Comunicare 342

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Política

Bilhetagem eletrônica afeta a função de cobradores de ônibus.

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Cidade Mercado de roupas de brechó cresce entre consumidores em Curitiba.

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Cidade Semáforos sonoros são instalados em Curitiba para facilitar a mobilidade.

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Piso salarial é insuficiente

Mesmo com o reajuste do salário mínimo para R$ 1.320,00, adquirir a cesta básica representa 62% da remuneração. Os moradores de Curitiba que dependem excluisivamente desta fonte de renda, enfrentam dificuldades para quitar as outros gastos do mês como aluguel, higiene e saúde.

Economia | pag.06

De acordo com levantamento do DIEESE, para condições básicas de sobrevivência o salário deveria ser 5 vezes maior

Abrigos sem vagas

Acapacidade dos postos de acolhimento atingiu 99% em abril em Curitiba. Hoje, a FAS possui 410.243 pessoas inseridas para terem acesso a benefícios sociais, sendo necessários mais recursos para bancar o aumento de beneficiários. A população em situação de vulnerabilidade social na capital paranaense cresceu mais de 50% entre os anos de 2018 e 2021, chegando a 5.700 pessoas.

Celso Ramos está nas ruas desde o começo de 2021. Com a pandemia precisou fechar seu comércio no bairro Prado Velho e depois de alguns meses o sustento acabou. “É difícil, você não sabe se

Hip Hop é cultura

vai ter almoço no dia seguinte ou janta. Não tenho como saber qual vai ser minha próxima refeição.”

Para Fernando de Moraes, da ONG “Rango de Rua”, além das doações de mantimentos, deve haver uma interação de maneira agradável com as pessoas em situação de rua. “O Rango, além de fornecer alimento (o que é algo impactante né), também dá atenção, carinho e respeito a quem atendemos. Isso dá uma satisfação na vida da pessoa atendida, um sentimento de que ela existe e está sendo notada.”

Cidades | pag.04

O hip hop se trata de um movimento cultural, de origem periférica, por este motivo é marginalizado. Atualmente no estado do Paraná, foi aprovada uma moção de apoio para que reconheça a cultura como patrimô-

nio imaterial do estado. Durante a votação, ocorreram vários debates no senado sobre o tema.

Cultura | pag.10

Curitiba, 23 de Junho de 2023 - Ano 23 - Número 342 - Curso de Jornalismo da PUCPR O jornalismo da PUCPR no papel da notícia Tayná Machado Moradores de rua buscam alternativas para amenizar o frio em Curitiba.

Por uma imprensa livre

N os últimos anos, jornalistas e a liberdade de imprensa sofreram diversos ataques no Brasil. Isto é bastante sintomático e reflete nas recentes tentativas de golpe contra a democracia brasileira. Segundo o Relatório da Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil de 2022, da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), o Paraná, pelo quarto ano consecutivo, foi o estado do Sul do país com o maior número de ocorrências. Foram 19 casos, que correspondem a 6,59% do total em 2022.

Em Curitiba, vários casos no ano passado comprovam estes dados. A repórter da Rádio CBN, Simone Giacometti e a equipe da RICTV formada pelo repórter Raphael Augustus e o cinegrafista Christopher Spuldaro, foram atacados pelo advogado Gelson Arend en-

quanto cobriam um protesto no centro da capital. Célio Martins, segundo vice-presidente da FENAJ e presidente do Sindicato dos Jornalistas do Paraná, foi agredido verbalmente e exposto pelo empresário Luciano Hang. O jornalista Reinaldo Bessa foi condenado pelo 13º Juizado Especial Cível e Criminal do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba a pagar indenização de R$ 12 mil ao empresário Lorenzo Laurindo de Souza Netto por simplesmente noticiar a operação da Polícia Militar em que Souza Netto foi detido e algemado.

de todos os cidadãos. O Artigo 220 da Constituição Federal também define que “nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social”. O mesmo artigo ainda proíbe toda e qualquer forma de censura. Os princípios de liberdade de imprensa e liberdade de expressão também são assegurados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Em abril, a Assembleia Legislativa do Paraná aprovou um projeto de lei que cria a Semana de Conscientização sobre a Importância da Liberdade de Imprensa para a Democracia, que será comemorada na primeira semana de abril. Mas, essa medida, isolada, não é efetiva para o combate aos ataques à liberdade de imprensa.

Voz da Comunidade Comunitiras

C uritiba contém o título de cidade mais limpa da América Latina. O Comunicare entrevistou o gari Cláudio Donizete Vaz para saber se essa comunidade se sente valorizada pelo serviço prestado.

O que você acredita ser a importância do seu trabalho? Sente-se valorizado pela comunidade?

Eu me sinto muito bem no meu trabalho. Estamos sempre dando o nosso melhor. Mas, independentemente disso, acho que a nossa importância cabe à população reconhecer. E na minha visão, uma grande parcela de pessoas que passam pela gente e são muito gentis. Agradecem e elogiam. Mas também tem uma boa parte que sinto que não valoriza.

Para você, a população curitibana, no geral, faz o seu papel na limpeza da cidade? Ou o título de cidade mais limpa se deve em maior parte aos garis?

Penso naquele ditado: “cada um faz a sua parte”. Pessoalmente, como trabalho limpando as ruas, acredito que apenas uma par-

Expediente

REITOR

Ir. Rogério Renato Mateucci

DECANA DA ESCOLA DE BELAS ARTES

Ângela Leitão

COORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMO

Suyanne Tolentino De Souza

COORDENADORA EDITORIAL

Suyanne Tolentino De Souza

A legislação brasileira assegura aos jornalistas e profissionais da imprensa o livre exercício para apuração e publicação de notícias. Conforme o artigo 5º, inciso IX, da Constituição Federal, a liberdade de imprensa é um direito fundamental cela das pessoas esteja fazendo sua parte, senão nosso emprego não seria necessário. Além de poder ver de perto o estado em que algumas partes da cidade se encontram, e saber que muita gente não apenas não faz sua parte, como também piora para o nosso lado.

Na sua opinião, quais as maiores dificuldades do seu trabalho? Acredito que todos tenhamos dificuldades nos nossos trabalhos. Faz parte da vida. Às vezes acontece de nos tratarem sem muito respeito. Nos provocam e mexem com a gente, o que pode ser difícil de lidar. Mas, no geral, sempre tento apenas abaixar a cabeça e deixar passar.

Quais melhorias poderiam ser aplicadas nas suas condições de trabalho?

A única coisa que pedimos constantemente, sem sermos atendidos, são capas de chuva de qualidade. Nada é pior que trabalhar diretamente embaixo da chuva. As que temos atualmente nos deixam completamente molhados.

