Edição 104 fevereiro 2022

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Desmitificando o Pampa como emissor de gases do efeito www.revista100porcentocaipira.com.br Brasil, fevereiro de 2022 - Ano 10 - Nº 104 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

estufa

Estudo da área da micrometeorologia mostra que o bioma tem potencial absorvedor de Gases do Efeito Estufa REVISTA 100% CAIPIRA |


O AGRO NÃO P

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PODE PARAR

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Governo: Leilão pra Você: serviço oferecido pela Conab passa a abranger diversos nichos

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Agriculura familiar:

Cerca de 2,4 mil agricultores familiares são beneficiados pelo Programa de Aquisição de Alimentos em 2021

Bivinos de leite:

Mastite clínica e subclínica: entenda o que as diferenciam e suas principais características

Energias renováveis:

Está chegando o Hidrogênio Verde a partir do etanol brasileiro

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Artigo:

Desmitificando o Pampa como emissor de gases do efeito estufa


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Logística e transporte: Exportação de Cachaça em 2021 cresce quase 40% em valor

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Orgânicos:

46 48

Café: Brasil exporta 40,4 milhões de sacas de café em 2021, com receita de US$ 6,2

Aplicar adubo orgânico sólido não é igual ao convencional

Preços agropecuários: Preço da carne continuará alto e café e frango ficarão mais caros

Receitas Caipiras: Rabada caipira REVISTA 100% CAIPIRA |

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GOVERNO

Leilão pra Você: serviço oferecido pela Conab passa a abranger diversos nichos de mercado Em 2022 a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) traz uma novidade para o serviço

Brasil,fevereiro de 2022 Ano 10 - Nº 104 Distribuição Gratuita

Leilão pra Você: serviço oferecido pela Conab passa a abranger diversos nichos de mercado

O “Leilão pra Você” consiste em um exclusivo portal gerenciado pela Conab e voltado para a compra, venda e troca de produtos, insumos e serviços, de maneira simples, segura e de fácil acesso. O serviço pode ser solicitado por qualquer pessoa interessada em realizar uma das operações, basta acessar a plataforma para obter informações sobre documentação e contatar a Companhia em um dos canais disponibilizados. O procedimento é oferecido de forma gratuita para quem utiliza o serviço, sejam agentes privados ou públicos. Diferentemente das ações que são executadas pela Conab nos Leilões Públicos, as operações do “Leilão pra Você” são mais ágeis, pois não exigem documentação extensa para efetivar o negócio. Para solicitar uma ou mais transações, basta preencher um formulário disponível na página do “Leilão pra Você”, no portal da Conab, e enviá-lo para o e-mail leilaopravoce@conab. 6 | REVISTA 100% CAIPIRA

gov.br, ou ainda entregar o documento preenchido em uma unidade da Companhia. Nos casos em que uma entidade pública solicitar o serviço, será firmado um Acordo de Cooperação, cujo modelo é disponibilizado pela Conab. A partir dos dados iniciais do formulário, os técnicos da estatal propõem um serviço personalizado para cada operação. Após o demandante aprovar as diretrizes, o edital é publicado com as regras de participação no leilão a ser ofertado.

Balanço 2021 A partir de uma maior divulgação institucional do serviço “Leilão pra Você”, notou-se um aumento nas solicitações de comercialização, que em 2021 tiveram um acréscimo de 192% em relação ao ano anterior. Já em relação à diversidade no rol de produtos ofertados, houve um incremento de 120% no mesmo período. Fonte: CONAB

EXPEDIENTE

Revista 100% AGRO CAIPIRA www.revista100porcentocaipira.com.br

Diretor geral: Adriana Reis - adriana@ revista100porcentocaipira. com.br Editor-chefe: Eduardo Strini imprensa@ revista100porcentocaipira. com.br Diretor de criação e arte: Eduardo Reis Eduardo Reis eduardo@ revista100porcentocaipira. com.br (11) 9 6209-7741 Conselho editorial: Adriana Oliveira dos Reis, João Carlos dos Santos, Paulo César Rodrigues e Nilthon Fernandes Publicidade: Agência Banana Fotografias: Eduardo Reis, Sérgio Reis, Google imagens, iStockphoto e Shutterstock Departamento comercial: Rua das Vertentes, 450 – Vila Constança – São Paulo - SP Tel.: (11) 96215-7753 Rede social: facebook.com/ revista100porcentocaipira Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião desta revista, sendo eles, portanto, de inteira responsabilidade de quem os subscrevem.


AQUICULTURA E PESCA

TO discute implantação de projeto da carcinicultura A carcinicultura é um ramo específico da aquicultura voltado para a criação de camarão em cativeiro

O secretário de Agricultura, Pecuária e Aquicultura (Seagro), Jaime Café, visitou na última sexta-feira, 07, o presidente da Associação dos Produtores de Camarão do Ceará (APCC), Luiz Paulo Sampaio, na sede da associação em Natal (CE), para conhecer o desenvolvimento de projeto específico da aquicultura, a carcinicultura, e possíveis parcerias para implantação de projeto piloto do Tocantins. A carcinicultura é um ramo específico da aquicultura voltado para a criação de camarão em cativeiro, tanto na forma de cultivo marinho ou de água doce. É uma atividade em expansão no Brasil, sendo uma das formas de negócio mais lucrativas que existem, uma vez que o consumo do camarão cresce cada dia mais. Na oportunidade, Jaime Café, apresentou as potencialidades da aquicultura tocantinense, as políticas de incentivos fiscais, além de debater sobre as ações necessárias para criar um

ambiente de negócios estimulador para a implantação da carcinicultura no Estado. “Temos no município de Babaçulândia uma área propícia, com água salobra, para a implantação de projeto piloto. Temos a oportunidade de incentivar o consumo e contribuir com a geração de emprego e renda”, disse ele acrescentando que em breve representantes da APCC estarão visitando o Tocantins. Em seguida, acompanhado pelos percussores na implantação do projeto, os professores do Instituto Federal do Ceará (IFCE) Sergio Almeida e Itálo Rocha, o secretário conheceu in loco a criação de camarões nas fazendas Primus Carcinicultura e Aquinova, localizadas no município de Morada Nova (CE), associados à APCC.

Primeiro no ranking O C e a r á é o pr i m e i ro n o

r a n k i n g d e v o lu m e e v a l or d a s e x p or t a ç õ e s d e c a m a r ã o p or E s t a d o, s e g u n d o d a d o s d a As s o c i a ç ã o B r a s i l e i r a d e C r i a d ore s d e C a m a r ã o ( A B C C ) . S om e nt e d e j a n e i ro a ju l h o d e 2 0 2 1 , f o r a m pro du z i d a s 4 . 7 3 2 t on e l a d a s , c om re n d a d e U S $ 4 2 , 4 6 m i l h õ e s e c re s c i m e nt o d e 6 1 % d e s s e v a l or e m re l a ç ã o a o m e s mo período de 2020. Atu a l m e nt e , o C e a r á c ont a c om 5 3 mu n i c ípi o s d i v i d i d o s e m c i n c o m a c ror re g i õ e s c om pro du ç ã o d e c a m a r ã o e m á g u a d o c e e s a l g a d a c ont a n d o c om aprox i m a d a m e nt e 1 . 3 0 0 pro du t ore s l i g a d o s à As s o c i a ç ã o d o s P ro dut ore s d e C a m a r ã o d o C e a r á ( A P C C ) . O p ot e n c i a l d e m e rc a d o e qu a l i d a d e d o s c u lt i v o s p o s s i bi l it a m a v a s t a c om e rc i a l i z a ç ã o d o pro dut o n o m e rc a d o local, demais Estados do Brasil e e x t e r i or. Fonte: SEAGRO TO REVISTA 100% CAIPIRA |

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Desmitificando o Pa de gases do ARTIGO

Estudo da área da micrometeorologia mos de Gases do E 8 | REVISTA 100% CAIPIRA


ampa como emissor efeito estufa

stra que o bioma tem potencial absorvedor Efeito Estufa Fonte: UFSM - Universidade Federal de Santa Maria REVISTA 100% CAIPIRA | 9


A preocupação ambiental compreende a atenção para a emissão dos gases de efeito estufa (GEE). Um estudo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), desenvolvido desde 2015, tem apresentado resultados que mostram que a pastagem natural do Bioma Pampa, quando bem manejada, compensa as emissões de metano produzidas pelo gado através da absorção de dióxido de carbono (CO2) pela pastagem. Ou seja, o Pampa é um potencial absorvedor de gases do efeito estufa (GEE). De acordo com definição da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Pampa é o único bioma brasileiro localizado em apenas um estado, o Rio Grande do Sul. Caracterizado pelo clima temperado, grande bio-

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diversidade de plantas, e por uma extensa área de campos naturais, principalmente gramíneas, o bioma ocupa cerca de dois terços do território gaúcho. A combinação entre o clima e as características únicas da paisagem contribuem para o manejo adequado do gado e também para os resultados da pesquisa. Estes podem ajudar na elaboração de estratégias para a redução da emissão dos gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera. A mitigação desses gases é importante para frear o processo de aquecimento global do planeta. Entre as consequências do aquecimento global estão o aumento da temperatura global, que pode provocar derretimento das geleiras, aumento do nível do mar – que, inclusive, pode

fazer desaparecer territórios inteiros, como o de Cuba -, diminuição de água doce para consumo humano, extinção de espécies e impactos sobre o clima. O aquecimento global é causado pela intensificação da emissão dos GEEs, sobretudo por meio de ações humanas como a queima de combustíveis fósseis nos transportes e na indústria, o desmatamento, as queimadas e as atividades agrícolas. O efeito estufa é um fenômeno natural que é responsável pela manutenção da vida na Terra, uma vez que regula a sua temperatura por meio da absorção da radiação solar pelos GEEs. A Conferência das Partes (COP) é uma reunião anual das 197 partes – ou países – adeptas da Convenção-Quadro das Nações Unidas


sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e que busca a estabilização das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE). A COP26, que aconteceu de 31 de outubro a 12 de novembro em Glasgow, Escócia, reafirmou a urgência da necessidade de redução de GEEs pelos sistemas produtivos, para que o planeta consiga se manter abaixo do aumento de 1,5 grau até o final do século. Até agora, o aumento de temperatura desde 2010 está em 1,1 grau. Para isso, uma das decisões da conferência é que a redução da emissão dos GEEs seja de 45% até 2030.

O Pampa como dreno O estudo que atesta que o bioma Pampa funciona como

dreno de GEEs foi realizado pelo Laboratório de Micrometeorologia da UFSM e coordenado pela professora do Departamento de Física, Débora Regina Roberti. A partir da coleta de dados sobre trocas de carbono e metano nos ecossistemas, o grupo de pesquisadores coordenado pela pesquisadora concluiu que o bioma Pampa, em condições de manejo adequado, funciona como uma espécie de dreno de gases de efeito estufa. Débora explica que, durante o inverno, em que há menor crescimento das pastagens, o Pampa emite mais dióxido de carbono (CO2) do que absorve. No entanto, a quantidade de absorção dos gases no verão compensa a emissão do inverno e, em uma média anual, o local

funciona como um absorvedor de CO2. Quanto ao metano, a docente salienta que, embora emitido pelo gado por meio da ruminação, a vegetação do bioma – através da fotossíntese – consegue absorver, em quantidade de CO2, o dobro das quantidades de emissão de metano. Pelo tamanho, o Pampa tem potencial de absorver mais de 1 milhão de créditos de carbono, o equivalente a 1 milhão de toneladas de CO2 equivalente. Débora salienta que isso não significa que em outros biomas e em outros tipos de manejo do solo e dos animais não há maior emissão de GEE ‘s. A importância do estudo está em demonstrar alternativas e estratégias que possibilitem mitigar a emissão dos REVISTA 100% CAIPIRA | 11


gases de efeito estufa também em outros ambientes. Débora comenta que a intenção é realizar mais estudos em outros locais, para que as medidas sejam ampliadas e possibilitem maior conhecimento sobre outras realidades. Dessa forma, a intenção é elaborar estratégias de mitigação adequadas para cada bioma.

