânicas da região de São Carlos. A troca de experiências entre técnicos e produtores participantes do curso foi muito enriquecedora”, relata. O maior desafio dos produtores da região de Itapetininga foi a gestão de informações como a identificação dos animais, implantação de planilhas de produção vegetal e animal e outros controles de campo, que não eram realizados nas propriedades participantes. “Outro fator é a compra de grãos orgânicos, principalmente o milho, que não são produzidos na região de Itapetininga e têm que ser comprados em outros estados, o que encarece o produto”, disse Ana Paula. Neste aspecto, o assessor do Gabinete da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Edwin Montenegro, destaca que a pasta tem desenvolvido estudos e diagnósticos em diferentes segmentos produtivos, que sinalizam que a estratégia do desenvolvimento dos orgânicos está na cadeia de insumos. “Temos como prioridade aumentar essa produção de grãos orgânicos, pois esses insumos não estão sendo supridos pela produção paulista. Dessa forma, conseguiremos abastecer não só os produtores de leite, como também de ovos e frangos orgânicos”, afirma. Graças à boa alimentação dos animais, a produção de leite orgânico pelos criadores da região de Itapetininga foi semelhante à produção convencional, com pastejo rotacionado, balanceamento de dietas e bem-estar animal. Um dos pontos positivos, destaca Ana Paula, foi que os bubalinos raramente enfrentam problemas com mastites e carrapatos, o que facilitou o processo de conversão, no que se refere às questões sanitárias. “O controle de endo e ectoparasitas está sendo feito com produtos homeopáticos”, explica.

Em 2018, produtores da Cooperativa dos Produtores de Leite e Demais Produtos da Agricultura Familiar do Município de Sarapuí e Região (COLAF) receberam a proposta do laticínio Vitalatte, no Estado do Rio de Janeiro, para o qual já forneciam o leite convencional, de fornecer também o leite orgânico. A remuneração pelo leite orgânico foi um grande atrativo aos produtores da região. Pelo leite entregue durante o período de conversão, eles recebem 30% a mais, em relação ao preço base, que é de R$ 2,20. Quando o leite finalmente estiver certificado, os produtores deverão receber 50% a mais, em relação ao preço base. Um dos produtores que aceitou realizar a conversão para produtos orgânicos foi justamente Adriano José Nunes de Almeida, de Sarapuí. Com a ajuda da esposa Márcia e do filho, ele chega a produzir cerca de 100 mil litros de leite de búfala ao ano. Sua meta agora é ampliar o faturamento com a inclusão de novos animais no rebanho. Adriano conta que o processo de conversão foi longo, mas teve o importante apoio dos técnicos da CDRS. “Recebemos toda a orientação, desde o processo da documentação até a adequação dos implementos para tornar a produção orgânica”, afirma o produtor, que também cultiva tangerinas em sua propriedade. “Durante o processo de certificação, já estamos recebendo a mais pelo litro do leite e a empresa arca com os custos da certificadora no primeiro ano”, afirma. De acordo com Ana Paula, os produtores tinham muita dificuldade em apli- Sobre o leite de búfala car o Plano de Manejo Orgânico. “Foi aí que começou o trabalho da Secretaria O leite de búfala é naturalmente de Agricultura”, lembra a técnica, que A2, pois não contém a beta-caseína

A1, uma substância associada a reações alérgicas, inflamações e desconforto gastro-intestinal por uma parte da população. Por ter elevado teor de sólidos, é utilizado na produção da muçarela e em seus diversos formatos, como burrata, frescal, ricota, requeijão cremoso. É cada vez mais apreciado pelos consumidores por sua textura delicada e sabor suave. “O leite de búfala tem alto rendimento na fabricação de queijos, em relação ao leite de vaca. Com teores de gordura que podem chegar a 6,5% e de proteína entre 4,5% a 5%, são necessários apenas cinco a seis litros de leite de búfala para fazer um quilo de muçarela, contra 10 litros do leite de vaca”, explica Ana Paula Roque, que na regional de Itapetininga da CDRS é responsável pelo atendimento aos criadores dos bubalinos. Produto diferenciado A muçarela de búfala é obtida a partir do leite extraído do animal. Após sofrer o processo de pasteurização, o soro é retirado e a massa ganha o formato da muçarela de búfala que é comercializada no mercado. Tal muçarela não é prensada. É um produto considerado nobre, uma vez que a produção de leite de vaca é maior do que a de búfala e, consequentemente, a de queijo também. Mas os benefícios encontrados na muçarela de búfala são bem maiores quando comparados aos da muçarela de vaca. A versatilidade da muçarela de búfala é bastante apreciada na culinária. Por ter um sabor delicado e suave, é muito utilizada no preparo de doces e salgados, compondo pratos como saladas, recheios de massas e tortas. É base de pratos como bruschettas, risotos, salada caprese, entre outros. De acordo com o Centro de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (Cesans), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, a muçarela de búfala tem 59% a mais de cálcio e 40% menos colesterol. Com relação ao sódio, 100g de muçarela de vaca contêm 581mg, enquanto na muçarela de búfala há 415mg. REVISTA 100% CAIPIRA |17


ARROZ

Pivô central de irrigação é alternativa rentável para produção de arroz

Equipamento é a solução sustentável e segura para que os orizicultores mantenham alta produção com baixo custo

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Tradicionalmente cultivada em áreas alagadas do sul do País, nos últimos anos a cultura de arroz tem sofrido com a baixa rentabilidade devido ao aumento de custos, escassez de mão de obra qualificada, o que tem inviabilizado o processo produtivo. Diante deste cenário tem crescido a procura dos produtores por pivôs de irrigação, que além de ajudar na diversificação da propriedade, tem como diferencial a grande economia. Afinal, o produtor terá menos consumo de água, gastará menos com mão de obra para irrigar. Além de ágil, a implantação da cultura fica bem mais barata do posto de vista operacional. Os agricultores que ainda não utilizam pivô para irrigar arroz poderão ver de perto o funcionamento de um equipamento e tirar dúvidas durante a Abertura da Colheita do Arroz, que acontece entre 12 e 14 de fevereiro na Estação Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão (RS). A Lindsay, empresa fabricante de pivôs centrais Zimmatic by Lindsay em parceria com a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) e a Embrapa, apresentaram como novidade nas Vitrines Tecnológicas, a irrigação por pivô. “A Federarroz nos procurou com o objetivo de buscar a intensificação para sustentabilidade. Com a questão da crise no setor arrozeiro, querem levar aos produtores alternativas seguras e a utilização de pivô irrigando o arroz é uma novidade que vem surgindo em toda a região”, destaca Marco Sanchotene, técnico em agropecuária e diretor da Sanchotene Agronegócios, distribuidor Zimmatic by Lindsay na região, com sede em Dom Pedrito (RS). Nas vitrines tecnológicas, tradicional momento de exposição na Abertura Oficial da Colheita do Arroz, os visitantes terão acesso as novidades e tendências das principais empresas e entidades do setor agrícola. Serão 34 espaços de 20 empresas. O pivô Zimmatic by Lindsay

foi instalado numa área de 1,5 hectare, onde será realizada a colheita do arroz. Segundo Sanchotene, durante o evento será mostrado toda a economia de água, segurança de produtividade onde tem irrigação, já que a tecnologia de irrigação por pivô central ainda é pouco empregada na metade sul do estado. “Vale destacar que, além disso, todas as vitrines tecnológicas de culturas de soja e milho onde estão localizadas as empresas estão sendo irrigadas com esse pivô, além do arroz ”, diz. O pivô Zimmatic by Lindsay tem ainda como diferencial seu sistema de três rodas por torre, que é muito importante para a cultura de arroz. Este modelo proporciona entre os benefícios, maior tração com menor desgaste do equipamento e ainda maior flutuação devido a melhor distribuição do peso da máquina. Manejo e gerenciamento de irrigação a distância Ainda durante o evento os produtores e visitantes poderão ver de perto nas lavouras de soja e milho o funcionamento do FieldNET Advisor, a nova ferramenta de manejo de irrigação, completamente integrada ao FieldNET, reconhecidamente a ferramenta mais completa para gerenciamento remoto de irrigação. A solução fornece informações precisas e objetivas ao produtor indicando o momento certo que a lavoura precisa de água, a quantidade, o local e ainda ter certeza que os pivôs estão operando como o programado, auxiliando na gestão da propriedade e nas tomadas de decisões. O FieldNET Advisor combina anos de pesquisas e desenvolvimento que resultou em cálculos e modelos complexos que fornecem informações precisas e simplificadas para o manejo do irrigante. Antes, essas informações estavam disponíveis em locais e dispositivos diferentes, o que não facilitava a atividade e ainda demandava mais tempo. Agora com a nova tecnologia, as tomadas de decisões da irrigação