COORDENADOR DE REDAÇÃO /JORNALISTA RESPONSÁVEL

Rodolfo Stancki (DRT-8007-PR)

Na introdução da célebre fábula ‘A Revolução dos Bichos’, que só foi divulgada 30 anos após a publicação original da obra do escritor e jornalista George Orwell, o autor afirma que “qualquer um que desafie a ortodoxia predominante se encontrará silenciado com surpreendente eficácia”. E acrescenta que “uma opinião genuinamente fora de moda quase nunca recebe uma audiência justa, seja na imprensa popular ou nos periódicos intelectuais”. A manutenção do Estado Democrático é consequência da defesa de uma imprensa livre e comprometida com a publicação de informações de qualidade para todos os cidadãos.

Edição 342 - 2023 | O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com | http://www.portalcomunicare.com.br

Pontifícia Universidade Católica do Paraná | R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR

Estudantes

3º Período de Jornalism

André Blatt

Arthur Zablonsky

COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO

Rafael Andrade

TRADUÇÃO

Arthur Correia Zablonsky

FOTO DA CAPA

Letícia Seixas

Beatriz Mangili

Bernardo Rodrigues

Emilay de Oliveira

Felipe Cubas

Gabriele Tiepolo

Isadora Abreu

Isadora Lara Guerra

João Alexandre de Brzezinski

Krissians Torres

Laís Caimi

Lara Wilsek

Letícia Seixas

Luiza Braz

Manoela Gouvea

Maria G. Facchini

Maria Julia Neves

Maria Luiza Baiense

Mariana Machado

Nathália de Borba

Ryan Minela

Tayná Machado

Tobias Dietterle

2 Curitiba, 23 de Junho de 2023
Editorial
Rabisquinhos

Exigência do cartão de ônibus em Curitiba prejudica cobradores

Projeto de Lei do prefeito Rafael Greca que põe fim à função de cobrador de ônibus em Curitiba deve ser concretizado até final de maio deste ano

U m Projeto de Lei do prefeito Rafael Greca propõe que todas as linhas devem aceitar apenas cartão até o final de maio deste ano. A medida vai dar fim à função de cobrador de ônibus na cidade. Atualmente, apenas três das 242 linhas de ônibus de Curitiba aceitam pagamento da tarifa em dinheiro.

O projeto tem objetivo de aumentar a bilhetagem eletrônica nos ônibus da cidade e deixar o pagamento mais prático e seguro, sem a necessidade do cobrador de ônibus. A implantação está praticamente concluída - 239 das 242 linhas de ônibus da cidade exigem pagamento exclusivo com cartão. Esse número era de apenas 29 em 2020, um ano após o projeto ser aprovado pela Câmara Municipal de Curitiba. No período em que o Projeto de Lei foi aprovado, a capital paranaense tinha aproximadamente 3,5 mil cobradores no transporte público. Pelo menos mil foram realocados em outras funções ou aposentados até o ano passado, segundo o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc).

tecnologia derruba empregos, mas também gera outros

os funcionários dispensados pela URBS podem ser realocados para a ocupação de motoristas. Mas muitas vezes, o serviço não é efetivado.

A zeladora Marli Machado conta que trabalhou como cobradora por mais de 10 anos antes de ser despedida e não pôde participar do curso de motorista pois não tinha a primeira habilitação.

As duas ex-cobradoras trabalhavam dentro dos ônibus. Em decorrência do Projeto de Lei, que tinha por objetivo implantar a bilhetagem eletrônica no próprio transporte público e não nas estações-tubo, mais de 200 funcionários com a mesma atribuição também foram demitidos no último ano, de acordo com o Sindimoc.

São elas: saldo de salário, aviso prévio, 13º salário proporcional ao tempo trabalhado, férias vencidas ou proporcionais, FGTS, seguro desemprego e multa de 40% do depósito do FGTS. “E, se o sindicato acompanhar isso, a gente pode ter outros direitos que não estão envolvidos no CLT, como é o caso de treinamento de readaptação. Isso pode ajudar bastante no mercado de trabalho desse trabalhador”, explica.

Durante o processo de migração das linhas, os cobradores de ônibus se viram em situação de incerteza. Muitos deles foram demitidos por não serem mais “úteis” para as cobranças dos bilhetes dos passageiros.

A prefeitura oferece cursos de motorista para cobradores despedidos, por meio do Serviço Social do Transporte. Esses treinamentos trazem orientações voltadas à direção defensiva, reciclagem e orientações sobre sinais de trânsito, legislação e segurança no volante. Com isso,

“Fiquei mais de sete meses desempregada com uma filha pequena para cuidar. A prefeitura nada fez. Nem sequer uma ligação”, desabafa.

Elizangela Cruz passou por uma situação semelhante. A técnica de enfermagem relata que trabalhou como cobradora por mais de oito anos antes de a linha em que trabalhava não aceitar mais dinheiro. “Não tive apoio algum da prefeitura, nenhuma compensação. Somente a demissão mesmo.”

A especialista em Direito do Trabalho e professora da PUCPR Leila Andressa Dissenha esclarece que não há nenhuma ilegalidade no texto do PL. Porém, para que todas as obrigações sejam cumpridas, é crucial que o sindicato acompanhe de perto todo o processo e participe das negociações.

Segundo a professora, uma despedida em massa regida pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) deve cumprir as mesmas obrigações trabalhistas que uma demissão individual.

Considerando o tempo de implantação das novas regras referentes ao cartão nos ônibus, vale destacar que estes representam 78% dos pagamentos da tarifa em Curitiba, segundo a URBS. Há 8 anos, este número era de 55%.

Ainda, de acordo com a percepção de Leila, a ideia também traz alguns pontos positivos a serem considerados. “A tecnologia, da mesma forma que derruba um emprego, também gera outros. Os próprios cobradores que estão passando por uma readequação podem ocupar vagas de empregos de manutenção das catracas.” Para ela, o trabalho de administração do sistema pode ser uma alternativa para os ex-cobradores.

A reportagem tentou contato com o Sindimoc, mas até o fechamento da edição, não respondeu como a organização agiu para proteger o interesse dos cobradores demitidos.

Leia mais

Saiba como adquirir o seu cartão transporte.