Como os gases de efeito estufa são medidos? A mdição e a quantificação dos GEE podem ser feitas por diferentes técnicas, a exemplo de sensores em animais e de câmeras acopladas ao solo. O Laboratório de Micrometeorologia da Universidade usa a metodologia da covariância dos vórtices – eddy covariance, em inglês – que mede a concentração dos GEE na atmosfera. medição é feita por meio de sensores instalados em uma torre de fluxo, que capta os dados presentes na atmosfera e que circulam com o vento. O grupo de pesquisadores tem duas torres de fluxo instaladas em sítios experimentais, uma em uma área de manejo na Universidade, e outra em uma fazenda particular no município de Aceguá, no sul gaúcho, a cerca de 290 km de Santa Maria. Os dois fazem parte da Rede de Sítios do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD) Campos Sulinos, rede nacional financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Além da UFSM, só a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) tem 12 | REVISTA 100% CAIPIRA

estações experimentais da Rede PELD no estado. Muito comum nos Estados Unidos e na Europa, a metodologia é pouco difundida na América do Sul. Também é usada para coleta de estimativas das trocas de carbono na Amazônia, com a diferença de que esta necessita de torres mais altas por conta do tipo de árvores. Já no Pampa, cuja característica é uma vegetação herbácea gramínea e mais rasteira, as torres não necessitam ser tão altas. Para fazer as estimativas de fluxos de GEEs a partir dos dados, são necessárias muitas medições por segundo. Os sensores coletam cerca de dez medidas de cada variável por segundo, o que corresponde a 18 mil medidas na atmosfera a cada meia hora. Os dados são armazenados em um cartão de memória e, no caso do sítio experimental na Universidade, em que há acesso à internet, são repassados de forma automática ao sistema do laboratório que os processa. No caso de Aceguá, em que a torre não tem ligação com a internet, os dados ficam somente no cartão de memória, que é substituído a cada 15 dias, quando também é feita a manutenção dos sensores. As torres são alimentadas a partir de painéis solares, mas, no inverno gaúcho em que há pouco sol, e quando há muitos sensores em uma mesma torre – exemplo da instalada na Universidade –, são usadas baterias recarregáveis para alimentação energética. Após a coleta de medidas, é feito o processamento dos dados a partir de métodos de re-

des neurais, que permitem visualizar a dinâmica de trocas em um ecossistema a cada meia hora. A metodologia permite abranger áreas maiores que um hectare e pode ser utilizada, inclusive, para validação de medidas de sensoriamento remoto. No sítio experimental de Santa Maria, há coleta de dados de gás carbônico desde 2015. Já em Aceguá, a coleta é feita desde 2018, e, além dos dados sobre CO2, também foram feitas medidas sobre emissão de metano.

O ciclo do CO2 e do metano Na atmosfera, o CO2 e o metano estão inseridos em um ciclo natural. A partir da fotossíntese – a respiração da planta -, há absorção de gás carbônico pelas plantas, mas estas também emitem CO2, que é jogado para a atmosfera. Os micro-organismos do solo utilizam o CO2 da atmosfera como energia para o crescimento das plantas e, ao respirar, também emitem o mesmo para a atmosfera. Fernando Quadros, docente no Departamento de Zootecnia e pesquisador na área de Ecologia e Manejo de Pastagens Naturais, explica que esse é o ciclo natural das plantas e está presente desde o início da evolução de plantas e animais. O docente reitera que, neste ciclo natural, os gases são importantes para o desenvolvimento das plantas e animais. No caso do metano, a emissão ocorre por meio da ruminação, ou ‘arroto’, dos animais, principalmente o gado, além do ‘pum’. O gás é uma das princi-


pais preocupações na problemática do aquecimento global. O professor explica que o metano tem um potencial de aquecimento global maior que o carbono, mas que perdura menos tempo no ambiente. Enquanto o metano fica cerca de oito a dez anos na atmosfera, o gás carbônico pode permanecer até mil anos. No entanto, depois de um período, o metano se transforma em carbono e pode ser absorvido pelo solo, para o desenvolvimento de tecidos vegetais e armazenamento de energia no solo e nas raízes das plantas. Entretanto, Fernando destaca que, quando há um desbalanço no sistema e na emissão natural de gases de efeito estufa, há um desequilíbrio que é prejudicial, uma vez que há mais emissão do que absorção de GEEs, e que podem contribuir no aumento do aquecimento global. No bioma Pampa, a vegetação contribui para o pastoreio e o manejo do gado por meio da diversidade de plantas, sem necessidade de remexer o solo. Biomas que são destruídos ou transformados e em que há o desequilíbrio do sistema, a exemplo de remexer o solo através do ato de lavrar ou do desmatamento de árvores, liberam quantidades de CO2 que estão armazenadas no solo há muito tempo, por meio das raízes das plantas.

quado dos animais, em que a estratégia utilizada é a de pastoreio rotativo, na qual é feita a rotação de piquetes. Os animais se alimentam em uma área em determinado período de tempo, e depois passam para a próxima, para que o pasto tenha tempo de brotar e crescer de forma natural. O sistema difere do pastoreio contínuo, em que os animais permanecem todo o tempo nos mesmos piquetes – que delimitam áreas de divisão da pastagem por meio de cercas – e a quantidade, a altura e o volume do pasto disponíveis são controlados. O pesquisador comenta que a alternativa é baseada na grande diversidade de vegetação herbácea existente no Pampa – cerca de 3 mil espécies catalogadas. Das várias famílias botânicas, as que têm maior número de espécies são as gramíneas, as asteráceas e as fabáceas (leguminosas). Outra divisão das espécies é quanto à capacidade de armazenamento de recursos. As Fabaceas

são captadoras de recursos, ou seja, a partir de recursos energéticos como o CO2, crescem mais rápido; no entanto, o recurso fica vivo na planta por menos tempo. As Gramíneas e as Asteraceas são conservadoras de recursos. Uma vez que crescem mais lentamente, a captura de recursos como o gás carbônico, o oxigênio e outros nutrientes permanecem na estrutura da planta por mais tempo. A partir desse entendimento, a estratégia de manejo adequada foi desenvolvida de modo que se adaptasse aos diferentes ritmos de crescimento dos dois grandes grupos de espécies. Com esse critério, segundo Fernando, é possível deixar as plantas crescerem e inserir os animais para novo pastoreio na mesma área apenas quando o tempo de descanso do piquete estiver completo. Assim, é possível manter um maior volume de massa do que nos sítios em que é aplicado o pastoreio contínuo.

O manejo adequado Fernando participa do estudo coordenado por Débora e é responsável pela área de manejo do PELD Campos Sulinos da UFSM. A pesquisa compreende a presença de gado nos campos de pastoreio e o manejo adeREVISTA 100% CAIPIRA |13


FRUTICULTURA E HORTICULTURA

Boletim relata efeito das cond a safra da uva n Mais uma vez, o fenômeno La Niña esteve

influenciando a safra da uva na Serra Gaúcha de altas temperaturas durante Fonte: Assessoria de Comunicação Social Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do RS

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dições meteorológicas sobre na Serra Gaúcha presente na primavera e no verão e segue

a, com chuvas abaixo da média e a ocorrência o dia, mas com noites amenas Em relação à falta de chuvas, os especialistas destacam que, em função da grande diferença entre as propriedades, os tipos de solo e as condições de cada vinhedo, a qualidade enológica da uva nessa safra também poderá ser variada. É o que aponta a edição de janeiro do Boletim Agrometeorológico da Serra Gaúcha , produzido por pesquisadores da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) e da Embrapa Uva e Vinho. Segundo a pesquisadora da Seapdr Amanda Junges, os valores de precipitação pluvial (chuva) em novembro e dezembro foram muito abaixo das médias históricas. “Em novembro, em Veranópolis, choveu 61 mm e, em Bento Gonçalves, apenas 38 mm, o que correspondeu, respectivamente, a 44% e 27% das médias históricas. Em dezembro, novamente os valores foram baixos, com 56 mm em Veranópolis e 31 mm em Bento Gonçalves (41% e 21,5% das médias)”, destaca Amanda. Além de descrição detalhada das condições meteorológicas ocorridas no trimestre outubro-novembro-dezembro, essa edição do Boletim Agrometeorológico, apresenta um resumo dos dados registrados em 2021 pelas estações meteorológicas de Veranópolis (Cefruti/ DDPA/Seapdr) e de Bento Gonçalves (Embrapa Uva e Vinho/Inmet). O pesquisador da Embrapa Uva e Vinho

Henrique Pessoa dos Santos reforça a importância de produtores e técnicos analisarem os vinhedos prejudicados pela falta de chuvas e realizarem ações que garantam maior disponibilidade hídrica às videiras, tais como a manutenção da cobertura do solo, a redução da carga de frutas e da superfície foliar e o investimento em sistemas de irrigação. ¨Cada parreiral é único em função do solo, da profundidade das raízes e das condições da planta. É importante não apenas garantir essa safra, mas a sobrevivência e a sanidade da parreira¨, destaca. No aspecto fitossanitário, em função do prognóstico climático dos próximos meses indicar chuvas próximas à média em janeiro, o pesquisador Lucas Garrido recomenda a aplicação de produtos à base de cobre para proteção das brotações da videira, que são facilmente infectadas pelo agente causal do míldio. Além dessa doença, ele recomenda que o produtor deve atentar também para os tratamentos preventivos para o controle das podridões do cacho (Botrytis e Glomerella), utilizando fungicidas registrados ou mesmo produtos à base de Bacillus. “Os produtores também devem considerar práticas como desponte e poda verde para o controle mais efetivo das doenças e melhor cobertura pelo produto utilizado¨, orienta Garrido.

Estas e demais recomendações sobre o manejo dos vinhedos podem ser obtidas no Boletim Agrometeorológico da Serra Gaúcha Edição Janeiro de 2022. Essa edição apresenta um resumo das condições meteorológicas de 2021 e descreve a precipitação pluvial e as temperaturas do ar registradas no trimestre outubro-novembro-dezembro de 2021 pelas estações meteorológicas de Veranópolis (Cefruti/DDPA/ Seapdr) e de Bento Gonçalves (Embrapa Uva e Vinho/Inmet), bem como o prognóstico climático para o trimestre janeiro, fevereiro e março de 2022. A publicação está disponível gratuitamente na página das duas instituições. Confira o vídeo com orientações técnicas sobre a safra 2021/2022 com pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Henrique Pessoa dos Santos: https:// youtu.be/9aH1hZFUT6U

Sobre a publicação Divulgado desde agosto de 2020, o Boletim Agrometeorológico da Serra Gaúcha é uma parceria entre Embrapa Uva e Vinho e a Seapdr. A edição de Janeiro de 2022 tem como autores Amanda Heemann Junges do DDPA-Seapdr, Henrique Pessoa dos Santos e Lucas da Ressurreição Garrido, da Embrapa Uva e Vinho. REVISTA 100% CAIPIRA | 15


AGRICULTURA FAMILIAR

Cerca de 2,4 mil agricultores familiares são beneficiados pelo Programa de Aquisição de Alimentos em 2021 Em ano marcado pela pandemia da Covid-19, política pública de compra e doação simultânea de alimentos atinge números recordes, com 4,2 mil toneladas de produtos distribuídos em 126 municípios mineiros