são realizadas com mais confiança e assertividade. “O FieldNET Advisor é uma ferramenta agronômica, que vai agregar no manejo do nosso cliente. Assim como o próprio FieldNET que a mais de 10 anos é reconhecido mundialmente por sua eficiência e simplicidade de operação integrada, onde os produtores na mesma plataforma, realizam o gerenciamento dos seus equipamentos e o manejo da área irrigada”, diz Gabriel Melo Guarda, engenheiro agrônomo e analista de engenharia de aplicação FieldNET da Lindsay. Em um único mapa ou exibição em lista, é possível visualizar as informações mais importantes de todas as áreas irrigadas, incluindo o esgotamento de água, recomendação da próxima data de início da irrigação e lâmina grau-a-grau do pivô a aplicar para evitar o estresse hídrico da cultura e o desperdício de água. Basta o produtor colocar o cronograma e as recomendações em ação com um simples toque no botão em um smartphone, tablete ou computador. De acordo com o engenheiro agrônomo, o FieldNET Advisor é fundamental para o manejo da irrigação e pode ser muito útil no futuro para ajudar os produtores de arroz. A ferramenta pode ajudar os produtores a irrigar de forma correta, recomendando a quantidade de água e quando a cultura está precisando dela. Segundo ele, a proposta do FieldNET Advisor é manter sempre a quantidade de água no solo ideal para cada cultura. “Conseguimos proporcionar ao produtor que ele tenha melhor controle de custo, e isso é fundamental. Toda vez que se evita uma irrigação devido a confiável previsão de chuva fornecida pelo sistema ou usa-se lâminas variáveis dentro de um mesmo talhão devido a diferentes tipos de solo, conseguimos otimizar o uso dos recursos naturais e financeiros, no final da safra teremos uma melhor produtividade e consequentemente lucratividade”, finaliza o analista. Fonte: RuralPress REVISTA 100% CAIPIRA | 19


Peixes ornamentais são a agricultores familia AQUICULTURA E PESCA

Produtores de Pedra do Anta, na Zona Mata, investem na atividade com assistência da Emater-MG Fonte: Assessoria de Comunicação – Emater-MG

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alternativa de renda para ares de Minas Gerais Uma nova atividade está surgindo no meio rural do pequeno município de Pedra do Anta, na Zona da Mata de Minas Gerais. Em busca de alternativas de renda, agricultores familiares do local começaram, há dois anos, a investir na criação de peixes ornamentais. “Tudo começou com uma palestra sobre piscicultura ornamental para os produtores. Em seguida, promovemos visitas técnicas a outros municípios, além de cursos e assistência técnica para os interessados”, informa o técnico da Emater-MG do município, Ricardo Vitarelli. Ele conta que a ideia é desenvolver uma atividade que possa reforçar o orçamento das famílias, conciliando com outros afazeres do dia a dia. A agropecuária do município é formada por pequenos plantios de milho e café, além da criação de gado de leite e corte. “A região possui boas condições climáticas para este tipo de criação e os agricultores também estavam precisando melhorar a renda, principalmente os jovens rurais”, afirma o técnico da Emater-MG, empresa vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. As criações em Pedra do Anta são feitas em pequenos viveiros, dentro de estufas. A estrutura é de alvenaria, geralmente com 14 tanques revestidos com lona. As espécies criadas pelos produtores são: Molinésia, Platy Red Coral Seta e Kinguio. O trabalho contou com apoio da prefeitura que viabilizou as visitas técnicas e as máquinas para o preparo dos terrenos onde ficam as estufas. A criadora Geovana Rodrigues começou na atividade no ano passado. Ela trabalhava como professora, mas ficou desempregada. Então participou das visitas técnicas e também fez um curso de capacitação. “Resolvi investir na criação de peixes ornamentais por vários motivos. O primeiro com objetivo de completar minha renda. Como

moro no meio rural e sempre tive uma paixão pelo campo, resolvi desenvolver alguma atividade em nossa pequena chácara. Iniciei com produtos caseiros, como polpas de frutas, doces de frutas e conservas, utilizando produtos do meu quintal. Vi na proposta da criação do peixe ornamental a possibilidade de unir uma atividade agradável, em meio a belos peixes, ao aumento de renda”. Ela conta que a construção da estrutura da estufa e dos tanques ficou por conta do marido. Mas é ela quem cuida do manejo diário da criação. O primeiro investimento foi na espécie Platy Red Coral Seta, mas também está começando a criar a espécie Molinésia. “Embora me depare com alguns desafios ao longo da criação, estou gostando muito da atividade”, afirma. Já a produtora Leanir Cardoso da Silva está construindo a segunda estufa na propriedade. Ela e o marido começaram na atividade há um ano, também incentivados pelo projeto da Emater-MG e da prefeitura. “Meu marido é aposentado e viemos morar no sítio. Começamos na atividade para aumentar a renda. Minha criação é de Molinésias, negras e tange-

rina”, conta a criadora. Cerca de 40 pessoas de 12 famílias estão investindo na atividade em Pedra do Anta. Mas a Emater-MG calcula que, indiretamente, estão sendo beneficiadas 100 pessoas do município. “Os benefícios sociais são muitos, pois não há muita opção de diversificação agropecuária na região. Já os impactos ambientais são irrisórios. As estruturas são pequenas, construídas fora das Áreas de Preservação Permanente (APP) e exigem o mínimo de água”, diz Vitarelli. Atualmente, a produção aproximada no município é de 4 mil peixes por mês. Mas a tendência é de crescimento, pois ainda existem produtores terminado de fazer as estufas. “A estimativa de renda para uma estufa de 100 m² é de aproximadamente um salário mínimo por mês”, afirma o técnico. Os alevinos estão sendo adquiridos nos municípios de Vieiras e Patrocínio de Muriaé, ambos na Zona da Mata e onde a criação de peixes ornamentais já é consolidada. Por enquanto, a venda dos peixes produzidos em Pedra do Anta é feita para um comprador do município de Vieiras.

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GOVERNO

MP DO AGRO: Câmara aprova proposta que altera regras do crédito rural O Plenário da Câmara dos Deputados concluiu, nesta terçafeira (18/02), a votação da Medida Provisória 897/19 (MP do Agro), que prevê várias mudanças relacionadas ao crédito rural Fonte: Agência Câmara

O Plenário da Câmara dos Deputados concluiu, nesta terça-feira (18/02), a votação da Medida Provisória 897/19 (MP do Agro), que prevê várias mudanças relacionadas ao crédito rural, como um fundo de garantia para empréstimos, linhas de subvenção para construção de armazéns de cereais e aperfeiçoamento de regras de títulos rurais. A matéria será enviada ao Senado. Destaques - Nas votações desta terça, os deputados aprovaram três dos sete destaques apresentados ao projeto de lei de conversão do deputado Pedro Lupion (DEM-PR). 22| REVISTA 100% CAIPIRA

Exclusão - Por 243 votos a 20, foi aprovado destaque do PSD para excluir do texto a determinação de repasse de, pelo menos, 20% dos recursos dos fundos constitucionais do Nordeste (FNE), do Norte (FNO) e do Centro-Oeste (FCO) a bancos privados habilitados para a concessão de créditos segundo as diretrizes desses fundos. Conselhos deliberativos - Ainda sobre esses fundos, emenda do deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) foi aprovada por 259 votos a 27, retirando dos conselhos deliberativos das superintendências de desenvolvimento regional de cada

uma dessas regiões a atribuição de análise das operações de empréstimos feitas pelos bancos com recursos dos fundos. CPR - Por fim, com 288 votos a 29, o Plenário aprovou destaque do DEM para permitir que os produtos rurais vinculados à Cédula de Produto Rural (CPR) sejam considerados bens de capital essenciais à atividade empresarial do emitente, passíveis de serem objeto de ações judiciais e incluídos em recuperação judicial. Emissão - Essa cédula é emitida para garantir o pagamento de um empréstimo rural com a produção.