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3 Curitiba, 23 de Junho de 2023 Política
“A
A maoiria dos passageiros em Curitiba já utilizam o cartão de ônibus para o pagamento das tarifas. O tubo da Avenida João Gualberto é um dos últimos que ainda opera com cobrador. Bernardo William Bernardo William,Isadora Lara Guerra,Krissians Torres e Luiza Braz 3º Período

Cidades

FAS abre 80 vagas após atingir a capacidade em abrigos de Curitiba

Número de pessoas em situação de rua cresce em 50% e FAS cria medidas após completar 99% da capacidade

Mesmo com 128 unidades espalhadas por Curitiba, a capacidade dos postos de acolhimento atingiu 99% em abril. Dos 1.400 abrigos disponíveis, 1.390 já foram ocupados. A FAS pretende abrir mais 80 vagas emergenciais no mês de maio. Por meio do cadastro único, a fundação possui 410.243 pessoas inseridas para terem acesso a benefícios sociais. Com isso são necessários mais recursos para bancar o aumento de pessoas. Porém, a prefeitura reduziu a verba para 32%, dificultando o acesso das pessoas aos recursos básicos.

A população em situação de vulnerabilidade social na capital paranaense cresceu mais de 50% entre os anos de 2018 e 2021, chegando a 5 mil e 700 pessoas, segundo dados do Cadastro Único do Ministério do Desen-

da empresa Volvo.

sobre os serviços de ajuda social de Curitiba. Celso Ramos, 54 anos, está nessa condição desde o começo de 2021 e diz que as ONGs sempre estão cheias e

lhados por Curitiba. Esses lugares geralmente vendem pratos por R$ 3. “Eu queria poder encontrar um trabalho, mas quem vai empregar uma pessoa de rua? Não tenho dinheiro para tomar banho e comprar roupas novas”.

e cortes de cabelo para quem precisar. Todas possuem sites e redes sociais para os voluntários entrarem em contato.

volvimento Social. O número atualizado de moradores em situação de rua ultrapassa 3 mil pessoas, de acordo com pesquisas da prefeitura. O cenário foi agravado pela pandemia de Covid-19. A falta de incentivos municipais pode ser apontada como agravante do aumento dessa população.

Experiências

Na rua há três meses, Sidnei Amaral recebe ajuda de algumas organizações. No entanto, por razões particulares prefere não aceitar. Outro que rejeita o auxílio é Vanderlei Pellegrini, de 50 anos, que está nessa condição há uma década. Ele diz que não quer entrar em nenhuma ONG, pois acha que consegue sobreviver de maneira independente.

Alguns moradores em situação de rua têm opiniões diferentes

nunca têm ajuda para todos. Ele conta que, com a pandemia, precisou fechar um mercado pequeno que tinha no bairro Prado Velho. Depois de alguns meses, o sustento acabou e não viu outras opções além da rua.

“É difícil, você não sabe se vai ter almoço no dia seguinte ou janta. Não tenho como saber qual vai ser minha próxima refeição.”

Outra moradora em situação de rua ouvida pela reportagem é dona Célia, que não quis revelar o sobrenome. Ela diz que depois da pandemia, os restaurantes populares e casas de apoio ficaram fechadas por um tempo e inúmeras pessoas perderam a ajuda. “Ninguém ajuda. As pessoas fingem que nós não existimos”. Célia ainda conta que, com o pouco dinheiro que consegue juntar, pega marmitas nos restaurantes populares espa-

A principal forma de ajuda para pessoas em situação de rua é a Fundação de Ação Social (FAS), que auxilia na proteção social de famílias e indivíduos em vulnerabilidade social. Além desses grupos sociais, a fundação também presta atendimento para pessoas portadoras de deficiências e para o público LGBTQIA + que sofreram violência ou que possam estar em risco.

Outro foco da fundação é ajudar na integração de indivíduos no mercado de trabalho. Com quase três décadas de funcionamento, a entidade está prestes a atingir a marca de 1 milhão de pessoas prontas para ingressar no mercado de trabalho ou gerar sua própria renda.

ONGs

Na capital, existem várias ONGs voltadas à comunidade sem teto. Organizações como a Sopão Curitiba, Rango de Rua, Amigas dos Sonhos e Aquecendo Corações movimentam doações de alimentos, roupas e cobertores. Algumas delas também realizam projetos educativos e mutirões de banho

Fernando de Moraes é organizador da Rango de Rua, uma ONG que fornece alimentos, cobertores e roupas para pessoas em situação de rua. Quando questionado sobre sua opinião em relação a projetos municipais voltados a esses cidadãos, afirma não ver eficácia nos movimentos. “Até tem alguma coisa que no papel é lindo, mas não vejo eficiência, respeito, agilidade em nada que vem do município. Rola muito descaso na verdade”, avalia. Ele ainda comenta que houve um aumento significativo de pessoas em necessidade de auxílio em Curitiba após a pandemia do Covid-19 e que foram necessários maiores esforços para suprir essa demanda.

Moraes observa que a quantia de busca a assistência cresce substancialmente em épocas de feriados e datas comemorativas. Isso ocorre por conta do alto fluxo de viagens e período de folga de comércios, o que leva as pessoas necessitadas a buscarem ajuda. Também declara que além das doações de mantimentos, também se esforçam para interagir de maneira agradável com as pessoas em situação de rua. “O Rango, além de fornecer alimento (o que é algo impactante né), também dá atenção, carinho e respeito a quem atendemos. Isso dá uma satisfação na vida da pessoa atendida, um sentimento de que ela existe e está sendo notada.”

Veja mais

Onde encontrar a FAS e como ajudar pessoas em situação de rua

4 Curitiba, 23 de Junho de 2023
Abrigo improvisado feitos por morador de rua para se proteger do frio.
“Ninguém ajuda, as pessoas fingem que nós não existimos”
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Irani Nunes, 53 anos, ex-funcionário Tayná Machado Tayná Machado Gabrielle Tiepolo, Mariana Machado, Maria Luiza Baiense e Tayná Machado 3º Período

Mercado de brechós em alta; Curitiba é referência entre garimpeiros

Agência de pesquisa aponta que o consumo de roupas em brechós já é uma tendência em busca de economia e sustentabilidade e o mercado de Curitiba se mostra preparado

OParaná está em quinto lugar no ranking de estados brasileiros com mais brechós, de acordo com levantamento do SEBRAE. Hoje, no Brasil, existem cerca de 11 mil negócios ativos. Estima-se que esse mercado tenha crescido no 48,85% entre 2020 e 2021 no país. Consumidores de moda second-hand enxergam nos brechós um alinhamento com valores mais éticos e sustentáveis, além de permitirem compras mais econômicas.

O Paraná está em quinto lugar no ranking de estados brasileiros com mais brechós, segundo dados do SEBRAE. O estudo “A (re)descoberta da moda seminova no Brasil” do grupo BCG estima que o mercado de itens de moda usados pode crescer de 15% a 20% até 2030.