Fonte: SEAPA MG - Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais

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Q

uase 2,4 mil agricultores familiares mineiros, residentes em municípios com baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) e aqueles listados no Mapa de Insegurança Alimentar e Nutricional (INSAN) do Governo Federal na condição de vulnerabilidade “alta” e “muito alta”, foram diretamente beneficiados pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) em 2021. A política pública, executada na modalidade Compra com Doação Simultânea, efetuou ainda a distribuição de 4,2 mil toneladas de alimentos seguros para 304 entidades socioassistenciais, em 126 municípios de Minas Gerais. Para tanto, o aporte investido foi de R$ 10,5 milhões. Executado pelo Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e com as prefeituras municipais, os recursos do programa são disponibilizados pelo Ministério da Cidadania, por meio do Termo de Adesão Estadual. Neste ano, o montante representou um recorde desde o início da execução do programa, em Minas Gerais, em 2017, devido ao auxílio especial durante a crise sanitária da Covid-19. “Esse recurso foi de extrema importância para o estado passar com menos dificuldade pela pandemia. Possibilitou-nos apoiar tanto o agricultor familiar, com baixa renda e com muita dificuldade no escoamento da produção, quanto as pessoas em situação de vulnerabilidade social ou insegurança alimentar, entregando a elas alimento de qualidade” explica a coordenadora estadual do PAA em Minas, Mariana Moret.

empenho da Seapa teve início ainda em agosto do ano anterior, com o cadastro de municípios mais suscetíveis às adversidades do período, com menores IDH e poucos recursos econômicos. Segundo a coordenadora Mariana Moret, a execução do programa só é possível, em um estado com a dimensão de Minas Gerais, graças à parceria da Emater-MG, instituição vinculada à Secretaria de Agricultura. “A empresa se faz presente em diversas esferas, nos níveis de coordenação estadual, regional e municipal. Ela assegura o acompanhamento técnico, por meio dos extensionistas locais, e o controle da execução dentro dos municípios selecionados”, afirma Mariana. Não por acaso, o coordenador estadual substituto da política pública, Raul Machado, é servidor da Emater-MG. A seleção dos agricultores familiares e das entidades beneficiárias do PAA, por sua vez, é realizada pelos gestores municipais, após capacitação pela coordenação estadual do Programa. Devem ser levados em conta, por exigência federal, critérios como: ter a Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP) ativa; ser, prioritariamente, público-alvo de benefícios sociais do Governo Federal, como o Brasil sem Miséria, e também assentados ou parte integrante de povos e comunidades tradicionais; dentre outros requisitos. Além disso, cada município precisa cadastrar, no mínimo, 40% de mulheres produtoras rurais.

Municípios

A coordenadora municipal do PAA e m A n g e l â n d i a , n o Va l e do Jequitinhonha, Edriane Fátima de Jesus, comemora os resultados do programa no pequeno município, segundo Em 2021, o PAA foi executado e l a , 9 0 % a g r í c o l a . “ S ã o b e n e f i entre março e novembro, contudo o c i a d o s t a n t o o a g r i c u l t o r, q u e

Funcionamento

vende a sua produção, quanto as famílias que recebem esses produtos, melhorando a qualidade da alimentação delas e promovendo a saúde e o bem- e s t a r ”, c o n t a . Edriane relata ainda como é construído o programa em seu município, com cerca de 8,5 mil habitantes, conforme as estimativas do IBGE/ C i d a d e s . “A q u i n ó s c r i a m o s o P r o j e t o C e s t a Ve r d e , n o q u a l , a t r a v é s d o PA A , a g e n t e c o m pra alimentos dos produtores da agricultura familiar e realizamos a doação para o Centro de Referência em Assistência Social (CRAS). A entidade recebedora monta a cesta e entrega para as famílias em situação de vulnerabil i d a d e a l i m e n t a r ”, e x p l i c a . A gestora do programa em Angelândia destaca também os esforços do escritório local da empresa vinculada à Seapa. “Nosso extensionista da Emater-MG, o técnico agrícola Geraldo Agostinho, dá toda a assistência, tanto aos agricultores no campo, quanto no dia da entrega e recebimento dos produtos. É o que eu falo sempre: trabalhando em parceria, os grandes resultados acontec e m”, r e s s a l t a . Em agosto de 2021, por meio da Medida Provisória nº 1061, o Programa de Aquisição de Alimentos foi extinto e substituído pelo Programa Alimenta Brasil, regulamentado pelo Decreto Federal nº 10.880, de 2 de dezembro de 2021. Para 2022, Minas Gerais enviou duas propostas ao Governo Federal, uma da ordem de R$ 6 milhões, de emenda p a r l a m e n t a r, e o u t r a d e R $ 6 , 1 milhões, pelo estado. A portaria que anuncia a deliberação do recurso ainda aguarda publicação. REVISTA 100% CAIPIRA |17


PESQUISAS

Publicação destaca qualidad cultivar de batata-d A nova cultivar de batata-doce de polpa roxa é o foco da publicação que apresenta a BRS Anembé, suas características e adequação para diversos usos, do campo à mesa Pro duzido p or uma e quip e mu lt idis ciplinar de p es quis adores d a Embrap a Hor t a liç as (Brasí li a-DF), o C omunic ado Té cnico (CT) dest ac a as qu a lid ades ag ronômic as d a c u lt ivar, assim como o s eu des emp en ho obs er vado nos exp er imentos inst a l ados em divers as reg iõ es do Brasi l. O cres cimento do merc ado e de demand as d a c adei a pro dut iva foram as mol as propu ls oras dos t rab a l hos de p es quis a volt ados p ara o des envolv imento de c u lt ivares de p olp a roxa. A histór i a d a BRS Anemb é come ç a a p ar t ir de 2013, qu ando foram inici ados os pr imeiros exp er imentos p ara s ele ç ão de 18| REVISTA 100% CAIPIRA

genót ip os de p olp a roxa na Embrap a Hor t a liç as. Em 2017, s eis genót ip os mais pro dut ivos foram s ele cionados e, d ando s eguimento ao pl ano de t rab a l ho, nos anos de 2018 e 2019 foram inst a l ados ens aios em Brasí li a (DF), C anoin has (SC), E st iva (MG), Pet rolina (PE) e Ur u ana (GO). Em Presidente Pr udente (SP), um dos pr incip ais p olos de pro duç ão no País, o cor reu a et ap a de va lid aç ão em áre a comerci a l. S egundo a p es quis adora L ar iss a Vendrame, que co ordena as p es quis as de mel horamento genét ico de b at at a-do ce d a Embrap a Hor t a liç as, e assina a public aç ão junt amente com os p es quis adores

R aphael Melo, Giovani Olegár io, G e ovani Amaro, Lucimeire Pi lon, Jorge Anders on, Jadir Pin heiro e R ic ardo B orges, “ess es ens aios comprovaram o b om des emp en ho ag ronômico d a c u lt ivar, not ad amente s ob a for ma de uma b o a qu a lid ade de raiz p ara o pro cess amento indust r i a l, em f unç ão de matér i a s e c a acima de 30%, e aind a o a lto p otenci a l p ara us o c u linár io.” Nos ens aios, que t amb ém incluíram a ava li aç ão de d anos p or pragas e do enç as, a c u lt ivar BRS Anemb é s e dest acou p or demonst rar ampl a ad apt abi lid ade, est abi lid ade de pro duç ão em diferentes ambientes e manutenç ão d a


des e características de nova doce de polpa roxa

qu a lid ade de su as c arac ter íst ic as. As divers as apt idõ es e formas de pro cess amento s ão out ros at rat ivos d a nova c u lt ivar : no merc ado naciona l, há p elo menos cinco indúst r i as de mé dio e g rande p or te pro cess ando b at at a-doce de p olp a ar roxe ad a na for ma de chips. O C omunic ado Té cnico contempl a ess a quest ão, reg ist rando que mesmo com ess e p otenci a l, a mé di a de pro dut iv id ade naciona l aind a é b aixa – 14 tonel ad as p or he c t are (IB GE-2020). Ness e contexto, de acordo com a public aç ão, a BRS Anemb é most ra-s e uma b o a a lter nat iva p ara a c adei a pro dut iva. Ness e contexto, o pro cess a-

mento de raízes volt ado à pro duç ão de do ce, b at at a-p a l ha, corantes, p ó p ara sha kes, fé c u l a, ent re out ros, d ad as às c arac ter íst ic as de qu a lid ade d a c u lt ivar, p er mite ao pro dutor e à ag roindúst r i a a ag regaç ão de va lor aos pro dutos, propici ando que s eus der ivados p oss am s er ut i lizados em maior gama de prep aros/re ceit as, ent re as divers as p ossibi lid ades de us o.

juntamente com a BRS Cotinga e a C I P BR S Nut i, to d a s obj e to do edital de Oferta Pública 14/2021, que licenciará produtores de mudas de batata-doce, inscritos no Registro Nacional d e S e m e n t e s e M u d a s ( R E N ASEM), e interessados na licença não exclusiva, intransferível e onerosa do direito de utilizar a m a r c a “ Te c n o l o g i a E m b r a p a”. Ab er to em 06/12/2021, o edital tem prazo de encerramento no dia 06/01/2022, quando serão divulgados os nomes de empresas/produtores Fonte: Embrapa Hortaliças A BRS Anembé foi lançada vencedores.

Oferta pública

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MILHO E SORGO

Uso de técnicas agrícolas sustentáveis posicionam produção de milho de pipoca em Mato Grosso entre as dez mais eficientes do mundo Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) em plantações do produto na região são cerca de 70% menores que média mundial Fonte: Imaflora

As emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) na produção de milho de pipoca no Brasil são cerca de 70% menores que a média global. A constatação é de análise conduzida pelo Imaflora em parceria com a General Mills - indústria de alimentos dona de marcas como Yoki, Kitano e Häagen-Dazs - no município de Campo Novo do Parecis, Mato Grosso, região onde se localiza a maior produção de milho de pipoca do país. No mundo, a média de emissões de GEE para se produzir milho é estimada em 1,7 tCO2e por tonelada de produto, para as quais as emissões provenientes 20| REVISTA 100% CAIPIRA

da fazenda contribuem com quase 50% ou 0,81 tCO2e por tonelada de grão produzido (Poore & Nemecek, 2018). Com base nas estimativas encontradas nas análises, as emissões dos milhos de pipoca produzidos em Campo Novo do Parecis estão potencialmente entre os dez sistemas mais eficientes de produção global de milho, registrando cerca de 0,25 tCO2e em emissões de gases de efeito estufa por tonelada de produto. Média global de intensidade de emissões de gases de efeito estufa para produzir uma tonelada de milho comparada à produção de milhos de pipoca

em Campo Novo do Parecis (MT) - baseado em Poore e Nemecek, 2018 A pesquisa “O sistema de produção de milho branco e pipoca: uma estimativa dos estoques de carbono e GEE”, também constata que o plantio direto (PD) e a integração lavoura pecuária (ILP) tem potencial de manter os estoques de carbono no solo nos mesmos níveis da vegetação nativa. Entretanto, para algumas áreas, a rotação de cultivos mais diversificada e de longo prazo é necessária. Para que isso ocorra de forma eficiente é fundamental a adoção e ma-


nutenção de práticas aprimoradas de manejo agrícola e conservação do solo. “Em média, mais de 90% da produção de milho de pipoca da General Mills acontece em Campo Novo do Parecis. Em parceria com produtores, a empresa desenvolve constantemente técnicas e pesquisas para aprimorar o cultivo, apoiar a produção local e entregar um produto de qualidade ao consumidor final. Além disso, estuda cenários com o compromisso de garantir a sustentabilidade sempre pensando em todos os elos de sua cadeia”, diz Franciele Caixeta, coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento Agro da General Mills para América Latina. A General Mills tem trilhado uma jornada para fazer a diferença por meio da Agricultura Regenerativa e avançar em práticas em 1 milhão de acres (400 mil hectares) de terras agrícolas até o ano de 2030, protegendo e aprimorando intencionalmente os recursos naturais e as comunidades agrícolas.

Outros resultados

Se os sistemas de produção forem melhorados para sequestrar carbono nos solos de forma ainda mais eficiente, o cultivo de milho de pipoca pode potencialmente se tornar um sumidouro de GEE, especialmente em áreas de pastagem degradadas. No Brasil cerca de 60 milhões de hectares de pastagem, dos quais 10 milhões se localizam no estado do Mato Grosso, podem estar sob algum tipo de degradação e, portanto, ineficientes do ponto de vista agropecuário.