Fundos solidários - De acordo com o texto, não haverá limite para a participação de produtores rurais em um fundo, que contará ainda com cotas dos credores. Poderá haver vários fundos, chamados de Fundos Garantidores Solidários (FGS), contanto que cada um deles tenha um mínimo de dois devedores, contribuindo com 4% dos saldos da dívida total. Credores - Igual percentual incidirá para os credores. Caso exista um garantidor da dívida (um banco, por exemplo), sua contribuição será de 2% do saldo devedor. Perspectiva - A perspectiva do governo é estimular a concessão de créditos por bancos privados devido a uma maior garantia. Desde que se mantenha a proporção das cotas entre essas categorias (devedor, credor e garantidor), os percentuais poderão ser aumentados. Patrimônio em garantia - A MP 897/19 também permite ao proprietário rural oferecer parte de seu imóvel como garantia nos empréstimos rurais, vinculando a área a um título (Cédula de Produto Rural – CPR ou Cédula Imobiliária Rural – CIR). Regime de afetação - Esse mecanismo é conhecido como regime de afetação, com registro do fato no cartório de registro de imóveis. Poderão fazer parte do regime o terreno e as benfeitorias existentes nele, exceto as lavouras, os bens móveis e o gado. Proibições - Entretanto, o texto estabelece algumas proibições. Não poderão sofrer a afetação o imóvel já hipotecado, a pequena propriedade rural de até 4 módulos fiscais, área do imóvel inferior a 1 módulo fiscal e o único bem de família. Venda - Enquanto o produtor rural mantiver a dívida, a propriedade não poderá ser vendida, mesmo que apenas parte dela seja submetida ao mecanismo de afetação. O imóvel também não poderá ser oferecido como garantia em outras transações; e a Justiça não poderá retê-lo para o pagamento de outras obrigações, além de não poder fazer parte da massa falida no caso de falência. Manutenção do patrimônio - Enquanto estiver no mecanismo de afetação, caberá ao proprietário manter e preservar o patrimônio e manter-se em

dia com as obrigações tributárias e os encargos fiscais, previdenciários e trabalhistas de sua responsabilidade. Títulos negociáveis - Quando ocorrer a emissão da CIR ou da CPR vinculados à área da propriedade rural dada como garantia, o não pagamento do valor desses títulos, que representam o empréstimo concedido, implicará a transferência da propriedade ao credor. Garantia adicional - Os títulos poderão ter garantia adicional oferecida por terceiros, inclusive bancos ou seguradoras. Credor - Se a área rural vinculada ao título for desapropriada ou danificada por terceiro, o credor é que terá direito à indenização até o total para quitar ou amortizar a dívida. Vencimento - E o vencimento da CIR será antecipado caso o proprietário deixar de pagar as obrigações fiscais, trabalhistas e previdenciárias, abrir falência ou recuperação judicial ou desviar bens e praticar administração para arruinar a área sob afetação. Leilão - No caso de o valor em dinheiro do título não ser pago, a propriedade transferida ao credor deverá ir a leilão, e o valor de venda ser usado para quitar as despesas e a dívida. Se não for suficiente para isso, o credor poderá cobrar do devedor o saldo. Cerealistas - Devido à carência de capacidade de armazenamento de grãos, a MP 897/19 autoriza a União a conceder, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), até R$ 20 milhões por ano em subsídios para diminuir a taxa de juros em financiamentos de construção de silos. Prazo - As taxas subsidiadas poderão ser concedidas até 30 de junho de 2021. O dinheiro poderá ser usado em obras civis e na compra de máquinas e equipamentos necessários à construção de armazéns e à expansão da capacidade dos já existentes. Juros menores - Até R$ 200 milhões em créditos poderão ser concedidos com juros menores. Se o encargo total cobrado do mutuário for maior que o custo de captação dos recursos somado aos custos administrativos e tributários, o BNDES deverá devolver a diferença ao Tesouro Nacional. Devolução - Caso o mutuário final

do crédito aplicar de forma irregular os recursos ou desviá-los, o BNDES devolverá o valor da subvenção econômica ao Tesouro, atualizado pela taxa Selic, e o mutuário será impedido de receber crédito subvencionado por cinco anos. Dívidas rurais - Uma das novidades no projeto de lei de conversão do deputado Lupion é a reabertura de prazos para a concessão de descontos na quitação de dívidas rurais. O prazo será 30 de dezembro de 2020. Empréstimos - Os descontos, previstos na Lei 13.340/16, se referem a empréstimos de recursos dos fundos constitucionais de financiamento, de bancos oficiais para empreendimentos localizados nas áreas da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e para débitos inscritos na dívida ativa da União. Empresas - Além das pessoas físicas, empresas também poderão ter condições mais favoráveis na quitação de dívidas vencidas relacionadas à venda de lotes de projetos de irrigação junto à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e ao Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs). Descarbonização - Em relação ao mercado do chamado crédito de descarbonização (CBIO), o texto aprovado estipula regras para o pagamento e cálculo do imposto de renda. Emissão - O CBIO é emitido pelo produtor ou importador de biocombustível com valores proporcionais ao volume e representa o alcance de metas de redução da emissão de gases do efeito estufa em razão da produção de biocombustível, em vez de combustível fóssil. Valor - O valor do CBIO é determinado pela livre negociação no mercado de bolsa de valores mobiliários. Alíquota - O texto de Lupion prevê que, até 31 de dezembro de 2030, o imposto de renda será exclusivamente na fonte à alíquota de 15%. Base de cálculos - A receita com o CBIO não entrará na base de cálculo do imposto de renda normal, mas as despesas com sua emissão poderão ser descontadas. O imposto de renda na fonte incidirá inclusive nas sucessivas operações de negociação do título. REVISTA 100% CAIPIRA | 23


ANÁLISE DE MERCADO

Hortifruti: Chuvas recentes afetaram as hortaliças?

Chuvas têm ocorrido em diversas regiões do Brasil desde o início deste mês e, para algumas culturas, podem prejudicar tanto a produção quanto a comercialização de hortaliças Chuvas têm ocorrido em diversas regiões do Brasil desde o início deste mês e, para algumas culturas, podem prejudicar tant o a p r o d u ç ã o q u a n t o a c o m e rc i a l i z a ç ã o d e h o r t a l i ç a s . Pa r a algumas delas, a enchente que atingiu a C eagesp (C ompanhia de Entrepostos e Armazéns Ger a i s d e S ã o Pa u l o ) t a m b é m p o d e r e f l e t i r n o m e r c a d o, c o m o u m t o d o. C onfira um resumo referente às cinco hortaliças acompanhad a s p e l o Ho r t i f r u t i / C e p e a . D e talhes e atualizações ainda serão publicados nos próximos dias. Alface: O impacto das inund a ç õ e s n a C e a g e s p p a r a o m e r24 | REVISTA 100% CAIPIRA

cado de folhosas não foi muito e x p r e s s i v o. C o m o o s p r o d u t o s chegam diariamente, de um raio p r ó x i m o, p r o d u t o r e s r e d u z i r a m a colheita logo pela manhã da segunda-feira, 10 – quando ficaram sabendo da situação da capital. A fim de evitar maiores excessos nas roças, também foi promovida a comercialização d i r e t a e p a r a f e i r a n t e s . Já a p r o cura nos boxes da Ceagesp foi retomada durante a reabertura d o e n t r e p o s t o, n a q u a r t a - f e i r a , 12, mas ainda com certa dificuld a d e d e a c e s s o. Na s r e g i õ e s p r o d u t o r a s d e S ã o Pa u l o, a s c h u v a s não tiveram ref lexos negativos, apesar de propiciarem o apare-

cimento de doenças, como mela e q u e i m a d e m i o l o. Já e m M i n a s Gerais, as fortes precipitações obser vadas nas últimas semanas levaram problemas às lavouras, sendo necessário o abastecimento por parte de outras regiões, c o m o R i o d e Ja n e i r o – o n d e a s chuvas reduzem a disponibilidade atual e futura das folhosas, uma vez que o plantio também f o i a f e t a d o. Cebola: Os maiores volume e frequência de chuvas em 2020 vêm impactando de diferentes formas as regiões produtoras de c e b o l a . No No r d e s t e , a s p r e c i pitações em janeiro e fevereiro foram fundamentais à reposição


de estoques hídricos subterrâneo s u t i l i z a d o s p a r a i r r i g a ç ã o. E m contrapartida, tal evento reduziu o ritmo de plantio em Irecê ( BA ) . No Va l e d o S ã o F r a n c i s c o ( BA / P E ) , a s c o n d i ç õ e s f o r a m s i milares às de Irecê. Em Baraúna/ Mo s s o r ó ( R N ) , a s p r e c i p i t a ç õ e s , associadas à elevada temperatura, permitiram a entrada de bact é r i a s c a u s a d o r a s d e p o d r i d ã o, d e s v a l o r i z a n d o o p r o d u t o. No Cerrado (MG e GO), o elevado índice pluviométrico também dificultou o plantio – e produtor e s o p t a r a m p o r p o s t e r g á - l o, d e vido ao receio de serem afetados por chuvas, assim como ocorreu n a s a f r a d e 2 0 1 8 . No S u l d o Pa í s , o aumento da umidade e o calor promovem condições favoráveis a o d e s e nv o l v i m e n t o d e f u n g o s dentro dos galpões, diminuindo a vida útil e a qualidade do b u l b o. Na C e a g e s p, a s c h u v a s atingiram parte dos bulbos, que precisou ser descartada. Alguns comerciantes conseguiram salv a r o p r o d u t o, c o l o c a n d o - o e m pallets e evitando contato com a

