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hashtag #tônarede
by eba_pucpr
Facebook, instagram, youtube e whatsapp são algumas das redes sociais do momento, mas a questão é: qual o limite entre a comunicação e o exibicionismo, entre o público e o privado?
Por Amanda Louise, Bruna Carvalho e Manuella Pires
Aera do exibicionismo digital na qual vivemos alterou a forma como a vida afetiva e os relacionamentos interpessoais acontecem. Há quem passe horas em função das redes sociais, mas há quem prefira não estar nesse meio.
O sociólogo Nelson Fonseca explica que o ato de “se exibir” faz parte do ser humano, no entanto, sofreu alterações na sua prática quando passou às plataformas digitais. “A verdade é que as pessoas têm uma necessidade de fazer parte de um grupo e serem aceitas socialmente, e isso hoje é mais fácil através das redes sociais”. Para Fonseca, “a questão entre o ter e o ser é a chave de todas as redes, você quer saber o que o outro faz e tem. E também quer mostrar o que você tem e faz. Isso acaba virando uma competição”.
A estudante Renata Protta, 16 anos, utiliza frequentemente as redes sociais, principalmente o instagram - rede social gratuita para compartilhamento de fotos e vídeos. Além de publicar diariamente fotos de suas experiências pessoais ela usa a rede para divulgar seu “projeto lifestyle“, uma tendência dos usuários que buscam incorporar um estilo de vida saudável, principalmente para atingir o ideal do corpo perfeito. Através de hashtags como #ProjetoBarrigaZero, #Foco, #Força, #MissaoMulherMaravilha, #QueTodaInvejaVireMassaMuscular, a estudante exibe sua preocupação em mostrar às pessoas como mantém um corpo ideal. “Todo mundo conectado no mesmo propósito – de ficar sarado”, conta Renata, que já aderiu mais de 20 hashtags para cada postagem.
Em um período de sua vida, Renata Protta utilizou as redes para outro propósito, quando escolheu o meio para comunicar aos seus parentes e amigos do Facebook sobre o desenvolvimento da anorexia – transtorno alimentar que provoca perda de peso excessiva e atinge principalmente adolescentes que têm medo de ganhar peso,
Perfil da estudante Renata Protta no Instagram. Foto: Amanda Louise
mesmo quando estão abaixo do peso normal. “Foi a forma que eu escolhi para avisar pra todo mundo”, afirma a estudante, que concorda que as redes sociais devem mostrar todas as partes do cotidiano. “Tanto o lado bom quanto o ruim, e não somente aquela vida perfeita”, diz ela.
Já a estudante Tahani Khalil, 20 anos, prefere não participar das redes sociais, e não possui perfil no site que tem mais de um bilhão de usuários, o Facebook. O motivo é simples “não me interesso em saber da vida das pessoas, e não me interessa que as pessoas saibam da minha vida”, conta Tahani. Para ela, a rede não auxilia em sua comunicação pessoal e traz informações desnecessárias pela falta de seleção do conteúdo apresentado. “Você acaba adquirindo informações que você nem tem interesse em adquirir”, conclui.
Ao mesmo tempo, Tahani percebe que, por não participar, pode acabar se afastando de assuntos recorrentes no meio digital, muito utilizado para projetos e trabalhos à distância. Nas relações pessoais, a estudante garante que as redes podem ser prejudiciais. “Isso de você estar conectado a todo momento não significa que você vai ter amizade, as relações ficam mais superficiais”, explica a estudante.
Segundo Fonseca, existem duas formas de solidão do ser humano, a social, que para muitos é sanada pelas redes sociais e a emocional que tende a aumentar com esse uso.
INTERVENÇÃO ARTÍSTICA
O artista plástico e professor universitário, Glauco Francisco Menta, recentemente, fez uma intervenção artística dentro de um dos blocos da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). O professor posicionou os alunos envolvidos um uma fita amarela, com a mensagem de “pare - área interditada”, sendo que cada um só podia se comunicar usando o próprio celular. A intervenção bloqueava a passagem e impossibilitava a locomoção dos alunos envolvidos na “rede” formada pelas fitas.
“Aquela cena que nós criamos é infinitamente repetida no mundo real. As pessoas deixam de conversar e ficam falando no celular”, afirma o artista explicando a intervenção. Ele ainda acrescenta que a ideia era mostrar que, muitas vezes, ao usar uma rede social como uma rede de integração e comunicação, as pessoas acabam deixando de se comunicar. Menta ressalta que a ideia teve uma boa repercussão entre os alunos e que a provocação deu resultado, trazendo a reflexão sobre o tema.
Intervenção artística realizada pelo curso de pós graduação de Arte e Mídia na PUCPR. Foto: Pedro Giulliano

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