Eficiência aos produtores Novas fases do projeto entre a General Mills e o Imaflora já foram desenhadas e iniciadas. “O objetivo é oferecer aos produtores informações e orientações teóricas e práticas para que eles se tornem ainda mais eficientes. Com isso, demos início a uma segunda fase do projeto com um treinamento sobre a implementação de práticas de

Agricultura Regenerativa e de Baixa Emissão de Carbono, 100% financiado pela General Mills, para produtores de milho de pipoca e outras culturas primordiais para a nossa produção, como batata, mandioca e amendoim. A capacitação mostra que é possível produzir em larga escala, ter rentabilidade e ser sustentável, contribuindo para minimizar as mudanças ambientais que a gente tem visto nos últimos tempos”, reforça Franciele. Como próximos passos, a multinacional quer treinar novos produtores no Brasil, expandindo essa rede de aprendizado e incentivando, cada vez mais, a adoção e manutenção de práticas aprimoradas de manejo agrícola e conservação do solo entre esse público. Ainda, a companhia pretende investigar os níveis de emissão de CO2 na base de sua cadeia produtiva e principais culturas, definindo, a partir desta nova análise, as melhores técnicas de manejo que podem ser aplicadas e metas de redução, considerando os compromissos e responsabilidades globais da companhia.

Para o Imaflora, o escalonamento de sistemas de plantio direto e a integração lavoura pecuária em áreas de pasto degradado, somente no Mato Grosso, sequestraria cerca de 300 milhões de toneladas de carbono no solo (ou 1.100 MtCO2e), o que corresponde a quase 120% do total das reduções de emissões prometidas pelo Brasil no Acordo de Paris no ano de 2030 (925 MtCO2e). As análises ainda sugerem que manter ou expandir o plantio direto e, especialmente, a integração de lavoura e pecuária em solos degradados na região do MT constitui uma estratégia importante para atender a produção de alimentos no futuro e reduzir as emissões de GEE do país. Também de acordo com o Imaflora, as áreas de pastagem degradadas são um ponto de atenção, porém de oportunidades. Essas áreas reduzem significativamente os estoques de carbono no solo quando comparadas à vegetação nativa, ao passo que o plantio direto e a integração lavoura pecuária têm potencial para manter os níveis originais. REVISTA 100% CAIPIRA |21


BIOLÓGICOS E BIOINSUMOS

BNDES aprova crédito perman fortalecendo desenvo

Bioinsumos são elementos ou tecnologias de agropecuária, como

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nente ao setor de bioinsumos, olvimento sustentável

e base natural que aumentam a produtividade o os biofertilizantes Financiamento pode diminuir dependência do mercado externo Resíduos da produção de cana, suínos e aves podem atender cerca de 14% da demanda de fertilizantes à base de nitrogênio, fósforo e potássio O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fortaleceu o apoio ao desenvolvimento sustentável no campo. A partir de agora é possível financiar a produção e a comercialização de bioinsumos por meio do BNDES Finem (produto voltado a operações superiores a R$ 20 milhões) e do BNDES Crédito Rural Custeio (acessível a produtores de menor porte, inclusive pessoas físicas). A iniciativa contribui para o meio ambiente ao estimular aproveitamento de resíduos na própria atividade agropecuária. Além disso, reduz a dependência externa de insumos utilizados no campo. Bioinsumos são produtos, processos ou tecnologias de origem vegetal, animal ou microbiana que contribuem positivamente para a produtividade agropecuária. Como exemplo, podem ser citados os biofertilizantes, que diferentemente dos fertilizantes sintéticos, são gerados a partir de resíduos da atividade agropecuária. Com a iniciativa, o BNDES passa a oferecer crédito de maneira estável para bioinsumos, tornando permanente um incentivo que estava disponível desde julho por meio do ABC, Pronaf Custeio e Pronamp Custeio. No caso destes três programas, os financiamentos ficam limitados à execução do orçamento definido anualmente, o que não ocorre com a nova linha, de caráter permanente. Além disso, diferente dos programas citados, no BNDES Finem o apoio não

estará restrito aos produtores rurais, incluindo por exemplo os segmentos de produção de insumos agropecuários e de processamento agroindustrial. O apoio do BNDES está em linha com o Programa Nacional de Bioinsumos, lançado em junho de 2020 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Ele tem como objetivo ampliar e fortalecer a utilização dos bioinsumos para promoção do desenvolvimento sustentável da agropecuária brasileira. Para o diretor de Crédito Produtivo e Socioambiental do banco de fomento, Bruno Aranha, a novidade conjuga benefícios econômicos e ambientais para o país. “O BNDES tem como prioridade estratégica estimular a adoção de práticas cada vez mais sustentáveis no agronegócio brasileiro, o que vai contribuir para mitigar os impactos ambientais e ainda fortalecer nossa competitividade internacional. Foi por esta razão que resolvemos ampliar o escopo de instrumentos de fomento ao uso de bioinsumos agropecuários, reforçando e intensificando o apoio do BNDES ao Plano Nacional de Bioinsumos”, explica. Além do efeito positivo para o meio ambiente, os bioinsumos podem contribuir para a diminuição da dependência do setor externo no fornecimento de fertilizantes. O Brasil é um dos maiores importadores mundiais de produtos químicos, especialmente fertilizantes e defensivos agrícolas. Em 2020, o déficit total da balança comercial de produtos químicos totalizou US$ 30,4 bilhões. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), o

Brasil importou praticamente US$ 7,2 bilhões em intermediários para fertilizantes em 2020 e eles corresponderam a 61,7% das 51,5 milhões de toneladas de compras externas de produtos químicos. Estudo do BNDES, baseado em dados de 2015, indica que resíduos gerados no processo produtivo dos setores sucroalcooleiro, suínos e aves teriam o potencial para fornecer aproximadamente 14% da demanda nacional por fertilizantes à base de nitrogênio, fósforo e potássio. “Além do impacto socioambiental positivo, estamos falando de um mercado potencial superior a US$ 1 bilhão por ano apenas em relação aos setores sucroalcooleiro, suínos e aves”, complementa Bruno Aranha.

Meio ambiente e economia Agricultura sustentável é essencial para o desenvolvimento sustentável, uma vez que contribui para a ampliação da segurança alimentar da população ao mesmo tempo em que combate o aquecimento global. Outras ações do BNDES nesse campo são o estímulo a projetos de biogás e de adoção de IoT (internet das coisas) no campo. O biogás aproveita resíduos (que poderiam poluir o solo) para a geração de energia elétrica ou produção de biometano, utilizável em automóveis. Já o uso de IoT pode ampliar a produtividade por meio do maior controle de lavouras ou rebanhos, evitando o desperdício de recursos naturais. Ela também aumenta a capacidade de rastreabilidade dos animais, dando mais segurança de que eles não são criados em regiFonte: BNDES ões desmatadas. REVISTA 100% CAIPIRA | 23


BOVINOS DE LEITE

Mastite clínica e subclínica: entenda o que as diferenciam e suas principais características

Duelo de titãs: na luta entre produtor e mastite, vence o mais bem informado

Que a mastite é uma pedra no sapato dos produtores de leite todo mundo já sabe. O nome da doença agrega diversos microrganismos que são os agentes causadores da patologia e várias implicações – visíveis ou não – nas vacas. E por que “trocar figurinha” sobre a mastite ainda é tão importante? Porque dia a dia as tecnologias avançam e contribuem ainda mais para a sua eliminação. Decifrar as entraves que a levam para dentro da fazenda auxilia para que os patógenos esbarrem em fortes barreiras e não assolem o rebanho e – quanto mais estudamos sobre o assunto – mais seguros nos tornamos para enfrentar os desafios que aparecem no cotidiano. A informação sempre vence! A analogia do subtítulo “duelo de titãs” é apenas uma jocosidade para expor a luta das leiterias contra os dois tipos da enfermidade (clínica e 24 | REVISTA 100% CAIPIRA

subclínica) que, cada uma com suas características específicas, geram danos para toda a cadeia produtiva. A ideia é que sejamos maiores e mais estratégicos que a mastite que tanto acarreta prejuízos, ser mais produtivos e competitivos, prezar pela qualidade e reduzir os custos de produção. Para que isso aconteça, o primeiro passo é monitorar a saúde do rebanho. Assim, destrinchamos abaixo as principais diferenças e características da mastite clínica e subclínica a fim de ajudar os envolvidos na fazenda a realizar um diagnóstico preciso e precoce.

Mastite clínica

Normalmente a mastite clínica é caracterizada por modificações vistas a olho nu no leite e talvez (já que não ocorrem em todos os casos) mudan-

ças nos úberes. Grumos, leite aguado e presença de sangue são algumas alterações relatadas no leite. Já inchaço, edema, endurecimento, vermelhidão e dor, pertencem ao grupo de sintomas que acometem os quartos mamários. Também, o animal pode apresentar outros sinais sistêmicos da infecção usualmente em situações mais graves como febre (aferida pelo aumento da temperatura retal), desidratação e redução no consumo de alimentos, itens que resultam consequentemente em uma menor produção leiteira. Para direcionar e traçar um plano, a mastite clínica é classificada em graus que podem ser leves, moderados ou graves. No leve (grau 1), há somente presença de alterações visuais no leite como as expostas no parágrafo acima; no moderado (grau 2), além do leite, o úbere apresenta sinais de que algo não está legal e por último, no grau 3, que é considerado grave, a vaca também se


torna febril e reduz o apetite.

Mastite subclínica Mais prevalente que a mastite clínica, as infecções por mastite subclínica – que totalizam de 90 a 95% dos casos – afetam os resultados financeiros do produtor já que reduzem a produção de leite, diminuem a qualidade do mesmo e suprimem o desempenho reprodutivo. Mesmo oculta, o quarto mamário afetado pela doença pode apresentar diminuição na produção e mudanças na composição do leite, fato que interfere negativamente na fabricação dos laticínios quando pensamos pelo lado da indústria. Essa situação também reduz as bonificações oferecidas aos produtores, fazendo com que percam uma oportunidade de melhorarem a renda.

As fazendas podem monitorar a mastite subclínica por meio de testes individuais como o CMT (California Mastitis Test) e a CCS (Contagem de Células Somáticas). Mundialmente, o padrão de diagnóstico é o valor de 200 mil células por mililitro, ou seja, acima desse valor, é um indicativo que a vaca está reagindo ao patógeno e necessita de atenção. Abaixo desse valor, a vaca é considerada sadia. Quando a vaca é identificada com mastite subclínica, outras questões também valem ser respondidas, por isso, a importância de uma boa base de dados: esse animal tem mastite subclínica crônica e se sim, é candidato ao descarte já que não responde bem às terapias já propostas? É uma nova infecção? A vaca tem histórico de responder bem ao tratamento? Ela está prenha? Entre outras indagações, essas são algumas relevantes para o desenvolvimento de um planejamento.

Outros testes também podem ser auxiliares como o WMT (Wisconsin Mastitis Test) e o de condutividade elétrica. Conhecer as bactérias causadoras de mastite do rebanho por meio da cultura microbiológica também é crucial para entender com quem estamos lidando. Há vários tipos de microrganismos e se soubermos exatamente qual é a bactéria, a equipe pode tomar a melhor decisão com relação a qual tratamento adotar ou quais medidas preventivas devem ser priorizadas no momento. Essa ferramenta é útil tanto para casos clínicos como subclínicos. De maneira resumida, tratar as vacas às cegas resulta em uma menor chance de cura e as perdas econômicas serão maiores e em algumas vezes, até desastrosas. Então, o principal recado é: use e abuse do conhecimento disposto e dos recursos que hoje estão extremamente acessíveis.