água, ou por estar localizado em áreas mais elevadas (não afetadas pelo alagamento). Cenoura: O prejuízo no alagamento da C eagesp não foi tão intenso para a cenoura (quando comparado a outros produtos). Is s o p o r q u e , n o c a s o d a s r a í zes, a maioria dos boxes não foi a f e t a d a p e l a e n c h e n t e . Já p a r a a região de São Gotardo (MG) – principal praça produtora do Pa í s – o i n t e n s o v o l u m e d e c h u v a , d e s d e d e z e m b r o, t e m a f e t a d o s i g n i f i c a t i v a m e n t e a p r o d u ç ã o, reduzindo a produtividade e a qualidade nas lavouras. C omo r e s u l t a d o, a o f e r t a f i c o u b a s t a n te baixa e os preços vêm subindo d e s d e o i n í c i o d o a n o. To m a t e : A s c h u v a s q u e a t i n giram a C eagesp não causaram g r a n d e s p e r d a s d e t o m a t e . Is s o porque, para os produtos estocados nos boxes, a maioria estava e m l o c a i s m a i s a l t o s e , p o r t a n t o, não foi atingida (sendo que as maiores perdas foram registrad a s n a s p e d r a s ) . Na s l a v o u r a s e atacados acompanhados pelo

Ho r t i f r u t i / C e p e a , n ã o h o u v e v a riações significativas dos preços nesta semana (10 a 14/02). Batata: A inundação na C eagesp não gerou grandes perdas na produção de batata. Além da pouca mercadoria estocada durante o final de semana passado (08 e 09/02), os boxes do produto estão localizados em pontos mais altos do entrepost o. A l g u m a s d a s b a t a t a s q u e f i caram dentro dos caminhões, por sua vez, foram comercializadas, mesmo com qualidade inferior (devido à permanência nos veículos durante dois dias e m e i o, r e d u z i n d o s u a v i d a ú t i l ) . O u t r a s , i nv i á v e i s p a r a c o m e rc i a l i z a ç ã o, f o r a m d e s c a r t a d a s . Po r c o n t a d e c h u v a s n a s l a v o u ras durante esta semana, a batata esteve mais cara nos atacados d o R i o d e Ja n e i r o e d e S ã o Pa u l o. Já e m B e l o Ho r i z o n t e , a p e s a r d a p o s s i b i l i d a d e d e v a l o r i z a ç ã o, parte da mercadoria da Ceagesp foi destinada a esta central de d i s t r i b u i ç ã o, o q u e e v i t o u a u mentos nos preços. Fonte: Cepea

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LOGÍSTICA E TRANSPORTE

Conservação de estradas rurais melhora escoamento da produção agropecuária em Lambari

Fonte: Assessoria de Comunicação – Emater-MG

Iniciativa reúne Emater-MG, prefeitura e comunidades rurais 28 | REVISTA 100% CAIPIRA


Como adequar estradas rurais, evitando a erosão do solo e a consequente degradação do ambiente? Em Lambari, estância hidromineral que faz parte do Circuito das Águas de Minas, a resposta ao desafio está sendo enfrentada pelo Programa de Conservação de Estradas Rurais. O trabalho, implantado há oito anos, reúne ações e participações da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), prefeitura municipal e cafeicultores das comunidades rurais do município. Com mais de 1,7 mil quilômetros de estradas rurais, o município tem enfrentado ao longo dos anos dificuldades na manutenção e conservação dos acessos na zona rural. Nos períodos de chuva, muitos trechos apresentam pontos de alagamento, atoleiros, fortes enxurradas, falta de saídas de água e bacias de contenção, entre outros problemas. Na estiagem, demais dilemas também surgem, como por exemplo, as chamadas “costelas de vaca”, pedras pontiagudas, buracos e poeira. A Emater-MG, empresa vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), é a idealizadora do projeto de conservação e mobilização dos produtores. A prefeitura garante o maquinário, equipamento e cimento para fabricar os bloquetes (blocos feitos de concretos que permitem a drenagem da água) usados na pavimentação e na montagem das canaletas. Já os produtores financiam a maior parte da empreitada, destinando frações das vendas do próprio café para a compra de materiais. Além disso, garantem a mão de obra, constituindo entre eles um mutirão para executar os serviços. O objetivo é garantir o tráfego normal de veículos e o escoamento da produção agrícola, focada principalmente no café, durante todo o ano. Até o momento, a iniciativa já promoveu a pavimentação de 18 quilômetros de estradas vicinais, do município, com adesão de 12 comunidades rurais, segundo informações do extensionista agropecuário, o agrônomo do escritório local da Emater-MG, José Oscar

Brandão. De acordo o agrônomo, que divide a autoria do projeto, com a colega, a extensionista de Bem-estar Social Rossana Toledo, tudo começou quando foram consultados por um produtor, líder de comunidade, se havia crédito rural (Pronaf ) para melhorar estrada vicinal. “Então iniciou-se um projeto de recuperação de pontos críticos das estradas vicinais do município, através da pavimentação com bloquetes sextavados, tendo a participação da Emater, comunidades rurais e prefeitura”, explicou. O pavimento com bloquetes sextavados (feitos de cimento) é considerado sustentável, pois como são assentados em areia ou no solo, sem rejunte (intertravados), permite que água da chuva seja escoada para os lençóis freáticos, evitando a impermeabilização do solo. Por ser antiderrapante, o revestimento oferece maior segurança a pessoas e veículos que percorrem as estradas. Estrada recuperada, vida mais fácil A primeira comunidade a ser beneficiada foi a da Serra do Paiolinho, mas o projeto estendeu-se para todas as comunidades rurais do município, entre elas, Campos, Serrote, São Bartolomeu, Barba de Bode, Capelinha e Vargem Grande. “A cada ano é construído um trecho de cada estrada vicinal. E isso vem melhorando o transporte de insumos, da safra de café e facilitando o deslocamento de veículos escolares, equipes de saúde, além das famílias que residem no meio rural. É uma iniciativa que está facilitando a vida de todos, deixando as estradas transitáveis o ano todo”, comemora José Oscar Brandão. Moradores das comunidades atestam também como tudo está ficando mais fácil para escoar a produção de café e realizar outras atividades. É o caso do cafeicultor Carlos Bacardi, que compara a situação atual, com a do passado. “Antes de melhorar essas estradas a vida era mais difícil. A gente pensava para sair e muito mais no voltar. Era difícil pra levar o que se produzia no sítio e ter acesso às coisas

da cidade. Agora a gente tem tranquilidade em sair e chegar. Isso está contribuindo para a melhoria da nossa comunidade”, afirma. O também cafeicultor Sebastião de Oliveira confirma as dificuldades em transitar na estrada para trabalhar na colheita do café, antes das intervenções. No mês de seca ele aponta a poeira como o maior obstáculo a enfrentar na travessia da estrada. Mas na época de chuva, o barro é o grande vilão por dificultar as subidas dos carros. “Tudo ficava parado e a gente não conseguia vir adubar e dar manutenção na nossa lavoura”, garante. Apontando uma parte da estrada que está com as obras concluídas e outra que ainda será feita, Oliveira sintetiza: “o que a gente fez lá embaixo ficou excelente. Agora fazendo esse morro fica melhor ainda”. Sobre se tem disposição para trabalhar na obra, após a colheita, o produtor garante que sim. “Aqui no Pelorinho todo mundo faz parte do mutirão. É só chamar. Todo mundo é muito unido na comunidade”, assegura. Motorista de ônibus escolar que roda as comunidades de São Bento, São Bartolomeu e Cachoeirinha, Walter Pimentel é só elogios ao percorrer o trecho já pavimentado. “Agora desenvolve muito mais. O bloquete ajuda muito. Dá pra sair mais tarde. Antes a estrada tinha muito buraco e quando chovia fazia bastante barro, não tinha como passar. O trator tinha de vir ou então a gente ficava na cidade”, revela. Prêmio e cafeicultura O Programa de Conservação de Estradas Rurais de Lambari conquistou o primeiro lugar no Prêmio MelhorAção de 2019. A iniciativa da Emater-MG escolhe os melhores trabalhos de destaque no ano para valorização profissional de seus funcionários e dos clientes da empresa. O município de Lambari tem como principal atividade econômica a cafeicultura. A área de café em produção no município é de 6,1 mil hectares e 820 hectares em formação. A produção é de 153 mil sacas por ano. REVISTA 100% CAIPIRA |29


CAFÉ

O caminho mais curto para conhecer e produzir um café especial Parece simples, mas são inúmeros os detalhes que um cafeicultor deve seguir para chegar a uma torra perfeita do café Fonte: FAEMG

