
8 minute read
Pádel Cicatrizes para a vida100
Pádel
Derivado do tênis, apesar muito práticado no sul do Brasil, o esporte ainda é pouco reconhecido e incentivado

Muitas vezes confundido com o tênis, o pádel é um esporte alternativo que cresce cada vez mais no Brasil, principalmente em São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. O esporte é caracterizado pelas quadras cercadas por paredes nos fundos e nas laterais, as quais podem ser utilizadas no jogo, o que o torna mais dinâmico. As bolinhas, raquetes e a contagem são as mesmas utilizadas no tênis e não há uma restrição no público praticante. Crianças e idosos, homens ou mulheres, podem jogar.
Criado por passageiros de navios ingleses que tentaram improvisar o tênis, o pádel existe desde meados do XX, mas só passou a ser praticado em terra firme em 1924, quando ganhou espaço principalmente nos parques de Nova York. No Brasil, o esporte foi trazido por argentinos e uruguaios por volta de 1988 e se tornou conhecido primeiro nas cidades gauchas de Jaguarão e Livramento.
Com o tempo, o pádel se difundiu por todo o Rio Grande do Sul e acabou atingindo outros estados do país, como Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco.
Hoje, cada estado possui sua própria Federação de Pádel, as quais são responsáveis pela organização dos campeonatos estaduais. O campeonato nacional é de responsabilidade da Confederação Brasileira de Pádel (Cobrapa), enquanto o mundial fica a cargo da Federação Internacional de Pádel (FIP).
Seleção brasileira
As Seleções Brasileiras de Pádel são consideradas as terceiras melhores mundo, ficando atrás apenas da Argentina e Espanha. São ao todo três seleções: feminina, masculina e menores. Mariana Borges Altmayer, de 37 anos, jogou tênis até os 18 e, desde então, por influência da irmã, passou a práticar pádel. A jogadora está na seleção brasileira desde 1998 e já garantiu oito mundiais para o país. Ela afirma que o Brasil tem grande potencial de crescimento no esporte, mas que para isso precisa vencer as barreiras da falta de incentivo e dilvulgação. “É interessante para ver a proporção que o pádel tem hoje, na Espanha, onde tem incentivo, ele é o segundo esporte mais jogado do país. Em Portugal também está crescendo horrores, como no resto da Europa. A Argentina já é forte. Então, essa é a questão.”
“O problema é sempre
patrocínio. Como não tem visibilidade na mídia, televisão, jornal, essas coisas, fica mais difícil de captar um patrocínio grande, e, ao mesmo tempo, o esporte não é tão divulgado”, explica a jogadora. “Nós não temos incentivo nenhum. Faz três anos que eu sou a número um do Brasil e hoje eu tenho patrocínio de uma marca de raquete, que me dá roupa e a raquete, mas, em termos financeiros, é tudo por minha conta: todos os treinos, assistência para campeonatos, as viagens, é tudo do meu bolso”, completa.
De acordo com o técnico e dono da única academia de Pádel de Curitiba, Beto Ferreira, o esporte vem crescendo no Brasil, mas ainda a passos lentos, por conta da falta de incentivo. “Hoje temos cerca de mil associados à Federação Brasileira de Pádel, o que é pouco se comparado a outros esportes no Brasil. O que dificulta o pádel chegar a níveis profissionais é a falta de patrocinio”, explica.
Para Ferreira, a única maneira de viver do pádel no Brasil é sendo treinador da modalidade. “Não se pode viver só jogando e contar com as premiações dos torneios, pois o valor dos prêmios não é suficiente”, ressalta o treinador.
Para Bruno Nakid, de 31 anos, também da seleçao brasileira, que pratica o pádel desde 1999, um dos fatores que impede o crescimento do esporte no Brasil é a falta de espaços adequados para praticar. “Falta muita coisa, mas em primeiro lugar, mais academias. Nos até temos uma
demanda boa de pessoas que querem jogar, mas falta espaço, faltam quadras”, relata.
Em Curitiba
Na capital paranaense, o pádel é praticado em quadras fechadas, localizadas na única academia destinada ao esporte na cidade, a Curitiba Pádel. São ao todo sete quadras que estão com frequência ocupadas pelos jogadores. “Estamos sempre com a agenda cheia. Temos lista de espera, principalmente nos horários da noite, então qualquer pessoa pode jogar, mas o que eu não posso garantir é que tenha espaço para o jogo”, relata. O treinador ressalta ainda que gostaria de construir mais quadras para a prática do esporte, porém também falta em Curitiba é lugar para a contrução.