Fonte: Assis Comunicações

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EM TEMPOS DIFÍC NO AGRO PA

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CEIS HÁ SEMPRE UM GUERREIRO ARA ABASTECER O BRASIL

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ENERGIAS RENOVÁVEIS

Está chegando o Hidrogênio Verde a partir do etanol brasileiro Pesquisas de engenheiros do Instituto de Engenharia de São Paulo e do Grupo Raízen entusiasmam o setor privado, que vê mais uma alternativa para o H2V. E mais: 1) Chuvas atrasam CE-155; 2) Lagosta terá indústria moderna de beneficiamento

Fonte: Diário do Nordeste

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Reunido desde 2003 no Instituto de Engenharia de São Paulo, um quarteto de mentes superdotadas está desenvolvendo pesquisas, já em estágio avançado, sobre a produção de células de Hidrogênio Verde extraídas do brasileiríssimo etanol de cana-de-açúcar. A ideia dos engenheiros Luiz Célio Bottura, Armando Carrari, Vernon kohl e Leonam Guimarães, que hoje preside a Eletronuclear, é gerar energia limpa. Esse quarteto deu-se o nome de “Etanóis”, um apelido claramente de origem corintiana. Simultânea e coincidentemente, o Grupo Raízen, do qual são sócias a multinacional holandesa Shell e a brasileira Cosan, anuncia que também desenvolve pesquisas sobre o H2V com base no etanol. O CEO da Raízen, Ricardo Mussa, não tem dúvida de que é do etanol que o Hidrogênio Verde ganhará escala para tornar-se o combustível do futuro.

Mussa fala com entusiasmo da cana de açúcar e faz comparações: “A soja produz três toneladas por hectare; o milho, oito, nove toneladas. A cana de açúcar produz 90 toneladas por hectare, com potencial de fazer 160 toneladas”, prevê ele. Falando ao canal da Exame.com no YouTube, Ricardo Mussa revela que a Raízen está utilizando “uma tecnologia de segunda geração, a E2G”, e esta é a razão pela qual impressionam esses números sobre produção e produtividade. E há uma vantagem ambiental de fazer inveja: hoje, o Brasil domina a melhor tecnologia do mundo para produzir cana de açúcar, sem acrescentar um só hectare ou um só novo pé de cana a mais para fazê-lo,

como diz Ricardo Mussa.

No site da Raízen está escrito: “Somos uma empresa integrada de energia, referência global em bioenergia. Joint venture entre a Shell e a Cosan, sendo a quarta empresa em maior faturamento no Brasil, somos a maior produtora de etanol a partir da cana-de-açúcar no mundo, além de produzirmos açúcar e bioenergia. “Distribuímos combustíveis e, também, os comercializamos em postos do Brasil e da Argentina, por meio dos parceiros de revenda Shell. Investimos em inovação para expandir a oferta de energia limpa. Assim, trabalhamos pela liderança na transição energética (passagem da energia fóssil para as renováveis) e para redefinir o futuro da energia.” Por sua vez, os quatro engenheiros paulistas do “Etanóis” -- segundo informa Luiz Célio Bottura em mensagem a esta coluna -- trabalham para viabilizar “a hidrodução do Brasil na rota do Hidrogênio tendo como fonte energética o milho grosso etanol, possível de ser abastecido em qualquer um dos 30 mil ou mais postos espalhados pelo território nacional -- nada de infraestrutura para levar o Etanol em todos os recantos”.

Bottura acrescenta: “Nós avançamos mais fundo, e nossos estudos viabilizaram a geração de energia localizada, mostrando-se, ainda, bem aplicável para substituir os geradores a diesel nas indústrias, comércios, condomínios e até nas residências. Um remédio para os apagões ou para energizar a rede distribuidora nacional. Com uma outra vantagem: trata-se de tecnologia exportável.” Mas há outra boa notícia. A Sociedade Brasileira para o Progresso

da Ciência publicou em seu site um artigo do professor Ennio Peres da Silva, coordenador do Laboratório de Hidrogênio da Unicamp, no qual está escrito o seguinte: “A obtenção do hidrogênio a partir do etanol pode ser realizada através de diversos processos, entre eles o de reforma-vapor, no qual este composto reage quimicamente com a água, produzindo uma mistura gasosa cujo componente principal é o hidrogênio. A eficiência desse processo situa-se na casa dos 80%. “Uma vez disponível, esse hidrogênio pode ser utilizado energeticamente em motores de combustão interna, turbinas a gás e células a combustível. Este último dispositivo é um reator eletroquímico que converte o hidrogênio e o oxigênio do ar em eletricidade, calor e água, com elevada eficiência de conversão (em torno de 50%). “A energia elétrica produzida nas células a combustível pode ser empregada para uso veicular, caracterizando-se como uma forma alternativa do uso do etanol em veículos de passeio. Pode ser empregada também em aplicações onde o etanol não vem sendo utilizado diretamente, como veículos pesados (ônibus e de carga) e geração distribuída de eletricidade (sistemas isolados e rurais, sistemas complementares à rede elétrica, de segurança etc). “Como se pode perceber, a eficiência global da combinação etanol, hidrogênio e veículos com células a combustível está por volta de 40%, quase o dobro daquela verificada nos veículos com motores de combustão interna a álcool (cerca de 25%), sendo que em todo seu ciclo de produção e utilização não há praticamente nenhuma emissão de poluentes.” Com a ajuda da ciência, o mundo trocará, mais rapidamente do que o estimado, o petróleo e seus derivados poluentes por energias limpas e renováveis. E o nosso etanol dará sua contribuição. REVISTA 100% CAIPIRA |29


LOGÍSTICA E TRANSPORTE

Exportação de Cachaça em 2021 cresce quase 40% em valor e 30% em volume, em comparativo ao ano anterior Entidade representativa do setor comemora o aumento nas exportações. O Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC) prevê atingir um patamar ainda maior por meio do Projeto Setorial de Promoção às Exportações de Cachaça, desenvolvido pelo Instituto em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos Fonte: IBRAC

As exportações de Cachaça cresceram consideravelmente em 2021 em valor e volume - de acordo com dados do Comex Stat, compilados pelo Instituto Brasileiro da Cachaça – IBRAC, entidade representativa do setor, e divulgados nesta sexta-feira (7). A variação percentual do último ano, no comparativo com 2020, apresentou crescimento de 38,39 % em valor e 29,52% em volume. (números muito mais expressivos ao comparativo de 2019-2020, período no qual o setor foi significativamente afetado pela pandemia). Considerando os números totais, referentes aos 67 países para os quais a Cachaça é vendida atualmente, felizmente, pelo menos no mercado externo, o setor caminha para a recuperação. Em 2020, a exportação em litros havia caído 23,9% em relação 30 | REVISTA 100% CAIPIRA

(Apex-Brasil). a 2019, totalizando 5,57 milhões de litros exportados da bebida. Já em 2021, foram vendidos 7,22 milhões de litros de Cachaça no total, um crescimento de 29,52%. O mesmo aconteceu com o faturamento: enquanto que em 2020 o setor faturou U$ 9,5 milhões (34,8% a menos que em 2019) com as vendas externas, no último ano esse faturamento chegou a mais de U$ 13,17 milhões, um crescimento de 38,39 %. Países de destino – Estados Unidos, Alemanha e Paraguai são os três países que mais importaram a Cachaça em 2021, em termos de valor. EUA importou um valor total de U$ 3,48 milhões, demonstrando um crescimento de 56% em relação a 2020. Já o valor de importação alemã teve um aumento de 41,37%, passando para U$ 1,88 milhão em 2021. O Paraguai

importou U$ 1,32 milhão em valor no último ano. Em volume, esses 3 países também lideram o ranking, sendo Paraguai o primeiro colocado, com 1,63 milhão de litros importados, assim como a Alemanha com os mesmos 1,63 milhão de litros (um volume 47,75% maior ao importado em 2020), e os EUA vem em terceiro lugar com 903 mil litros importados. Na 4ª e 5ª posição do ranking - tanto de valor quanto volume, estão Portugal e França, com valores respectivos de U$ 937mil (509 mil litros) e U$ 785 mil (509 mil litros) em importação. O crescimento percentual de Portugal chegou a 120% em termos de valor, e 100% em termos de volume, comparados ao ranking anterior. Principais estados exportadores Entre os principais Estados exportadores, em termos de valor, São Paulo


e Pernambuco lideram o ranking de 2021, com o total de U$6,09 milhões e U$ 1,84 milhão exportados, respectivamente. Na 3ª, 4ª e 5ª posição estão o Rio de Janeiro (U$ 1,30 milhões), Paraná (U$ 1,23 milhões) e Rio Grande do Sul (U$ 883 mil). Já em Volume, São Paulo (3,15 milhões de litros) e Pernambuco (1,95 milhão de litros) se destacam novamente, seguidos do Paraná (1,15 milhão de litros), Rio de Janeiro (378 mil litros) e Minas Gerais (248 mil litros). Para Carlos Lima, diretor executivo IBRAC, as exportações de 2021 quase chegaram aos mesmos índices de 2019, período pré-pandemia, o que reforça a expectativa de uma recuperação absoluta em 2022. “O setor foi significativamente afetado durante a pandemia, principalmente devido ao fechamento de bares e

restaurantes em todo o mundo e, ainda, medidas de proibição de comercialização e/ou consumo de bebidas alcoólicas em vários mercados. Acreditamos que a reabertura dos estabelecimentos, juntamente com a maior movimentação do comércio entre os países e a liberação de feiras e eventos presenciais, podem potencializar essa retomada”, diz Lima. “Para além do fechamento de estabelecimentos e proibições, o setor da Cachaça enfrentou outros desafios em 2020 e 2021, que podem perdurar em 2022, como a escassez de insumos, principalmente garrafas, além de um aumento expressivo no frete internacional e escassez de containers. E, apesar desses desafios, conseguimos observar números de crescimento muito animadores para o setor em 2022”, completa.

Como impulsionador das exportações da Cachaça no mercado externo em 2022, Lima frisa as ações previstas no Projeto Setorial de Promoção às Exportações de Cachaça Cachaça: Taste The New, Taste Brasil, realizado pelo IBRAC em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Além das ações de capacitação de produtores também realizadas em parceria com a Apex-Brasil. “O cronograma previsto de ações para 2020 e 2021 também foi afetado pela pandemia, mas todo o apoio governamental, alcançado por meio dessa parceria do IBRAC com a Apex-Brasil, será imprescindível para a recuperação do setor no mercado internacional.” finaliza o diretor executivo do Instituto. REVISTA 100% CAIPIRA |31


CONECTIVIDADE DIGITAL

FAESP: Com 5G, valor da produção rural pode crescer até mais de R$ 100 bilhões

Fonte: Ricardo Viveiros & Associados

O leilão para a implementação da quinta geração de telefonia móvel e de banda larga, o chamado 5G, realizado no início de novembro, foi muito comemorado por diversos setores da economia e a razão principal de tanta euforia é a expectativa em relação a tudo o que pode proporcionar a velocidade de rede de até 100 vezes superior a utilizada hoje em muitos lugares do País. Isso, na prática, representa muito mais do que a possibilidade de baixar vídeos mais rapidamente e sem ficar “travando” a tela, ou de melhorias na comunicação e conectividade entre pessoas e empresas, é a pavimentação 32 | REVISTA 100% CAIPIRA

Presidente da entidade, Fábio de Salles Meirelles, afirma que implementação da tecnologia vai gerar empregos e investimentos para a agropecuária paulista para impulsionar negócios, gerando emprego e renda para muitos segmentos, entre eles o do agronegócio. Toda essa transformação digital no campo, além de garantir uma produção mais sustentável, poderá elevar o potencial produtivo do agronegócio brasileiro, sinalizam estimativas de diversos órgãos e consultoria. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em projeção feita com base em estudo desenvolvido pela Esalq/USP, com a ampliação de apenas 25% na conexão do campo, já será possível um aumento de 6,3% no Valor Bruto da Produção (VBP) da

agropecuária brasileira. No entanto, se a implementação de tecnologias, sejam elas 2G, 3G, 4G e 5G, chegar a 90% das áreas, isso poderia impulsionar o VBP do agronegócio em R$ 101,47 bilhões. “O uso da tecnologia é essencial no campo hoje. E a agropecuária paulista certamente estará na vanguarda tecnológica do 5G. Isso vai gerar mais produtividade, competitividade, empregos e investimentos nos próximos anos”, afirma o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP), Fábio de Salles Meirelles. O avanço da velocidade no tráfe-


go de dados no campo, por exemplo, é representado pelas ferramentas que poderão ser adotadas por produtores, que favorecem o acompanhamento das lavouras, aumentam a previsão da colheita e permitem, até mesmo, operar máquinas remotamente. O trabalho poderá ser realizado, inclusive, sem intermediação humana, a partir da coleta de dados por uma rede de sensores conectados ao solo, a plantas e a animais, fornecendo um retrato real das condições da propriedade e, com isso, otimizando os resultados. Isso tudo será possível porque, além da nova tecnologia, as operadoras de telefonia se comprometeram a expandir a rede de internet, conectando mais cidades. E estes são, justamente, os maiores gargalos da conexão no campo: a forte limitação de acesso e uma infraestrutura limitada. Só para ter uma ideia da baixa conectividade nas áreas rurais, de acordo com dados do Atlas do Espaço Rural Brasileiro, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos 5,07 milhões de propriedades existentes hoje, 3,64 milhões de estabelecimentos rurais ainda operam sem internet, o que indica que mais de 70% das propriedades rurais trabalham no modo off-line. “O nosso grande desafio é aumentar a conectividade, sobretudo das propriedades de menor porte, já que os grandes produtores estão mais avançados. A FAESP está ao lado dos produtores para caminharmos cada vez mais na tecnologia no campo”, diz o presidente.