A Associação Brasileira de Indústria Têxtil (ABIT) avalia que a indústria da moda gera cerca de 174 mil toneladas de resíduos têxteis por ano e aproximadamente 50 bilhões de dólares são desperdiçados em peças que nunca serão usadas ou recicladas. Os medidores de impactos causados por essa indústria têm gerado preocupação entre consumidores. Gigantes das pesquisas de mercado como a WGSN e o Euromonitor definem como ‘Eco-econômicos’ e Sustentáveis os consumidores dos próximos anos.

A professora Neide Schulte é pesquisadora do departamento de moda da Universidade do estado de Santa Catarina (UDESC) e consumidora do Second-hand explica

“É uma forma de aumentar o tempo de vida de uma peça, utilizando de processos que demandam menos energia para que a peça continue circulando e até se adaptando a diferentes formatos e funções”. Neide também expressa preocupação com o descarte de roupas no Brasil: “Estamos longe de um ideal de encaminhamento de matérias para reciclagem. Faltam políticas de incentivo”

Com todo o desgaste ambiental, a indústria da moda precisa encontrar uma maneira de se manter relevante em meio às novas demandas dos consumidores. Segundo a Associação Brasileira dos comercializadores de energia (Abraceel), 72% dos brasileiros abriram mão de outras compras só para poder arcar com os gastos energéticos. O impacto excede as barreiras ambientais e chega também em pautas sociais de condições de trabalho. Arrasados por uma crise financeira e cansados do da degradação socioambiental causado pela indústria da moda, a nova geração de consumidores tem procurado alternativas mais sustentáveis e baratas, como o mercado de segunda mão.

O Dig for Fashion é um dos brechós mais procurados de Curitiba nos últimos tempos. Claudine faz parte da equipe de marketing e concorda que a procura do público está de fato maior. “Nossa, total! Arrisco dizer que a pandemia foi um dos gatilhos principais para a grande onda dos brechós nos últimos

anos. Foi a pandemia que reforçou nosso compromisso com um sentido de preservação, tanto em aspectos sócio-ambientais quanto culturais, nos deixou levando algumas questões mais a sério”. Ela reforça a crença de que brechós podem ser ambientes grandes, com peças variadas, preços acessíveis e um atendimento cool, para popularizar a moda sustentável cada vez mais pela cidade.

Geração Z

Outro fator que tem contribuído para acelerar esse mercado são as redes sociais. Popularizados pela nova geração de usuários, termos como Thrifting e “garimpar” foram incorporados ao vocabulário de consumidores de brechó. O modelo cresce nos negócios e nas redes sociais. A hashtag #Brechós já conta com 6,7 milhões de publicações.

A professora Neide observa que as compras em brechós são mais populares entre a geração Z e que a influência das redes sociais desempenha um grande papel nesse comportamento: “Percebo uma geração que procura mais viver experiências do que bens materiais. Muitas vezes a compra de segunda mão te dá uma experiência de usar algo dos anos 70, 80 e imaginar como as pessoas da época viviam, quem ou quais eram as pessoas que passaram por essa roupa até ela chegar ali”.

Ana Laura tem 19 anos e conta que se sentiu mais motivada a procurar brechós quando viu algumas influenciadoras digitais frequentando esses espaços no ano passado. “Sistematizei na minha cabeça uma regra quando quero comprar roupas novas. Primeiro dou uma olhada nos brechós. Assim, acabo pagando bem menos e fico até com menos peso na consciência”.

Isadora G. de Abreu

Guia de brechós

Confira aqui um guia de brechos espalhados pelos bairros de Curitiba

Colete & Corselet

Para quem busca uma curadoria “Vintage” autêntica. Os preços são um pouco mais altos, mas as peças são verdadeiras raridades. Também conta com uma sessão de upcycling

R. Brg. Franco, 1193 - Mercês, Curitiba - PR, 80430-210

Dig for Fashion

É o lugar para quem busca tendências e boas marcas com preços reduzidos e um acervo gigante.

R. Comendador Araújo, 617 - Batel, Curitiba - PR, 82590-300

Lavô tá novo

Como sugere o nome, as peças são extremamente bem cuidadas e o espaço possui um acervo bem completo, rico em variedades e tamanhos.

Alameda Augusto Stellfeld, 1527 - Bigorrilho, CuritibaPR, 80730-150

Libélula Brechó

Com várias unidades por Curitiba, o Libélula traz marcas variadas e um acervo bem completo.

Av. João Gualberto, 1600Juvevê, Curitiba - PR,

Leia mais

Confira o guia completo

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5 Curitiba, 23 de Junho de 2023 Cidades
“Os brechós são um estágio essencial na moda circular”
Brechós são espaços
de moda e economia circular.
Isadora Gomes de Abreu 3º Período

Novo salário mínimo não sustenta família de quatro pessoas em Curitiba

Segundo reajuste no piso salarial foi confirmado em março, mas não é compatível com os gastos na capital para uma família de quatro pessoas

Após o reajuste anual do salário mínimo em dezembro de 2022, com medida assinada pelo Governo Federal, foi confirmado um novo aumento no piso salarial para trabalhadores e aposentados brasileiros para R$1.320. A medida passou a valer a partir de 1º de maio de 2023. No entanto, moradores da capital paranaense que dependem somente dessa forma de sustento não conseguem compensar o custo de vida médio na cidade.

Curitibanos que recebem um salário mínimo para o sustento mensal apresentam dificuldades em organizar gastos em áreas como supermercados, moradia, saúde e educação. De acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada pelo Departamento Intersindical Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o valor de uma cesta básica na capital do estado correspondia, em 2022, à cerca de 62% do salário mínimo em vigência na época. O valor de mercado dos produtos de necessidade básica para sobrevivência do cidadão curitibano era de, aproximadamente, R$698.

Uma cesta básica comum, com itens necessários de alimentação não perecíveis, é suficiente para alimentar uma família de quatro pessoas por apenas 10 dias. Ou seja, para uma família média brasileira seriam necessárias três cestas básicas por mês. O valor do salário mínimo vigente não cobre tais gastos, considerando o custo médio de uma cesta básica em Curitiba.

Os custos de moradia são outro problema. A média de custo do aluguel em Curitiba em 2022

era R$1.543,00, isto segundo o Índice de Locação Sob Oferta (LSO), divulgado pelo Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado

e 2015 eram feitos considerando o valor do Índice de preços do consumidor (INPC), usado para monitorar a inflação e o crescimento real do Produto Interno

Imobiliário e Condominial (Inpespar). Somado aos gastos com alimentação, higiene e saúde, o salário mínimo se mostra insuficiente para o custo de vida confortável na cidade.