Depois do curso de Classificação e Degustação de Café, o interessado deve fazer o treinamento de Torra de Café. Em Campos Altos, grande produtora da bebida, o treinamento foi promovido pelo Sindicato dos Produtores Rurais do município em parceria com o Sistema Faemg / Senar Minas. “Esse curso complementa o trabalho constante de qualificação profissional que oferecemos aos produtores de café de nossa cidade. Nosso desejo é que eles cheguem à produção de cafés especiais e, assim, aumentem a renda de todos os envolvidos com o setor”, comentou a mobilizadora Tatiana Aparecida de Oliveira. Em busca de aprimoramento Para participar do curso de Torra é preciso ter passado primeiro pelo trei30 | REVISTA 100% CAIPIRA

namento de Classificação e Degustação de Café, onde o participante aprende a identificar a qualidade do café que produz, sendo capaz de classificar seu próprio grão e mercado. Quando uma pessoa ligada à cafeicultura se propõe a fazer o curso de torra, está visando se aprimorar. “Quando um participante faz às 24 horas do curso ele vai aprender a perceber os atributos que o café dele tem, ressaltando suas qualidades, o que possibilita ele criar e vender uma marca própria de café ao mercado, dentre outras questões ensinadas durante o treinamento”, explica Elício. É o caso do Guilherme Rios e de Gaspar Nunes. Os dois são genro e sogro e trabalham com a produção de café em família. Sempre em busca de melhorar a qualidade do que produzem, ficaram satisfeitos com o que aprenderam. “Estamos buscando melhorar o nosso café, nosso produto e, para isso, já fizemos diversos cursos do Senar Minas. Já implementamos vários dos ensinamentos na propriedade e ano passado vendemos a saca de café a R$ 3 mil, então esta busca pelo conhecimento já teve retorno financeiro. Com esse curso vamos melhorar ainda mais os processos dentro da propriedade”, acredita Guilherme. De família do campo, Gaspar é produtor e empresário rural desde 1998. Nos 76 hectares destinados somente a lavoura de café, se tornou um apaixonado pela atividade. Para ele vale a pena investir o tempo em aprendizado.

“Começamos a trabalho às 7 da manhã e vamos até às 4 da tarde, depois disso percorremos 30 quilômetros para estar nos cursos do Senar, porque sabemos que é muito importante para gente. Compensa tirar um tempo para estar aqui”, enfatiza Dicas de torra A princípio, os grãos devem ficar no torrador entre 12 e 15 minutos, o que é considerado, por técnicos e especialistas, o tempo máximo de torra - e ainda há critérios a seguir. De acordo com o instrutor de cursos doSenar Minas na área de café, Elício Aparecido de Oliveira, são eles: - Transformação visual: onde se visualiza as modificações sofridas pelos grãos com o aquecimento; - Condição da fragrância: no processo de transformação de cru para torrado, os grãos de café têm aromas específicos para cada fase da torra; - Tempo ideal; - Retirada do café, que deve ser feito conforme as orientações. O café tipo extraforte geralmente é torrado fora do tempo ideal para ocultar problemas, e pode conter inúmeras impurezas. Por este motivo é considerado o pior entre os cafés ofertados aos consumidores. Aos apreciadores de um bom café, recomenda-se que busquem em suas compras um produto da linha superior ou gourmet, assim poderá consumir uma bebida de melhor qualidade.


CAPACITAÇÃO

BOM

JESUS:

Dia

de

Campo

destaca

a

importância da tecnologia e da sustentabilidade na propriedade rural

Nos dias 12, 13 e 14 de fevereiro, foi realizado, na unidade do Boqueirão, na Lapa (PR), o Dia de Campo 2020 da Cooperativa Bom Jesus. O evento chegou à sua 15ª edição com ótima presença de público e várias empresas Fonte: Imprensa Bom Jesus

Foco - Com foco em tecnologia e sustentabilidade dos negócios do agricultor, o Dia de Campo mostra a sua referência na região, pensando em diversos aspectos para a vida do produtor. Segundo Luiz Roberto Baggio, diretor-presidente da Cooperativa Bom Jesus, “é um evento que distribui tecnologia e promove o desenvolvimento”. Para ele, “temos duas colunas importantes neste evento: a oportunidade de negócios, na troca de saca de soja por fertilizantes ou produtos químicos, sendo neste ano mais vantajoso em relação ao ano passado para o agricultor fechar seus negócios; já a outra coluna é relação a várias tecnologias novas que temos, material genético importante, variedades de soja, milho e feijão que podem produzir muito além do que estamos acostumados na nossa região, e muita sustentabilidade. Temos falado sempre que a agricultura é um vetor de sustentabilidade, em termos de conhecimento, um plantio direto bem feito, dentro da tecnologia e fertilidade bem feita, ele sequestra o equivalente a 1,5 tone-

expositoras. lada por hectare ano. Uma integração lavoura-pecuária bem feita, e temos a tecnologia aqui com nossos agrônomos, ela sequestra aproximadamente 5 toneladas por hectare ano. São coisas muito importantes, isso segundo dados da Esalq”, disse Baggio. Público - O Dia de Campo contou com a presença de quase 5000 pessoas nos seus três dias, sendo 56 empresas parceiras no evento e 61 estações para os produtores na qual puderam conhecer mais sobre as tecnologias de fertilizantes, sementes, defensivos agrícolas, máquinas, equipamentos, veículos, agricultura de precisão e drones agrícolas. Outro ponto de destaque foram as estações da própria Cooperativa: Fibra Sementes e Fibra Rações. Apresentações - Carlos Klenki, engenheiro agrônomo da cooperativa e responsável pela área de sementes, apresentou ao público 10 variedades de sementes de soja multiplicadas pela cooperativa, além de exemplares de feijão. Já Eduardo Braga, médico

veterinário e responsável pela área pecuária da Bom Jesus, apresentou no estande Fibra Rações a variedade de rações produzidas pela cooperativa, além do projeto Coleta Legal, na qual o produtor pecuário separa os lixos plásticos de maneira correta nas propriedades e a Bom Jesus fará a coleta e destinação correta dos materiais. Time - Baggio também ressaltou o grupo de funcionários que fizeram o evento. “Destaco também o time da cooperativa: os nossos funcionários que fazem e constroem esse evento, funcionários do mais alto calibre, muito bem preparados para isso”. Cerca de 150 funcionários participaram de maneira direta no Dia de Campo. Balanço positivo - O evento teve um bom balanço e o cooperado que prestigiou pode fechar bons negócios, além de ter acesso a muito aparato técnico e conhecimentos para o manejo correto na propriedade. Como disse Baggio, “o universo conspira a favor a cada ano. Temos aqui um Dia de Campo fantástico”. REVISTA 100% CAIPIRA |31


MEIO AMBIENTE

Políticas de precificação de carbono não garante

Levantamento publicado pelo Banco Mundial aponta que apenas 20% das emissões no mundo são cobertas por uma política de precificação de carbono Cresce a utilização de instrumentos de precificação de carbono como maneira de lidar com o desafio de limitar as emissões de gases de efeito estufa (GEE). O objetivo dos instrumentos de precificação é incorporar na economia um custo socioambiental, refletindo monetariamente os impactos da mudança do clima e assim permitindo que empresas e consumidores reduzam suas emissões. Um dos mecanismos empregados para refletir o preço do carbono são os certificados de redução de emissão de GEE, que normalmente adotam duas formas dentro de um instrumento de precificação de carbono. Em mercados de carbono, denominados cap-and-trade, os certificados são chamados permissões. Nestes sistemas há um limite de emissões de GEE dentro de um território, que pode ser uma região como a Europa ou um estado como a Califórnia, e as permissões são os certificados utilizados para comprovar que a emissão das empresas está dentro dos limites legalmente estabelecidos. Por sua vez, certificados também podem ser originados por projetos de redução fora de regiões com um mercado de carbono estabelecido. Tais iniciativas, denominadas projetos de offset, criam 32 | REVISTA 100% CAIPIRA

um certificado de redução, conhecidos no Brasil como créditos de carbono, que podem ser comercializados. Os objetivos neste caso são de um lado criar um incentivo financeiro para que empresas possam, voluntariamente, investir em projetos e tecnologias que reduzam emissões de GEE e, de outro lado, permitir que empresas, governos ou pessoas compensem , também voluntariamente, sua emissões de gases de efeito estufa com a compra desses certificados. Por convenção, estes certificados representam uma tonelada de Dióxido de Carbono equivalente (CO2e), ou seja, um crédito de carbono equivale a uma tonelada de CO2e que deixou de ser emitida à atmosfera. Anualmente, o Banco Mundial divulga um relatório sobre a adoção de instrumentos de precificação de carbono no mundo. O relatório “State and Trends of Carbon Pricing 2019” identificou 57 iniciativas de precificação de carbono implementadas ou em implementação no mundo e concluiu que, embora tais políticas continuem avançando, a cobertura e os níveis de preços permanecem insuficientes para atender aos objetivos do Acordo de Paris. Esforços insuficientes para limitarmos o aquecimento em 2ºC