Da porteira para dentro Uma conectividade mais robusta para o campo potencializa o acesso à agricultura de precisão, resultando em maior produtividade e eficiência das lavouras e nas criações de animais, consolidando a agricultura 4.0. Com a tecnologia 5G será possível, por exemplo, identificar e monitorar pragas e deficiências nutricionais em tempo real, com a transferência de informação ocorrendo do campo direto para o escritório e, assim, tomar

as melhores decisões de maneira mais rápida. Uma das ferramentas para colher estes resultados é a utilização de drones para controle e prevenção, pois estes equipamentos podem ser usados, por exemplo, para mapear a terra, analisar o solo e as culturas e aplicar defensivos agrícolas. Na pecuária, será possível adotar a rastreabilidade de animais desde o nascimento até o abate, garantindo que não sejam produzidos em áreas embargadas ou desmatadas irregularmente. “A pecuária brasileira, principalmente a paulista, está adotando práticas cada vez mais sustentáveis. Com o 5G, a tendência é de melhoramos cada vez mais neste quesito”, ressalta Meirelles. Outros dispositivos que o 5G permitem implementar são sensores conectados ao solo, às plantas e aos animais; sistemas de irrigação e inteligentes de monitoramento de pragas e tecnologias vestíveis; além de proporcionar a conexão de máquinas por meio da internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) e da sincronização de dados entre a operação de colheita e o recebimento de grãos no armazém. As informações de estações meteorológicas também poderão ser acompanhadas com maior frequência. A questão da segurança é outro ponto que ganha reforço com a adoção do 5G. Afinal, fazendas podem ser particularmente vulneráveis a eventos como roubo e incêndio. Com a nova tecnologia, sistemas de detecção e equipamentos de vigilância alimentados por Inteligência Artificial podem identificar incidentes e desencadear ações corretivas. Além disso, permite a instalação de sistemas de segurança de várias camadas, incluindo sensores em portões, cercas e de detecção de movimento. Todos esses dispositivos podem ser interligados e serem acompanhados em tempo real, a partir de qualquer dispositivo conectado à internet, mesmo que fora da propriedade, para auxiliar decisões importantes quanto a lavouras e animais. “É fundamental que os produto-

res rurais tenham segurança, inclusive porque muitos moram com suas famílias nas propriedades. A tecnologia vai ajudar a tornar a atividade cada vez mais segura para quem trabalha e produz”, lembra o presidente.

Da porteira para fora A melhora na eficiência da gestão no campo com a adoção do 5G ultrapassa as cercas das propriedades, uma vez que o monitoramento de animais e lavouras permite a rastreabilidade de produtos e cargas, com sistemas de transportes com caminhões e indústrias integrando o ecossistema de dados e informações suportados pelas redes de quinta geração, agregando valor a todos os pontos da cadeia e melhorando a qualidade e o preço dos produtos. O treinamento de pessoas em ambiente digital e a manutenção de máquinas em nível de campo de forma remota e verificação de softwares são outros pontos que ganham espaço. A tecnologia 5G pode ser utilizada ainda na operação remota de tratores, colheitadeiras e outras máquinas autônomas. Desta maneira, é possível traçar rotas para evitar desperdício de recursos e aumentar o tempo produtivo. Além disso, o controle a distância possibilita que as máquinas operem sob quaisquer condições, dia e noite. “A tecnologia não veio para tirar o emprego de ninguém, muito pelo contrário. Estão surgindo novos empregos na área de tecnologia aplicada ao campo. Certamente, isto será ótimo para gerar postos de trabalho de qualidade”, destaca Meirelles. Um relatório elaborado pela Nokia e a consultoria Omdia estima que a tecnologia pode gerar US$ 76,8 bilhões para o setor até 2035. “A tecnologia vai agregar cada vez mais valor ao agronegócio, que já é o setor que mais cresce na economia brasileira. E a tendência, com o 5G, é de um crescimento ainda maior. Já temos um setor altamente competitivo e será um passo ainda maior para assumirmos de vez uma posição de liderança mundial”, finaliza o presidente. REVISTA 100% CAIPIRA |33


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ORGÂNICO

Aplicar adubo orgânico sólido não é igual ao convencional

Fonte: RuralPress

Profissional da Piccin esclarece quais são as principais diferenças entre as distribuições e detalha os principais pontos que o produtor deve ficar atento 36 | REVISTA 100% CAIPIRA


Com o crescimento acentuado da adoção dos insumos orgânicos, todos os setores do agronegócio precisam acompanhar esse “boom”. Em muitos casos são necessárias modificações de conduta, operação e até de maquinário. É o caso dos equipamentos que fazem a distribuição de adubos orgânicos sólidos. Para este tipo de fertilizante, alguns pontos são importantes quando o produtor faz essa escolha. “Devemos levar em conta que a composição química, a quantidade menor de nutrientes e sua disponibilização mais lenta faz com que a aplicação de adubos orgânicos seja sempre em altas dosagens”, conta Marco Gobesso, engenheiro agrônomo e head de marketing da Piccin Tecnologia Agrícola, empresa especialista em soluções para o preparo de solo. Outro ponto que merece destaque, diz respeito à composição física. As diferentes origens dos fertilizantes orgânicos e a existência ou não de preparações e misturas antes da aplicação traz uma grande variação nas condições de umidade, granulometria e densidade nas opções hoje utilizadas. Os dois pontos citados acima afetam diretamente o desempenho da distribuição quando não são observados. “A alta dosagem e a grande variação nas condições físicas do produto pedem atenção na escolha dos implementos que vão ser utilizados nesta operação”, destaca o profissional. Segundo Gobesso o produtor deve estar atento a uma lista de características importantes nestes implementos para distribuição. São elas: - Escoamento do material: o desenho das caixas pode provocar a formação de “túneis” por não permitir o escoamento de materiais com diferentes características físicas; - Distribuição em alto volume: os mecanismos de distribuição,

como os discos no caso de distribuição em área total, podem não trabalhar corretamente com grandes quantidades de produtos; - Esteiras: a capacidade de transportar o material pode ser afetada quando trabalhamos com materiais muito úmidos por exemplo. Teremos muito atrito e pouca movimentação; - Aplicação localizada: sistemas de distribuição localizada são importantes para aplicação em culturas perenes ou em sulcos.

Equipamento certo, menos desperdício Assim como na aplicação de outros insumos, os tempos atuais pedem maior controle nas dosagens e na eliminação de desperdícios no campo. Não observar as condições do seu distribuidor e sua adequação para aplicação de compostos orgânicos impede de atuar com estes controles. “Podemos aplicar menos do que o indicado e afetar a produtividade da cultura, aumentar desperdícios e também afetar o rendimento e vida útil dos nossos equipamentos”, explica o engenheiro agrônomo.

Empresa preparada A Piccin se preocupa em oferecer soluções que possam atender os produtores de todo o País com a versatilidade de trabalhar com todos os tipos de produtos, sejam eles sementes, corretivos e fertilizantes químicos ou orgânicos. Para isso desenvolveu todos os seus distribuidores com as Esteiras Precisas, componente criado e patenteado pela empresa para melhorar o desempenho e controle de qualquer tipo de produto, seja ele orgânico ou mineral. Esta exclusividade é um grande diferencial para produtores que querem utilizar orgânicos em com-

plementação ou até como substituição dos minerais. A empresa também atua com uma linha de dois produtos que merecem destaque na aplicação de orgânicos. Um deles é a linha “D”, tem desenho de caixa com ponto de quebra para facilitar escoamento e evitar formação de “túneis”, trabalha com duas opções de esteiras Precisa (400 e 800 mm) e tem ajuste na posição dos discos lançadores para compensar operações com altos volumes. Já as linhas DH EI e D EI incorporam também a hidráulica e o acionamento independente das esteiras, soluções que permitem aplicação localizada em culturas perenes pois possibilitam o desligamento e não aplicação nas falhas das ruas ou até aplicação em sulcos (com uso da bica central). “Também é importante lembrar que são máquinas que mantêm o alto desempenho na aplicação de corretivos e fertilizantes químicos”, relata Gobesso.

Novidades As mudanças com o aumento do uso de insumos orgânicos já começaram e devem aumentar no futuro. A dependência das soluções atuais vem sendo colocada em dúvida com os últimos acontecimentos relacionados à escassez e custo de matéria prima. O cenário é complexo e envolve uma necessidade crescente de aumentar a capacidade produtiva sem deixar de pensar em custos e sustentabilidade. “A pressão das políticas ambientais, a capacidade logística e a capacidade de geração de energia já são pontos que nos direcionam a buscar alternativas viáveis. Se participarmos desta cadeia não podemos deixar de pensar nos nossos clientes e desenvolver soluções para apoiar estas mudanças”, finaliza o profissional da Piccin. REVISTA 100% CAIPIRA |37


PREÇOS AGROPECUÁRIOS

Preço da carne continuará mais c A inflação do Brasil é a terceira maior do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo

A inflação do Brasil fechou 2021 em mais de 10,06%. Foi o maior valor que o país registrou desde 2015, quando tivemos um IPCA de 10,67%. A inflação do Brasil é a terceira maior do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo. Só está atrás da subida de preços na Turquia (36,1%, o maior valor em 20 anos por lá) e Argentina (51,2% registrados somente até novembro). Um dos produtos que mais subiram de preço no Brasil foi a carne. No ano passado, o consumidor chegou a pagar 40% pelo produto comparando com 2020. Isso fez com o que o consumo atingisse os níveis mais baixos desde 2005. A situação econômica está tão grave que houve diversos relatos de pessoas fazendo fila para comprar ossos. O aumento no preço da carne, no entanto, não é um problema unicamente brasileiro. Os EUA tiveram uma inflação de 21% do produto no ano 38 | REVISTA 100% CAIPIRA

passado. O presidente Joe Biden resolveu, então, elaborar um plano para tentar baratear o alimento a partir de um pacote de 1 bilhão de dólares que visa oferecer subsídios, empréstimos e treinamento para o pessoal que trabalha nesse setor. A equipe do governo democrata argumenta que o plano econômico visa estimular uma concorrência maior no mercado de processamento de carnes. Além disso, alguns especialistas apontam que há uma escassez de mão de obra e problemas na cadeia de abastecimento causados pela pandemia. Para Nelson Roberto Furquim, engenheiro de alimentos e professor do Mackenzie, não é certo que o plano Biden possa dar certo no curto prazo. “Há quem considere essa política muito simplista, que não vai dar resultado imediato. Porém, outra corrente enxerga como um ponto de virada mesmo, uma indicação que no médio prazo já possa trazer benefícios com

Fonte: Yahoo Finanças

os pequenos processadores ganhando participação no mercado”, analisa.