Mariana Borges Altmayer, número um do Brasil há três anos.


Cicatrizes para a vida
Em meio a títulos e boas lembranças, também estão as lesões. Jogadores de futebl americano paranaenses contam momentos difíceis na carreira.
Omomento mais complicado da carreira de qualquer atleta é quando ele se lesiona. A dor é comparável à de não poder praticar o esporte que se ama. Quando se é profissional, o sofrimento é grande. É preciso ficar em repouso, fazer cirurgias e sessões de fisioterapia exaustivas, que são pagas por um
investidor ou até pelo próprio time, no caso do futebol americano. Mas e quando o atleta é amador? Quando se corre o risco de perder o emprego? Conheça a história desses jogadores e veja até onde é possível ir quando se ama o que faz:
- Adan Rodrigues.
Adan Rodrigues, 28 anos
Formado em Educação Física pela PUCPR, o personal trainer Adan Rodrigues é figura conhecida no cenário do futebol americano nacional. Começou a praticar o esporte em 2005, com 17 anos, e participou de momentos importantes do desenvolvimento do futebol americano. Com apenas 21, mobilizou atletas de vários times do Paraná para que montassem a Federação Paranaense de Futebol Americano (FPFA), com o intuito de organizar um campeonato estadual. Assim, ele se tornou o primeiro presidente da FPFA. Dentro de campo, foi campeão paranaense seis vezes seguidas, bicampeão brasileiro e hoje faz parte do elenco da seleção brasileira que jogará o mundial da modalidade, nos EUA.
Essa história de vitórias e conquistas passou por um momento bem delicado. Durante a partida de quartas de final do campeonato brasileiro de 2013, Adan recebeu
uma pancada nas costas e fraturou quatro vértebras, fato que o deixou em uma cama hospitalar em repouso. “Foi um momento muito triste, mas também de muito aprendizado”, relembra. “Como sou personal trainer, eu não tenho salário fixo. Se eu dou aula, ganho meu dinheiro. Caso contrário, não. Exatamente um mês após a lesão, a equipe de Adan jogaria a semi-final do campeonato e ele fez do jogo um objetivo. “O médico falou que eu era louco”, ele comenta. Minha namorada, que é fisioterapeuta, também achou que era loucura, mas ela me ajudou. Ela fazia o máximo de sessões possíveis por dia, para eu me recuperar.”
Ao fim dos 30 dias, o médico finalmente o liberou para a partida, na qual Adan “anotou” o touchdown que levou a equipe à final do campeonato. “Quando eu entrei na end zone foi uma emoção muito forte. Todo mundo sabia pelo que eu tinha passado, tanto quem estava em campo quanto na arquibancada, e todo mundo
comemorou comigo. Foi uma experiência única.”
Bruno Santucci, 26 anos
Defender a seleção do seu país é algo grandioso. Poder viajar com a seleção e defender suas cores fora do território nacional é ainda mais emocionante. Santucci atualmente defende a seleção e faz parte do elenco que disputará o mundial da modalidade nos Estados Unidos, mas a história de sua lesão no joelho vem de uma partida da seleção no Uruguai.
Ao todo, foram 12 horas de viagem até Montevidéu, sendo várias horas de ônibus e ainda algumas de avião. Durante a partida, Bruno “anotou” um touchdown e, ao fim da jogada, um jogador da defesa caiu em seu joelho, rompendo o ligamento cruzado e o comprometendo o menisco.
Mesmo sabendo da situação, ele voltou a campo enfaixado e lutou até o fim da partida. O que parecia um momento de heroísmo virou pesadelo. Com o joelho inchado, ele teve que deixar a concentração da seleção e voltar ao Brasil (mais de 12 horas de viagem) e ir ao médico.
Os exames apontavam que seria necessária uma cirurgia, porém, o atleta estava sem plano de saúde. Sendo assim, a única opção era recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento. Porém, essa novela ainda tinha um outro capítulo pela frente. Devido a um problema pós operatório, uma semana após a cirurgia, foi diagnosticado que ele tinha uma trombose na perna. “Foi um baque muito forte. Eu sou muito novo e de uma hora pra outra eu estava em uma situação de vida ou morte.” Foram 50 dias de cama, sem condições de fazer nada sozinho. A realização do sonho poderia ter sido perfeita: em uma convocação para a seleção brasileira, Bruno teve a pior lesão da sua carreira