Segundo o relatório, apenas 20% das emissões globais são cobertas por uma política de precificação de carbono e menos de 5% desses estão em níveis consistentes de alcance das metas globais do Acordo de Paris. A análise ainda destaca a grande variabilidade de preços do carbono nestes instrumentos apontando que 51% das emissões reguladas são comercializadas por menos de dez dólares. Além disso, o relatório estima que, em 2018, os governos levantaram cerca de US$ 44 bilhões em receitas de crédito de carbono. Isso representa um aumento de mais de 13%, na comparação com os US$ 33 bilhões de 2017. Atualmente, o mercado Europeu (EU ETS) é o maior mercado de carbono no mundo, seguido pela Califórnia (California CaT). Este cenário mudará em 2020, quando o mercado nacional Chinês (China National ETS) será lançado. Para Henrique Pereira, CEO da WayCarbon, os insights apresentados pelo relatório indicam que existe um consenso crescente sobre a utilização de instrumentos de precificação uma vez que estes são os meios mais custo efetivos para reduzir as emissões de GEE. O executivo destaca, contudo, que há um longo caminho pela frente: “A implementação de mecanismos de


em o cumprimento do Acordo de Paris, diz estudo

precificação de carbono é um desafio por se tratar de um tema ainda pouco conhecido, que possui elementos de desenho regulatório bastante específico e que demanda amplo diálogo para convencimento e construção de suporte político”. Na medida que as emissões de carbono seguem insuficientemente controladas, a janela de oportunidade para lidarmos com a questão começa a se fechar. Em 2018, ultrapassamos pela primeira vez 1ºC de aquecimento médio da superfície terrestre em comparação ao período pré-industrial. Dados da Climate Action Tracker indicam que os compromissos atualmente assumidos pelos países nos colocam em uma trilha de aquecimento de 2,9ºC, muito superior aos objetivos de Paris. Seguindo no mesmo nível de emissões, um aquecimento de 2ºC deverá ser atingido na próxima década. Mercado voluntário de carbono Mas se o mercado de carbono regulado no âmbito do Acordo de Paris ou pelos governos nacionais e/ou subnacionais ainda precisa amadurecer, o mercado voluntário, ou seja, aquele em que empresas, ONGs, instituições, governos ou mesmo cidadãos tomam a iniciativa de compensar suas emissões

voluntariamente, vive a melhor fase há pelo menos uma década. O mercado atingiu um volume histórico de reduções de emissão emitidas em 2018, 62,7 milhões de tCO2e. O recorde anterior aconteceu em 2012, quanto 48,9 milhões de tCO2e foram emitidas em forma de créditos de carbono no mercado voluntário. De acordo com o levantamento Voluntary Carbon Markets, da consultoria americana Forest Trends, essas atividades resultaram em mais de 430 milhões de toneladas de reduções de emissões desde 2005, o que equivale mais do que todas as emissões relacionadas à energia da Austrália em 2016. “Os atores no mercado voluntário estão experimentando uma onda de inovação, o que tem permitido encontrar novas formas para gerar crédito de carbono”, afirmou Pereira. O relatório da Forest Trends mapeou 2008 projetos voluntários em 83 países e que podem ser comercializados livremente entre compradores e vendedores de diferentes nações. O Brasil tem o seu lugar de destaque nesse mercado, ocupando a 5º posição. Entre as iniciativas mapedas, quase três quartos (72%) são localizados em cinco principais países: Índia (442), China (426),

Estados Unidos (351), Turquia (124) e Brasil (97). Resposta da iniciativa privada O desafio de precificação do carbono não é exclusivo dos governos. As empresas se preparam para assumir a liderança nesse processo e colocaram a pauta da sustentabilidade no centro dos negócios. Em 2017, a Ticket Log liderou um projeto para geração de créditos de carbono por meio de substituição de gasolina por etanol na frota de veículos corporativo. Essa iniciativa contou com a parceria de várias empresas, a Braskem entre elas. Desde 2013, a empresa vem colocando em prática um programa voluntário de fornecedores com foco em sustentabilidade. A Braskem também participa de diversas iniciativas que contribuem para o fortalecimento da agenda na rede empresarial. Empresas de diversas vertentes já entenderam que a preservação dos recursos naturais é uma vantagem competitiva. “Sustentabilidade é uma variável que afeta os negócios da mesma forma que a inflação, o custo dos insumos ou o cambio, que são variáveis que afetam a capacidade de produzir e de crescer das companhias”, afirma o CEO da WayCarbon. Fonte: BRSA REVISTA 100% CAIPIRA |33


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FRIGORÍIFICOS E ABATEDOUROS

Abate técnico prova potencial do gado Nelore selecionado a pasto Fonte: Pec Press® - Comunicação Estratégica

Com o passar dos anos, a seleção genética da raça responsável por tornar o Brasil líder mundial na exportação de carne bovina passou por várias nuances, muitas delas causadas por viés mercadológico 36 | REVISTA 100% CAIPIRA


Com o passar dos anos, a seleção genética da raça responsável por tornar o Brasil líder mundial na exportação de carne bovina passou por várias nuances, muitas delas causadas por viés mercadológico. Ta l r u m o c u l m i n o u h o j e em animais voltados para diferentes propósitos, o que, na visão de Leonel, vai contra a natureza da raça. Nesse contexto, um abate técnico realizado em Anápolis, no interior de Goiás, reafirmou a premissa do criador que é diretor do G r u p o Ad i r. Exatos 16 bezerros Nelore puros, com apenas 15 meses de idade, filhos de touros com genética Adir pertecentes a clientes do tradicional criatório, foram adquiridos aleatoriamente para participar de mais uma etapa do projeto de abate técnico por touro, uma iniciativa lançada pelo Grupo em meados de 2014. Os animais superprecoces são filhos de touros selecionados na Fazenda Barreiro Grande, em Nova Crixás, também em Goiás, onde são alimentados apenas com pastagem e sal mineral. Na região, a temperatura facilmente atinge 40º à sombra. Ap ós a desmama, os b ezerros seguiram diretamente para o cocho, onde receberam uma dieta intensiva com silagem de capim por 60 dias, mais 60 dias com silagem de sorgo e 90 dias com silagem de milho, além de ração. “Quisemos medir todo o p o t e n c i a l d a G e n é t i c a Ad i r, que vem se provando eficaz em qualquer situação. O abate desses bezerros Nelores puros é algo único no

P a í s ”, a p o n t a L e o n e l . S e g u n d o o c r i a d o r, a g e nética que produziu estes bezerros atende a produção d e c a r n e e m q u a l q u e r l u g a r. “Esse é um trabalho que coloca o Brasil no centro do m u n d o ”, a v a l i a . Coordenou o abate, surpreso com os resultados, o p r o f e s s o r S é r g i o P f l a n z e r, catedrático da Faculdade de Engenharia de Alimentos d a Unic amp (C ampinas/SP), responsável pelo projeto de abate técnico por touro. “Uma cois a b em interessante que a gente observou foi o desenvolvimento muscular dos animais, uma característica associada ao rendimento de desossa. Ele estava mais desenvolvido do que o normal para esta i d a d e ”, a v a l i a . Os jovens animais apresentaram Área de Olho de Lombo (AOL) de 74 cm², o q u e , s e g u n d o P f l a n z e r, l e vou a um aproveitamento de 80% da porção comestível, além de proporcionar um rendimento de carcaça de 5 7 , 6 % , “a c i m a d a m é d i a n a c i o n a l ”, i n f o r m a . Em relação à espessura de gordura subcutânea (EGS), outro indicador importante na pecuária de corte, 50% do lote oscilou entre os níveis escasso e mediano (1 a 3 mm) e 50% entre mediano a uniforme (4 a 6mm). “O acabamento de gordura acredito que ficou um pouco deficitário, mas, por se tratar de animais zebuínos muito jovens e não castrados, podemos dizer que f o i u m n í v e l b o m ”, e s c l a r e c e o p r o f e s s o r. Com um tempo maior de alimentação intensiva no confinamento ou se tivessem passado pelo período de recria a pasto seria pos-

sível abatê-los mais pesados e com maior deposição de gordura subcutânea, conf o r m e e x p l i c a o p r o f e s s o r. Grupo Adir fecha parceria com Frigoiás Rodrigo Elias da Silva, dono do frigorífico Frigoiás, também acompanhou o abate técnico e ficou vislumbrado com o desfecho a tal ponto que está firmando p a r c e r i a c o m o G r u p o Ad i r. O acordo prevê o pagamento de uma premiação para machos e fêmeas que t i v e r e m G e n é t i c a Ad i r. C h a mou a atenção do empresário a precocidade de abate e o peso de carcaça apresentados. “Em nosso programa de qualidade de carne, o Predillecta, bonificamos os pecuaristas que fornecerem animais de até 30 meses com peso de carcaça de 200 kg (13,33@) e os bezerros com Genética Adir pesaram 280 k g ( 1 8 , 6 6 @ ) ”, c o n s t a t a R o drigo Elias. Por enquanto, a marca Predillecta bonifica apenas fêmeas Nelore. O trabalho de abate técnico por touro, único no País, já provou os reprodutores Jiandut FIV (linhagem Golias), OPUS FIV do Brumado (linhagem Jeru), Naman FIV da 2L (linhagem Visu a l ) , Ja l l a d F I V d a 2 L (Golias) e Palluk POI FIV da 2L, também de linhagem Golias. Até o momento, além dos bezerros, abateram-se novilhos Nelore com peso médio de 20@, rendimento de carcaça entre 57 e 59% e espessura de gordura subcutânea de 4 a 6 mm, suficientes para os credenciar a qualquer programa de qualidade de carne bovina. REVISTA 100% CAIPIRA |37