Política de Biden poderia ser copiada pelo Brasil? Com a alta dos preços e a queda do consumo de carnes nos últimos meses, a pergunta que fica é se o governo poderia fazer algo para aliviar a inflação do produto, até tendo como inspiração a política do presidente norte-americano. Não é tão fácil quanto parece. “Questões da cadeia produtiva precisam ser melhoradas. O custo da pecuário como um todo é elevada. É preciso ter ganho de produtividade e eficiência. Assim você diminui o custo e define o preço final. Também é preciso fortalecer a renda dos consumidores e direcionar parte da produção para o mercado local. Hoje, é muito mais atrativo exportar por causa da desvalorização da nossa moeda. Uma


alto e café e frango ficarão caros

reversão do câmbio pode ser positiva para o mercado”, explica Furquim. A carne aumentou de preço no Brasil por causa de fatores como o clima (seca acentuada no Centro-Sul, por exemplo) e custo mais caro da ração (soja e milho) do gado. Além disso, há um menor número de animais para o abate e a retomada do rebanho não acontece rapidamente. A reposição leva nove meses. “A carne mantida em armazenamento mais frio também encarece o produto. Açougues e supermercados podem comprar as peças em momentos que estão mais baratas e estocam os produtos. Em períodos de maior consumo, como nas festas de fim de ano, os preços sobem. O varejo aproveita essa situação”, explica o professor do Mackenzie.

Expectativas para 2022 A maioria dos relatórios sobre in-

flação aponta para uma subida menos agressiva dos preços para este ano. E isso inclui a carne. Entretanto, o crescimento da renda é fundamental para que o consumo do produto aumente sem pressionar a cadeia como um todo. “Para que o preço caia precisamos estimular a produção. E para isso precisamos que a economia se recupere. Os indicadores apontam que ela está patinando e não deve haver uma mudança significativa para 2022. Se não houver aumento de renda, nada vai mudar”, explica Nelson Furquim. E o ano de 2022 não deve pressionar apenas o preço da carne. O brasileiro deve sentir nos próximos meses que alguns itens ficaram “salgados” na hora das compras. “Se a gente olhar ao longo de 2021, tivemos uma série de problemas ambientais que geraram impactos nas colheitas. Os fretes estão caríssimos por causa do combustível

utilizado. Houve escassez de mão de obra por causa da pandemia e a crise energética elevou o preço dos fertilizantes, o que também impacta o preço dos alimentos. Eu aponto que o café vai ficar mais caro, com problemas na produção, oferta mundial comprometida e baixa produção local por causa das geadas. O frango, que virou uma alternativa às carnes bovina e suína, deve ter sua demanda aquecida e o custo de produção continuará subindo. E finalmente o trigo. Apesar de alguns sinais apontando que a produção vai crescer, o Brasil não é autossuficiente e precisa importar. Nossos maiores parceiros nessa área são Argentina e EUA. Ficamos reféns do preço internacional e da oscilação do dólar. E tudo isso acaba sendo repassado aos alimentos derivados, como pães, massas, farinha etc”, finaliza Nelson Roberto Furquim, engenheiro de alimentos e professor do Mackenzie. REVISTA 100% CAIPIRA | 39


AGRICULTURA PRECISÃO

Mais tecnologia no campo: Trimbl ConectarAGRO em par

A equipe capacitou funcionários da Fazen

Fonte: PG1

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e realiza primeiro treinamento da rceria com o Senar-MT

nda Itamarati e instrutores multiplicadores A Trimble Inc., referência mundial em agricultura de precisão, realizou em dezembro o primeiro treinamento do Comitê Institucional da ConectarAGRO, em parceria com a Fundação André e Lucia Maggi e do Senar-MT na Fazenda Itamarati, em Campo Novo do Parecis (MT), parte do Grupo Amaggi. Ao todo, 12 alunos participaram do treinamento de 20 horas em modelo híbrido (online e presencial). Eles aprenderam sobre novas tecnologias e ferramentas disponíveis pela Trimble. Interpretação de dados dos monitores e uso de ferramentas relacionadas à agricultura de precisão, como sistema de controle de aplicação de sólidos e piloto automático, foram alguns dos temas trabalhados. “Ficamos muito felizes pela realização desse treinamento pioneiro que só foi viável devido ao avanço da conectividade’’, explica Fátima Gonçalves, diretora de desenvolvimento de negócios da Trimble e membro do Comitê Institucional da ConectarAGRO. A primeira parte do treinamento, realizada online, foi teórica, sobre inovações do campo, com todo o conteúdo montado pela plataforma do Senar-MT. Já a aula prática, foi realizada pela própria equipe da Trimble, quando detalharam aos alunos os processos de funcionamento dos equipamentos, previamente vistos nas aulas teóricas. A diretora da Trimble observa que o treinamento foi o primeiro de muitos outros que devem ser realizados pela iniciativa ConectarAGRO. Encontros como esse, segundo ela, possibilitam capacitar os profissionais do campo de modo que consigam tirar melhor proveito das tecnologias. “Com capacitação e aplicação dessas soluções, consegui-

remos juntos levar mais produtividade e rentabilidade para o produtor rural. Hoje, as tecnologias podem auxiliar na tomada de decisões de forma cada vez mais rápida e precisa, possibilitando a correção de possíveis erros e problemas, muitas vezes, em tempo real”, observa Fátima. Ela salienta que o Projeto Educacional da ConectarAGRO busca aproveitar a conectividade que chega ao campo para incentivar o uso dela através da realização de treinamentos. “Queremos parcerias para elevar cada vez mais a capacitação para o segmento”, comenta a diretora da Trimble, reforçando que a realização desse curso mostra como formatos a distância são eficientes para treinar profissionais do campo. “A conectividade do setor beneficia a todos, tanto o proprietário da área que, com o uso das ferramentas tecnológicas pode elevar o seu nível de produtividade, quanto os trabalhadores que, com as aulas online, conseguem se adequar melhor ao horário para fazer os treinamentos e, ao mesmo tempo, tirar o máximo de aproveitamento das ferramentas que utilizam”. Fátima completa que essa é uma tendência à medida que o campo tem mais acesso à internet. De acordo com dados da ConectarAGRO, o Brasil possui 6,2 milhões de hectares conectados através da atuação da instituição, de uma ocupação da agricultura estimada em mais de 60 milhões de hectares. A ConectarAGRO visa contribuir para o aumento da conectividade do campo de modo que o agricultor possa usar, de forma completa, os recursos de agricultura de precisão, digital e automação, além de uma infinidade de

novos produtos e serviços que o avanço do sinal da internet proporciona. São fundadoras da associação as empresas: AGCO, Bayer, CNH Industrial, Jacto, Nokia, Solinftec, TIM e Trimble.

O treinamento Bruno Sartori Rodrigues, coordenador de treinamento em agricultura da Trimble, explica que nas aulas online os alunos receberam instruções sobre o uso dos monitores TMX-2050 - GFX-750 / XCN-2050 - XCN-1050, com sistema operacional Precision-IQ. A equipe aprendeu desde a configuração inicial da tela até as configurações mais avançadas. “As informações foram transmitidas por meio de vídeos tutoriais, com a gravação da tela de um equipamento real para que seja o mais próximo do que o operador vai encontrar no campo’’, explica Rodrigues. Nas aulas práticas, completa o coordenador, foram apresentados os sistemas e componentes que compõem os monitores: cabos, conectores, fusíveis, suportes de fixação e ajuste de ergonomia. Também foram apresentados componentes que compõem o sistema de controle de taxa: módulos de controle, cabos e sensores de rotação, princípio de funcionamento, fatores que afetam a distribuição da quantidade correta de defensivos, além de ações de correção caso haja, por exemplo, alguma perda de eficiência do equipamento derivado de uma má instalação. REVISTA 100% CAIPIRA | 41


CERTIFICAÇÃO

Azeites gaúchos passam a contar com selo exclusivo de qualidade e origem

Decisão atende um pedido do Ibraoliva e deve oferecer mais reconhecimento para os produtores e segurança aos consumidores | REVISTA 100% CAIPIRA


A partir de agora os azeites extravirgens gaúchos serão reconhecidos por um selo de Produto Premium, confirmando sua qualidade e origem. Para tal, as iguarias produzidas no RS deverão atender uma série de critérios norteadores definidos por um grupo de especialistas. O novo selo, que atende uma solicitação do Instituto Brasileiro de Olivicultira (Ibraoliva), é um reconhecimento do programa Produtos Premium, coordenado pela Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (SICT/RS) em conjunto com as secretarias da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR), do Meio Ambiente e Infraestrutura (SEMAI), do Desenvolvimento Econômico (SEDEC) e com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS). A resolução foi publicada no Diário Oficial da União na quinta-feira dia 13. A exemplo do que irá ocorrer com a carne bovina, a iniciativa visa a distinguir e valorizar a qualidade dos azeites de oliva extravirgem produzidos no Rio Grande do Sul, um setor recente em franca expansão que vem ganhando destaque no cenário nacional. Através do selo, o consumidor será informado visualmente que este produto atende aos requisitos estabelecidos no regulamento. O programa Produtos Premium atua nos diversos setores produtivos, evidenciando, incentivando e valorizando os produtos premium produzidos no Estado. O objetivo é estimular e sensibilizar empreendedores sobre a impor-

tância estratégica da agregação de valor aos produtos como uma alternativa de diferenciação em relação à competição por preço e qualidade, centrada, normalmente, na redução de custos e na produção em grande escala. Para obter o Reconhecimento Ibraoliva Produto Premium RS será necessário que os produtores atendam exigências, tais como: - todo o azeite extravirgem, obrigatoriamente, deverá ser de azeitonas produzidas e colhidas no Rio Grande do Sul, e processadas em lugares licenciados no estado, constando origem, safra e validade do produto - as propriedades também deverão atender a legislação vigente no que se refere às questões ambientais, de produção, sanitárias, fiscais, de identidade e qualidade de produto. - os azeites serão avaliados por um grupo de especialistas, formado por representantes das secretarias que compõem o Comitê Gestor, equipe do Programa Produtos Premium, e três representantes indicados pelo Ibraoliva.

Sobre o regulamento Para receber o selo “Ibraoliva Produto Premium RS”, destinado a azeites de oliva extravirgem produzidos no Rio Grande do Sul, o produtor, cuja marca precisa ser associada ao Ibraoliva, deve encaminhar a documentação solicitada no regulamento - incluindo os anexos I e II, o laudo de análise físico-química e

o resultado de painel sensorial do Ibraoliva - para o e-mail oliva-premium@ sict.rs.gov.br. Essa documentação será analisada pelo grupo avaliador, que informará sobre a sua decisão. O reconhecimento se aplica somente à safra vigente e deve ser solicitado novamente para novas safras. Para o presidente do Ibraoliva, Renato Fernandes, o reconhecimento concedido pelo Programa Premium a produtos que atendem os critérios do regulamento estabelecido traz benefícios para o produtor e segurança ao consumidor. “O Selo do Ibraoliva além de ser uma garantia de qualidade para o consumidor e produtor é também um selo contra a falsificação de azeites de oliva no Brasil, pois esses produtos serão submetidos ao grupo avaliador extremamente competente e profissional onde todos os critérios serão avaliados”, afirma. Com o lançamento do selo, serão adotados critérios mais rígidos de definição para o azeite de oliva extravirgem do que os propostos pelas normas vigentes. As regras foram definidas pelo Grupo de Trabalho e, assim, foi construído o regulamento para o uso da marca distintiva. O azeite de oliva é o segundo produto mais fraudado do Brasil, de acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Com base nesta realidade, o setor das oliveiras solicitou apoio para estipular critérios visando à proteção da origem e da qualidade dos azeites extravirgem gaúchos.