Para o doutor em Economia Carlos Magno, quem vive de salário mínimo não tem condições de arcar com aluguéis nas áreas mais centrais da cidade.

“Isso significa que boa parcela da população trabalhadora da cidade será empurrada para as periferias. […] Assim, teremos: aluguéis elevados e taxa de desocupação elevada nas áreas centrais, elevada densidade demográfica nas periferias.”

O salário mínimo brasileiro, que no ano passado era equivalente a R$ 1.212, passa por reajustes anuais que buscam garantir aos trabalhadores um salário compatível com o custo de vida no país. Os cálculos entre 2006

Bruto (PIB) do Brasil. No entanto, com o PIB negativo e crise financeira no país, o Governo Dilma (PT) suspendeu em 2015 esse formato de cálculo.

Atualmente, os reajustes são baseados no valor da inflação anual, que em 2022, foi equivalente a 5,93%. Assim, o aumento proposto no fim do Governo Bolsonaro de 7,43% (que elevou o piso salarial para R$ 1.302) manteve o valor do salário mínimo dentro dos padrões da inflação nacional. Com o segundo aumento já concretizado pelo Governo Lula, essa compensação se torna ainda maior.

Para Raphael Cordeiro, especialista em finanças, a margem de excesso do aumento do salário mínimo, em relação ao valor da inflação, tem como objetivo correr atrás do prejuízo dos tempos de crise. “O aumento está sendo acima do aumento do custo de

vida, compensando um pouco o fato de que o aumento tenha sido baixo nos anos anteriores”. No entanto, de acordo com projeções divulgadas pelo DIEESE, o salário mínimo em 2023 deveria ser quase cinco vezes maior que o valor divulgado. O estudo aponta um piso salarial equivalente a R$ 6.571,52, tendo os valores das cestas básicas ao redor do país como parâmetro de sobrevivência da população em vez do valor da inflação. Para Benedita Santos Spigolon, de 75 anos, cuja única fonte de renda atualmente é o salário mínimo do INSS respectivo a sua aposentadoria, o dinheiro é minuciosamente contado para cobrir os gastos de aluguel, mercado e contas mensais, mesmo com a ajuda dos filhos. “É difícil. Não é suficiente, a gente vai quebrando um galho”, conta.

Benedita recebe ajuda financeira do filho, que também recebe o piso salarial, e da filha, que contribui mensalmente com o valor de R$100. Mesmo assim, afirma que antigamente o rendimento de um salário mínimo era mais proveitoso para a população. “Uns anos atrás eu tinha uma vida mais prática, mais fácil. Agora foi ficando mais dificil”. Para resolver essas questões é necessário planejamento. Para Carlos Magno, “Planejamento dessa natureza tem de ser feito pelo governo. Planejamento não é a mesma coisa que execução.” Ele acredita que “O mote da iniciativa privada é o lucro, e as demandas sociais por habitação e alimentação não podem ser atendidas com a perspectiva de lucro, sobretudo em um país como o Brasil.”

Leia mais

Confira o preço dos itens da cesta básica em Curitiba

6 Curitiba, 23 de Junho de 2023 Economia
A gente tem que economizar muito, para não passar necessidade”
Custo de vida em Curtiba para uma família média de quatro pessoas supera valor do piso salarial.
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Letícia Seixas Letícia Seixas, Manoela Gouvea, Maria Gabriele Fachini e Nathália Borba 3º Período
Salário mínimo X Inflação 96% 54% 31% 0% 183% -54%
Aumento do valor do salário mínimo em relação ao aumento da inflação (a cada 5 anos)

The new minimum wage does not sustain a family of four people in Curitiba

Second adjustment on the wage floor was confirmed in March, but is not compatible with the costs related to a family of four people in the Capital.

A fter the annual adjustment of the minimum wage in December of 2022, signed by the Federal Government, it was confirmed a new raise to the salary floor for workers and retirees to the value of R$1.320. It came into effect on May 1st of 2023. But, citizens of Curitiba that rely solely on this source of income, are not able to cover the average cost of living in the city.

Curitibanos (citizens of Curitiba) that earn the value of a minimum wage for monthly expenses show hardship at planning expenses in areas like grocery shopping, housing, health and education. According to Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (equivalent to National Research of Food Stamps), made by the Departamento Intersindical Estatística e Estudos Socioeconômicos

Cost of

(Across Unions Department of Statistics and Socio Economic Studies), the value of a “cesta básica” (food stamp) in the Capital corresponds, in 2022, to around 62% of the minimum wage at the time. The market value of basic needs to a Curitiba citizen was approximately R$698.

An average “cesta básica”, with non-perishable items necessary for cooking, is enough to feed a family of four people for only 10 days. Meaning, to feed an average family, 3 “cestas básicas” would be needed per month. The current minimum wage does not cover such expenses, considering the medium cost of a “cesta básica” in Curitiba.

The housing costs are another problem. The medium cost of rent in Curitiba in 2022 was R$1.543,00, according to the Índice de Locação Sob Oferta (“Index of Location Open to Offerings” in free translation),

published by Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (“Paraná Institute of Research & Development of the Gated Communities and Housing Market” in free translation). Added to the costs of groceries, hygiene, and health, the minimum wage stands insufficient to afford the cost of comfortably living in the city.

According to the Professor in Economics Dr. Carlos Magno, whoever earns only a minimum wage is not able to afford rent in the centermost areas of town. “This means that a sizable amount of the city’s working class is being pushed to the peripheries [...] Therefore, the problem at hand is: high rent and a high rate of vacancy downtown, as well as high demographic density at the periphery.”

The Brazilian minimum wage, which was equivalent to R$1.212 last year, is going through annual readjustments that seeks to ensure the working class a salary equivalent to the cost of living in the country. The calculations between 2006 and

2015 were made considering the value of Índice de Preços do Consumidor (“Index of Consumer Prices” in free translation), used to monitor the inflation and real growth of GDP (Gross

surpasses the value of the minimum wage. growing cost of living, being little compensated by the fact that the growth has been low in the past few years.”

Domestic Product) in Brazil. Although, due to the negative GDP and the financial crisis in the country, this way of calculating was abolished during the Dilma Government in 2015.

Currently, the readjustments are based on the value of annual inflation, which in 2022, was equivalent to 5.93%. Therefore, the proposed growth of 7.43% at the end of Bolsonaro’s mandate (during which the salary floor was raised to R$1.302) kept the minimum wage within the standards of national inflation. With the second raise done by Lula’s government, this compensation becomes even bigger.