BOVINOS DE LEITE

Quando se fale em qualidade de produção leiteira, elas precisam ser mais ouvidas Nesta última década, a internet mudou a vida e a gestão dos negócios, transformou as relações econômicas e sociais e diminui as distâncias entre as pessoas

Fonte: CCAS

Nesta última década, a internet mudou a vida e a gestão dos negócios, transformou as relações econômicas e sociais e diminui as distâncias entre as pessoas. De fato, tornou-se a mídia de comunicação mais popular. Estar fora da rede é quase não estar no Planeta Terra. Pode-se afirmar que, após a era da imprensa, a rádio e a televisão revolucionaram o compartilhamento de informações, mas, de modo geral, eram um caminho de mão única, apenas se transmitiam. Já a rede mundial permite receber e transmitir. Isto criou um ambiente que alterou profundamente a comunicação entre os indivíduos, tornando possível consolidar novos laços 38 | REVISTA 100% CAIPIRA

sociais, incentivar novos comportamentos e estabelecer comunidades específicas. O acesso à internet também tem crescido, muitos que achavam que nunca entrariam numa rede social, por exemplo, sentiam-se excluídos e até pessoas com pouquíssima afinidade com informática encararam os smartphones, afinal precisam estar no planeta. Este cenário também se consolidou no meio rural. Há grupos de trocas de mensagens que são o maior meio de comunicação entre muitos moradores do campo. É um olho na lida e outro no celular. Pode ser tratando os suínos ou selecionando as variedades para serem plantadas. Uma dúvida em uma do-

sagem vira uma mensagem no grupo, ou uma linda bezerra, que nasceu com uma estrela no chanfro, vira uma postagem super comentada e elogiada. E elas também resolveram se unir. Pode se afirmar que há um movimento, ainda não tão ruidoso, de diversas mulheres que atuam no agronegócio interagindo fortemente. Como também sou uma pessoa muito “plugada”, faço parte de alguns grupos e participo nas redes sociais, queria saber mais sobre este fenômeno. Algo que havia percebido: elas estão cada vez mais conscientes de seus papéis e querem ser representadas e ouvidas. Para que eu pudesse colher alguns destes depoimentos que leio, criei um formulário e solicitei que preenchessem. Foquei nas mulheres que atuam na pecuária leiteira, área a qual estou muito próxima. Para minha surpresa, mais de uma centena destas mulheres respondeu. Tive respostas de meninas de 15 a senhoras de 54 anos. Todas bem informadas e buscando o melhor da vida no campo. Os depoimentos são intensos e demonstram que elas gostam do trabalho na pecuária, por permitir uma vida mais saudável e um maior contato com os filhos. Muitas afirmaram que a rentabilidade no campo é maior do que se estivessem numa atividade na cidade. Sentem-se felizes por trabalhar no campo e o amor aos animais também é mui-


to citado. Estas mulheres estão conectadas, preocupadas com o valor do seu produto e exibem orgulhosas os resultados laboratoriais do leite. Elas citam o leite 4.0, querem inovações e buscam conhecimento e aprimoramento de técnicas para melhorar o bem-estar animal e a produtividade. Entre as respondentes, Maiara Lohmann Neuberger, produtora do Rio Grande do Sul, que está numa propriedade com 100% mão de obra familiar, buscou ficar no campo para trabalhar e conseguir conciliar os cuidados da filha. Mas, não deixou de investir em conhecimento, está fazendo uma pós-graduação e quer mais tecnologia no campo. Nascida em Ijuí, Jaqueline Paim Ceretta, filha única, teve oportunidade e se formou em Química. Estava trabalhando em indústria Láctea no setor de Qualidade. Mas, apesar da experiência não estava satisfeita. Assim, resolveu voltar para a propriedade para trabalhar com os pais. Ela desafiou a tradição da região, onde o sucessor é sempre um filho homem. Além disto, a propriedade tinha pouco mais de 15 animais, uma conta bancária no vermelho e a produção próxima a 180 litros dia. Superando os preconceitos e até o descrédito dos pais, Jaqueline arregaçou as mangas e viu que estava no caminho certo quando seu pai a questionou se havia se esquecido de pagar boletos, pois, estava sobrando dinheiro na conta corrente. Neste momento, sentiu a consolidação de uma equipe muito especial: pai, mãe e filha. Passados menos que cinco anos, a Agropecuária Ceretta tem 43 animais no total, produz quase 800 litros de leite por dia, e pode exibir resultados de CPP e CCS baixos, com sólidos altos e excelente média de produção. Jaqu eline se encontrou na profissão, hoje é um modelo na região. Rosemary de Best Aplewicz tinha formação em psicologia, mas não estava atuando na área quando seu pai anunciou que iria parar de produzir leite. Ela repensou e resolveu assumir a propriedade. “Sempre digo que foi como uma luz que veio à minha mente, quando eu estava indo me deitar, logo após colocar minha filha no berço, pensei: por que não eu?”, cita Rosemary. Muitas mulhe-

res já assumiram este protagonismo e sim, por que não elas? Para esta produtora, a atividade não é uma simples “leiteria”, mas sim, uma pequena empresa na qual pode ter qualidade de vida, proporcionar isto aos filhos e pode ajudar outras famílias, oferecendo trabalho e a vivência do dia a dia. Elas pensam muito além da receita do cheque do leite. Após finalizar a faculdade de educação física, Karen Viana, filha de produtores de leite e que cresceu ajudando a ordenhar e a tratar os animais, viu-se desafiada quando se deparou com uma vaca com problema de casco, que tinha sido descartada. Após conseguir cuidar do animal, sob promessa que se conseguisse iria prosseguir na atividade, ela e o namorado iniciaram a produção. Dos dez litros diários do início, hoje produzem 600. Mas o plano, para o curto prazo, é dobrar este volume. Para Karen, a produção de alimentos é uma das mais lindas profissões, ela sente orgulho e motivação em fazer parte da população que sustenta e alimenta uma nação. Lariane Bombo, nascida em São Paulo com formação técnica em metalurgia, após o casamento e mudança para o Paraná, encarou o desafio de trabalhar com leite. Sem afinidade com o tema, fez cursos e se aprimorou. Hoje se diz realizada, é seu próprio chefe, mas reforça que as vacas são as patroas. E elas retribuem a dedicação com uma produção boa. Caso os resultados não sejam os esperados, ela procura relatórios para entender o que aconteceu. Comemora cada bezerra nascida. Para Lariane, a vida no campo proporciona muita tranquilidade. Mas, gostaria de mais facilidade para investimentos em tecnologias e reconhece que a internet ajuda a encontrar novas alternativas para a pecuária leiteira. Muitas citaram o casamento como o momento que encararam a produção de leite. Este é o caso de Eliziane Basi, que após o matrimônio saiu da cidade e foi para o campo. Hoje se sente muito feliz em acompanhar o nascimento de uma bezerra saudável no seu plantel, fruto de todo um trabalho. Mas ainda cita muito preconceito por ser mulher, pois, para ela ainda há um estigma de que as mulheres não possuem capacidade para a atividade.

Algo que todas demonstraram é a utilização de redes sociais; o Facebook é a preferida. Isto é fácil de verificar pelos grupos e páginas de Mulheres do Agro que contam com milhares de curtidas e membros. A página “Agro Mulher Brasil” coleciona mais de 70 mil seguidoras e o grupo “Mulheres do Agro” outros milhares de membros. Elas interagem e sentem prazer em postar fotos das atividades de trabalho. O WhatsApp também é utilizado e o Instagram tem crescido, especialmente entre as mais jovens. Resposta referente ao questionamento do uso de redes sociais. Como elas são plugadas, a grande maioria acredita que aplicativos e plataformas digitais são importantes na pecuária. Respostas sobre vantagens de utilizar plataformas digitais na pecuária de leite. A forma de se comunicar com estas mulheres foi pela internet, assim, era esperado que elas respondessem mais facilidade em acessar a rede. Quando questionado se há acesso fácil da propriedade, menos de 5% responderam que não. Segundo pesquisa do IBGE, dados de 2016 e 2017, os últimos que estão disponíveis, o acesso no campo ainda é menor. Em média, só 39%. No entanto, as mulheres são as que mais utilizam, quase 42% delas acessam a rede. E estes dados já devem ter aumentando. Porcentagem de acesso à internet pela população. Os dados do IBGE, da pesquisa de 2016 a 2017, demonstram que há uma diferença de acesso conforme a região do Brasil, assim como, ainda há menos acesso no campo que na cidade. Por Roberta Züge; Diretora Administrativa do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS); Diretora de Inteligência Científica Milk.Wiki; Médica Veterinária Doutora pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP); Sócia da Ceres Qualidade