Fonte: AgroUrbano Comunicação

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PASTAGENS

Qual a melhor forrage produtividade em uma áre

Aumentar a área não é a única solução para ganhar mais produtividade animal; descubra o porquê a utilização de forrageiras é essencial! 44| REVISTA 100% CAIPIRA


eira para atingir mais ea menor na sua fazenda? Uma das premissas de muitos pecuaristas é a ideia de que para elevar a produtividade é preciso aumentar a área na fazenda ou adquirir mais animais. Sabe-se, em virtude de novas tecnologias, que é possível otimizar a rentabilidade com outras estratégias. O produtor consegue aumentar sua produtividade animal sem precisar necessariamente aumentar a área. Para isso, é precisar adotar algumas práticas, entre elas: aumentar a taxa de lotação e/ou fazer uso de uma forrageira mais produtiva, que aumente o ganho de peso diário dos seus animais. Mas qual a melhor forrageira para este cenário? Forrageiras geneticamente desenvolvidas são ótimas opções, respaldadas em comprovações técnicas, para os pecuaristas que buscam otimizar sua produção e aproveitar o máximo que sua área pode oferecer. A Barenbrug do Brasil contém em seu portfólio de produtos uma variedade que foi desenvolvida a partir do programa de pesquisa e desenvolvimento da Barenbrug. O Cayana é a resposta certa para a pergunta “Qual a melhor forrageira” feita por muitos produtores.

Saiba por que o Cayana é a resposta certa para a pergunta “Qual a melhor forrageira para a minha fazenda?” A Brachiaria foi desenvolvida geneticamente com exclusividade pela Barenbrug do Brasil para suprir a demanda dos sistemas de produção agro-

pecuários tecnificados que dependem da rentabilidade que uma forrageira pode gerar dentro da fazenda. O cultivar Cayana é a opção ideal para quem deseja alcançar um alto desempenho e otimizar a produção, pois possui atributos capazes de aumentar tanto a taxa de lotação na fazenda quanto o ganho médio de peso dos animais. E o aumento de produtividade do Cayana foi comprovado em estudos! Uma avaliação realizada durante dois anos, na qual comparou o Marandu ao Cayana, estabeleceu-se resultados muito superiores para o cultivar exclusivo da Barenbrug do Brasil no quesito desempenho animal. A análise constatou que o Cayana entregou 42,2% mais produtividade animal, ou seja, 8 @/ha a mais de produtividade animal ao longo de todo esse período. “Conseguir um aumento de produtividade na ordem de 8@/ha por ano significa aumentar 1,3 animais de recria por hectare na taxa de lotação de uma determinada área com ganhos de peso na ordem de 510 gramas/animal/ dia, ou seja, para cada 10 ha de área intensificada utilizando o cultivar Cayana, será possível colocar até 13 animais a mais em comparação com o Marandu. Apesar de todo potencial genético do cultivar, é necessário que o produtor se atente para as recomendações de manejo do pastejo e principalmente às exigências relacionadas à fertilidade do solo, realizando as correções e fertilizações necessárias para atender os requerimentos da planta”, pontua Joaquim de Paula, Desenvolvedor de Produtos da Barenbrug do Brasil.

Conheça os benefícios funcionais do

Cayana que o fazem ser umas das melhores forrageiras para o produtor atingir maior rentabilidade em sua propriedade Os atributos positivos que tornam o Cayana a melhor forrageira para aumentar a produção são seu alto acúmulo de forragem durante o ano, a excelente resposta a alta fertilidade, uma alta capacidade de perfilhamento e uma ótima relação folha/colmo, o que garante elevada qualidade de forragem e eficiente conversão animal. Além disso, outro grande diferencial é o sistema radicular. O cultivar tem raízes que se aprofundam bem no solo, sendo capazes de captar mais nutrientes, rebrotando mais e com isso gerando mais folhas. Com esse perfil, o Cayana é capaz de produzir mais. Logo, em uma mesma área, o pecuarista consegue aumentar a taxa de lotação (colocar um número maior de animais), respeitando sempre o equilíbrio entre a produção de forragem e o consumo animal. E, como é descrito no estudo (presente no folder do produto), por ser um cultivar que produz mais, mesmo nas épocas de seca, o ganho de peso diário é maior. Desta forma, o Cayana é a melhor forrageira para o produtor que está disposto a investir em um cultivar altamente tecnológico e de qualidade para aumentar a sua rentabilidade e seu ganho final sem precisar expandir sua área. Fonte: Barenbrug do Brasil REVISTA 100% CAIPIRA | 45


CAFÉ

Brasil exporta 40,4 milhões de sacas de café em 2021, com receita de US$ 6,2 bilhões Desempenho representa queda de 9,7% em volume, mas evolução de 10,3% em receita cambial na comparação com 2020 46 | REVISTA 100% CAIPIRA


O Brasil exportou 40,372 milhões de sacas de 60 kg de café em 2021, obtendo US$ 6,242 bilhões. O desempenho representa queda de 9,7% em volume, mas evolução de 10,3% em receita cambial frente aos números registrados nos 12 meses de 2020. Os dados fazem parte do relatório estatístico do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Essa performance implica o terceiro maior volume remetido ao exterior pelo país na história, mesmo em meio à transição para uma safra de ciclo baixo, e, em valores, o melhor nos últimos sete anos, refletindo os preços elevados no mercado e o câmbio favorável às exportações. “Diante do ingresso na temporada 2021/22, com uma menor colheita devido ao ciclo bienal e aos impactos do clima nos cafezais do Brasil, vivemos intensas volatilidades no mercado. As cotações evoluíram para perto de seus níveis históricos, com o preço médio das exportações, de US$ 154,63, sendo um dos maiores da série. Esses fatores, aliados a um dólar forte ante o real, favoreceram o maior ingresso de divisas no Brasil”, analisa Nicolas Rueda, presidente do Cecafé. Conforme ele, o desempenho do ano passado é significativo e resulta do profissionalismo dos exportadores brasileiros, que realizaram trabalho exemplar para lidar com expressiva elevação no custo dos fretes, rolagens de cargas, constantes cancelamentos de bookings e disputa por contêineres e espaço nas embarcações. “Vivemos um ano inteiro com impactos da Covid-19 e a capacidade dos nossos associados foi o que permitiu que o Brasil alcançasse o terceiro melhor desempenho em volume embarcado da história. Os exportadores nacionais foram resilientes e realizaram esforços titânicos, não se deixando vencer. Assim, após mais de duas décadas, e como alternativa, retomaram os embarques na modalidade ‘break bulk’, com tecnologia moderna, via ‘big bags’, que supriu, em parte, a falta de contêineres”, enaltece.

IMPACTO DOS GARGALOS LOGÍSTICOS Apesar do desempenho relevante alcançado pelos exportadores, o Cecafé aponta que os gargalos logísticos no comércio marítimo mundial impactaram o

resultado final das exportações brasileiras de café no ano passado. “Observamos uma melhora no fluxo dos embarques em dezembro, também motivada pelas remessas via ‘break bulk’. Ainda assim, projetamos que o Brasil deixou de exportar cerca de 3 milhões de sacas e de receber aproximadamente US$ 465 milhões em receita”, estima Rueda. Outro ponto que evidencia os impactos desses entraves é a redução no número de contêineres enviados ao exterior com café. No ano passado, foram embarcados 112.732 contentores, o que representa uma queda de 9,8% na comparação com os 125.034 remetidos ao longo de 2020.

correspondeu a 80,9% do total. O segmento do solúvel teve 4,032 milhões de sacas embarcadas, com representatividade de 10%. Na sequência, vêm a variedade canéfora (robusta + conilon), com 3,639 milhões de sacas (9%), e o café torrado e moído, com 45.766 sacas (0,1%).

PORTOS

O complexo marítimo de Santos (SP) se manteve como o principal exportador dos cafés do Brasil no ano passado, com o envio de 31,108 milhões de sacas entre janeiro e dezembro, o que equivale a 77,1% do total. Na sequência, vêm os portos do Rio Janeiro, que responderam por 16,3% dos PRINCIPAIS DESTINOS de embarques ao remeterem 6,582 milhões de sacas, e Vitória (ES), com o envio de 1,041 No acumulado de 2021, o Brasil expormilhão de sacas ao exterior e representatitou café para 122 países. Os Estados Unidos vidade de 2,6%. lideraram o ranking ao importarem 7,781 milhões de sacas, volume 4,4% inferior ao aferido entre janeiro e dezembro de 2020 e CAFÉS DIFERENCIADOS que representou 19,3% dos embarques toJá os cafés diferenciados, que possuem tais brasileiros no ano passado. qualidade superior ou algum tipo de certifiA Alemanha, com representatividade cado de práticas sustentáveis, responderam de 16,2%, adquiriu 6,539 milhões de sacas por 19% das exportações totais brasileiras (-14,4%) e ocupou o segundo lugar na lisdo produto de janeiro a dezembro de 2021, ta. Na sequência, vêm Itália, com a compra com o envio de 7,669 milhões de sacas ao de 2,944 milhões de sacas (-2,5%); Bélgica, exterior. Esse volume representa recuo de com 2,839 milhões (-24,6%); e Japão, com 2,7% na comparação com as 7,877 milhões a importação de 2,509 milhões de sacas de sacas embarcadas pelo país em 2020. (+4,2%). O preço médio desse produto foi de É válido destacar, ainda, a Colômbia, US$ 207,53 por saca, proporcionando uma terceiro maior produtor de café do mundo, receita de US$ 1,591 bilhão nos 12 meses, que foi o sétimo principal destino das exo que corresponde a 25,5% do total obtido portações brasileiras do produto. O país vicom os embarques. No comparativo anual, zinho adquiriu 1,158 milhão de sacas, apreo valor é 23,4% maior do que o aferido em sentando o maior crescimento em volume idêntico intervalo anterior. no intervalo, de 289.561 sacas, o que equivaleu a uma alta percentual de 33,4 pontos. Ainda em termos de volume, a China foi o segundo maior destaque nas compras do café brasileiro em 2021, atrás da ColômNos seis primeiros meses da temporada bia, incrementando suas importações em cafeeira 2021/22, o Brasil registra a melhor 132.003 sacas (+65%) na comparação com receita cambial dos últimos cinco anos. O 2020. Nos 12 meses do ano passado, os chipaís obteve US$ 3,438 bilhões com o envio neses adquiriram 333.648 sacas do produto de 19,429 milhões de sacas de julho a denacional. zembro passados, desempenho que representa alta de 12,8% ante mesmo intervalo anterior, apesar do recuo de 21,4% em volume. O café arábica foi o mais exportado no O relatório completo das exportações acumulado de 2021, com o despacho de de café no ano civil de 2021 está disponível 32,655 milhões de sacas ao exterior, o que no site do Cecafé. Fonte: Cecafé

ANO SAFRA

TIPOS DE CAFÉ

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RECEITAS CAIPIRAS

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Rabada


a caipira

INGREDIENTES

1 e 1/2kg de rabo de boi limpo 2 litros de água 1/2 xícara (chá) de vinagre branco 2 cebolas médias 6 dentes de alho picados 4 colheres (sopa) de óleo 4 tomates sem pele e sem sementes picados 10 folhas de manjericão picadas 2 folhas de louro 1/2 xícara (chá) de vinho branco seco 1 e 1/2 colher (sopa) de sal 1 xícara (chá) de cheiro-verde picado 1 xícara (chá) de água 2 colheres (chá) de pimenta-do-reino 2 pimentas vermelhas bem picadas

PREPARO Corte as juntas do rabo e lave bem em água corrente. Coloque em uma panela, acrescente a água, o vinagre e ferva por 20 minutos ou até estar cozido. Escorra e reserve. Em uma panela de pressão, em fogo médio, refogue a cebola e o alho no óleo até dourar levemente. Acrescente o tomate, o manjericão, o louro e frite, mexendo por 5 minutos. Adicione o rabo reservado, o vinho, o sal, o cheiro-verde e a água, mexendo. Tampe a panela e cozinhe por 45 minutos após pegar pressão da panela, abra e misture com as pimentas. Decore como desejar e sirva em seguida.

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