According to Raphael Cordeiro, a specialist in finances, the goal of the excess margin of the growth of the minimum wage, in relation to the value of inflation, is to chase after the loss created in the times of crisis. He states “The raise is above the

However, according to the projections published by DIEESE, the minimum wage in 2023 should be almost five times higher than the value published. The study points towards a minimum wage equivalent to R$6.571,52, with the cost of “cestas básicas” being the parameter for the survival of the population instead of the value of inflation.

To Benedita Santos Spigolon, 75 years old, whose only current source of income is her retirement benefits (a minimum wage per month), the money is counted thoroughly to cover the costs of rent, groceries and monthly bills. Even with the help of her children “It’s hard. It’s not enough, we make do”, says.

Benedita receives financial help from her son, who also earns minimum wage. And from her daughter, that contributes monthly with the amount of R$100. Even then, she says that back then the minimum wage was more fruitful to the population. “Some years ago I had a more practical life, an easier one. Now it’s getting more difficult.”

To solve these problems, planning is essential. To Carlos Magno, “Planning of this nature has to be done by the Government. Planning is not the same as execution”. He believes that “The motto of the private initiative is profit, and the social demands for housing and food will not be met by the perspective of profit, even less in a country such as Brazil.”

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7 Curitiba, 23 de Junho de 2023 Economia
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the price of the items contained in the “cesta básica” in Curitiba
living in Curitiba for an average family of four people
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Letícia Seixas
Raise in the value of the minimum wage in comparison to the rise of the inflation (every 5 years) Minimum wage x Inflation 96% 54% 31% 0% 183% -54% Inflation Minimum wage
Letícia Seixas, Manoela Gouvea, Maria Gabriele Fachini e Nathália Borba 3º Período
“We have to save up a lot so we don’t go throught hardship”

Cidades

Apesar de avanços, Curitiba ainda enfrenta problemas de mobilidade

Para tentar garantir uma locomoção mais segura, a prefeitura instalou, em 29 cruzamentos da cidade, semáforos sonoros para deficientes visuais

Atravessar uma rua movimentada costuma ser um desafio para pessoas com dificuldades de locomoção e deficientes visuais. Por isso, a Prefeitura de Curitiba instalou, em 29 cruzamentos da cidade, semáforos sonoros para proporcionar mais segurança a esses grupos. Eles estão concentrados principalmente na região central da cidade, onde há uma circulação maior de pessoas.

O Sistema Nacional de Trânsito (Setran) está expandindo esse serviço para outros bairros. Isso permitirá que pessoas com deficiência visual recebam um aviso sonoro alertando que o sinal está liberado para a travessia. Eles contam com sensores e botões que, ao serem acionados, emitem um som característico para avisar sobre a travessia para pedestres.

Para Enio Rodrigues da Rosa, que é cego e integrante do Instituto de Cegos de Curitiba, a cidade não é tão inclusiva quanto parece. “Está muito distante de ser uma cidade adequada para atender a necessidade de pessoas cegas, começando por calçadas, que são muito ruins. Há buracos e entulhos, gente que tira lixo e joga no meio da calçada, comerciante que invade a calçada para botar mesa para vender cerveja.”

Cadeirantes

Embora Curitiba seja uma referência em funcionamento do transporte público, não se pode falar o mesmo quando se trata do tratamento com cadeirantes. A questão de infraestrutura na área ainda carece de investimentos e melhorias. Este problema tem acarretado em insatisfações para usuários dos serviços públicos.

Carolina Aparecida diz que a cidade está longe de ser ideal, mas está a frente de outras na inclusão.

Está

distante de ser uma cidade adequada

Ruas esburacadas, rampas destruídas ou inacabadas e até mesmo calçadas sem espaço são exemplos de problemas enfrentados diariamente por quem depende de cadeiras de rodas para conseguir se locomover em Curitiba. Irisni Raichertt, de 60

anos, é cadeirante e sofre com a mobilidade na cidade. “Deveria ter [rampas] em todos os lugares. Tem locais que não são acessíveis para cadeirantes, mas sempre fui respeitada. Muitas vezes, ao atravessar, os carros param para mim e me deixam passar”

Isso faz com que cadeirantes e cegos precisem de ajuda de outras pessoas para conseguir sua mobilidade, e torna a locomoção mais demorada. O problema é somado também a falta de empatia da população com essas pessoas, que não buscam ajudar.

Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, comenta como o auxílio para essas pessoas pode melhorar. “Para combater o preconceito e promover uma sociedade mais inclusiva é necessário educar a população para a inclusão de pessoas com deficiência.”

No Instituto Paranaense de Cegos, Rosa concorda que é necessário uma educação de trânsito para que as pessoas possam contribuir e perceber as situações ao seu redor para que assim possam ajudar essas pessoas, o que pode agregar até mais que o semáforo sonoro em si, por exemplo.

Uma pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva mostrou que 79% dos entrevistados comentaram que já perderam ou se atrasaram para algum compromisso pela falta de acessibilidade no trajeto que percorrem.

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Confira no mapa os locais em que foram instalados os semáforos sonoros

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8 Curitiba, 23 de Junho de 2023
muito
André Blatt, Felipe Cubas, Lucas Azevedo e Tobias Dietterle 3º Período Semáforos sonoros são mais um passo para a inclusão na capital. Lucas Azevedo

Número de motociclistas mortos em acidentes cresce em Curitiba

Mais de 2,5 mil acidentes de trânsito foram registrados durante os quatro primeiros meses deste ano

Mesmo com limite de velocidade padronizado em diversas áreas da cidade, Curitiba registra um acidente de trânsito a cada hora. Até maio deste ano, mais de 2,5 mil acidentes foram registrados na capital paranaense, segundo dados extraídos do Sistema de Estatística de Ocorrências do Corpo de Bombeiros do Paraná (SYSBM).

O número de motociclistas mortos em acidentes tem aumentado cada vez mais, de um ano para outro. Entre os anos de 2018 a 2022, 12.292 pessoas faleceram em acidentes no estado. Desse número, 3.642 vítimas eram motociclistas (29,6% do total).

rizaram os serviços de entrega, o que fez com que a demanda e o número de motociclistas nas ruas aumentasse consideravelmente neste período.”

Rosângela também lamenta a irresponsabilidade dos condutores. “Os motociclistas são as maiores vítimas. Buscamos reforçar as campanhas educativas e estratégias para diminuir essas mortes, como a implantação das motofaixas nas principais vias da cidade. Infelizmente, a imprudência, a pressa e o excesso de velocidade de muitos acabam elevando esses números”.

de condutor de motocicletas é preciso ter atenção redobrada.