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FLORICULTURA

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ANÁLISE DE MERCADO

Enchente em SP eleva preços em Cuiabá Parte da reposição dos produtos hortifrutigranjeiros na capital vem da Ceagesp

A enchente do começo do mês que atingiu a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), causando prejuízo estimado de R$ 24 milhões na maior central atacadista da América Latina, também trouxe impactos negativos a Cuiabá e região. Os preços de verduras e legumes registraram aumento superior a 35%, na Central de Abastecimento de Cuiabá, em apenas uma semana. Segundo o técnico da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf ), Luiz Henrique Carvalho, como boa parte da reposição dos produtos hortifrutigranjeiros em Cuiabá vem da Ceagesp, o impacto da chuva por lá aumentou o preço dos produtos aqui. “Como compramos muitos produtos que vem de São Paulo, qualquer problema que lá ocorra, nos atinge aqui. A Ceagesp abriga 30% de tudo que comercializado em centrais de abastecimento de todo o país, e, por42 | REVISTA 100% CAIPIRA

tanto, qualquer impacto negativo lá, irá atingir não somente a Cuiabá, mas praticamente em todo o país”, comenta Carvalho. O engenheiro agrônomo explica que com a oferta reduzida e a demanda em alta, os preços dos produtos acabaram sendo elevados. Segundo levantamento de preços realizado pela Seaf, os itens com alta significativa nos preços são: abobrinha, berinjela, chuchu, jiló, pimenta de cheiro, vagem e a cenoura. O jiló, a pimenta-de-cheiro e a berinjela subiram 40%. A cenoura e o chuchu 50%, a vagem 33%, e a abobrinha 27%. A cenoura e o chuchu eram vendidos a R$ 40 a caixa com 22kg. Hoje essa mesma quantidade vale R$ 60. O jiló e a pimenta-de-cheiro custavam R$ 50 a caixa com 15kg e 8kg, respectivamente. Passados sete dias subiram para R$ 70. Já caixa com 12 kg de berinjela tinha o valor de R$ 25, e nesta semana passou para R$ 35. A

vagem saltou de R$ 60 para R$ 80 a caixa com 12kg, e a abobrinha de R$ 40 para R$ 50 a caixa com 19kg. Com a normalização do funcionamento da Ceagesp, que ficou dois dias fechada para o serviço de limpeza, a estimativa é pela normalização do preço dos hortifruti em Cuiabá na próxima semana. Cotação A cotação de preços dos 69 principais itens produzidos pela agricultura familiar é realizada semanalmente, por técnicos da Seaf, Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) e Prefeitura de Cuiabá. A pesquisa de preço leva em conta o preço mínimo, mais comum, e o preço máximo dos produtos encontrados nas barracas em três horários distintos durante o período matutino. Fonte: CENÁRIO MT


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SUÍNOS

Boletim Agropecuá nas exportações SC faturou 74,2% a mais na exportação de suínos em janeiro, na comparação com o mesmo mês de 2019. Janeiro registrou um recorde de receitas geradas pelas exportações catarinenses de carne suína em um mês Fonte: Secretaria da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural de SC

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ário aponta recorde s de carne suína Nos primeiros 30 dias de 2020, o Estado registrou faturamento de US$ 91,76 milhões com a exportação dessa proteína, alta de 1,7% em relação ao mês anterior e de 74,2% na comparação com janeiro de 2019. Os dados são do mais recente Boletim Agropecuário do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Epagri/ Cepa), que informa ainda que no ano de 2019 Santa Catarina viu a produção de proteínas crescer. No ano que passou o Estado produziu 6,9% a mais de frango, 6% mais de bovinos e 7% a mais de suínos, em comparação com 2018. Pecuária O recorde no faturamento da exportação de carne suína é resultado do crescimento no volume exportado. Em janeiro, Santa Catarina exportou 38,56 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos), alta de 2% em relação ao mês anterior e de 31,6% na comparação com janeiro de 2019. Esse é o segundo maior volume já exportado num único mês, ficando atrás apenas de julho de 2018. Por outro lado, a exportação de frango enfrentou queda. No primeiro mês do ano, Santa Catarina exportou 77,84 mil toneladas de carne de frango (in natura e industrializada), queda de 14,8% em relação ao mês anterior e de 23,0% na comparação com janeiro de 2019. Essa foi a menor quantidade exportada pelo estado desde junho de 2018. As receitas de janeiro foram de US$ 134,47 milhões, queda de 15% em relação ao mês anterior e de 21,6% na comparação com janeiro de 2019. O preço médio estadual do boi gordo em Santa Catarina registra queda

de 7,4% na comparação entre fevereiro deste ano e dezembro de 2019. Quedas ainda maiores que a média estadual são observadas nas duas praças de referência nesse período: -20,2% em Chapecó e -9,6% em Lages. Esse movimento já era esperado, pois janeiro e fevereiro normalmente são meses em que o consumo cai. Essa queda natural foi impulsionada pelos altos preços da carne bovina em 2019. Por conta disso, o consumidor substituiu a proteína por outras de origem animal, o que ajudou a puxar os preços para baixo. Contudo, quando se compara a média preliminar de fevereiro com o mesmo mês de 2019, as variações são positivas em todos os casos: 6,8% em Chapecó, 14,8% em Lages e 21,4% na média estadual. Para os produtores de leite a notícia é boa, já que o preço médio recebido pelos pecuaristas catarinenses em fevereiro ficou acima do recebido em janeiro. A entressafra que se aproxima e o encarecimento das importações devem estimular novas elevações nos próximos meses. Grãos O mercado do arroz segue aquecido em Santa Catarina. Até o momento quase 18% da área plantada na safra 2019/20 já foi colhida e a expectativa é de safra normal. O feijão terá uma safra maior que a anterior, apesar dos problemas com a estiagem. Quase 60% da área de primeira safra está colhida. No caso do milho, os preços permanecem fortalecidos no início do ano, mesmo com o avanço da colheita no Sul do Brasil. No Oeste e Santa Catarina já foram colhidos 85% da área

plantada. No Planalto (Curitibanos, Campos Novos e Canoinhas/Mafra) a colheita está no início, registrando em torno de 5 a 10% de área colhida até o início de fevereiro. A soja manteve os preços em função da cotação do dólar frente ao real no início de fevereiro e apesar do impacto do coronavirus no mercado internacional das commodities. A colheita avança no Oeste catarinense, alcançando 60%. Nas demais regiões, os trabalhos de colheita estão na fase inicial. O trigo vai enfrentar redução de 5,0% em relação à safra 2018/19. A estimativa é de que a produção estadual chegue a 154,5 mil toneladas. Hortaliças O Mercado do alho está aquecido internamente. As importações de janeiro foram maiores que no mês anterior, mas não chegaram a afetar as boas perspectivas de mercado para os produtores catarinenses. A safra já foi toda colhida em Santa Catarina e a comercialização segue em ritmo normal. A safra da cebola em Santa Catarina segue em ritmo normal de comercialização. Até agora os preços pagos ao produtor foram ligeiramente abaixo do custo médio de produção. A expectativa é de que a partir do próximo mês seja possível alguma melhora nos preços pagos ao produtor, puxados pela oferta dos materiais mais tardios, que apresentam maior aceitação pelo consumidor, e também pela gradual redução nos estoques da região Sul, que é a grande fornecedora da hortaliça ao mercado nacional nos próximos meses. REVISTA 100% CAIPIRA | 45


CAPACITAÇÃO

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RECEITAS CAIPIRAS

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BOLINHO DE MANDIOCA COM CARNE SECA INGREDIENTES 50g de queijo ralado 1 ovo 4 colheres de óleo 1/2 kg de carne seca dessalgada desfiada 1 cebola grande picada 1 tomate 1/2 xícara de azeitona verde 1/2 xícara de cebolinha verde 1 kg de mandioca 2 xícaras de farinha de trigo Sal a gosto

PREPARO

Em uma panela refogue o alho, a cebola e tomate. Acrescente sal e o tempero de sua preferência (orégano, pimenta) e a carne seca desfiada. Refogue a cebolinha verde e acrescente azeitonas picadas e reserve. Para a massa use uma tigela, esmague a mandioca previamente cozida, adicione o parmesão ralado, o ovo e o sal e misture até ficar homogêneo, adicione a farinha aos poucos até ficar no ponto de não grudar nas mãos. Com a massa no ponto faça bolinhas, abra e recheie com a carne seca refogada, feixe em forma de bolinha novamente. Empane com ovo e farinha de rosca, deixe descansar na geladeira por aproximadamente 30 minutos e em seguida frite em óleo bem quente, deixe escorrer no papel toalha e pronto. REVISTA 100% CAIPIRA | 49


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