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A outra face da crise

A empreitada de pessoas que buscam fontes alternativas de sobrevivência em épocas difíceis

Fernanda Novaes, Karyna Prado e Luana Kaseker

Desvalorização da moeda. Redução da atividade no país. Aumento do desemprego. Desaceleração da indústria e do comércio. Diante desse quadro econômico, qual seria a atitude correta para atravessar o período de crise? Inovação. Segundo dados do IBGE, a taxa de desemprego subiu no segundo trimestre de 2015 atingindo 8,3%. O estado do Paraná alcançou a média de 6,2 %, ficando com a quarta menor taxa de desemprego do país. Na trajetória dos ajustes financeiros, existem pessoas que optaram por investir nos seus talentos que fogem às suas qualificações estampadas em diplomas acadêmicos. É o caso da curitibana Ana Teresa Inoue, formada em Comércio Exterior, pós-graduada em Finanças e mestre em Administração de Empresas. Dividindo-se entre suas ocupações, ela arrumou tempo para dedicar-se à produção de sabonetes artesanais. Essa atividade é realizada no período noturno e nos fins de semana, para conciliar os afazeres na firma de sua família e de seu marido. “Minha rotina se baseia em três etapas: no período da manhã, me dedico exclusivamente para o negócio da minha família. À tarde, ajudo meu esposo com a administração de sua loja, e depois tenho maior flexibilidade de horários para a compra de matéria-prima e produção dos sabonetes”, afirmou.

“O cidadão enxerga, no trabalho alternativo, uma saída para a crise. É uma fonte de lucro que pode fazer toda a diferença”, explica o economista Luciano Garcia. E ainda acrescenta que “uma postura de otimismo é fundamental para superar esse momento”. “Sempre pense nas oportunidades”, diz. Essa filosofia dialoga diretamente com as ideias de Ana Teresa sobre o melhor caminho para escolher um trabalho alternativo. “Não existe receita de bolo para obter uma renda extra. No meu caso, desenvolvi um produto de qualidade, me arrisquei, mas ao mesmo tempo analisei onde estava pisando.”

Uma aposta é certa: as incertezas perdem espaço com o controle do orçamento combinado ao planejamento de gastos. Monike dos Santos de Miranda é formada em Gestão de Produtos e trabalha em uma grande empresa de Curitiba, porém, mesmo com o emprego fixo, buscou aumentar sua renda como manicure. O tempo de dedicação e o dinheiro sempre à mão fizeram do “trabalho extra” um hobby.

“A vantagem é que você está fazendo uma coisa que gosta com comodidade. Atendo minhas clientes em horários reduzidos no meio de semana e, aos sábados e domingos, consigo ter mais tempo. No meio de semana procuro atender por no máximo duas horas e meia, pois preciso descansar também”, declarou.

Buscar opções diferentes e adquirir novos conhecimentos fazem parte dos empregos alternativos. A professora de ensino infantil Helen Voos começou a ocupar seu tempo livre com a produção de caixinhas de madeira personalizadas. Foi em

seu momento de lazer, vendo televisão, que ela se interessou pelo artesanato e começou a buscar formas de colocar o que aprendeu em prática. “Cada caixa que produzia ficava cada vez melhor. As técnicas foram mudando e fiquei mais pratica”, contou.

Mesmo com todos os benefícios que o trabalho alternativo oferece, como liberdade, renda extra, conhecimento e diversão, Helen também afirma que a atividade alternativa ainda não é fonte de lucro totalmente rentável. “Já pensei em deixar o trabalho fixo e ficar apenas com o artesanato, mas não tenho coragem de executar esse plano, pois ainda não é um ramo muito lucrativo”, disse.

O medo de não conseguir administrar bem atividades paralelas, acaba impedindo muitas pessoas de investir em novos negócios. Para o administrador Rodrigo Alvarenga, manter dois empregos não é uma tarefa fácil. Aqueles que conseguem conciliá-los optam por tarefas que trazem satisfação.

“Não é simples nem fácil administrar duas atividades, principalmente se tratando de tarefas que muitas vezes irão concorrer pelo mesmo tempo e dedicação. Normalmente atividades extras estão relacionadas a algum hobby. À medida que esse projeto evolui, ele irá consumir mais tempo, dedicação e esforço, portanto dificilmente o mesmo terá sucesso se não estiver alinhado com alguma causa. ”, finalizou.

Arriscar e saber conduzir duas ou mais atividades abrem novas possibilidades de aprendizado pessoal. Disposição e conhecimento de causa podem colaborar para o sucesso financeiro em um cenário desfavorecido.

“Sempre pense nas oportunidades.” Luciano Garcia, economista

Karyna Prado

Helen buscou no

artesanato uma

nova renda.

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