O profissional relata que sofreu um acidente em 2022, quando um motorista que estava dirigindo um carro desrespeitou a preferencial e o atingiu. O motoboy não sofreu ferimentos graves, mas teve muitos prejuízos com o conserto da moto, que o condutor do automóvel não pagou.

Alves reforça a importância dos motoristas prestarem atenção na direção e não usarem o celular.

“O que acontece no trânsito é a falta de atenção das pessoas que estão no volante. Às vezes, elas estão distraídas mexendo no

o de seu cunhado, que bateu a moto em abril. A colisão aconteceu na Rua Professor João Falarz, no bairro Campo Comprido, em horário de intenso movimento.

Com o impacto da colisão, o motociclista foi arremessado para o outro lado do carro e o capacete se desprendeu. O rapaz acabou batendo a cabeça e ficou inconsciente. Ele foi socorrido e encaminhado para o hospital, entrou em coma. Mas já se recupera em casa, consciente.

Arruda lamenta a irresponsabilidade dos motociclistas nas ruas. “A maioria não têm consciência e acredita que pode fazer tudo, inclusive andar entre os carros. Hoje em dia, a moto se tornou uma arma.”

Maio Amarelo

Em 2023, a Campanha Maio Amarelo completou 10 anos no país. Com o objetivo de promover a conscientização para redução de acidentes de trânsito, a Prefeitura de Curitiba escolheu o tema “No Trânsito, Escolha a Vida!”, neste ano o movimento educativo foca nos motociclistas. Com destaque em campanhas e em ações de conscientização sobre acidentes e mortes no trânsito, ao longo de maio foram realizadas ações de capacitação em direção defensiva para funcionários de empresas de entregas por aplicativo, palestras com motoristas do transporte coletivo, visitas às escolas e empresas, abordagens a ciclistas e pedestres, entre outras.

Viu um acidente?

• Ligue para o SIATE 193

A superintendente de trânsito de Curitiba, Rosângela Battistella, explica que durante a pandemia de covid-19, as restrições sociais impostas colocaram esse grupo em destaque entre os acidentados. “As pessoas prio-

Imprudência no trânsito

O motoboy William Alves, 35 anos, conta que começou a trabalhar com entregas há dois anos para complementar a renda da família. Ele acreditaque na profissão de motoboy ou

celular, o que, para mim, é uma das maiores causas de acidentes”

José Antonio Arruda, 60 anos, conta que vários de seus familiares já sofreram acidentes no trânsito. O caso mais recente foi

Registro de acidentes de motociclistas em Curitiba

Programa Vida no Trânsito

• Avalie a situação, observe se há ferimentos graves.

• Nunca mova a vítima.

• Verifique se o acidentado consegue respirar e se apresenta batimentos cardíacos.

• Se precisar, aplique massagem cardíaca.

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Confira mapas dos lugares com mais acidentes em Curitiba. portalcomunicare.com.br

9 Curitiba, 23 de Junho de 2023 Cidades
“A maioria não têm consciência e acredita que pode fazer tudo, inclusive andar entre os carros. Hoje em dia, a moto se tornou uma arma.”
Motoboy andando na Linha verde. Maria Júlia Neves Laís Caimi, Lara Wilsek e Maria Júlia Neves 3º Período
52 69 76 63
2019 2020 2021 2022

Hip Hop não é só um estilo de dança. É um movimento cultural!

Em debate na Câmara Municipal foi realizada uma votação de moção que reconheceria o hip hop como patrimônio cultural do Paraná. Eder Borges foi o único contrário à moção, associando o gênero à criminalidade

N o dia 25 de abril, a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou a moção de apoio para que o estado reconheça a cultura do hip hop como patrimônio imaterial do Paraná. A votação foi simbólica e o debate durou quase uma hora e meia, gerando diversas discussões em plenário.

Durante a votação, Eder Borges foi o primeiro a falar, se posicionando contra a proposta. Segundo o vereador, o movimento surgiu nos Estados Unidos, “naqueles guetos”, e teria “uma raiz racista”, além de não possuir nenhum vínculo com a cultura local. “Hip hop é coisa de detento”, concluiu.

Segundo Lucas Henrique Coelho Rosa, professor de dança, como o hip hop surgiu em comunidades periféricas, as pessoas acabam relacionando a marginalidade e a violência. “O hip hop é um movimento de resistência. É uma forma de união, conexão e identificação desses povos, que muitas vezes são marginalizados pela sociedade”.

Borges foi repreendido pela vereadora Giorgia Prates, autora do requerimento. “Sua fala é racista quando diz que o hip hop é coisa de detento”.

Matheus Alves relata como o hip hop é uma cultura de periferia, de rua e de pessoas pretas. “O hip hop serve como resistência, luta, voz e autoestima para o povo preto e da periferia”. Ele ressalta que o Hip Hop ainda é visto de forma marinalizada, porque não veem o movimento em si. “Quantas pessoas já deixaram de ir para o crime por causa do hip hop. Ele acaba fazendo muito mais do que o governo e a polícia pelo povo.”

Além da moção em apoio, foi realizada no auditório legislativo no dia 13 de abril de 2023 uma audiência pública com o

título “Batalhas de Rima em Debate”. O encontro levou para a discussão um elemento inserido no movimento do hip hop. A reunião foi proposta pela deputada Ana Júlia, para que as batalhas fizessem parte da cultura da cidade.

No requerimento de moção há a justificativa de que o reconhecimento permitirá “sua preservação, difusão e promoção, além de garantir o acesso ao hip hop como uma forma de expressão cultural e artística”.

Origem

Etimologia do termo vem da união de duas palavras do inglês: “hip”, que significa algo atual, que está acontecendo no momento, e “hop”, que faz referência ao movimento da dança.

O hip hop é um movimento artístico e cultural que nasceu no bairro do Bronx, em Nova York, nas comunidades jamaicanas, latinas e afro-americanas.

Portanto, trata-se de um movimento que nasceu nas periferias urbanas e que, por esse motivo, passou por uma grande marginalização durante o começo da sua história.

O hip-hop desembarcou no Brasil no início da década de 80, na cidade de São Paulo, quando os jovens começaram a receber informações sobre o movimento que estava acontecendo em Nova York.

Grupos de periferia passaram então a se reunir na Galeria 24 de Maio e na estação São Bento

do metrô para escutar as músicas vindas do Bronx, acompanhados de novos passos de dança. Os primeiros frequentadores do local foram dançarinos de breaking.

Em 1984, o grupo norte-americano Public Enemy veio ao Brasil para fazer seu primeiro show em São Paulo, impactando um grande número de pessoas com aquela nova cultura.

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Uma aula de dança de hip hop, destacando passos típicos.

portalcomunicare.com.br

10 Curitiba, 23 de Junho de 2023 Cultura
Arthur Zablonsky, Beatriz Mangili, Emilay Aguiar e João Alexandre 3º Período
O hip hop serve como resistência, luta, voz e autoestima para o povo preto e de periferia”
Lucas Henrique conduzindo uma aula de dança de hip hop. Beatriz Mangili Beatriz Mangili Passos da dança de hip hop demonstrados em uma aula.

Artista local sonha em criar ateliê especializado em vidro em Curitiba

Désirée Sessegolo é destaque internacional e tem esperanças que a arte em vidro se expanda no Brasil

Désirée Sessegolo é uma designer e artista visual curitibana que ganhou reconhecimento mundial com suas obras feitas de vidro. Ela participou de cinco edições do principal festival internacional de arte de vidro, o The Venice Glass Week, com suas criações sempre estando na exposição principal. Além disso, teve seu trabalho exposto na Bulgária e Costa Rica, e ganhou prêmios no Reino Unido, Argentina e Colômbia. Em 2022, realizou o primeiro salão de arte em vidro do Brasil, no Museu Municipal de Arte, em Curitiba, onde juntou 80 artistas de 9 estados do país.

Nascida em Curitiba, Désirée é descendente de italianos e graduada em Design pela Universidade Federal do Paraná. Ela trabalhou por 30 anos nas áreas de design e marketing comercial, antes de perceber em 2008 que isso não a saciava mais. Então, procurou as artes visuais para extravasar seu potencial artístico, fez dois anos de cerâmica antes de encontrar sua paixão; o vidro.

A artista se interessou pelo vidro por ser um material que pode ser infinitamente transformado, sem perda de qualidade e podendo sempre ser reciclável. Trabalhando sempre pensando na sustentabilidade, Désirée acredita que a reciclagem é importante pois reduz a quantidade de matéria extraída na natureza e evita que material desperdiçado fique entulhado nos oceanos e outros lugares. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Vidro, apenas um quarto do vidro produzido

não aceitava o que os livros de vidro mandavam fazer, eu fui experimentar os limites, fui além.”. Então, ela começou a experimentar diversas formas e acabou percebendo que os ‘erros’, que era quando o vidro ficava com uns furos, a interessavam e começou a explorar isso. “Algumas coisas deram errado, mas eu consegui dar um passo à frente, eu não segui todas as leis e normas, eu fui experimentar algo novo, esse é o meu processo criativo”, conta. Assim, ela criou sua técnica, que hoje em dia é

compartilhar as técnicas de vidro para gerar mão de obra, inclusão social e utilização de vidro reciclável. Ensinar como reutilizar o vidro em descarte e geração de renda”, ela comenta. Na cidade de Vicenza, na Itália, conseguiu seu ateliê após uma única conversa com o prefeito. Ela lamenta a dificuldade de se conseguir isso em Curitiba, devido a burocracia e demora do processo.

Segundo Désirée, a arte de vidro tem muito para ser desenvolvida no Brasil, pois considerando o

de artes de vidro no MuMa, no bairro Portão, em 2022, ela busca sempre trazer artistas internacionais para palestrar e ensinar a arte e até fornecedores de materiais mais baratos. Outro ponto que ela levanta é sobre como essa arte gira a economia criativa na Itália, até mesmo sustentando a cidade de Murano, e países como Estados Unidos, Japão e alguns na Europa, possuem uma economia criativa forte, o que não é o caso do Brasil. Désirée acredita que é um mercado muito grande a ser explorado aqui.

no Brasil é reciclado a cada ano, outro motivo da artista trabalhar sua arte com viés sustentável.

Suas obras são conhecidas pelas cores intensas e por terem furos. Désirée usa a técnica ‘vidro celular’, de autoria própria, pois as técnicas tradicionais não a agradavam e ela queria ser diferente, “Sou meio teimosa. Eu cheguei em uma técnica minha porque eu fui fazer diferente,

a característica e linguagem da sua arte em vidro.

Uma das dificuldades que Désirée enfrenta é a falta de um espaço próprio aqui no Brasil. Segundo a artista, ela usa a sua casa para fazer as obras, mas gostaria de ter um ateliê. “Eu tenho tentado com a Prefeitura, Fundação Cultural e o governo do Estado, um espaço adequado onde eu pudesse inclusive

tamanho do país, são poucos os artistas que trabalham com o vidro. Principalmente porque não há escolas, materiais adequados e nem equipamentos. Então, quem trabalha com vidro hoje são pessoas que aprenderam a técnica com outros artistas, lendo ou assistindo cursos pela internet. “Um artista ensina para o outro, fazendo workshop. Não existe escola profissionalizante”. Desde que ela realizou o evento

A sua grande esperança é conseguir implantar um centro especializado nessa arte, chamado ‘O Centro das Artes e Fogo’, pela Fundação Cultural de Curitiba e Prefeitura Municipal de Curitiba. Assim, conseguindo incentivar e ajudar artistas, e para que as pessoas tenham a consciência da importância da destinação correta do vidro. Caso não consiga como governo, ela tentará outras formas: “Ver uma Universidade que tenha interesse em abraçar essa causa, porque dá para trabalhar muito na área de design e arquitetura”, comentou. Désirée pretende continuar tentando expandir a arte em vidro no Brasil a todo o custo.

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Confira as obras de Désirée expostas no Museu Municipal de Arte portalcomunicare.com.br

11 Curitiba, 23 de Junho de 2023 Cultura
Um artista ensina para o outro, fazendo workshop. Não existe escola profissionalizante”
Désirée Sessegolo com sua obras na exposição ‘Amazônia’ no MUMA. Lara Wilsek Uma das obras de Désirée, ‘Amazônia IV’, que está exposta no MUMA. Lara Wilsek

A arte, a rua e o silêncio

Com a variedade de artistas pelo Centro de Curitiba, Juan e Orion expõem seus produtos artesanais e vendem nas ruas da cidade. Acabam sendo imperceptiveis ou tratados até como próprio cenário da rua pela sociedade

12 Curitiba, 23 de Junho de 2023 Ensaio
Beatriz Mangili, Emilay Aguiar e Gleycielly Rodrigues Araújo 3º Período Artesenato vira a forma de sustento do artista. Juan e Orion conversando em mais um dia na rua. Artistas locais se tornam invisiveis na rua. Confecção do artesanato na rua pelo Juan. O violão se torna uma outra forma de expressar a arte.

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